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RENDIMENTO DE GRÃOS DE MILHO DE POLINIZAÇÃO ABERTA SOB DIFERENTES DENSIDADES NO SISTEMA AGROECOLÓGICO INTRODUÇÃO

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RENDIMENTO DE GRÃOS DE MILHO DE POLINIZAÇÃO ABERTA SOB DIFERENTES DENSIDADES NO SISTEMA AGROECOLÓGICO

Rafael A. Mergener1; Taiza Pieri2; Círio Parizotto3

INTRODUÇÃO

No cultivo de plantas existem interações que afetam o crescimento e desenvolvimento vegetal. Uma dessas interações refere-se à proximidade entre indivíduos de uma população competir entre si por recursos do ambiente como água, luz e nutrientes. Este tipo de competição, conhecida como competição intraespecífica, normalmente não é identificada na fase inicial de crescimento porque as plantas neste período apresentam pequeno porte não interferindo no desenvolvimento de umas sobre as outras. Porém, a partir do momento que se inicia a interferência de uma planta sobre outra, tem-se o início da competição intraespecífica (Loomis & Connor 1992), que pode ocorrer em função das densidades de plantas utilizadas e do arranjo das plantas no campo (Silva et al., 2006).

O aumento da competição provoca o aumento da relação vermelho/vermelho extremo de uma população, de maneira que o crescimento de caules e folhas podem ser alterados por essa relação (Taiz & Zeiger, 2004). A relação vermelho/vermelho extremo em condições adequadas para as plantas, propiciam condições hormonais mais equilibrada, que permitem o melhor crescimento vegetal, possibilitando a geração de indivíduos com melhor capacidade de interceptação da radiação incidente (Silva et al., 2006). A competição intraespecífica de plantas pode levar há algumas mudanças no crescimento e desenvolvimento vegetal dos indivíduos, gerando alterações na morfologia, fisiologia, formação e acúmulo de fitomassa (Durães et al., 1995; Loomis & Connor 1992) e rendimento de grãos (Silva et al., 2006). Além dessas alterações, podem surgir ainda modificações quanto à capacidade individual das plantas em buscar os recursos do ambiente, de forma que surjam diferentes níveis de competição dentro de uma população (Maddonni & Otegui, 2006) como consequência do aumento das densidades de plantas (Tollenaar et al., 2000; Odum, 1986). Esses níveis de competição nas populações são gerados pelas diferentes habilidades individuais das plantas em obterem seus recursos, podendo serem classificadas como indivíduos dominantes ou indivíduos dominados (Maddonni & Otegui, 2006). Essas alterações causadas pela densidade foram minimizadas nas últimas décadas a partir de mudanças ocorridas na arquitetura das plantas (híbridos) principalmente pela redução do porte. Essa mudança reduziu os efeitos causados pela competição intraespecífica (Tollenaar et al., 1997) e aumentou a tolerância dos indivíduos ao estresse por radiação (Tollenaar & Wu 1999). Entretanto, para as variedades de polinização aberta (VPAs) essas alterações não ocorreram e o conhecimento tradicional referente ao cultivo dessas variedades foi esquecido em virtude do surgimento das variedades melhoradas e substituições das VPA.

Estudos relacionados ao uso de VPA cultivados em sistema agroecológico foram realizados por Mergener, (2007) e Balbinot et al., (2005) nos municípios de Campos Novos e Chapecó, respectivamente, aonde as variedades utilizadas apresentaram

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rendimentos médios superiores a 5.000 kg ha-1 quando cultivadas em sistema agroecológico, sendo que, as densidades populacionais ideais variaram entre 40 e 55.000 plantas ha para as variedades utilizadas. Diante dos resultados apresentados é perceptível o potencial dessas VPA, contudo estudos relacionados a outras VPA são inexistentes fazendo-se necessário um aprimoramento das técnicas de manejo (Flesch & Vieira, 2004), a fim de determinar as densidades ideais de semeadura (Palhares, 2003) gerando informações adequadas para estas variedades otimizando o plantio dos agricultores (Farinelli, et. al., 2003).

MATERIAL E MÉTODO

O experimento foi implantado na Estação Experimental de Campos Novos da Epagri em um Nitossolo, onde foram utilizadas duas variedades de polinização aberta provenientes do município de Zortéa, SC, (branco 8 carreiras e amarelão) cultivada por agricultores locais e uma terceira variedade melhorada, da Epagri.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos completamente casualizados com 9 tratamentos, e 4 repetições. Os tratamentos foram dispostos em esquema fatorial 3 x 3, sendo três variedades (Amarelão, Branco 8 Carreiras e SCS 156 Colorado) com 3 diferentes densidades (25, 35 e 45 mil plantas ha-1). O experimento foi composto por 36 parcelas, cada uma com 4,2 metros de largura, 5 metros de comprimento e espaçamento entre linhas de 0,7 m, totalizando uma parcela de 21 m² e uma área útil de 9m². O preparo do solo foi constituído de uma aração e uma gradagem niveladora. Após o preparo, procedeu-se a adubação da área através da adição de 5.000 kg ha-1 (base seca) de esterco de aves, distribuídos a lanço nas parcelas e seguido da incorporação desse material ao solo através de um novo gradeamento. Aos 50 dias após a emergência (DAE) foi realizada a adubação de cobertura na cultura, através da distribuição na base das plantas de 5.000 kg ha-1 (base seca) de esterco de aves.

A semeadura foi realizada manualmente em linha, no dia 15 de outubro de 2012. A quantidade semeada nas densidades de plantas de 25, 35 e 45 mil plantas ha-1 foi duas vezes superior ao número de plantas calculadas para os estandes. Aos 20 dias efetuou-se o desbaste das plantas, ajustando o número ideal de plantas aos seus respectivos tratamentos. Para o controle de plantas espontâneas que pudessem comprometer o desenvolvimento do milho na fase inicial, foram realizadas duas capinas ao longo do cultivo. Nenhum controle de pragas e doenças foi realizado, tendo em vista que o manejo do experimento teve como base o sistema agroecológico de cultivo. As variáveis agronômicas avaliadas foram o rendimento de grãos, número de espigas m², e número de grãos m². Os dados obtidos das três densidades de plantas estudadas foram submetidos à análise de variância (p= <0,05) com teste de separação de médias Tukey (5%).

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O rendimento de grãos da variedade Branco 8 Carreiras (Tabela 1) apresentou resultados significativos entre as densidades de plantas estudadas (F= 16,98 p= 0,0012). Houve uma tendência de aumento no rendimento de grãos dessa variedade em função do aumento da densidade de plantas, alcançando rendimento de 5.300 kg ha-1. O aumento do rendimento de grãos dessa variedade foi ocasionado pelo aumento da densidade de plantas da mesma forma como descrito por Mergener, 2007; Maddonni & Otegui, 2006; Sangoi et al., 2006; Sangoi et al., 2002; Tokatlidis, 2001. As demais variedades não apresentaram diferenças entre as densidades estudadas.O número de espigas por m² (Tabela 2) das variedades Branco 8 Carreiras (F= 75,97 p=<0,001) e SCS 156 Colorado (F= 6,74 p=0,0162) diferiram significativas entre as densidades de plantas estudadas. Ocorreu uma tendência de aumento do número de espigas por m² em função do aumento da densidade de plantas de 52,6% e 38,8% respectivamente. Para a variedade Amarelão não foram identificadas diferenças entre as densidades. A média do número de espigas por m² para variedade Amarelão foi de 1,74 espigas por m². O número de grãos m² (Tabela 3) da variedade Branco 8 carreiras (F= 25,01 p=0,0004) apresentou diferenças significativas entre as densidades de plantas estudadas. Uma tendência de aumento do número de grãos m² em função do aumento da densidade de plantas de 44,1% foi identificada. Para as demais variedades não foram identificadas diferenças entre densidades, sendo o número médio de grãos m² da variedade Amarelão e Colorado de 380 e 906 grãos m² respectivamente.

O aumento no rendimento de grãos da variedade branco 8 carreiras em função da densidade de plantas é provocado segundo Mergener (2007); Balbinot et al., (2005), Massignam (2003); Sangoi et al.,(2002) e Cox (1996) pelo aumento do número de grãos por área, sendo o principal componente responsável pelo rendimento. Associado ao número de grãos por área está o número de espigas por m², o qual também influenciou o rendimento de grãos da variedade branco 8 carreiras, apresentando uma tendência de aumento em função do aumento da densidade. Balbinot et al., (2005) corroboram com os dados obtidos no presente trabalho, determinando que o número de grãos por área é uma variável fundamental para determinação do aumento do rendimento. Afirmam que o número de grãos por fileiras das espigas também influenciam no incremento do rendimento de grãos das variedades de polinização aberta, contudo no presente trabalho essa variável não diferiu entre as densidades e plantas utilizadas. As variedades Amarelão e Colorado não apresentaram diferenças significativas para rendimento de grãos contudo obtiveram rendimento médio de 2.488 e 5.865 kg ha-1.

CONCLUSÕES

O rendimento de grãos ocorreu em função do aumento do número de grãos m² e do número de espigas m² provocado pelo aumento da densidade de plantas. O cultivo do milho em sistema agroecológico apresentou resultados satisfatórios em relação ao rendimento de grãos para as variedades Branco 8 Carreiras e Colorado em densidades de 45.000 plantas ha-1.

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BALBINOT, A. A. Jr.; ALVES, A. C.; FONSECA, F. J. da. Densidade de plantas em variedades de polinização aberta de milho sob cultivo agroecológico.. V Reunião Técnica catarinense de milho e feijão. Resumo expandido. Chapecó, 2005, p.82-86. COX, W.J. Whole-plant physiological and yield responses of maize to plant density. Agronomy Journal. v.88, p.489-496, 1996.

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FARINELLI, R. & PENARIOL, F. G. & BORDIN, L. & COICEV, L. & DOMINGOS, F. FDesempenho Agronômico de Cultivares de milho nos períodos de safra e safrinha. Bragantia. Campinas. V.62. n.2, 2003, p.235-241.

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TABELAS

Tabela 1: Rendimento de grãos de três variedades de polinização aberta sob diferentes densidades de plantas.

Rendimento grãos (ha)

Var/Dens 25 35 45

Amarelão 2101.35 ns 2664.87 ns 2698.29 ns

Branco 8 C 3065.84 b 2982.33 b 5308.60 a

Colorado 5389.56 ns 5550.12 ns 6656.55 ns

Tabela 2: Número de espigas m² de três variedades de polinização aberta sob diferentes densidades de plantas. Nº espigas m² Var/Dens 25 35 45 Amarelão 1.42 ns 1.73 ns 2.10 ns Branco 8 C 2.28 b 2.46 b 4.82 a Colorado 3.08 b 3.66 b 5.04 a

Tabela 3: Número de grãos m² de três variedades de polinização aberta sob diferentes densidades de plantas. Nº Grãos m² Var/Dens 25 35 45 Amarelão 319.51 ns 408.54 ns 412.64 ns Branco 8 C 403.46 b 391.46 b 721.54 a Colorado 790.82 ns 831.89 ns 1097.26 ns

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