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Relatório de atividades dos bolsistas Eduardo Stelmann Gambôa Júnior (período / ) Amanda Martinho Resende (período 2014.

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PUC Rio – Departamento de Direito – Projeto PIBIC

B. de SPINOZA e o pensamento jurídico e ético-político moderno e contemporâneo. Coordenador: Prof. Mauricio de Albuquerque Rocha

Relatório de atividades dos bolsistas

Eduardo Stelmann Gambôa Júnior (período 2013.2 / 2014.1) Amanda Martinho Resende (período 2014.1)

Introdução

Este projeto tem por objeto o exame do que já foi nomeado de anomalia histórica e filosófica, a filosofia de B. de Spinoza (1632-1677) e seus efeitos sobre o pensamento jurídico e ético-político. Sabe-se que boa parte da historiografia corrente sobre os fundamentos filosóficos do pensamento político e jurídico, sempre apresentou vários contrassensos sobre o autor – como sua inscrição, sem mais, na linhagem contratualista, por exemplo –, quando simplesmente não o ignorava. No entanto, desde meados do século XX esse panorama começou a mudar (por razões intrínsecas e extrínsecas ao pensamento filosófico e às suas vertentes historiográficas), sendo crescente a relevância do autor em vários domínios. O que pretendemos com este projeto é extrair as consequências dos efeitos históricos (no interior do pensamento político, ético e jurídico) e contemporâneos da filosofia de Spinoza. A ênfase recairá, portanto, sobre a antropologia (permitindo pensar o problema da cultura, mas pela perspectiva da individuação coletiva), sobre a concepção de direito (como potência, instituições e práticas) e sobre o problema da liberdade e da materialização dos direitos. Esses aspectos fornecerão elementos para um duplo movimento: primeiro, reconsiderar as condições históricas, políticas, sociais e filosóficas nas quais se formaram os valores constitutivos do que reconhecemos como modernidade (anglo-europeia, mas também periférica). Spinoza aí aparecerá como pensador contra hegemônico, uma alternativa que pode auxiliar a pensar os valores modernos para além do trabalho de luto sobre esses mesmos ideais, e para além da tentativa anacrônica de refunda-los abstratamente.

Nesse primeiro movimento, trata-se de examinar (e desenvolver as implicações) a hipótese do protagonismo de Spinoza dentro da vertente radical do Iluminismo. Em segundo lugar, desenvolver aqueles aspectos do pensamento de Spinoza que afetaram e afetam fortemente o pensamento moderno e contemporâneo, compreendendo que esses efeitos derivam de um conjunto de problemas que convocam o pensamento e as práticas à crítica e à criação de novos valores.

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Pesquisa do período 2013/2014

Buscou-se ao longo da pesquisa compreender a singularidade do pensamento de B. de Spinoza e a analise de seus conceitos sobre o homem e a sociedade, em especial no que tange as questões relativas à sua compreensão do Infinito. Tal questão possui papel fundamental na filosofia moderna, sendo decisiva para a ruptura do paradigma medieval e consequente criação de um método racional e de novas formas de se pensar os problemas políticos.

Através da analise deste momento histórico, marcado essencialmente pela existência de diversas “crises” do pensamento, com destaque as crises religiosas, políticas e de consciência ; buscou-se a contextualização da questão do infinito e da organização do cosmo, e seus consequentes desdobramentos políticos e científicos. As descobertas de Galileu e Giordano Bruno põe em xeque toda a antiga concepção cosmológica Aristotélica e Ptolomaica, fundada em um modelo de círculos concêntricos e harmônicos, defendida fortemente pela Igreja Católica e seu Santo Ofício. O deslocamento do centro do universo para longe do homem e da terra, e a própria impossibilidade de se definir um centro em universo infinito, ultrapassam as questões meramente astronômicas e vão de encontro os conceitos teóricos vigentes, tais como o geocentrismo, a organização hierárquica e organizada do mundo dos seres e ideias, entre outros.

A perda da ideia de “centro”, possível com a descoberta de um universo infinito, possibilita o surgimento de novas ideias que buscam reorganizar não apenas o cosmo, mas todo o pensamento moderno. São dadas as bases para a reconstrução dos novos conceitos de ordem que aparecerão na busca de um método científico e nas reformulações das questões relativas ao poder, sua legitimidade e seu exercício.

É neste contexto que Spinoza irá apresentar, em resposta a carta do médico Lodewijik Meijer, sua concepção do infinito. Para tanto, o filósofo apresenta que as dificuldades encontradas pelos demais autores que se dedicaram ao estudo do tema se encontram no fato de não conseguirem distinguir entre: qual infinito não pode ser divisível em partes e é sem partes; qual, ao contrário, é divisível sem contradição; qual pode ser sem dificuldades concebido como maior que um outro, e qual, ao contrário, não pode.

Para responder tais questões, Spinoza divide as concepções do infinito em três pares, apresentando ao longo da correspondência suas considerações acerca dos seis modelos de infinito concebíveis. Nesta análise o autor já apresenta, ainda que de forma superficial, alguns conceitos fundamentais de sua metafísica e que permeiam sua filosofia, tais como os conceitos de substância, modo e genros do conhecimento.

A compreensão de como Spinoza põe a questão do infinito e os conceitos por ele apresentados são extremamente uteis no entendimento de sua obra como um todo, em especial da Ética, sua contextualização no sec. XVII e sua singularidade diante dos demais autores do período.

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Metodologia

Pela natureza da problemática proposta, o desenvolvimento do projeto consiste em uma revisão bibliográfica dos textos e da fortuna crítica sobre o autor em exame, procedimento indissociável da produção de resultados parciais da pesquisa durante o período proposto.

A partir do estudo das obras de Baruch de Spinoza, em conjunto com as interpretações dos pensadores spinozanos do século XX, busco neste trabalho traçar, ainda que superficialmente, um panorama sobre as discussões a cerca do infinito desenvolvidas durante o inicio do perido que denominamos de filosofia moderna e como tais discussões foram decisivas para a ruptura do paradigma medieval e consequente criação de um método científico.

A princípio nos deparamos diante de um questionamento necessário, quando começa a “filosofia moderna”? Tal pergunta não possui como resposta uma data específica, nem mesmo um curto período de tempo. Frequentemente os historiados preferem situar a filosofia moderna como aquela que se desenvolve na Europa durante o século XVII tendo como referências principais as filosofias de Descartes, Bacon e Thomas Hobbes.

Contudo, como bem apontado por Marilena Chauí, a cronologia pode ser um critério ilusório, pois o Filósofo Bacon publica seus Ensaios em 1597, enquanto o filósofo Leibniz, um dos expoentes da filosofia moderna, publica a Monadologia e os Princípios da Natureza e da Graça em 1714, de sorte que obras essenciais da modernidade surgem antes e depois do século XVII.

É certo que o inicio da modernidade foi marcado por um longo período de efervescência cultural e cientifica, rodeado de crises e incertezas profundas no campo do saber e na vida dos cidadãos europeus. De modo que muitos filósofos e historiadores preferem até mesmo designar um período de transição entre o saber medieval e o moderno, o Renascimento.

Podemos destacar quatro fatores históricos principais que influenciaram o surgimento e o desenvolvimento da filosofia moderna nesses tempos de crise, destacam-se: o humanismo renascentista, as grandes navegações, a reforma protestante (e a consequente contrarreforma) e a revolução científica.

O modelo cosmológico Aristotélico e Ptolomaico, até então em uso, e seus pressupostos metafísicos e teológicos, fundados na terra como centro de um universo hierarquizado e formado por esferas homocêntricas como exigência de um modelo harmonioso e perfeito se torna obsoleto e não corresponde mais realidade científica que se apresenta.

Porem, o tratado de Copérnico, embora extremamente revolucionário, preserva ainda a concepção de um cosmo fechado, limitado pela a esfera das estrelas fixas e consequentemente finito. É apenas progressivamente que as observações e os cálculos de Galileu e Giordano Bruno começam a apontar para uma ruptura ainda maior dos conceitos e modelos cosmológicos antigos, passa-se a vislumbrar um universo não mais limitado pela a esfera das estrelas fixas, desobre-se a

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possibilidade de um universo infinito. Tal descoberta descontrói por completo o pensamento até então vigente e lança aos pensadores uma carga gigantesca na qual se debruçar.

Em linhas gerais podemos traçar, através da leitura da Carta XII (ou Epistola do Infinito), ou seja, a correspondência entre Spinoza e Lodewijik Meijer, um panorama sobre as discussões do Infinito durante o século XVII e compreender como o filósofo holandês se manifesta diante de tal assunto. Os conceitos ai abordados por Spinoza, servirão de base para a construção de sua metafísica e voltaram a aparecer, sob outra roupagem, em sua Ética, conhecida como sendo sua obra principal. Tais conceitos servem para compreender o pensamento único e original do filósofo holandês e entender as questões fundamentais que permearam o período de crise onde se deu a gênese da Filosofia Moderna.

Objetivos

O objetivo deste trabalho é tentar traçar um panorama do pensamento moderno e como as questões fomentadas neste período foram cruciais para a criação de um novo sistema de pensamento, dando ênfase as obras de B. de Spinoza e sua filosofia singular e inovadora, em especial no que tange a questão do infinito, ponto crucial durante a revolução científica.

Conclusões

Pode-se concluir que a ideia do infinito, e a consequente crise do modelo cosmológico greco-romano e cristão, foi crucial para substituição do modelo de pensamento medieval e consequente criação do método científico. Tal ideia é elaborada de maneira primorosa por Spinoza em sua Carta XII e os conceitos ali desenvolvidos servem para compreender a metafísica original desenvolvida pelo filósofo e constituem a base para compreensão de sua obra.

Atividades no Período

Reuniões semanais do Círculo de Leitura Spinoza e a filosofia (Seminário Aberto da Pós-Graduação em Direito) – Terças-feiras 19h/21h. Leitura das Partes IV e V da Ética de B. de Spinoza.

Reuniões quinzenais do grupo de bolsistas de PIBIC do Projeto, com leitura da fortuna crítica e de textos de introdução à filosofia de Spinoza.

Elaboração do artigo “A questão o infinito em Spinoza”, e apresentação oral do mesmo no seminário interno PIBIC PUC Rio em 2013.

Participação como ouvinte do IX Colóquio Internacional Spinoza em Córdoba, Argentina. Organizado pela Universidade Nacional de Córdoba, Argentina, em Novembro de 2012.

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Bibliografia (usada pelos bolsistas)

CHAUÍ, Marilena et al. Primeira Filosofia, Lições introdutórias, sugestões para o ensino básico de Filosofia. S. Paulo: Editora Brasiliense, 1985.

GUEROULT, Martial. Spinoza I, Appendice 9. Paris: Editions Montaigne, 1969.

MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008

SPINOZA, Benedictus de, Ética; [tradução Tomas Tadeu]. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.

- Carta 12, Edição do volume Spinoza da Coleção Os Pensadores (várias edições desde 1973).

Mauricio de Albuquerque Rocha Departamento de Direito PUC Rio Matricula PUC Rio 0206776

Referências

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