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Liberalismo, protecionismo e acordos internacionais sobre o comércio exterior

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Liberalismo, protecionismo e

acordos internacionais sobre o

comércio exterior

Prof. Ms. Marco A. Arbex

Introdução

• A discussão entre os defensores de atuações mais liberalizadas e aqueles que defendem a

imposição de regras que protejam as

importações tem sido uma constante no comércio internacional há muito tempo.

• De qualquer forma, políticas comerciais de protecionismo ou liberalização devem e ser criteriosamente adotadas para não gerar distorções.

Possíveis distorções causadas por

políticas comerciais

• A entrada de determinados produtos ou componentes em um país pode prejudicar a indústria interna, gerando desemprego e contribuindo para o desenvolvimento de crises econômicas;

• Já a proibição da entrada de determinados produtos ou componentes em um país pode prejudicar o

relacionamento entre países (diplomacia) e a concorrência, contribuindo para elevar o preço dos

produtos (inflação) e limitar a qualidade na indústria.

Acordos Internacionais

• Para auxiliar os países a decidir como gerenciar o comércio com outros países, surgiram

organizações de atuação global (de âmbito privado ou supranacional)

• Suas principais funções são a promoção do

equilíbrio do comércio global e a resolução de disputas resultantes das práticas comerciais

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O acordo GATT e a origem da OMC

• O principal organismo de características supranacionais interveniente no comércio internacional e do qual o Brasil é parte interessada e integrante desde a sua fundação é a OMC (Organização Mundial do Comércio), criada em 1995, durante a Rodada Uruguai (1986-1994).

• O OMC foi derivada do acordo GATT47(Acordo Geral de Tarifas e Comério), criado em 1948, que já visava impulsionar a liberalização comercial e combater práticas protecionistas adotadas desde a década de 1930.

O acordo GATT e a origem da OMC

• A OMC refinou o mecanismo de resolução de

disputas comerciais, de monitoramento das

respectivas políticas e incentivou a assistência

técnica aos países menos desenvolvidos.

• A OMC é a única organização internacional encarregada de supervisionar o comércio

internacional e implementar os acordos negociados

nas rodadas multilaterais, além de coordenar a

negociação de novas regras de comércio.

O acordo GATT e a origem da OMC

• O seu funcionamento se dá através de acordos

estabelecidos e assinados por representantes dos países-membros. O objetivo da organização é auxiliar

aos produtores, exportadores e importadores de bens e serviços na condução de suas negociações.

• A OMC é composta, atualmente, por 157 países, os quais estão, desde a Rodada Uruguai, obrigados a aceitar e respeitar os acordos gerais celebrados no âmbito da Organização como um todo.

O acordo GATT e a origem da OMC

• Após a Rodada Uruguai, iniciou-se uma nova rodada de negociações: a Rodada Doha, que iniciou-se no Qatar, em novembro de 2001 e se estende há mais de 10 anos.

• A Rodada Doha, também conhecida como Rodada do Desenvolvimento, tem como motivação inicial a

abertura de mercados agrícolas e industriais com regras que favoreçam a ampliação dos fluxos de comércio dos países em desenvolvimento.

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O acordo GATT e a origem da OMC

• Até agora, todas as rodadas têm fracassado devido ao

protecionismo econômico:

– As nações em desenvolvimento, que têm na agricultura seus principais produtos de exportação, exigem o fim dos subsídios governamentais que os EUA e a Europa dão aos seus agricultores e pecuaristas.

– Já os países ricos querem maior acesso aos mercados de bens e serviços dos países em desenvolvimento (diminuição das taxas de importação).

O acordo GATT e a origem da OMC

• Devemos lembrar que os acordos resultantes das

rodadas promovidas pela OMC são multilaterais, ou seja, todos os países membros são obrigados a aceitar.

• Paralelamente, diversos países no mundo tem

desenvolvido acordos bilaterais (entre nações e blocos econômicos), visando estabelecer relações comerciais restritas a determinados países, de acordo com seus interesses mútuos.

Notícia de: 20/06/12: Brasil aceita cláusula

que rejeita barreiras comerciais

“A contragosto, o Brasil acatou ontem decisão da maioria dos parceiros do G-20 de manter, até 2014, o compromisso mútuo

de não criar novas barreiras comerciais e de reduzir as existentes. A presidente Dilma Rousseff havia insistido até o último minuto do encontro dos líderes das maiores economias

do mundo, no México, em acabar com essa cláusula neste ano. Essa cláusula foi adotada como meio de impedir uma escalada protecionista no auge da crise financeira. Sua prorrogação foi qualificada pelo presidente do México e anfitrião do encontro, Felipe Calderón, como uma espécie de

vitória contra forças favoráveis ao protecionismo...”

“...Se prorrogar, não tem Rodada Doha ''never more'' (nunca mais, em inglês)", disse Dilma ontem, pouco antes de embarcar para o Brasil. Desde a suspensão da Rodada de Doha, em 2007, o Brasil repete que só aceitará sua retomada

se os seus objetivos de promover o desenvolvimento, definidos seis anos antes, forem mantidos. Isso significa não

excluir das conversas a eliminação dos subsídios às exportações agrícolas e a redução das subvenções à produção do setor pelos países desenvolvidos. Os EUA, porém, insistem na redefinição das metas da negociação

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Barreiras comerciais

• O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio define barreiras comerciais como qualquer lei,

regulamento, política, medida ou prática governamental que imponha restrições ao comércio exterior.

• Dois tipos de barreiras:

– Barreiras tarifárias: tarifas de importações ou taxas diversas aplicadas a produtos importados;

– Barreiras não-tarifárias: restrições quantitativas às importações (quotas), procedimentos alfandegários

burocráticos, medidas antidumping, medidas compensatórias, salvaguarda e medidas sanitárias e fitossanitárias

Notícia de 05/06/12: Barreiras comerciais da Argentina reduzem interesse de empresários

“A Argentina, terceiro país que mais compra do Brasil, atrás de EUA e China, intensificou as barreiras comerciais. A partir

deste ano, as empresas devem avisar ao governo o que querem importar e aguardar uma autorização. Sem esperanças numa mudança, empresários brasileiros buscam

outros mercados. No início de 2011 o governo argentino passou a atrasar as licenças para livre circulação de doces

importados do Brasil. Os produtos entravam no país, mas apodreciam nos armazéns. Em 2012, com as novas barreiras, as exportações do setor para lá já caíram 24%. Na indústria de

móveis, a situação é parecida (o volume de vendas do Brasil para Argentina caiu 60% em menos de três anos)...

“...Marcelo Elizondo, da consultoria argentina de comércio exterior DNI, diz que o governo aumenta as barreiras na tentativa de contornar a perda de competitividade nacional devido à inflação alta. A taxa acumulada em 12 meses está em 25%, segundo estimativas extraoficiais. Sem acesso ao

mercado externo de crédito, desde que suspendeu os pagamentos de sua dívida em 2002, a Argentina depende do

comércio exterior para se financiar e tentar controlar a saída de dólar”.

Notícia de 29/06/12: Brasil e Argentina

discutem fim das barreiras comerciais

“Mais uma rodada de reuniões está sendo realizada entre os governos brasileiro e argentino para discutir o fim das barreiras às entradas de produtos brasileiros no País. Se,

de fato, eles destravarem as barreiras contra a carne suína, como estão anunciando, nós poderemos fazer um gesto e, por exemplo, destravar algumas importações de

carros argentinos, que estão paradas há mais de 60 dias", comentou uma autoridade do governo brasileiro.

"Mas, se isso não se efetivar, não poderemos liberar nada...

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...Algumas empresas tiveram que suspender suas linhas de produção porque 75% do que produz são exportados ao Brasil. A província exporta vinhos, azeitonas, azeite de

oliva, maças, peras e queijo, que estão impedidos de entrar no mercado brasileiro, como resposta às barreiras

argentinas a quase todos os produtos brasileiros, especialmente, a carne suína, minérios, máquinas

agrícolas, têxteis, calçados”.

Notícia de 29/08/13: Barreiras fecharam

600 importadoras na Argentina

“Além de esfriar as relações com o Brasil e prejudicar os exportadores brasileiros, as restrições impostas pelo

governo da presidente Cristina Kirchner afetam as pequenas e médias empresas argentinas, tanto no comércio interno quanto nas exportações. Empresas somente de seis setores são poupadas pelas barreiras:

as montadoras de automóveis; as eletroeletrônicas da Zona Franca da Terra do Fogo, fabricantes de alguns tipos de televisores que não são feitos no país; empresas

mineradoras e petrolíferas, companhias de energia....

Notícia de 29/08/13: Barreiras fecharam

600 importadoras na Argentina

“... Um dos planos sociais de Cristina para gerar empregos distribuiu máquinas para podar árvores e cortar

grama, com o fim de dar trabalho na área de manutenção de jardins de espaços públicos no interior do país. Porém, muitas máquinas estão encostadas por falta de peças de

reposição que não podem entrar na Argentina. Ponce admitiu que há escassez de materiais de acabamento na

construção civil e alguns edifícios não podem ser concluídos para entrega aos compradores. Também há

escassez de insumos para indústria química, plásticos, têxteis, metal-mecânica e outros”.

Cláusula da Nação Mais Favorecida

(CN+F)

• A base do acordo GATT é a sua cláusula primeira, designada cláusula da nação mais favorecida (CN+F), que determina:

“Qualquer vantagem, favor, privilégio ou imunidade concedida por uma parte contraente a um produto originário de outro país ou a ele destinado será imediata e incondicionalmente extensiva a outros produtos similares originários dos territórios de qualquer outra parte contraente ou a elas destinadas”.

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Cláusula da Nação Mais Favorecida

(CN+F)

• Exemplo: se os EUA concedem um benefício aduaneiro (redução de impostos de importação) à laranja originária do Brasil, este mesmo benefício deve ser concedido à laranja de outros países que eventualmente podem exportar laranja aos EUA. • O propósito da CN+F é o de estabelecer e de manter a

não-discriminação e a igualdade fundamental entre os países envolvidos.

• Em outras palavras, pela Cláusula da Nação Mais Favorecida qualquer país membro tem direito de ser tratado com igualdade em relação ao país que recebeu um tratamento mais privilegiado, isto é, mais favorecido.

Distorções da CN+F

• Uma possível distorção da CN+F é que o acordo não explica especificamente, o que seriam produtos similares.

• Conceitualmente, para que um produto seja similar a outro é necessário que sejam concorrentes diretos ou que haja a possibilidade de substituição de um pelo outro.

• Ou ainda, deve-se considerar a destinação final do produto, os gostos e hábitos dos consumidores, bem como suas propriedades e a qualidade.

Classificação Fiscal de Mercadorias

• Para auxiliar a dirimir as dúvidas sobre o conceito de produto similar, foi desenvolvida a Classificação Fiscal de

Mercadorias

• Essa padronização é conhecida como Sistema Harmonizado

– HS e é adotada por 177 países. O HS é composto por um

sistema de códigos com 6 dígitos, divididos em 21 seções e 96 capítulos. O sistema foi desenvolvido para permitir

atualizações à medida que novos produtos necessitem de classificação.

• No Mercosul foi criada a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), baseada no Sistema Harmonizado.

Exemplo de classificação de

mercadoria no sistema harmonizado

Código: 0401.30.21

• Capítulo 04: leite e laticínios, ovos e aves, mel natural, produtos comestíveis de origem animal não

especificados nem compreendidos em outros capítulos • Posição 0401: leite e creme de leite, não

concentrados, nem adicionados de açúcar ou de outros edulcorantes

• Subposição 0401.30: com teor, em peso, de matérias gordas superior e 6%

• Item 0401.30.2: creme de leite • Subitem: 0401.30.21: UHT

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Sistema Harmonizado: classificação do

parafuso

• O site da Receita Federal possui um sistema de busca no sistema NCM, do Mercosul:

http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/PesquisarNCM.jsp

• Ao buscar um produto, é necessário verificar as regras corretas de classificação para evitar prejuízos, como por exemplo, pagar mais IPI (imposto sobre Produtos Industrializados) e impostos de importação (II).

• Os impostos de Importação podem ser verificados através da tabela TEC: http://www.receita.fazenda.gov.br/Aduana/TabelaTec/

• O IPI pode ser verificado através da tabela TIPI: http://www.receita.fazenda.gov.br/aliquotas/tabincidipitipi.htm

Exceções à CN+F

• Existem exceções quanto à aplicabilidade da CN+F, dadas as profundas diferenças existentes entre os membros da OMC e às mudanças de circunstâncias na economia mundial.

• As exceções envolvem também aspectos específicos, que serão abordados a seguir:

– Cláusulas de salvaguarda – Medidas Antidumping – Medidas compensatórias

– Uniões aduaneiras e zonas de livre comércio

Exceções à CN+F: salvaguarda

• Normalmente, a salvaguarda é utilizada em casos de

dificuldades enfrentadas pela indústria nacional frente a um surto de crescimento das importações do produto estrangeiro

• Os acordos internacionais permitem que, nestes casos, seja imposta uma salvaguarda contra essas

importações por um período determinado

(estabelecimento de quotas ou tarifas de importação).

Exceções à CN+F: salvaguarda

• Ao longo desse prazo a indústria nacional deve se

reorganizar e garantir competitividade frente às importações quando retirada a salvaguarda, que, em média, duram entre três e quatro anos.

• Com o apoio da salvaguarda, os países se sentem mais propensos a aceitar os acordos multilaterais de comércio, uma vez que terão a possibilidade de reverter eventuais efeitos não desejados ou não previstos inicialmente.

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Exceções à CN+F: salvaguarda

• Exemplos de situações em que a cláusula de

salvaguarda poderá ser acionada:

– Proteção à saúde da população – Proteção à fauna e flora

– Proteção dos direitos autorais e patentes – Segurança pública

– Patrimônio artístico, histórico ou arqueológico – Proteção às principais matérias-primas nacionais e à

indústria nacional ou outra situação que possa provocar prejuízo grave à economia.

Notícia de 07/10/2008: Brasil abre seu

3º processo de salvaguarda

“A pedido da indústria de CD-R e DVD-R, o governo brasileiro abriu um processo de salvaguarda (proteção temporária contra

um volume grande de importações) para esse mercado. A investigação, que pode durar até um ano, começou no fim de

setembro. No pedido de salvaguardas feito na Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do MDIC, a indústria local afirma

que no período de julho de 2006 a junho de 2007, a participação da indústria doméstica foi de 14% em CD-R e de 30%, em DVD-R. O objetivo do processo de salvaguardanão é

proibir a importação de produtos, mas o governo pode impor imposto adicional de importação ou determinar quotas de

volume importados”.

Notícia de 23/03/2012: medida de salvaguarda à importação de vinho gera preocupação

“O Governo brasileiro está elaborando uma medida de salvaguarda que, em termos práticos, poderá resultar no

estabelecimento de quotas máximas de importação por origem. O Executivo passará a exigir uma licença de importação para os vinhos importados de países europeus. Uma medida que agravará ainda mais a burocracia e o custo

final a que os vinhos chegam ao consumidor (no presente, mais de 80% desse valor representa carga fiscal). Essa licença de importação deverá ser solicitada previamente ao embarque da mercadoria, ficando o Governo brasileiro com um prazo de 60 dias para responder (por norma, a análise

dessas licenças demora entre 5 a 8 dias)...

...Quem desembarcar a mercadoria antes da licença atribuída incorrerá numa multa que poderá representar cerca de 40 a 50% do valor. A medida protecionista resulta da forte pressão que os produtores de vinho no Brasil estão a exercer junto ao, sendo que também não há certezas, por exemplo, sobre o período temporal em que vigorará. A medida foi solicitada por

três anos, podendo ser renovada. Os produtores europeus devem mobilizar-se e agir rapidamente. Sem qualquer resistência, o governo brasileiro seguirá a tendência de adotar a medida tal como solicitada pela indústria local. Por exemplo, existem vinhos em Portugal (caso do Vinho do Porto) que não

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Exceções à CN+F: Antidumping

• Existe dumping quando uma empresa exporta para um país um produto a preço (valor de exportação) inferior àquele que aplica a produto similar nas vendas para seu mercado interno (valor “normal”) ou inferior ao seu custo de produção.

• A aplicação de uma medida antidumping requer que, no âmbito de um processo administrativo, seja realizada uma investigação, com a participação de todas as partes interessadas, por meio da qual dados e informações são conferidos e opiniões são confrontadas (ver estrutura legal no Brasil).

Exceções à CN+F: Antidumping

• Alguns críticos das medidas antidumping entendem

que estas são utilizadas como um refúgio protecionista, por grupos de pressão, para eliminar a concorrência estrangeira.

• Nesse sentido, as normas antidumping,

paradoxalmente, poderiam se tornar um poderoso instrumento de protecionismo.

Veja a seguir, algumas notícias sobre a prática de dumping.

Notícia de 19/05/2010: exportações

chinesas são acusadas de dumping.

“A indústria chinesa figura nos jornais como alvo de constantes acusações de dumping. O país é o principal alvo de denúncias brasileiras sobre essa prática. As acusações de

dumping partem das empresas concorrentes, prejudicadas pelos baixos preços dos produtos chineses. No momento, a atenção do governo brasileiro está voltada para a entrada de

caminhões com guindastes nos nossos mercados. Segundo reportagem do Valor Econômico, com base em informações do governo, o preço do caminhão chinês chega ao Brasil menor do que o custo de produção dos nossos veículos...

...O resultado, em caso de dumping, dá-se no longo prazo: quando eliminar os concorrentes, prejudicados pela competição desleal, a empresa estrangeira pode dominar o

mercado nacional e, assim, definir seus próprios preços. A confirmação do dumping não é fácil, já que nem sempre é possível conhecer os custos da empresa. Por fim, é sempre necessário considerar a possibilidade de que a empresa que denuncia tenha lucros exagerados e utilize a acusação de

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Notícia de 13/02/2012: África do Sul adota medidas antidumping contra o frango brasileiro

“Segundo o Diário Oficial sul-africano, as medidas atingem as exportações de frango inteiro e cortes desossados, com sobretaxas de 62,93% e 46,59%, respectivamente. Estas sobretaxas se somam às tarifas normais de importação, que

são de 5% para o frango inteiro e 27% para os cortes desossados. O setor avícola, juntamente com os órgãos governamentais, irá recorrer da decisão do governo da África

do Sul, que afeta várias agroindústrias brasileiras exportadoras de carne de frango. A estimativa do setor é que

os prejuízos cheguem a US$ 70 milhões anuais. A África do Sul importa 16% de todo o frango consumido no país (70%

deste volume são provenientes do Brasil)”.

Notícia de 02/11/2011: Papeleiras chinesas

vão acusar Brasil de dumping

“A indústria papeleira da China prepara uma acusação de dumping contra as fábricas de celulose do Brasil. A indústria nacional está

sendo acusada de adotar preços menores na China do que os praticados no Brasil. É a primeira vez que uma indústria chinesa irá

pedir medidas de antidumping contra um setor industrial brasileiro. Caso aceite a acusação, Pequim deve impor tarifa sobre a celulose brasileira de 20% a 200%. Hoje, o produto brasileiro entra na China sem imposto, segundo os chineses. A China importa 5 milhões de toneladas dessa fibra, dos quais 1,8 milhão de toneladas do Brasil

-hoje, o maior fornecedor”.

Exceções à CN+F: medidas

compensatórias

• Caso uma indústria esteja sendo prejudicada comercialmente por subsídios concedidos a uma indústria específica de outro país, um país poderá demandar que a norma que estabelece a concessão do subsídio seja revogada ou adotar medidas

compensatórias, na medida do prejuízo sofrido, com o

objetivo de neutralizar um subsídio outorgado pelo país exportador.

• Em outras palavras, a OMC pode autorizar o país prejudicado a retaliar comercialmente o outro país.

Exemplos de subsídios

 Tarifas de transporte interno e fretes para exportação em condições mais favoráveis do que as aplicadas ao transporte doméstico;

 Concessão de financiamentos governamentais a empresas em função de seu desempenho nas exportações;

 Fornecimento pelo governo de produtos ou serviços importados para uso na produção de mercadorias exportadas;

 Isenção ou redução de impostos ou encargos sociais em função das exportações;

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Exceções à CN+F: medidas

compensatórias

• Se uma empresa americana vende internamente uma mercadoria por US$ 10,00, mas exporta ao Brasil por US$ 3,00, pode-se se configurar caso de dumping. • Mas se vende a US$ 3,00 porque está recebendo US$

7,00 de ajuda do governo, por exemplo, configura-se um caso de subsídio.

Notícia de 31/08/2009: OMC autoriza Brasil a retaliar EUA por subsídio ao algodão

“A Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou o Brasil, na manhã desta segunda-feira, 31, a impor retaliações sobre o governo americano em resposta aos subsídios ilegais que a Casa

Branca distribui aos produtos de algodão. Dados preliminares da decisão da entidade apontam que o Brasil teria o direito de retaliar os EUA em cerca de US$ 300 milhões, valor muito inferior

aos US$ 2, 5 bilhões pleiteados pelo Brasil. Mesmo assim, a retaliação autorizada pela OMC é a segunda maior já dada pela

entidade a um país. A disputa entre Brasil e Estados Unidos já dura sete anos e apesar de várias condenações, o governo americano jamais cumpriu a determinação da OMC de retirar os

subsídios ilegais ao algodão”.

Notícia de 02/07/2007: caso Embraer x

Bombardier

“O caso teve início em meados da década de 90. Após bem-sucedido processo de privatização, a Embraer tornou-se uma empresa bem mais competitiva, mas, ainda assim, precisava de

algum tipo de apoio governamental para poder concorrer em melhores condições com os grandes players do mercado de aviões de médio porte. Com os incentivos recebidos por meio de

um programa de exportação do governo brasileiro denominado Proex, a Embraer venceu, em 1996, uma concorrência internacional para a venda de um número significativo de aeronaves para companhias aéreas dos Estados Unidos. A grande derrotada nessa concorrência foi a Bombardier, detentora

na ocasião de mais de 50% do mercado mundial dessas aeronaves de porte médio...

...Inconformada com a derrota, a Bombardier pressionou o governo canadense a iniciar consultas junto ao governo brasileiro, com o objetivo de apurar se, de fato, como alegava a

empresa canadense, a Embraer havia recebido subsídios governamentais do tipo “apoio à exportação”. O Brasil, em sua defesa, não contestou se tratar o Proex de um tipo de subsídio. Um subsídio, porém, perfeitamente de acordo para um país em desenvolvimento. Em linhas gerais, o Proex consistia em um

programa de equalização das taxas de juros cobradas por instituições financeiras internacionais em contratos de financiamento à importação de produtos de países emergentes,

em virtude de seus riscos e instabilidades políticas e econômicas...

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...Pelo mecanismo de equalização, o governo brasileiro comprometia-se a cobrir essa diferença na taxa de juros. Enquanto o Canadá acusava o Brasil de conceder subsídios ilegais, estava fazendo exatamente o mesmo com relação a Bombardier. Por meio de algumas instituições de fomento, repassava recursos àquela empresa, o que a levou, inclusive,

a superar a Embraer em nova concorrência internacional. O Brasil conseguiu reunir algumas provas e iniciou processo contra o Canadá na OMC. Argumentou que, por meio dessas

instituições de fomento, a Bombardier havia recebido subsídios ilegais.

...O Painel deu razão parcial ao Brasil e determinou que parte dos subsídios fosse retirada pelo governo canadense. O Canadá não apelou, mas se recusou a retirar os subsídios, razão pela qual o governo brasileiro foi autorizado a adotar

medidas compensatórias contra aquele país no valor aproximado de U$ 270 milhões. Da mesma forma que o Canadá, o governo brasileiro não adotou nenhuma medida compensatória. Ao longo dos últimos três ou quatro anos, os

governos dos dois países e os setores interessados, especialmente os da indústria aeronáutica, têm negociado as

condições que devem ser aplicadas ao financiamento de importação”.

Notícia de 16/09/2010: Decisão da OMC

pode prejudicar Embraer

“A Organização Mundial do Comércio (OMC) condenou os subsídios dos Estados Unidos à Boeing, abrindo precedente que

ameaçaria os interesses da Embraer. A entidade máxima do comércio concluiu, a pedido dos europeus, que a empresa americana teria recebido recursos ilegais do Departamento de

Defesa e da Nasa. Já a brasileira é acusada pela canadense Bombardier de receber o mesmo tipo de incentivo do setor militar brasileiro. A decisão deve abrir caminho para novo acordo sobre

subsídios que vai definir como empresas de todo o setor, inclusive a Embraer, poderão atuar na próxima década. A negociação viria em um momento crucial, no qual surgem novos

concorrentes, como chineses, canadenses e brasileiros.”

Exceções à CN+F: zonas de livre

comércio e união aduaneira

• Países que fazem parte de alguma forma de integração regional como zonas de livre comércio e união aduaneira estão livres de seguir a CN+F.

• Esses acordos regionais são tratados como exceção no GATT porque as restrições internas da região são abolidas, mas permanecem as restrições em relação a terceiros países (não-membros), fazendo com que estes fiquem numa posição de desvantagem em relação aos países-membros, o que claramente entra em conflito com a CN+F.

Em breve conheceremos com mais detalhes as formas de integração regional

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Um pouco mais sobre a Argentina:

algumas fontes de divergências

• Setor automotivo (representa mais de 30% do comércio do

Mercosul).

• Açucar: a Argentina mantém seus produtores protegidos da concorrência com os brasileiros, mesmo após acordo que aboliu as tarifas de importação. Para o governo argentino, o Brasil concede subsídios que tornam o produto artificialmente mais competitivo. • Têxteis: a Argentina estabeleceu salvaguardas aos tecidos de lã e

de algodão brasileiros e criou uma resolução que permite medidas de proteção contra seus parceiros comerciais. O Brasil leva a questão à OMC, que julga pertinente a reclamação brasileira. • Calçados: no mês seguinte, a Argentina passa a exigir selo de

qualidade para a entrada de calçados brasileiros no país. Em seguida, os produtores de sapatos das duas nações concordam em estabelecer quotas para a venda brasileira de calçados.

Textos base

BONATO, A. B. Cláusula da nação mais favorecida: um estudo sobre as principais controvérsias que a envolvem no âmbito da OMC. Disponível em: www3.pucrs.br/pucrs/files/.../trabalhos2009_2/adriana_bonato.pdf. Acesso em 01/07/2012.

INMETRO – Barreiras técnicas. Disponível em:

http://www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas/barreirastecnicas.asp. Acesso em 05/07/2012.

MDIC – Comércio Exterior. Disponível em

http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/index.php?area=5. Acesso em 15/07/2012.

SOUSA, José Manuel Meireles de. Fundamentos do Comércio Internacional. Editora Saraiva. Ano: 2009.

Referências

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