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Luz natural para criar um. Por Ana Luísa Vieira

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Academic year: 2021

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• Fotografe Melhor no 270 30

Olhar glObal

POr AnA LuísA VieirA

C

ercados pela floresta e sob um jogo de luz que lhes ga-rante um halo especial, be-bês e crianças de várias fai-xas etárias que protagoni-zam as imagens mais pare-cem parte de um universo encanta-do. Do outro lado, por trás da câmera, a fotógrafa também não deixa de ser um personagem: é conhecida como

Noelle Mirabella – ainda que se cha-me, na verdade, Cassandra Jones.

Quando perguntada sobre o ca-minho que trilhou até clicar os pe-quenos profissionalmente, a cana-dense – que vive na cidade de Grande Prairie, na província de Alberta, em seu país de origem – é categórica: “Sempre digo às pessoas que nun-ca procurei pela fotografia, foi ela que

me encontrou”. Um clichê que certa-mente não faz jus à verdadeira histó-ria, iniciada sete anos atrás.

Psicóloga de formação, Cassan-dra preparava a tese de mestrado em Psicologia Clínica quando deu à luz Ava Maria. A menina, entretan-to, veio ao mundo sem vida. “Como é de se imaginar, fui completamen-te tomada pela triscompletamen-teza. Tive de tirar

mundo de sonhos

luz natural Para criar uM

A canadense Cassandra Jones fala sobre os desafios de fotografar ao ar livre, sua

relação com as crianças que registra e o universo encantado de seu trabalho

As fotos de Cassandra Jones são sempre com luz natural e o uso de muito desfoque no fundo e, em alguns casos, no primeiro plano

Fo to s: c as sa nd ra J on es

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Acima, uma das imagens de um ensaio com quadrigêmeas canadenses idênticas que deixaram Cassandra Jones mundialmente famosa com o pseudônimo de noelle Mirabella; abaixo, ensaio com quatro irmãos num campo de lavanda

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ensaio de mãe e filha: os figurinos são bem planejados e o clima no Canadá favorece o uso de lã, que tem textura marcante seis meses de licença das obrigações acadêmicas”, relata. Sem a filha que havia esperado e longe dos afazeres habituais, viu na fotografia uma opor-tunidade de recomeço. “Foi uma ma-neira de me forçar a sair de casa para encontrar alguma beleza no mundo”, diz. Acabou sendo como desabafar em um divã: “A fotografia se tornou minha terapia muito rapidamente”.

inspirAdA nAs CriAnçAs

Desde o início, a canadense con-ta ter se sentido mais confortável cli-cando bebês, especialmente os re-cém-nascidos. “Se você olhar para os meus trabalhos mais antigos, vai perceber que já eram muito pareci-dos com o que faço hoje.” Os peque-nos são tanto os personagens princi-pais nos retratos de Cassandra como a fonte de inspiração para a compo-sição dos cenários: “Me espelho na maneira mágica como eles veem o mundo”, explica a fotógrafa.

A princípio, a “magia” se dá com uma Canon EOS 5D Mark IV. Além dela, Cassandra conta com um pe-queno arsenal de lentes: 200 mm f/2, 70-200 mm f/2.8, 135 mm f/2, 85 mm f/1.2, 50 mm f/1.2, 24-70 mm f/2.8, 14 mm f/2 e a macro 100 mm f/2.8. Para o caso de imprevistos, ainda leva um corpo extra a todos os ensaios — até hoje, garante, não precisou usá-lo.

Lente bem luminosas, como a 85 mm f/1.2 e a 200 mm f/2, garantem nitidez e um fundo bem desfocado

nas produções de newborn, o uso de filhotes de animais é uma das marcas da fotógrafa

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“Em relação às lentes, uso todas em situações variadas, mas a 24-70 mm f/2.8 e a 200 mm f/2 estão sempre comigo. Não consigo viver sem elas. Geralmente, prefiro as mais longas (de 200, 135 e 85 mm) para fotografar

em locações ao ar livre. As de maior abertura ficam para as fotos em am-bientes fechados”, informa.

Cassandra assegura que o resul-tado quase onírico presente nas ima-gens vem mais da forma de

fotogra-far do que de efeitos de pós-produção: “Adoro usar a 200 mm em abertura f/2 para ter belos planos de fundo desfo-cados. Depois, no Photoshop, realço as melhores características que já foram registradas pela câmera”, explica.

Cassandra Jones procura elementos da natureza para compor as imagens que produz

Fo to s: c as sa nd ra J on es

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do CLiMA à AgendA

De fora, quem olha as imagens tende a pensar que o maior desafio da fotógrafa deve ser lidar com a fra-gilidade dos bebês recém-nascidos ou registrar a espontaneidade das crianças em meio a momentos de confusão e brincadeira. Mas a cana-dense garante que os percalços ge-ralmente envolvem fatores mais ex-ternos. “A minha maior dificuldade, com certeza, é o tempo, já que faço a maioria dos ensaios ao ar livre. Vivo e trabalho na região dos prados cana-denses e a temperatura é meio im-previsível aqui. Levar os bebês e as crianças para áreas externas nessas condições é muito desafiador”, avalia.

Por esse motivo, a agenda de Cassandra costuma ser bastante fle-xível. Ela indica que reserva uma se-mana inteira para determinado en-saio e, conforme a data se aproxima, checa a previsão do tempo: “Só então eu e o cliente combinamos um dia ou mais dias definitivos”. Geralmente, são quatro ensaios por semana nos meses que se estendem desde a pri-mavera até o outono e não mais que dois durante o inverno.

Uma amostra dos trabalhos con-cluídos, é claro, vai para as redes so-ciais – mais especificamente, Insta-gram e Facebook. “Percebo que, pelo

Foi pela internet que Cassandra Jones descobriu, em 2016, o nascimento de quadrigêmeas idênticas na

cidadezinha canadense de Hythe – com pouco menos de mil habitantes, a aproximadamente 58 km de Grande Prairie, onde a fotógrafa mora. “Eu mesma entrei em contato com a mãe”, conta ela, que acabou por fazer uma sessão de fotos com as filhas recém- -nascidas do casal Tim e Bethani Webb para um álbum muito caprichado.

Para Cassandra, esse primeiro ensaio rendeu um portfólio e tanto: a notícia sobre as fotos rodou o mundo, já que se estima que existam apenas 70 grupos de quadrigêmeos idênticos entre

as mais de 7,4 bilhões de pessoas no planeta. Abigail, Grace, McKayla e Emily são tão parecidas que receberam brincos de cores diferente desde o nascimento para que os pais pudessem identificá-las.

No segundo semestre de 2018, foi Bethani, a mãe das quatro irmãs, quem procurou Cassandra para uma segunda rodada de fotografias. “É incrível acompanhar o crescimento delas. Hoje em dia, elas têm muita personalidade e é muito divertido ficar perto das meninas”, diz ela. E, mais uma vez, as imagens da fotógrafa canadense rodaram o mundo em sites especializados em fotografia – que, inclusive, foi a forma como Fotografe

a descobriu.

As incríveis (e fofas) quadrigêmeas

As quadrigêmeas Abigail, grace, McKayla e emily em 2016 de coelhinho e em 2018, se divertindo

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ensaio de newborn: Cassandra Jones adotou o nome noelle Mirabella para não confundir seus pacientes quando era psicóloga Instagram, consigo alcançar um

pú-blico mais global. Pelo Facebook, fa-ço mais contatos e sou procurada por pessoas da minha região para agen-dar trabalhos”, explica.

o outro noMe

Foi para publicar imagens onli-ne, aliás, que Cassandra Jones sen-tiu necessidade de encontrar um ou-tro nome. “Quando comecei a foto-grafar, não tinha intenção nenhuma de me tornar profissional. Eu só que-ria continuar atendendo como psicó-loga e, nesse campo [da psicologia], é muito importante evitar qualquer ti-po de relação com o paciente fora do consultório. Não poderia batizar mi-nha página no Facebook com o meu próprio nome porque as pessoas que eu atendia poderiam fazer essa co-nexão”, detalha.

A ideia para a alcunha artística veio enquanto a canadense folheava um álbum da própria infância: abaixo de uma das fotos, sua mãe escrevera sobre o apego de Cassandra menina por uma boneca de pano chamada Noelle Mirabella. “Achei de uma ca-sualidade incrível que minha primei-ra filha também tenha sido batizada Noelle em uma época que eu sequer lembrava que essa boneca existia. Imediatamente me pareceu o nome

perfeito para a minha página de foto-grafia.” E não é que combinou?

Além dos ensaios, Cassandra Jo-nes ainda participa de workshops so-bre fotografia de crianças pelo Ca-nadá e em outros países. Vez ou ou-tra, também encontra tempo para ensaios longe de casa. O lugar mais inusitado em que esteve, afirma, se situa nos rincões da Inglaterra. “É um vilarejo charmoso, chama-se Widecombe-in-the-Moore, e fica no

sul do país. Às margens da vila, exis-te uma floresta de cair o queixo cha-mada Wistman’s Wood. Não há pla-cas que indiquem o local. Havia pô-neis e ovelhas selvagens e também um bosque majestoso, cheio de ár-vores com galhos retorcidos e pedras recobertas de musgo”, descreve.

Paisagens mais tropicais, como as do Brasil, ainda não serviram co-mo pano de fundo para as fotos. “Mas eu adoraria”, diz a canadense.

Fo to s: c as sa nd ra J on es

ela diz que na pós-produção realça apenas os efeitos que consegue com lentes de alta qualidade e luz natural

Referências

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