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DESVIOS POSTURAIS EM ESCOLARES: UMA REVISÃO DE LITERATURA

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA

ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA TRAUMATO-ORTOPÉDICA E DESPORTIVA

DESVIOS POSTURAIS EM ESCOLARES: UMA REVISÃO DE

LITERATURA

VIVIANI BRESSAN PETENUCCI

Cuiabá 2011

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VIVIANI BRESSAN PETENUCCI

DESVIOS POSTURAIS EM ESCOLARES: UMA REVISÃO DE

LITERATURA

Artigo apresentado ao curso de Especialização em Fisioterapia Traumato-Ortopédica e Desportiva do Centro de Estudos Avançados e Formação Intergrada, chancelado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

Orientador: Prof.º. Prof. Ms. Adroaldo José Casa Junior.

Cuiabá 2011

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RESUMO

Desvios Posturais em escolares: uma revisão de literatura

Introdução: a maioria dos desvios posturais na criança em crescimento são

classificados como desvios de desenvolvimento e, quando os padrões se tornam habituais, podem resultar em defeitos posturais. Objetivo: portanto, este artigo de revisão visa registrar

de forma sucinta quais são os principais desvios posturais em escolares e descrever a importância de programas de prevenção quanto ao problema postural. Métodos: trata-se de

um artigo de revisão, no qual a pesquisa foi pautada em base de dados do SCIELO, nas publicações de comitês científicos e de instituições acadêmicas na área da Saúde e nos artigos de revistas científicas impressas ou eletrônicas. Revisão da Literatura: o desvio

postural ser classificado como: funcional, que é resultado de uma postura inadequada adquirida no dia a dia devido a uma postura viciosa; ou estrutural, que é aquele cuja estrutura óssea ou articular já se encontra desalinhada. Os desvios posturais que se manifestam na população são denominados como: hiperlordose lombar, hipercifose dorsal e escoliose; podendo gerar outros tipos de desvios ósseos e articulares e prejudicando a postura corporal como um todo. Considerações Finais: portanto torna-se primordial ao

escolar o acesso às orientações e avaliações preventivas, contribuindo para a conscientização de que uma boa postura é questão de saúde, presente e futura e não simplesmente uma questão de estética.

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INTRODUÇÃO

Conforme Oliver & Middleditch, postura pode ser definida como a posição pela qual é adotada pelo corpo, quer seja por meio da ação dos músculos operando para contra-atuar com a força da gravidade, quer seja quando mantida durante inatividade muscular1. E segundo o que dizem Kendall, McCreary e Provance, uma boa postura é resultado da capacidade que os ligamentos, cápsulas e tônus muscular têm de suportar o corpo ereto, permitindo sua permanência em uma mesma posição por períodos prolongados, sem desconforto e com baixo consumo energético2.

Ainda se referindo aos autores acima citados, em uma postura padrão a coluna apresenta curvaturas normais e os ossos dos membros inferiores ficam alinhamento ideal para a sustentação de peso; a posição neutra da pelve conduz ao bom alinhamento do abdome, do tronco e dos membros inferiores; assim o tórax e a coluna superior se posicionam de forma que a função ideal dos órgãos respiratórios seja favorecida; e, a cabeça fica ereta, bem equilibrada, minimizando a sobrecarga sobre a musculatura cervical.

Sendo que de acordo com Braccialli & Vilarta, a Academia Americana de Ortopedia define postura estática como o estado de equilíbrio entre músculos e ossos com capacidade para proteger as demais estruturas do corpo humano de traumatismos, seja na posição em pé, sentado ou deitado1. Já para Deliberato, uma boa postura solicita a ação permanente da musculatura contra a gravidade, porém com gasto mínimo de energia3. Sendo assim, uma postura adequada, é resultado da ação coordenada de diversos grupos musculares e ligamentos que atuam elevando, mantendo ou dando apoio a diversas partes do esqueleto3.

A partir do que dizem Penha et al.2, em crianças as variações posturais são

comumente encontradas no período do crescimento e desenvolvimento, sendo decorrentes dos vários ajustes, adaptações e mudanças corporais e psicossociais que marcam essa fase. À medida que atualmente, pode-se observar um aumento significativo na incidência de problemas posturais em crianças de todo o mundo, sendo as causas mais comuns a má postura durante as aulas, o uso incorreto de mochila escolar, a utilização de calçados inadequados, o sedentarismo e a obesidade, segundo Penha et. al., Rodrigues et. al. e, Pietrobell et. al.2.

Assim sendo, Cavalcante et. al.1 dizem que a postura adequada na infância ou a correção precoce de desvios posturais nessa fase possibilitam padrões posturais corretos na vida adulta, pois esse período é da maior importância para o desenvolvimento músculo-esquelético do indivíduo, com maior probabilidade de prevenção e tratamento dessas

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alterações posturais na coluna vertebral. Para Ascher, o comportamento postural da criança durante os primeiros anos escolares é o grande responsável pelos vícios posturais adquiridos, levando-se em consideração a evolução da sua postura ereta, suas condições anatômicas, sua coluna vertebral e as relações estabelecidas com o meio social em que vive 2.

Por isso, é importante observar e identificar os desvios posturais acentuados ou persistentes no indivíduo em crescimento, bem como é importante reconhecer que não se espera que as crianças se conformem ao alinhamento padrão do adulto. E, isso é válido por uma série de razões, mas, principalmente, pelo fato do indivíduo em desenvolvimento exibir uma mobilidade e flexibilidade muito maiores que as do adulto, segundo Kendall, McCreary e Provance 4.

Para Santos et. al.2, essas alterações, geralmente, trazem conseqüências prejudiciais à

função de sustentação e mobilidade e, portanto, seu diagnóstico precoce permite uma intervenção eficiente, principalmente tratando-se de um sistema músculo-esquelético complacente, como o da criança. Do mesmo modo Murahovschi, diz que a maioria dos desvios posturais na criança em crescimento são classificados como desvios de desenvolvimento e, quando os padrões se tornam habituais, podem resultar em defeitos posturais4.

De acordo com o que dizem Cavalcante et al.1, as principais causas de deformidades posturais podem ser devido ao desequilíbrio muscular com um grupo fraco em relação ao grupo oposto, postura relaxada, fatores psicológicos particularmente em crianças ou adolescentes, mau estado físico ou cansaço; podem ser ainda oriundas de outras deformidades ou distúrbios como, por exemplo, o encurtamento de um membro inferior, hérnia de disco, paralisias musculares, entre outros. Sendo que os principais desvios do eixo da coluna vertebral são a escoliose, a postura cifótica (hipercifose) e a hiperlordose, sendo que a etiologia de tais desvios muitas vezes é obscura, daí a necessidade de se avaliar e identificar tais problemas precocemente.

Sendo que, pelo que dizem Resende e Borsoe, o período crítico ocorre quando a criança inicia o aprendizado e a escrita. Os padrões adequados e inadequados de postura e movimento começam a ser determinados na infância, são praticados na adolescência e logo se tornam habituais. Em longo prazo, os padrões inadequados culminam na aceleração do processo de degeneração do sistema músculo-esquelético, o que pode trazer uma predisposição às afecções da coluna vertebral no adulto, manifestadas por quadros álgicos 2.

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Deste modo, faz se necessário, a implantação de programas pra diagnosticar desvios e/ou problemas posturais em escolares. Para que, uma vez conscientizados sobre o problema e orientados, acredita-se que estas pessoas possam tomar uma atitude preventiva e procurem solucionar estas questões posturais5.

Portanto, este artigo de revisão visa registrar de forma sucinta quais são os principais desvios posturais em escolares e descrever a importância de programas de prevenção quanto ao problema postural. Para desta forma, poder melhor direcionar as ações voltadas à promoção de saúde junto a Fisioterapia, a cerca dos dados revelados pela revisão bibliográfica.

MÉTODOS

Trata-se de um artigo de revisão, no qual a pesquisa foi pautada em base de dados do SCIELO, nas publicações de comitês científicos e de instituições acadêmicas na área da Saúde e nos artigos de revistas científicas impressas ou eletrônicas, com os seguintes descritores: desvios posturais, escolares, desalinhamento corporal; e ainda, levou-se em consideração bibliografias publicadas em português. A coleta de dados se deu entre os meses de Março até Julho de 2011.

Após este período foram efetuadas a análise e síntese do material coletado; em seguida, realizou-se uma leitura seletiva, da qual foram selecionados os dados bibliográficos, assim pôs se a confeccionar o artigo e, finalizando-o em Agosto de 2011.

REVISÃO DA LITERATURA

Schmitt et. al.3 dizem que na infância o corpo está em desenvolvimento e qualquer fator externo pode prejudicar e alterar seu funcionamento normal, podendo manifestar-se posteriormente em patologias mais graves. Os desvios de postura surgem cada vez mais cedo devido a má postura adotada pelas crianças frente ao mobiliário escolar. Como não é dada a devida atenção na maneira como a criança senta, na maioria das vezes os desvios tendem a piorar.

Pelo que dizem Schimidt e Bankoff, os escolares são mantidos em salas de aulas, muitas vezes em posições incômodas e inadequadas, por longos períodos no transcorrer do dia, de semanas, meses e anos e, em decorrência disso, ficam sujeitos a desenvolver padrões posturais não saudáveis6.

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Segundo, Kavalco as alterações posturais relacionadas às posturas inadequadas são distúrbios anatômicos e fisiológicos, que se manifestam geralmente na fase de adolescência e pré-adolescência, pois é o período em que há o estirão de crescimento1.

Para Perez, em seu trabalho, afirma que os problemas de postura começam na infância, logo que a criança entra na escola, sendo que a tendência é o problema postural piorar na adolescência e na fase adulta3. Santos et. al.6, corroboram com Perez, dizendo que os problemas posturais quase sempre têm sua origem na infância, principalmente os relacionados com a coluna vertebral, e podem ser desencadeados por traumatismo, fatores emocionais, socioculturais e hereditários, ou ainda, por indumentária inadequada.

Por isso, para Fernandes et. al.6, os padrões assumidos na fase escolar se tornam permanentes durante a fase adulta; nesse contexto, as posturas inadequadas que as crianças desenvolvem durante o período escolar, em razão da vulnerabilidade das situações em que se encontram; fazem com que a incidência dessa deformidade seja bastante significante.

A partir do que relatam Caraffa, Dillscheneider, Rodigues e Sturmer, existem fatores de riscos posturais presentes nos escolares do ensino fundamental, tais como: obesidade, que é bastante comum em crianças na idade escolar; peso da mochila ou o uso inadequado da mochila escolar pode estar associado a dores nas costas; e a utilização de calçados de salto alto pelas meninas está sendo muito discutido, já que é comum ver meninas, no ensino fundamental, calçando esse modelo de calçado7.

Assim, Okuno e Frantin afirmam que a postura corporal adotada no dia a dia de forma incorreta acarreta alterações nos formatos da coluna vertebral, que em geral pode ser a maior causa de dores nas costas e explica que o exagero das curvaturas fisiológicas da coluna, no decorrer dos anos pode trazer essas supostas dores e desconfortos8.

Neste sentido, Silva, Souza e Cubas dizem que o desvio postural ser classificado como: funcional, que é resultado de uma postura inadequada adquirida no dia a dia devido a uma postura viciosa; ou estrutural, que é aquele cuja estrutura óssea ou articular já se encontra desalinhada8. Segundo, César et. al.8, os desvios posturais que se manifestam na população são denominados como: hiperlordose lombar, hipercifose dorsal e escoliose; podendo gerar outros tipos de desvios ósseos e articulares e prejudicando a postura corporal como um todo.

Desta maneira, os principais desvios posturais encontrados em escolares são os seguintes:

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Escoliose - considerada por Bienfait como uma afecção do crescimento e ainda relata

que a gravidade da escoliose geralmente não está na sua causa inicial, mas em seu grau de evolução9. Tem como característica a curvatura lateral da coluna vertebral8. Segundo Magee, é uma alteração na estrutura da coluna vertebral na região torácica e lombar que aparece em forma de curvas laterais, e são deformidades na qual há uma ou mais curvas, podendo também ocorrer unicamente na região lombar9.

Suas diversas etiologias estão relacionadas às diferenças históricas naturais, que influenciam profundamente sobre o efeito da curvatura na vida do paciente, como também nas indicações para tratamentos, segundo Weinstein e Buckwater9. A escoliose possui várias classificações: idiopática de causa desconhecida; infantil, juvenil e adolescente; congênita na falha de formação dos ossos e na segmentação; neuromuscular causada por poliomielite, paralisia cerebral, distrofia muscular e outros traumas; e a falsa escoliose, de acordo com o que Verderi9.

Já para Oliver, a escoliose pode ser classificada em: postura escoliótica (pré-escoliose); escoliose de primeiro grau (só aparece na posição em pé); escoliose de segundo grau (só desaparece sob tração) e escoliose de terceiro grau (não desaparece)10.

Na pesquisa de Graciolli, Gatti, Polito e Guida, a escoliose esteve presente em presente em 100% das crianças analisadas, e nos adolescentes em 90% das meninas e 85,7% dos meninos11. Já na pesquisa de Martelli e Traebert, as alterações do tipo escoliose funcional (3,2%) estiveram mais presentes do que as escolioses com evidências estruturais (1,5%); sendo que as prevalências de escolioses se enquadram nas prevalências esperadas de 1 a 13% em todo o mundo12.

Segundo, Noone et. al.11, o transporte de uma carga assimétrica durante um período de tempo significativo por crianças e adolescentes contribui para o aparecimento de curvas escolióticas, já que o adolescente não tem uma força suficiente para equilibrar as cargas para que não ocorra uma inclinação lateral do tronco.

Hipercifose- é o aumento da região dorsal, se compreende com o aumento da

convexidade posterior no plano sagital, podendo ser flexível ou redutível, segundo Verderi 9. Para Bernhardt, a hipercifose geralmente aparece como conseqüência do aumento da lordose lombar, com a finalidade de manter o equilíbrio da coluna vertebral, devido ao deslocamento do seu centro de gravidade11.

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Pode ser classificada como sendo: postural, Scheurmann, osteocondrose espinhal, congênita, traumática, metabólica, inflamatória, tumoral entre outras. O aumento da curva cifótica provoca algumas alterações anatômicas como: o dorso curvo; gibosidade posterior; encurtamento vertebral; podendo haver até déficit respiratório, pela redução da capacidade de sustentação da coluna vertebral e pela diminuição da expansibilidade torácica9.

Segundo Evans, a existência de uma cifose torácica aumentada pode ser causada por um déficit postural, resultando de maus hábitos posturais; sendo que a classificação da cifose toraco-lombar é dorso curvo: tipo I, que resulta de hábito postural, ou tipo II, que resulta de anormalidades estruturais13. De acordo com Watkins, a cifose torácica aumentada também chamada de dorso arredondado, do tipo postural desaparece quando o individuo faz um esforço consciente para manter o tronco em uma postura ereta normal. É causado pelas posturas deselegantes ao sentar e ao ficar de em pé que, durante um período de tempo, resultam em alongamentos anormal dos músculos e dos ligamentos na parte posterior do tronco13.

Ainda para Magee, a cifose de Scheurmann, deformidade estrutural, é uma hipercifose fixa que se desenvolve perto da época da puberdade, sua prevalência tem sido estimada como sendo 0,4% e 8% da população geral. A causa é desconhecida, mas a deformidade é causada por anormalidades de acunhamento típicas na coluna dorsal e dorso-lombar que resultam em uma diminuição na altura anterior das vértebras13.

Em geral, a hipercifose é mais comum na adolescência, em ambos os sexos, pois estes adquirem maus hábitos ao se sentar, andar, estudar e até mesmo quando está em pé. Também, é localizada em: meninos altos que buscam uma maneira de inibir ou até mesmo esconder a estatura para não se destacarem perante os colegas da mesma idade; e nas meninas devido às mamas serem muito grande elas adotam a postura cifótica com o mesmo objetivo9.

No estudo Rezende e Sanches que avaliaram 2413 crianças com idade escolar entre 11 e 16 anos de ambos os sexos da rede estadual e particular revelaram que 45,74% dos meninos e, 31,37% das meninas possuíam desvio postural de cifose14. E na pesquisa desenvolvida por Correia et. al.14 em escolares da rede municipal, na Paraíba, revelou que 27,4% das crianças avaliadas apresentam hipercifose dorsal.

Na pesquisa de Martelli e Traebert, a prevalência de hipercifose nos escolares (de 10 a 16 ano) foi de 11,0% dentre os examinados12. E no estudo de Garciolli, Gatti, Polito e Guida

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verificou-se que os meninos de 9 a 11 anos apresentam mais atitude hipercifótica torácica do que os adolescentes, podendo ser decorrentes das atividades de vida diária dos mesmos11.

Enfim, para Rego e Scartoni, alguns cuidados devem ser tomados em relação à hipercifose, tais como: conhecimento da maneira correta de se levantar altas cargas; evitar esportes que traumatizem a coluna; correção da postura sentada e alongamento diário da coluna10.

Hiperlordose- é caracterizada pelo aumento no ângulo lombosacro, devido à

inclinação pélvica anterior e flexão do quadril, segundo Kisner e Collby9. Para Verderi, é o aumento da curva da região cervical ou na região lombar, que se acentua através da concavidade cervical e ou lombar no plano sagital9. E pelo que diz Magee, pode-se muitas vezes se observar depressão da cintura escapular, rotação medial das pernas, e lançamento da cabeça para frente do centro de gravidade, esta postura é adotada em uma tentativa de manter o centro de gravidade onde ele deve ficar13.

Segundo, Lianza, a hiperlordose lombar não traduz uma fisiologia postural incorreta ou ruim, nem mesmo caracteriza uma deformidade, pois a lordose lombar se acentuará com a finalidade de equilibrar o sistema11. Ela pode ser causada por deformidades congênitas,

fraqueza muscular, postura inadequada, paralisia e mau condicionamento da musculatura abdominal provocada pelo sedentarismo, segundo Resende e Sanches11.

E, de acordo com Magee, as causas de lordose aumentada incluem: deformidade postural; músculos frouxos, especialmente os músculos abdominais; um abdome pesado, resultante de excesso de peso ou gravidez; mecanismos compensadores que resultam de outra deformidade, como cifose; contratura em flexão do quadril; espondilolistese; problemas congênitos; falta de segmentação do arco neural ou de um segmento da articulação facetaria; e, moda, p. exemplo- o uso de sapato de salto alto13.

A hiperlordose pode ser tanto lombar quanto cervical. E em relação à hiperlordose cervical, Verderi, diz que se caracteriza pela proeminência da cabeça associada à hipercifose, onde o pescoço fica mais alongado para frente. Ainda a mesma autora, fala que a hiperlordose lombar é geralmente, encontrada em mulheres devido ao uso de saltos altos, ginástica olímpica e pela própria postura feminina9.

No estudo de Martelli e Traebert, a hiperlordose foi à alteração postural mais prevalente, atingindo 20,3% dos escolares examinados. Os autores relatam que em noutro

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estudo realizado com escolares de 7 a 12 anos em uma escola pública de São Paulo, constatou-se a prevalência de hiperlordose lombar de 73,8% 12.

Já na pesquisa de Graciolli, Gatti, Poti e Guida, foi identificada hiperlordose cervical em apenas 10% das adolescentes; por outro lado, nenhuma criança apresentou tal comprometimento; isto, provavelmente decorrente das atividades que realizam diariamente, como tempo de permanência diante do computador, esportes, entre outras11.

Retificação cervical, torácica e lombar- este desequilíbrio se caracteriza por

retificação das curvas fisiológicas, com diminuição das angulações das lordoses lombar e cervical e das cifoses dorsal e sacral. Perante deste desequilíbrio as curvaturas que são responsáveis pela dissipação das forças provenientes da ação da gravidade são diminuídas e, conseqüentemente, ocorrerá em alguns pontos da coluna uma maior sobrecarga, onde poderá ocasionar dores, perda da mobilidade e um desequilíbrio postural geral como forma de compensação, segundo Verderi 9.

No estudo, de avaliação acerca da incidência de desvios posturais em escolares, de Xavier et. al.15, demonstrou que 11,11% dos escolares apresentam retificação cercival, 2,77% possui retificação torácica e também 2,77% tem retificação lombar.

Em suma, pelo que diz Mangueira, as principais causas de deformidades posturais podem ser devido: ao desequilíbrio muscular com um grupo fraco em relação ao grupo oposto, postura relaxada, fatores psicológicos particularmente em crianças ou adolescentes, mau estado físico ou cansaço, podem ser ainda compensatórias ou oriundas de outras deformidades ou distúrbios como, por exemplo, o encurtamento de um membro inferior, hérnia de disco, paralisias musculares, entre outros13.

Para Martelli e Traebert, a maioria das alterações posturais pode ser considerada reversível; nesse contexto, ganham-se importância campanhas de promoção de saúde que objetivem a adoção de estilos de vida e posturas mais saudáveis, incluindo a prevenção e o tratamento das alterações posturais12. Pois, de acordo com Bruschini, a idade escolar compreende a fase ideal para recuperar disfunções da coluna de maneira eficaz; após esse período, o prognóstico torna-se mais difícil e o tratamento mais prolongado12.

Por Folle et. al.8 as escolas necessitam de ajustes às realidades e mudanças dos seus alunos. É fato que o processo de crescimento e desenvolvimento das crianças está se tornando cada vez mais acelerado, chega-se à adolescência mais cedo e posteriormente a vida adulta, ocorrendo assim inúmeras transformações, como as biológicas, na vida dos indivíduos.

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Mudanças no tamanho e na forma do corpo, nos músculos e ossos, e na velocidade que atinge, a maturidade biológica resultam em dificuldades em aceitar o seu universo físico (corporal) e os erros posturais podem estar relacionados à estrutura física inadequada da escola.

Como os escolares caracterizam um público que demanda ações educativas em saúde e merece o desenvolvimento de ações integradas e coesas, para que se alcance sucesso e impacto. Neste sentido, existem alguns estudos que demonstram os efeitos de programas educacionais, como o de Santos et. al. que aplicaram um programa de educação postural para os escolares, concluindo que o mesmo melhorou o conhecimento sobre desvios posturais e suas possíveis causas16. E uma forma de minimizar os efeitos adversos da má postura para as estruturas músculo-esqueléticas é o planejamento e/ou replanejamento do ambiente físico, com adoção de mobiliário ajustável a diferentes requisitos da tarefa e às medidas antropométricas individuais16.

Contudo, não é suficiente para minimizar o problema. Os programas de treinamentos preventivos são outra forma de reduzir sobre o organismo humano os efeitos da má postura; de acordo com Stammers & Patrick, treinamento é o desenvolvimento sistemático de um modelo de habilidade comportamental – atitudes e conhecimento – necessário para promover mudanças no conhecimento e no comportamento dos indivíduos em relação aos seus hábitos e à sua saúde16.

Para tanto há o School Screening, um programa recomendado pela Sociedade de Pesquisa em Escoliose e pela Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos, que é uma das opções para avaliação da coluna vertebral de indivíduos em idade escolar. Este programa, além de reduzir a demanda de intervenções cirúrgicas, diminui os gastos financeiros relacionados ao tratamento da enfermidade. E no Brasil, os programas não são tão difundidos e pouco se sabe sobre o real estado em que se encontram as colunas vertebrais dos escolares brasileiros, segundo Ferreira, Suguikawa, Pachioni, Fregonesi e Camargo17.

Segundo, Teodori et al., no Brasil, o Sistema Público de Saúde não conta com programas oficiais, o que existe são trabalhos isolados de alguns pesquisadores5.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desta forma, com base na literatura consultada nesta pesquisa, fica evidente que o desvio postural em escolares é a hipercifose, que requer uma maior atenção por parte da comunidade escolar, dos pais ou responsáveis e dos profissionais da saúde. Nesta vertente, o fisioterapeuta se faz necessário dentro do ambiente escolar, a fim de promover práticas de educação em saúde voltadas à questão postural, através de programas educativos: com exercícios físicos (alongamentos e fortalecimento musculares), orientações posturais, palestras e/ou oficinas de saúde (retratando temas relacionados à coluna vertebral).

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REFERÊNCIAS

1. Cavalcante, A A et. al.. Discurso da Literatura sobre as Alterações Posturais em escolares. Saúde Coletiva, 2008, (2).

2. Santos, C I S et.al.. Ocorrência de desvios posturais em escolares do ensino público fundamental de Jaguaruína, São Paulo. Rev Paul de Pediatria, 2009, 27(1): 74-80.

3. Schmitt, F V et. al.. Desvios Posturais em crianças na idade escolar, relacionados ao modo de sentar. Jornada de Pesquisa e Extensão da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), 2009. Disponível em http: <www.ulbra.br/pesquisa>, site da ULBRA, acessado em abr. 2011.

4. Detsch, C e Candotti, C T. A incidência de desvios posturais em meninas de 6 a17 anos da cidade de Novo Hamburgo. Rev Movimento, 2001, 15(8): 43-56.

5. Teodori, R M et. al.. Educação em Saúde como princípio básico para prevenção de alterações da coluna vertebral em escolares. Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária- Belo Horizonte, 2004. Disponível em http: <www.unimep.com.br>, site da Instituição Educacional- Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), acessado em mai. 2011.

6. Contri, D E; Petrucelli, A; Perea, D C B N M. Incidência de desvios posturais em escolares do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental. ConScientae Saúde, 2009, 8(2): 219-224.

7. Caraffa, A; Dillscheneider, g; Rodrigues, M e Sturmer, G. Fatores de Riscos Posturais em escolares da 1ª a 4ª série da Escola Gabriel Álvaro de Miranda- Cruz Alta. XII Amostra de Iniciação Científica. VIII Mostra de Extensão de Fisioterapia, 2009. Disponível em http: <www.unicruz.com.br>, site da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ),a cessado em jun. 2011.

(15)

8. Silva, V S; Souza, M T e Cubas, J J M. Parâmetros para a avaliação postural em escolares com faixa etária de 10 a 14 anos. Rev Interfaces, 2010, 2(2): 41-46.

9. Moraes, R R e Freitas, T H. Atuação do educador físico no ambiente escolar perante a postura da coluna vertebral de crianças e adolescentes- revisão de literatura, 2007. Disponível em http: <www.inicepg.univap.br>, site da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), acessado em mai. 2011.

10. Rego, A R O N e Scartoni, F R. Alterações posturais de alunos de 5ª e 6ª séries do Ensino Fundamental. Rev Fitness&Performance, 2008, 7(1): 10-15.

11. Gracioli, A S; Gatti, V L; Polito, M e Guida, S. A influência do peso do material escolar sobre os desvios posturais em escolares de 09 a 17 anos na cidade de Porto Alegre, 2005. Disponível em http: <www.programapostural.com.br/artigos/gamfilho>, site do Programa Postural da Universidade Gama Filho, acessado em jul. 2011.

12. Martelli, R C e Traebert, J. Estudo Descritivo das Alterações posturais de coluna vertebral em escolares de 10 a16 anos de idade, Tangará, SC. Rev Bras Epidemiologia, 2006, 9(1): 87-93.

13. Lotici, I S e Jucá, R LL. Prevalência de gibosidade, hipercifose e hiperlordse em escolares da faixa etária de 12 a14 anos em uma escola estadual no município de Capitão Leônidas Marques, PR, 2005. Disponível em http: <www.fag.edu.br/publicacoes>, site da Faculdade Assis Gurgacz, acessado em jun. 2011.

14. Correia, P P B; Silva, G C C; Nascimento, J F; Lima, N M M e Sousa, M do S C. Prevalência de Desvios Posturais em escolares da rede municipal de ensino da cidade de João Pessoa, 2005. Disponível em http: <www.ufpb.br>, site da Universidade Federal da Paraíba, acessado em mai. 2011.

15. Xavier, C A et. al.. Uma avaliação acerca da incidência de desvios posturais em escolares. Rev Meta: Avaliação, 2011, 7(3): 81-94.

(16)

16. Zapater, A R; Silveira, D M; Vitta, A; Padovani, C R e Silva, J C P. Postura sentada: a eficácia de um programa de educação para escolares. Ciência Saúde Coletiva, 2004, 9(1).

17. Ferreira, D M; Suguikawa, T R; Pachioni, C A S; Fregonesi, C E P T e Camargo, M R. Rastreamento da escoliose: medida para o diagnóstico precoce. Rev Bras Crescimento Desenvolv Humano, 2009, 19(3).

18. Folle, A; Brum, C F e Pozzobon, M E. Incidências de desvios posturais em escolares de 14 a 16 anos. Revista Digital Buenos Aires, 2008, 123(3). Disponível em http: <www.efdeportes.com>, site da revista, acessado em abr. 2011.

19. Antunes, M F p e Malfatti, C R M. Saúde no espaço escolar: avaliando a relação da postural com a sobrecarga das mochilas escolares. Revista Digital Buenos Aires, 2009. Disponível em http: <www.efdeportes.com>, site da revista, acessado em abr. 2011.

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ABSTRACT

Postural deviations in schoolchildren: a literature review.

Introduction: Most postural deviations in the growing child are classified as

developmental deviations and when the patterns become habitual, can result in postural defects. Objective: Therefore, this article reviews the record briefly what are the main

postural deviations in children and describe the importance of prevention programs on the postural problem. Methods: This is a review article, in which the research was based on the

SciELO database, publications of scientific committees and academic institutions in the health and scientific journal articles in print or electronic. Literature Review: the postural

deviation be classified as: functional, which is a result of poor posture acquired on a daily basis due to a vicious posture, or structural, which is one bone or joint whose structure is already skewed.The postural deviations that manifest themselves in the population are described as: low back pain, dorsal kyphosis and scoliosis, which can generate other types of bone and joint deviations and damaging the body posture as a whole. Final Thoughts: thus

becomes the primary school access to preventive guidelines and evaluations, contributing to the awareness that good posture is a health issue, present and future and not simply a matter of aesthetics.

Key-words: postural deviations, schoolchildren, body misalignment .

Viviani Bressan Petenucci Fisioterapeuta

Adroaldo José Casa Junior Fisioterapeuta

Mestre em Ciências da Saúde

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