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JOÃO PAULO CUNHA DE MENEZES 1 & PAULO ROBERTO DA ROCHA JÚNIOR 1

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Academic year: 2021

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Abordagem qualitativa em um

fragmento de

floresta estacional semidecídua, urbana,

(“Bosque John Kennedy”) em Araguari (MG, Brasil)

como proposta de conservação e manejo

Qualitative approach of an urban

fragment of urban seasonal semi-deciduous forest

(“Bosque John Kennedy”) in Araguari (MG, Brazil) as

a proposal of conservation and management

J

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& P

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ÚNIOR1 O Cerrado apresenta a maior riqueza florística, entre as savanas mundiais (KLINK & MOREIRA, 2002), sendo reconhecido internacionalmente como área prioritária para a conservação da biodiversidade do planeta (MITTERMEIER et al., 1999), por abrigar mais de 6.000 espécies vegetais (MENDONÇA et al., 1998).

Do ponto de vista fisionômico, os cerrados apresentam dois extremos: o cerradão, o qual predomina o componente arbóreo-arbustivo, e o campo limpo onde há predomínio do componente herbáceo-subarbustivo. As demais fisionomias encontradas — campo sujo, campo cerrado, cerrado (sentido restrito) — seriam consideradas ecótonos entre o cerradão e o campo limpo (COUTINHO, 1978).

Dentro desse mosaico está inserida a floresta estacional semidecídua sazonal, sendo esta amplamente alterada no Estado de Minas Gerais (DURIGAN et al., 2000), ocorrendo na forma fragmentada (RIZZINI, 1979).

1Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal da Universidade Federal do

Espírito Santo, Espírito Santo, 29500-000, Alegre, Espírito Santo E-mail: jpaulo_bio@hotmail.com.

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De acordo com VIANA & PINHEIRO (1998), fragmento é qualquer área de vegetação natural contínua, interrompida por barreiras antrópicas ou naturais, capazes de diminuir, significativamente, o fluxo de animais, pólen e/ou sementes.

A fragmentação de ambientes florestais modifica a diversidade, a composição da biota e processos ecológicos locais. Além disso, pode ocorrer aumento nas taxas de mortalidade, de danos às árvores e de formação de clareiras, alterando a dinâmica florestal (LAURENCE et al. 1998).

Na região do Triângulo Mineiro esses fragmentos ocorrem de forma isolada (SANTIN, 1999), entretanto as diretrizes para sua conservação e manutenção como reservas naturais ainda são poucos conhecidas (MORELLATO & LEITÃO-FILHO, 1995) e estas áreas, geralmente pequenas, mostram efeitos negativos, como resultado de medidas de manejo inadequado (BROKAW, 1998; CEILO-FILHO & SANTIN, 2002).

A conservação das florestas estacionais semidecíduas depende, fundamentalmente, da conservação dos fragmentos florestais dispersos pelo Estado sendo que as análises florística e estrutural permitem obter informações sobre a situação dos fragmentos, para que possam ser estabelecidas estratégias de conservação (Araújo et al. 2009).

No intuito de avaliar a vegetação existente e subsidiar implementações de ações conservacionistas para a área de estudo, assim como auxiliar nas decisões para futuras ações de manejo e conservação da vegetação, as quais refletem diretamente na diversidade biológica dessa área, este estudo objetivou apresentar a composição arbórea das espécies lenhosas de um fragmento florestal urbano localizado no Parque Municipal Bosque John Kennedy em Araguari (MG, Brasil), analisar o seu estado de conservação e discutir o seu potencial para manter-se a longo prazo.

MATERIAL E MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO — O estudo foi conduzido em um fragmento de floresta estacional semidecídua urbana (11,2 ha), Bosque John Kennedy (48° 10’ 59"O e 18° 39’ 04"S), Araguari, MG (Fig. 1).

O clima é do tipo Cwa, de Köpen, clima mesotérmico úmido, com chuva no verão e seca no inverno, com temperatura média anual de 22° C e pluviosidade média anual de 1500 mm (ROSA, 1992).

AMOSTRAGEMDAVEGETAÇÃO — Foram delimitadas 40 parcelas de 10 m x 20m (0,8 ha) sistematicamente localizada no Bosque, sendo que em cada parcela, todos os indivíduos vivos das espécies arbóreas com CAP > 15 cm e com altura acima de 1 m e 30 cm (um metro e trinta centímetros) foram identificados e amostrados, durante os meses de julho a novembro de 2009

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A identificação, quando possível, foi feita no próprio local utilizando de bibliografia ilustrada existente, e as espécies desconhecidas foram comparadas com exsicatas depositadas no HUFU (Herbário da Universidade Federal de Uberlândia).

Para análise do estado de conservação, estudou-se o estágio sucessional do fragmento, através da identificação do grupo ecológico das espécies (BUDOWSKI, 1965). Estas foram identificadas como pioneiras (P), secundárias iniciais (SI) ou secundárias tardias/climáticas (ST), sendo que o predomínio de um dos grupos foi utilizado para definir o

Fig. 1. Em cima, mapa da localização; embaixo, foto área do Parque Municipal Bosque John Kennedy [Fonte: Google Earth, 10 jan. 2010], Município de Araguari, MG, Brasil.

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estágio sucessional do fragmento, metodologia utilizada também por outros autores em estudos dessa natureza (DISLICH et al., 2001). A identificação das espécies em grupos ecológicos baseou-se também nos trabalhos de GANDOLFI et al., (1995) e PAULA et al. (2004).

Para análise da diversidade foi utilizado o índice de diversidade de Shannon Weaner (H’), citado por FELFILI & REZENDE (2003).

A capacidade para manutenção em longo prazo, do fragmento, foi discutida a partir dos parâmetros estudados, ou seja, a biodiversidade, o estágio sucessional e presença de espécies exóticas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na flora lenhosa do Parque Municipal do Bosque John Kennedy foram registradas 110 espécies e 91 gêneros distribuídos em 45 famílias (Tabela1).

FAMÍLIA ESPÉCIE GE

Anacardiaceae Astronium nelson-rosae Santin ST

Tapirira peckoltiana Engl. SI

Annonaceae Annona cacans Warm. ST

Annona sp. SC

Cardiopetalum calophyllum Schltdl. SI

Duguetia lanceolata A. St.-Hil. ST

Xylopia sericea A. St.-Hil. SI

Apocynaceae Aspidosperma cylindrocarpon Müll. SI

Aspidosperma discolor A. DC. SI Araliaceae Didymopanax morototoni (Aubl.) Decne. & Planch. SI

Asteraceae Piptocarpha macropoda (DC.) Baker P

Bignoniaceae Jacaranda macrantha Cham. P

Tabebuia serratifolia (Vahl) G. Nicholson ST

Tabebuia sp. SC

Bombacaceae Chorisia speciosa A. St.-Hil. SI

Eriotheca candolleana (K. Schum.) A. Robyn SI

Tabela 1. Relação de espécies arbóreas registradas no Parque Municipal Bosque John Kennedy, Araguari, MG, acompanhadas dos respectivos grupos ecológicos (GE). PI = pioneira, SI = secundária inicial, ST = secundária tardia e SC = sem classificação.

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Boraginaceae Cordia sellowiana Cham. SI Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand SI

Cecropiaceae Cecropia pachystachya Trécul P

Celastraceae Maytenus sp. SI

Chrysobalacaceae(Chrysobalanaceae) Hirtella glandulosa Spreng. SI

Hirtella gracilipes (Hook. F.) Prance SI

Licania apetala (E. Mey.) Fritsch SI Clusiaceae Rheedia gardneriana Planch. & Triana ST Combretaceae Terminalia brasiliensis (Cambess. ex A. St.-Hil.) Eichler P

Elaeocarpaceae Sloanea monospema Vell. ST

Euphorbiaceae Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill. SI

Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. P

Maprounea guianensis Aubl. SI

Margaritaria nobilis L. f. SI

Micrandra elata (Didr.) Müll. Arg. SI

Flacourtiaceae Casearia gossypiosperma Briq. SC

Casearia grandiflora Cambess. P

Casearia sylvestris Sw. P Hippocrateaceae Cheiloclinium cognatum (Miers) A.C. Sm. ST Lacistemataceae Lacistema aggregatum (P.J. Bergius) Rusby P

Lauraceae Cryptocarya aschersoniana Mez ST

Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez SI

Ocotea sp. SC

Ocotea spixiana (Nees) Mez SI Lecythidaceae Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze. ST Fabaceae Albizia polycephala (Benth.) Killip ex. SI

Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr. SI

Bauhinia ungulata L. SC

Cassia ferruginea (Schrader) Schrader ex DC. ST

Copaifera langsdorffii Desf. ST

Hymenaea courbaril courbaril L. ST

Inga laurina (Sw.) Willd. SI

continuação

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Inga vera ssp. affinis (D.C.) T.D. Penn SI

Machaerium aculeatum Raddi P

Machaerium nyctitans (Vell.) Benth. SI

Machaerium sp. SC

Machaerium sp. 1 SC

Machaerium villosum Vogel SI

Ormosia arborea (Vell.) Harms SC

Platypodium elegans Vogel SI

Sclerolobium paniculatum Vogel SI

Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S. Irwin & Barneby P

Swartzia apetala Raddi SI

Swartzia myrtifolia Sm. ST

Sweetia fruticosa Spreng. ST

Melastomataceae Miconia sp. SC

Miconia sellowiana Naudin SC

Mouriri apiranga Spruce ex Triana SC

Meliaceae Cabralea cangerana Saldanha SI

Trichilia pallida Sw. SI

Monimiaceae Siparuna guianensis Aubl. SI

Moraceae Ficus enormis (Mart. Ex Miq.) Mart. ST

Maclura tinctoria (L.) D. Don ex Steud. SI

Sorocea bonplandii (Baiil.) W.C. Burger. Lanj. & Wess. Boer ST

Myristicaceae Virola sebifera Aubl. SI

Rapanea lancifolia (Mart.) Mez SI

Myrtaceae Calyptranthes lucida DC. ST

Eugenia florida DC. SI

Gomidesia lindeliana O. Berg. SI

Myrcia coriacea (Vahl.) DC. ST

Myrcia rostrata DC. P

Myrcia tomentosa (Aubl.) DC. SI

Myrciaria sp. SC

Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum ST

Siphoneugenia densiflora O. Berg. ST

Nyctaginaceae Guapira sp. SI

Guapira cacerensis (Hoehne) Lund SI

Olacaceae Heisteria ovata Benth. SI

Opiliaceae Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. F. ST

continuação

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Piperaceae Piper arboreum Aubl. SC

Polygalaceae Bredemeyera floribunda Willd. SC

Proteaceae Roupala brasiliensis Klotzsch ST

Rhamnaceae Colubrina sp. SI

Rubiaceae Alibertia concolor (Cham.) K. Schum. ST

Alibertia sessilis (Vell.) K. Schum. P

Amaioua intermedia Mart. SI

Faramea cyanea Müll. Arg. ST

Ixora warmingii Müll. Arg. ST

Psychotria sp. SC

Rudgea viburnoides (Cham.) Benth. SI Rutaceae Metrodorea pubescens A. St.- Hil. & Tul. SI

Zanthoxylum rhoifolium Lam. P

Sapindaceae Cupania vernalis Cambess. SI

Matayba guianensis Aubl. SI Sapotaceae Micropholis venulosa (Mart & Eichler) Pierre SI

Pouteria torta (Mart.) Radlk SI

Styracaceae Styrax acuminatus Pohl SI

Symplocaceae Symplocos sp. SC

Tiliaceae Luehea grandiflora Mart. SI

Ulmaceae Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg. P

Verbanaceae Vitex polygama Cham. SI

Aegiphila sellowiana Cham. P

Vochysiaceae Callisthene major Mart. SI

Qualea jundiahy Warm. SI

As famílias mais importantes, com relação ao número de espécies, foram Fabaceae (20), Myrtaceae (9), Rubiaceae (7), Annonaceae e Euphorbiaceae (5), Lauraceae (4) e Bignoniaceae, Chrysobalacaceae, Euphorbiaceae, Flacourtiaceae, Melastomataceae e Moraceae (três espécies cada) (Fig. 2), representando um total de 61,81% de espécies levantadas. As demais famílias apresentaram apenas uma a três espécies, representando 38,19% do total de espécies.

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Corroborando nossos resultados, SOUZA et al., (2008); CAMPOS et al., (2006); BALDUINO et al., (2005); RIBAS et al., (2003); SILVA et al., (2003); COSTA & ARAÚJO, (2001); DURIGAN et al., (1997), Araújo & Haridasan (1997) e ARAÚJO et al. (1997); indicaram Fabaceae como a família de maior riqueza para o sudeste do país em levantamentos realizados em cerrados, cerradões e Florestas Semidecídua.

As famílias Myrtaceae e Fabaceae em florestas estacionais semidecíduais são consideradas típicas desta formação florestal (LEITÃO FILHO, 1987). Uma vez que Myrtaceae é uma família rica e abundante em florestas da costa atlântica do Brasil (PEIXOTO & GENTRY, 1990) e Fabaceae é importante tanto em florestas atlânticas como amazônicas (CABRERA & WILLINK, 1973), ressalta a evidência da provável junção, no passado, entre as formações florestais do Triângulo Mineiro e as formações da Mata Atlântica da costa do Brasil.

As espécies com maior número de indivíduos no interior do fragmento foram Licania apetala, Micrandra elata, Copaifera langsdorffii,

Inga laurina e Didymopanax morototoni, espécies similares foram encontradas por ARAÚJO et al. (1997), mostrando que apesar do uso do parque, este mantém sua diversidade ao longo do tempo. Na borda do fragmento há uma predominância de espécies de Melastomataceae, com destaque para o gênero Miconia.

Fig. 2. Riqueza de espécies por família da flora lenhosa de um fragmento florestal urbano no Parque Municipal Bosque John Kennedy.

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Algumas espécies exóticas como Myrciaria glanduliflora (Kiaersk.) Mattos & D. Legrand, Syzygium jambolanum (Lam.),

Mespilus germanica L, Coffea arabica L , Myroxylon sp., Citrus

aurantium L., foram registradas na área do parque, a quais possivelmente foram introduzidas por ações antrópicas ou dispersores naturais, sendo que sua presença é considerado um fator negativo. Situação semelhante foi registra por MARTINS (1991), que observou na Floresta Capetinga (Parque Estadual de Vassununga, SP).

A invasão de ecossistemas naturais por espécies exóticas representa uma ameaça à conservação dos mesmos, pois as mesmas podem estar livres de competidores, predadores e parasitas, e apresentarem vantagens competitivas com relação às nativas.

Em relação ao estágio sucessional, pode-se observar que houve predomínio de secundárias iniciais e secundarias tardias, respectivamente com 50 % e 22,7 %, contra apenas 12,7 % de espécies pioneiras sendo que 16 (14,6 %) espécies ficaram sem caracterização de seu grupo ecológico, esses valores se relaciona a trabalhos realizados comflorestas similares estudadas por outros autores (DURINGAN et al., 2000; WERNECK

et al., 2000), embora originário de sistemas amostrais distintos do que foi utilizado neste trabalho (Fig. 3).

Ao se comparar os resultados aqui obtidos os de outros levantamentos feitos analisados da mesma maneira, como (e.g) em GANDOLFI et al., (1995), verifica-se 24,6% de P, 25,7% de SI e 30,5% de ST, levando a concluir que se trata de uma floresta em estágio sucessional inicial. Desta forma, pode-se dizer com toda segurança que o fragmento de floresta do Parque, está em estágio sucessional inicial. Esses dados mostram que a área ainda não se recuperou de um forte impacto do passado

Fig. 3. Porcentagem de espécies dos diferentes grupos ecológicos, amostradas no fragmento florestal do Parque Municipal Bosque John Kennedy, Araguari, MG, Brasil. P = espécie pioneira, SI = espécie secundária inicial, ST = espécie secundária tardia, SC = não identificada.

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(provavelmente um corte raso ou uma queimada) ou que vem sofrendo impactos recorrentes que a impedem de avançar no curso da sucessão ecológica (área de recreação).

As espécies de início da sucessão (pioneiras e secundárias iniciais) desempenham importantes funções ecológicas na comunidade durante o processo sucessional, pelo fato de se desenvolverem em clareiras e em áreas degradadas, apresentarem rápido crescimento, ciclo de vida curto, produzirem muitas sementes dispersas por agentes generalistas e formarem banco de sementes com viabilidade por longo período (WHITMORE, 1978; GÓMEZ-POMPA, 1981).

A composição florística da área em estudo apresentou significativa distinção, qualitativa quando comparado com a de fragmentos urbanos, como o Bosque dos Jequitibás (MATHES et a.l, 1998) e dos Alemães, (CIELO FILHO; SANTIN, 2002), sendo estes mais afetados por espécies invasoras, possuindo um menor número de espécies nativas (RODRIGUES

et al., 1989).

O Índice de Diversidade de Shannon (H’) para espécies na área de estudo foi de 3,872 nats/indivíduos. Esse índice situa-se entre os valores obtidos em outros estudos realizados no mesmo tipo de formação (ARAÚJO & HARIDASAN, 1997). É valido ressaltar que o estrato arbóreo atualmente estabelecido apresenta esta alta diversidade, porém, alterações antrópicas ocorridas no local poderão influir na diversidade das espécies que se estabelecerão e comporão a comunidade no futuro. Em relação ao grau de vegetação e conservação do Parque e das fortes pressões antrópicas, este estudo mostra que o Parque estudado está em melhor estado de conservação que aqueles estudados por ALMEIDA (1997) e MEIRA-NETO et al. (1997), em áreas similares.

CONCLUSÃO

Diante da análise para a área de estudo e, estabelecendo uma comparação com outras áreas de floresta similares, podemos concluir o que segue,

As espécies que atualmente compõem o estrato arbóreo da floresta são similares com outras encontradas em áreas similares na região de Minas Gerais e do interior de São Paulo.

O Parque possui composição florística de espécies arbóreas representativas da flora de Minas Gerais.

O Índice de Diversidade de Shannon Wiener obtido para a área de estudo está entre os valores obtidos para outras áreas com formação florestais similares.

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interferência humana e os efeitos de invasão de espécies exóticas, deverão ser realizados no sentido de oferecer subsídios para que um plano de manejo para a área seja desenvolvido, garantindo assim a conservação desta formação.

O acréscimo de pressões sofridas pela área de estudo, tais como fragmentação que resulta em diminuição da área florestal, isolamento de outras áreas, problema na dispersão de sementes, sucessão, introdução de espécies exóticas, efeito de borda, entre outros, leva à perda de diversidade e à degeneração das condições naturais dos fragmentos florestais. Se mantidas estas pressões, o fragmento florestal terá, em médio prazo, composição florística e estrutura comunitária diferente daquela da floresta original, com favorecimento de espécies pioneiras, secundárias iniciais e invasoras mais bem adaptadas a ambientes alterados e abertos. Recomenda-se a formulação e execução de um plano de manejo para controle de espécies herbáceas invasoras dos vazios existentes no interior da floresta, e efeito de borda.

RESUMO

O presente estudo objetivou conhecer a riqueza da flora arbórea de

um fragmento florestal urbano, em uma floresta estacional semidecidual localizada no município de Araguari, MG. Foram realizadas coletas florísticas ao longo de cincco meses em 40 parcelas no interior do

Parque Municipal Bosque John Kennedy, o qual representa um fragmento de floresta seca semidecídua. Foram identificadas 110 espécies em 91 gêneros distribuídos em 45 famílias, sendo as mais representativas: Fabaceae (20), Myrtaceae (9), Rubiaceae (7), Annonaceae e Euphorbiaceae (5), Lauraceae (4) e Bignoniaceae, Chrysobalacaceae, Euphorbiaceae, Flacourtiaceae, Melastomataceae e Moraceae (três espécies cada), obteve-se um Índice de Diversidade de Shannon Wiener (H’) para espécies na área de estudo de 3,872 nats/ indivíduos. Na paisagem extremamente fragmentada do cerrado, a mata destacou-se como possuidora de expressiva riqueza de espécies arbóreas, ressaltando sua relevância no cenário da conservação, devendo ser considerada prioridade em programas de conservação e manejo. Este trabalho ressalta a importância de estudos florísticos relacionados a fragmentos florestais, com ênfase em fragmentos urbanos, os quais fornecem subsídios para recuperação de áreas degradas baseada na composição florística do cerrado.

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ABSTRACT

The objective of this study was to understand the richness of the tree

flora of an urban forest fragment in a semi deciduous forest in the municipality of the state Minas Gerais. Floristic collections were collected within a period of five months in 40 plots within the Park Bosque John Kennedy, which represents a fragment of semi deciduous dry forest. We identified 110 species in 91 genera belonging to 46 families, the most representative: Fabaceae (20), Myrtaceae (9), Rubiaceae (7), Annonaceae e Euphorbiaceae (5), Lauraceae (4) e Bignoniaceae, Chrysobalacaceae, Euphorbiaceae, Flacourtiaceae, Melastomataceae e Moraceae (03), we obtained an index Diversity (Shannon H') for species in the study area of 3.872 nats/individuals. In highly fragmented landscape of the savanna, the bush stood out as having significant tree species richness, underscoring its relevance in the setting of conservation and should be considered a priority in conservation programs and management. This study underscores the importance of floristic studies related to forest fragments, with emphasis on urban fragments, which provide subsidies for the recovery of degraded areas based on the floristic composition of the bush.

Index Terms: Floristic-composition; forest-structure; conservation BIBLIOGRAFIA

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Referências

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