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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Mauro Borges Lemos Presidente. Supervisão Maria Luisa Campos Machado Leal

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Academic year: 2021

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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial Mauro Borges Lemos

Presidente

Maria Luisa Campos Machado Leal Diretora

Otávio Silva Camargo Diretor

Cândida Beatriz de Paula Oliveira Chefe de Gabinete

Roberto Alvarez

Gerente de Análises e Projetos Estratégicos Rogério Dias de Araújo

Coordenador de Análise Econômica

Agradecemos ao IBGE as informações dos cadastros das empresas e a assistência técnica na elaboração do questionário e definição da amostra.

Supervisão

Maria Luisa Campos Machado Leal Equipe Técnica

Agência Brasileira de

Desenvolvimento Industrial –ABDI Gustavo Varela Alvarenga

Ricardo Luiz Chagas Amorim Rogério Dias de Araújo Talita Daher

Gerente de Comunicação Oswaldo Buarim Jr. Revisão

Talita Daher

Projeto Gráfico e diagramação Marco Lucius

Juliano Cappadocio Batalha

Fundação Instituto de Pesquisas

Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais - IPEAD

Professor Wanderley Ramalho Thaize Vieira Martins

Elisabeth Pereira dos Santos Eduardo E. Antunes

Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional – CEDEPLAR/UFMG

Professor Cândido Guerra Ferreira Professor Gilberto Libânio

Professora Ana Valéria Carneiro Dias Comitê Consultivo

David Kupfer (UFRJ)

Carlos Pinkusfeld Monteiro Bastos (UFF) Germano Mendes de Paula (UFU)

José Maria Ferreira Jardim da Silveira (Unicamp) Evando Mirra de Paula e Silva (CGEE)

Mario Sérgio Salerno (USP) ©2014 – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI

Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.

ABDI

Agência Brasileira de desenvolvimento Industrial Setor Bancário Norte, Quadra 1 - Bloco B

Ed. CNC - 70041-902 / Brasília DF Tel.: (61) 3962-8700

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Sondagem de Inovação da aBdI

BoletIm PrImeIro trImeStre de 2014

RESUMO EXECUTIVO

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) realiza, desde o início de 2010, a Sondagem de Inovação, tendo em vista a crescente importância que as atividades de ciência e tecnologia vêm adquirindo nas políticas de desenvolvimento industrial. A Sondagem é uma pesquisa que tem por objetivo acompanhar trimestralmente a evolução da inovação tecnológica na indústria brasileira. A inovação tecnológica é definida pela introdução de um produto ou processo produtivo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado pela empresa. O período de análise coberto por esta edição da pesquisa se caracteriza pela manutenção da tendência de recuperação da dinâmica inovativa na indústria brasileira, acompanhada por uma expansão moderada da atividade econômica e da produção industrial.

No primeiro trimestre de 2014, 54% das empresas declararam ter realizado algum tipo de inovação tecnológica, de produto ou processo, para a empresa ou para o mercado, valor 3,8 pontos percentuais acima do observado no último trimestre da pesquisa. Cabe notar que este resultado representa o terceiro trimestre consecutivo de elevação da taxa de inovação. Como de outras vezes, a taxa de inovação realizada ficou abaixo da expectativa de inovação declarada pelas empresas no trimestre imediatamente anterior. No quarto trimestre de 2013, 59,3% das empresas declararam que pretendiam lançar um novo produto ou processo no primeiro trimestre de 2014, o que não se confirmou.

Entre as empresas que responderam à Sondagem, 38,9% declararam ter introduzido produtos novos já existentes no mercado nacional. Observa-se, também neste indicador, a terceira elevação consecutiva na comparação trimestre a trimestre, e a recuperação do nível verificado no primeiro trimestre de 2013. O indicador de inovação referente a novos produtos para o mercado nacional apresentou ligeira elevação em relação ao trimestre anterior, atingindo 14,1% das empresas respondentes.

Os indicadores de inovação em processo, por sua vez, apresentaram declínio no primeiro trimestre de 2014, puxados pela queda expressiva no lançamento de processos novos para o mercado nacional. Em particular, o percentual de empresas que declararam ter implementado um processo novo para o mercado recuou 3,7 p.p. em relação ao trimestre anterior, atingindo 8,9%. Estes resultados podem estar associados ao declínio na formação bruta de capital fixo

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neste trimestre, dada a importância da inovação incorporada em máquinas e equipamentos, particularmente para o caso de inovação em processo.

Em resumo, pode-se dizer que os resultados da Sondagem no primeiro trimestre de 2014 sugerem a continuidade da recuperação nos indicadores de inovação, que completam três trimestres consecutivos de elevação. Tal resultado se deve principalmente ao crescimento do lançamento de produtos novos para a empresa, mas já existentes no mercado nacional, e particularmente entre empresas com departamentos de P&D formalizados.

O percentual de firmas com expectativa de inovação futura em produto ou processo manteve a trajetória de recuperação já verificada desde meados de 2013 – com elevação de 1,7 p.p. no primeiro trimestre de 2014, em comparação com o trimestre anterior. Assim sendo, os dados mais recentes sugerem que o crescimento no percentual de firmas com produtos e processos novos efetivamente introduzidos está sendo acompanhada por uma elevação nos percentuais de empresas que pretendem lançar no próximo trimestre algum produto ou processo, novos para a empresa ou para o mercado nacional. A expectativa para realização de inovação no próximo trimestre subiu de 59,3% para 61%, explicada pela expectativa de inovação de produto (em que houve expansão de 50,2% para 50,6%), mas principalmente pela de processo (elevação de 41,4% para 45,7%). Para a maioria dos indicadores de expectativa de inovação, observa-se um movimento de declínio inicial e posterior recuperação ao longo de 2013, confirmada com a elevação apresentada no primeiro trimestre de 2014. Em relação aos esforços para inovação das firmas, no primeiro trimestre de 2014 houve pequena elevação, de 24,1% para 24,6%, nas empresas que declararam ter aumentado seus dispêndios em inovação. Por outro lado, houve crescimento mais expressivo no percentual de empresas que diminuíram ou não fizeram dispêndios em inovação, que subiu a 18,8% contra 17,2% no trimestre anterior. Os gastos em totais P&D (interno e externo) em relação ao faturamento, por sua vez, apresentaram declínio no primeiro trimestre de 2014, revertendo a expansão observada no trimestre anterior. Neste caso, verificou-se declínio no dispêndio em P&D interno, de 2,6% para 1,7% do faturamento bruto, não acompanhado pela aquisição de P&D externo, que permaneceu estável, em 1,2% do faturamento. Os dados referentes ao pessoal ocupado em atividades de inovação no primeiro trimestre de 2014 apontam declínio moderado no percentual de empresas que empregam doutores, assim como no caso de mestres. O percentual de empresas que tinham doutores exclusivamente ocupados em P&D no primeiro trimestre de 2014 foi de 21,2%, as empresas que possuíam mestres ocupados exclusivamente em P&D alcançaram 43,1%, as com pós-graduados foram 67,2% e as com graduados ocupados exclusivamente em P&D foram 82,7%. Esses percentuais variaram pouco ao longo dos quatro anos da pesquisa, e comprovam que ainda há muito espaço

A decisão de inovar por parte das empresas no primeiro trimestre de 2014 esteve mais fortemente associada a três fatores: (i) exigências dos clientes (69,0%), (ii) pressões adicionais de custo (67,2%), e (iii) busca por maior participação no mercado (62,7%). Desde o início da sondagem, no primeiro trimestre de 2010, estes têm sido os principais fatores que influenciam a decisão das empresas em inovar.

Ao analisar o investimento em capacidade física instalada de produção, verifica-se que a maior parte das empresas respondentes (55,7%) manteve constantes seus gastos na aquisição de máquinas e equipamentos neste trimestre. Contudo, o percentual de empresas que aumentaram seus gastos em capital fixo declinou de 26,1% para 24,8% entre o quarto trimestre de 2013 e o primeiro de 2014, ao passo que o número de empresas que não efetuou investimentos subiu de 4,3% para 5,9% no período.

Com relação à fronteira tecnológica, no primeiro trimestre de 2014, a Sondagem de Inovação investigou junto às empresas pesquisadas a difusão do conhecimento e uso de Tecnologias Destinadas à Recuperação e Preservação do Meio Ambiente. Pode-se afirmar que a maioria das empresas respondentes já utiliza alguma tecnologia destinada à preservação e recuperação do meio ambiente, embora os percentuais tenham sofrido declínio sistemático, em quase todos os indicadores, ao longo dos quatro anos da Sondagem. Do total das empresas, 48% utilizam tecnologias para tratamento da água em algum produto ou processo interno; 51,5% das empresas utilizam tecnologias para despoluição do ar; 66,3% das empresas utilizam tecnologias para gestão da água; 70% das empresas utilizam tecnologias de reciclagem ou reaproveitamento em algum produto ou processo interno. Por outro lado, tecnologias de despoluição de solo (uso atual em 16,3% das empresas) e ferramentas de eco-design (uso atual em 33,9% das empresas) continuam sendo menos utilizadas.

A Sondagem investiga também a situação de projetos para implementação de tecnologias destinadas à preservação ou recuperação do meio-ambiente. Nesse quesito, observou-se não apenas que a grande maioria das empresas pesquisadas não está desenvolvendo tais projetos, mas também que o percentual de empresas desenvolvendo projetos declinou ao longo de quatro anos, na maioria das tecnologias pesquisadas.

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Sondagem de Inovação da aBdI

BoletIm do PrImeIro trImeStre de 2014

JaneIro / FevereIro / março 2014

INTRODUçãO

A Sondagem de Inovação é uma pesquisa realizada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) com o objetivo de acompanhar trimestralmente a evolução da inovação tecnológica na indústria brasileira. A ABDI é uma entidade ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) que busca oferecer apoio técnico sistemático às instâncias de articulação e gerenciamento da política industrial (Plano Brasil Maior) e produzir estudos conjunturais, estratégicos e tecnológicos para diferentes setores da indústria. Em vista da crescente importância que as atividades de ciência e tecnologia vêm adquirindo nas políticas de desenvolvimento industrial, a ABDI passou a realizar, desde o início de 2010, a Sondagem de Inovação, visando acompanhar, de maneira sistemática, a evolução dos indicadores de inovação tecnológica da indústria brasileira e orientar eventuais ajustes nas políticas públicas adotadas.

A realização da Sondagem é fruto do esforço de um conjunto de instituições, que tem trabalhado em parceria com a ABDI nesta pesquisa, em destaque a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD). A Sondagem conta também com o apoio técnico-científico de uma equipe de pesquisadores do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e de especialistas setoriais renomados de outras instituições acadêmicas brasileiras. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prestou auxílio técnico na elaboração do questionário e na definição da amostra das empresas consultadas.

A Sondagem de Inovação segue os padrões internacionais de coleta e tratamento de dados sobre pesquisa e desenvolvimento (P&D), consolidados no “Manual Frascati” 1, e

sobre inovação, disponíveis no “Manual de Oslo” 2. Nesse sentido, há correspondência

metodológica com a Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com pesquisas internacionais como o Community Innovation Survey realizado nos países que compõem a União Europeia.

1 ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). Frascati Manu-al: proposed standard practice for surveys on research and experimental development. Paris: OCDE, 2002. 2 ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). Guidelines for collecting and interpreting innovation data. 3rd ed. Paris: OCDE, 2005.

De acordo com os padrões empregados na elaboração da Sondagem, a inovação tecnológica é definida pela introdução de um produto ou processo produtivo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado pela empresa. O produto ou processo pode ser novo para a firma ou para o mercado. Em virtude de sua periodicidade trimestral, a Sondagem cobre uma lacuna na produção de indicadores conjunturais que possam monitorar os esforços tecnológicos das empresas no Brasil.

Para a elaboração da Sondagem de Inovação, são entrevistadas, trimestralmente, as empresas industriais com 500 ou mais pessoas ocupadas. De acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), havia, em 2010, aproximadamente 1.650 empresas com essa característica na indústria brasileira e foi sobre esse conjunto que se realizou a amostragem para a Sondagem (ver o Anexo I para uma análise da distribuição setorial e regional das empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas). A amostra definida a partir do estudo populacional compreende 304 empresas da indústria extrativa e de transformação, abrangendo 25 divisões da CNAE 2.0.

A escolha das grandes empresas industriais para realizar a Sondagem foi motivada por sua importância nos processos de inovação no setor produtivo brasileiro. Com efeito, de acordo com dados da última edição da PINTEC relativos ao período 2009-2011, enquanto a taxa média de inovação da indústria brasileira foi de 35,6%, a taxa de inovação do estrato formado pelas empresas com mais de 500 pessoas ocupadas foi de 55,9%.

A Sondagem reúne informações de caráter retrospectivo (referentes ao trimestre de referência) e prospectivo (referentes aos três meses subsequentes ao trimestre de referência) provenientes de um total de 14 perguntas segmentadas em quatro blocos (ver questionário no anexo II). No primeiro bloco de questões, levanta-se o número de produtos e processos novos que a empresa lançou no trimestre anterior à pesquisa e o número de produtos e processos que a empresa pretende lançar no próximo trimestre. São colhidas informações também sobre os projetos abandonados e em andamento. No segundo bloco de perguntas, é caracterizado o esforço das empresas em atividades de inovação. O objetivo é saber se os gastos em atividades em inovação das empresas têm aumentado ou diminuído ou se mantêm constantes. Também são levantados o número de pesquisadores envolvidos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e sua qualificação.

No terceiro bloco de questões, identificam-se os motivos que levariam a empresa a realizar inovações tecnológicas no trimestre seguinte. Finalmente, no último bloco, é perguntado se a empresa aumentou, diminuiu ou manteve estáveis os investimentos para expandir a sua capacidade produtiva instalada.

A cada trimestre, a Sondagem de Inovação inclui um bloco de perguntas sobre temas relevantes da fronteira tecnológica e que tenham grande impacto sobre o

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desenvolvimento industrial brasileiro. Nesta Sondagem, referente ao primeiro trimestre de 2014, foram introduzidas perguntas sobre tecnologias destinadas à recuperação e preservação do meio ambiente. O objetivo de tais perguntas foi mapear a difusão, na indústria brasileira, de tecnologias localizadas na fronteira do conhecimento científico e tecnológico. Este mesmo bloco de perguntas havia sido incluído na pesquisa referente ao primeiro trimestre de 2011, 2012 e 2013, possibilitando, assim, um exame da evolução anual de tais indicadores.

Neste trimestre, a pesquisa Sondagem de Inovação inaugura seu quinto ano, e o presente boletim alcança agora sua décima sétima edição consecutiva. Assim como nas edições passadas, os resultados da pesquisa possibilitam uma observação das tendências mais recentes da inovação na indústria brasileira, e permitem também a comparação com o mesmo período do ano anterior, considerando eventuais efeitos de sazonalidade na inovação. Este décimo sétimo boletim da Sondagem consolida os resultados das edições anteriores e permite uma vez mais a comparação do mesmo período (primeiro trimestre) de até cinco anos consecutivos (2010, 2011, 2012, 2013, 2014). Possibilita, assim, explorar a informação inédita gerada pela pesquisa ao longo de mais de quatro anos para traçar um panorama mais abrangente da dinâmica de inovação na indústria brasileira no período.

A CONjUNTURA ECONôMICA E A INOVAçãO TECNOLóGICA NA INDúSTRIA BRASILEIRA

A inovação tecnológica na indústria brasileira tem guardado estreita relação com a dinâmica de crescimento da economia nacional, tal como verificado de forma sistemática pelas sucessivas edições da Sondagem de Inovação. No primeiro trimestre de 2014, a relação entre atividade econômica e atividade inovativa não se mostra tão estreita, embora continue sendo um dos principais elementos de análise da evolução do setor industrial. Por um lado, observa-se nesse período a estabilização da trajetória de recuperação nos níveis de atividade econômica, representada pelas taxas anualizadas de crescimento da economia brasileira, bem como do PIB da indústria de transformação; por outro, o primeiro trimestre de 2014 foi marcado pela manutenção do bom desempenho de alguns dos principais indicadores de inovação considerados pela Sondagem da Inovação.

Segundo dados das Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira apresentou crescimento de 0,2% no primeiro trimestre de 2014, em relação ao trimestre anterior, considerando a série com ajuste sazonal. O setor industrial, por sua vez, registrou uma retração de 0,8% no trimestre. Na comparação com o mesmo período de 2013, a elevação do PIB foi de 1,9%, ao passo que o PIB industrial observou crescimento de 0,8%, puxado principalmente pelos resultados positivos verificados na indústria extrativa mineral (+5,4%) e em eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (+5,2%). A indústria de transformação, setor de importância central para a Sondagem de Inovação, apresentou queda de 0,5% em

Cabe ainda notar as taxas de crescimento anuais, tanto para a economia como um todo quanto para a indústria de transformação, mantêm a trajetória de recuperação verificada nos trimestres anteriores (gráfico 1). Desde 2011, o PIB observou uma trajetória de desaceleração, que culminou com crescimento de 0,9% no ano de 2012. Entretanto, os resultados observados ao longo de 2013 representam relativa recuperação – ainda que gradual – das taxas de crescimento da economia brasileira, o que se manteve no primeiro trimestre de 2014.

Gráfico 1 - Variação do PIB, do PIB da Indústria de Transformação – taxa acumulada em 12 meses – e taxa de Investimento

Fonte: IBGE

Tendência semelhante se observa no setor industrial, que desacelerou sistematicamente a partir de 2011 e encerrou 2012 com taxas negativas de crescimento (-0,8%). A indústria de transformação, em particular, também apresentou tendência recessiva em 2012, com taxa de variação negativa (-2,4%), em contraste à estagnação observada em 2011, quando verificou expansão de apenas 0,1% no ano. Em 2013, observa-se certa recuperação da indústria de transformação, com crescimento anual de 2,7% - após a revisão das séries de Contas Nacionais, com base na Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF) reformulada. No primeiro trimestre de 2014, observa-se manutenção das taxas de crescimento (+2,6%), completando quatro trimestres consecutivos de expansão, ainda que moderada. Como este segmento da indústria concentra aproximadamente 98,0% das empresas participantes da pesquisa Sondagem de Inovação, seu desempenho é visto como uma importante variável explicativa na dinâmica de inovação e investimentos detectada pela pesquisa.

O comportamento dos investimentos no primeiro trimestre de 2014 pode ser visto como importante elemento explicativo da dinâmica macroeconômica. Observa-se, neste caso, considerável retração da formação bruta de capital fixo, que caiu mais de 2% nesse primeiro trimestre do ano, em comparação ao mesmo período do ano anterior, em virtude

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uma retração na capacidade de investimento no país, o que tende a diminuir o ímpeto inovativo no trimestre, principalmente no que diz respeito às inovações de processo. Quanto se considera a taxa acumulada em quatro trimestres, entretanto, o investimento se expandiu (+4,1%) e contribuiu positivamente para o crescimento da economia, em conseqüência das taxas de variação positivas verificadas nos quatro trimestres de 2013. A taxa de investimento (FBCF/PIB), por sua vez, apresentou ligeira elevação neste trimestre, em comparação ao trimestre anterior, atingindo 17,7% do PIB.

Como mencionado anteriormente, a queda na importação de máquinas e equipamentos no período foi determinante no comportamento do investimento da economia no primeiro trimestre de 2014. Houve uma retração mensal média de mais de 7% na compra de bens de capital oriundos de mercados externos. Por outro lado, a produção interna de bens de capital, que havia apresentado uma queda no último trimestre de 2013, voltou a crescer nos primeiros dois meses de 2014. Os dados de produção física indicam também uma retração na produção de bens de capital no acumulado até março de 2014 se comparado com o mesmo período do ano anterior, pois houve uma queda de 1,2%.

Em termos das exportações industriais, o coeficiente de exportações da indústria de transformação no 1º trimestre de 2014 se mostrou estável na comparação com o último trimestre de 2013. O valor para esse indicador foi de 16% no caso da indústria de transformação. Para a indústria extrativa, o valor do coeficiente de exportações chegou à casa de 70%. Esse quadro mostra como os setores extrativos apresentam maior competitividade internacional, se comparados aos demais setores da indústria de transformação no país.

No que tange aos custos industriais, no primeiro trimestre do ano foi possível observar um aumento no ritmo desses. Dessa forma, os custos apresentaram um aumento de 2,5% no trimestre considerado, sendo que no trimestre anterior seu crescimento havia sido de 1,9%, de acordo com os dados disponibilizados pela Confederação Nacional da Indústria – CNI. Os principais fatores que explicam o aumento dos custos industriais no trimestre são os custos com capital de giro, que aumentaram quase 11% no período. Os custos com energia, que se ampliaram em 3,3% e os custos com pessoal, com aumento de 2,8%, também ajudam a entender a ampliação nos custos industriais que foi verificada no atual trimestre. Os custos com a aquisição de bens intermediários importados também apresentou razoável aumento no período, alcançando um crescimento de 2,3%, de modo a contribuir para a aceleração dos custos industriais.

Além dos chamados custos de produção, acima mencionados, também apresentaram expansão no período os custos tributários, com crescimento de 2,3%. No primeiro trimestre de 2014, o motor do aumento nos custos tributários foi o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, diferindo de trimestres anteriores quando o ICMS foi o principal indutor do aumento destes custos. Sabe-se que a cobrança do IPI sobre automóveis e outros setores beneficiados com a sua redução ou isenção nos últimos

anos vem sendo gradativamente retomada desde janeiro deste ano, o que explica o impacto desse imposto sobre os custos industriais no período.

Cabe ainda registrar que o crescimento dos custos industriais se mostra num patamar muito acima do verificado no mesmo período do ano de 2013. No primeiro trimestre de 2013, os custos industriais apresentaram uma redução de 0,3% na comparação com o trimestre anterior, consequência de uma expressiva redução nos custos da energia elétrica (-10%).

Em termos de faturamento com as vendas industriais, as mudanças foram muito marginais entre o primeiro trimestre de 2014 e o último de 2013. Mais uma vez, foi possível observar um crescimento mensal médio negativo do faturamento real na indústria em torno de -0,5%, de acordo com o indicador divulgado pela CNI. Se confrontado aos custos industriais, esse resultado mostra um quadro em que o faturamento industrial tende a se reduzir frente a uma ampliação nos custos industriais. Por um lado, pode-se se considerar um cenário preocupante para o emprego e a produção industrial nos próximos meses. Mas por outro, pode-se observar uma motivação extra para o investimento industrial em P&D e inovação, dado que as pressões de custos, e consequentemente sobre a lucratividade industrial, são fundamentais entre os motivadores da atividade de inovação na indústria, como recorrentemente é observado pela Sondagem.

No que tange ao uso da capacidade física instalada pela indústria brasileira, observa-se uma manutenção do quadro verificado no trimestre anterior. A média mensal de uso da capacidade instalada pela indústria no trimestre foi de 82%, assim como no quarto trimestre de 2013 e muito próximo do que havia sido observado no trimestre anterior. Em se tratando da capacidade tecnológica da indústria nacional, de acordo com o número de patentes depositadas junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, é possível observar a continuidade do quadro de melhora percebido no trimestre anterior. No primeiro trimestre foram identificados 2.335 pedidos de patentes depositados no INPI. Esse número, ainda preliminar, dado que as informações sobre patentes do INPI são constantemente atualizadas, supera o identificado no primeiro trimestre de 2013.

Em resumo, 2013 foi um ano de recuperação moderada da atividade econômica, observando-se elevação gradual nos indicadores de crescimento a cada trimestre, tanto no setor industrial como na economia como um todo. Tal trajetória parece não se manter neste início de 2014, a julgar pelas taxas de crescimento do PIB e da indústria de transformação no primeiro trimestre, assim como pelas previsões de mercado para 2014. No entanto, observou-se que, mesmo com um cenário macroeconômico de baixo crescimento e contração do investimento, as empresas participantes da Sondagem registraram um bom desempenho em termos de inovação de produto e processo no primeiro trimestre de 2014. Este resultado pode estar atrelado à existência prévia de projetos de inovação que acabaram por desembocar em produtos e processos novos no último trimestre.

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A INOVAçãO TECNOLóGICA NO PRIMEIRO TRIMESTRE

DE 2014 (jANEIRO/FEVEREIRO/MARçO)

A. INOVAçõES REALIzADAS DE PRODUTO E PROCESSO NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2014

O primeiro trimestre de 2014 foi marcado pela manutenção do bom desempenho de alguns dos principais indicadores de inovação considerados pela Sondagem da Inovação. Em especial, cabe mencionar que nesse trimestre as firmas que apresentaram o melhor desempenho inovativo foram prioritariamente aquelas que detinham atividades formais de P&D. Em outros termos, a capacidade inovativa das firmas no trimestre considerado esteve atrelada à sua capacidade interna de pesquisa e desenvolvimento.

No primeiro trimestre de 2014, 54% das empresas entrevistadas declararam ter realizado algum tipo de inovação tecnológica, de produto ou processo, para a empresa ou para o mercado, valor 3,8 pontos percentuais acima do observado no último trimestre da pesquisa. Cabe notar que este resultado representa o terceiro trimestre consecutivo de elevação da taxa de inovação, recuperando o valor verificado no inicio de 2013 (tabela 1). A evolução da atividade inovativa da indústria brasileira nos próximos trimestres mostrará se tal trajetória de recuperação se manterá.

Tabela 1: Percentual de empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas que inovaram – 2013 / 2014 Percentual de empresas: 1º trimestre 2013 2º trimestre 2013 3º trimestre 2013 4º trimestre 2013 1º trimestre 2014 Inovadoras de produto ou processo 54,7 46,9 47,9 50,2 54,0 De produto 42,2 37,7 39,2 39,3 43,6 Produto novo para empresa 38,0 33,8 34,5 36,0 38,9 Produto novo para o mercado nacional 14,5 13,9 14,1 13,3 14,1 De processo 37,7 31,8 32,3 37,1 35,6 Processo novo para a empresa 34,6 29,3 30,3 33,3 32,2 Processo novo para o mercado nacional 10,1 8,2 7,7 12,6 8,9

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Por outro lado, assim como verificado de forma consistente em rodadas anteriores da pesquisa, a taxa de inovação ficou abaixo da expectativa de inovação declarada pelas empresas no trimestre imediatamente anterior. No quarto trimestre de 2013, 59,3% das empresas declararam que pretendiam lançar um novo produto ou processo no primeiro trimestre de 2014, o que não se confirmou na taxa de inovação desta Sondagem. Observa-se ainda que a diferença entre a intenção de inovar e a taxa de inovação neste trimestre apresentou ligeiro declínio em relação ao trimestre anterior – 5,2 pontos percentuais – indicando que um maior percentual da expectativa passada de inovação foi concretizado no período. Por fim, constata-se que a intenção de inovar também apresenta elevação em relação ao trimestre anterior, o que sugere que o crescimento atual nos indicadores de inovação pode gerar expectativas mais otimistas em relação a novos produtos ou processos a serem implementados no trimestre seguinte.

A comparação entre os dados do primeiro trimestre de 2014 e do mesmo período em 2012 e 2013 permite uma análise menos sujeita a fatores sazonais. Neste caso, verifica-se que – dada a recuperação verificada nos últimos trimestres – a taxa de inovação em produto ou processo recuperou o patamar observado nos anos anteriores. Assim, na comparação anual, observa-se relativa estabilidade ao longo do tempo, visto que os percentuais observados foram 54,1% em 2014, 54,7% em 2013 e 54,4% em 2012. Como será melhor visto adiante, a recuperação observada no primeiro trimestre de 2014 é explicada principalmente pelo indicador de inovação em produto, que apresentou elevação expressiva em relação aos valores observados nos trimestres anteriores.

De forma geral, a trajetória dos indicadores de inovação ao longo dos últimos dois anos permite observar uma trajetória cíclica. Com efeito, entre meados de 2012 e meados de 2013, houve um relativo declínio na taxa de inovação, que pode ser explicado pelos efeitos negativos da desaceleração da economia brasileira e da incerteza no cenário internacional que marcaram esse período. A partir de então, a recuperação das taxas de crescimento da indústria de transformação (gráfico 1) foi acompanhada por uma elevação considerável na taxa de inovação até este primeiro trimestre de 2014. O Gráfico 2 permite visualizar com clareza tal evolução.

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Gráfico 2- Expectativas de inovação e inovação efetivamente realizada pelas empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas – 2011 / 2014

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Como mencionado antes, a dinâmica da atividade inovativa no Brasil está fortemente ligada à trajetória macroeconômica, principalmente em virtude de seus reflexos sobre as decisões internas às firmas. Tanto a inovação de produto quanto a de processo envolvem um importante componente de incerteza, atrelado a custos elevados de P&D e estruturação. O cenário econômico brasileiro em 2011 e 2012 apresenta um quadro de desaceleração econômica, sendo também verificável um desaquecimento no comportamento inovador das empresas industriais brasileiras. No entanto, a recuperação do nível de atividade e da produção industrial verificados a partir de meados de 2013 contribuiu para a melhoria nos indicadores de inovação nos três últimos trimestres. Ainda assim, cabe observar que os indícios de recuperação nos indicadores de inovação mais recentes apenas recuperam os patamares observados até 2012 e não parecem suficientes para configurar um avanço significativo da indústria local no cenário tecnológico internacional.

Entre as empresas que responderam à Sondagem, 38,9% declararam ter introduzido produtos novos já existentes no mercado nacional. Observa-se, neste indicador, a terceira elevação consecutiva na comparação trimestre a trimestre, e a recuperação do nível verificado no primeiro trimestre de 2013. O indicador de inovação referente a novos produtos para o mercado nacional apresentou ligeira elevação em relação ao trimestre anterior, atingindo 14,1% das empresas respondentes. Dadas as dificuldades inerentes a esse tipo de inovação, seu indicador tende a apresentar menor oscilação ao longo do tempo.

Os indicadores de inovação em processo, por sua vez, apresentaram declínio no primeiro trimestre de 2014, puxados pela queda expressiva no lançamento de processos novos

para o mercado nacional. Em particular, o percentual de empresas que declararam ter implementado um processo novo para o mercado recuou 3,7 p.p. em relação ao trimestre anterior, atingindo 8,9%. Como mencionado antes, estes resultados podem estar associados ao declínio na formação bruta de capital fixo neste trimestre, dada a importância da inovação incorporada em máquinas e equipamentos, particularmente para o caso de inovação em processo.

Em resumo, pode-se dizer que os resultados da Sondagem no primeiro trimestre de 2014 sugerem a continuidade da recuperação nos indicadores de inovação, que completam três trimestres consecutivos de elevação. Cabe notar, no entanto, que tal resultado se deve principalmente ao crescimento do lançamento de produtos novos para a empresa, mas já existentes no mercado nacional, e particularmente entre empresas com departamentos de P&D formalizados. Os indicadores de processo, por outro lado, apresentaram ligeiro declínio no trimestre, embora não tenham sido expressivos o suficiente para reverter os ganhos na inovação em produto, de modo que a taxa de inovação apresentou elevação em relação ao 4º trimestre de 2013.

O gráfico 3 mostra a evolução do percentual de firmas inovadoras em produto desde 2011. Neste caso, as firmas são classificadas de acordo com o número de produtos novos para a empresa, mas já existentes no mercado nacional.

Os resultados mostram que o percentual de empresas que introduziram novos produtos atingiu, no segundo trimestre de 2013, seu valor mais baixo desde o início da Sondagem (33,8%), o que condiz com a relativa acomodação da atividade econômica e a retração na indústria de transformação ocorrida no período. A partir desse ponto, observa-se uma paulatina recuperação no indicador, recuperando os níveis verificados em 2011 e 2012. No primeiro trimestre de 2014, em particular, observa-se elevação na taxa de inovação de quase 3 p.p. em comparação ao trimestre anterior, explicada por uma elevação em dois dos três grupos em análise. O grupo mais expressivo, das empresas que introduziram até três novos produtos no mercado nacional, subiu de 23,3% para 26% das firmas. O percentual de empresas que introduziram sete ou mais produtos novos também cresceu, de 6,7% para 7,7%. Estes resultados sugerem que a elevação no ritmo da inovação na economia brasileira neste trimestre atingiu empresas com características diversas. O grupo de empresas que introduziu entre 4 e 6 produtos novos foi o único que oscilou negativamente neste trimestre, de 6% para 5,2%. Quando se compara este trimestre com o mesmo período de 2013, verifica-se grande estabilidade em todos os grupos analisados, sendo a variação do indicador agregado de apenas 1 ponto percentual. Isto significa que o declínio na atividade inovativa observado no segundo trimestre de 2013 se reverteu paulatinamente ao longo dos trimestres seguintes, de forma que os resultados do primeiro trimestre de 2014 se aproximaram daqueles verificados no mesmo período do ano anterior. Cabe ainda notar que, também neste caso, a recuperação não se restringiu a um tipo particular de empresa, sendo disseminada pelos três grupos analisados.

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Gráfico 3: Percentual de empresas com produtos novos, mas já existentes no mercado nacional – 2011 / 2014

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

O indicador de inovação referente à introdução de produtos novos ainda não existentes no mercado nacional é um dos que apresenta menor variabilidade ao longo do tempo. Ainda assim, é importante salientar que tal indicador também observou ligeira elevação neste trimestre, compensando o declínio verificado no trimestre anterior. No primeiro trimestre de 2014, o percentual de empresas inovadoras atingiu 14,1%, o que representa uma oscilação positiva de 0,8 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior (gráfico 4). Este resultado é coerente com a elevação generalizada dos indicadores de inovação em produto, observada neste trimestre. Cabe ainda notar que a elevação nos percentuais de firmas inovadoras se concentrou exclusivamente no indicador referente à introdução de até 3 novos produtos (+1,7 p.p.). Por sua vez, o percentual de firmas que introduziram de 4 a 6 novos produtos (-0,45 p.p.) e 7 ou mais produtos novos e ainda não existentes no mercado nacional (-0,44 p.p.) apresentaram variação negativa em comparação com o quarto trimestre de 2013.

Como esperado, o percentual de empresas que introduziram produtos novos para o mercado nacional é menor do que o percentual de firmas que lançaram produtos novos para a empresa, mas já existentes no mercado. Tal resultado corrobora a percepção de que a introdução de produtos novos para o mercado nacional requer maior esforço inovativo; por isso apresenta menor variabilidade trimestral e é concentrada em um número proporcionalmente menor de empresas.

Gráfico 4: Percentual de empresas com produtos novos ainda não existentes no mercado nacional – 2011 / 2013

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Em suma, varias razões podem explicar o comportamento dos indicadores de inovação de produto no período recente. Obviamente, as expectativas empresariais frente a um contexto de baixo crescimento da economia brasileira respondem por uma boa parcela do comportamento desta classe de inovações. Após atingir seus valores mais baixos da série histórica no segundo trimestre de 2013, os indicadores de inovação em produto apresentam crescimento sistemático no segundo semestre do ano e no primeiro trimestre de 2014. Tal resultado pode ser motivado por vários fatores, tais como: (i) expansão da formação bruta de capital fixo e a tendência de crescimento no faturamento do setor industrial ao longo de 2013; (ii) pressões de custo em virtude de expansão dos custos industriais; (iii) recuperação do nível de atividade na indústria de transformação a partir de meados de 2013, que pode engendrar ganhos de produtividade por meio de economias de escala e “learning by doing”. Resta ainda confirmar se tal recuperação da atividade inovativa persiste nos próximos trimestres, a despeito das seguidas revisões (para baixo) nas projeções de crescimento da economia brasileira para 2014.

Diferentemente da inovação de produto, a inovação de processo apresentou declínio no primeiro trimestre de 2014, após a tendência de recuperação observada nos dois últimos trimestres de 2013. Na comparação dos resultados do trimestre atual com o trimestre imediatamente anterior, observa-se ligeira redução no percentual de firmas que lançaram processos novos já existentes no mercado nacional (de 33,3% para 32,2%). A queda, neste caso, se explica pelo comportamento de todos os grupos de empresas: entre as empresas que introduziram até três novos processos, verificou-se um declínio de aproximadamente 0,1 ponto percentual. Nos demais grupos (4 a 6, e 7 ou mais novos processos), foram observadas reduções de 0,3 p.p. e 0,7 p.p., respectivamente.

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Gráfico 5: Percentual de empresas com processos novos, mas já existentes no mercado nacional – 2011 / 2013

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Na comparação entre o primeiro trimestre de 2014 e igual período de 2013, não se observa a mesma recuperação verificada na inovação de produto, já destacada neste Boletim. Neste caso, verificou-se aqui uma retração de 2,4 pontos percentuais no indicador de firmas que introduziram processos novos para a empresa, explicado exclusivamente pela expressiva redução no percentual de empresas que introduziram até 3 novos processos (-4,9 p.p.). Os demais grupos de empresas, de perfil mais fortemente inovador, apresentaram expansão no indicador de novos processos para a empresa (gráfico 5).

Por outro lado, verifica-se ligeiro declínio também no número médio de inovações de processos novos e já existentes no mercado nacional no primeiro trimestre de 2014, que passou de 0,87 para 0,77. Tal queda se concentra em empresas sem departamentos de P&D formalizados.

O gráfico 6 apresenta os resultados para o indicador de inovação referente à introdução de processos novos ainda não existentes no mercado nacional. Assim como ocorre com a introdução de produtos não existentes no mercado nacional, este indicador também apresenta pouca variabilidade ao longo do tempo. Ainda assim, tal indicador também apresentou declínio considerável no primeiro trimestre de 2014 (queda de 3,7 p.p.), em relação ao trimestre anterior. Neste caso, constata-se que a retração mais expressiva se deu entre as firmas que introduziram até três processos novos para o mercado nacional (de 11,4% para 8,7%). Nos demais grupos analisados também houve declínio nos indicadores, embora em menor magnitude: os percentuais de firmas que introduziram de 4 a 6 e 7 ou mais novos processos para o mercado nacional apresentaram declínio de 0,4 p.p. e 0,5 p.p., respectivamente.

Gráfico 6: Percentual de empresas com processos novos e ainda não existentes no mercado nacional – 2011 / 2014

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

A comparação entre o primeiro trimestre de 2014 e o mesmo período do ano anterior indica pequena oscilação no percentual de empresas que introduziram novos processos no mercado nacional (queda de 1,2 p.p.). Tal estabilidade não surpreende, considerando-se que a adoção de processos previamente inexistentes no mercado nacional apreconsiderando-senta variabilidade relativamente baixa ao longo do tempo, o que se justifica pelo elevado esforço requerido para a obtenção desse tipo de inovação.

Em linhas gerais, pode-se afirmar que a inovação de processo foi a mais afetada pela retração da atividade inovativa brasileira a partir de meados de 2011. Algumas explicações para isto se relacionam diretamente com a questão macroeconômica, como a estabilidade do nível de investimentos e as perspectivas de baixo crescimento da economia nacional, mas há também elementos importantes, ligados à dinâmica intra-firma, que ajudam a explicar tal comportamento.

A inovação em processo está ligada à prática produtiva e, muitas vezes, demanda mudanças na dinâmica de trabalho, bem como na estrutura física da firma. Envolve, assim, esforços de treinamento e requalificação da força de trabalho, visando o desenvolvimento de novas capacitações e habilidades produtivas. A escassez de mão-de-obra com qualificação técnica e tecnológica, bem como o limitado interesse empresarial em investir na qualificação de seu contingente profissional (principalmente em períodos de baixo crescimento), pode explicar em parte a estagnação observada nos indicadores de inovação em processo no país no período recente. Já as mudanças

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na estrutura física da firma se relacionariam diretamente com a aquisição de maquinário ou novos sistemas produtivos, resultando basicamente de esforços empresariais em termos de investimentos visando à modernização produtiva. Os dados referentes à formação bruta de capital fixo no Brasil não sugerem a ocorrência de tais esforços entre 2011 e 2012, em compasso com a desaceleração da economia brasileira como um todo. Por outro lado, a elevação dos indicadores de inovação de processo verificada a partir de meados de 2013 parece ter fôlego curto, a julgar pelos resultados negativos observados no primeiro trimestre de 2014.

Ressalte-se ainda que o perfil predominante na indústria brasileira, particularmente entre grandes empresas, é composto por firmas atuando em segmentos nos quais a tecnologia produtiva já se encontra em estágio avançado de maturidade. Nesse sentido, haveria pouco espaço para incrementos e pequenos incentivos para tal. Ademais, os custos e riscos relacionados à busca por novas tecnologias nestes segmentos seriam pouco convidativos. Assim, a ocorrência de inovações de processo seria atrelada, sobretudo, à clara existência de ciclos de crescimento econômico. Tais ciclos gerariam os incentivos necessários, em termos de competição e lucratividade, para a expansão dos gastos em máquinas e equipamentos, que em geral representam o principal fator de geração de inovações de processo. Assim sendo, o recuo observado na formação bruta de capital fixo no primeiro trimestre de 2014 parece estar associado à retração nos indicadores de inovação em processo no período.

Nem toda a inovação tecnológica de produto está necessariamente ligada a uma inovação tecnológica de processo, assim como nem toda a inovação de processo é realizada para produzir um novo produto. Entretanto, as firmas que realizam inovações tecnológicas de produto e de processo geralmente fazem esforços para inovação maiores do que a média das demais firmas. No primeiro trimestre de 2014, cerca de 23% das grandes firmas industriais brasileiras realizaram inovações tecnológicas de produto e de processo novo para a empresa, mas já existentes no mercado nacional (tabela 2). Este percentual também apresentou tendência declinante entre 2010 e meados de 2011, e tem apresentado certa estabilidade desde então. Os dados deste trimestre mostram ligeiro declínio em relação ao trimestre anterior (-0,8 p.p). Por outro lado, a introdução de produto e de processo novos e ainda não existentes no mercado nacional também recuou, sendo declarada por 3,2% das empresas no primeiro trimestre de 2014, em comparação a um percentual de 4,3% no trimestre imediatamente anterior. Como visto anteriormente neste Boletim, tais resultados negativos podem ser explicados pelo declínio nos indicadores de inovação em processo.

Tabela 2: Percentual de empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas que inovaram em produto e processo no

primeiro trimestre de 2014 (janeiro/fevereiro/março)

Empresas que inovaram em Processo

Para empresa Para mercado

Produto Para empresa 22,8% 6,7%

Para o mercado 7,4% 3,2%

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Em resumo, e em consonância com outros indicadores discutidos anteriormente, a taxa de inovação nas grandes empresas industriais estabeleceu-se em um patamar relativamente baixo e estável a partir do segundo semestre de 2011, condizente com a perspectiva de baixas taxas de crescimento da economia nacional e com as incertezas no cenário internacional no período. A taxa de inovação na indústria atingiu seu valor mais baixo no segundo trimestre de 2013, mas os resultados sugerem recuperação a partir de então (gráfico 7), explicada pela gradual recuperação da produção industrial. Após três trimestres consecutivos em alta, a taxa de inovação se aproxima novamente dos resultados observados até o início de 2013.

Gráfico 7: Percentual de empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas que inovaram em produto e/ou processo – 2011 / 2014

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Toda a evolução descrita até aqui sugere três movimentos distintos ao longo dos últimos quatro anos – período de realização desta Sondagem: (i) em 2010, houve uma consolidação da inovação tecnológica em patamares relativamente elevados da indústria brasileira, compatível com o quadro de recuperação dos níveis de atividade econômica observados naquele ano; (ii) em 2011 e 2012, a economia cresceu de forma menos acelerada, o que se refletiu na redução da taxa de inovação e sua estabilização em níveis mais baixos desde meados de 2011; (iii) o ano de 2013 apresentou comportamento

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cíclico dos indicadores de inovação, com declínio acentuado até o segundo trimestre, e recuperação paulatina a partir de então. Assim, a atividade inovativa na indústria brasileira no início de 2014 recuperou os valores verificados até o primeiro trimestre de 2013, mas ainda voltou a atingir os bons resultados observados em 2010, a despeito dos esforços de política macroeconômica e de política industrial empreendidos para tal fim.

B. EXPECTATIVAS DE INOVAçãO DE PRODUTO E PROCESSO PARA O SEGUNDO TRIMESTRE DE 2014

Os resultados apresentados na seção anterior dizem respeito a produtos e processos efetivamente introduzidos no mercado. Ao lado desses dados, a Sondagem de Inovação reúne informações sobre a intenção ou expectativa declarada de lançar produtos e processos novos para a empresa e para o mercado nacional no trimestre subsequente à pesquisa.

O percentual de firmas com expectativa de inovação futura em produto ou processo manteve a trajetória de recuperação já verificada desde meados de 2013 – com elevação de 1,7 p.p. no primeiro trimestre de 2014, em comparação com o trimestre anterior. Assim sendo, os dados mais recentes sugerem que o crescimento no percentual de firmas com produtos e processos novos efetivamente introduzidos está sendo acompanhada por uma elevação nos percentuais de empresas que pretendem lançar no próximo trimestre algum produto ou processo, novos para a empresa ou para o mercado nacional, tal como havia sido observado no gráfico 2. Ou seja, verifica-se simultaneamente uma tendência ascendente na inovação presente e nas expectativas de inovação futura, o que é esperado, dada a influência dos resultados realizados sobre as expectativas futuras. Cabe ainda notar que a elevação no percentual de inovação esperada se repete na maioria dos indicadores (produto e processo, para a empresa e para o mercado).

Segundo a tabela 3, 50,6% das firmas respondentes planejam inovar em produto no próximo trimestre, valor que é apenas 0,4 p.p. maior que o verificado no trimestre anterior. Por sua vez o percentual de firmas que espera inovar em processo apresentou elevação expressiva, acima de 4 pontos percentuais, de 41,4% no último trimestre para 45,7% no trimestre atual, a despeito do declínio no percentual de firmas que efetivamente inovaram em processo no trimestre.

No que se refere à expectativa de lançamento de novos produtos já existentes no mercado nacional, 44,6% das empresas esperam fazê-lo no segundo trimestre de 2014, valor aproximadamente 1,3 pontos percentuais abaixo do observado no trimestre anterior. Ao longo dos últimos trimestres, tal indicador tem oscilado em torno de 45%, sem tendência claramente definida. Resta aguardar as próximas rodadas da Sondagem para verificar se tal dinâmica se mantém no futuro próximo.

Tabela 3: Expectativas de inovação (para o trimestre seguinte) das empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas – 2013/2014 Percentual de empresas: 1º trim

2013 2º trim 2013 3º trim 2013 4º trim 2013 1º trim 2014 Inovadoras de produto ou processo 59,8 54,8 57,6 59,3 61,0 Produto 51,1 45,4 48,9 50,2 50,6

Produto novo para empresa 48,0 41,2 43,0 45,9 44,6

Produto novo para o

mercado nacional 19,3 17,1 19,4 20,5 20,1

Processo 44,1 39,2 39,5 41,4 45,7

Processo novo para a

empresa 39,7 34,0 36,3 36,7 40,4

Processo novo para o

mercado nacional 15,4 12,9 9,5 13,4 12,9

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Por outro lado, os indicadores de inovação esperada para este trimestre são superiores ao percentual de empresas que efetivamente introduziram produtos novos já existentes no mercado nacional, tal como ocorreu em edições anteriores da Sondagem. Este resultado se explica pelo fato de que parte dos projetos de inovação desenvolvidos pelas firmas pode não dar os resultados planejados nos prazos estabelecidos.

O percentual de empresas com produtos novos ainda não existentes no mercado nacional a serem introduzidos situou-se, no primeiro trimestre de 2014, em 20,1% – valor apenas 0,4 p.p. abaixo do verificado no trimestre anterior. Este indicador, em geral, apresenta grande estabilidade, dadas as já mencionadas dificuldades envolvidas nesse tipo de inovação. Por outro lado, a comparação entre as tabelas 1 e 3 também indica expectativas menos otimistas, no primeiro trimestre de 2014, acerca da inovação futura. Neste caso, tanto para produtos novos para a empresa como para o mercado, observa-se uma redução da diferença entre a inovação corrente e a inovação esperada. Isto significa que a perspectiva de inovação futura das empresas se aproximou mais dos resultados efetivamente observados no trimestre, sugerindo maior cautela em relação às perspectivas futuras, e tendência de manutenção do ritmo atual de inovação no futuro próximo.

Os indicadores de expectativa de inovação de processo no primeiro trimestre de 2014, por seu turno, apresentaram comportamento distinto ao observado para inovação de produto. Neste caso, verifica-se em linhas gerais uma trajetória ascendente para a inovação esperada neste trimestre. O número de empresas que pretendem introduzir algum novo processo se elevou em mais de quatro pontos percentuais neste trimestre, em relação ao trimestre anterior. Cabe notar que tal resultado se explica principalmente pela elevação no percentual de firmas que esperam introduzir processos novos para a empresa, que teve crescimento de quase quatro pontos percentuais, de 36,7% para 40,4% (ver tabela 3). Por sua vez, o

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indicador de processos novos para o mercado nacional a serem introduzidos apresentou ligeiro declínio em relação ao trimestre anterior (-0,5 p.p.). Tal estabilidade é esperada, pois a expectativa de introdução de processos novos para o mercado nacional representa o indicador de inovação em processo cuja trajetória apresentou menor variabilidade ao longo dos vários trimestres da Sondagem, o que não surpreende, na medida em que a introdução de processos novos ainda não existentes no mercado nacional envolve maior esforço inovativo do que a utilização de processos já disponíveis no país.

É interessante notar que, para a maioria dos indicadores de expectativa de inovação, observa-se um movimento de declínio inicial e posterior recuperação ao longo de 2013, também confirmada com a elevação apresentada no primeiro trimestre de 2014. Uma possível explicação para tal comportamento dos indicadores pode estar associada à elevação gradual das taxas de crescimento da economia e da produção industrial nos trimestres anteriores. Como dito anteriormente, a dinâmica da inovação no Brasil está intimamente ligada à trajetória macroeconômica, principalmente aos seus reflexos sobre as decisões internas às firmas. Como o cenário econômico brasileiro recente apresenta um quadro de recuperação gradual do nível de atividade, isto ajuda a explicar a revisão para cima das expectativas de inovação de produto e processo. Outra possível explicação se relaciona ao fato de que a maioria dos indicadores de inovação efetivamente realizada apresentou elevação nos últimos dois trimestres, e tal trajetória poderia gerar expectativas mais otimistas em relação a novos produtos ou processos a serem implementados nos trimestres seguintes. Caberá às próximas rodadas da Sondagem confirmar se tal tendência de melhoria nas expectativas de inovação, iniciada em meados de 2013, se manterá ao longo de 2014.

Por fim, cabe destacar, que o percentual de empresas que declarou possuir projetos de inovação em andamento confirma a tendência de recuperação moderada nas taxas de inovação, acompanhando o comportamento observado nos demais indicadores. No primeiro trimestre de 2014, 51,7% das firmas respondentes declararam possuir projetos de inovação em andamento, contra 50% no trimestre imediatamente anterior. Caberá às próximas rodadas da Sondagem confirmar se tal recuperação se manterá, tanto no percentual de firmas com projetos de inovação em andamento, quanto na introdução de novos produtos e processos.

Em resumo, os indicadores de inovação em produto ou processo efetivamente realizados apontam para um movimento de recuperação da inovação tecnológica no final de 2013 e início de 2014, após uma queda expressiva verificada nos primeiros meses do ano passado. Quanto às intenções de inovação para o próximo período, sua evolução recente sugere um movimento ascendente na expectativa de inovação na indústria brasileira, acompanhando a trajetória dos indicadores de inovação efetivamente observados no período.

C. ESFORçO PARA INOVAR NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2014

A tendência de recuperação nas expectativas em relação à inovação futura, tal como

para inovação das firmas no primeiro trimestre de 2014. Por um lado, o percentual de firmas que declararam aumentar seu gasto total em inovação oscilou positivamente em relação ao trimestre anterior. Por outro lado, se elevaram também os percentuais de empresas respondentes que reduziram ou não fizeram gastos em inovação. Em comparação com o quarto trimestre de 2013, houve um aumento de aproximadamente meio ponto percentual no número de empresas que expandiram seus gastos totais em inovação, o que foi acompanhado por um aumento de 1,6 p.p. no número de firmas que diminuíram ou não fizeram este tipo de dispêndio. Entretanto, e como já verificado em rodadas anteriores da Sondagem, a maior parte das empresas manteve constante seu gasto total em inovação neste trimestre.

Os resultados do primeiro trimestre de 2014 revelam, mais especificamente, que 24,6% das empresas declararam uma ampliação nos seus dispêndios totais em inovação; 56,7% mantiveram o mesmo nível de investimento e cerca de 18,8% reduziram ou não fizeram investimentos em atividades de inovação (gráfico 8).

Gráfico 8: Situação da empresa em relação aos gastos totais em atividades de inovação – 2011/2014

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

O elevado percentual de empresas que declararam manter os dispêndios em inovação ao longo dos últimos trimestres também se verifica, em maior ou menor grau, ao se avaliar os diversos tipos de investimento em inovação. Particularmente quanto ao primeiro trimestre de 2014, cabe ressaltar o percentual de empresas que declararam aumentar os investimentos em máquinas e equipamentos, pois se trata da modalidade com maior percentual de empresas (29%) elevando os investimentos em relação ao trimestre anterior. Note-se, entretanto, que este resultado representa um declínio de quase 4 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior e que tal percentual alcança seu valor mais baixo ao longo da série histórica desde 2010. Ainda assim, esta modalidade

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as rodadas da pesquisa, o que confirma a hipótese de que boa parte da inovação na indústria brasileira é incorporada em bens de capital. Os resultados do primeiro trimestre de 2014 mostram ainda que o percentual de empresas que mantiveram constantes seus gastos na aquisição de máquinas e equipamentos foi de 36,2%, valor que representa um declínio de 0,9 p.p. em relação ao trimestre anterior. Chama ainda atenção a elevação expressiva no percentual de firmas que não fizeram investimentos em máquinas e equipamentos no trimestre (de 24% para 29%), atingindo também o valor mais alto desde o início da Sondagem em 2010. Tal resultado é coerente com o declínio na formação bruta de capital fixo verificada nas Contas Nacionais do IBGE no primeiro trimestre de 2014.

Como já mencionado, o gasto com a aquisição de máquinas e equipamentos é recorrentemente identificado como principal dispêndio em inovação por parte da indústria brasileira como um todo, sendo esta condição um dos reflexos da baixa densidade tecnológica da indústria nacional e da predominância de setores de tecnologia bastante madura. Nesses setores, a aquisição de maquinário costuma ter maior impacto sobre a produção que atividades de pesquisa e desenvolvimento, principalmente por ser a inovação de produto pouco recorrente. Esse cenário se reflete nos resultados da Sondagem da Inovação, uma vez que setores como a indústria metal mecânica ou a alimentícia apresentam grande representatividade na amostra.

Por outro lado, vale destacar o comportamento dos gastos em P&D interno, em que aproximadamente 58% das firmas declararam manter esse tipo de dispêndio no período, sendo este o gasto que maior percentual de firmas declara manter constante ao longo de todas as edições da Sondagem. Cabe ainda mencionar que o percentual de firmas que expandiram esse tipo de gasto apresentou ligeiro declínio no trimestre (-0,5 p.p), ao passo que se elevou o percentual de firmas diminuíram ou não realizaram gastos em P&D interno (22,2% contra 18,9% no trimestre anterior).

Em linhas gerais, os dados sugerem relativa estabilidade dos gastos em inovação em praticamente todas as categorias, dado o elevado percentual de empresas que declarou manter constante seu dispêndio nas diversas atividades de inovação no período. Com exceção dos investimentos em máquinas e equipamentos, todos os demais tipos de dispêndio para inovação se mantiveram constantes para mais de 40% das empresas respondentes. O total dos dispêndios para inovação também foi declarado constante para 56,7% das empresas, confirmando a tendência de estabilidade no trimestre.

Os gastos em totais P&D (interno e externo) em relação ao faturamento, por sua vez, apresentaram declínio no primeiro trimestre de 2014, revertendo a expansão observada no trimestre anterior. Neste trimestre, os gastos totais em P&D correspondem em média a 2,9% do faturamento das firmas (gráfico 9)3. Conforme se pode observar, a

3 Note-se que este número não é diretamente comparável com os indicadores de esforço para inovar da Pes-quisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), do IBGE. Em primeiro lugar, a amostra desta Sondagem é viesada em direção às empresas maiores e mais inovadoras. Em segundo lugar, esta Sondagem pergunta diretamente os gastos em P&D (interno e externo) em relação ao faturamento, e não os valores em si. Em terceiro lugar, o indi-cador aqui exposto é uma média aritmética simples das respostas, não ponderada pelo tamanho das empresas.

queda recente é explicada particularmente pela redução dos gastos em P&D interno, o que é coerente com a já mencionada elevação no percentual de firmas que reduziram ou não efetuaram tais gastos.

Gráfico 9: Gastos em P&D interno e externo em relação ao faturamento (%) – 2011 / 2013

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

É interessante notar a presença de um movimento cíclico, ao longo dos últimos dois anos, nos esforços das firmas industriais brasileiras no que se refere aos gastos em P&D. A partir de meados de 2012, houve uma tendência de elevação nos gastos em P&D mesmo frente a um cenário de desaceleração da economia e menores receitas para as firmas. Neste sentido, a manutenção de esforços de P&D se justifica como uma estratégia importante na busca por ganhos concorrenciais, ocupando novas brechas no mercado. No primeiro semestre de 2013, por outro lado, verifica-se uma reversão da trajetória anterior, com redução dos percentuais gastos em P&D em um período de elevação gradual das taxas de crescimento da economia brasileira e do faturamento das firmas. A partir de então, observa-se uma oscilação nos gastos em P&D em relação ao faturamento, mas sem tendência claramente definida.

Note-se ainda que, no primeiro trimestre de 2014, a elevação no percentual de empresas com intenção de introduzir novos produtos ou processos no mercado esteve acompanhada por indicadores de esforço para inovar que apontam na direção contrária. Em outras palavras, a redução nos dispêndios em P&D industrial, bem como nos investimentos em máquinas e equipamentos, tende a gerar impactos negativos de curto e longo prazo sobre a inovação. Assim, a análise dos principais indicadores de esforço para inovar neste trimestre não permite garantir a confirmação das expectativas otimistas sobre a inovação na indústria brasileira no futuro próximo.

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PESSoal ocuPaDo Em P&D

A Sondagem de Inovação coleta também informações sobre o pessoal ocupado em P&D nas empresas, segundo nível de escolaridade. O quadro de relativa expansão na dinâmica inovativa, sugerido pelos dados acerca da introdução de novos produtos e processos no período recente, não parece influenciar a trajetória dos percentuais de empresas com doutores, mestres, pós-graduados e graduados alocados exclusivamente em atividades de P&D. A rigor, os percentuais de empresas com números definidos desses profissionais ocupados em P&D tendem a apresentar baixa variabilidade ao longo das várias edições da Sondagem.

No primeiro trimestre de 2014, pode-se observar, em linhas gerais, um ligeiro declínio nesses indicadores, nos vários estratos analisados. Neste período, 21,2% das empresas respondentes tinham doutores exclusivamente ocupados em P&D, sendo que 1% das empresas tinha entre 4 e 6 doutores alocados exclusivamente em P&D e 1,4% possuíam 7 ou mais. Estes números são relativamente baixos para um país que tem potencial de ampliar de forma significativa o conteúdo do conhecimento envolvido nas inovações que suas empresas industriais realizam. 43,1% das empresas tinham mestres ocupados exclusivamente em P&D, sendo que 32% das firmas empregavam até 3 mestres, 4,9% entre 4 e 6 mestres e 6,3% tinham mais de 7 mestres ocupados em P&D. A grande maioria das empresas emprega pessoal exclusivamente em P&D que tem apenas graduação. Neste caso, observa-se que 82,7% das empresas respondentes têm profissionais apenas com graduação ocupados em P&D. (ver gráfico 10).

Gráfico 10: Percentual de empresas com pessoas ocupadas em P&D no primeiro trimestre de 2014 (jan/fev/mar)

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Cabe enfatizar que os percentuais de ocupação dos diversos níveis profissionais apresentam grande estabilidade ao longo do tempo, o que já era esperado, em virtude de uma relativa constância na estrutura organizacional das empresas. Ao longo dos últimos três anos, o percentual de empresas que empregam doutores exclusivamente em P&D

oscilou entre 18% e 22%, ao passo que esses percentuais ficaram entre 41% e 46% para o caso de mestres. O gráfico 11 permite visualizar a referida estabilidade.

Gráfico 11: percentual de firmas com pessoal ocupado exclusivamente em P&D, por graduação – 2011/2014

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

D. FATORES QUE INFLUENCIAM A DECISãO DE INOVAR NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2014

No primeiro trimestre de 2014, a decisão de inovar por parte das empresas esteve mais fortemente associada a três fatores principais, nesta ordem: (i) exigências dos clientes; (ii) pressões adicionais de custo; e (iii) busca por maior participação no mercado. Cabe notar que tais fatores têm sido consistentemente apontados, desde a primeira edição da Sondagem, como principais motivadores da decisão de inovar. Ao longo de quatro anos, foram considerados de alta importância na decisão de investimento em inovação por cerca de dois terços das empresas respondentes, em média. Neste trimestre, em particular, tais fatores foram considerados de alta importância na decisão de investimento em inovação por 69,0%, 67,2% e 62,7% das empresas, respectivamente, conforme pode ser visto no gráfico 12. A importância relativa desses fatores e sua estreita associação com os padrões de concorrência indicam os elementos que tendem a influenciar mais fortemente a maior parte das decisões de investir em inovação no país.

Cabe ainda destacar dois outros fatores que parecem relevantes para motivar a inovação na indústria brasileira – logo após os três principais itens mencionados anteriormente. O primeiro deles é a variação da demanda interna. Ao longo dos últimos anos, a evolução

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do mercado doméstico foi apontada por cerca de 40,0% das empresas respondentes como sendo de alta importância na decisão de inovação. No primeiro trimestre de 2014, em particular, aproximadamente 42% das firmas afirmaram que a demanda interna tem alta importância, e apenas 5,5% consideram que esse item não tem relevância para a inovação. Tal resultado é importante, pois ajuda a explicar a relação entre a dinâmica inovativa na indústria e o ritmo da atividade econômica, tal como verificado em edições anteriores deste Boletim. Em relação a este aspecto, é interessante notar que o percentual de empresas que afirmou que a demanda domestica tem alta importância foi sistematicamente mais alto nos períodos de aquecimento da atividade econômica – até meados de 2011. Ao contrário, nos períodos de menor crescimento econômico – de meados de 2011 até o final de 2012 – esses percentuais ficaram mais baixos, sugerindo menor importância da demanda interna para guiar as decisões de investimento em inovação. Nos últimos quatro trimestres, a mesma dinâmica se verifica, pois o percentual de empresas que atribui grande importância à demanda doméstica tem se elevado no período, em consonância com a elevação das taxas anualizadas de crescimento da economia brasileira.

O segundo fator a ser destacado é o atendimento à nova regulamentação, cuja relevância vem crescendo sistematicamente nos últimos trimestres, a julgar pelos percentuais de empresas que indicam tal elemento como de alta importância para a decisão de investir em inovação. No primeiro trimestre de 2014, em particular, esse percentual foi de 42,1% das firmas, o que representa o valor mais alto para esse indicador desde o início da Sondagem, em 2010.

Convém ainda observar que a importância de itens associados aos padrões de concorrência no mercado nacional, tais como “introdução de inovação dos concorrentes” e “entrada de novos concorrentes no mercado”, pode ser considerada mediana (30% a 35% de menções “alta importância”). Por fim, vale ressaltar que o item “exigência dos fornecedores” tem sido considerado, ao longo das várias edições da Sondagem, de pouca ou nenhuma importância (no primeiro trimestre de 2014, quase 70% das firmas respondentes consideraram tal fator pouco ou nada importante). Em outras palavras, em geral, para o universo das empresas com mais de 500 funcionários no Brasil, os fornecedores possuem papel de pouca relevância como indutores da inovação tecnológica por parte de seus clientes. Isso pode ser explicado pelo porte relativo dessas empresas, que tendem, no mercado doméstico, a ter escalas superiores às de seus fornecedores.

Gráfico 12: Importância dos principais fatores para a decisão de investir em inovação primeiro trimestre de 2014 (jan/fev/mar)

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

E. INVESTIMENTO EM CAPITAL FIXO NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2014

A Sondagem de Inovação examina também o comportamento dos investimentos realizados pelas grandes empresas para a ampliação da capacidade instalada de produção. Tipicamente, tais investimentos respondem a estratégias de expansão das firmas, guiadas por expectativas de crescimento da demanda doméstica ou externa, por busca de maior participação de mercado, entre outros.

Como apresentado no gráfico 13, houve entre 2011 e 2013 um declínio considerável no percentual de empresas que expandiu seus investimentos em capacidade instalada, em relação ao trimestre imediatamente anterior. Desde o início de 2012, entretanto, observa-se uma oscilação desobserva-ses percentuais em torno de um patamar relativamente estável, sem tendência claramente definida. Em particular, 24,8% das empresas declararam ter investido mais em capacidade produtiva que no período anterior, o que corresponde a uma queda de 1,5 p.p em relação ao verificado na edição anterior da Sondagem. Ainda assim, para a maior parte das firmas (55,7%), os investimentos se mantiveram estáveis no período. Cerca de 5,9% das empresas afirmaram ter reduzido os investimentos e 13,6% não realizaram investimentos para ampliar sua capacidade física de produção no primeiro trimestre de 2014. Note-se que a elevação de quase 2 p.p. no número de firmas que não realizaram investimentos em capacidade instalada no trimestre anterior é coerente com o declínio no indicador de dispêndios em máquinas e equipamentos, mencionado anteriormente. Cabe notar ainda que tais resultados também confirmam a trajetória dos investimentos capturada pela redução da FBCF no país neste período.

Referências

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