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FOCOS AUTÓCTONES DE Fasciola hepatica NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

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CAMPOS DOS GOYTACAZES, ESTADO DO RIO DE JANEIRO,

BRASIL

FRANCIMAR FERNANDES GOMES

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE

DARCY RIBEIRO

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ FEVEREIRO - 2007

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CAMPOS DOS GOYTACAZES, ESTADO DO RIO DE JANEIRO,

BRASIL

FRANCIMAR FERNANDES GOMES

Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Animal.

Orientador: Prof. Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

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CAMPOS DOS GOYTACAZES, ESTADO DO RIO DE JANEIRO,

BRASIL

FRANCIMAR FERNANDES GOMES

Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Animal.

Aprovada em 26 de fevereiro de 2007. Comissão Examinadora:

_____________________________________________________________ Prof. Carlos Wilson Gomes Lopes (Doutor, Patologia) - UFRRJ

___________________________________________________________________ Prof. Walter Flausino (Doutor, Parasitologia Veterinária) - UFRRJ

_______________________________________________________________ Prof. Cláudio Baptista de Carvalho (Doutor, Medicina Veterinária) - UENF

___________________________________________________________________ Prof. Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira (Doutor, Parasitologia Veterinária) - UENF

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Prof. Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira, pela atenção, dedicação como orientador, e pela confiança que depositou em minha pessoa, transmitindo-me conhecimentos, no que se refere às pesquisas e à responsabilidade científica.

À Profa. Maria Angélica Vieira da Costa Pereira, responsável por meus primeiros contatos com a pesquisa e docência nesta Universidade.

Ao Prof. Carlos Eurico Travassos pela amizade e companheirismo demonstrado durante minha trajetória na universidade.

Ao professores Antônio Peixoto Albernaz, Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira e Maria Angélica Vieira da Costa Pereira pelos convites para co-orientação de monografias e participação em bancas examinadoras. Senti-me muito honrado.

Aos técnicos, funcionários e Amigos do Laboratório de Sanidade Animal, e especialmente a Josias Alves Machado e Orlando Melo Junior pelo apoio moral e pelos ensinamentos pertinentes a rotina do laboratório clínico.

À amiga Helaíne Haddad Simões Machado pelo período em que trocamos conhecimentos e estreitamos os laços de amizade.

À amiga Luciana Lemos pela realização das fotografias e pelos incentivos constantes dados a este trabalho.

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Ligia Cristina Chagas, Iliani Bianchi e Giselda Matos, meus sinceros agradecimentos. Aos colegas Ronaldo Barreto Paes, Rachel Ingrid Juliboni Cosendey e Vagner da Silva Fiuza pelos auxílios prestados no desenvolvimento deste trabalho.

Aos integrantes da Comissão Examinadora deste trabalho Professores Carlos Wilson Gomes Lopes, Walter Flausino, Cláudio Baptista de Carvalho, Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira e Clóvis de Paula pelas considerações, correções e sugestões dadas.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq.) e Coordenação do Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo suporte financeiro.

À Elma Lucy Silveira Santana pela participação positiva e constante de noiva e crítica, pelo apoio, estímulo, equilíbrio e motivação necessários para prosseguir meus projetos profissionais.

Expresso toda a minha gratidão aos meus pais que apoiaram todas e quaisquer decisões minhas, não tendo medido esforços para ensinar-me o essencial sendo os grandes responsáveis pela educação que tenho hoje.

A todos que, de alguma forma, sugeriram, criticaram, incentivaram e colaboraram direta ou indiretamente para a realização dessa pesquisa, meus sinceros agradecimentos.

A Universidade Estadual do Norte Fluminense e a todos os seus Professores e servidores técnico-administrativos que tão bem me acolheram neste importante período de minha vida acadêmica.

E principalmente, a Deus por tudo de bom que tem me proporcionado ao longo de minha vida.

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BIOGRAFIA

Francimar Fernandes Gomes, filho de Benedicto Gomes e Amarílis Fernandes Gomes; nascido em 25 de fevereiro de 1976, no município de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro. Realizou o curso primário no Colégio Externato Campista tendo concluído em 1986.

Cursou o ginásio no Liceu de Humanidades de Campos durante o período de 1987 a 1990 onde também concluiu o 2º grau no ano de 1993. Em 1995 ingressou no curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro tendo se profissionalizado no ano 2000.

Em 2001 iniciou o curso de Mestrado em Produção Animal na mesma universidade onde adquiriu experiência em docência, colaborando nas disciplinas de Zoologia Aplicada à Agropecuária, Inspeção de Produtos de Origem Animal, Parasitologia Veterinária e Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos.

Desenvolveu projetos de pesquisa no Laboratório de Sanidade Animal, como bolsista da CAPES sob orientação do Prof. Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira, trabalhando com criação, identificação de moluscos e fatores predisponentes a causa de fasciolose hepática tendo trabalhado até o mês de fevereiro de 2003.

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iniciados no mestrado. Em fevereiro de 2007 defendeu tese para obtenção do título de Doutor em Produção Animal.

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vi CONTEÚDO RESUMO... viii ABSTRACT... ix 1. INTRODUÇÃO... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA... 4 2.1. Fatores climáticos... 4 2.2. Fatores ambientais... 5 2.3. Achados de matadouros... 5 2.4. Patologia... 6

2.5. Diagnóstico sorológico e coproparasitológico... 7

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 9

4. TRABALHOS... 14

4.1. RASTREABILIDADE DE PROPRIEDADES RURAIS PARA O DIAGNÓSTICO DE FASCIOLOSE HEPÁTICA NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ, BRASIL... 15

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NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ... 28

4.3. CONHECIMENTOS TÉCNICOS SOBRE A PREVENÇÃO E CONTROLE DA FASCIOLOSE NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ... 44

5. CONCLUSÕES GERAIS... 60

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 61

6.1. Erros não usuais... 61

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RESUMO

GOMES, Francimar, F., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; fevereiro de 2007; Focos autóctones de Fasciola hepatica no município de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro; Orientador: Prof. Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira.

O presente trabalho foi dividido em três etapas. Na primeira foi realizado o rastreamento de propriedades rurais suspeitas de serem focos autóctones de Fasciola hepatica segundo o Serviço de Inspeção Estadual do município de Campos dos Goytacazes, RJ. Para tanto, exemplares de Lymnaea columella foram coletados, dissecados e amostras fecais de bovinos provenientes de 23 fazendas foram examinadas para a detecção de ovos do parasito. Apesar dos resultados dos exames de fezes terem sido positivos para os animais de grande parte das propriedades, nenhum foco autóctone foi assinalado já que a infecção dos moluscos examinados não foi confirmada. Então, um segundo experimento foi realizado, desta vez utilizando ovinos como traçadores em quatro propriedades. Constatou-se a existência de três focos no distrito de Santa Maria, logo esta metodologia foi considerada mais adequada para a identificação de casos autóctones em áreas enzoóticas. Baseado nesses achados e no diagnóstico freqüente de fasciolose em bovinos abatidos no município de Campos, RJ um terceiro trabalho foi realizado para identificar os motivos pelos quais a enfermidade é altamente prevalente no município. Constatou-se que os erros de manejo fruto do desconhecimento generalizado sobre a epidemiologia dessa enfermidade são importantes fatores que predispõe sua ocorrência na região estudada.

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ABSTRACT

GOMES, Francimar, F., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; February 2007; Autochtonal foci of fascioliasis in the municipality of Campos dos Goytacazes, state of Rio de Janeiro, Brasil; Adviser: Prof. Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira.

The present work was divided in three stages. In the first the search was accomplished by several rural properties that in agreement with the State Inspection Service of the municipality of Campos dos Goytacazes were suspicious of be autochtonal foci of fascioliasis. For so much, specimens of Lymnaea columella were collected, dissected and fecal samples of bovine coming of 23 farms were examined for the detection of eggs of the parasite. In spite of the results of the exams of feces have been positive for the animals of great part of the properties, no autochtonal foci was marked since the infection of the examined mollusks was not confirmed. Then, a second experiment was accomplished, this time using ovine as tracer in four properties. The existence of three foci was verified in Santa Maria's district, soon this methodology was considered more appropriate for the identification of autochtonal foci in enzootic areas. Based on those discovered and in the frequent diagnosis of fascioliasis in bovine dead in Campos' municipality a third work was accomplished to identify the reasons for the disease to be highly prevalent and it was verified that the ignorance on the epidemiology of this illness is one of the main risk factors for this to happen in the studied area.

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1. INTRODUÇÃO

A fasciolose hepática, também conhecida como distomatose é uma das mais importantes enfermidades parasitárias de bovinos (KITHUKA et al. 2002). Trata-se de uma importante parasitose na saúde pública, haja vista sua inclusão na lista das helmintose com grande impacto no desenvolvimento humano (MAS-COMA et al. 2005). É causada pelo parasito Fasciola hepatica, capaz de acometer diversas espécies (SANTOS et al. 2000).

Esta enfermidade parasitária é cosmopolita (SERRA-FREIRE, 1995; GOMES et al. 2002; CARRADA-BRAVO, 2003) e no Brasil foi assinalada em estados como MG, RS, SC, PR, SP e RJ (SERRA FREIRE 1995).

Seu agente etiológico é um dos helmintos que mais causam prejuízos ao rebanho brasileiro (ECHEVARRIA 1985; SERRA-FREIRE e NUERNBERG 1992), pois limitam a criação de animais de interesse zootécnico (PILE et al. 2001).Trata-se de um trematódeo pertencente ao Filo Platyhelmintes, que ao se desenvolver no fígado dependendo do grau de comprometimento pode levar a severos quadros de anemia trazendo como conseqüência à morte (BORDIN, 1995).

Os trematódeos digenea possuem um ciclo biológico complexo em que obrigatoriamente dependem da presença de um molusco, gastrópode como primeiro hospedeiro (BARBOSA 1995; QUEIROZ et al. 2002) e em geral podem infectar uma enorme variedade de espécies (SERRA FREIRE, 1995).

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Sabe-se que no Brasil os caramujos do gênero Lymnaea foram identificados por diversos pesquisadores como hospedeiros intermediários (ARAUJO et al. 2002; SOUZA e MAGALHÃES 2002) e segundo ECHEVARRIA (1985), a espécie L.

columella é a mais difundida no território brasileiro e L. viatrix está mais restrita a

região sul do país. Assim sendo, torna -se necessária à realização de estudos que avaliem as causas que influenciam em sua dispersão e manutenção no ambiente. Diversas são as causas que podem estar envolvidas na prevalência de fasciolose em determinada região. Segundo GOMES et al. (2002), o município de Campos dos Goytacazes reúne condições climáticas favoráveis, tanto à presença do molusco hospedeiro intermediário quanto à infecção dos hospedeiros vertebrados, dentre elas destacam-se os fatores meteorológicos como temperatura e precipitação pluviométrica, no entanto, pensa-se na influência de outros fatores no município que ainda não foram identificados ou discutidos. Alguns trabalhos apontaram o trematódeo F. hepatica como um dos principais parasitos encontrados em salas de abate no Brasil (SERRA-FREIRE 1995; GOMES et al. 2006; FILGUEIRA et al. 2006; RABELLO et al. 2006).

A doença costuma ser descrita em locais baixos e úmidos, (GOMES et al. 2002) e devido a esse fato, pode facilmente se dispersar em áreas de planícies como o da região norte fluminense.

Para que se tenha um conhecimento global da dinâmica de parasitoses, como a fasciolose são necessários estudos prévios e sistemáticos dos fatores ecológicos que favorecem a presença do hospedeiro intermediário no ambiente, já que estes participam e condicionam ao ciclo (PILE et al. 1994). Deve-se também atentar para a existência de espécies susceptíveis (SANTOS et al 2000), além da maneira como é realizado o manejo sanitário (SANTOS FILHO, 1999).

Baseado nessas questões procurou-se identificar casos autóctones de fasciolose hepática em áreas de risco estudando a biodinâmica populacional de L.

columella, realizando exames parasitológicos em amostras fecais de bovinos e

ovinos, além de necropsias em animais da espécie ovina que foram utilizados como traçadores em algumas propriedades rurais. Procurou-se também avaliar a situação do controle da verminose na região para que os resultados obtidos sirvam de base para a conscientização de técnicos e produtores rurais quanto à importância da realização de um controle estratégico adequado. Espera-se que em curto prazo sejam estabelecidas medidas capazes de aumentar a produtividade do rebanho

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bovino, bem como facilitar a expansão da ovinocultura na região Norte Fluminense já que esta pode ser inviável, haja vista a susceptibilidade da espécie ovina a este parasito (PARR e GRAY 2000) e o município de Campos dos Goytacazes ser um dos mais enzoóticos do estado do Rio de Janeiro para essa enfermidade parasitária (FILGUEIRA et al. 2006; GOMES et al. 2006).

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2. REVISÃO DE LITERATURA

No Brasil a primeira citação do molusco do gênero Lymnaea foi feita por LUTZ (1921) no Rio de Janeiro. Segundo alguns pesquisadores estes proliferam rapidamente no ambiente devido à capacidade de autofecundação (EEDEN e BROWN, 1966). Os locais onde foram encontrados foram descritos como sendo habitats de pouca profundidade, pouca vegetação e pouca correnteza (GONZALES et al. 1974). No Estado do Rio de Janeiro a presença de limneídeos foi descrita por pesquisadores como PILE (1990) e GOMES e SERRA-FREIRE (2001).

2.1. Fatores climáticos.

Estes são importantes para a dinâmica populacional de moluscos. Autores como MATTOS et al. (1997), afirmaram que o declínio da população de L. columella coincide com o período de temperaturas altas e segundo AMATO et al. (1986), o efeito negativo exercido pelas altas temperaturas é minimizado pelo aumento das chuvas.

Em experimento realizado no campo PILE et al. (1998), estudaram entre os anos de 1985 e 1990 os fatores que afetam e influenciam na dinâmica populacional de L. columella na pastagem. Eles observaram no decorrer dos cinco primeiros anos um grande número de moluscos no período seco de maio-outubro em uma fazenda localizada no município de Piquete, Estado de São Paulo. Continuando os estudos constataram no último ano para o município de Redenção da Serra que o maior número de moluscos ocorreu no período das chuvas de janeiro a março, concluindo assim que a dinâmica da população de moluscos está estreitamente relacionada a fatores ecológicos e climáticos e estes diferem de uma localidade para o utra.

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2.2. Fatores ambientais.

Na Austrália, PONDER (1975) descreveu pela primeira vez a presença de L.

columella na área metropolitana de Sidney, pensando que o seu aparecimento no

país deveu-se à importação de plantas aquáticas. Por sua vez, ESCUDERO et al. (1985), revelaram a importância do conhecimento da flora e microbiota dos habitats dos moluscos hospedeiros intermediários de F. hepatica, devido ao papel que a vegetação possui no ciclo de vida destes animais. Ainda com referência aos hospedeiros intermediários ABÍLIO e WATANABE, (1998), ao realizarem estudo malacológico durante dois anos na cidade de Campina Grande no Estado da Paraíba, assinalaram pela primeira vez a presença de L. columella associada a raízes de macrófitas aquáticas. Segundo esses autores, o molusco tem preferência por águas com valores de dureza total de 300mg CaCO3/l e alcalinidade média de

150 CaCO3/l.

2.3. Achados de matadouros

Não há uma constância mundial nas avaliações de prevalência de Fasciolose nos hospedeiros vertebrados, contudo podem ser mencionados o registro de 10,5% de casos em bovinos abatidos na Alemanha, entretanto no Chile foi observado 42,4% em bovinos, 19,58% em pequenos ruminantes (ovinos e caprinos) e 34,56% em suínos. Em Portugal 21,4% das infecções foi observada em bovinos; 4,8% em ovinos e caprinos e 0,3% em suínos e em Porto Rico 3,5% em bovinos (SERRA-FREIRE 1995).

Considerando as primeiras citações sobre a prevalência da fasciolose em animais de abate no Brasil, REY, (1957)registrou para o Estado do Rio Grande do Sul um total de 2,24% de casos em 714.545 bovinos abatidos, bem como 10,1% em um total de 941 bovinos no Estado de São Paulo.Depois destes, diversos outros registros evidenciaram a prevalência dessa enfermidade através de achados de matadouros (SERRA-FREIRE, 1995; GOMES et al. 2006; FILGUEIRA et al. 2006; RABELLO et al. 2006 e).

Nos municípios da Região Norte Fluminense constata -se uma grande preocupação quanto à possibilidade de aumento nos índices de prevalência dessa enfermidade, dada a freqüência com que a mesma é diagnosticada em animais de

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abate pelo serviço de Inspeção Estadual – S.I.E. (FILGUEIRA et al. 2006; RABELLO et al. 2006).

Segundo RABELLO et al. (2006), a fasciolose tem sido considerada uma parasitose enzoótica no Estado do Rio de Janeiro tendo as regiões Norte, Noroeste e do Médio Paraíba como as principais regiões de ocorrência e de acordo com FILGUEIRA et al. (2006), é a doença com maior número de notificações seguida da cisticercose.

2.4. Patologia

Constatou-se em trabalho publicado por SERRA-FREIRE (1995), que o período de incubação varia muito com a espécie do hospedeiro vertebrado, destacando-se: 70 a 150 dias para bovinos, 54 a 65 dias para coelhos, 97 dias para cobaios, 51 dias para ratos, 33 a 34 dias para hamster, 31 a 35 dias para camundongos e 60 a 120 dias para ovinos.

Dentre as diferenças patológicas verificadas em ovinos e bovinos após a infecção, ECHEVARRIA, (1985) destacou, o grau de calcificação das lesões tissulares e a hiperplasia dos ductos biliares como reações mais evidentes em bovinos. O autor destacou ainda que nesta espécie pode ocorrer uma recuperação espontânea devido à calcificação dos ductos biliares que pode causar a inanição do parasito.

SERRA-FREIRE (1995), argumentou que em ovinos a infecção dura aproximadamente nove meses, mas em bovinos o período parasitário tende a ser maior, sendo que nessa espécie a evolução é quase sempre crônica. O autor também relatou que a movimentação das formas jovens é mais intensa entre 40 e 60 dias pós-ingestão das metacercárias, para ruminantes, e causa extensa destruição do parênquima com marcada hemorragia e em casos de infecção maciça pode ocorrer ruptura da cápsula de Glisson acompanhada de hemorragia para a cavidade peritoneal; nessas condições a morte acontece em poucos dias e sem sintomatologia aparente.

O fígado fica hipertrofiado, pálido, e com áreas de hemorragia superficial e profunda. Em casos subagudos o parênquima fica repleto de canais de migração de

F. hepatica onde um infiltrado de leucócitos é bem evidente, somado ao início do

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independentemente de seu estado nutricional ou idade. Clinicamente o hospedeiro vertebrado demonstra anorexia, dor no hipocôndrio direito, aumento do abdome e movimenta -se pouco, podendo ter febre, eosinofïlia, aumento da concentração sérica de enzimas hepáticas, evoluindo para cirrose no estágio crônico (SERRA-FREIRE 1995).

A patologia em outros órgãos como o peritônio também pode ser observada e de acordo com BORDIN (1995) está ligada a quantidade de metacercárias ingerida, ao continuismo dessa ingestão e ao grau de resistência do hospedeiro, o qual também está relacionado à idade. O autor também afirmou que o momento em que

F. hepatica erraticamente afeta os pulmões, resulta na formação de nódulos císticos

em níveis subpleurais no parênquima e mais raramente nos brônquios. Estes cistos usualmente medem um cm de diâmetro e freqüentemente contêm mais de um exemplar do parasito adulto, ocorrendo por vezes a formação de fístulas, pelas quais os ovos do parasito escoam e atingem o lúmen bronquiolar. Nestes cistos, podem ser observados tão-somente parasitos mortos ou ovos envolvidos por reação fibrosa.

2.5. Diagnostico clínico sorológico e coproparasitológico.

O diagnóstico clínico da fasciolose não é fácil já que sintomas como

emaciação, anorexia, anemia e perda de peso, não são característicos, dessa forma sendo necessário a realização de diagnóstico diferencial com outras enfermidades em que se evidenciam estas mesmas manifestações clínicas. Dependendo do número de metacercárias ingeridas a fasciolose pode se manifestar sob três diferentes formas: subaguda, aguda e crônica (SERRA-FREIRE 1995). Na fasciolose aguda ou subaguda os sintomas clínicos não são muito específicos. Nesse caso o diagnóstico clínico é praticamente impossível, no entanto, podem-se empregar testes laboratoriais para mensurar o nível plasmático de enzimas, como a glutamato desidrogenase – GLDH liberadas quando as células parenquimatosas são lesadas e gamaglutamiltranspeptidase – * GT, que indica lesão das células que revestem os ductos biliares (URQUHART et al. 1998). Nesse caso através de dosagem enzimática pode-se acompanhar a mudança da fase aguda para a crônica.

Na fase crônica a fasciolose é facilmente diagnosticada pela presença de ovos nas fezes. Várias técnicas para o diagnóstico coprológico da fasciolose encontram-se descritas na literatura. Estas técnicas se baseiam nos princípios da

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sedimentação e tamisação (FOREYT, 2005), no entanto, para o diagnóstico do parasitismo crônico de fasciolose a técnica mais utilizada é a dos quatro tamises descrita por GIRAO e UENO (1985), para a observação dos ovos nas fezes que indica a presença de F. hepatica adulta nos ductos hepáticos e biliares.

De acordo com SERRA-FREIRE (1995), a prevalência de fasciolose pode ser determinada por meio de exame de fezes com a visualização de ovos de F. hepatica em propriedades rurais. Este autor demonstrou a existência de grande variação nos índices de prevalecia citando os resultados de exames coproparasitológicos de diversos outros pesquisadores.

Também pode ser citado o trabalho de AMATO et al. (1986) que no estado de São Paulo, notadamente no município de Piquete encontrou 80% de bovinos parasitados. Por sua vez, PILE (1990) comprovou a variação de 26,6 a 50,4% de fasciolose bovina no município de Redenção da Serra. Pesquisas também foram realizadas no Estado de Santa Catarina, por SERRA-FREIRE e NUERNBERG (1992) que divulgaram índices de 27,86% para bovinos, 24,72% para bubalinos, 16,92% para ovinos e 15,66% para caprinos relativos a 12 anos de investigação e finalmente, para o Estado do Rio de Janeiro, NUERNBERG et al. (1983), assinalaram prevalência de 35,8% para bovinos no município de Três Rios.

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3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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(25)

4. TRABALHOS

Os trabalhos serão enviados para publicação respectivamente nas revistas abaixo relacionadas:

4.1. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária; 4.2. Ciência Rural;

(26)

RASTREABILIDADE DE PROPRIEDADES RURAIS PARA O DIAGNÓSTICO DE FASCIOLOSE HEPÁTICA NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ,

BRASIL

Francimar F. Gomes1; Vagner Ricardo da S. Fiuza1; Francisco Carlos R. de

Oliveira2; Carlos Wilson G. Lopes3; Ronaldo B. Paes4

ABSTRACT: - GOMES, F.F; FIUZA, V.R. da S; OLIVEIRA, F.C.R. de; LOPES,

C.W.G.; PAES, R.B. Tracking ability of rural properties for fascioliasis's diagnosis in the municipality of Campos dos Goytacazes, RJ, Brazil. In the year of 2001 the State Inspection Service (S.I.E.) identified 41 rural properties at different municipalities at the Fluminense North region as being potential foci of fascioliasis. Among these, 23 belonged to the municipality of Campos dos Goytacazes. During the period from March 2002 to December 2004 at the municipality of Campos dos Goytacazes were tracked confirm by fecal examination to identify positive animals by using the technique of four sieves, as well as the withdrawal of snails of the genus Lymnaea for recovering larval stages. The results were coincided with accomplished S.I.E., because they indicated the presence of positive animals in 17 (74%) of the farms being 8 (47%) from Santa Maria, 5 (29%) from Morro do Coco and 4 (24%) from Santo Eduardo. The presence of the species Lymnaea columella was only verified in three located rural properties in Santa Maria's district however, no mollusk was sponged by larval forms of Fasciola hepatica, so the existence of autochthonal cases was not confirmed.

KEY WORDS: Fasciola hepatica, epidemiology, Lymnaea columella, ruminant,

bovine.

RESUMO

No ano de 2001 foram identificadas pelo Serviço de Inspeção Estadual (S.I.E.) 41 propriedades rurais distribuídas em diversos municípios da região Norte Fluminense

1 Curso de Pós Graduação em Produção Animal. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Avenida

Alberto Lamego, 2000, Horto – Cep 28015620, Campos dos Goytacazes, RJ. E- mail: francimar_rj@yahoo.com.br

2 Laboratório de Sanidade Animal / CCTA / UENF. E- mail: foliveira@uenf.br 3

Departamento de Parasitologia Animal/ IV/ UFRRJ.

4

(27)

como sendo potenciais focos de fasciolose hepática. Dentre estas, 23 pertenciam ao município de Campos dos Goytacazes. Durante o período compreendido entre os meses de março de 2002 e dezembro de 2004 as propriedades localizadas neste município foram rastreadas para a confirmação de casos através da coleta de amostras fecais de bovinos para a realização de exames pela técnica dos quatro tamises, bem como o recolhimento de moluscos do gênero Lymnaea para sua dissecação. Os resultados coproparasitológicos coincidiram na maioria das vezes com os diagnósticos anatomopatológicos realizados pelo S.I.E., pois indicaram a presença de animais parasitados em 17 (74%) das fazendas e destas, 8 (47%) pertenciam às localidades de Santa Maria, 5 (29%) em Morro do Coco e 4 (24%) Santo Eduardo. A presença da espécie Lymnaea columella foi constatada somente em três propriedades rurais localizadas no distrito de Santa Maria, no entanto nenhum molusco estava parasitado por formas larvais de Fasciola hepatica, logo a existência de casos autóctones não foi confirmada.

PALAVRAS CHAVE: Fasciola hepatica, epidemiologia, Lymnaea columella,

ruminantes, bovinos

INTRODUÇÃO

A rastreabilidade é um sistema de controle de animais que permite sua identificação no local de origem desde o nascimento até o abate, registrando todas as ocorrências relevantes ao longo de sua vida. De acordo com Pires (2000), essa prática possui importante papel nas campanhas de erradicação de doenças, uma vez que permite a atuação imediata dos órgãos de defesa sanitária, possibilitando assim, o monitoramento e o controle de diversas enfermidades de maneira mais efetiva.

No que se refere a parasitoses como a fasciolose hepática, sabe-se que sua ocorrência em animais vertebrados depende da viabilidade das formas infectantes do parasito, bem como da sobrevivência das espécies de moluscos do gênero

Lymnaea na pastagem, e a presença destes está diretamente relacionada a fatores

ecológicos e climáticos (MAURE-PILE et al. 1998).

Após o estudo da relação existente entre alguns fatores climáticos e a dinâmica populacional de Lymnaea columella em propriedade rural localizada no

(28)

município de Campos, RJ, Gomes et al. (2002), registraram no distrito de Santa Maria o primeiro caso autóctone de fasciolose da região. Os autores destacaram ainda a possibilidade de existência de outros focos, no município, haja vista as freqüentes condenações de fígado registradas pelo Serviço de Inspeção Estadual (S.I.E) para bovinos provenientes dessa localidade. Esses fatos serviram de incentivo para a realização da presente pesquisa que teve como objetivo encontrar outros focos de F. hepatica no município em áreas destacadas pelo S.I.E como sendo de potencial enzoótico.

MATERIAL E MÉTODOS

Local e período de estudo: o trabalho foi conduzido entre os anos de 2002 e

2004, tomando-se por base os dados de condenações de fígados coletados junto ao (S.I.E) da Superintendência de Defesa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro. Estes foram relativos aos estabelecimentos Frigorífico Guarus Ltda e Matadouro Frigorífico de Campos Ltda localizados no município de Campos dos Goytacazes, RJ. Dessa forma, rastreamentos sistemáticos das propriedades caracterizadas nestes matadouros como possíveis focos de fasciolose hepática foram realizados. As propriedades em que o molusco hospedeiro intermediário foi encontrado tiveram suas coordenadas demarcadas por um guia de posicionamento por satélite - GPS (eTREX® GARMIN).

Amostragem, coleta e transporte de material: decidiu-se que em cada

fazenda seriam coletadas amostras fecais por conveniência de 10% do rebanho, entretanto em propriedades com rebanhos muito grandes estabeleceu-se a coleta o máximo de 30 amostras. Para a coleta foram selecionados por conveniência bovinos de aproximadamente um ano de idade. As amostras fecais foram coletadas diretamente da ampola retal dos animais, com auxílio de sacos plásticos de tamanho 15x30cm contendo a identificação da fazenda. Os sacos foram invertidos, acondicionados em caixa de isolamento térmico com gelo e transportados até o Setor de Clínica Médica do Laboratório de Sanidade Animal (LSA) no Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e depois de catalogadas, cada amostra foi homogeneizada e processada para pesquisa de ovos do trematóide. A técnica

(29)

empregada para a detecção dos ovos foi a de Quatro Tamises descrita por Girão e Ueno, (1985), utilizando para contraste o corante Verde de Metila.

Coleta dos moluscos: os espécimes foram encontrados nas propriedades

visitadas, contados, classificados e separados por gênero com base em suas características de morfologia externa. Alguns eram recolhidos das raízes da vegetação aquática onde se encontravam aderidos, outros eram obtidos após o agito do substrato de fundo (lama) a uma profundidade de até 20 cm utilizando para isso uma haste de madeira rígida. Após alguns segundos os moluscos que sobrenadavam eram coletados e transportados de acordo com a técnica citada por Thiengo (1995).

Identificação de fauna malacológica: A identificação quanto ao gênero foi

feita com base em aspectos da morfologia externa de concha (REY, 2002) e a identificação das espécies de Lymnaea baseada nas descrições feitas por Paraense (1983).

Exame dos moluscos: cada molusco capturado foi colocado individualmente

em uma placa de Petri de 100 x 20 mm, e a dissecção feita após o esmagamento de seus tecidos mediante o uso de uma lâmina de vidro. Em seguida os fragmentos da concha eram retirados com o auxílio de uma pinça e as vísceras examinadas sob a luz de um microscópio estereoscópico, para evidenciar as formas larvais de F.

hepatica (SOUZA et al. 2002).

RESULTADOS

Das 23 propriedades rurais rastreadas no Município de Campos, RJ para a coleta e exame de amostras fecais, a infecção de bovinos foi constatada em 17 (74%) delas. A maioria localizada no distrito de Santa Maria 8 (47%) e parte delas nos distritos de Morro do Coco 5 (29%) e Santo Eduardo 4 (24%) respectivamente (Tabela 1 e Figura 1).

(30)

Tabela 1. Número de propriedades identificadas pelo Serviço de Inspeção Estadual

(S.I.E) como potenciais focos de fasciolose no município de Campos dos Goytacazes e confirmação de casos através de exames de amostras fecais. . Propriedades Rastreadas Positivas Distritos n % n % Murundu 1 4 0 0 Morro do Coco 7 31 5 29 Santo Eduardo 4 17 4 24 Santa Maria 11 48 8 47 Total 23 100 17 100

(31)

Figura 1- Distritos do município de Campos dos Goytacazes, com casos de bovinos

portadores de Fasciola hepatica assinalados pelo Serviço de Inspeção Estadual (S.I.E). 3 1 2 LEGENDA n Brasil n Rio de Janeiro n Campos do Goytacazes 1. Morro do Coco 2. Santo Eduardo 3. Santa Maria 3 1 2 LEGENDA n Brasil n Rio de Janeiro n Campos do Goytacazes 1. Morro do Coco 2. Santo Eduardo 3. Santa Maria

(32)

No total foram encontrados seis moluscos da espécie L. columella distribuídos em três propriedades rurais (Figura 2), localizadas no distrito de Santa Maria, no entanto nenhum exemplar estava parasitado (Tabela 2).

Figura 2- Distribuição espacial de propriedades do distrito de Santa Maria em

Campos dos Goytacazes-RJ, onde foram encontrados exemplares de

Lymnaea columela Rio de Janeiro-Brasil Rio de Janeiro-Brasil

(33)

Tabela 2- Locais onde foram encontrados exemplares de Lymnaea columella,

durante os meses de setembro e outubro de 2004, no município de Campos dos Goytacazes-RJ.

Coordenadas Lymnaea columella

Propriedades1

Latitude sul Longitude oeste Encontradas Parasitadas

1 21º18.60’ 41º27.62’ 1 nenhuma

2 21º17.71’ 41º31.61’ 4 nenhuma

3 21º12.36’ 41º27.39’ 1 nenhuma

1Todas localizadas no distrito de Santa Maria

DISCUSSÃO

Poder-se-ia perguntar sobre a real necessidade de se rastrear e diagnosticar casos de fasciolose pelo método coproparasitológico em propriedades já apontadas pelo S.I.E. como enzoóticas para essa enfermidade. A explicação decorre da necessidade em confirmar se de fato a fasciolose ocorre nesses locais, haja vista o fato da identificação de focos baseada apenas nas informações do S.I.E e as contidas na Guia de Trânsito Animal – GTA não ser um critério 100% confiável. De acordo com alguns técnicos dos serviços de Defesa e Inspeção Sanitária do município de Campos, RJ, existe a possibilidade dos frigoríficos receberem animais cuja origem verdadeira é negligenciada, o que torna inviável afirmar com segurança se a infecção dos animais ocorreu no local especificado pelo matadouro.

Sabe-se que oficialmente a freqüência de algumas enfermidades parasitárias como a fasciolose via de regra é determinada a partir dos achados de matança dos serviços de inspeção sanitária (PHIRI et al. 2005). Contudo, dependendo do problema enfrentado pelo produtor pode haver resistência em destinar os animais para abate em frigoríficos. Dessa forma eles evitam as perdas econômicas decorrentes de eventuais condenações (GONZALEZ et al. 1990), no entanto, isso

(34)

contribui para que os dados oficiais sejam subestimados, já que muitos animais passam a ser abatidos clandestinamente (BESBES et al. 2003).

Segundo Lopes, (1997) a identificação segura dos animais é a base para o controle da produção. Nesse caso, o rastreamento do local de origem para a realização de exames coproparasitológicos minimiza as chances de obtenção de informações fraudulentas quanto à origem do problema, haja vista que o pesquisador tem a opção de selecionar animais nascidos e criados na fazenda para a coleta de amostras, bem como atentar para as informações prestadas pelo criador de maneira mais adequada, no entanto, apesar das vantagens citadas, a identificação de casos autóctones nesse caso também não tem 100% de confiabilidade, já que depende do interesse do proprietário em prestar informações fidedignas quanto ao local de nascimento e criação dos animais selecionados na pesquisa.

Um critério 100% seguro para a identificação de casos autóctones é a constatação da infecção do hospedeiro intermediário (GOMES et al. 2002; PREPELITCHI et al. 2004), daí a importância da coleta de moluscos do gênero

Lymnaea na propriedade para a realização de exames, (Tabela 2). Basta lembrar

que de acordo com os dados do S.I.E, haviam 23 potenciais focos de F. hepatica no município e a partir do momento em que esses locais foram rastreados, constatou-se a presença de L. columella em apenas três fazendas e estas passaram a ser consideradas importantes do ponto de vista epidemiológico.

Ressalta -se, que as outras 20 fazendas não devem ser consideradas menos importantes na cadeia de transmissão da fasciolose, haja vista que ficam localizadas em áreas que historicamente são consideradas enzoóticas pelo S.I.E, além disso, a busca de L. columella não foi feita mensalmente em todas as propriedades, somente na ocasião da coleta das fezes dos bovinos e posteriormente concentradas entre os meses de setembro e outubro, época que segundo Gomes et al. (2002), é a mais adequada para o encontro dessa espécie na região por corresponder a um período de maior densidade populacional.

Provavelmente o encontro de apenas seis moluscos no período considerado favorável seja decorrente de alterações físico-químicas como pH e oxigenação da água ou algum outro fator que não foi observado nessa pesquisa. Pensa-se também na hipótese de que os moluscos poderiam ter sido encontrados em épocas não favoráveis, já que Maure et al. (1998), reportaram esse fato citando como exemplo o

(35)

aumento de temperatura típico do verão, pois este exerce um efeito negativo sobre a população de limneídeos. Segundo esses autores, o aumento nos índices de precipitação pluviométrica que comumente ocorre em determinadas localidades nessa época do ano pode minimizar o efeito negativo da temperatura fazendo com que a população de moluscos não diminua.

É importante salientar que o monitoramento mensal de 23 propriedades rurais para levantamento de fauna malacológica e coleta de amostras para exame laboratorial foi inviável do ponto de vista prático, já que se tratava de um numero grande de fazendas, que demandavam tempo, gastos com combustível, pessoal bem treinado, bem como o uso de veículos que nem sempre estavam disponíveis. Dessa forma procurou-se na ocasião da visita ensinar aos proprietários rurais e campeiros das fazendas a reconhecer o molusco transmissor através de suas características de morfologia externa (PARAENSE, 1983; REY 2002). Para tanto, em cada fazenda foi deixado um frasco contendo conchas vazias de L. columella e assim os proprietários poderiam fazer o monitoramento, e solicitar a presença de serviço técnico especializado em caso de aumento da população do molusco.

Os profissionais de saúde pública devem servir-se de métodos epidemiológicos, como a rastreabilidade para a investigação dos fatores de risco na causa de enfermidades zoonóticas como a fasciolose, pois segundo Pires (2000), essa pratica assume importante papel nas campanhas de erradicação de doenças.

Nesta pesquisa, o critério do rastreamento comprovou ser útil para o encontro de possíveis focos de fasciolose, já que os resultados dos exames coproparasitológicos confirmaram na maioria das vezes os diagnósticos anatomopatológicos realizados do S.I.E, quanto à ocorrência da doença nas localidades de Morro do Coco, Santa Maria e Santo Eduardo.

A integração entre os médicos veterinários responsáveis pela Inspeção sanitária e os que atuam na Defesa Sanitária Animal valoriza as atividades inerentes ao procedimento de rastreamento, pois aliado ao apoio laboratorial estabelece a informação contínua de dados promovendo o melhor controle das doenças (DIAS, 1995). A continuidade dessa pesquisa é de extrema relevância para o conhecimento da real prevalência da doença no município, haja vista que até o momento apenas um foco autóctone foi assinalado na região (GOMES et al. 2002).

Dentre as limitações observadas na presente pesquisa, destaca-se a sensibilidade de L. columella às variações climáticas como fora observado por

(36)

Gomes et al. (2002) e Maure-Pile et al. (1998). Caso esta espécie sobrevivesse durante todo o ano na pastagem, serviria como um ótimo modelo experimental para a identificação de focos autóctones em propriedades rurais a custos relativamente baixos, no entanto, isso não foi verificado nesta pesquisa, haja vista que durante quase três anos de estudo somente seis exemplares foram encontrados em um total de 23 propriedades rurais visitadas.

Nesse caso, a introdução de animais vertebrados altamente sensíveis ao parasito e sabidamente não infectados utilizados como traçadores em localidades reconhecidas pelo S.I.E como enzoóticas para a fasciolose hepática seria de grande valia, já que sua mortalidade não está condicionada às variações de temperatura como fora observado para o molusco. Nesse caso as limitações observadas no presente trabalho não seriam problema com a vantagem dos resultados serem 100% confiáveis, logo o uso de animais traçadores pode ser uma metodologia útil a ser avaliada em trabalhos futuros na região.

CONCLUSÃO

Os resultados dos exames coproparasitológicos dos bovinos provenientes dos distritos estudados coincidiram na maioria das vezes com os resultados dos diagnósticos anatomopatológicos realizados pelo S.I.E em nível de sala de abate, sugerindo serem estas áreas altamente ezoóticas para F. hepatica.

Embora não tenham sido encontrados casos autóctones de F. hepatica na região estudada pelo encontro de rédias e cercarias em L. columella, o achado desta espécie em três propriedades aliado aos resultados dos exames fecais sugerem a provável existência de focos autóctones, dessa forma, novos estudos são necessários para a comprovação desta hipótese.

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(39)

IDENTIFICAÇÃO DE FOCOS AUTÓCTONES DE Fasciola hepatica PELO USO DE ANIMAIS TRAÇADORES (Ovis aries) NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS

GOYTACAZES, RJ.*

IDENTIFICATION OF AUTOCHTHONAL FOCI OF Fasciola hepatica FOR THE USE OF TRACER ANIMALS (Ovis aries) IN THE MUNICIPALITY OF CAMPOS

DOS GOYTACAZES, RJ.

Francimar F. Gomes1; Vagner Ricardo da S. Fiuza1; Rachel Ingrid J. Cosendey1; Francisco Carlos R. de Oliveira2; Ronaldo B. Paes3

RESUMO

Durante o período de junho de 2005 a dezembro de 2006 um estudo para a identificação de focos autóctones de Fasciola hepatica foi realizado no município de Campos dos Goytacazes, localizado na região Norte do estado do Rio de Janeiro. Para tanto, 12 ovinos da raça Santa Inês sabidamente não parasitados pelo trematoda foram utilizados como traçadores sendo divididos em quatro grupos contendo três animais. Cada grupo foi introduzido em uma propriedade onde mensalmente amostras fecais dos ovinos eram coletadas para exame visando a detecção de ovos do parasito. Procedeu-se também a busca de moluscos da espécie Lymnaea columella para a realização de dissecação visando encontro de rédias e cercárias. Através do exame de fezes constatou-se a infecção de sete ovinos, no entanto, dentre os moluscos examinados, nenhum estava parasitado. Confirmou-se a existência de três focos autóctones de F. hepatica, todos localizados no distrito de Santa Maria.

PALAVRAS CHAVE: Fasciola hepatica, Lymnaea columella, ovinos, ruminantes

*

Sob o auspício da Capes / Cnpq

1

Curso de Pós Graduação em Produção Animal. Univ ersidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Avenida Alberto Lamego, 2000/ Cep – 28013-602. .Parque Califórnia. Tel (22) 2726-1679. Fax (22) 2726-1673. E-mail: francimar_rj@yahoo.com.br

2 Laboratório de Sanidade Animal / CCTA / UENF. E-mail: foliveira@uenf.br

(40)

ABSTRACT

During the period of June 2005 to December 2006 a study for the identification of autochthonal foci of Fasciola hepatica was accomplished in the municipality of Campos dos Goytacazes, located in the North area of the state of Rio de Janeiro. For so much, 12 ovine of the race Santa Inês knowingly no sponged by the trematoda were used as tracer being divided in four groups containing three animals. Each group was introduced in a property where monthly fecal samples of the ovine were collected for exam seeking the detection of eggs of the parasite. It also proceeded the search of snail of the species Lymnaea columella for the dissection accomplishment seeking redias encounter and cercarias. Through the exam of feces the infection of seven ovine was verified, however, among the examined snail, none was sponged. The existence of three autochthonal foci of F. hepatica was confirmed, all in Santa Maria's district.

KEY WORDS: Fasciola hepatica, Lymnaea columella, ovine, ruminant

INTRODUÇÃO:

A utilização de ovinos como sentinelas para a detecção de formas infectantes de parasitos na pastagem tem sido uma prática comumente descrita por diversos pesquisadores no mundo (MEEK e MORRIS, 1979; SMITH, 1981; LEMMA, 1985 e AMATO et al. 1986). Podem ser citados os trabalhos de PARR e GRAY (2000), que na Irlanda constataram a infecção de ovinos em duas propriedades com histórico de fasciolose, além de experimentos como o de CROSSLAND (1976), que constatou a existência de diferença significativa entre o número de parasitos coletados em fígados de cordeiros mantidos em pasto submetido a tratamento moluscicida em relação aos mantidos em pasto não tratado.

No que concerne a realização de levantamentos epidemiológicos para o diagnóstico da fasciolose sabe-se que a utilização de animais traçadores é útil para estimar o grau de contaminação da pastagem com metacercárias (PILE et al. 2001), identificar as épocas de maior disponibilidade destas no ambiente, além de permitir a identificação de focos autóctones da doença SUON et al. (2006).

(41)

No Brasil, a maioria dos casos de fasciolose hepática é diagnosticada em matadouros e frigoríficos fiscalizados pelos Serviços de Inspeção Sanitária (FILGUEIRA et al. 2006; GOMES et al. 2006; RABELLO et al. 2006). Levantamentos coproparasitológicos e dissecação de moluscos do gênero Lymnaea também são realizados (GOMES et al. 2002; OLIVEIRA et al. 2002), no entanto o uso de animais traçadores em propriedades rurais com esse mesmo objetivo praticamente não é observado.

Recentemente a ovinocultura foi introduzida, em muitas fazendas da região Norte e Noroeste do estado do Rio de Janeiro, como fonte complementar à bovinocultura. Talvez, este crescimento esteja associado à facilidade de adaptação que algumas raças apresentam em ambientes adversos, constituindo assim uma alternativa de renda para os produtores rurais. Entretanto, as helmintoses, são importantes fatores limitadores da criação de ruminantes que geram perdas econômicas significativas por acarretar retardo no crescimento, gastos com medicamentos, diminuição na produção e mortalidade (DAEMON e SERRA FREIRE 1992).

Sabendo disso e com base na informação do Serviço de Inspeção Estadual – (S.I.E.) quanto à possibilidade de localidades como Santa Maria e Mata da Cruz no Município de Campos dos Goytacazes, RJ serem potenciais áreas de risco na transmissão de fasciolose decidiu-se pela realização do presente trabalho que teve como objetivo confirmar à existência de focos autóctones de fasciolose nessas regiões, haja vista que até o presente somente um caso foi confirmado por GOMES et al. (2002) no município. Paralelamente procurou-se avaliar os possíveis transtornos para a criação de ovinos na região considerada.

MATERIAL E MÉTODOS

Local e período de estudo. O estudo foi realizado em quatro propriedades,

localizadas no distrito de Santa Maria, pertencentes ao município de Campos dos Goytacazes-RJ durante o período de junho de 2005 a dezembro de 2006.

Amostragem dos animais. Inicialmente doze ovinos da raça Santa Inês

foram selecionados por conveniência em uma propriedade sem histórico de fasciolose para serem utilizados como animais traçadores. Estes foram submetidos a

(42)

um período de quarentena de três meses na fazenda de origem para confirmação da ausência de parasitismo por Fasciola hepatica mediante o exame mensal de amostras fecais.

Coleta, exame de fezes e vermifugação. As amostras eram retiradas

diretamente da ampola retal dos animais, acondicionadas em caixa de isolamento térmico com gelo e encaminhadas para o setor de Clínica Médica do Laboratório de Sanidade Animal (LSA), do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), onde foram examinadas para a detecção de ovos do parasito, através da técnica dos Quatro Tamises descrita por GIRÃO e UENO (1985).

Após a constatação da ausência de parasitismo por estágios adultos de F.

hepatica durante o período de quarentena, os animais foram pesados, e em caráter

preventivo vermifugados com medicamento a base de triclabendazole na dosagem de 12mg/kg de peso vivo. Posteriormente foram separados em quatro grupos contendo três animais e cada grupo foi encaminhado para uma propriedade e introduzido no rebanho de ovinos existente. Mensalmente amostras fecais dos ovinos foram recolhidas, identificadas e levadas ao laboratório visando o encontro de ovos de F. hepatica.

Coleta e identificação de Lymnaea columella. Durante todo o período de

estudo as coleções hídricas da propriedade onde os animais bebiam água foram mensalmente vistoriadas na tentativa de encontrar o molusco hospedeiro intermediário da espécie L. columella. Estes quando encontrados foram recolhidos, contados e transportados para o laboratório segundo a técnica citada por THIENGO, (1995).

A identificação quanto ao gênero foi feita com base em aspectos da morfologia externa de concha (REY, 2002) e a identificação da espécie L. columella baseada nas descrições feitas por PARAENSE, (1983).

Exame dos moluscos: Cada molusco capturado foi colocado em placa de

Petri de 100 x 20 mm, pressionado com o auxílio de uma lâmina de vidro, e os fragmentos de concha retirados com o auxílio de uma pinça. As vísceras foram dissecadas e examinadas sob a luz de um microscópio estereoscópico, para evidenciar formas larvais de F. hepatica, conforme o descrito em trabalhos como os de SOUZA et al. (2002).

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Diagnóstico anatomopatológico. Após a constatação do parasitismo crônico

através do exame de fezes, os ovinos foram encaminhados para as dependências da UENF e mantidos presos até a data do abate que foi realizado conforme os princípios éticos postulados pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA). Na ocasião foram feitas incisões ao longo dos ductos hepáticos e biliares com auxílio de tesoura de ponta fina e os espécimes recolhidos foram contados.

Dados meteorológicos. Dados climáticos referentes ao ano de 2006 foram

obtidos do posto climatológico do campus Dr. Leonel Miranda – UFRRJ no município de Campos dos Goytacazes – RJ e confrontados com os resultados obtidos no campo.

RESULTADOS

Onze meses após o início do experimento a campo (maio) o primeiro foco autóctone foi assinalado, mediante a constatação da presença de ovos de F.

hepatica (Figura 1) em duas amostras fecais recolhidas na propriedade de nº 1

(Tabela 1). Nos meses de julho e agosto outros dois casos autóctones foram confirmados nas fazendas de número 2 e 3 respectivamente.

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Figura 1. Ovo de Fasciola hepatica encontrado em uma amostra fecal de ovino

traçador naturalmente infectado, utilizando-se a técnica de Girão e Ueno (1985). 400 x.

(45)

Moluscos do gênero Lymnaea foram encontrados em duas propriedades dentre as quatro avaliadas, entretanto, nenhum exemplar estava parasitado por formais larvais de F. hepatica (Tabela 1).

Tabela 1. Focos autóctones de Fasciola hepatica identificados mediante a

realização de esmagamento e dissecação de Lymnaea columella, exames de amostras fecais e necropsias de ovinos.

L. columella Identificação Exame Parasitos

Fazenda Coordenadas

n Parasitadas dos ovinos de fezes no fígado

1 21º 12. 36’ S 1 Não 1 Positivo 9 41º 27. 39 O 2 Positivo 8 3 Positivo * 2 21º18.60’ S 1 Não 1 Positivo 4 41º27.62’ O 2 Negativo * 3 Positivo 5

3 21º18.50’ S Nenhuma _ 1 Negativo nenhum

41º27.59’ O 2 Negativo 5

3 Negativo 6

4 21º20.08’ S Nenhuma _ 1 Negativo nenhum

41º26.84 O 2 Negativo nenhum

3 Negativo *

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O período mais propício para o diagnóstico do parasitismo correspondeu ao de menor precipitação pluviométrica tendo-se encontrado animais positivos nos meses de maio, julho e agosto nas respectivas fazendas (Figura 2).

Figura 2. Precipitação pluviométrica expressa em milímetros observada no

posto climatológico do campus Dr. Leonel Miranda da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ no município de Campos dos Goytacazes – RJ em 2006. (* meses em que se diagnosticou a

presença de Fasciola hepatica em ovinos traçadores através de exames de amostras fecais).

119 67,2 74,4 72,4 21 27,4 7,8 47,9 31,9 124,6 211,2 51,4 0 50 100 150 200 250

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Os resultados dos exames de fezes (Figura 2) e das necropsias (Figura 3) indicaram a existência de três focos de F. hepatica no distrito de Santa Maria (Tabela 1).

Figura 3. Fígado de ovino necropsiado, onde se observa a presença de Fasciola hepatica em ducto hepático aberto.

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DISCUSSÃO

A escolha da espécie ovina para a realização do presente trabalho deveu-se a necessidade de utilizar um animal sabidamente sensível ao trematoda. De acordo com SERRA FREIRE (1995), cães e gatos apresentam resistência natural a prima infecção e normalmente eliminam o parasito; ratos, coelhos, cobaios e bovinos desenvolvem imunidade a partir da infecção primária, entretanto, pequena ou nenhuma resistência é observada em camundongos, hamsters, caprinos e ovinos. Apesar da praticidade da utilização de animais sensíveis a Fasciola em experimentos de bioprova, verifica-se que poucos foram os trabalhos com esse enfoque realizados no Brasil para a espécie ovina, podendo ser citado como exemplo o experimento de PILE et al. (2001).

A explicação para tal fato pode ser encontrada em trabalhos como os de DAEMON (1989) que após analisar a relação custo benefício para o controle da fasciolose bovina em uma propriedade, identificou os animais traçadores como um dos fatores que contribuem para o encarecimento desse tipo de pesquisa. Para contornar esse problema, PILE (1991), argumentou ser o exame de moluscos capturados em propriedades suspeitas uma alternativa mais viável do ponto de vista econômico. Em contrapartida, é sabido que a identificação de rédias e cercarias a partir de moluscos infectados são passíveis de confusão com larvas de outros trematodas, sendo necessária a confirmação do diagnóstico por especialistas ou a utilização de métodos de diagnóstico como a Reação de Cadeia da Polimerase – PCR que também torna a pesquisa onerosa.

Baseado nessas questões destaca-se a vantagem do uso dos traçadores, que tornam os resultados das pesquisas mais confiáveis, já que em algumas ocasiões os campeiros não distinguem os animais nascidos na propriedade dos que são comprados, principalmente quando se trata de funcionários recém contratados e isso dificulta a identificação de focos autóctones.

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O fato dos animais utilizados nessa pesquisa não terem apresentado sintomatologia clínica evidente foi um dado surpreendente dada a susceptibilidade da espécie ovina ao trematoda (SERRA-FREIRE 1995), e os animais terem sido introduzidos em uma área considerada altamente enzoótica (FILGUEIRA RABELLO et al. 2006; GOMES et al. 2006).

A ausência de sinais clínicos pode ser explicada pela baixa carga parasitária observada após a necropsia (Tabela 1) e esta provavelmente foi o reflexo da pequena quantidade de moluscos encontrados nas propriedades 1 e 2, bem como a ausência de L. columella na propriedade 3 (Tabela 1), ou seja, a presença de poucos moluscos disponibilizou pequena quantidade de metacercárias no pasto e isso implicou em uma baixa contagem de parasitos nos fígados dos animais introduzidos nas propriedades 1 e 2.

É importante salientar que apesar dos resultados dos exames de fezes para os ovinos da propriedade 3 terem sido negativos o exame macroscópico dos fígados teve de ser realizado porque os animais foram atacados por cachorros do mato. Como os mesmos morreram foi solicitado ao proprietário que congelasse esses órgãos para que pudéssemos examiná-los tão logo fosse possível, no entanto as fezes não foram preservadas.

Outro dado importante a ser considerado na propriedade 3 é que a infecção dos traçadores, ocorreu sem a constatação da presença de L.

columella no pasto. Isso pode ser explicado pela contaminação do pasto com

metacercárias formadas antes do inicio do experimento a campo. Sabe-se que existem épocas de maior disponibilidade de moluscos na pastagem (PILE, 1991; GOMES et al. 2002; SUON et al. 2006) que liberam grande quantidade de metacercárias no pasto em períodos chuvosos (SERRA-FREIRE, 1995) e que a longevidade infectiva desse estágio evolutivo do parasito pode durar até 8 meses na faixa entre 10 e 15ºC, 4 meses na faixa de cinco ou 20ºC, dois meses a 30ºC e nove meses em temperaturas variadas (MÜLLER et al. 1999), logo a hipótese da contaminação prévia do pasto a partir de moluscos que desapareceram antes do experimento a campo não pode ser descartada.

Referências

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