MINIATURIZAÇO DE NANOMAGNETOS COM ESTADO DE
VÓRTICE UTILIZANDO-SE FERROMAGNETOS TOROIDAIS
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, omo parte das
exigên ias do Programa de
Pós-Graduação em Físi a, para
obtenção do título de Do tor
S ientiae.
VIÇOSA
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•
À omissão orientadora, por tudoo que meensinou epelo in entivo.•
Aosmeus lhos Pedro eGiulia,que me amaramsempre,mesmo om adistân ia de um paique estava quase sempre em asa, entretando distantedela.•
A minha esposa Josemeire, que mea ompanhou ( om amores e desamores) du-ranteum períodode grandes di uldadesafetivaseprossionais. Essa onquistaé nossa.
•
A minha mãe, que meapoiou emtodos osmomentos de minha vida.•
Aos meus amigos de Senhor do Bonm, que mesmo estando distantes, sei que estão tor endo pormim.•
Aos professores Sílvio e José Arnaldo, por tudo o que me ensinaram no período de nivelamento, sem o qualnão teria segurança de seguirem frenteno urso.•
AoDepartamentodeFísi adaUniversidadeFederalde Viçosa,quemedeu opor-tunidade de ingressar no urso de Pós-Graduação em Físi a Apli ada, mesmoom minha pou a formação formalnaárea.
•
Aos professores e olegasda Físi a.•
À direção doInstituto Federal de Edu ação, Ciên ia eTe nologiaBaiano, Cam-pus: Senhor doBonm, pelaoportunidade e onança.Lista de Figuras vii
Resumo viii
Abstra t ix
1 Motivação para o desenvolvimento do trabalho 1
2 Modelo teóri o 14
2.1 Breve introdução àteoria domagnetismo . . . 14
2.2 Modelo para o ál ulodaenergia . . . 20
2.3 Geometria do toro . . . 22
2.4 Conguraçõesmagnéti as estudadas. . . 25
3 Ex itações topológi as de spins no toro 27 4 Congurações de mínima energia em nanomagnetos toroidais 34 4.1 Resultados analíti os . . . 34
4.1.1 Energiade tro a . . . 34
4.1.2 Energiamagnetostáti a . . . 36
4.2 Resultados numéri ose dis ussões . . . 38
4.3 Estabilidade do vórti e na presença de um ampo magnéti o . . . 43
5 Con lusões e perspe tivas 47
A Obtenção da equação (4.2) 49
C.1 Avaliaçãoda eq. (4.3). . . 53
C.1.1 Avaliaçãodas eqs. (4.4) e (4.5) . . . 54
1.1 Imagem de uma suspensão de mi rodis os magnéti os. . . 3
1.2 Con eito de destruição de élulas de ân er via magnetome âni a. . . . 3
1.3 Prin ipais ongurações en ontradas emnanomagnetos ir ulares. . . . 4
1.4 Nanomagnetos produzidosexperimentalmente. . . 7
1.5 Estados de polarizaçãodovórti e emum nanodis o. . . 9
1.6 Representações de nanoestruturas de arbono (nanotubose nanotoros). 11 2.1 Representação esquemáti a de tiposde materiaismagnéti os. . . 17
2.2 Densidade de estadospara elétrons om spin up e down. . . 19
2.3 Aparên ia de um toro embebidonum espaço tridimensional. . . 23
2.4 Tipo mais omum de toro, o toro dotipoanel. . . 24
2.5 Algumas onguraçõesmagnéti as onsideradasneste trabalho. . . 25
3.1 Grá o daenergia em função de
R
para o aso de um vórti e notoro. . 324.1 Energia de tro a omo uma função darazão,
R/r
. . . 354.2 Representação de um toroide o o. . . 37
4.3 Energia magnetostáti a dos estados ferromagéti os aolongo de
z
exy
.. 394.4 Ilustraçõesde ongurações tipo ebola. . . 40
4.5 A energia total orrespondente aovórti e, ebola e DU
xy
(q = 1
). . . . 414.6 Diagrama de estadospara nanotoros magnéti os. . . 42
4.7 Diagramas de estado para um toroide o o. . . 42
4.8 Valores de ampomagnéti o que desestabilizamo estado vórti e. . . 45
4.9 Energia dovórti e nonanotoro para
r = 1, 2, 5, 10 e 20
nm. . . 45SANTOS,Vagson Luiz de Carvalho,D.S .,UniversidadeFederaldeViçosa,fevereiro
de
2010
. Miniaturização de nanomagnetos om estado vórti e utilizando-se ferromagnetos toroidais. Orientador: Winder Alexander deMouraMelo. Co-Orientadores: AfrânioRodriguesPereiraeDanielHeberTheodoro
Fran o.
O ál ulo da energia asso iada às ongurações de magnetização
ferromagné-ti a, vórti eeestado ebolasão expli itamente omputadospara ageometriatoroidal.
A análise dos dados revela que o vórti e apare e omo o estado mais provável,
mini-mizando a energia total em todo toroide om raio interno
r & 10 nm
, oumesmo pararaios internosmenores, segarantirmosque
R/ℓ
ex
&
1, 5
(R
é oraioexterno dotoroide eℓ
ex
é o omprimento de tro a). A possibilidade de obtermos nanomagnetos muito pequenos ontendo um estado tipo vórti e deve ter importân ia emapli açõesemló-gi a binária e/ou armazenamento de dados e em novos me anismos de apli ações em
SANTOS,VagsonLuizde Carvalho,D.S .,UniversidadeFederaldeViçosa,February,
2010
. Miniaturization of vortex- omprising system using ferromagneti nanotori. Adviser: Winder Alexander de Moura Melo. Co-Advisers: AfrânioRodrigues Pereira and Daniel HeberTheodoro Fran o.
The energeti s asso iated to the ferromagneti , vortex and onion-like
magneti-zation ongurations are expli itly omputed in the toroidal geometry. The analysis
reveals that the vortex appears to be the most prominent of su h states, minimizing
total energy in every torus with internal radius
r & 10 nm
, or even in smaller onesprovided that
R/ℓ
ex
&
1.5
(R
is the torus external radius andℓ
ex
is the ex hange length). This possibility of having very small nanomagnets omprising a vortex-typestate,mighthaveimportan einhigherdensitybinarylogi and/orstorageandinnovel
Motivação para o desenvolvimento do
trabalho
Há milhares de anos, a uriosidade humana nos levou à des oberta do
magne-tismo,e,pormuitossé ulos,o onhe imentodaspropriedadesmagnéti asdosmateriais
tem estimulado o progresso ientí o e te nológi o. Por um longo tempo o prin ipal
fo o de pesquisa estava rela ionado ao magnetismo ma ros ópi o, isto é, às
proprie-dades eapli açõesemsistemasgrandes, omo asapli açõesde magnetos embússolas,
geradorese motoreselétri os,as quaissetornaram possíveisgraçasao ampo
geomag-néti oe à habilidade de eletromagnetos e magnetos permanentes emrealizartrabalho
me âni o. Ointeresseemestudarosfenmenosmagnéti osemes alaatmi a omeçou
a partir do desenvolvimento da Me âni a Quânti a, o que nos ajudou a ompreender
a interação de tro a de origem quanto-me âni a, a interação om o ampo ristalino
e o a oplamento spin órbita relativísti o. Tais fenmenos só foram des obertos na
primeira metade do sé ulo passado, abrindo aminho para que eles fossem utilizados
em apli ações práti as e te nológi as na atualidade. Entretanto, apenas nas últimas
dé adas, ou laroqueomagnetismoemestadosólidoéumfenmenonanoestrutural.
A importân ia ientí a e te nológi a de nanoestruturas magnéti as tem três razões
prin ipais[1℄:
•
Há uma grande variedade de estruturas om propriedades físi as interessantes, desdenanomagnetosqueapare emnaturalmentenanaturezaaténano ompósitosrelativamentefá eis de produzir para apli açõesque demandam nanoestruturas
arti iais.
•
O nanomagnetismo tem aberto aminhopara te nologias ompletamentenovas.Nesse ontexto,onanomagnetismovemdespertandograndeinteresse ientí oe
te nológi o. Espera-se,dentre outras onsequên ias,inúmeraspossibilidadesde
apli a-çõesutilizandonanoestruturas,bem omo,dopontode vistafundamental,umamelhor
ompreensãodas propriedadeselementares demateriaismagnéti osestruturadosnessa
es ala de tamanho. De fato, o avanço na te nologia de fabri ação de estruturas em
es ala mi roe nanométri aabriuapossibilidadede estudarestruturas quese
ompor-tam omo sistemasmagnéti osquase unidimensionais, osquaisexibemuma variedade
de estadosmagnéti osinteressantes, ompossíveisapli açõesemelementoseletrni os.
Comoexemplo,podemos itarapli açõesemmemórialógi a,armazenamentode dados
e sensores de alta sensibilidade [2℄, mais espe i amente, a melhoria na performan e
e apa idade de dis os rígidos deverá demandar que sua própria estrutura venha a
ser omposta por arranjos de nanoelementos magnéti os [3, 4℄, os quais já têm sido
onsiderados omo onstituintes de memória de omputadores [5℄. Tal interesse tem
sido renovado e reforçado em virtude dare ente proposta de utilizar mi rodis os om
vórti es magnéti os omo estado fundamental (Fig. 1.1) em terapias anti- ân er [6℄.
Nesta proposta,háainduçãode umatritome âni odevidoaos ilaçãodosmi rodis os
medianteum ampomagnéti o apli ado om frequên iade algumasdezenas de Hertz.
Tal pro edimento pare e ativar ertos anais de ál io intra elular que desen adeia a
programação da morte da élula (apoptose) (Fig. 1.2). Frequentemente, apli ações
te nológi as de nanomagnetos são baseadas emnovosme anismos magneto-eletni os
que demandam o ontrole de estados estáveis de magnetização, omo domínios
úni- os, paredes de domínio, vórti es, et . Além disso, esses magnetos são um ex elente
laboratórioexperimental para seestudar teoremas fundamentaisem magnetostáti a e
mi romagnetismo [7,8℄.
O omportamentodos materiais magnéti os depende não apenas de sua
estru-tura mole ular, mas também da geometria e da ompetição entre as energias
mag-netostáti a, de tro a e de anisotropia. Com relação a isso, um dos teoremas mais
fundamentaissobre estruturas magnéti as é por onta devido a Brown [9, 10℄, o qual
estabele e quepor ausa da ompetiçãoentre aenergiamagnetostáti a e ade tro a, a
formação de multidomínios deveria ser suprimidapara partí ulas muito pequenas, de
magnéti os de Permalloy utilizados emexperimentos para tratamento de élulas
an- erígenas. Osdis os têm espessura da ordemde
60
nm e diâmetro∼ 1µ
m. A amostrafoi preparada viamagnetron sputtering e litograaóti a (retiradode [6℄).
Figura 1.2: Con eito de destruição de élulas de ân er via pro essos
magnetome â-ni os. Os mi rodis os são biofun ionalizados om anti orpo anti-humano-
IL13α2R
,espe i amente atingindo élulas de glioblastoma humano (uma forma agressiva de
ân erde érebro). Quandoum ampomagnéti o alternadoéapli ado,os dis os
mag-néti osos ilam, omprometendoaintegridadedamembranaeini iandoamorte elular
ir ulares. A gura da esquerda mostra, esquemati amente, o estado de vórti e no
nanodis o, aopasso queàdireita,vemosuma representaçãodoestado ebolanoplano
do dis o, o qual onsiste em uma onguração de domínio úni o om um pequeno
desviodadireçãoparalela. Ovórti eapare eemnanomagnetossu ientementegrandes
(diâmetro daordemde
90 nm
emnanodis osde Permalloy). Umoutroestadopossívelonsiste na onguração de domínio úni o perpendi ular ao plano do dis o quando a
espessura
t
do mesmoé su ientemente grande (t ≈ 1, 8R
[18℄.)Entre os possíveis estados magnéti os para nanomagnetos ir ulares, a maioria
dos trabalhos dá atenção a três deles: a onguração vórti e, onde a magnetização
forma uma estrutura de ir ulação de spins, sem pólos magnéti os; domínio úni o, o
qual apare e emnanomagnetos alongadosoumuitopequenos, sendoque osmomentos
magnéti osestão ompletamentealinhados;eoestado ebola, onsistindodeumestado
de domínioúni o om uma pequena não-uniformidade(momentosmagnéti osnão são
paralelos entre si) namagnetização próximaàs bordas domagneto (Fig. 1.3). O fato
dessas três onguraçõesseremasmaisestudadasteori amentesedeveasuaapli ação
tantoemtrabalhos experimentaisquantoemmi rosimulação. Taistrabalhos mostram
que essas são as onguraçõesque apare em ese mantêm estáveis emnanomagnetos.
Inúmerostrabalhos têmsededi ado adeterminar a onguraçãoda
magnetiza-ção que minimizaa energia em nanomagnetos. Dentre as diversas geometrias
estuda-das, as retangularese ilíndri assão aquelas que têm re ebido mais atenção, uma vez
que sua simpli idade geométri a as torna de mais fá il fabri ação e, eventualmente,
apontam quea onguração vórti e setorna o estado de menor energiaquando o raio
donanomagnetoémaiordoqueumraio ríti o
R
C
(daordemde45 nm
parao Permal-loy). Nos nanodis os, o vórti e apresenta um nú leo, o qual se forma para evitar umaumento exa erbado da energia de tro a. Dessa forma, por ausa do alto usto tanto
daenergiamagnetostáti adevidoa argasmagnéti assuper iaisquantodaenergiade
tro aasso iadaatalestrutura,essevórti etendeasedesestabilizaremnanodis os om
a redução de seu raio ou aumento daespessura [13℄. Estudos experimentaismostram
que nanodis os ir ulares de obalto (Co) e de Permalloy (Py) 1
(FeNi, na proporção
aproximada de 20% de ferroe 80%de níquel),o vórti eé estável para diâmetros
> 90
nm e espessura
< 15
nm [13, 14℄.A instabilidadedo vórti e om a redução doraio tambémé uma ara terísti a
de nanoanéis, os quais onsistem em nanodis os ilíndri os om um bura o entral.
Entretanto, apresença desse bura oimpede a formação donú leo, tornando ovórti e
uma estrutura maisestávelnessa geometria, fazendo om queodiâmetro ríti o
dimi-nua para valores da ordem de
50
nm, om espessura ríti a∼ 5 − 6
nm. Nanoanéisideais devem ter não somente um raio interno e externo bem denidos, mas também
umaespessurapequenaosu ienteparatornara onguraçãovórti eestável[15℄,uma
vez que, omoaumentodaespessura,a onguraçãoferromagnéti anadireçãodoeixo
z
, apontando perpendi ularmente ao plano do anel, torna-se energeti amente favorá-vel. Krav huk et al [16℄ mostraram, em um estudo teóri o detalhado que, quando oraiointernodonanoanel ésu ientemente grande,nãoháoapare imentode nenhuma
omponente fora do plano para o vórti e. No entanto, quando o valor desse raio
in-terno de res e, atingindo um valor ríti o, há o apare imento de uma omponente
fora do plano, a qual não é perpendi ular ao plano do anel. Quando o raio interno
é zero, esta omponente desenvolve seu valor máximo, sendo perpendi ular ao plano
do nanomagneto (ou seja, temos novamente um nanodis o sem bura o). Zhu et al.
[15℄ produziramnanoanéis ferromagnéti osassimétri os (em que obura o interno não
é entral, mas deslo ado em direção à borda) e mostraram que assim omo nanoanel
simétri os,quandoessessãomuitograndes, ovórti eéoestadoqueminimizaaenergia
1
O Permalloy, Fe
x
Ni1
−
x
; omx
∼ 15 − 25%
é um dos materiais mais utilizados na indústria magnéti a. Aspropriedadesmagnéti asdoPermalloyvêmdasua onstituiçãoquími a,umavezqueoFeeoNisãodoisdosmateriaisquesatisfazemao ritériodeStonerparaomagnetismo,oqualserá
dis utidomais adiante. Além disso, oCo,quetambémsatisfaz ao ritériode Stoner,éummaterial
externo, aspropriedades de inversão da polaridadedo nú leo do vórti e dependem da
direção do ampomagnéti o apli ado.
Beleggia et al. [18℄ obtiveram,a partir de um tratamento puramenteteóri o, o
diagramade fasesparaa onguraçãoqueminimizaaenergiaemfunçãodarazãoentre
os raios externo e interno e a espessura do nanoanel. O estado ebola foi onsiderado
numtrabalhoposteriorporLanderosetal. [19℄,noqualosautorespropuseramum
mo-deloteóri oparaessa onguração. Eles on luiramque,quandoa onguração ebola
é estável, odesvio damagnetizaçãodoestado de domínioúni oémuito pequeno, om
uma modi ação irrelevante no diagrama de fases obtido por Beleggia et al. [19, 20℄.
Ainda parao asode nanoanéis,Zhanget al. [21℄usaramomodelode análisede es ala
para onstruirumdiagramadefasesparananoanéisenanopartí ulaselípti as,obtendo
diagramas de fases que on ordam bem om aqueles obtidos experimentalmente, bem
omo, por outras té ni as numéri as.
Re entemente,ageometriaesféri atambémtemsido onsideradaeseudiagrama
de fasesforaobtido pormeio de ál ulosanalíti osesimulaçõesmi romagnéti as[22℄.
Assim omo no aso de nanoanéis e nanodis os, o vórti e torna-se um estado
instá-vel quando o raio da esfera é muito pequeno (da ordem de
35 nm
para o Permalloy),tendo neste aso, o estado ebola omo a onguração que minimiza energia. Além
de nanomagnetos ir ulares re eberem atenção, ela também tem sido dada a
nanoes-truturas retangulares, nas quais, em geral, o estado de Landau se faz presente omo
onguração fundamental [5, 23℄. Na Fig. 1.4 vemos alguns exemplos de geometrias
de nanomagnetos produzidosexperimentalmente.
Sabe-se que a energia total de um magneto om magnetização arbitrária não
é fá il de ser al ulada, mesmo assumindo-se uma geometria simples e anisotropias
muito pequenas. Com essas simpli ações, restamapenas as ontribuiçõesda energia
de tro a e magnetostáti a a serem avaliadas [8,24℄. Em geral, a energia
magnetostá-ti a é muito difí il de ser omputada devido às interações entre dipolos, as quais são
de longo al an e. Para ongurações espe iais, omo vórti es ou estados alinhados,
e/ou geometrias simples, omo aquelas sem urvatura, por exemplo, planar ou
ilín-dri a, sua avaliação é simpli adae, algumas vezes, pode ser omputada exatamente.
Para situações mais gerais, as ferramentas disponíveis nos permitem apenas realizar
aproximações, omo por exemplo, tomar o magneto omo um ontínuo (tratamento
analíti o) e/ou avaliar numeri amente para a energia [8℄. Para os asos espe í os
(b), pode-se ver nanodis os magnéti os om diâmetro da ordem de 1
µ
m. Abaixo, aesquerda vemos nanoesferas om raio da ordem de 150 nm. À direita, um arranjo de
talmente [4℄. No aso de outras geometrias, um onhe imento mais detalhado ainda
está em desenvolvimento, embora alguns trabalhos explorando outras geometrias já
venham sendo realizados om nanoesferas magnéti as [22℄, nanoos [25℄, nanotubos
[26℄ enanoanéis [27℄.
Quando pensamos em me anismos magneto-eletrni os baseados em estados
tipo vórti e, omo por exemplo aqueles para memória lógi a ou armazenamento de
dados, um assunto de grande importân ia está rela ionado à miniaturização de ada
nanomagneto e, onsequentemente, de um arranjo ontendo um grande número deles.
Já que elementos de memória baseados em transistores têm atingido omprimentos
abaixo da es ala de
100 nm
por elemento, me anismos nanomagnéti os baseados emvórti es deveriam ofere er real poten ialidade de suportar taisestados estáveisem
es- alas muito menores, isto é, em es alas no máximo em torno de
20 − 30 nm
. Dessaforma, existe um problema envolvendo nanodis os produzidos om materiais de
pe-quena anisotropia, onde a estabilidade do vórti e é perdida se o raio do dis o atinge
um valormenorque
∼ 45 nm
(valorparaodis odePermalloy omespessurade10 nm
)devido ao alto usto da energia de tro a requerido pelo nú leo do vórti e [13℄. Como
foi dito anteriormente, para remediar essa situação par ialmente, introduz-se um
bu-ra o no entrododis o, obtendo assim um nanoanel, onde um estadovórti e deve ser
estabilizado a tamanhos menores (raio externo
∼ 20 nm
, om raiointerno e espessuraem torno de
10 nm
) [18℄. Fisi amente, a presença do bura o torna desne essária aformação donú leo, diminuindoassimo usto daenergiade tro a onsideravelmentee
dando uma estabilidadeextra, mesmoaes alas menores. Entretanto, om o
desapare- imento do nú leo, perde-se imediatamente a polarização dovórti e, restando apenas
a quiralidade (sentido de rotação de dipolos, horário ou anti-horário). Além disso, a
dinâmi a de dipolos na borda pode omprometer a estabilidade do vórti e devido a
grandesutuaçõesde argasmagnéti assuper iais,
σ
mag
= ~
M · ˆn
,umavez quenesses pontoso vetor normaln
ˆ
não é bem denido (em outras palavras,a urvatura divergenas bordasdodis oedobura o). Taisutuaçõesdevemserevitadasde algumaforma,
assim omo seus efeitos minimizados. Por exemplo, se o bura o for muito grande, tal
que a largurado nanoanel seja su ientemente pequena, istoé, menor que otamanho
de uma parede de domínio,em torno do omprimentode tro a (
ℓ
ex
∼ 5 − 6 nm
, para Permalloy), garantimos que nenhum nú leo do vórti e pode ser formado no nanoanelmos asso iar a ada um desses estados um bit de informação, por exemplo, 0 ou 1
onforme o dipolo no nú leo do vórti e esteja apontando para ima ou para baixo,
respe tivamente. Além da polarização, em nanodis os há a possibilidade de ontrole
da quiralidade do vórti e, deixando-nos assim, om um elemento magneto-eletrni o
quepoderiaarmazenar doisbits de informação. Emnanoanéis, apresençadobura o
entralimpedeaformaçãodonú leo,restandoapenasaquiralidadepara,porexemplo,
ser usada omo me anismo de armazenamentode dados.
Oproblema teóri odaminimizaçãodaenergiamagnéti aé onhe ido omo
mi- romagnetismo[8,10℄, oqual onsistenuma aproximação teóri a emque o materialé
des rito omo um meio ontínuo, o que impli aque essa aproximação é válida apenas
se as dimensões do magneto são muito grandes quando omparadas ao parâmetro de
rede [8℄. O estado magnéti o do sistema é denido pelo vetor magnetização, que é
uma função daposiçãoe seu valoréassumido omo sendoaquele damagnetizaçãode
saturação
M
S
(T )
emtodos os pontos. A fundamentação teóri ado mi romagnetismo se deve a Landau e Lifshitz [28℄ e pou as soluções analíti as são onhe idas a partirdesse formalismo teóri o devido a omplexidade das equações envolvidas. Por ausa
dessadi uldade,simulaçõesmi romagnéti assetornaramumaimportanteferramenta
para investigarproblemas rela ionados om oestado que minimizaa energiatotal em
nanomagnetos. Entre os programas públi os utilizados para realizar mi rosimulações
resolvendoaequaçãodeLandau-Lifshits-Gilbert,o ódigoOOMMF[29℄temsido
utili-zadoem umagrande quantidadede trabalhos. Outros exemplosde mi rossimuladores
são Amumag [30℄, Simulmag[31℄, Magpar [32℄ eLLG [33℄ osquais têm sido utilizados
para realizar simulações e determinar, por exemplo, o estado fundamental magnéti o
para uma dada geometria. No entanto, tais mi rossimuladores não são úteis apenas
em situações estáti as e também podem ser utilizados para estudar a dinâmi a da
aproximação de es ala, a qual onsiste em um modelo de rede dis reta de momentos
magnéti os. Com o objetivo de avaliara energia total do nanomagneto, é feita a
pro-posição de uma mudança de es ala para a energia de tro a por um fator
x ≤ 1
, ouseja, tro ar
J
porxJ
na expressão para a energia total. Nesse aso, a dimensão daespessura domagnetosimuladoparaoqualopontotriplo 2
o orrepassa aser
t
′
= Ax
η
,
onde
η ≈ 0, 55
eA = 91, 1
nm, enquanto o número de átomos no ponto triplo es alaom
x
de a ordo om a relaçãoN = N
0
x
3η
, om
N
0
≈ 6, 5 × 10
7
[34, 35℄. Em alguns
trabalhos que utilizam essa té ni a, pde-se obter o diagrama de fases para sistemas
omdimensões omparáveisàquelesestudadosexperimentalmente, ujonúmerode
mo-mentos atmi os é muito grande, fazendo om que simulações omputa ionais om a
te nologia atual setornem proibitivas[34℄. De fato,emnanomagnetos om dimensões
omparáveis àquelas obtidas experimentalmente (por exemplo, nanodis os ilíndri os
om espessura
L ∼ 15 nm
e raior ∼ 100
nm), teríamos um númeroN
demolé u-las da ordem de
10
8
, e o tempo ne essário para simulações omputa ionais aumenta
onsideravelmente om esse número.
Apesar da grande quantidade de trabalhos dedi ados a estudar a estabilidade
de diferentes ongurações magnéti as, a geometria toroidal ainda permane e
prati- amente inexplorada, o que, par ialmente, deve estar asso iado ao fato de nanotoros
magnéti os ainda não terem sido produzidos experimentalmente. Outro motivo pode
ser ofatodageometria toroidalser inerentemente urva, om urvaturavariávelponto
a ponto. No entanto, essa geometria tem re ebido onsiderável atenção em outras
áreas. Por exemplo, em armadilhas para ondensados de Bose-Einstein, dentro dos
quais os átomos desenvolvem omportamento quase unidimensional sujeitos a
ondi-ções de ontorno periódi as [36, 37℄. Além disso, estruturas que se assemelham a
nanotoros já foramproduzidas através de um pro esso que envolve a redução de íons
de prata onhe ido omo ele troless [38℄. Do ponto de vista da produção de
nano-magnetos toroidais, a fabri ação de nanotoros de arbono [39℄ trouxe a possibilidade
da obtenção dessas estruturas,abrindouma novaperspe tivanessa área, uma vez que
pode haver a possibilidade de obter taisnanomagnetos viaen apsulação de um
mate-rial magnéti o dentro dos nanotoros de arbono, o que já fora obtido para nanotubos
de arbono na Ref. [40℄. Teori amente, nanotoros de arbono podem ser formados
pela junção de duas pontas de nanotubos de arbono onven ionais [41℄. Então,
as-2
Pontotriploéopontonoqualastrês onguraçõesemestudo(vórti e,domínioúni onadireção
bono. No entro e à direita, observamos a representação de nanotoros onstruídos a
partir de nanotubos ondutores e semi ondutores, respe tivamente. Abaixo,
observa-mos imagens de mi ros ópio de tunelamento eletrni o de nanotubos de arbono om
multi amadas (NCMC) preen hidos om diferentes tiposde nanoos ferromagnéti os,
exibindo um alto grau de ristalinidade nas paredes do nanotubo. (a) Nanoo de Fe
dentro de NCMC; (b) Imagem de um nanotubo de arbono preen hido o Permalloy;
( ) e (d) Imagens de um nanoo de FeCo en apsulado por um nanotubo de arbono
altamente ristalino; (d) Imagem mostrando uma ampli ação de ( ), onde o plano
(110) FeCo pode ser visto ao longo da direção (111), e apare e paralelo à G (002),
sugerindouma direçãopreferen ialde res imentodonanoodentrodotubo(retirado
de ontençãoparaapli açõesemnanobini aenanobiométri a[42℄,aen apsulaçãode
materiaismagnéti osemnanotorosde arbonopoderiaserrealizadaparaapli açõesem
magneto-eletrni a,dentre outras possibilidades. Ésabido quepara nanotoros de
ar-bono formados a partir de nanotubosmetáli os pode o orrer um fenmeno onhe ido
omo paramagnetismo gigante a temperaturas próximo de 0
K
, enquanto nanotorosformados a partir de nanotubossemi ondutores exibemum diamagnetismofra o[43℄.
Noentanto,paramagnetismogiganteéumfenmenoqueo orreapenasatemperaturas
muitobaixas, oqueimpli aquetantoosnanotorosmetáli osquantoossemi ondutores
poderiamser andidatos aen apsular materiaismagnéti os sem uma grandemudança
nas propriedadesmagnéti as donanomagnetoa temperaturas signi ativamentealtas
(temperaturaambiente). Éimportantenotarque,alémdaspropriedades ondutorasdo
nanotoro de arbono, efeitos de urvatura e desordem inuen iam no omportamento
magnéti o dessas estruturas, no entanto, taisefeitos não são muito grandes etambém
só apare emparabaixas temperaturas[41,44℄. Outraspossibilidadespara aprodução
de nanotorosmagnéti os poderia ser aen apsulação de um materialmagnéti odentro
de membranas biológi as que se assemelham a toros, as quais têm sido observadas,
porexemplo, emum grande número de proteínas envolvidas nometabolismode DNA
[45℄. Finalmente, nanotoros magnéti os poderiam ser obtidos en urvando-se nanoos
magnéti os, uja produçãotem sido reportada emdiversos trabalhos [46℄.
Além dos diversos trabalhos experimentaisque são reportados, sistemas om a
geometria toroidal têm sido, por sua vez, estudados teori amente om o objetivo de
entender algumas propriedades físi as nessa geometria. Por exemplo, a aproximação
ontínuadomodelo deHeisenberg foi usadapara obteraenergiade ex itações
topoló-gi as de spins (sólitonsevórti es)nasuperfí iedotoro [47,48℄,bem omo determinar
a onguração de mínima energia para a magnetização no nanotoro [53, 54℄. Além
disso, o poten ial eletrostáti o foi al ulado para um ondutor toroidal arregando
uma orrente azimutal [49℄. Tal poten ial fora determinado também para se estudar
fenmenos de absorção ópti a em nanopartí ulas metáli as toroidais [50, 51℄.
Retor-nandoadis ussãodosnanotorosde arbono, ál ulosteóri osbaseadosnaminimização
daenergialivrepodem determinarqualodiâmetroótimode toros onstruídosapartir
de nanotubosde arbono de paredesimples [52℄.
Dessaforma,propomosuma análiseteóri apara determinara onguraçãodos
estados estáveis em nanotoros ferromagnéti os. São onsideradas três ongurações
plano
xy
. Aenergiade adaumdessesestadosédeterminadaanaliti amenteemfunçãodos raios externo
R
e internor
do toro. O estadofundamentalé dado por aquele queminimizaasomadas ontribuiçõesdaenergiade tro aemagnetostáti aparaum dado
par (
r, R
). Parti ularmente, veri amos que a onguraçãoferromagnéti a nadireçãodoeixo
z
nãotem estabilidadeemnanomagnetos toroidais. Construimosum diagramade fases mostrando oestado esperado emfunção de (
R, r
). Tal diagramaindi aque ovórti e é uma onguração altamente estável nessa geometria para
r & 10
nm,impli- andoque,provavelmente, oestado ebolanoplanonãodeveráapare er emnanotoros
produzidosexperimentalmente om a te nologia disponívelatualmente. Umavez que
há dois estados equivalentes de vórti e asso iados om a quiralidade (sentido
horá-rio ou sentido anti-horário), temos a possibilidade de armazenar bits de informação
asso iando-se
0
e1
ataisestados, tornandoessa estruturamuitointeressante, in lusivedo ponto de vista apli ado. De fato, omo foi dito anteriormente, essa onguração
tem sido proposta omo andidata a armazenamento de dados em nú leos de
memó-ria e há trabalhos teóri os e experimentais investigando o me anismo de inversão da
quiralidade e polaridade de vórti es tanto em nanoanéis [55℄, quanto em nanodis os
ilíndri os[56℄. Desse modo,oestudodas propriedadesmagnéti asde nanotoros
ferro-magnéti ospode viraser degranderelevân ia,umavez quenanotorosapresentandoo
vórti e omo estado fundamental podem ser produzidos, e o estudo do me anismo de
inversãoda quiralidadedovórti epoderia trazera possibilidadede um novo elemento
magneto-eletrni o para armazenamento de dados. Além disso, a miniaturização de
nanoelementosmagnéti os om a onguraçãovórti e omoestadofundamental ria a
Modelo teóri o
2.1 Breve introdução à teoria do magnetismo
A palavramagnetismotem suaorigemligada aonomede uma idadedaregião
da Turquia que era ri a em minério de ferro, a Magnésia. A palavra surgiu durante
a Antiguidade e está asso iada à apa idade que fragmentos de ferro têm de serem
atraídospelamagnetita,um materialen ontrado naNatureza,de omposição quími a
Fe
3
O4
. Os fenmenos magnéti os foram os primeiros a despertar a uriosidade dohomem sobre o interior da matéria [57℄. Os primeiros relatos de experiên ias om a
magnetita são atribuídos aos gregos edatam de
800
a.C.Apesarde ter sidodes oberto muito edo,oestudodomagnetismosósetornou
mais sistemáti o no sé ulo XVII, a partir de estudos realizados pelo médi o inglês
William Gilbert. O interesse ini ial de Gilbert pelos fenmenos magnéti os
deveu-se, em parte, às renças de sua épo a, pois a reditava-se que omo um ímã poderia
interagir om alguns materiais, produziria também ertos efeitos urativos no orpo
humano [58℄. No entanto, em seu livro De Magnete Magneti isque Corporibus et de
MagnoMagneteTellure (Sobreo ímã,osCorpos Magnéti oseo Grandeímã,aTerra),
Gilbert só des reveu as propriedades magnéti as dos ímãs e apresentou sua teoria de
que a Terra se apresenta omo um grande ímã.
Durante maisde dois sé ulos atentativadohomem ementender anatureza do
magnetismofoifrustradadevidoà omplexidadedessefenmeno. Só omoadventoda
Me âni aQuânti apde-se ompreendereexpli araorigemdomagnetismo,bem omo
diversas propriedades e ara terísti asdo omportamento magnéti o dos materiais.
Osprin ipaisobjetivosdapesquisa queos ientistas têmnesse amposão a
ompreen-são das origens mi ros ópi as das propriedades magnéti as dos materiais, des oberta
de novos materiaise fenmenos, o estudo das propriedades termodinâmi as e das
ex- itações elementares dos materiaismagnéti os, bem omo odesenvolvimentode novas
apli açõeste nológi as [59℄.
Existem três quantidades importantes para a des rição do magnetismo na
ma-téria: o ampo
H
, o ampo magnéti oB
e a magnetizaçãoM
. No vá uo, o ampomagnéti o édiretamentepropor ionalao ampo
H
,ou seja,B
= µ
0
H,
(2.1)ondea onstantede propor ionalidade
µ
0
éapermeabilidademagnéti a. As quantida-desB
eH
estão rela ionados somente om a densidade de orrente elétri aJ
~
, e suasintensidades podem ser determinadasa partir daexpressão de Biot-Savart(no regime
não-relativísti o:
v/c ≪ 1
):B(~x) =
µ
0
4π
Z
J
(x
′
) × (x − x
′
)
|x − x
′
|
3
d
3
x
′
,
(2.2)onde aintegração éfeita sobre todaa região da orrente.
Na presença de um meio magnéti o,o ampomagnéti o não terá mais aforma
simples da equação (2.2), pois o meio responde à presença do ampo magnéti o om
umamagnetização
M
que ontribui tantoparaB
quantoparaH
. Dessaforma,dentrode um meio material,
B
eH
devem diferiremmagnitude edireção devido amagneti-zação
M
:B
= µ
0
(H + M).
(2.3)Se amagnetizaçãoélinearmenterela ionadaao ampo
H
,osólidoéditolinear,istoé,
M
= χH
, omχ
sendo asus etibilidademagnéti a. Nessa situação,existe umarelaçãolinear entre
B
eH
:B
= µ
0
(1 + χ)H = µ
0
µ
r
H,
(2.4)om
µ
r
= 1 + χ
sendo a permeabilidaderelativadomaterial.Mi ros opi amente, a expli ação das propriedades magnéti as adquiridas por
um orpo está asso iada à existên ia de elétrons que se movemem torno dos nú leos
dos átomos, bem omo ao momento angular intrínse o dos elétrons (spin). A
de momentosde dipolomagnéti os porunidade dovolume domaterial:
M
= lim
∆V →0
1
∆V
X
i
µ
i
.
(2.5)Podemos notar, a partir de uma análise da equação (2.5), que para haver
magnetiza-ção éne essário queexistam momentos de dipolomagnéti os
µ
i
equeestes, namédia,apontemnamesmadireção,oqueo orreseum ampomagnéti oatuarnosistemae/ou
atemperaturaforsu ientementebaixa. Experimentalmente,as urvasde
|M|
vs.|H|
ou
|B|
vs.|H|
trazeminformaçõessobreadureza magnéti a domaterial,suaanisotro-pia ristalina, o ampo de oer isividade, a magnetização remanente, et . [8, 24, 60℄.
Por outro lado, deve-se men ionar que qualquer material magneti amente ordenado
deixa de sê-lo a uma temperatura su ientemente elevada, denominada temperatura
ríti a ou temperaturade Curie
(T
c
)
.Omomentode dipolomagnéti odeumátomolivretemtrês fontesprin ipais: o
spin, omoqualoselétronssãodotados,seusmomentosangularesorbitais,eamudança
no momentoinduzidoporum ampomagnéti o apli ado[8,24, 61℄. Arelação entre o
momentode dipolomagnéti o eo momentoangular orbital
L
é dada porµ
l
= −g
l
e~
2m
L,
(2.6)e, similarmente, entre o momentomagnéti o intrínse oe ospin
S
:µ
s
= −g
s
e~
2m
S.
(2.7)Naequação(2.6),tem-searelação omomomentoangular,onde
g
l
= 1
éofatorg
orbital. Ao passo que na equação (2.7), tem-se a relação om o momento angular intrínse o, eg
s
≈ 2
é o fatorg
de spin. Momentos magnéti os interagem entre si e, omo já foi dito, om amposmagnéti os externos.EmMe âni aQuânti aomomentomagnéti o
~µ
de umátomo estádiretamenterela ionado ao seu momento angulartotal
J
= L + S
,seguindo arelação:µ = gµ
B
J
~
,
(2.8)onde
µ
B
= e~/2m
é uma unidade usual de momento magnéti o, hamada magnetonde Bohr,
m
é a massa doelétroneg
é ofator de Landé, dado por:g = 1 +
J(J + 1) + S(S + 1) − L(L + 1)
tentes nanatureza. A)Paramagnéti o;B)Ferromagnéti o; C) Antiferromagnéti o;D)
Ferrimagnéti o.
Os materiais magnéti os podem ser lassi ados de a ordo om sua resposta
à apli ação de ampos magnéti os, e tal resposta pode ser quanti ada através da
sus etibilidademagnéti a
χ
. Ostiposde materiaismais onhe idos são (Fig. 2.1):•
Diamagnéti os, uja sus etibilidadetem valorpequeno e énegativa.•
Paramagnéti os,quesão ara terizadosporumasus etibilidadepositivaquevaria linearmente om oinverso datemperatura.•
Ferromagnéti os, que têm uma ordem magnéti a espontânea abaixo de uma de-terminada temperatura ríti ae tambémtêm uma dependên ia lineardeχ
om1/T
a ima dessa temperatura. Além disso, mi ros opi amente, o arranjo dos momentos magnéti os é paralelo e, ma ros opi amente, obtemosM 6= 0
~
paraT < T
C
.•
Ferrimagnéti os, queembora apresentem uma magnetizaçãoespontânea não são lassi ados omo ferromagnetos, pois, ao ontrário do ferromagnetismo, oar-ranjodos momentos magnéti os emsítios vizinhos é antiparalelo. A
magnetiza-ção espontânea de orre dofato damagnitudedos momentosantiparalelosserem
tornando-se paramagnéti os.
•
Antiferromagnéti os,que se ara terizam pela ausên ia de magnetização espon-tânea, não devendo ser onfundido, no entanto, om o aso paramagnéti o. Atemperaturaabaixo daqual um materialparamagnéti osetorna
atiferromagné-ti o denomina-setemperaturade Néel
(T
N
)
.Quando um ampo magnéti o externo é apli ado sobre um material
paramag-néti o, há o res imento do número de elétrons que apontam na direção do ampo,
dando origem a uma magnetização diferente de zero para o material. Em nível
at-mi o, oferromagnetismopodeser expli adopelapresençadeelétronsdesemparelhados
em uma das sub-bandas atmi as, que o orre mesmo na ausên ia de um ampo
ex-terno. Tal desemparelhamento pode ser expli ado, aproximadamente, por uma teoria
de ampomédio,naqual osmomentos atmi ossão inuen iadosporum ampo
λM
,o qualé ausado portodos osoutroselétrons. Poroutrolado, oelétronémagnetizado
poresse ampomédio,aumentando assim, aresultantedamagnetização,que, porsua
vez, aumenta o ampo médio, o qual inuen ia outros momentosmagnéti os e assim
su essivamente. Tomandobase nofatode queanaturezatentaminimizaraenergiade
um sistema, temos que olhar se é possível de res er a energia de um sistema aso ele
se torne ferromagnéti osem aapli açãode um ampo externo.
Essa situação pode ser idealizada se nós passarmos alguns elétrons om spin
down para a sub-banda da superfí ie de Fermi na qual am os elétrons de spin up.
Dessa forma, os elétrons om spin down om energias entre
E
F
− δE
eE
F
devem integrar a banda de spin up om energias entreE
F
+ δE
eE
F
(Ver Fig. 2.2). Nesseaso, o número de elétrons movidos é
1
2
g(E
F
)δE
e o res imento na energia inéti a será então [24℄:∆E
cin
=
1
2
g(E
F
)(δE)
2
.
(2.10)Dessa forma, vemos que essa situação não pare e favorável uma vez que há um
res- imento de energia inéti a. Entretanto, esse aumento pode ser ompensado por um
de rés imo na energia de tro a da magnetização om o ampo mole ular. Ou seja,
om a polarizaçãoespontânea, os números de elétrons up e down são dados,
respe ti-vamente, por:
n
↑
=
1
2
n +
1
2
g(E
F
)δE
(2.11)n
↓
=
1
2
n −
1
2
g(E
F
)δE,
(2.12)deslo amentoespontâneo de spin sem aapli açãode um ampomagnéti o externo.
sendo
n
o número de elétrons no nível de Fermi no aso paramagnéti o. Como adaelétron arrega momento igual a 1 magneton de Bohr (
µ
B
), a magnetização pode ser es rita omo:M = µ
B
(n
↑
− n
↓
)
(2.13)ea energia poten ialouenergia de ampomole ularé dada por:
∆E
pot
= −
1
2
µ
0
M · λM = −
1
2
µ
0
λM
2
= −
1
2
µ
0
µ
2
B
λ(n
↑
− n
↓
)
2
.
(2.14) DenindoU = µ
0
µ
2
B
λ
, temos:∆E
pot
= −
1
2
U · [g(E
F
)δE]
2
(2.15)ea variação naenergia total será de:
∆E = ∆E
cin
+ ∆E
pot
=
1
2
g(E
F
)(δE)
2
[1 − U · g(E
F
)].
(2.16)Dessaforma, amagnetizaçãoespontânea é dada para
∆E < 0
, ouseja:quími os onhe idos, apenas o Fe, Co e Ni satisfazem a esse ritério, sendo, dessa
forma, ferromagnéti os.
2.2 Modelo para o ál ulo da energia
Tendosido dadaumabreveexpli açãoparaofenmenoferromagnéti onos
ma-teriais, dis utiremos um pou o a respeito das ontribuições de energia para sistemas
magnéti os. Adotaremos aqui uma aproximação ontínua, na qual a granulosidade
atmi a não élevada em onta eas dimensões onsideradas são muito maiores doque
o parâmetro de rede (distân ia intermole ular,
∼ 3 A
o, tipi amente). Nesse tipo de
aproximação,omagnetoédes ritoemtermosde umafunção daposiçãonointeriordo
objeto,o vetor magnetização,denido naEq. (2.5). A função quedenea
magnetiza-ção é onsiderada omotendoomesmomóduloemtodos ospontosdentrodomagneto
(
M
S
), variando apenas sua direção. Nesse aso, a energia domagneto, na ausên ia de ampo externo, é dada pela soma de três termos orrespondentes às ontribuições daenergia magnetostáti a (
E
mag ), da energia de tro a (E
ex ) e de anisotropias (E
ani ). Aompetiçãodessestermospodelevaraoapare imentodeestruturasbem onhe idasem
magnetismo,tais omoparedes dedomínio, onguraçõestipovórti e,paredesdeNeél,
et . Nesse tipode aproximação,oestadofundamentaldamagnetizaçãoédeterminado
pela minimização da energia total. Neste trabalho, onsideraremos que a anisotropia
é muito pequena,podendo ser negligen iadano mputo daenergiatotal. Tal
aproxi-mação érazoável para nanomagnetos queapresentam uma orientação aleatóriade sua
estrutura ristalina, omo o Permalloy (neste aso, dizemos que, ma ros opi amente,
o magnetoé isotrópi o). Dessaforma, aenergia total de ada onguração magnéti a
é dada por:
E
tot= E
ex+ E
mag.
(2.18)
A ontribuição magnetostáti a para a energia é a interação da distribuição da
magnetização om o ampo riado pela própria distribuição, isto é, vem da interação
dipolo-dipolo. O ampo gerado por
M(r)
pode ser denido diretamente a partir dasequações de Maxwell. Quando não há densidade de orrente livre,
j
= 0
, temos∇ ×
H
(r) = 0
,o que impli aque o ampo magnetostáti o gerado por argas volumétri as,ρ = ∇ · M(r)
, e super iais, oriundas da omponente deM(r)
normal à superfí ie,onhe ida omo poten ial magnetostáti o, ou seja,
H
(r) = −∇Φ(r)
. Já da relaçãodeGauss,
∇ · B = 0
, ondeB
= µ
0
H
+ M
, on luimos que:∇ · H = −
µ
1
0
∇ · M ⇒ ∇
2
Φ =
1
µ
0
∇ · M.
(2.19)
Umavezqueestamoslidando omummagnetotoroidalnito,temosque
M
= 0
noespaço livrefora doobjeto,então aEq. (2.19) pode ser aí es rita omo:
∇
2
Φ
out= 0,
(2.20)
que é a equação de Lapla e. As ondições de ontorno são obtidas do fato de que no
ontorno do material a omponente de
H
paralelo à superfí ie e a omponente deB
perpendi ular à superfí ie são ontínuas:
(
Φ
in= Φ
out∂Φ
in∂n
−
∂Φ
out∂n
= M · n
(2.21)onde
n
é o vetor normal à superfí ie. A solução formal para o onjunto de equaçõesa ima pode ser es rita naforma:
Φ(r) = −
M
4π
S
Z
V
′
∇
′
· m(r
′
)
|r − r
′
|
dv
′
+
M
S
4π
Z
S
′
n
′
· m(r
′
)
|r − r
′
|
da
′
,
(2.22)om
m
≡ M(r)/M
S
eS
(V
) sendo a área (volume) do magneto. Uma vez que opoten ialmagnetostáti o foi determinado,a energia magnetostáti a édada por:
E
mag=
µ
0
M
S
2
Z
V
m
(r) · ∇Φ(r)dv > 0.
(2.23)A energia magnetostáti a é de natureza lássi a e não lo al, de onde vemos
que essa grandeza é obtida através da integração dupla sobre o mesmo volume,
tor-nandoesse termoparaaenergiadiferentedaquelereferente àenergiadetro aosquais
são lo ais, envolvendo uma integração no volume de uma densidade de energia. Esta
propriedade está asso iada ao aspe to de longo al an e das forças de interação entre
dipolos. Dessa forma,é muito difí il al ular aenergia magnetostáti a para uma
geo-metriaarbitrária. Paraumadis ussãomais ompletaa er adaenergiamagnetostáti a,
reportamoso leitoràs Refs. [8,24℄.
O outro termo que será levado em onta para determinar a energia total do
nanotoro magnéti o é a energia de tro a, que é de urto al an e e de natureza lo al.
Sua origem não tem análogo lássi o e vem da sobreposição de funções de onda em
entre momentosmagnéti osvizinhoseespera-sequeestessejamsemprepequenos,uma
vez quea urtasdistân ias, as forças de tro asão muito intensas. Dessa forma,temos
que, parapequenosângulos,a energiade tro apode ser es rita, apartirdomodelo de
Heisenberg, omo:
E
ex
disc
= −J
X
ij
S
i
· S
j
= −JS
2
X
ij
cos φ
i,j
≈ JS
2
X
ij
φ
2
i,j
,
(2.24)onde
J
é a onstante de tro a do material eS
é o vetor (no espaço interno) de spin.Na Equação a ima, foi feita a subtração do termo que onta para a energia na qual
todos os spins estão alinhados, o qual é o estado fundamental (de tro a) ou estado
ferromagnéti o. Para ângulos muito pequenos, e após alguma manipulação algébri a
[8℄, temosqueomodelode Heisenberga imades ritonos levaaaproximação ontínua,
o qual, tantono volume do magnetoquanto nas variáveis de magnetização/spin toma
a formado modelo
σ
-não linear:E
ex= A
Z
v
~
∇m
x
2
+
~
∇m
y
2
+
~
∇m
z
2
dv.
(2.25) ondeA =
2JS
2
a
c
, oma
sendo o parâmetro de rede do material ec = 1, 2
ou4
para uma rede úbi asimples, úbi ade orpo entrado ou úbi ade fa e entrada,respe -tivamente. Conforme
A < 0
ouA > 0
, a equação a ima des reve um sistema ferroou antiferromagnéti o, respe tivamente. Aqui,
m = (m
~
x
, m
y
, m
z
)
é o vetor de spin lássi o (supostamente des revendo a magnetização unitária,m = ~
~
M/M
S
) valorado numa esfera unitária (espaço interno). Para a maioria dos asos de interesse práti o,a Eq. (2.25) pode ser tomada omo uma boa aproximação. A onstante
A
é tomadaentão omoum dos parâmetrosfísi osdo material, ujovaloré obtidopara ajustar os
resultados dateoria àqueles obtidosexperimentalmente.
2.3 Geometria do toro
Nosso objetivo éestudar o modelo des ritoa ima na geometria dotoro, a qual
onsistenuma superfí ie urva om umavariaçãosuaveemsua urvatura. Otoromais
simpleséaquele possuindoumbura oe,noespaçotridimensional,seassemelhaauma
rosquinha (veja Fig.2.3). Dependendo dos tamanhos relativos de
R
(raio externo) eesquerda para a direita, vemos o toro do tipo anel, o horn torus e o toro om auto
interseção no eixo
z
.orrespondeaotorodotipoanel,
R = r
orrespondeaumhorntorus 1oqualétangente
a si mesmo noponto
(0, 0, 0)
,eR < r
orresponde a um toro om auto-interseção noeixo
z
(ilustrações são apresentadas na Fig. 2.3). Aqui onsideraremos apenas o asodo toro do tipo anel, uma vez que este é o mais fa tíveldo ponto de vista físi o (Ver
Fig. 2.4).
Dentre os inúmerossistemas de oordenadas possíveis, dois deles são mais
on-venientes para des rever o toro no espaço: oordenadas tipo-esféri as, nas quais as
equações paramétri aspara um ponto
~r
lo alizadono torosão:x = (R + rsenθ) cos φ, y = (R + rsenθ)senφ
ez = r cos θ
(2.26)onde
r ∈ [0, a]
,θ ∈ [0, 2π]
eφ ∈ [0, 2π]
. O operador gradientee o elemento de volumenesse sistema de oordenadas são fa ilmente al ulados. Esse sistema de oordenadas
érepresentado na Fig. 2.4.
Ooutrosistema onvenienteé onhe ido omosistemade oordenadas toroidal,
(
α, β, ϕ
). Talsistema de oordenadas éobtidopelarotaçãodosistemade oordenadasbipolarbidimensionalsobre um eixo separando seus fo os e édenido por:
x = b
senhα cos ϕ
cosh α − cos β
,
y = b
senhαsenϕ
cosh α − cos β
,
z = b
senβ
cosh α − cos β
,
(2.27)onde
b
é uma onstante que dá o raio de um ír ulo no planoz = 0
, des rito porα → ∞
(isto é, quandoα → ∞
nós obtemosx = b cos ϕ
,y = bsenϕ
ez = 0
). Os1
Atraduçãoparaoportuguêsdapalavrahorné hifre,dessa forma,manteremosanomen latura
R
r
x
z
φ
θ
Figura 2.4: Tipo mais omum de toro, o toro do tipo anel, e um possível sistema de
oordenadas sobre ele,
(θ, φ) ∈ [0, 2π]
. Os parâmetrosr
eR
são os raios interno eexterno do toro, respe tivamente.
valores assumidos pelas variáveis no sistema de oordenadas toroidalsão
0 6 α < ∞
,0 6 β 6 2π
e0 6 ϕ 6 2π
. emtermos deR
er
, temosque, nasuperfí iedo toro:b =
p(R + r)(R − r), cosh α
0
=
R
r
,
(2.28)o que permite a interpretação de
b
eα
0
omo raio geométri o e o ângulo ex êntri o, respe tivamente (veja [48, 54℄ e referên ias itadas neles). Em ontrapartida, temosque
R = b tanh α
er = bsenhα
,bem omoφ = ϕ
.Algumas relações nesse sistema de oordenadas que serão importantes na
dis- ussãodesse trabalhosão aquelasentre vetores unitáriosCartesianos(
x, y, z
)evetoresunitários toroidais(
α, ˆ
ˆ
β, ˆ
ϕ
):ˆ
α =
1 − cosh α cos β
cosh α − cos β
R
−
senhαsenβ
cosh α − cos β
z,
(2.29)ˆ
β = −
senhαsenβ
cosh α − cos β
R
−
1 − cosh α cos β
cosh α − cos β
z,
(2.30)ˆ
ϕ = (−xsenϕ + y cos ϕ),
(2.31)onde
R
= x cos ϕ + ysenϕ
. Umasimples substituição de valores deϕ
eβ
mostra queˆ
α
é um vetor unitário perpendi ular à superfí ie e apontando para o interior dotoro. Dessa forma, assumiremos quen
= −ˆ
α
é o vetor normal à superfí ie. Ao ontráriodo primeiro sistema de oordenadas, o operador gradiente aqui não é tão fa ilmente
obtido, e lê-se:
∇ =
cosh α − cos β
b
ˆ
α
∂
∂α
+ ˆ
β
∂
∂β
+
ˆ
ϕ
senhα
∂
∂ϕ
.
(2.32)a direita, podem-se ver as ongurações de domínio úni o (ao longo da direção
z
),o vórti e, ferromagnéti o e ebola ( om
q = 7
; ver o texto para maiores detalhes),respe tivamente(as últimastrês, om os dipolosaolongo doplano
xy
).Finalmente, odo elementode volume é dado por:
dv =
b
3
senhα
(cosh α − cos β)
3
dαdβdϕ.
(2.33)2.4 Congurações magnéti as estudadas
Aqui,queremosdeterminare ompararaenergiadetrêsdiferentes ongurações
para ovetor de magnetização: o estado vórti e (
V
), oestado ferromagnéti o (domínioúni o)na direçãodoeixo
z
(F
z
) e oestado ebola(O
)no planoxy
(verFig. 2.5). No intuito de ontinuar nossos ál ulos, é ne essário espe i ar a funçãom(r)
referentea ada uma dessas ongurações. Para o aso ferromagnéti o na direção do eixo
z
,temos
m
F
z
= z
, enquanto a onguração de domínio úni o na direção do planoxy
é um aso espe ial do estado ebola e pode ser dado porm
F
xy
= x
. O estado vórti e érepresentado por
m
V
= ˆ
ϕ
,ondeϕ
ˆ
éovetorazimutalunitárionoplanoxy
. Finalmente, a onguração ebolaserá dada pelomodelo proposto por Landeros et al [19℄, onde ovetor de magnetizaçãoé des ritopor:
m
O
= m
r
(ϕ)R + m
ϕ
(ϕ) ˆ
ϕ,
(2.34)onde asexpressõespara as omponentes reduzidas
m
r
em
ϕ
da magnetizaçãosão:m
r
(ϕ) =
f (ϕ),
0 < ϕ < π/2
−f(π − ϕ),
π/2 < ϕ < π
−f(ϕ − π), π < ϕ < 3π/2
f (2π − ϕ), 3π/2 < ϕ < 2π
(2.35)m
ϕ
(ϕ) =
−p1 − f
2
(ϕ),
0 < ϕ < π/2
−p1 − f
2
(π − ϕ),
π/2 < ϕ < π
p1 − f
2
(ϕ − π),
π < ϕ < 3π/2
p1 − f
2
(2π − ϕ), 3π/2 < ϕ < 2π,
(2.36)onde
f
é uma função limitadatal que−1 ≤ f(ϕ) ≤ 1
. Na Ref. ([19℄)foi sugerido quea função
f
pode ser daforma:f (q, ϕ) = cos
q
ϕ,
(2.37)onde
q ≥ 1 ∈ R
. Ovalordeq
deveseres olhidodeformaqueaenergiada onguraçãopara adapar(
r, R
)éminimizado,oquea onte equando∂E/∂q = 0
. Omodeloa imapermiteumatransição ontínuada onguraçãode domínioúni o nadireçãodoplano
xy
(q = 1
)paraoestado ebola(q > 1
). Odesviodo asoferromagnéti osetornamaispronun iadoàmedidaqueovalorde
q
aumenta. Este modelofoiutilizadopreviamenteparadeterminaraenergiadoestadofundamentalnonanoanel[19℄enananoesfera[22℄.
Apesar da onguração ebola ser oestado real de magnetização, já foi demonstrado,
para o aso de nanoanéis [18, 19℄ e nanoesferas [22℄, que o desvio da direção paralela
( onguração de domínio úni o) é muito pequeno, isto é,
q ≈ 1
dentro dos limitesnos quaisa onguração ebolaé estável, de formaque, nesses asos, pode-se tomar o
estado ferromagnéti onoplanopara realizaraanálise doproblemade minimizaçãode
Ex itações topológi as de spins no
toro
Nesta seção, estudaremos ex itações de aráter topológi o da energia de tro a
na superfí ie do toro, isto é, estaremos analisando o modelo de Heisenberg em duas
dimensões. Na seçãoanterior, mostramos que,numa aproximação ontínua, a energia
de tro ade um magneto pode ser determinada a partir dolimite ontínuo do modelo
de Heisenberg, Eq. (2.25). No entanto, partindo do ponto de vista de teoria de
am-pos apli ada a um espaço urvo, tal termo de energia pode ser es rito de uma forma
ligeiramentediferente, nointuito de mostrarmos que o vórti e apare e omo uma das
ex itações sobre o estado fundamental daenergia de tro a, isto é, o estado
ferromag-néti o. Dessa forma, podemos tomar a Eq. (2.25) e rees revê-la, em duas dimensões,
noformalismode teoria de ampos, omo aHamiltoniana:
H
1
= J
Z
Z
2
X
i,j=1
3
X
a,b=1
g
ij
h
ab
∂S
a
∂η
i
∂S
b
∂η
j
p|g|dη
1
dη
2
,
(3.1)onde
η
1
eη
2
são as oordenadas urvilíneasdasuperfí ie, além disso,S
= (S
x
, S
y
, S
z
) ≡ (senΘ cos Φ, senΘsenΦ, cos Θ)
éo ampovetorialde spin lássi oavaliadonumaesfera unitária(espaçointerno),logo
Θ = Θ(η
1
, η
2
)
eΦ = Φ(η
1
, η
2
)
,g
ij
e
h
ab
são elementos da métri a do espaço físi o e do espaço interno (esfera de spins), respe tivamente ep|g| = p|det[g
ij
]|
. Quando apli amosomodeloa imaaosistemade oordenadasdadopelaequação(2.26),usandooordenadas artesianas,de formaque
h
ab
= δ
ab
, aHamiltoniana(3.1) toma aforma:H = J
Z
π
−π
Z
2π
0
(
r
R + rsenθ
∂S
x
∂φ
2
+
∂S
y
∂φ
2
+
∂S
z
∂φ
2
+
+
R + rsenθ
r
∂S
x
∂θ
2
+
∂S
y
∂θ
2
+
∂S
z
∂θ
2
)
dφdθ.
(3.2)Tomando agora a representação de
S
emtermos deΘ
eΦ
( oordenadasesféri- as), obtemos:
H = J
Z
π
−π
Z
2π
0
(
r
R + rsenθ
(∂
φ
Θ)
2
+ sen
2
Θ (∂
φ
Φ)
2
+
+
R + rsenθ
r
(∂
θ
Θ)
2
+ sen
2
Θ (∂
θ
Φ)
2
)
dφdθ,
(3.3) onde adotamos∂
θ
≡
∂
∂θ
e∂
φ
≡
∂
∂φ
.Agora, podemosdeterminarasequaçõesde movimentoreferentes a(3.3). Essas
expressõessãoobtidasapartirdodesenvolvimentodaequaçãodeEuler-Lagrange para
ampos. Adotaremos aqui aforma omo elaé denida na referên ia[62℄, ou seja,
∂L
∂ϕ
−
∂
∂x
µ
∂L
∂(∂
µ
ϕ)
= 0,
(3.4) Aqui,x
µ
= (x
1
, x
2
) = (φ, θ)
e adotamos a onvenção de Einstein na qual índi es
repetidos (um ovariante eoutro ontravariante) representam somas.
Como estamospro urando porsoluçõesestáti as, o papeldesempenhadopor
L
em(3.4)éassumidopeladensidade daHamiltoniana,
h
,porém om sinalnegativo,ouseja:
H =
X
π(q, ˙q) ˙q − L ⇒ H = −L,
onde
q
,π(q, ˙q)
,H
eL
são, respe tivamente, a oordenada anni a, o momentoon-jugado, a Hamiltoniana e a Lagrangiana do sistema. A densidade da Hamiltoniana
para o nosso aso é dada por:
h =
(
r
R + rsenθ
(∂
φ
Θ)
2
+ sen
2
Θ (∂
φ
Φ)
2
+
+
R + rsenθ
r
(∂
θ
Θ)
2
+ sen
2
Θ (∂
θ
Φ)
2
)
.
(3.5)∂h
∂Θ
−
∂
∂φ
∂h
∂(∂
φ
Θ)
−
∂θ
∂
∂h
∂(∂
θ
Θ)
= 0.
(3.6)Logo, realizando asdevidas operações, hegamos àseguinterelação:
senΘ cos Θ
(
r
R + rsenθ
(∂
φ
Φ)
2
+
R + rsenθ
r
λ (∂
θ
Θ)
2
+ (∂
θ
Φ)
2
)
=
cos θ (∂
θ
Θ) +
R + rsenθ
r
∂
2
θ
Θ +
r
R + rsenθ
∂
2
φ
Θ.
(3.7)Analogamente, obtem-se a equação:
cos θsen
2
Θ∂
θ
Φ +
R + rsenθ
r
∂
θ
sen
2
Θ∂
θ
Φ +
r
R + rsenθ
∂
φ
sen
2
Θ∂
φ
Φ = 0.
(3.8)Apesardosistemade oordenadasdadopor(2.27)possuirsoluçõesmaissimples
para omodelo adotado, iremostrabalhar om o sistema (2.26). A razão dessa es olha
sedeveaofatodequeessasexpressõesseassemelhamasuas omponentesparaos asos
planar,esféri ooupseudo-esféri o. Ou seja,se
R + rsenθ
foridenti ado omr
,R
senθ
ou
̺τ
, enquantoφ
mantém seu papel de ângulo azimultal, aquela expressão re uperaosseusanálogosplanar,esféri ooupseudo-esféri o[63,64℄(aqui,
r
= |~r|
respondepeladistân iaradialem oordenadaspolares,
R
éoraioem oordenadas esféri asenquanto̺τ
respondepeladistân iamedidaaolongode uma geodési anapseudo-esfera,istoé, uma hipérbole).Para al ançarnossos objetivos, ouseja, en ontrar ex itações de aráter
topoló-gi o na superfí iedo toro, onsideraremos as soluções onnadas ao plano XY. Como
estaremos lidando om soluções estáti as, apenas a variável de spin
Φ
terá dinâmi a(espa ial) enquanto
Θ
permane erá onstante, de forma que tomaremosΘ = π/2
.Então, a Hamiltoniana(3.3)para este sistema passa a ser es rita omo:
H
RP
= J
Z
π
−π
Z
2π
0
r
R + rsenθ
(∂
φ
Φ)
2
+
R + rsenθ
r
(∂
θ
Φ)
2
dφdθ.
(3.9)Assumindoqueexistam soluçõesnão-triviais( aso ferromagnéti o) om simetria
ilín-dri a em
Φ
,isto é,Φ = Φ(φ)
, temos, daequação (3.9), que:H
RP
= J
Z
Z
r
R + rsenθ
(∂
φ
Φ)
2
dφdθ.
(3.10) então:∂
φ
2
Φ = 0,
(3.11)Φ(φ) = κφ + φ
0
,
κ ∈ Z,
(3.12)aqual,quandotomamos
φ
0
= π/2
eκ = 1
,obtemosaexpressãodenidaanteriormentepara a onguraçãovórti e,istoé,
m
V
= ˆ
ϕ
. Aqui,κ
éa argadovórti e(vorti idade), enquantoφ
0
é uma onstante de integração, quenão ontribui para a energia,apenas para seu aspe to global. A arga é formalmentedenida, nolimite ontínuo, omo:κ =
1
2π
I
C
(∇Φ) · dl.
(3.13)
Podemosagora al ularaenergiade tro aasso iadaàex itaçãotipovórti ena
super-fí iedotoro, tomandoasoluçãodadaem(3.12)esubstituindonaHamiltoniana(3.10),
en ontrando,no aso dotoro do tipoanel
(R > r)
:E
vφ
= 4π
2
Jκ
2
r
√
R
2
− r
2
,
(3.14)donde se nota que, diferentemente dos asos, esféri o, planar ou pseudo-esféri o, a
energiadovórti e notoro dotipoanelnão apresentadivergên iasespúrias, geralmente
asso iadas ao entro do vórti e, onde a aproximação ontínua não é, muitas vezes,
apropriada. Emoutras palavras, o genus (bura o interno do toro) é um regularizador
natural para a onguração vórti e no toro do tipo anel, não permitindo que essa
ex itação possa apresentar um aroçosingular. Nos outros asos (
R = r
ouR < r
), éne essário introduzirum ortepara impedirasdivergên ias nonú leodovórti e. Para
maiores detalhes sobre tal pro edimento,oleitor é remetidoàsreferên ias [63, 64℄.
Analisandoolimiteonde
R → ∞
,tem-sequeaenergiadovórti eseanula. Esseresultado éesperado,uma vez queneste limite,efetivamente, estamoslidando omum
vórti e num anel innito (não um plano innito) om raios interno e externo dados,
respe tivamente, por
R − πr
eR + πr
. Alternativamente,tambémpodemospensarquenesselimiteovórti eélevadoàsuperfí iedeum ilindroinnito,aolongodoeixode
si-metria. Nesse aso, osspins apare emprati amenteparalelos(no asoferromagnéti o)
uns aos outros, de tal formaque ao invés de um vórti e, temos o estado fundamental
de tro a, uja energia normalizada se anula. Isto poderia sugerir, a prin ípio, que a
onguraçãoem questão seria oestadofundamentaldoferromagnetopara asuperfí ie
do toro. Entretanto vemos que existe uma arga topológi a mesmo neste limite, o
que não o orre para o estado fundamental de um ferromagneto ilíndri o,de onde se