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PREÇOS CONTINUAM ALTOS, OFERTAS RESTRITAS, MAS AVANÇA A ESTRUTURAÇÃO DO SETOR

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PREÇOS CONTINUAM ALTOS, OFERTAS RESTRITAS, MAS AVANÇA A ESTRUTURAÇÃO DO SETOR

Análise dos mercados de raiz e fécula de mandioca em 2004

Lucilio Rogerio Aparecido Alves1 Fábio Isaias Felipe2

1. Panorama Geral

Neste ano, o setor mandioqueiro deu passos importantes para sua profissionalização. Uma iniciativa que se destaca é a consolidação de parcerias entre fecularias, agricultores e consumidores da fécula. A oferta de raiz para a indústria, no entanto, ainda não foi suficiente para atender plenamente à demanda das empresas processadoras. Como resposta a esta situação que persiste há alguns anos, os preços têm aumentado e motivado a expansão da área plantada. Em 2004, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) a área de mandioca aumentou 7,55%, enquanto a produção teve acréscimo de 8,38%. Através da Tabela 1, podem ser observadas as variações na área plantada e na produção do Brasil. Entre os principais estados produtores de raiz estão o Paraná, São Paulo e Bahia.

Durante o ano de 2004, foram tomadas várias iniciativas de governos, associações de classes, produtores e indústrias com intuito de alavancar a cultura da mandioca. Foram lançadas as câmaras setoriais de nível nacional e estadual. A Abam (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca) realizou a segunda edição dos seminários sobre a cultura da mandioca, evento que teve como objetivos destacar o setor e apresentar novidades aos produtores rurais.

Além disso, a entidade firmou parceria com o Cepea para o desenvolvimento de pesquisas sobre os mercados tanto da raiz quanto da fécula com o objetivo de aumentar a transparência de preços entre os agentes, ação importante para o planejamento e conseqüente profissionalização do setor.

1 Doutorando em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) e

Pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). lualves@esalq.usp.br

2 Pesquisador do Cepea e graduando em Ciências Econômicas pelo Instituto Superior de Ciências Aplicadas

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Produtores e feculeiros também definiram em conjunto, sob iniciativa da Abam, os “preços mínimos” que as indústrias produtoras de fécula estavam disposta a pagar para efetivar contratos antecipados de comercialização. Essa iniciativa objetiva garantir, ao agricultor, preço e entrega de sua produção e, à indústria, abastecimento constante de matéria-prima.

Tabela 1. Produção e produtividade de mandioca Nacional e Estadual em 2002/2003 e 2003/2004

Área plantada (hectares) Produção (toneladas)

Estados 2002/2003 2003/2004 Variação 2002/2003 2003/2004 Variação Brasil 1.645.720 1.773.267 7,75% 22.146.801 24.038.887 8,54%

Pará 292.640 298.400 1,97% 4.468.659 4.324.022 -3,24%

Bahia 330.614 335.786 1,56% 3.908.276 4.201.587 7,50%

Paraná 110.672 163.775 47,98% 2.351.171 3.209.990 36,53% Maranhão 164.617 172.937 5,05% 1.241.660 1.274.097 2,61% Rio Grande do Sul 88.911 88.187 -0,81% 1.315.217 1.232.927 -6,26% São Paulo 36.690 43.800 19,38% 864.230 1.086.400 25,71% Minas Gerais 60.638 58.915 -2,84% 850.592 884.991 4,04%

Amazonas 83.754 82.804 -1,13% 804.944 795.819 -1,13%

Ceará 82.054 81.619 -0,53% 857.880 759.100 -11,51%

Santa Catarina 28.417 32.260 13,52% 538.930 593.000 10,03% Rio Grande do Norte 37.193 52.803 41,97% 385.812 591.675 53,36% Mato Grosso 25.758 37.341 44,97% 355.959 536.069 50,60%

Pernambuco 41.767 49.422 18,33% 440.447 523.565 18,87%

Acre 23.188 26.858 15,83% 437.028 511.497 17,04%

Mato Grosso do Sul 22.917 29.632 29,30% 485.289 510.630 5,22%

Sergipe 30.087 32.030 6,46% 435.645 469.931 7,87% Rondônia 24.430 26.836 9,85% 400.022 450.635 12,65% Espírito Santo 12.673 17.444 37,65% 206.659 298.125 44,26% Goiás 17.882 18.234 1,97% 258.699 274.346 6,05% Alagoas 26.083 17.802 -31,75% 289.651 259.001 -10,58% Paraíba 27.922 28.739 2,93% 255.768 257.411 0,64% Tocantins 14.406 12.056 -16,31% 337.766 230.456 -31,77% Rio de Janeiro 10.383 11.612 11,84% 150.700 176.754 17,29% Roraima 5.247 5.600 6,73% 69.738 74.400 6,69% Amapá 6.375 6.830 7,14% 67.166 70.703 5,27% Distrito Federal 605 702 16,03% 10.019 11.450 14,28%

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) / Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) (dez./2004)

Outra iniciativa muito importante do setor foi a organização da viagem da comitiva brasileira ao Vietnã e Tailândia, visando conhecer a cadeia da mandioca na Ásia. Os produtores também começaram a se articular em associações. Exemplo disso foram os

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produtores do Paraná que buscaram e/ou aceitaram o auxílio do Sebrae-PR para se organizar como associação. Além disso, vale destacar o recente lançamento do Arranjo Produtivo Local (APL) - o primeiro nesta linha entre o setor agroindustrial do Paraná.

As principais metas do setor são evitar problemas com abastecimento de raiz para a indústria, oscilações bruscas de preços e, dessa forma, ser mais competitivo no mercado interno junto aos produtos substitutos, gerando excedentes exportáveis que possam concorrer no mercado internacional.

2. Raiz

No inicio de 2004, havia grande número de farinheiras atuando no mercado, o que implicou em aumento da disputa por matéria-prima com as fecularias e conseqüente escassez de produto para todas as empresas ativas. Além disso, em janeiro, muitas fecularias que estavam paradas desde o final de 2003 voltaram ao mercado. Naquele mês, foram identificados sinais de antracnose em diversas lavouras, o que diminuiu a oferta do produto para a indústria e induziu o aumento no preço da raiz.

No mês de fevereiro, a oferta diminuiu ainda mais, em decorrência da estiagem. Somente no final daquele mês que começaram as chuvas isoladas em algumas regiões, possibilitando o aumento na oferta e recuo nos preços.

Apesar da pouca movimentação no mercado em fevereiro, foi nesse período que os preços da raiz e da fécula alcançaram os maiores valores nominais do ano. No centro-oeste do Paraná, por exemplo, a raiz ultrapassou R$ 350,00/t. Nas regiões noroeste e extremo-oeste, ocorreram os menores níveis de preços. Os dados da Figura 1 mostram a dinâmica dos preços da raiz nas principais regiões produtoras do Estado do Paraná.

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Figura 1. Evolução dos valores da raiz de mandioca nas regiões paranaenses em 2004. 170,00 190,00 210,00 230,00 250,00 270,00 290,00 310,00 330,00 350,00 370,00 02/01/04 16/01/04 30/01/04 13/02/04 27/02/04 12/03/04 26/03/04 09/04/04 23/04/04 07/05/04 21/05/04 04/06/04 18/06/04 02/07/04 16/07/04 30/07/04 13/08/04 27/08/04 10/09/04 24/09/04 08/10/04 22/10/04 05/11/04 19/11/04 03/12/04 17/12/04 Período R$/t

EOP COP NOP

Fonte: CEPEA/ESALQ/USP

As chuvas normalizaram na maioria das regiões a partir da segunda quinzena de março, possibilitando o equilíbrio da oferta de raiz para a indústria, assim como a comercialização em patamares decrescentes de preços. Temendo quedas maiores de preços, os produtores intensificaram a colheita de raiz de 1 ciclo e proporcionaram a redução da ociosidade de várias empresas, assim como a continuidade do movimento de queda entre os meses de abril e junho.

Em junho, os preços chegaram aos menores patamares do ano. A trajetória de queda nos preços médios da raiz se inverteu somente na última semana do mês, com a menor oferta, em decorrência do excesso de chuvas nas regiões produtoras. Além disso, alguns produtores procuraram restringir a oferta à espera de preços mais remuneradores. Naquele mês, a região do extremo-sul do Mato Grosso do Sul registrou o menor preço médio do ano entre as regiões analisadas pelo Cepea, de R$ 159,24/t.

Através da Figura 2, pode ser observada a evolução dos preços da raiz nas regiões sul mato-grossenses e, das Figuras 3 e 4, os valores nas regiões catarinenses e em Assis/SP, respectivamente.

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Figura 2. Evolução dos valores da raiz de mandioca nas regiões do Mato Grosso do Sul em 2004. 150,00 165,00 180,00 195,00 210,00 225,00 240,00 255,00 270,00 285,00 300,00 315,00 330,00 345,00 02/01/04 02/02/04 02/03/04 02/04/04 02/05/04 02/06/04 02/07/04 02/08/04 02/09/04 02/10/04 02/11/04 02/12/04 Período R$/t ESM SOM Fonte: CEPEA/ESALQ/USP.

Figura 3. Evolução dos valores da raiz de mandioca nas regiões catarinenses em 2004

170,00 180,00 190,00 200,00 210,00 220,00 230,00 240,00 28/05/04 04/06/04 11/06/04 18/06/04 25/06/04 02/07/04 09/07/04 16/07/04 23/07/04 30/07/04 06/08/04 13/08/04 20/08/04 27/08/04 03/09/04 *Período R$/t LSC AVI Fonte: CEPEA/ESALQ/USP.

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Figura 4. Evolução dos valores da raiz de mandioca na região de Assis – SP em 2004. 160,00 170,00 180,00 190,00 200,00 210,00 220,00 230,00 240,00 250,00 260,00 270,00 280,00 290,00 300,00 310,00 320,00 02/01/04 02/02/04 02/03/04 02/04/04 02/05/04 02/06/04 02/07/04 02/08/04 02/09/04 02/10/04 02/11/04 02/12/04 Período R$/t Fonte: CEPEA/ESALQ/USP.

O volume de recebimento foi normalizado somente no final de julho, em virtude das condições climáticas favoráveis. Naquele período, as empresas receberam volume suficiente de matéria-prima para atender à demanda pela fécula. No entanto, este foi um período curto, já que a estiagem prolongada começou logo em agosto.

Em setembro, as atenções dos produtores e das indústrias se voltaram para o plantio de raiz. A escassez de chuvas atrasou a realização do plantio, que ocorreu apenas no final do mês. Contudo, não houve manivas (ramas de mandioca) suficientes para o plantio, que se estendeu até final de novembro.

Entre outubro e a primeira quinzena de novembro a colheita seguiu normalizada para aqueles que ainda dispunham do produto, mas se notou queda no rendimento do teor de amido. Nas últimas semanas de novembro, o excesso de chuvas tornou a dificultar a colheita.

A partir da primeira semana de dezembro, muitas empresas começaram a paralisar suas atividades, acarretando assim, num excedente de matéria-prima para aquelas que continuaram atuando no mercado – essas, no caso, tiveram a possibilidade de trabalhar com ociosidade zero.

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3. Fécula

Em 2004, o mercado de fécula seguiu com volume de negócios ainda considerado baixo. A relativa falta de matéria-prima e os preços considerados altos reduziram a competitividade da fécula nacional frente a amidos substitutos, como o de milho, assim como da fécula importada, não permitindo a ampliação do mercado.

Durante a maior parte do ano, os preços do amido de milho estiveram em patamares mais baixos que da fécula de mandioca. Isso estimulou a utilização daquele produto em vários segmentos que tinham possibilidade de substituição. Até novembro, foram importadas 57.129,49 toneladas fécula de origem externa, volume 110,6% superior ao de 2003 (27.123,25 toneladas).

Os baixos níveis de estoques em janeiro fizeram com que o mercado de fécula permanecesse pouco movimentado e os preços na faixa de R$ 1.700,00/t. Em fevereiro, essa situação ficou ainda mais acentuada. Contudo, a demanda aquecida, principalmente por parte dos frigoríficos, possibilitou a elevação dos preços aos seus maiores níveis em 2004. A maior cotação, de R$ 1.962,21/t, ocorreu no extremo-sul do Mato Grosso do Sul. Através das Figuras 5 a 8, podem ser observadas as dinâmicas de preços nas diversas regiões de cada Estado.

Os estoques de fécula puderam ser renovados apenas no mês de março. Naquele período, os preços começaram a cair, porém, a demanda manteve-se estável. Esse contexto permaneceu até junho. A partir de então, os estoques de fécula começaram a diminuir, uma vez que as negociações estavam normalizadas e a oferta de matéria-prima se encontrava restrita.

Desta forma, nos dois meses seguintes alguns segmentos consumidores de fécula começaram a comprar cada vez menos, tanto para pronta entrega quanto em contratos antecipados. Empresas desses segmentos aumentaram a demanda pelo amido de milho.

O que começou a ocorrer foi um ligeiro aumento no volume negociado de fécula entre as fecularias, onde as que não dispunham de estoques precisaram comprar fécula para cumprir compromissos com clientes.

Pequeno acréscimo na especulação de preços por parte dos consumidores, começaram a ocorrer no mês de outubro, mas foram poucos os negócios efetivados. No

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início de novembro as empresas dispunham de estoques satisfatórios, chegando a ocorrer excedentes de fécula, porém os preços eram considerados altos pelos agentes.

Os negócios praticamente pararam em dezembro, pois a maioria das fecularias paralisou suas atividades. O mesmo ocorreu com as empresas compradoras de fécula. Figura 5. Evolução dos valores da fécula de mandioca nas regiões do Mato Grosso do Sul

em 2004 1.000,00 1.100,00 1.200,00 1.300,00 1.400,00 1.500,00 1.600,00 1.700,00 1.800,00 1.900,00 2.000,00 02/01/04 02/02/04 02/03/04 02/04/04 02/05/04 02/06/04 02/07/04 02/08/04 02/09/04 02/10/04 02/11/04 02/12/04 Período R$/t ESM SOM Fonte: CEPEA/ESALQ/USP.

Figura 6. Evolução dos valores da fécula de mandioca nas regiões do Paraná em 2004

1.100,00 1.200,00 1.300,00 1.400,00 1.500,00 1.600,00 1.700,00 1.800,00 1.900,00 02/01/04 02/02/04 02/03/04 02/04/04 02/05/04 02/06/04 02/07/04 02/08/04 02/09/04 02/10/04 02/11/04 02/12/04 Período R$/t

EOP COP NOP

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Figura 7. Evolução dos valores da fécula de mandioca nas regiões de Santa Catarina em 2004. 1.150,00 1.200,00 1.250,00 1.300,00 1.350,00 1.400,00 1.450,00 1.500,00 1.550,00 1.600,00 1.650,00 1.700,00 1.750,00 1.800,00 1.850,00 1.900,00 1.950,00 02/01/04 02/02/04 02/03/04 02/04/04 02/05/04 02/06/04 02/07/04 02/08/04 02/09/04 02/10/04 02/11/04 02/12/04 Período R$/t LSC AIC Fonte: CEPEA/ESALQ/USP.

Figura 8. Evolução dos valores da fécula de mandioca nas regiões de Assis – SP em 2004.

1.150,00 1.250,00 1.350,00 1.450,00 1.550,00 1.650,00 1.750,00 1.850,00 1.950,00 02/01/04 02/02/04 02/03/04 02/04/04 02/05/04 02/06/04 02/07/04 02/08/04 02/09/04 02/10/04 02/11/04 02/12/04 Período R$/t Fonte: CEPEA/ESALQ/USP.

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