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Sistemas gradientes, decomposição de Morse e funções de Lyapunov sob perturbação

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IXQo}HVGH/\DSXQRYVRESHUWXUEDomR

(2)
(3)

6LVWHPDVJUDGLHQWHVGHFRPSRVLomRGH0RUVHHIXQo}HVGH

/\DSXQRYVRESHUWXUEDomR

Éder Ritis Aragão Costa

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Nolasco de Carvalho

Tese apresentada ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - ICMC-USP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Ciências - Matemática . VERSÃO REVISADA

USP – São Carlos

Março de 2012

(4)

A659s

Aragão Costa, Éder Ritis

Sistemas gradientes, decomposição de Morse e

funções de Lyapunov sob perturbação / Éder Ritis Aragão Costa; orientador Alexandre Nolasco de Carvalho. --São Carlos, 2012.

181 p.

Tese (Doutorado - Programa de Pós-Graduação em Matemática) -- Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação, Universidade de São Paulo, 2012.

1. Sistemas gradientes. 2. Decomposição de Morse. 3. Funções de Lyapunov. 4. Estabilidade dos

semigrupos gradientes sob perturbação. 5. Equações com acoplamento unilateral. I. Nolasco de Carvalho,

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Agrade¸co a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribu´ıram para minha forma¸c˜ao profissional e pessoal. Dentre elas, meus familiares e amigos que fiz durante

toda minha vida. Principalmente, meus pais, Vera e Belmiro, e todos os meus profes-sores, desde o da primeira s´erie que pegou na minha m˜ao e me ensinou a escrever as primeiras letras at´e meu orientador de doutorado, Alexandre Nolasco. Obrigado!

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(9)

Neste trabalho investigamos a existˆencia de uma fun¸c˜ao de Lyapunov associada a um sistema de tipo gradiente, semigrupos ou processos de evolu¸c˜ao. Para isso, um estudo detalhado da te-oria de Morse desempenha um papel decisivo. Como principal consequˆencia deste estudo obtemos a estabilidade dos sistemas gradientes sob perturba¸c˜ao (autˆonoma ou n˜ao).

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(11)

In this work we investigated the existence of a Lyapunov func-tion associated to a gradient-like system, semigroups or evolufunc-tion processes. For that, a detailed study of Morse theory plays a cen-tral role. As the main consequence of this study we obtain the stability of gradient systems under perturbation (autonomous or not).

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Introdu¸c˜ao xi

1 Atratores Globais 1

1.1 Primeiras defini¸c˜oes . . . 1 1.2 Conjuntosω-limites . . . 8 1.3 Existˆencia de atratores . . . 15

2 Semigrupos Gradientes 19

2.1 Fun¸c˜ao de Lyapunov . . . 19 2.2 Estrutura dos semigrupos gradientes . . . 22 2.3 Existˆencia de atratores para semigrupos gradientes . . . 25

3 Semigrupos de tipo Gradiente 27

3.1 Defini¸c˜ao . . . 27 3.2 Estabilidade por perturba¸c˜ao . . . 28

4 Teoria de Morse-Conley 37

4.1 Pares atrator-repulsor . . . 37 4.2 Fun¸c˜ao de Lyapunov para um par atrator-repulsor . . . 45 4.3 Decomposi¸c˜ao de Morse . . . 50 4.4 Equivalˆencia entre as no¸c˜oes de semigrupos gradiente e de tipo gradiente 59

5 Estabilidade da fun¸c˜ao de Lyapunov 65

5.1 Continuidade da fam´ılia de atratores . . . 65 5.2 Convergˆencia das fun¸c˜oes de Lyapunov . . . 68

6 N´ıveis de energia de um semigrupo gradiente 77

6.1 Estrutura dos n´ıveis . . . 77

(14)

6.2 Perturba¸c˜ao de n´ıveis . . . 84

7 Decomposi¸c˜ao de Morse n˜ao autˆonoma 91

7.1 Processos de evolu¸c˜ao . . . 92 7.2 Processos de evolu¸c˜ao de tipo gradiente . . . 96 7.3 Decomposi¸c˜ao de Morse n˜ao autˆonoma . . . 98 7.4 Fun¸c˜ao de Lyapunov para um processo de evolu¸c˜ao de tipo gradiente . 108 7.5 Perturba¸c˜ao n˜ao autˆonoma de um semigrupo gradiente . . . 119 7.5.1 Convergˆencia das fun¸c˜oes de Lyapunov . . . 132

8 Aplica¸c˜ao a problemas com acoplamento unilateral 141

8.1 Teoria abstrata . . . 142 8.2 A desigualdade de Lojasiewicz-Simon . . . 150 8.3 Aplica¸c˜ao da desigualdade de Lojasiewicz-Simon a problemas abstratos 158 8.3.1 Equa¸c˜oes de primeira ordem . . . 158 8.3.2 Equa¸c˜oes de segunda ordem . . . 166

9 Conclus˜oes e problemas em aberto 175

(15)

A an´alise das propriedades qualitativas dos semigrupos em espa¸cos de fases ge-rais (espa¸cos de Banach infinito dimensionais ou espa¸cos m´etricos arbitr´arios), recebeu muita aten¸c˜ao durante as ´ultimas quatro dec´adas. Em particular, o estudo dos con-juntos compactos invariantes e atratores desenvolveu uma ampla e profunda linha de pesquisa, dando informa¸c˜oes cruciais sobre um n´umero crescente de fenˆomenos de dis-tintos ramos da Ciˆencia, como F´ısica, Biologia, Economia, Engenharia e outros.

Quando se mostra que um dado sistema dinˆamico possui atrator global, todo seu comportamento assint´otico pode ser descrito, fazendo-se uma an´alise detalhada da dinˆa-mica interna deste conjunto compacto invariante. Para se entender a dinˆadinˆa-mica interna do atrator global, um estudo cuidadoso da estrutura geom´etrica (e sua estabilidade por perturba¸c˜ao) aparece como um fator fundamental. Provavelmente, o resultado mais geral nesta linha ´e o que se conhece como o“Teorema Fundamental dos Sistemas

Dinˆa-micos”, sugerido em [17] a partir dos resultados de [12], o qual estabelece que qualquer

grupo (ou “fluxo”) em um espa¸co m´etrico compacto, decomp˜oe o espa¸co em partes invariantes isoladas recorrentes por cadeia e as conex˜oes entre elas. Na terminologia de [12], isto ´e o que se chama uma decomposi¸c˜ao de Morse de um conjunto compacto invariante (confira a Defini¸c˜ao 4.3.1), e foi considerado em diferentes marcos, como no caso dos grupos em [12], e tamb´em dos semigrupos em espa¸cos compactos como em [20], ou ainda, em espa¸cos topol´ogicos n˜ao compactos como em [15], [18], [19].

Por outro lado, muito recentemente, foi introduzido em [8] os denominados semi-grupos de tipo gradiente (veja a Defini¸c˜ao 3.1.1), como um conceito intermedi´ario entre os semigrupos gradientes (aqueles que possuem uma fun¸c˜ao de Lyapunov) e os semi-grupos que possuem atrator de tipo gradiente (aqueles possuindo atrator escrito como a reuni˜ao dos conjuntos inst´aveis de seus conjuntos invariantes isolados).

Neste texto, em um primeiro momento, trabalharemos com um semigrupo de tipo gradiente em um espa¸co m´etrico arbitr´ario e construiremos uma fun¸c˜ao de Lyapunov

(16)

para ele, mostrando que todo sistema de tipo gradiente ´e efetivamente um sistema gradiente. Nossos resultados evitam qualquer hip´otese de compacidade associada ao espa¸co de fase sobre o qual atuam os semigrupos que consideramos. Por outro lado, nossas provas, ainda que inspiradas em trabalhos cl´assicos, como [12],[20], s˜ao diferentes das a´ı inclu´ıdas e portanto s˜ao novas.

Para a constru¸c˜ao da fun¸c˜ao de Lyapunov, primeiramente provaremos que a fam´ılia disjunta dos conjuntos invariantes isolados de um semigrupo de tipo gradiente em um espa¸co m´etrico geral, pode ser reordenada de tal maneira a dar lugar a uma decompo-si¸c˜ao de Morse do atrator. Com provas bastante intuitivas, centradas na dinˆamica do semigrupo e, por exemplo, n˜ao fazendo uso das no¸c˜oes de recorrˆencia por cadeia, que ´e um conceito bastante tradicional nesta teoria.

Um refinamento dos resultados de [12] nos levar´a a uma defini¸c˜ao de fun¸c˜ao de Lyapunov generalizada, n˜ao simplesmente definida no atrator, mas sim, em todo o espa¸co de fase e tamb´em associada a uma fam´ılia de conjuntos invariantes isolados arbitr´aria, n˜ao necessariamente um conjunto de equil´ıbrios.

Por outro lado, em um segundo momento, trabalharemos no contexto n˜ao autˆonomo da teoria dos sistemas dinˆamicos, onde estudaremos a mesma natureza de problemas estudados no caso autˆonomo. Trabalharemos, portanto, com processos de evolu¸c˜ao de tipo gradiente (veja a Defini¸c˜ao 7.2.4) buscando introduzir, para estes, as no¸c˜oes de decomposi¸c˜ao de Morse e de fun¸c˜ao de Lyapunov e ent˜ao, motivados pela teoria autˆonoma, provar, baixo certas condi¸c˜oes, a existˆencia de uma fun¸c˜ao de Lyapunov para tais processos.

Cabe dizer que, n˜ao encontramos, na literatura atual, nenhum resultado sobre a caracteriza¸c˜ao da existˆencia de uma fun¸c˜ao de Lyapunov baseada na dinˆamica de um semigrupo ou de um processo n˜ao autˆonomo, como os que provamos aqui.

Com o objetivo de apresentar, passo a passo, as t´ecnicas que costumam ser usadas no estudo dos semigrupos n˜ao lineares e tamb´em introduzir as ferramentas necess´arias para o entendimento do resultado principal de equivalˆencia entre os conceitos de semigrupos gradiente e tipo gradiente e sobre o tratamento do mesmo problema no marco n˜ao autˆonomo, ordenamos o texto da seguinte forma:

No primeiro cap´ıtulo, apresentamos defini¸c˜oes dos conceitos b´asicos nesta teoria e estabelecemos as primeiras propriedades dos sistemas dinˆamicos autˆonomos, como as importantes propriedades dos conjuntos ω-limites de um sistema assintoticamente compacto, o que ser´a crucial para o primeiro resultado sobre existˆencia de atrator global que apresentamos.

(17)

consideramos associados a uma fam´ılia finita disjunta de conjuntos invariantes isolados qualquer, n˜ao necessariamente um conjunto finito de pontos de equil´ıbrio. Para estes semigrupos estudaremos, em detalhes, a estrutura de seu atrator, provando que este se escreve como reuni˜ao dos conjuntos inst´aveis dos invariantes isolados, isto ´e, que seu atrator ´e de tipo gradiente. Para finalizar o cap´ıtulo, estabelecemos um crit´erio de existˆencia de atrator para semigrupos gradientes, baseado no resultado mais geral contido no primeiro cap´ıtulo.

Uma vez que se conhecem os principais resultados dos primeiros cap´ıtulos, estamos em condi¸c˜oes de analizar o conte´udo verdadeiramente novo deste trabalho, e mais preci-samente, quando se define uma nova classe de sistemas dinˆamicos (os de tipo gradiente, segundo [8]), que s˜ao sistemas dinˆamicos que possuem a dinˆamica de um sistema gradi-ente. Nestas condi¸c˜oes, o objetivo do cap´ıtulo trˆes ´e proporcionar condi¸c˜oes suficientes que garantam a estabilidade por perturba¸c˜ao deste novo conceito.

O cap´ıtulo quatro cont´em as ferramentas que ser˜ao decisivas para estabelecer nosso resultado de equivalˆencia. Nele definiremos a no¸c˜ao de decomposi¸c˜ao de Morse de um atrator em termos dos pares atrator-repulsor. A importˆancia destes pares ´e que se podem construir, para eles, uma esp´ecie de “fun¸c˜ao de Lyapunov” com propriedades muito especiais, o que ser´a crucial para obter a fun¸c˜ao de Lyapunov cl´assica para os semigrupos de tipo gradiente, provando assim o principal resultado deste trabalho, no marco autˆonomo. Al´em disso, forneceremos condi¸c˜oes suficientes para que, ao perturbar um dado semigrupo gradiente, estas fun¸c˜oes convirjam uniformemente sobre compactos, o que ´e o objetivo do cap´ıtulo cinco, e tamb´em que tais fun¸c˜oes sejam diferenci´aveis ao longo de solu¸c˜oes.

No cap´ıtulo seis, apresentamos outra forma de obter uma decomposi¸c˜ao de Morse para o atrator de um semigrupo de tipo gradiente, em termos de um conceito novo que chamamos n´ıvel de energia, e que nos d´a informa¸c˜ao adicional sobre o comporta-mento assint´otico das solu¸c˜oes do sistema, “empacotando” aqueles conjuntos invariantes isolados que possuem caracter´ısticas dinˆamicas semelhantes. Al´em disso, fornecemos condi¸c˜oes suficientes para a estabilidade por perturba¸c˜ao destes n´ıveis, o que ocorre, por exemplo, quando as conex˜oes entre os invariantes isolados se mantˆem.

(18)

forma consistente, todas as ferramentas que foram cruciais para a solu¸c˜ao autˆonoma do problema, bem como, por exemplo, a id´eia de pares atrator-repulsor.

Devemos adiantar que, no estudo n˜ao autˆonomo dos problemas relacionados `a de-composi¸c˜ao de Morse e as fun¸c˜oes de Lyapunov, algumas restri¸c˜oes dever˜ao ser feitas, o que nos obrigar´a a buscar exemplos onde verificam-se tais exigˆencias. Mais pre-cisamente, mostraremos que perturba¸c˜oes n˜ao autˆonomas de semigrupos gradientes, verificam as condi¸c˜oes exigidas, evidenciando, assim, que as imposi¸c˜oes feitas s˜ao bas-tante razo´aveis.

Um exemplo mais concreto, por assim dizer, de aplica¸c˜ao de nossos resultados abs-tratos, est´a contido no cap´ıtulo oito. L´a estudamos um problema com acoplamento uni-lateral, onde, usando nossa teoria abstrata, forneceremos condi¸c˜oes para que o mesmo “gere” um semigrupo de tipo gradiente e, portanto, gradiente. Al´em disso, no marco dos espa¸cos de Hilbert, consideraremos a possibilidade de haver uma quantidade infi-nita de pontos estacion´arios, quando estudamos a Desigualdade de Lojasiewicz-Simon e estendemos alguns dos resultados contidos em [24].

Finalizamos o texto destacando as conclus˜oes que obtivemos neste trabalho e os artigos que a partir dele foram escritos, al´em de apontar certos problemas que ficaram em aberto durante o desenvolvimento da tese, abrindo a possibilidade para poss´ıveis trabalhos futuros.

(19)

1

Atratores Globais

Neste cap´ıtulo apresentaremos os conceitos b´asicos e desenvolvemos os primeiros resultados da teoria dos sistemas dinˆamicos autˆonomos, a fim de que possamos tratar, posteriormente, o problema de perturba¸c˜ao de sistemas gradientes.

Deixemos aqui registrado, antes de come¸carmos a discuss˜ao, que para n´os, sempre e em todos os casos, o s´ımbolo N representar´a o conjunto dos n´umero naturais, que

tem como seu primeiro elemento o n´umero um, ou seja, N={1,2,3,· · · }.

1.1

Primeiras defini¸

oes

Seja X um espa¸co m´etrico com distˆancia d:X×X R.

Defini¸c˜ao 1.1.1. Uma fam´ılia{T(t) :t≥0}de aplica¸c˜oes cont´ınuas do espa¸co m´etrico

X em si mesmo chama-se umsemigrupo em X, quando verificam-se as seguintes trˆes

propriedades:

(i) T(0) =I, a aplica¸c˜ao identidade do espa¸co X.

(ii) T(t+s) =T(t)T(s) qualquer que seja o par de n´umeros reais n˜ao negativos t

e s (propriedade de semigrupo).

(iii) A aplica¸c˜ao [0,∞)×X ∋(t, x)7−→T(t)x∈X ´e uma aplica¸c˜ao cont´ınua.

Na defini¸c˜ao anterior, estamos considerando o conjunto [0,)×X dotado da to-pologia produto.

Semigrupos s˜ao tamb´em chamados sistemas dinˆamicos autˆonomos e, neste texto, utilizaremos indistintamente ambas nomenclaturas.

(20)

Observemos que, pela propriedade de semigrupo, a fam´ılia de aplica¸c˜oes{T(t) :t

0} ´e comutativa com respeito `a composi¸c˜ao, visto que quaisquer que sejam t, s ≥ 0,

temosT(s)T(t) =T(s+t) = T(t+s) = T(t)T(s).

Observemos ainda que, se {T(t) : t 0} ´e um semigrupo com a propriedade de que a aplica¸c˜ao T(t) :X →X ´e um homeomorfismo para cada t >0, ent˜ao definindo, parat <0,T(t) :=T(t)−1 :X X, a fam´ılia de aplica¸c˜oes cont´ınuas{T(t) :t R}

costuma ser chamada um grupo em X. Aqui, contudo, trabalharemos apenas com semigrupos, ou seja, com o caso onde n˜ao se tem, necessariamente, T(t) : X → X

invert´ıvel para cada t >0.

O conceito de espa¸co m´etrico, em conjunto com sua estrutura topol´ogica, e a no¸c˜ao de semigrupo, como definimos acima, s˜ao os ´unicos ingredientes te´oricos que utilizare-mos para desenvolver toda a teoria que comp˜oe a parte autˆonoma inicial deste trabalho. Fixemos, de uma vez por todas, um semigrupo{T(t) :t0}, que tamb´em indica-mos por T(·), em um espa¸co m´etrico X := (X, d), que as vezes chamamos o espa¸co de fase do semigrupo.

Neste contexto, podemos dar as seguintes defini¸c˜oes necess´arias para que possamos definir o que se entende por atrator global para um semigrupo:

Diz-se que um subconjuntoAX ´einvariante pelo semigrupo{T(t) :t0},ou simplesmente invariante, quando para todo t0 tem-se T(t)A=A.

Seja (Aλ)λ∈L uma fam´ılia de subconjuntos de X invariantes pelo semigrupo T (·), ent˜ao sua reuni˜ao,A:= [

λ∈L

Aλ, ´e tamb´em invariante.

Com efeito, basta observar que para todo t≥0, T(t) [ λ∈L

!

= [

λ∈L

T(t)Aλ, e que

para todoλL, T(t)Aλ =Aλ.

Por outro lado, a interse¸c˜ao de uma fam´ılia de conjuntos invariantes n˜ao ´e, ne-cessariamente, um conjunto invariante. Entretanto, se para cada t > 0 a aplica¸c˜ao

T(t) :X X ´e injetiva ent˜ao, ´e f´acil ver, do fato de que T(t) \ λ∈L

!

= \

λ∈L

T(t)Aλ,

qualquer que seja a fam´ılia (Aλ)λ∈L de subconjuntos de X, que a interse¸c˜ao de invari-antes ´e invariante.

A no¸c˜ao de conjunto invariante est´a intimamente ligada a de solu¸c˜ao global, cuja defini¸c˜ao ´e a seguinte:

Diz-se que uma aplicac˜ao ξ : R X ´e uma solu¸c˜ao global para o semigrupo

{T(t) :t0}, quando para todo t0 e todo τ R,

(21)

Se ξ : R X ´e uma solu¸c˜ao global, sua imagem indica-se pelo s´ımbolo γ(ξ),

ou seja, γ(ξ) := {ξ(τ) : τ ∈ R}, e chama-se a ´orbita de ξ ou, as vezes, para evitar

confus˜oes, diz-se ainda´orbita globalda solu¸c˜ao ξ. Quandoξ(0) =xX, costuma-se dizer que ξ ´e uma solu¸c˜ao global que passa pelo ponto x ou, simplesmente, uma solu¸c˜ao global por x.

Verifica-se que toda ´orbita global de um semigrupo ´e invariante. Com efeito, dado

xγ(ξ) temos que x se escreve como x=ξ(τ) para algum τ R, ent˜ao se t0 vem

que T(t)x = T(t)ξ(τ) = ξ(t+τ) ∈ γ(ξ). Reciprocamente, se t ≥ 0 e x ∈ T (t)γ(ξ),

ent˜ao existe z ∈ γ(ξ) de maneira que x = T(t)z, e portanto, como z = ξ(τ) para um certo n´umero real τ, teremos x = T(t)z = T(t)ξ(τ) = ξ(t+τ), donde x γ(ξ),

concluindo a invariˆancia.

Observemos tamb´em, que toda solu¸c˜ao global de um semigrupo T(·) ´e necessaria-mente cont´ınua. Porque, dados t0 real e δ >0, fixando qualquer real τ com τ < t0−δ

e usando a defini¸c˜ao de solu¸c˜ao, para todo real t(t0−δ, t0+δ) podemos escrever

d(ξ(t), ξ(t0)) =d(T(t−τ)ξ(τ), T(t0−τ)ξ(τ)),

e da´ı a conclus˜ao segue pela propriedade (iii) que define o conceito de semigrupo.

Os conceitos de conjunto invariante e de solu¸c˜ao global est˜ao conectados por meio do pr´oximo resultado, que tamb´em explica a estrutura geom´etrica que tˆem os conjuntos invariantes em termos de ´orbitas globais do semigrupo.

Proposi¸c˜ao 1.1.2. Um subconjuntoAX ´e invariante por T(·) se, e somente se, A

´e uma reuni˜ao de ´orbitas globais de T(·).

Demonstra¸c˜ao: Como vimos, toda ´orbita global ´e um conjunto invariante, logo se A

´e uma reuni˜ao de ´orbitas globais, ent˜ao A´e invariante, porque a reuni˜ao de conjuntos invariantes ´e invariante.

Por outro lado, suponhamos que A seja um conjunto invariante e tomemos um ponto qualquer x0 ∈A, imediatamente da invariˆancia resulta que T(t)x0 ∈ A sempre

que t ≥ 0. Agora, ainda pela invariˆancia, existe um ponto x−1 ∈ A de forma que

x0 = T(1)x−1. Pelo mesmo motivo, existe x−2 ∈ A tal que x−1 = T(1)x−2, donde,

x0 =T (2)x−2.Prosseguindo analogamente, obteremos que para cada natural n existe

um ponto x−n ∈ A satisfazendo que x−n+1 = T(1)x−n, assim T(n)x−n = x0 e mais

geralmente, por um argumento de indu¸c˜ao, vemos que T(n)x−m =xn−m toda vez que

(22)

Finalmente, definindoξ :RX pondo

ξ(τ) :=

T(τ)x0, se τ ≥0

T(τ+n)x−n seτ ∈[−n,1−n]

,

vemos queξ est´a bem definida, no sentido de que, os valores de ξ no extremo comum dos intervalos [n1,n] e [n,1n] coincidem para todo naturaln e, pela maneira com a qual ξ foi constru´ıda, ξ(τ) ∈ A para todo real τ. Provemos que, al´em disso,

ξ:RX satisfaz a defini¸c˜ao de solu¸c˜ao global.

De fato, fixado t 0, dado τ R, se τ 0 temos, em primeiro lugar, que

T(t)ξ(τ) = T(t)T(τ)x0 =T(t+τ)x0 =ξ(t+τ),porque t+τ ≥0.

Agora, se τ < 0 existe n N de maneira que τ [n,1n] e temos dois casos a

considerar:

Caso1 : t+τ ≥0. Neste caso obt´em-se

T(t)ξ(τ) =T(t)T(τ+n)x−n=T([t+τ] +n)x−n=

T(t+τ)T(n)x−n=T(t+τ)x0 =ξ(t+τ),

uma vez queT (n)x−n=x0, simplesmente pela constru¸c˜ao da sequˆencia (x−n)n∈N.

Caso 2 : t+τ <0. Para tratar esta situa¸c˜ao consideremos m ∈ N tal que t+τ

[m,1m], ent˜ao, claramente, m n, donde obt´em-se que

T(t)ξ(τ) =T(t)T(τ+n)x−n=T(t+ [τ+n])x−n=

T([t+τ +m] + [nm])x−n=T(t+τ +m)T(n−m)x−n.

Assim, lembrando que x−m =T(n−m)x−n, a ´ultima igualdade nos d´a

T (t)ξ(τ) =T (t+τ+m)x−m =ξ(t+τ),

o que completa a demonstra¸c˜ao.

Quando se deseja estudar o comportamento assint´otico dos sistemas dinˆamicos, uma ferramenta bastante ´util ´e a semidistˆancia de Hausdorff, a qual ser´a a “medida” respon-s´avel por descrever a no¸c˜ao de proximidade entre os objetos relacionados a dinˆamica do sistema.

DadosA eB, subconjuntos n˜ao vazios de X, a semidistˆancia de Hausdorff de

A at´e B define-se como o n´umero real n˜ao negativo

dist(A, B) := sup a∈A

inf

b∈Bd(a, b) = supaAd(a, B),

onded(a, B) := inf

(23)

Agora, a distˆancia sim´etrica de Hausdorff entre A e B ´e definida por

dH(A, B) := dist(A, B) +dist(B, A).

Um fato que faz da semidistˆancia de Hausdorff uma ferramenta ´util nesta teoria ´e que ela satisfaz a desigualdade triangular, ou seja, porque vale o seguinte resultado

Lema 1.1.3. Para todos os subconjuntos n˜ao vazios A, B e C de X vale

dist(A, C)≤dist(A, B) +dist(B, C). (1.1.1)

Demonstra¸c˜ao: Com efeito, dados arbitr´arios a ∈ A, b ∈ B e c ∈ C tem-se

d(a, c)d(a, b) +d(b, c),donde tomando-se o ´ınfimo em C obt´em-se

d(a, C)d(a, b) +d(b, C), (1.1.2)

e da´ı

d(a, C)d(a, B) +dist(B, C),

qualquer que sejaaA. A conclus˜ao agora segue facilmente tomando-se o supremo em A.

´

E evidente da defini¸c˜ao que se A ⊂ B, ent˜ao dist(A, B) = 0 e vale tamb´em uma esp´ecie de rec´ıproca, ou seja, que para quaisquer subconjuntos AeB deX tem-se que

dist(A, B) = 0 se, e somente se,A B. Porque, sedist(A, B) = 0 ent˜ao, fixado aA

temos d(a, B) = 0, logo, simplesmente pela defini¸c˜ao de ´ınfimo, para cada natural n

existe um ponto an ∈ B tal que d(a, an) < 1n, portanto an → a, e isso significa que

aB.

Desta observa¸c˜ao podemos concluir, junto com o lema anterior, que a distˆancia sim´etrica de Hausdorff define, em sentido estrito, uma distˆancia na cole¸c˜ao de todos os subconjuntos fechados deX.

Uma vez definida a semidistˆancia de Hausdorff podemos dar sentido ao conceito de “atra¸c˜ao”.

Diz-se que um subconjunto A de X atrai um subconjunto B de X, ou que o subconjuntoB ´eatra´ıdopelo subconjunto A, por meio (ou a¸c˜ao) do semigrupoT(·),

quando

lim

t→∞dist(T(t)B, A) = 0.

Recordemos que, dados um subconjunto A X e um n´umero real positivo ε, a

ε-vizinhan¸ca deA, indicada porOε(A),´e definida como a reuni˜ao de todas as bolas abertas centradas em pontos de A e possuindo raio ε. Simbolicamente

Oε(A) :=

[

a∈A

(24)

Da defini¸c˜ao anterior deduz-se que um subconjuntoB´e atra´ıdo por um subconjunto

A se, e somente se, para todoε >0 existe τ =τ(ε, B)≥0 de maneira que

T(t)B ⊂ Oε(A) para todo t≥τ. (1.1.3)

Agora podemos introduzir a no¸c˜ao de atrator global.

Defini¸c˜ao 1.1.4. Um subconjunto A de X chama-se um atrator globalpara o

semi-grupo {T(t) :t ≥0}, quando ´e compacto, invariante e atrai cada um dos subconjuntos

limitados de X pela a¸c˜ao de T(·).

Observemos que, pela maneira como definimos o conceito de atrator global, a priori, parece ser permitido que um certo semigrupo possua mais do que um atrator global. N˜ao obstante, podemos provar facilmente que todo semigrupo possui, no m´aximo, um ´

unico atrator global no sentido da Defini¸c˜ao 1.1.4.

Proposi¸c˜ao 1.1.5. Se existe um atrator global para um semigrupo {T(t) : t ≥ 0},

ent˜ao este atrator ´e ´unico.

Demonstra¸c˜ao: Com efeito, sejam A1 e A2 atratores globais para o semigrupo

{T(t) : t ≥ 0}. Ent˜ao, como A2 ´e compacto, ele ´e um subconjunto limitado de X, e

assim, usando queA1 ´e um atrator global, teremos

lim

t→∞dist(T(t)A2,A1) = 0.

Mas, a invariˆancia de A2 por T(·) implica T(t)A2 = A2 qualquer que seja t ≥ 0.

Levando em conta esse fato, o limite precedente nos d´a

0 = lim

t→∞dist(T(t)A2,A1) = limt→∞dist(A2,A1) = dist(A2,A1),

ou seja,dist(A2,A1) = 0.

Logo, como vimos antes, isto implica A2 ⊂ A1 = A1, j´a que A1 ´e um conjunto

fechado.

Invertendo os papeis deA1 eA2 no argumento anterior, conclui-se a outra inclus˜ao,

A1 ⊂ A2, mostrando a igualdade entre os dois atratores.

Um dos principais problemas no estudo dos sistemas dinˆamicos ´e descrever a es-trutura geom´etrica que tem seu atrator global. Uma classe importante de sistemas dinˆamicos autˆonomos para os quais se conhece muito bem a estrutura de seus atra-tores, s˜ao os chamados semigrupos gradientes, os quais ser˜ao estudados em detalhes neste trabalho, a partir do pr´oximo cap´ıtulo.

(25)

Teorema 1.1.6. Se um semigrupo{T(t) :t0}em um espa¸co m´etricoX possui

atra-tor global A,ent˜ao A se exprime como a reuni˜ao de todos os subconjuntos invariantes

limitados de X.

Demonstra¸c˜ao: E evidente, do fato de que´ A ´e limitado e invariante, que A est´a contido na reuni˜ao de todos os subconjuntos invariantes limitados deX.

Reciprocamente, seja B um subconjunto invariante limitado de X. Como A ´e o atrator global, A atrai B, isto ´e, lim

t→∞dist(T(t)B,A) = 0. Mas, T(t)B = B para todo

t ≥ 0, donde segue-se que dist(B,A) = 0, o que implica, como vimos, B ⊂ A = A, completando a prova.

Este ´ultimo resultado possui um simples corol´ario que ´e, na verdade, o primeiro resultado sobre caracteriza¸c˜ao de atratores em termos de solu¸c˜oes do sistema.

Corol´ario 1.1.7. Se um semigrupo {T(t) : t ≥ 0} em um espa¸co m´etrico X possui

atrator global A, ent˜ao A ´e a reuni˜ao de todas as ´orbitas globais limitadas de {T(t) :

t0}.

Demonstra¸c˜ao: Como vimos na Proposi¸c˜ao 1.1.2, todo conjunto invariante ´e uma reuni˜ao de ´orbitas globais, assim, como A ´e um conjunto invariante, resulta que A ´e uma reuni˜ao de ´orbitas globais, as quais s˜ao obrigatoriamente limitadas porque A o ´e. Por outro lado, se ξ : R X ´e uma solu¸c˜ao global limitada, tamb´em vimos que

sua ´orbita, γ(ξ), ´e um subconjunto invariante limitado, logo est´a contido em A pelo teorema anterior e a conclus˜ao segue.

O objetivo deste cap´ıtulo ´e desenvolver resultados gerais que nos forne¸cam condi-¸c˜oes suficientes para garantir a existˆencia de atrator global, uma vez conhecido um semigrupo {T(t) : t 0}. Antes de come¸carmos com a discuss˜ao sobre tais resulta-dos, o que ser´a feito na pr´oxima se¸c˜ao, terminemos esta apresentando mais algumas nota¸c˜oes e defini¸c˜oes.

Dado um subconjunto B de X , denotemos por γ+(B) sua semi´orbita positiva

relativa ao semigrupoT(·),ou seja, o conjunto

γ+(B) :={T(t)x:t0, xB}= [ x∈B

γ+(x).

As vezes ´e ´util considerar “peda¸cos” de ´orbitas para tempos arbitrariamente grandes, isto ´e, dadosB X e τ 0 indiquemos por γ+

τ (B) o conjuntoγ+(T(τ)B),ou seja,

γ+

(26)

que costuma ser chamado asemi´orbita positiva deB `a direita de τ.

Diz-se que um semigrupo{T(t) : t 0}´e limitado, quando a semi´orbita positiva de qualquer subconjunto limitado de X ´e um limitado de X, enquanto diz-se que ele ´e eventualmente limitado, quando para cada subconjunto limitado B X existe

τ =τ(B)0 de maneira que γ+

τ (B) ´e um limitado de X.

Observemos que, se um semigrupo {T(t) :t ≥ 0} em um espa¸co m´etrico X possui atrator globalA, ent˜ao {T(t) :t 0} ´e necessariamente eventualmente limitado, pois dado um limitadoB X e fazendoε= 1 na defini¸c˜ao de atra¸c˜ao teremos, em primeiro lugar, que O1(A) ´e lmitado e, em segundo, por (1.1.3), existe τ =τ(B) de modo que

γ+

τ(B)⊂ O1(A), dondeγτ+(B) ´e limitado. Em particular, se ξ:R→X ´e uma solu¸c˜ao global paraT(·) ent˜ao, para todo real τ,o conjunto {ξ(t) :t τ}´e limitado.

Dados dois subconjuntos B e D de X, diz-se que D absorve o conjunto B, pela a¸c˜ao do semigrupo, quando existe um real τ =τ(B) 0 de maneira que T(t)B D

sempre que t≥τ.

Um semigrupo {T(t) : t ≥ 0} chama-se limitado dissipativo, quando existe um subconjunto limitadoD deX que absorve cada um dos subconjuntos limitados de X

sob a a¸c˜ao de T(·).

Finalmente, diz-se que {T(t) :t 0} ´e um semigrupoponto dissipativo, quando existe um subconjunto limitado D de X absorvendo cada um dos pontos de X pela a¸c˜ao de T(·), ou seja, quando existe um limitado D tal que para todo ponto x ∈ X

existe τ :=τ(x, D)0 de modo que T(t)xDsempre que tτ.

As no¸c˜oes de atra¸c˜ao e absor¸c˜ao s˜ao equivalentes no sentido de que, um semigrupo

T(·) ´e dissipativo se, e somente se, existe um subconjunto limitadoAque atrai cada um dos subconjuntos limitados de X.Com efeito, ´e claro da defini¸c˜ao da semidistˆancia de Hausdorff que seD absorve cada um dos limitados de X, ent˜ao ele atrai cada um dos subconjuntos limitados deX.Reciprocamente, supondo queA atrai todos os limitados ent˜ao, fixando um ε > 0 qualquer, ´e imediato da observa¸c˜ao em (1.1.3) que, pondo

D := Oε(A), resulta que D ´e limitado e satisfaz a defini¸c˜ao de dissipatividade, como quer´ıamos.

1.2

Conjuntos

ω-limites

(27)

Defini¸c˜ao 1.2.1. Dado um subconjunto B de X, seu conjunto ω-limite com respeito

a T(·), denotado por ω(B), ´e o conjunto

ω(B) := \ t≥0

[

s≥t

T(s)B

!

=\

t≥0

γt+(B).

´

E imediato constatar que o conjunto ω-limite de qualquer subconjunto B de X ´e um conjunto fechado, simplesmente por ser uma interse¸c˜ao de fechados.

Do ponto de vista pr´atico, quer dizer, na hora de se utilizar este conceito para se demonstrar teoremas, esta defini¸c˜ao n˜ao ´e muito ´util. Contudo, podemos substitu´ı-la por outra mais eficiente, em termos de limites de sequˆencias, como nos mostra a seguinte caracteriza¸c˜ao, onde pelo s´ımboloR+

0 estamos indicando o conjunto dos n´umeros reais

n˜ao negativos [0,∞).

Lema 1.2.2. O conjunto ω-limite de um subconjunto B X est´a caracterizado por

ω(B) ={xX :existem sequˆencias (tn)n∈N em R+0 com tn→ ∞ e

(xn)n∈N em B, tais que x= lim

n→∞T(tn)xn}. (1.2.4)

Demonstra¸c˜ao: Com efeito, seja ω′(B) o conjunto definido como sendo o do lado

direito em (1.2.4). Por um lado, dado x ω(B), para cada natural n temos, pela defini¸c˜ao de ω(B), x ∈ γ+

n(B). Logo, para cada n deve existir zn ∈ γn+(B) tal que

d(x, zn) < 1n. Mas, pela defini¸c˜ao de γn+(B), existem tn ≥n e xn ∈B de maneira que

zn =T(tn)xn. Da´ı, evidentemente, vem que x = lim

n→∞T(tn)xn, com tn→ ∞ e (xn)n∈N

em B, ou seja, x∈ω′(B).

Por outro lado, seja x ω′(B), ent˜ao x = lim

n→∞T(tn)xn, para certas sequˆencias

(tn)n∈N em R+0, com tn→ ∞, e (xn)n∈N em B.

Agora, dadot 0 qualquer, escolhamos um naturaln(t) de modo quetn≥tsempre que n n(t). Nestas condi¸c˜oes, vemos facilmente que T(tn)xn ∈ γt(B) toda vez que

n ≥ n(t), donde resulta que x ∈ γt(B), e pela arbitrariedade com a qual t ≥ 0 foi tomado, conclui-se que x\

t≥0

γt+(B), isto ´e,x∈ω(B) e o lema fica demonstrado.

Com a ajuda deste ´ultimo resultado ´e muito simples ver que, paraB eC subconjun-tos deX, ω(B∪C)⊂ω(B)∪ω(C), seB ⊂C ent˜ao ω(B)⊂ω(C) e que se ξ:RX

´e uma solu¸c˜ao global deT(·) tem-seω(ξ(t)) =ω(ξ(s)) quaisquer que sejam os n´umeros reais s e t.

(28)

a uma solu¸c˜ao global (isto ´e, n˜ao trabalharemos com conjuntosα-limites associados a um subconjunto arbitr´ario B deX). Mais precisamente

Defini¸c˜ao 1.2.3. Seja ξ : R X uma solu¸c˜ao global do semigrupo {T(t) : t 0}.

Definimos seu conjuntoα-limite como:

α(ξ) :={x∈X :existe (tn)n∈N em R com tn → −∞ tal que x= lim

n→∞ξ(tn)}

As principais propriedades dos conjuntos ω-limites, necess´arias para o estudo que faremos dos atratores globais, sempre se verificam para os semigrupos assintoticamente compactos, que a seguir definimos.

Defini¸c˜ao 1.2.4. Um semigrupo {T(t) : t 0} em um espa¸co m´etrico X chama-se assintoticamente compacto quando para toda sequˆencia limitada de pontos de

X, (xn)n∈N, e toda sequˆencia de n´umeros reais n˜ao negativos (tn)n∈N com tn → ∞, a

sequˆencia de pontos de X, (T(tn)xn)n∈N, possui uma subsequˆencia convergente.

Exemplos pr´aticos de semigrupos assintoticamente compactos, em problemas es-pec´ıficos, podem ser encontrados sem muita dificultade. Dentre eles, destacamos os chamados semigrupos eventualmente compatos (veja a defini¸c˜ao abaixo) que s˜ao tam-b´em eventualmente limitados.

Defini¸c˜ao 1.2.5. Diz-se que um semigrupo {T(t) :t ≥0} em um espa¸co m´etricoX ´e

eventualmente compacto, quando existe t0 >0 tal que a aplica¸c˜ao T(t0) :X → X

´e uma aplica¸c˜ao compacta, isto ´e, quando para cada subconjunto limitado B de X sua

imagem por T(t0)´e um conjunto relativamente compacto de X.

Suponhamos que {T(t) : t 0} seja um semigrupo eventualmente compacto e fixemos t0 > 0 de modo que T (t0) : X → X seja uma aplica¸c˜ao compacta. Ent˜ao,

do fato de que uma aplica¸c˜ao cont´ınua transforma conjuntos compactos em conjuntos compactos e da propriedade de semigrupo, deduz-se que para todott0, T(t) :X →

X ´e uma aplica¸c˜ao compacta, poisT(t) = T(tt0)T(t0) toda vez que t≥t0.

Para ver que um semigrupo eventualmente compacto{T(t) :t ≥0}e eventualmente limitado ´e assintoticamente compacto, sejam (tn)n∈N uma sequˆencia de n´umeros com

tn → ∞ e (xn)n∈N uma sequˆencia limitada de pontos de X. Sejam, pelo fato de que

T(·) ´e eventualmente compacto, t0 > 0 tal que T(t0) : X → X ´e uma aplica¸c˜ao

(29)

γ+

τ(B0), seja limitada. Finalmente, escolhamos um naturaln0 tal que tn ≥t0+τ para

todo n ≥ n0. Definindo agora o conjunto limitado B := {T(tn−t0)xn : n ≥ n0} ⊂

γ+

τ(B0),da compacidade eventual, resulta queT(t0)B´e relativamente compacto e sendo

(T(tn)xn)n≥n0 uma sequˆencia cujos pontos s˜ao (exatamente) os pontos de T (t0)B, a conclus˜ao segue.

Apresentemos agora as principais propriedades dos conjuntos ω-limites para semi-grupos assintoticamente compactos, as quais se encontram resumidas no seguinte lema.

Lema 1.2.6. Seja {T(t) : t ≥ 0} um semigrupo assintoticamente compacto em um

espa¸co m´etrico X. Para todo subconjunto limitado n˜ao vazio B X, seu conjunto

ω-limite satisfaz as seguintes propriedades:

(i) ω(B)´e n˜ao vazio, compacto, invariante e atrai B pela a¸c˜ao de T(·).

(ii) ω(B)´e o menor conjunto fechado de X que atrai B.

(iii) Se B ´e um conjunto conexo ou, mais geralmente, se existe um conexo C que

cont´em B e que ´e atra´ıdo por ω(B), ent˜aoω(B) ´e conexo.

Demonstra¸c˜ao: (i) Para ver que ω(B) ´e n˜ao vazio, escolhamos uma sequˆencia arbitr´aria de n´umeros reais n˜ao negativos (tn)n∈Ncomtn→ ∞e uma sequˆencia (xn)n∈N

de pontos de B. Da compacidade assint´otica deduz-se que a sequˆencia (T(tn)xn)n∈N

possui uma subsequˆencia convergente e o Lema 1.2.2 nos diz que este limite pertence aω(B).

A compacidade pode ser provada da seguinte maneira: Seja (xn)n∈N uma sequˆencia

de pontos em ω(B). Gra¸cas ao Lema 1.2.2, a cada n N est´a associado um par

de sequˆencias (t(jn))j∈N em R+0, com t(

n)

j →

j→∞ ∞, e (x

(n)

j )j∈N em B tais que xn = lim

j→∞T(t

(n)

j )x

(n)

j , donde concluimos que para cada natural n existe um natural jn de meneira que

d(xn, T(t( n)

jn )x

(n)

jn )< 1

n com t

(n)

jn ≥n. (1.2.5)

Como t(jnn)

n→∞ ∞, pela compacidade assint´otica, podemos extrair uma

subsequˆen-cia convergente de (T(t(jnn))xjn(n))n∈N,a qual denotaremos por

(T(t(nk) jnk )x

(nk) jnk )k∈N

e seu limite por x. O Lema 1.2.2 implica agora que x∈ω(B), e de (1.2.5) obt´em-se

d(xnk, T(t( nk) jnk )x

(nk) jnk )<

1

nk

,

donde resulta, ap´os tomar o limite para k → ∞, que xnk →

k→∞ x, o que demonstra a

(30)

Provemos agora queω(B) ´e invariante porT(·). Em primeiro lugar, sejamxω(B), (tn)n∈N emR+0,com tn→ ∞,e (xn)n∈Nem B de maneira que x= lim

n→∞T(tn)xn.Ent˜ao,

se t 0 ´e dado, da continuidade do operador T(t) : X X e da propriedade de semigrupo segue-se que

T(t)x=T(t)( lim

n→∞T(tn)xn) = limn→∞T(t+tn)xn,

com t +tn → ∞ e (xn)n∈N em B, o que significa que T(t)x ∈ ω(B) e estabelece a

inclus˜ao T(t)ω(B) ω(B). Reciprocamente, sejam x ω(B), (tn)n∈N em R+0, com

tn→ ∞, e (xn)n∈N em B de maneira que x= lim

n→∞T(tn)xn. Fixandot≥0, vemos que

x= lim

n→∞T(tn)xn= limn→∞T(t+ (tn−t))xn= limn→∞T(t)T(tn−t)xn. (1.2.6)

Por outro lado, usando novamente a compacidade assint´otica, obt´em-se um ponto z ∈

X e uma subsequˆencia (T(tnj −t)xnj)j∈N de (T(tn−t)xn)n∈N de modo que

z = lim

j→∞T(tnj −t)xnj,

donde segue-se, gra¸cas ao Lema 1.2.2, quez ∈ω(B), e usando a continuidade deT(t) :

XX em (1.2.6) e o fato de que toda subsequˆencia de uma sequˆencia convergente ´e convergente e converge ao mesmo limite, obt´em-se

x=T(t)( lim

j→∞T(tnj−t)xnj) =T(t)z,

mostrando que x T(t)ω(B), concluindo a inclus˜ao T(t)ω(B) ω(B) e, portanto, a invariˆancia de ω(B).

Vejamos agora queω(B) atraiBpela a¸c˜ao deT(·),ou seja, que lim

t→∞dist(T(t)B, ω(B)) =

0. Suponhamos que isto n˜ao seja certo, ent˜ao deve existir ε > 0 e podemos construir uma sequˆencia (tn)n∈N de n´umeros reais positivos com tn→ ∞ tais que

dist(T(tn)B, ω(B))> ε para todon∈N.

Por outro lado, a defini¸c˜ao da semidistˆancia nos diz que para cada natural n pode-mos encontrar um pontoxn∈B tal que

d(T(tn)xn, ω(B))> ε, (1.2.7)

mas, a compacidade assint´otica de T(·) nos permite extrair uma subsequˆencia de (T(tn)xn)n∈N que converge a um ponto x que, obrigatoriamente, est´a em ω(B).

(31)

Provemos (ii) : Da defini¸c˜ao de ω(B),segue-se que o mesmo ´e fechado e, pelo item anterior, atrai B porT(·). Para provar que ´e, precisamente, o menor fechado com esta propiedade, consideremos F um subconjunto fechado de X que atrai B por T(·) e mostremos queω(B)F.

Com efeito, caso contr´ario, existiria um ponto xω(B) comx6∈F.Como F ´e um conjunto fechado, tem-sed(x, F) =:δ >0.Agora, sejam (tn)n∈N em R+0, comtn→ ∞, e (xn)n∈N em B tais que x= lim

n→∞T(tn)xn.

Por outro lado, como F atrai B, podemos encontrart∗ >0 de modo que

dist(T(t)B, F)< δ

2 sempre que t≥t

.

Logo

d(T(t)z, F)< δ

2para todo z ∈B e todo t≥t

.

Mas, escolhendo n(t∗) N tal que t

n ≥ t∗ sempre que n ≥ n(t∗), conclui-se que para todon n(t∗) vale

d(T(tn)xn, F)<

δ

2,

donde, pela continuidade da fun¸c˜ao X w7−→ d(w, F)R, ap´os passarmos o limite

emn, deduz-se qued(x, F)≤ δ

2,o que contraria a escolha dexe demonstra o item (ii).

Para provar (iii) suponhamos que exista um conjunto conexo C contendoB e que seja atra´ıdo por ω(B), mas que ω(B) n˜ao seja conexo. Ent˜ao, podemos escrever ω(B) como reuni˜ao de dois conjuntos fechados (em ω(B)) disjuntos e n˜ao vazios F1 e F2.

Segue-se do item (i) que F1 eF2 s˜ao compactos, logo d(F1, F2) =: δ >0,onde

d(F1, F2) := inf{d(a, b) :a∈F1, b∈F2}.

Agora, como ω(B) atraiC, existe t∗ >0 tal que

T(t)C ⊂ Oδ

2(ω(B)) para todo t≥t

,

portanto

γt+∗(C)⊂ Oδ

2(ω(B)) =O δ

2(F1)∪ O δ 2(F2).

Mas γt+∗(C) ´e a imagem do conjunto conexo [t∗,∞)×C pela aplica¸c˜ao cont´ınua [0,)×X (t, x) 7−→ T(t)x X e, por isso, γt+∗(C) ´e um conjunto conexo. Como

2(F1) e O δ

2(F2) s˜ao abertos disjuntos, γ

+

t∗(C) deve estar inteiramente contido em exatamente um destes dois conjuntos. Suponhamos, para fixar id´eias, que sejaγt+∗(C)⊂

2(F1). Ent˜ao,

(32)

dizendo que d(F2, F1) ≤ δ2. O que contradiz a defini¸c˜ao de δ e permite concluir que

ω(B) ´e um conjunto conexo quando ω(B) atrai um conexo que cont´em B.

O caso em que B ´e conexo, segue do que acabamos de provar acima simplesmente fazendoC =B e usando o item (i), terminando a demonstra¸c˜ao do lema.

Para os conjuntos α-limites das solu¸c˜oes globais limitadas dos semigrupos assin-toticamente compactos podem ser demonstradas, com provas inteiramente an´alogas, propriedades similares `as apresentadas no lema anterior, mais precisamente, tem-se o seguinte resultado:

Lema 1.2.7. Seja ξ : R X uma solu¸c˜ao global limitada para um semigrupo

assin-toticamente compacto {T(t) : t 0} em um espa¸co m´etrico X. Ent˜ao, o conjunto

α-limite de ξ, α(ξ), ´e n˜ao vazio, compacto, invariante, conexo e

lim

t→−∞d(ξ(t), α(ξ)) = 0. (1.2.8)

Demonstra¸c˜ao: Provemos apenas que α(ξ) ´e n˜ao vazio e que vale a convergˆencia em (1.2.8), porque as demais propriedades se demonstram analogamente ao caso do conjunto ω-limite.

Com efeito, seja (tn)n∈N uma sequˆencia arbitr´aria de n´umeros n˜ao positivos com

tn→ −∞. Escrevendo para cada natural n

ξ(tn) =T(−tn)ξ(2tn),

comotn → ∞,e (ξ(2tn))n∈N´e uma sequˆencia limitada de pontos deX,a compacidade

assint´otica de T(·) assegura que (T(−tn)ξ(2tn))n∈N possui uma subsequˆencia

conver-gente e, portanto, (ξ(tn))n∈Npossui uma subsequˆencia convergente ent˜ao, por defini¸c˜ao,

o limite de uma tal subsequˆencia deve pertencer aα(ξ), provando queα(ξ)6=∅.

Por outro lado, suponhamos que n˜ao se tenha a atra¸c˜ao afirmada em (1.2.8).Ent˜ao, existem ε > 0 e uma sequˆencia (tn)n∈N de n´umeros n˜ao positivos com tn → −∞ de modo que

d(ξ(tn), α(ξ))≥ε para todo n∈N. (1.2.9)

Mas, repetindo o argumento que usamos para provar queα(ξ)6=∅conclui-se que a

sequˆencia (ξ(tn))n∈Npossui uma subsequˆencia convergente para um pontox∈X,e este

ponto dever´a pertencer aα(ξ),o que contradiz (1.2.9) e, portanto, (1.2.8) ´e correto.

(33)

Lema 1.2.8. Sejam {T(t) : t 0} um semigrupo em um espa¸co m´etrico X e A X

um conjunto fechado e invariante. Ent˜ao

ω(A) =A.

Demonstra¸c˜ao: Com efeito, por um lado, seja x A, ent˜ao, pela invariˆancia de A,

resulta que para cada naturaln existe um pontoxn ∈A tal quex=T(n)xn e, eviden-temente, x = lim

n→∞T(n)xn, logo x ∈ ω(A) em virtude do Lema 1.2.2, estabelecendo a

inclus˜ao Aω(A).

Por outro, sejamx∈ω(A),(tn)n∈NemR+0 e (xn)n∈NemAtais quex= lim

n→∞T(tn)xn.

Usando a invariˆancia de A vemos que T(tn)xn ∈ A para todo natural n, donde x ∈

A=A,porque A´e fechado, dizendo que ω(A)A e a prova est´a terminada.

Observemos que a primeira parte da demonstra¸c˜ao acima, estabelece que para todo conjunto invarianteA (n˜ao necessariamente fechado) tem-se Aω(A).

1.3

Existˆ

encia de atratores

Analizemos agora o problema de se estabelecer condi¸c˜oes suficientes que assegurem a existˆencia de atrator global para um dado semigrupo {T(t) : t 0} em um espa¸co m´etricoX = (X, d).Provamos aqui, que a existˆencia de atrator global para um sistema autˆonomo ´e um fenˆomeno equivalente `a compacidade assint´otica com dissipatividade, o que ´e o conte´udo do seguinte resultado:

Teorema 1.3.1. Seja {T(t) : t ≥0} um semigrupo em um espa¸co m´etrico X. Ent˜ao,

{T(t) :t ≥0} possui atrator global A se, e somente se, ´e assintoticamente compacto e

limitado dissipativo. Al´em disso, em caso afirmativo, se B denota a cole¸c˜ao de todos

os subconjuntos limitados n˜ao vazios de X, ent˜ao o atrator A vem dado por

A= [

B∈B

ω(B). (1.3.10)

Demonstra¸c˜ao: Suponhamos primeiramente que exista o atrator global A para

{T(t) :t 0}.Ent˜ao, como vimos no final da Se¸c˜ao 1.1, necessariamente{T(t) :t0} ´e dissipativo. Para ver que ´e tamb´em assintoticamente compacto, sejam (xn)n∈N uma

sequˆencia limitada de pontos de X e (tn)n∈N uma sequˆencia de n´umeros n˜ao negativos

com tn → ∞.

Por um lado, considerando o conjunto limitado B :={xn:n ∈N}tem-se

lim

(34)

em particular,

lim n→∞xsup′B

d(T(tn)x′,A) = lim

n→∞dist(T(tn)B,A) = 0. (1.3.11)

Ent˜ao, simplesmente aplicando a defini¸c˜ao de limite de sequˆencias em (1.3.11), para cadaj Npodemos encontrar um ponto zj ∈ A de maneira que

d(T(tnj)xnj, zj)< 1

j. (1.3.12)

Agora, comoA´e um conjunto compacto, a sequˆencia (zj)j∈Npossui uma

subsequˆen-cia convergente. Denotando tal subsequˆensubsequˆen-cia da mesma maneira, sejax∈ Aseu limite. Ent˜ao, por (1.3.12),

d(T(tnj)xnj, x)≤d(T(tnj)xnj, zj) +d(zj, x)< 1

j +d(zj, x),

dondeT(tnj)xnj →

j→∞ x,provando a compacidade assint´otica de {T(t) :t≥0}.

Reciprocamente, suponhamos que {T(t) : t 0} ´e assintoticamente compacto e limitado dissipativo. Seja A := [

B∈B

ω(B) o conjunto definido em (1.3.10) e provemos

queA ´e, de fato, o atrator global de {T(t) :t 0}.

Em primeiro lugar, notemos que, gra¸cas ao Lema 1.2.6, para cadaB ∈ B, o conjunto

ω(B) ´e n˜ao vazio, compacto e invariante atraindoB pela a¸c˜ao deT(·).Da´ı, vemos que

A´e invariante, por ser uma reuni˜ao de conjuntos invariantes e, al´em disso, atrai cada um dos limitados de X por meio de T(·). Logo o teorema resultar´a demonstrado se provarmos queA´e um conjunto compacto, o que faremos usando a dissipatividade de

{T(t) :t0}.

Com efeito, sejaD⊂Xum subconjunto limitado que absorve todos os subconjuntos limitados deX por meio deT(·).Tomando o fecho deD, caso seja necess´ario, podemos supor que D ´e fechado, ent˜ao sua propriedade de absor¸c˜ao junto com a propriedade (ii) dada no Lema 1.2.6, nos dizem que ω(B) ⊂ D para todo B ∈ B. Assim A ⊂ D

e portanto ω(A) ⊂ ω(D). Como A ´e invariante temos A ⊂ ω(A) e da´ı conclui-se a cadeia de inclus˜oes

A ⊂ω(A)⊂ω(D)⊂ A,

sendo a ´ultima delas devida ao fato de que D ∈ B. Consequentemente ω(D) = A, concluindo a compacidade deA, levando em conta o Lema 1.2.6.

(35)

Corol´ario 1.3.2. Seja {T(t) : t 0} um semigrupo em um espa¸co m´etrico X. Se

T(·)´e eventualmente compacto, eventualmente limitado e ponto dissipativo, ent˜aoT(·)

possui atrator global.

Demonstra¸c˜ao: Como T(·) ´e eventualmente compacto e eventualmente limitado, ele ´e assintoticamente compacto, assim, em virtude do teorema anterior, ´e suficiente provarmos queT(·) ´e tamb´em limitado dissipativo.

Com efeito, sejaD0 um subconjunto limitado deX que absorve cada um dos pontos

deX pela a¸c˜ao de T(·) e consideremos o conjunto limitado D1 :=O1(D0). SendoT(·)

um semigrupo eventualmente limitado, existe τ∗ 0 de modo que o conjunto

D:=γ+

τ∗(D1)

´e limitado.

Provemos que Dabsorve cada um dos subconjuntos limitados X.

Em primeiro lugar, observemos que D absorve subconjuntos compactos de X pela a¸c˜ao T(·). De fato, dado K X um subconjunto compacto, para cada x K seja

τx ≥0 tal que

T(t)xD1 para todot ≥τx. (1.3.13)

Como D1 ´e um conjunto aberto, para cada x ∈K, pela continuidade do operador

T(τx) :X→X, existe δx >0 tal que

T(τx)Oδx(x)⊂D1.

Da´ı, a defini¸c˜ao do conjunto D nos mostra que

T(t)Oδx(x)⊂D para todot ≥τx+τ∗. (1.3.14)

Pela compacidade deK, sejamx1, x2,· · · , xn,um n´umero finito de pontos deK,de modo que pondo, para j = 1,2,· · · , n, por simplicidade, δj :=δxj eτj =τxj, tem-se

K

n

[

j=1

Oδj(xj).

Usando este fato junto com (1.3.14) vemos que se τK := max

1≤j≤pτj ent˜ao

T(t)K ⊂D para todo t≥τ∗+τK. (1.3.15)

Finalmente, pelo fato de que T(·) ´e eventualmente compacto, existet0 >0 de modo

(36)

qualquerB X o conjunto K :=T(t0)B ´e um compacto que cont´em T (t0)B e ent˜ao

(1.3.15) nos diz que

T(t)T(t0)B ⊂T(t)K ⊂D para todo t≥τ∗+τK.

Logo, pondo τ(B) := t0+τK +τ∗, conclui-se que

T(t)B ⊂Dpara todo t≥τ(B),

(37)

2

Semigrupos Gradientes

Apresentaremos agora a classe dos semigrupos gradientes. Nosso principal resul-tado, no caso autˆonomo, consiste em caracterizar estes sistemas por meio da dinˆamica que possuem.

Neste cap´ıtulo, veremos que os semigrupos gradientes possuem uma dinˆamica que pode ser compreendida de forma bastante detalhada. Mostraremos que sua dinˆamica fica completamente determinada por meio de uma fun¸c˜ao auxiliar, chamada fun¸c˜ao de Lyapunov, possuindo propriedades bastante particulares, evidenciando, assim, que os sistemas gradientes comp˜oem uma classe bastante nobre de semigrupos.

2.1

Fun¸

ao de Lyapunov

A fim de introduzir o conceito de fun¸c˜ao de Lyapunov, precisaremos definir mais algumas no¸c˜oes; uma delas ´e a de conjunto invariante isolado.

Defini¸c˜ao 2.1.1. Seja {T(t) :t≥0} um semigrupo em um espa¸co m´etrico X.

(i)Diz-se que um conjunto invarianteΞX´e umconjunto invariante isolado,

quando existe δ > 0 tal que Ξ ´e o conjunto invariante maximal de T(·) contido em

Oδ(Ξ), em outros palavras, se A ´e um conjunto invariante por T(·) contido em Oδ(Ξ),

ent˜ao AΞ.

(ii) Seja Ξ := {Ξ1,Ξ2,· · · ,Ξn} um conjunto finito de conjuntos invariantes por

T(·). Diz-se que Ξ ´e uma fam´ılia (finita) disjunta de conjuntos invariantes

isolados, quando cada um de seus elementos ´e um conjunto invariante isolado,

se-gundo(i), e existeε >0de maneira queOε(Ξi)∩Oε(Ξj) = ∅sempre que1≤i < j ≤n.

(38)

N˜ao ´e dif´ıcil ver que, se T(·) possui atrator global, ent˜ao o fecho de cada um de seus subconjuntos invariantes limitados ´e tamb´em invariante, de onde resulta que para estes semigrupos, seus invariantes isolados limitados s˜ao conjuntos fechados.

Outro conceito fundamental relacionado ao anterior ´e o de ponto de equil´ıbrio. Os pontos de equil´ıbrio e, mais geralmente, os conjuntos invariantes isolados, s˜ao objetos respons´aveis pela organiza¸c˜ao da dinˆamica do sistema.

Defini¸c˜ao 2.1.2. Uma solu¸c˜ao global ξ : R X chama-se uma solu¸ao

estacio-n´aria ou um ponto (ou solu¸c˜ao) de equl´ıbrio de {T(t) : t ≥ 0}, quando ´e uma

aplica¸c˜ao constante, ou seja, quando ´e da forma ξ(t) =z∗ para todo real t e um certo

pontoz∗ X. Indicaremos por E o conjunto dos pontos de equil´ıbrio de T(·).

Sez∗ ´e um ponto de equil´ıbrio de T(·), ent˜ao T(t)z=zqualquer que seja t0.

Sejam I R um conjunto de n´umeros reais e ϕ :I R uma fun¸c˜ao real definida

em I, recordemos:

Diz-se que ϕ ´e decrescente (resp. crescente) quando dados t < s em I tem-se

ϕ(t)> ϕ(s) (resp. ϕ(t)< ϕ(s)).

Diz-se que ϕ´en˜ao crescente (resp. n˜ao decrescente) quando dadost < s em I

tem-seϕ(t)≥ϕ(s) (resp. ϕ(t)≤ϕ(s)).

J´a temos tudo o que precisamos para definir os semigrupos gradientes.

Defini¸c˜ao 2.1.3. Sejam {T(t) : t 0} um semigrupo em um espa¸co m´etrico X e

Ξ := {Ξ1,Ξ2,· · · ,Ξn} uma fam´ılia finita disjunta de conjuntos invariantes isolados.

Diz-se que {T(t) : t ≥ 0} ´e um semigrupo gradiente generalizado com respeito

`a fam´ılia Ξ, quando existe uma fun¸c˜ao V : X R satisfazendo as seguintes quatro

propriedades:

(i) V :X →R ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua.

(ii) V : X R ´e n˜ao crescente ao longo de solu¸c˜oes, isto ´e, para todo x X a

fun¸c˜ao real de uma vari´avel real [0,∞)∋t 7−→V(T(t)x)∈R ´e n˜ao crescente.

(iii) Se para algum x∈X tem-se V(T(t)x) = V(x) para todot ≥0, ent˜ao x∈Ξpara

algum ΞΞ.

(iv) V : X → R ´e constante sobre cada subconjunto invariante isolado pertencente a

Ξ.

Uma fun¸c˜ao V : X R satisfazendo estas condi¸c˜oes chama-se uma fun¸ao de

(39)

No caso especial em que se tem Ξ=E :={z∗

1, z∗2· · ·, zn∗}, diz-se simplesmente que

T(·) ´e um semigrupo gradiente e a fun¸c˜ao V :X →R associada, uma fun¸ao de

Lyapunov paraT(·).

Observemos que um semigrupo gradiente pode ser entendido como uma terna (T(·),Ξ, V),ondeT(·) representa o semigrupo,Ξ a fam´ılia finita disjunta de conjuntos invariantes isolados eV a fun¸c˜ao de Lyapunov correspondente.

Podemos ilustrar a defini¸c˜ao anterior de fun¸c˜ao de Lyapunov com o seguinte exem-plo, o qual ´e o prot´otipo dos sistemas gradientes que costumam ser encontrados nas aplica¸c˜oes. Sua leitura, contudo, pode ser omitida sem nenhum prejuizo ao entendi-mento do restante do texto.

Exemplo 2.1.4. Sejam N ∈ N e f uma fun¸c˜ao C2"RN;R tal que para alguma constanteC > 0 tem-se

|∇f(x)| ≤C(1 +|x|) qualquer que seja xRN. (2.1.1)

Consideremos o problema de Cauchy

˙

x=−∇f(x), t >0

x(0) =x0 ∈RN , (2.1.2)

onde, evidentemente, f(x) representa o gradiente da fun¸c˜ao f avaliado no ponto

x∈RN.

Sendo ∇f : RN RN um campo de vetores de classe C1, portanto localmente

Lipschitz, e levando em conta (2.1.1), sabemos que o operador solu¸c˜ao associado ao problema (2.1.2) define um semigrupo (de fato um grupo) no espa¸co m´etricoRN. Em outras palavras, definindo para t ≥ 0 e x0 ∈ RN T(t)x0 := x(t, x0), onde x(·, x0) :

[0,) RN ´e a ´unica solu¸c˜ao (em sentido cl´assico) do problema (2.1.2), resulta que

{T(t) : t 0} ´e um semigrupo em RN. Suponhamos que f : RN RN possua somente um n´umero finito de zeros emRN,digamos, E :={z

1, z2∗,· · · , z∗n}.

Nestas condi¸c˜oes, a fun¸c˜aof :RN R´e uma fun¸c˜ao de Lyapunov para o semigrupo

{T(t) :t 0} com respeito ao conjunto E.

Demonstra¸c˜ao: Evidentemente, f : RN R ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua, j´a que ´e de classe C2, e E = {z

(40)

Com efeito, dado x0 ∈ RN, a fun¸c˜ao real de uma vari´avel real [0,∞) ∋ t 7−→

f(T(t)x0) = f(x(t, x0)) ∈ R ´e de classe C1 e ent˜ao, a regra da cadeia e o fato de que

x(·, x0) : [0,∞)→RN ´e solu¸c˜ao do problema (2.1.2), nos dizem que, para todo t >0

d

dt(f◦x(·, x0))(t) =∇f(x(t, x0))·x˙(t, x0) = − |∇f(x(t, x0))|

2

≤0, (2.1.3)

onde o ponto “·” representa o produto escalar euclidiano emRN e |·|sua norma corres-pondente.

A igualdade (2.1.3) mostra que a derivada da fun¸c˜ao

[0,)t7−→f(T(t)x0) = f(x(t, x0))∈R

´e n˜ao positiva, logo tal fun¸c˜ao deve ser n˜ao crescente, ficando estabelecida a condi¸c˜ao (ii).

Finalmente, suponhamos que x0 ∈ RN seja tal que f(T(t)x0) = f(x0) para todo

t0.Ent˜ao (2.1.3) nos mostra que para todo t >0 temos

0 = d

dtf(x0) = d

dt(f ◦x(·, x0))(t) = − |∇f(x(t, x0))|

2

=− |x˙(t, x0)|2,

ou seja, ˙x(t, x0) = 0 para todo t > 0, donde x(t, x0) = x0 para todo t > 0, portanto

x0 ∈ E, completando a justificativa do exemplo.

2.2

Estrutura dos semigrupos gradientes

Os semigrupos gradientes constituem um dos poucos exemplos de sistemas, que se conhecem, para os quais ´e poss´ıvel descrever, de maneira bastante precisa, a dinˆamica que possuem. Comecemos o estudo do comportamento das solu¸c˜oes globais de um sistema desta natureza sendo necess´ario, para isto, introduzir a no¸c˜ao de estrutura homocl´ınica como segue:

Defini¸c˜ao 2.2.1. Seja {T(t) : t 0} um semigrupo em um espa¸co m´etrico X

pos-suindo atrator global A e uma fam´ılia finita disjunta de conjuntos invariantes isolados

limitados Ξ := {Ξ1,Ξ2,· · · ,Ξn}. Uma estrutura homocl´ınica em A relativa a ÷

consiste em um subconjunto {Ξl1,Ξl2,· · · ,Ξlk} ⊂ Ξ em conjunto com uma fam´ılia de

solu¸c˜oes globais {ξj : R → X : j = 1,· · · , k} tais que, pondo Ξl(k+1) := Ξl1, para todo

j = 1,2,· · · , k, tem-se:

(i) Para cada j existe tj ∈R com ξj(tj)6∈(Ξlj ∪Ξl(j+1)) e

(ii)

lim

(41)

Uma estrutura homocl´ınica pode ser entendida como uma esp´ecie de pol´ıgono con-tido emA, onde os v´ertices est˜ao representados pelos conjuntos invariantes isolados e as arestas representadas pelas ´orbitas das solu¸c˜oes globais que os conectam, mas sempre levando em conta uma certa “orienta¸c˜ao” nas arestas quando se passa de um v´ertice a outro.

Observemos que a condi¸c˜ao: “Para cadaj existetj ∈Rcomξj(tj)6∈(Ξlj∪Ξl(j+1))”, exigida no item (i) da defini¸c˜ao acima, somente ´e necess´aria no caso em que se tem

k = 1, uma vez que, sendo Ξ uma fam´ılia finita disjunta de invariantes isolados, ´e evidente que quando (2.2.4) se verifica, a solu¸c˜ao ξj, devido a sua continuidade, deve deixar ambos os conjuntos Ξlj e Ξl(j+1) em algum instante tj.

Proposi¸c˜ao 2.2.2. Sejam {T(t) : t 0} um semigrupo gradiente generalizado com

respeito `a uma fam´ılia finita disjunta de conjuntos invariantes isoladoslimitadosΞ:=

{Ξ1,Ξ2,· · · ,Ξn}, possuindo atrator global A e V : X → R sua fun¸c˜ao de Lyapunov

correspondente.

Verificam-se as duas propriedades seguintes:

(i) Se ξ : R X ´e uma solu¸c˜ao global limitada de T(·), existem ´ındices i, j

{1,2,· · · , n} tais que

lim

t→−∞d(ξ(t),Ξi) = 0 e tlim→∞d(ξ(t),Ξj) = 0.

(ii) O atrator A n˜ao possui estruturas homocl´ınicas relativas a Ξ.

Demonstra¸c˜ao: Para provar (i) consideremos ξ : R X uma solu¸c˜ao global

limitada para {T(t) : t0} ent˜ao, gra¸cas a (ii) na Defini¸c˜ao 2.1.3, a fun¸c˜ao Rt 7→

V(ξ(t)) R´e mon´otona e pelo fato de que ξ(t) est´a no compactoA para todot R,

segue-se a existˆencia dos limites

L:= lim

t→−∞V(ξ(t)) e l:= limt→∞V(ξ(t)). (2.2.5)

Sejamα(ξ) eω(ξ), respectivamente, os conjuntosαeω-limites associados `a solu¸c˜ao

ξ. De (2.2.5) acima e da caracteriza¸c˜ao dos conjuntos limites em termos de limites de sequˆencias, segue-se que V, restrita a α(ξ), ´e constante igual a L e, por sua vez, restrita a ω(ξ) ´e constante igual a l. Ent˜ao, dado x ω(ξ), como ω(ξ) ´e invariante,

T(t)x∈ω(ξ) para todo t ≥0, dondeV(x) =V(T(t)x) =l para todo t ≥0 e por (iii) da Defini¸c˜ao 2.1.3, isto obrigax a estar em Ξj para algum j ∈ {1,2,· · · , n}.

(42)

conta as propriedades de atra¸c˜ao que possuem os conjuntosα eω-limites, terminamos a prova do item (i) desta proposi¸c˜ao.

Para o item (ii), sejam {Ξl1,· · · ,Ξlk} ⊂ Ξ e {ξj : R → X : j = 1,· · · , k}, um conjunto de solu¸c˜oes globais, formando uma estrutura homocl´ınica relativa aΞ, isto ´e, pondo Ξl(k+1) := Ξl1, tem-se para cadaj = 1,2,· · ·, k

lim

t→−∞d(ξj(t),Ξlj) = 0 e limt→∞d(ξj(t),Ξl(j+1)) = 0. (2.2.6) Sejam, de acordo com a propriedade (iv) da Defini¸c˜ao 2.1.3, para cadaj = 1,2,· · · , k+ 1, Lj o valor constante que a fun¸c˜ao V assume sobre o conjunto Ξlj. Da continuidade deV e da propriedade (ii) da Defini¸c˜ao 2.1.3 resultaL1 ≥L2 ≥ · · · ≥Lk≥Lk+1 =L1,

logo todos osLj’s devem ser iguais entre si e, digamos, que valhamL.

Por outro lado, fixado j = 1,2,· · · , k como a solu¸c˜ao ξj ´e tal que Lj ≥V (ξj(t))≥

Lj+1, para todo t ∈ R, e Lj = Lj+1 = L, ent˜ao, para todo real s V(T(t)ξj(s)) =

V(ξj(t+s)) =L=V(ξj(s)) para todot≥0.Agora, a condi¸c˜ao (iii) da Defini¸c˜ao 2.1.3 diz que, nestas condi¸c˜oes, ξj(s) ∈ Ξ para algum Ξ ∈ Ξ, donde conclui-se facilmente que, na verdade, ξ(t) ∈ Ξ para todo t ∈ R. Logo, por (2.2.6), Ξlj = Ξl

(j+1) = Ξ, pela arbitrariedade com a qual escolhemos j = 1,2,· · · , k, conclui-se que todos os invariantes Ξl1,· · · ,Ξlk s˜ao iguais entre si, digamos iguais a Ξ, e que, portanto, todas as solu¸c˜oes ξj :R → X, j = 1,· · · , k est˜ao contidas em Ξ, o que est´a em contradi¸c˜ao com o fato de que {Ξl1,· · · ,Ξlk} ⊂ Ξ juntamente com {ξj : R → X : j = 1,· · · , k} constituem uma estrutura homocl´ınica, estabelecendo a propriedade (ii) e completando a demonstra¸c˜ao.

Com base na proposi¸c˜ao anterior e no Corol´ario 1.1.7 podemos obter uma infor-ma¸c˜ao adicional sobre a estrutura geom´etrica dos atratores dos semigrupos gradientes. Para isso, devemos definir os conceitos de conjuntos est´aveis e inst´aveis associados a um conjunto invariante.

Defini¸c˜ao 2.2.3. Sejam {T(t) : t 0} um semigrupo em um espa¸co m´etrico X e Ξ

um conjunto invariante. Define-se:

(a) O conjunto inst´avel de Ξ como

Wu(Ξ) :=

{xX :existe ξ :RX, solu¸c˜ao global, com ξ(0) =x

tal que lim

t→−∞d(ξ(t),Ξ) = 0}.

(b) O conjunto est´avel de Ξ como

Ws(Ξ) :={x∈X : lim

(43)

Observemos que, se x Wu(Ξ) e ξ : R X ´e uma solu¸c˜ao global para T(·) com

ξ(0) = x e lim

t→−∞d(ξ(t),Ξ) = 0, ent˜ao ξ(s) ∈ W

u(Ξ) para todo real s, uma vez que,

dado s ∈ R, definindo ξs : R X por ξs(t) := ξ(t+s) para cada real t, ´e imediato

que ξs : R → X ´e solu¸c˜ao global para T(·) e, al´em disso, satisfaz lim

t→−∞d(ξs(t),Ξ) =

lim

t→−∞d(ξ(t+s),Ξ) = 0, com ξs(0) =ξ(s).

Corol´ario 2.2.4. Sejam {T(t) : t ≥ 0} um semigrupo gradiente generalizado com

respeito `a fam´ılia finita disjunta de conjuntos invariantes isolados limitados Ξ :=

{Ξ1,Ξ2,· · · ,Ξn}. Se {T(t) : t ≥ 0} possui atrator global A, ent˜ao A ´e a reuni˜ao

dos conjuntos inst´aveis dos conjuntos invariantes isolados pertencentes a Ξ.

Simboli-camente:

A =

n

[

j=1

Wu(Ξj). (2.2.7)

Demonstra¸c˜ao: Com efeito, por um lado, do Corol´ario 1.1.7, temos que A ´e a reuni˜ao de todas as ´orbitas globais limitadas de T(·), ent˜ao, se ξ : R X ´e uma

solu¸c˜ao global limitada, (i) da Proposi¸c˜ao 2.2.2 assegura que a ela est´a associado um elemento Ξ∈ Ξ de maneira que lim

t→−∞d(ξ(t),Ξ) = 0, o que significa, como observamos

acima, que para todo realt,ξ(t)Wu(Ξ), estabelecendo a inclus˜ao A ⊂ n

[

j=1

Wu j).

Reciprocamente, sejam x Wu(Ξ), para algum Ξ

∈ Ξ, e ξ : R X uma solu¸c˜ao

global para T(·) com ξ(0) = x e lim

t→−∞d(ξ(t),Ξ) = 0, como Ξ ´e limitado, segue-se que

para todo real τ o conjunto {ξ(t) : t τ} ´e limitado e como j´a vimos, para todo real τ o conjunto {ξ(t) : t τ} ´e tamb´em limitado, mostrando que a solu¸c˜ao ξ tem ´orbita limitada, donde segue, pelo Corol´ario 1.1.7, que tal ´orbita est´a contida em A

e, em particular, x ∈ A, dizendo que a inclus˜ao n

[

j=1

Wu

j) ⊂ A tamb´em se verifica,

terminando a demonstra¸c˜ao.

Se um semigrupo T(·) possui atrator global Ae uma fam´ılia finita disjunta de con-juntos invariantes isoladosΞ ={Ξ1,· · · ,Ξn}de maneira queAadmite a representa¸c˜ao dada em (2.2.7), costuma-se dizer que T(·) possui atrator de tipo gradiente.

2.3

Existˆ

encia de atratores para semigrupos gradientes

Referências

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