Variação do nível médio do mar - ténias para
a avaliação
São Paulo SP
Variação do nível médio do mar - ténias para
a avaliação
Dissertação apresentada à
Coordena-ção de Pós-Graduação em Engenharia
de TransportesdaEsolaPoliténiada
Universidade de São Paulo para a
ob-tenção do título de Mestre em
Enge-nhariade Transportes.
Áreade Conentração:
Engenhariade Transportes
Ênfase:
Informações Espaiais
Orientador:
Prof. Dr. Denizar Blitzkow
AgradeçoaDeuspelasabedoriaeporensinar-meaadadiaporondedevoseguir;
à minha esposa Renata por todo amor e dediação sempre presentes, à minha
mãe eàs minhastias peloapoio ontante;
ao Prof. Dr. Denizar Blitzkow que foi mais doque um orientador durante todo
operíodo destapesquisa e sim,um verdadeiro amigo;
aos Profs. NiolaPaileoNetto eEdvaldoSimõesdaFonseaJr. pelos onselhos
eonsideração;
aos funionários do Laboratório de Topograa e Geodésia Adalberto e Arildo
pelas inúmeras viagens aCananéia;
aos professores Dr. SílvioRogério Correiade Freitas, Dr. WladimirShukowski,
Dr. AfrânioRubensdeMesquita,Dr. JorgeLuisAlvesTrabanoeaoDr. CarlosAugusto
SampaioFrança pelas olaborações;
ao Conselho Naional de Desenvolvimento Cientío e Tenológio (CNPq) pela
onessão de bolsa duranteparte do meu urso;
à oordenação do urso de pós-graduação em Engenharia de Transportes e ao
InstitutoOeanográopelaajudananeiraduranteomeuestágionoObservatórioReal
daBélgia, assim também omo àempresa AleziTeodolini pela onessão das passagens
aéreas;
aoProf. Dr. Bernard Duarmeeà LeslieVanderoildenpelaatençãoom aqual
mereeberamemetrataramemBruxelaseportudoquemeensinaramnaáreadasmarés
terrestres;
e, nalmente, aos amigosde ursoAna Cristina,ClaudomiroSantos, Flávio Vaz,
Ile Campos, Maria Cristina Lobiano e Mário Alexandre de Abreu pelo apoio, pelos
A variação do Nível Médio do Mar (NMM) é um assunto de grande importânia para a
soiedade, pois a sua elevação, que é veriada em diversas estações de monitoramento
nomundo,pode trazerdiversos prejuízosparaohomem. Aponta-seomorazão prinipal
deste fenmeno a elevação da temperatura média do planeta ausada pelo aumento da
onentraçãodosGasesdeEfeitoEstufa(GEE).EmCananéia,litoralsuldoestadodeSão
Paulo,oníveldomarvemsendomonitoradohámaisde50anosatravésdeummarégrafo.
A estação também onta, desde o ano de 2002, om um reeptor do Global Positioning
System (GPS) uja antena está instalada em um pilar adequado, engastado na roha.
Além disso, um gravímetro geodinâmio foi instalado junto à estação para, assoiado
ao marégrafo e ao reeptor GPS, ontribuir para a determinação da variação absoluta
do NMM, que representa a diferença entre os movimentos do nível do mar e da rosta.
Comos dados maregráosdurante operíodode 1954 a2004 foi possível determinar um
aumentorelativodo NMM de 4,2mm/ano,om adeterminação de um modelo globalde
marésoeânias quemelhorseadaptou àregião. Aanálise dasobservaçõesgravimétrias
permitiramadeterminaçãodeummodelodemaréterrestreparaaestação,porémaderiva
instrumental impediu a deteção de alguma tendênia para a rosta. Já os resultados
obtidos através do proessamento das observações GPS entre os anos de 2004 e 2006
através do método Preise Point Positioning (PPP) determinaram um rebaixamento da
rostade1,59mm/ano. Noentanto,esteurtoperíododeobservaçõesproessadasimpede
The Mean Sea Level(MSL) variationis very important forthe soiety beause its
eleva-tion, veried in many monitoring stations around the world, auses several damages for
the humanity. It's pointed how prinipal reason of this phenomena the elevation of the
worldmean temperaturedue togreenhousegases onentrationinreasing. At Cananéia,
south oast of São Paulo, the sea level has been monitored for more than 50 years by
a tide gauge. The station has sine 2002 a GPS reeiver whose antenna is installed in
a stable pillar xed in the bed rok. Moreover a geodynami gravitymeter installed at
the site of the station, out of the tide gauge and the GPS reeiver, ontributes for the
determinationofabsolutevariationofthe MSLthatrepresentsthe dierenebetween the
movementofthe sea leveland the rust. Withtide gaugeobservations from1954 to2004
itwaspossibletondarelativeinreasingofMSLof4.2mm/yearwiththedetermination
ofthe oean tide modelthat best tinthe region. Theanalysis of gravimetri
observati-onsallowed thedeterminationof anearth tide modelbut the instrumentaldrifthindered
the detetion of some rust tendeny. However the results obtained by proessing GPS
observations between 2004 and 2006 by Preise Point Positioning showed a derease of
therust of1.59mm/year. However, any deniteonlusionontherust movementneed
Figura1 Efeitoestufa ... 17
Figura2 Variações datemperaturapara a superfíie daTerra ... 17
Figura3 Série ronológia dos níveis relativosdomar duranteos 300 últimos anos para a Europado Norte ... 19
Figura4 O omportamentodo nível relativodomar em Cananéia ... 20
Figura5 Imagens dabase de Cananéia ... 26
Figura6 Imagens doabrigo de instalaçãodo gravímetro ... 27
Figura7 Imagens dogravímetro e seu sistema de aquisição de dados ... 27
Figura8 Posiçõesda Terra e da Lua emmovimento emtorno doentro de massa do sistemadurante o períodode um mês lunar ... 32
Figura9 Deomposição darotaçãode umorporígido(a), rotaçãoKepleriana (b), rotaçãodaTerraem tornode seu próprio eixo(), aso dosistema Terra-Sol ... 33
Figura 10 Relação direta da força de maré (linha heia) om a força gravitaional (linha pontilhada)e a forçaentrífuga (linha traejada) ... 35
Figura11 Campode força de maré ... 37
Figura12 Ponto
P
emum sistemaondeζ
éadistâniazenitalaoorpoelesteM
39 Figura13 Triânguloesfério para transformaçãode oordenadas de um sistema ter-restre para o eleste ... 43Figura14 Interpretaçãogeométria das três famíliasde ondas de maré ... 44
Figura15 Sistemade eixosartesianos ... 55
Figura16 Resposta daTerra sólida eelátia àforça de maré ... 58
Figura17 NíveldomarregistradonomarégrafodeCananéiaduranteoanode1976 63
Figura 20 Resíduos das ondas diurnas prinipais durante o ano de 1976, após a
remoção de alguns intervalos ... 66
Figura21 Resíduos das ondas semi-diurnas prinipais durante o ano de 1976, após a remoção de alguns intervalos ... 66
Figura 22 Comparação das amplitudes das ondas diurnas e semi-diurnas entre os dados de Cananéia e alguns modelos de maré oeânia ... 69
Figura23 Comparaçãodas fasesdas ondasdiurnasesemi-diurnasentre osdadosde Cananéia e alguns modelosde maré oeânia ... 69
Figura24 Desvio médioquadrátio, obtidoapartirdadiferençaentre ovetor alu-lado e ointerpolado ... 70
Figura25 Asenção doNMM ao longodos 50anos de oletaem Cananéia ... 72
Figura26 Geometria de um gravímetroastatizado ... 73
Figura27 Caraterístias de torque para um sistemalinear epara um sistema asta-tizado ... 75
Figura 28 Exemplo de um nível em um gravímetro e das posições usadas para de-terminação daparábola ... 79
Figura29 Registros gravimétriosbrutos ... 80
Figura30 Registros gravimétriosapósorreções ... 81
Figura31 Calibração apliadaaoinstrumentronum períodode quadratura ... 82
Figura32 Quatrospontos notáveis para oálulo daalibração ... 83
Figura33 Valoresdas alibrações ... 84
Figura34 Dados gravimétrios apósa onversão de Hertz em
µgal
... 86Figura35 Registros enontrados apósa remoçãodo novomodelo denido ... 88
Figura 36 Registros antes e após a remoção do efeito de arga oeânia utilizando dados domodelo FES95 ... 89
Figura 37 Registros antes e após a remoção do efeito de arga oeânia utilizando as observaçõesda própriaestação ... 90
Figura 40 Espetro para os resíduos e arga oeânia alulada a partir das
obser-vações maregráasna regiãode freqüênia semi-diurna ... 92
Figura 41 Espetro para os resíduos e arga oeânia alulada a partir das obser-vações maregráasna regiãode freqüênia diurna ... 92
Figura42 Altitude geométriada estaçãoCananéia para 2004 ... 94
Figura43 Altitude geométriada estaçãoCananéia para 2005 ... 94
Figura44 Altitude geométriada estaçãoCananéia para 2006 ... 95
Tabela1 Estimativas de volume dos parâmetros dobalançohidrológio mundial 22
Tabela2 Exemplos de determinação donúmero de Doodson ... 52
Tabela3 Prinipaisondas de maré ... 54
Tabela4 Argumentos trigonométriosdas três famíliasde maré ... 55
Tabela5 Amplitudesmáximas para uma Terra rígida. ... 57
Tabela6 Amplitudesmáxima para uma Terra elástia ... 61
Tabela 7 Modelos de maré oeânia utilizados neste trabalho, suas respetivas re-soluçõese oberturas ... 67
Tabela8 Componentes aluladasde maré oeânia paraa estação de Cananéia 67 Tabela 9 Comparativo para as omponentes prinipais de maré oeânia para a estação de Cananéia entre os valores alulados e os obtidos a partir de modelos globais ... 68
Tabela 10 Valores de diferença RMS entre os modelos de maré oeânia e o valor alulado para Cananéia ... 71
Tabela11 ValoresaluladosparaasalibraçõesefetuadasnaestaçãodeCananéia 85 Tabela12 Resultados obtidos naestação de Cananéia ... 87
Tabela13 Valores de arga oeânia obtidasa partir domodelo FES95 ... 88
NMM NívelMédio do Mar
GEE Gases de Efeito Estufa
GPS Global PositioningSystem
PPP Preise Point Positioning
IPCC InternationalPanel of ClimateChange
IOUSP Instituto Oeanográo daUniversidade de São Paulo
CSRS Canadian SpatialReferene System
IOUSP Instituto Oeanográo daUniversidade de São Paulo
GLOSS The Global Sea Level Observing System
IBGE Instituto Brasileiro de Geograa e Estatístia
RBMC Rede Brasileira de MonitoramentoContínuo
AIC Akaike InformationCriterion
RMS Root Mean Square
FFT Fast Fourier Transformer
ITRF InternationalTerrestrial Referene Frame
1 Introdução... 13
2 A variação do NMM... 16
2.1 Oaumentodatemperaturamédia global . . . 16
2.2 Oaumentoreente doNMM . . . 18
2.3 As ausas davariação doníveldo mar . . . 21
2.4 Conseqüênias doaumento doNMM . . . 23
2.5 A base Dr. João Paiva de Carvalho do IOUSP. . . 25
3 A força de maré... 28
3.1 Introdução . . . 28
3.2 Coneito . . . 29
3.3 Avaliação numéria . . . 37
3.4 Potenial de maré . . . 39
3.5 Representação dopotenial de maré. . . 42
3.5.1 Odesenvolvimentode Laplae . . . 42
3.5.2 Odesenvolvimentoharmnio . . . 45
3.5.3 As ondas semi-diurnas . . . 47
3.5.4 As ondas diurnas . . . 49
3.5.5 As ondas de longo período . . . 51
3.5.6 Sistemade lassiaçãopara as ondas de maré . . . 51
4 Proessamento e análise dos dados de nível do mar... 62
4.1 Introdução . . . 62
4.2 Pré-proessamento das observações . . . 63
4.3 Comparaçãoentre modelos de maré oeânia . . . 65
4.4 VariaçãorelativadoNMM . . . 71
5 Resultados derivados na estação Cananéia... 73
5.1 Ogravímetro astatizado e oseu omportamentoinstrumental . . . 73
5.2 Pré-proessamento dos dados gravimétrios. . . 80
5.3 Proessamentodas observaçõesgravimétrias . . . 86
5.4 Resultados obtidos om ouso doGPS . . . 93
6 Conlusões e reomendações ... 97
1 Introdução
O omportamento do nível do mar hama ada vez mais a atenção de toda a
soiedadeumavezqueasuaelevaçãopodeausarsériosdanosemtodooplaneta. Alguns
efeitos já estão surgindoe gerampreoupação.
A elevação da temperatura média doplaneta tem onseqüênia direta eindireta
no aumento do NMM. Diretamente, devido à expansão térmia nas amadas
superi-aisdos oeanos;indiretamente, omo frutodo derretimento das geleirasontinentaisque
aumentam a massa de água. A elevação da temperatura média do planeta, veriada
desde oiníio da revolução industrial (sé. XIX), está orrelaionadaom oaumentoda
onentraçãodos GEE(IPCC,2001). Atualmente, aspossíveisonseqüêniasdoaumento
do NMM já são visíveis. Os prejuízos abrangem a oupação territorial osteira om a
inundação de idades e vilas,a fauna marinhaom aextinção de espéies que vivemnos
manguezais e o lima om a presença ada vez mais freqüente de fenmenos
devastado-res, omo os furaões e tempestades tropiais. Estes são apenas alguns exemplos que
demonstrama importâniamultidisiplinardeste tema.
OrelatóriodoInternationalPanelofClimateChange(IPCC)(IPCC,2001)trouxe
previsões alarmantes aeste respeito. Prevê-se, nomínimo,uma elevação média doNMM
de
48
entímetros até o m deste séulo. Esta previsão é de uma elevação relativa, ou seja,édesonsiderado o movimentodarosta. Elaestá baseada emdados maregráosede altímetros instalados em satélites, omo foi a missão espaial TOPEX/POSEIDON e
O Capítulo 2 desta dissertação retrata a importânia do estudo da variação do
NMM e suas onseqüenias. Neste trabalhoforam utilizadosos dados maregráos,
gra-vimétriosede reeptoresGPSreferentesàbase Dr. João PaivadeCarvalho loalizada
em Cananéia, litoral sul do estado de São Paulo, integrante do Instituto Oeanográo
daUniversidade de São Paulo (IOUSP).
Toda a massa que ompõe a Terra está sujeita à ação de forças gravitaionais
exeridas por outros orpos elestes que mudam ontinuamente o ampo de gravidade
terrestre. Dentre elas, a força de maré é a prinipal e ausa deformações vertiais,
ho-rizontais e delinaionais à rosta. A sua relação om o tema deste trabalho exige uma
explanaçãosobreoassunto. Destaforma,oestudodateoriadasmarés,ouseja,um breve
histório, a denição das prinipais ondas e o álulo teório da deformação resultante
sobre arosta são enontrados no Capítulo3.
AelevaçãorelativadoNMM foienontradaapartirdasobservaçõesmaregráas
nabase de Cananéia. Osmaregráfosregistramontinuamente a posição doníveldo mar
em relação a uma determinada referênia. Para obter um valor que indique a tendênia
relativadoNMM foineessário preparar, proessar eanalisarestas observações. A partir
daanálisedestesdadosdeniu-se osomponentes, amplitudeefase,das prinipaisondas,
alémdovalordetendêniadeelevação. Comaomparaçãoentreestesvaloresenontrados
eos modelos teórios de maré oeânia, foi possível determinar qual dentre deles melhor
seadaptou à região. Este é oassuntodo Capítulo4.
Oestudodas observaçõesontínuas de umgravímetroemumaestaçãopode
on-tribuireompletarasanálisesdoapítuloanterior. Damesmaformaquenasobservações
maregráas, é neessário preparar, proessar e analisar os dados oletados. Num
pri-meiroinstante, obteve-seaamplitudeeafasepara asprinipaisondas,oqueresultouem
umnovoonjuntode valoresquedeterminamoefeitogravimétriode maréterrestre para
a região. Removendo este efeito dos dados brutos, enontrou-se um sinal que ontém,
arga oeânia baseando-se tanto emvalores alulados a partir do modelo de maré que
melhorseadaptouàregião,enontradonoapítuloanterior,quantonosvaloresalulados
a partir dos dados maregráos. Novos resíduos foram enontrados a partir da remoção
doefeito gravimétrios de arga oeânia. No entanto, eles não permitiram avaliar uma
tendênia de movimentação da rosta. Uma outra forma de avaliar este movimento é o
proessamento das observações de reeptores GPS instalados próximos aos marégrafos.
Esta análise foi realizada para o reeptor instalado na base de Cananéia. Utilizou-se
paratal,oproessamento automátioforneidopelaagêniaanadense CanadianSpatial
Referene System (CSRS) através da internet. Os resultados forneeram um valor que
onrmou a tendênia da rosta durante o período de observações oletadas. Este é o
assunto doCapítulo5.
Depossedetodososresultadosobtidosapartirde elementosdiferentes,
onluiu-searespeito davariaçãoabsolutadoNMM edas ontribuiçõesqueestes trouxerampara
2 A variação do NMM
2.1 O aumento da temperatura média global
De aordo om o relatório do IPCC (IPCC, 2001), a temperatura média global
estáaumentandoemonseqüênia,prinipalmente,daelevaçãodaonentraçãodosGEE
edos aerosóis 1
naatmosfera. Entre o períodode 1990a 2100,está previstauma elevação
natemperaturamédia globalde 1,4
◦
C a5,8
◦
C.
Os GEE podem ser naturais ou não. Eles estão situados ao longo de toda a
atmosferae são fundamentaispara que haja um equilíbrio térmio sobre oplaneta. Eles
atuam, prinipalmente, sobre os raios infravermelhos. Quando a radiação solar inide
sobre a amada omposta pelos GEE, parte dela é reetida para o espaço. Da fração
que inide sobre a Terra, parte é absorvida e a outra reetida. Esta parela de energia
reetida inide sobre a amada dos GEE novamente que faz o mesmo papel quando da
inidêniadaradiaçãosolar,reeteumapartepara aTerraeliberaaoutraparaoespaço.
Umaumentonaonentraçãodos GEEausaumamaiorreexãodaenergiairradiadada
Terra, a qual retorna à superfíie. A Figura 1 ilustra este efeito para uma determinada
parela desta amada. Dentre estes gases, pode-se itar omo prinipais o vapor d'água
(
H
2
O
), o dióxido de arbono (CO
2
), o óxido nitroso (N
2
O
), o metano(CH
4
) e o oznio (O
3
).Desde o iníio da revolução industrial houve um aumento onstante na queima
de ombustíveis fósseis elevando onseqüentemente a onentração de gás arbnio na
1
Conjuntodepartíulassólidaselíquidasemsuspensãonoarujadimensãoenontra-seentre
0
,
01
eFigura 1: Efeito estufa (Fonte:
http://www.p.ufmg.br/Clube _de_ Cien ias /o_e feit o_es tufa _e_a s_ge leir as.h tm)
atmosfera. Alémdisso,jánoúltimoséulo,oaumentodouso deaerosóisede CFC's
(lo-rouorarbonetos)em equipamentos derefrigeraçãotemontribuídoparaumaumentoda
onentraçãodosGEE.SegundoIPCC(2001),entreosanosde1861e2000,atemperatura
dasuperfíieda Terra elevou-se em
0,
6
◦
C
±
0,
2
◦
C
(Figura2).Figura2: Variaçõesda temperatura para asuperfíieda Terra (Fonte: IPCC (2001))
A importâniadeste assunto, aliada à evolução tenológia que vem permitindo
um número resente de observações diretas e mais preisas das grandezas envolvidas
oeanos vêm sendo realizadas e ajustadas separadamente. Os resultados, em ambos os
asos,mostramumaqueimentobemaentuadoemdoisperíodos:
1910
a1945
e1976
aos diasde hoje. Emoutra situação,as mediçõesrealizadas através de balõesmeteorológiosindiam que a temperatura na troposfera vem aumentando desde
1958
, sendo que, em1979
, este aumento tornou-se mais relevante, e os dados obtidos a partir de missõesorbitaisonrmam esta tendênia.
Outrofatorobservadoéadiminuiçãodaamplitudetérmia 2
nasregiões
ontinen-tais,que oinideomum aumentodatemperaturamédia nestasregiões. Este fenmeno
trazomo onseqüênia um aumento de nebulosidade,de pluviosidade e de onentração
do vapor d'água na atmosfera, o que gera uma inidênia maior de fenmenos
meteoro-lógios omo as tempestades tropiais, que ausamdestruição e inundações (PIRAZZOLI,
1996).
Umindíiodoaumentodatemperaturamédiaéadiminuiçãodasáreasoupadas
pelas geleiras e pelo gelo sazonal que se forma nos pólos, denominado nesta dissertação
omo alotapolar, que vem sendo onstatada emdiversas regiõesdo planeta. O
derreti-mento das geleiras pode, além das outras tendênias menionadas, justiar o aumento
do NMM relativo que vemoorrendo onstantemente em boa parte das estações onde é
realizadooseu monitoramento.
Nos últimos anos, a soiedade tem dado uma importâniamaior aoaumentoda
temperatura média do planeta uma vez que suas onseqüênias são prejudiiais a toda
humanidade. Porém, independentedoquevemsendofeitopara minimizaroaqueimento
global,muitas de suas onseqüênias são onsideradas irreversíveis.
2.2 O aumento reente do NMM
Desde a últimaeraglaialháera de
20.000
anos, oníveldomar elevou-se mais de 120 metros em onseqüênia do aumento do volume da massa de água nos oeanos,além de outros fatores omo a variação rustal e a variação térmia dos oeanos. Em
função desta redistribuição de massas ainda hoje onstatam-se movimentos vertiais da
rostaterrestre. Aasensãomais rápidadoníveldomarnumaesalaglobaloorreuentre
15.000 e 6.000 anos antes de nossa era, na taxa média aproximada de
10
mm/ano. De aordo om dados geológios, a asensão eustátia do nível de mar (que orresponde aumavariaçãodovolumedos oeanos)oorreunosintervalosmédiosde
0,
1
a0,
2
mm/ano duranteosúltimos3.000 anos. Esta taxaéaproximadamente10vezes mais baixadoqueaquela observada no séulo XX. Durante os últimos 3.000 a 5.000 anos, as osilaçõesdo
NMM provavelmente não exederam
0,
3
a0,
5
metros(PIRAZZOLI, 1996).Figura 3: Série ronológia dos níveis relativosdo mar durante os300 últimos anos para
a Europado Norte (Fonte: IPCC (2001))
DuranteoséuloXX, de aordoomosdadosmaregráos,oNMM elevou-sede
1,
0
a2,
0
mm/ano, sendo o valor médio estabeleido de1,
5
mm/ano (IPCC, 2001). Deaordo om estes dados, a taxa de asensão no nível de mar foi mais elevada no séulo
estaçãode Cananéia.
Figura 4: O omportamento donível relativodo mar emCananéia
As projeções médias para a elevação do nível do mar entre 1990 e 2100 estão
entre
0,
11
e0,
77
metros e os prinipais fatores que ontribuem para esta asenção são (IPCC,2001):•
a expansão térmia dos mares que pode variar de0,
11
a0,
43
metros e tende aaumentarnopresente séulo;
•
a ontribuição devido ao derretimento das geleiras ontinentais que pode vir are-presentaruma variação de
0,
01
à0,
23
metros;•
aontribuição devido ao derretimento das alotas polares da Groelândia que podehegar a
0,
09
metros;•
a ontribuição devido ao derretimento das alotas polares da Antártia que podeAs inertezas nas ontribuições itadas reetem que ainda não há preisão nos
modelosutilizadosquesimulamtaisprojeções, mas todos indiamumaumentodoNMM
numaesalaglobal. Alémdomais,osmovimentosdarostaterrestre,deorigemisostátia
outetnia,oorrerãonesteséulo,independentedasmudançaslimátiasquefarãoom
quea massa oeânia aumente.
2.3 As ausas da variação do nível do mar
O nível do mar enontra-se em onstante variação e a determinação do seu
va-lor médio envolve diversos fatores de onjuntura global que agem em esalas de tempo
diferentes, desdealgumas horas omoas marés(terrestres, oeânias e atmosférias),até
alguns milharesou milhões de anos omoa modiação de uma baia oeâniasob ação
de movimentostetnios e de sedimentação. Certamente, em uma esala de tempo
me-nor, os prinipais fatores que inueniam estão ligados às variações limátias. Porém,
quando, durante um determinado períodode tempo, movimentosaleatórios e periódios
são removidos, um valorestável éobtido: oNMM.
A água que ompõeo oeâno possui propriedades físiasequímias importantes
para o estudo em questão omo a densidade, a salinidade, a temperatura e a pressão.
Tais variáveis, ao sofrerem alterações, modiam o volume de massa oeânia, em razão
da relação que existe entre elas; a densidade d'água do mar depende da salinidade, da
temperatura e da pressão. Ela diminuiquando a temperatura aumenta, e aumenta om
a elevação da salinidade e da pressão. Esta, por sua vez, aumenta om a profundidade.
Quanto menor a densidade d'água, maior será o volume por ela oupado. Logo, um
derésimo em sua densidade ausa um aumento do nível do mar. Se a temperatura
d'águativesse um aumentomédio de
1
◦
C
sobre uma amadade4000
metros,produziriasas das variações histórias do nível do mar e deverá representar um papel primordial
na sua elevação no deorrer deste séulo. Este efeito se dará mais rapidamente nas
a-madas superiais dos oeanos. Nas amadas mais profundas, onde a temperaturavaria
muito lentamente, a expansão térmia oorrerá ao longo de vários séulos em função da
transferêniade alor.
Alémdosfatoresitadosanteriormente,airulaçãooeâniaeoregimedeventos
também ontribuem para a variação do nível do mar. Desta forma, omo ada região
possuiaraterístiaspróprias,haverá umadivisão geográadaquele nível. As variações
regionais possuirão amplitudes superiores e inferiores em relação à elevação média do
NMM numa esala global. Haverá regiões onde o NMM aumentará e outras onde ele
diminuirá.
O nível do mar também varia a partir de alterações na quantidade da água
oeânia, que é representada através do seu balanço hidrológio. A equação que dene
este balanço mundial é expressa por
A
+
O
+
L
+
R
+
M
+
B
+
U
+
I
=
K
, ondeK
é um valoronstante e representa todaa água existente no planeta. A Tabela1 apresentaosigniado de ada omponentedaequação e seus valores estimados.
Parâmetro Volume (
km
3
) Espessura de água
equiva-lente a
A Água atmosféria
13.000
36mm
O Oeanos emares
1.375
×
10
6
3,
8km
L Lagos e reservatórios
125.000
35cm
R Rios eanais
1.700
5mm
S Pântanos
3.600
10mm
B Água biológia
700
2mm
M Mistura emsolos e
zo-nas insaturadas
65.000
18cm
U Água subterrânea
4
×
10
6
−
60
×
10
6
11
−
166m
I Água ongelada
32,
5
×
10
6
90m
Tabela1: Estimativasde volumes dos parâmetros dobalanço hidrológiomundial
(Fonte: Pirazzoli(1996))
a
Usandoumaáreadesuperfíieoeâniade
361
,
3
×
10
6
polares. Estasreservassedevemàúltimaeraglaial 3
,époanaqualoníveldomarsofreu
um derésimoda ordemde uma aduas entenas de metros. Podia-se esperar queo
der-retimentodeste materialfosseaprinipalrazãode umaelevaçãodoníveldomar. Porém,
boa parte deste estoque d'água enontra-se naAntártia e naGroelândia, regiões muito
frias, e que possuem um baixo ritmo de derretimento durante as glaiações. Portanto,
prevê-se que esta ontribuição será pequena no deorrer deste séulo, justiando uma
maiorontribuiçãopor parte daexpansão térmiada massa oeânia.
A questão do aumento do NMM preisa ser abordada onsiderando também o
movimentodarosta terretre. Poreste pontode vista,o valorenontrado é denominado
relativo, uma vez que é tomado em relação a um marégrafo que está xo à rosta. No
entanto,seoomportamentodarostaterrestreforestudadoeoseuresultadoremovidodo
valordas observações maregráas, durante um períodode tempo oinidenteemambas
determinações, uma variação residual é enontrada. Nesta dissertação elaé denominada
de variação absoluta.
Oomportamentodarostaterrestreédistintoemrelaçãoaodamassaoeânia.
Enquanto aresposta darosta, emfunção das redistribuições de massa e qualquer outra
ação,é lenta,devido asua densidadee rigidez,para a águaa resposta é imediata. Como
onseqüênia,há um intervalode temporesultante euma diferençaesalar vertialentre
estasvariaçõesqueausammudanças doNMMemesalasregionaisou, atémesmo,
onti-nentaisaolongodotempo. Daíaimportâniadeseremestudados omodois movimentos
independentes que seomplementam gerando um únio resultado.
2.4 Conseqüênias do aumento do NMM
Asregiõeslitorâneastêmumaimportâniafundamentalparaahumanidade,seja
nos transportes, na indústria ou na eonomia. Além disto, o eossistema que se aloja
nestas regiõesé muito rio. São inúmeras as espéies de animais eos tipos de vegetação
3
queaí seenontram.
Segundo Pirazzoli(1996),estima-sequemais de
1/3
dapopulaçãomundialmore emregiões litorâneasouaté uma distânia de100km
da osta. Diversos países possuem osseus grandes entros urbanos nestas regiões. Além disso, grande parte do turismo emtodoo mundo érealizadoem idadeslitorâneas.
Um aumento do nível do mar provoará a sua progradação, ausando grandes
perdasemdiversas áreas. A extensãodainvasão dependerádatopograadaregião,mas,
nos últimosanos, jáhá diversos registrosde praias desapareidas e de áreasom grandes
oorrênias de erosão. Em Israel, no iníio dos anos
90
, uma idade teve a sua prinipal fonte de água potável ontaminada pela intrusão de sal. Casos omo este já oorreramemoutras regiões do Oriente Médio. Nos últimos anos, houve um aumentodos diversos
tipos de fenmenos meteorológios devastadores, omo as enhentes e os furaões, entre
outros,que derivam prinipalmentedo aumento da massa oeânia e da elevação de sua
temperaturasuperial. Tudoistoapontaparaumasevera deterioraçãodepartedomeio
ambiente.
De aordo om Pirazzoli (1996), lassiam-se os efeitos físios do aumento do
NMM em ino ategorias. São elas:
•
erosãodas praias;•
aumentode enhentes etempestades esuas onsequênias;•
progradaçãodoníveldo mar;•
intrusãode salem aquíferos efontes subterrâneas;•
aumentodos valores das tábuasde maré 4.
A perda naneira que virá a oorrer se torna inalulável. Inúmeros portos
terão de se adaptar para efetuar suas operações de arga e desarga. Diversos imóveis
serão invadidos pela água do mar, perdendo assim o seu valor imobiliário. Inúmeras
outrasonseqüênias poderão vira oorrer, uma vez que as previsões indiammudanças
irreversíveis.
Sãoinúmerasaspesquisasqueabordamatualmenteestetemaeonstantementeo
termoaumentodoníveldomar éusado. Partedestesestudosderivamsuasinformações
apartirdosaltímetrosinstaladosemsatélites,oquevêmpermitindoobterbonsresultados
sobreavariaçãoabsolutadoníveldomar. No entanto,os mesmosnão são preisosjunto
à osta pois o sinal não inide somente sobre a lâmina d'água nestas regiões. Com isso,
é importanteque a variação seja estimada junto aos marégrafos, ressaltando, mais uma
vez, que existem dois movimentosem questão, o darosta terrestre e odo níveldo mar.
ApósaobtençãodoNMMabsolutoede sua tendêniaserápossívelassoiartalresultado
aos altímetros.
Neste trabalho,oobjetivoédesenvolveratividadesquepossamontribuirparaos
estudosda variação absoluta do nível do mar na estação de Cananéia, situadano litoral
sul do estado de São Paulo. O Instituto Oeanográo da Universidade de São Paulo
(IOUSP) éque mantém esta base emoperação. Lásão desenvolvidas diversas pesquisas,
não somente naárea de Oeanograa omo emoutras áreas ans.
2.5 A base Dr. João Paiva de Carvalho do IOUSP
A base Dr. João Paivade Carvalho, loalizadaemCananéia, litoralsulde São
Paulo,operadesde1954eintegraarededeestaçõesdoprogramaThe GlobalSea Level
Observing System (GLOSS) desde 1993 sob o número
194
. Os dados maregráos são registrados graamente a partir de uma marégrafo de bóia AOTT, Figuras 5(a) e5(b). Posteriormente, os dados são digitalizados e disponibilzados pelo IOUSP. Além
equipamentomais preiso. Abase ainda onta om um reeptor GPS de mara Trimble,
modelo 4600, de dupla freqüênia, em operação desde 2002, uja antena está instalada
num pilar espeialmente onstruído, Figura 5(). Suas oordenadas foram homologadas
pelo Instituto Brasileiro de Geograa e Estatístia(IBGE). Desde o iníio de 2006, esta
estaçãointegra a Rede Brasileira de MonitoramentoContínuo(RBMC).
(a) Abrigodomarégrafo (b) Marégrafo de
bóiaAOTT
() Pilar para suporte da antena
GPS
Figura 5: Imagens dabase de Cananéia
Existe uma estação meteorológianabase queregistra atemperatura, a pressão
atmosféria,osperíodos equantidades de huva,entre outrasvariáveis.
A base ontaom um abrigopara instalaçãode gravímetros am de seregistrar
ontinuamenteavariaçãorelativadagravidade. Esteabrigo,Figura6(a),foionstruídoa
m de minimizarosefeitos de variaçãotérmia edaumidade relativado ar. Dentro dele
existe um outro ompartimentoonde está loalizadoopilar de instalaçãodogravímetro.
Destaforma,oloalde instalaçãodoequipamentoestáisoladodosistemade aquisiçãode
dadosonformeilustraaFigura6(b). Comisso, épossívelqueooperadorentre noabrigo
efaça a manutenção doaparelho sem entrar noompartimento que o isola, Figura 7(a).
Ouainda,quandoforneessárioveriaroprópriogravímetro,ooperadorpodeentrarno
ompartimentotendosempreouidadodefeharasportasdoabrigoedoompartimento
a m de minimizar a entrada do ar externo, evitando assim uma possível mudança de
(a) A frente, o antigo abrigo do gravímetro, ao
fundo,oonstruídomaisreentemente
(b) Dentro donovoabrigo, ummodoisola opilar
deinstalaçãodogravímetro
Figura6: Imagens doabrigo de instalaçãodo gravímetro
(a) Sistema de aquisição de dados
loalizadoexternamenteaomodo
dopilar
(b) Pilardentrodomodoomo
gra-vímetro instalado
3 A força de maré
3.1 Introdução
Desde a antigüidade ofenmeno das marés oeânias já era reonheido porsua
amplitude e periodiidade. Em
550
a.C. Aristóteles orrelaionou este evento om as fases lunares e, no iníio da era ristã, Plinio as assoiou à amplitude de maré. Umaboa ompreensão deste efeito veio depois que Newton apresentou a Lei da Gravitação
Universal, eLaplae,nom doséulo
XV III
, deuum tratamentomatemátioàsmarés. No entanto, foi somente um séulo depois om Thomson que a análise harmnia naprediçãodemarésfoiintroduzidae,apartirdaí,oaperfeiçoamentodestateoriaontinuou
om outrosientistas dentre eles Darwin, Doodson eCartwright.
Ofenmenodasmarésterrestressófoireonheidonestemesmoperíodo,segunda
metadedoséulo
XIX
,omopróprioThomsonqueintroduziuaidéiade queaTerranão éumorpototalmenterígidoeestásujeitaàsdeformaçõesviso-elástiasemonseqüêniada atração luni-solar, a exemplo do que oorre om os oeanos, porém om amplitudes
reduzidas. Tais deformações na rosta terrestre variam em função das araterístias
reológiasdaregião.
Toda massa unitátia m, loalizadaem um determinado ponto sobre a superfíie
terrestre,estásujeitaàforçagravitaional,exeridaportodaamassaqueompõeaTerra,
eà forçaentrífuga devido ao movimentode rotação doplaneta emtorno de seu próprio
eixo. Ovetorresultante,ujadireçãoéavertialdopontoonsideradoeujaorientaçãoé
domódulo.
Por outro lado, todo orpo eleste exere sobre aquela mesma massa m uma
outra força gravitaional variável om o tempo devido às posições relativas do astro e
do ponto onsiderado. Finalmente, a rotação da Terra em torno do entro de massa do
sistema onsiderado, omposto pelaprópria Terra e pelo orpo eleste em questão, gera
uma forçaentrífuga que age juntamente om aforça gravitaional. Esta resultante, das
forças gravitaional e entrífuga, é denominada força de maré. A ação desta força ausa
variaçõesnadireção ena intensidade dovetor gravidade.
Torge (2001) dene de forma semelhante a força de maré omo sendo ausada
pelasuperposição dagravitação lunisolar (eem menorextensão à gravitação planetária)
eaeleraçõesorbitaisdevidoaomovimentodaTerraaoredor dobarientrodorespetivo
sistemados dois orpos (Terra-Lua,Terra-Sol, et.).
3.2 Coneito
Considere-se um ponto de massa
m
em repouso sobre a superfíie da Terra e os sistemas de referênia, não ineriais, elesteR
ˇ
′
(O
′
, x
′
, y
′
, z
′
)
e terrestreR(O, x, y, z)
ˇ
.Dene-se:
•
γ
- aeleração absoluta;•
γ
r
- aeleração relativa;•
γ
e
- aeleração devido aomovimentodo sistemaR
ˇ
emrelaçãoaoR
ˇ
′
.
Em qualquer ponto
P
da superfíiedaTerra tem-se:γ
=
γ
r
+
γ
e
+ 2ω
∧
v
r
(3.1)•
m ~
A
- forçade atração gravitaionalexerida pelaTerra;•
m~a
- forçade atração gravitaionalexerida pelos orpos elestes;•
f
~
- forças loais.A aeleração absoluta
γ
serelaionaàs demaisforças pelarelação:mγ
=
m ~
A
+
m~a
+
f
~
(3.2)Considerando um ponto
P
xo em relação ao referenial terrestre, ou seja, ae-leração relativa e veloidade do ponto nulas,γ
r
= 0
ev
r
= 0
, é neessário que a forçaf
~
esteja emequilíbrio om aforça de gravidadem~g
. Logo:~
f
+
m~g
= 0
(3.3)Substituindo (3.3) em(3.2) tem-se:
mγ
e
=
m ~
A
+
m~a
−
m~g
(3.4)A aeleração
γ
e
éompostapordoistermos: aaeleraçãodo entrode massaγ
0
, ea aeleração entrífugaω
2
r~x
. A força entrífuga
f
~
c
vale:~
f
c
=
m~v
∧
ω
(3.5)Tem-se ainda, que aveloidade
~v
éexpressa por:~v
= (ωr)~y
(3.6)~ω
=
ω~z
(3.7)Substituindo (3.6) e(3.7) em (3.5),tem-se::
~
f
c
=
mω
2
r~x
(3.8)Finalmente, substituindo (3.8) em(3.4), obtem-se:
m~g
=
m ~
A
|{z}
f gravitacional
+
m(~a
−
γ
0
)
|
{z
}
f de mar
e
´
−
m(ω
2
r)~x
|
{z
}
f centr
´
if uga
(3.9)
Vê-se queaforçademarééum efeitodiferenialentreaatraçãogravitaionaldos
orpos elestes em um ponto
P
e a força entrífuga neste mesmo ponto gerada a partir
daaeleração doentrode massa daTerra em tornodo entro de massa do sistema.
Considere a Figura 9. O entro de massa do sistema Terra-Sol, devido à razão
entre suas massas, é muito próximo do entro de massa do Sol. Desta forma, pode-se
onsiderar, em uma primeira aproximação, que a Terra segue uma órbita irular om
umaveloidade em torno doponto
S
, querepresenta oentro de massa dosistema.No entanto, esta aproximação é impossível para a Lua, pois o entro de massa
dosistema Terra - Lua não oinideom o entro de massa doorpo prinipal. Dada a
razão
µ
=
1
81
,
3
, entre a massa da Lua e a massa da Terra, o entro de massa do sistemaestá loalizado a uma distânia
ρ
=
R
1+
µ
−
1
. Para uma distânia média Terra - Lua,
R
= 384.000 km
, o entro de massa está a uma distâniaρ
= 4.665,
9 km
do entro demassa da Terra, ou seja, está loalizadono interior do planeta. Este sistema resulta em
uma rotação da Terra em torno deste entro de massa omum em um período de
27,
3
dias lunares1
. Neste aso, o movimentodosistema Terra - Luaemtorno doSolpode ser
vistonaFigura 8.
1
Figura8: Posiçõesda Terra e daLuaem movimentoemtorno doentro de massa do
sistema duranteo períodode um mês lunar (Fonte: Mesquita e França (1996))
Em Melhior (1983), assim omo em Duarme (2005), o oneito de rotação
kepleriana é introduzido para disriminar o efeito da ação da força de maré entre os
movimentosde rotaçãoetranslaçãodaTerra. Neste oneito,ada pontodoplanetagira
em torno de um entro de rotação diferente e instantâneo e possue a mesma aeleração
entrífuga.
O ampo da força entrífuga devido à rotação de um orpo rígido em torno do
entro de massado sistemapode ser onsiderado omoa soma de um ampo onstantee
de um ampo radial. No aso do Sol, o ampo onstante vale
ω
2
R
, onde
ω
representa a aeleração entrífuga eR
a distânia entre os entros de massa do Sol e da Terra. Este ampoéparaleloàlinha queuneosentros dos orpos. Já oamporadialvaleω
2
r
,onder
éo raiodaTerra, e representaa forçaentrífuga devido à rotaçãodoplaneta emtornode si mesmo,onsiderado um orporígido, durante o seu movimentoemtorno do entro
demassa dosistema. Segundo Duarme (2005)esta omponenteradialestá adiionadaà
rotaçãoprópriadoplanetadaqualnão pode ser distingüida esomenteo ampoalinhado
Figura9: Deomposiçãoda rotaçãode um orpo rígido (a), rotaçãoKepleriana (b),
rotação daTerra em tornode seu próprio eixo(), aso do sistema Terra-Sol
Assim, para onseguir uma onguraçãoestávelé neessário que aintegral, para
todo o volume da Terra, da atração gravitaional do Sol esteja balaneada exatamente
om a integral da força entrífuga ligada à translação da Terra, a qual, neste aso, tem
ontribuiçõesonstantes om o tempo. Como onseqüênia, tem-se que, noentro
O
da Terra esféria, asforças entrífuga egravitaional são iguais, porém opostas.Considerando ainda a Figura 9, sendo
R
a distânia Terra - Sol,G
a onstante gravitaional,eM
a massa doSol, a forçagravitaionalemO
exeridapeloSol, (S
)é:F
G
(O) =
GM
R
2
(3.10)F
C
(O) =
ω
2
R
(3.11)orientada segundo adireção de
F
G
, porém oposta.Como em
O
as forças estão emequilíbrio tem-se:F
G
(O) =
F
C
(O)
(3.12)Substituindo em (3.10) os valores das massas do Sol e da Lua e suas distânias
médiasà Terra, tem-se queo Solexere sobre aTerra uma aeleraçãomédia de
0,
59 gal
, enquanto a Lua,3,
32 mgal
. Utilizandoa representação vetorial,a força resultante emO
(Figura9),F
~
T
, vale:~
F
T
(O
) =
F
~
G
(O) +
F
~
C
(O) =
~
0
por estar emequilíbrio... (3.13)O equilíbrio, entretanto, somente se veria no entro de massa da Terra. Em
qualqueroutroponto,estaresultanteédenominadaforçade maré. Apliando(3.13)para
um ponto qualquer
P
,tem-se a relação:~
F
T
(P
) =
F
~
G
(P
) +
F
~
C
(P
)
= (
F
~
G
(P
)
−
F
~
G
(O)) + (
F
~
C
(P
)
−
F
~
C
(O))
=
F
~
G
(P
)
−
F
~
G
(O)
(3.14)Na equação aima, a relação
~
F
C
(P
)
e~
F
C
(O)
se anula uma vez que foi utilizadaaondição de rotaçãokepleriana e,desta forma,seus valoressão iguaisemtodaa Terra.
Estaequaçãodeneaforçademaréomoadiferençaentreaatraçãogravitaional
Esta deniçãoéusadaemGemael(1986)quedizqueaforçademaré(tidalfore)
emum ponto
P
do modelo esfério sólido e rígido é a diferença entre a força de atração exerida peloSol e pela Luasobre a unidade de massa oloada nesse ponto e noentrodomodelo.
Figura10: Relaçãodiretada forçade maré(linha heia) om aforçagravitaional(linha
pontilhada)e aforça entrífuga (linhatraejada)
No ponto
A
daFigura10,sendoS
oSol,a
oraiodaTerra, eR
a distâniaentre osentros de massado Sole daTerra, tem-se:F
G
(A) =
GM
(R
−
a)
2
(3.15)Substituindo (3.10) na equação aima, onsiderando
x
=
a
R
um número muitopequeno, e
F
G
(O) =
F
, tem-se:F
G
(A) =
F
G
(O)
R
2
(R
−
a)
2
=
F
A forçade maré
F
T
tem oseu sentido dirigidoparaoorpoeleste,ouseja, paraS
. Logo, no pontoA
, a força de maré é a diferença entre a força gravitaional exeridapelo astro (
F
G
(A)
) e a força entrífuga no entro da Terra, pontoO
,F
C
(O)
. Como demonstrou-se em3.12, aforçaentrífuga noentroda Terra nada mais édoque aforçagravitaionalexerida pelomesmo astro neste ponto.
F
T
(A) =
F
G
(A)
−
F
G
(O) =
F
(1 + 2x)
−
F
= 2xF
(3.17)De modo similarno ponto
C
:F
G
(C) =
GM
(R
+
a)
2
=
F
(1
−
2x)
(3.18)e,
F
T
(C) =
F
G
(C)
−
F
G
(O
) =
F
(1
−
2x)
−
F
=
−
2xF
(3.19)No ponto
B
, a forçagravitaionalF
G
, aolongo do eixoSB
, é dada por:F
G
(B) =
GM
R
2
+
a
2
=
F
G
(O)
R
2
R
2
+
a
2
=
F
1 +
x
2
(3.20)Como notriângulo
SOB
,r
=
R
tan
α
, a projeçãoradial da forçasobreOB
é:F
r
(B) =
F
G
(B) sin
α
=
−
F x
(1 +
x
2
)
=
−
F x
(3.21)ea projeção tangenial:
F
t
(B) =
F
G
(B) cos
α
∼
=
F
(1
−
x
2
2
)
(1 +
x
2
)
∼
=
F
(3.22)F
T
(B) =
F
G
(B)
−
F
G
(O)
,e vale:F
T
(B) =
F
r
(B
) =
−
F x
(3.23)A partir dos resultados aima, vê-se que a amplitude máxima de maré, ou seja,
a diferença entre o maior e o menor valor obtido vale
3F x
. Esta força varia em função daposição dos astros envolvidos. A Figura 11representa o ampo de forças de maré emumaseção doplanetaem um determinadointante.
Figura11: Campode forçade maré
3.3 Avaliação numéria
A m de avaliar a amplitude de maré, as seguintes onstantes são adotadas, e
apliadasnas fórmulas itadas anteriormente:
1. Para a Terra:
a
= 6.371 km
- raioaproximado;ρ
= 4.670,
7 km
-distâniaentre oseu entroeobarientrodosistemaTerra -Lua.2. Para o Sol:
R
S
= 149.597.871 km
- distâniaaproximada àTerra;T
S
= 365,
25 dias
- período de revolução daTerra emtorno dosistema Terra-Sol.3. Para a Lua:
T
L
= 27,
3216 dias
- período de revolução sideral.ParaoSol,substituindoaonstante
T
S
emHertz, eR
S
ementímetros, enontra-sea aeleração entrífuga da Terra em sua rotaçãono sistemaTerra-Sol:F
=
ω
2
R
= 0,
59303 cm/s
2
Nesta situação, o valor de
x
, que é a razão entre o raio da Terra e a distânia entre os entros de massa daTerra edo Sol, vale:x
=
a
R
= 4,
25875
×
10
−
5
Substituindoosvalores em(3.17),nomomentoemqueoSolruzaomeridianoo
móduloda amplitudevale
2F x
= 50,
5
µgal
. Usando osmesmosvaloresem(3.21) tem-se omódulodaamplitude quandooSolestá nohorizonteF x
= 25,
3
µgal
. Somandoos dois valoresenontrados tem-seomódulodaamplitudemáxima queéde→
3F x
= 75,
8
µgal
.AoapliaromesmoproedimentoparaaLua,aamplitudequandoamesmaruza
omeridianoé de
2F x
= 109,
7
µgal
; quando ela está no horizontevaleF x
= 54,
8
µgal
; e aamplitude máxima,3F x
= 164,
5
µgal
.Os valores aima mostram que a omponente solar representa menos dametade
do efeito lunar. Isto se deve à proximidade da Lua ao nosso planeta. O Sol, apesar da
distânia emrelação à Terra, ainda exere uma força expressiva devido à sua massa. A
amplitude total da aeleração de gravidade gerada pela força de maré luni-solaralança
um valor próximo a
240
µgal
quando a Lua está mais próxima da Terra, e esta mais próxima doSol.Estes valores teórios sofrem variações devido à resposta elástia da rosta
sobre arosta, produzindo efeitos adiionais quepodem alançar10% dos efeitos diretos
astronmios(DUCARME, 2005).
3.4 Potenial de maré
SegundoDuarme(2005),aindaquehouvesseumequilíbrioglobalentreaatração
gravitaionale a forçaentrífuga nos sistemas planetários, as forças de maré oorreriam
dentro de ada planeta omo forças residuais, expressando a desigualdade loal entre a
atraçãogravitaionalexeridapelos outros orposea forçaentrífuga homogênea devido
àrotação Keplerianaem tornodo entro omum de massa do sistemaonsiderado.
A rotaçãodo planeta emtorno do seu próprio eixo produz uma força entrífuga
onstantesem qualquerontribuiçãoparaaforçade maré. Esta força
F
′
C
estáassoiadaàrotaçãoemtorno doentro de massa omum assim omo emada um dos outros pontos
que giram em torno de diferentes entros de rotação instantâneos, onsiderando uma
rotaçãokepleriana.
Figura12: Ponto
P
emum sistema ondeζ
éa distâniazenital aoorpoelesteM
W
G
=
GM
R
′
(3.24)Expressando
R
′
em função de
a
,R
eζ
, (3.24)se transformaem:W
G
=
GM
R
1
−
2
a
R
cos
ζ
+
a
2
R
2
1
2
(3.25)
Como
a
≤
R
, pode-se desenvolver o denominador em uma expansão polinomial de Legendre sob aforma:W
G
=
GM
R
∞
X
j
=0
a
R
j
P
j
(cos
ζ)
=
W
0
+
W
1
+
W
2
+
· · ·
(3.26)A adiçãovetorial deduas forçasorresponde aumaadiçãoesalarde seus
poten-iais. Como aforçade maréem
P
é denida por (3.13),tem-separa opotenialde maréW
:W
=
W
G
+
W
C
(3.27)Para denir o potenial entrífugo
W
C
, integra-se (3.13) no entro de massa da Terra. Logo:W
C
(O) +
W
G
(O) =
C
(3.28)Em (3.28),
C
é uma onstante de integração que pode ser zero. O potenial entrífugo emum pontoP
,nada maisédoque asomaentre opotenialentrífugo emO
eotrabalhorealizadopelaforçaentrífuga para mover seu pontode apliaçãodeO
paraW
C
(P
) =
W
C
(O) +
Z
P
O
F
~
C
d~r
(3.29) onde,F
~
C
=
GM
R
2
. Comoa forçaentrífuga é onstante emnormae direção,tem-se:F
~
C
d~r
=
GM
R
2
cos
ζdr
(3.30)Substituindo (3.30) em(3.29),e realizando a integração, enontra-se:
W
C
(P
) =
W
C
(O)
−
Gm
R
2
a
cos
ζ
(3.31)Na soma
W
G
+
W
C
, os termos de ordem zero,W
0
=
W
G
(0) =
−
W
C
(0)
, e de primeiraordem,W
1
=
GM
R
a
r
cos
ζ
, desapareem. Logo,o potenialde maréé dadopor:W
=
GM
R
∞
X
j
=2
a
R
j
P
j
(cos
ζ)
(3.32)=
W
2
+
W
3
+
· · ·
Introduzindoovalor
¯
a
paraadistâniageoêntriaa
,eovalorC
paraadistâniaR
, reesreve-se (3.32)paran
= 2
:W
2
= 2D
C
R
3
a
¯
a
2
cos
2
ζ
−
1
3
(3.33)
onde
D
é aonstante de Doodson eé alulada através daequação:D
=
3
4
GM
a
2
d
C
3
d
(3.34)C
d
é a distânia geoêntria do orpo pertubador ea
d
o valormédio do raiodaTerra. Para a Luatem-se
D
= 2,
620629 m
2
s
−
2
, epara o Sol
D
′
3.5 Representação do potenial de maré
O desenvolvimento emsérie dopotenialde maré se realizaemduas etapas.
La-plae demonstrou que transformando as oordenadas do ponto onde a força de maré é
apliadade um sistemade referêniaterrestrepara oeleste,épossívelseparartrês
famí-liasde ondas: diurnas,semi-diurnase delongo período. Estasfamíliassãoaraterizadas
por uma distribuição geográa espeía sobre a superfíie da Terra. Posteriormente,
paraadaumadestasfamíliasérealizadoumdesenvolvimentoharmnio,enontrando-se
asdiferentes omponentes de onda dopotenialde maré.
3.5.1 O desenvolvimento de Laplae
O potenialde marépode ser esrito,num sistema de referênia terrestre,
onsi-derando osgraus
n
= 2
en
= 3
:W
2
=
GM
2
a
2
R
3
(3 cos
2
ζ
−
1)
(3.35)W
3
=
GM
2
a
3
R
4
(5 cos
3
ζ
−
3 cos
ζ
)
(3.36)Considere-seaposiçãodopontosobreaTerraemoordenadasgeodésias,latitude
(
φ
)elongitude(λ
),eaposiçãodoorpopertubadoremoordenadasequatoriais,asenção reta(α
)edelinação(δ
). NotriânguloesfériorepresentadonaFigura13,tem-searelação:cos
ζ
= sin
φ
sin
δ
+ cos
φ
cos
δ
cos
H
(3.37)H
é oângulo horárioque é dado por:H
=
ωt
′
Figura 13: Triânguloesfério paratransformação de oordenadas de um sistema
terrestre para o eleste(Na gura, zrepresenta
ζ
)onde
t
′
representa o tempo sideral no meridianode referênia. Elevando ao quadrado a
(3.37),enontra-se:
cos
2
ζ
= sin
2
φ
sin
2
δ
+ 2 sin
φ
sin
δ
cos
φ
cos
δ
cos
H
+ cos
2
φ
cos
2
δ
cos
2
H
(3.39)Através das relações trigonométrias itadas em (3.40), e de suas substituições
em(3.39),reesreve-se (3.35) e obtém-se astrês famíliasde maré em(3.41):
cos
2
H
=
1
2
(cos 2H
+ 1)
sin
φ
cos
φ
=
1
2
sin 2φ
(3.40)W
2
=
3
4
GM
a
2
R
3
cos
2
φ
cos
2
δ
cos 2H
|
{z
}
setorial
+ sin 2φ
sin 2δ
cos 2H
|
{z
}
tesseral
+ 3(sin
2
φ
−
1
3
)(sin
2
δ
−
1
3
)
|
{z
}
zonal
(3.41)
A expressão aima possui três argumentos trigonométrios sublinhados que
a-raterizam as três famíliasde ondas de maré denominadas porsetorial, tesseral e zonal.
Neste aso, dene-se por famíliaomo ogrupo de ondas que possuem araterístias em
omum em função daposição do orpo perturbador emrelação àTerra.
Figura 14: Interpretação geométria das três famíliasde ondas de maré
A Figura 14(a)fornee uma interpretaçãogeométria daprimeira destas
famí-lias,a setorial. Suas linhas nodais são os meridianos a
45
◦
para ada lado do meridiano
doorpoperturbador (
δ
). Logo, asuperfíiese divide emquatro setores onde afunção é alternadamente positiva e negativa. As áreas onde o potenial é positivo são as de altaézero. Já nos pólos, as amplitudes serão nulas.
A interpretaçãogeométria da segunda famíliaestá naFigura 14(b), atesseral.
Elatem um paralelo, que é o Equador, e um meridiano, que está à
90
◦
do meridianodo
orpoperturbador. Assim, asuperfíieédivididaemquatroáreasasquaismudamosinal
emfunçãode
δ
. Operíododasondasédiurnoeaamplitudeémáximanaslatitudes45
◦
N
e
45
◦
S
quandoδ
émáximo. A amplitude é semprezero no equador enos pólos.A tereirafamília,Figura14 (),é azonal. Como linhasnodais, esta função tem
osparalelos
35
◦
16
′
N
e35
◦
16
′
S
. Seufundamentalperíodoé14
diasparaaLuaeseismesespara oSol.
Segundo Melhior(1983),aparte onstantedesta funçãotem omoonseqüênia
orebaixamentodasuperfíieequipotenialnospólosde
28 cm
easuaelevaçãonoequador em14 cm
. Logo,oefeitopermanentedestafamíliaéumpequenoaumentodoahatamento daTerra.Segundo Duarme (2005), onsiderando em um instante xo a distribuição
geo-gráadestas três famílias,pode-se ver queorrespondem aos três polinmiosassoiados
de Legendre para o segundo grau em
φ
eλ
. A dependênia em longitude está assoiada om oângulo horário.P
0
2
:
1
2
(3 sin
2
φ
−
1)
→
zonal
P
1
2
:
3
2
sin 2φ
cos
λ
→
tesseral
(3.42)P
2
2
:
3
2
cos
2
φ
cos 2λ
→
setorial
3.5.2 O desenvolvimento harmnio
Na expressão devido a Laplaerelativa aodesenvolvimento dopotenial,(3.41),
•
oângulo horáriodoorpo pertubador (H);•
adelinação doorpo pertubador (δ
), e;•
adistâniapara o orpopertubador (R
).A seguir, onsidere-seos parâmetrosque denem o movimento daLuaeo
movi-mento aparente doSol. As veloidadesorrespondentes são expressas emgraus por hora
(
◦
/h
). Em um sistema de referênia terrestre tem-se para o movimento aparente diurnodaLuae doSol:
•
t
˙
= 15,
00000
◦
/h
(períodode 24h00min) para o tempo médiosolart
;•
τ
˙
= 14,
49205
◦
/h
(períodode 24h50min) para o tempo médio lunarτ
.O movimentoorbital daLuarequer variáveis suplementares. São elas:
•
s
˙
= 0,
544902
◦
/h
(períodode27,321dias),s
deneaposiçãodaLuasobresuaórbitaeorresponde à variação dadelinação daLua;
•
p
˙
= 0,
00464
◦
/h
(períodode8,847anos)estáassoiadoàrevoluçãodoperigeomédiolunar;
•
N
˙
= 0,
00221
◦
/h
(período de 18,613 anos) orresponde à revolução retrógrada donodolunar.
O movimentoaparente doSolé expresso por:
•
h
˙
= 0,
04107
◦
/h
(365,
25
dias) é operíodo típiode um ano ;•
p
˙
s
= 0,
000002
◦
/h
(20.940
anos) é o períodode rotação do perihelio da órbitaAlémdisso, ostemposmédiossolare lunar(
t
eτ
) estãoligadosaotemposideralt
′
pelarelação:
t
′
= ˙
t
+ ˙
h
= ˙
τ
+ ˙
s
(3.43)Finalmentetem-se seis variáveisindependentes, as quaisestão emordem
deres-ente de veloidade angular:
τ
,s
,h
,p
,N
′
(
−
N
)
,p
s
. O ângulo horárioAH
orrespondeàsvariáveis
τ
para a Lua, et
(τ
+
s
) para oSol.3.5.3 As ondas semi-diurnas
Seja a formageral das funções setoriaisdas ondas semi-diurnas para aLua:
W
2
SD
=
D
c
d
3
cos
2
φ
cos
2
δ
cos 2 ˙
τ t
(3.44)A prinipalperturbaçãonadistâniaTerra-Luaéaeliptiidadedaórbitalunar.
Considerando que
c
é osemi-eixo maior daórbita,tem-se:d
=
c(1
−
e
cos( ˙
s
−
p)t)
˙
c
d
= 1 + 0,
0549 cos( ˙
s
−
p)t
˙
+
· · ·
(3.45)onde
e
(0,
0549
) éa exentriidadedaórbita.A posição da Lua sobre sua órbita é denida pela variável
s
e é denida omo longitude média da Lua. Haverá a passagem pelo perigeu quandos
=
p
, e a passagem pelo apogeu quandos
=
p
+ 180
◦
. A variável
s
−
p
representa, desta forma, a diferença entre aposiçãoda Luaea sua passagem peloperigeu. Comouma primeiraaproximaçãoc
d
3
= 1 + 0,
1647 cos( ˙
s
−
p)t
˙
(3.46)Considerando a inlinação média da órbita lunar sobre o equador (
ǫ
= 23
◦
27
′
),
tem-seo seguinte relação:
sin
δ
= sin
ǫ
sin
s
(3.47)Substituindo a relação trigonométria
cos
2
δ
= 1
−
sin
2
δ
em (3.47) edesenvol-vendo, tem-se:
cos
2
δ
= 1
−
sin
2
ǫ
sin
2
s
cos
2
δ
=
1
−
1
2
sin
2
ǫ
+
1
2
sin
2
ǫ
cos 2 ˙
st
cos
2
δ
= 0,
9208 + 0,
0792 cos 2 ˙
st
(3.48)Substituindo (3.48) em(3.44),tem-se a expressãogeral:
W
SD
2
=
D
cos
2
φ[0,
9208 cos 2 ˙
τ t+0,
1516 cos( ˙
s
−
p)t
˙
cos 2 ˙
τ t+0,
0792 cos 2 ˙
st) cos 2 ˙
τ t]
(3.49)O termo prinipal,
0,
9208D
cos
2
φ
cos 2 ˙
τ t
, representa a ondaM
2
e possui umperíodode
12h25min
. Transformando esta expressão emfunções de produtos de o-seno pelarelaçãotrigonométria2 cos
a
cos
b
= cos(a
+
b) + cos(a
−
b)
,obtem-se paresde ondas simétriasemrelaçãoàM
2
,sendoadaumaorrespondendoaumaperturbaçãodaórbita lunar. A formaelíptia daórbita produz:•
0,
0758D
cos
2
φ
cos(2 ˙
τ
+ ( ˙
s
−
p))t
˙
→
onda