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EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO:
MITIGANDO OS ACIDENTES DE TRÂNSITO
Carlos Alberto Paulino Machado
1Ricardo Silveira da Paixão
2RESUMO
O crescente número dos acidentes de trânsitos a nível internacional é considerado na atualidade a principal causa do aumento da violência no trânsito, que por vez esta tirando o sossego de todos em todo mundo. No Brasil este fenômeno vem tirando a tranquilidade de nossa sociedade, causando grande preocupação aos profissionais das mais diversas e renomadas áreas da nossa comunidade cientifica e de nossos representantes políticos. O presente artigo discute os principais fatores que tem provocado o aumento no número de acidentes nas estradas.
PALAVRAS-CHAVES: CTB/97, Sociedade, Trânsito, Comportamento Humano, Valores, Educação, Cidadania e Saúde Pública.
INTRODUÇÃO
Um fato histórico que marcou a era dos veículos automotores foi o fim da Segunda Guerra Mundial. Momento em que o automóvel em particular, se constitui um fenômeno de consumo pelas classes elitizadas em todo o mundo, se tornando, assim, um artigo de luxo e de Status Social, desencadeados pelas intensas divulgações através dos mais variados e diversos meios de comunicação e publicidades, motivados pela economia capitalista do momento, destacando a mobilidade pessoal do indivíduo e a propriedade material sem nenhum critério.
1 Pós-Graduado em Gestão e Educação de Trânsito, e-mail: oniluap@bol.com.br.
2 Mestre em Economia, e-mail: rsdpaixao@gmail.com.
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Segundo (TAPIA-GRANADOS, 1998), o crescimento considerado da frota de veículos é mundial, porém, o sistema viário e o planejamento urbano principalmente dos países envolvidos na Segunda Guerra Mundial não acompanharam este aumento, o que veio a causar grandes problemas nos grandes centros urbanos como: a poluição atmosférica e sonora, a ampliação do tempo de deslocamento, os engarrafamentos são alguns dos responsáveis pelo crescente comportamento hostil dos condutores e pela decadência na qualidade de vida nos centros urbanos.
Segundo (ROBERTS, 1995), o volume do tráfego nos Estados Unidos da América aumentou de 1,78 trilhões de quilômetros por veículo para 3,24 trilhões, entre os anos de 1970 a 1988.
A inclusão do automóvel no cotidiano das comunidades provocou um grande problema de cunho social, os chamados Acidentes de Trânsito. Uma vez que de forma geral o trânsito no Brasil é considerado de péssima qualidade e um dos mais graves do mundo, onde o índice de acidente é altíssimo (DENATRAN, 1997).
Os acidentes de trânsito tronaram-se comum em todo mundo, representando um enorme problema de saúde pública, pois são responsáveis por um custo anual de 1% a 2% do (PIB) Produto Interno Bruto no caso dos países menos desenvolvidos (SODERLUND & ZWI, 1995).
De acordo com (TAPIA GRANADOS, 1998), no ano de 1980 a Venezuela foi o único pais da América Latina a superar os Estados Unidos, em acidentes de trânsito, este fato se prende principalmente ao menor valor da gasolina comercializada naquele momento, que era de dez vezes menos que nos EUA.
Os usuários da via publica são expostos, a todo o momento aos mais diversos tipos de acidentes de trânsito. No Reino Unido, os motociclistas correm os maiores risco de morte por acidente de trânsito, sendo vinte sete vezes maiores sua incidência que os motoristas de automóveis (TAPIA GRANADOS, 1998).
Este trabalho tem como objetivo demonstrar a necessidade de qualificar da melhor forma nossos permissionários, que são em sua maioria os jovens adultos e os adolescentes, para estarem utilizando as vias terrestres de maneira segura a evitar os trágicos acidentes de trânsito, que em virtude de sua falta de experiência para tal fim, acabam se tornando vítimas desses imprevistos, uma vez que apenas vinte aulas práticas não são capazes de qualificar uma pessoa, que estar em desenvolvimento de suas capacidades psíquicas, de estar conduzindo só pelas vias terrestres um veículo automotor.
Por ser este um dos fatores motivadores para o desenvolvimento deste
trabalho, onde participação crescente do número de adolescentes e jovens adultos
envolvidos nos mais diversos tipos de acidentes, que vem aumentando a cada dia
de forma desenfreada, com destaque para o sexo masculino, tornando imperativo à
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educação para o trânsito neste seguimento (MARÍN-LEÓN; VIZZOTTO, 2003 TAPIA GRANADOS, 1998).
A metodologia utilizada para desenvolver este artigo foi à consulta de diversos artigos, teses entre outros, através pesquisa de internet e outros meios de divulgação de informações. Este trabalho tem a finalidade de despertar a atenção para que a atividade de educação para o trânsito no meio escolar, por ser esta de suma importância, pois, ela trabalha a conscientização, os valores, as ciências, os direitos e deveres principalmente dos adolescentes e jovens adultos, que lá se encontram, hoje na condição de pedestres e posteriormente futuros condutores de veículos automotores.
Conforme (DENATRAN, 1997), 73,1% dos acidentes de trânsitos as pessoas envolvidas são do sexo masculino, onde os jovens são as principais vítimas, destes 24,32% representam as vítimas com faixa etária entre 15 a 24 anos.
De acordo com (MURRAY & LOPES, 1996), em seus estudos sobre a mortalidade envolvendo pessoas do sexo masculino, observaram que os acidentes de trânsito constituem a segunda razão de morte precoce em todo mundo, destes jovens em formação.
Segundo (WHO, 1976), em determinados países do mundo, como por exemplo: no Brasil, Canada, EUA e Venezuela, as vítimas que vem a óbito nos acidentes de trânsito, são homens com idade entre os 15 e 24 anos, representando metade ou mais das mortes no trânsito, sendo que após os 25 anos de idade estes índice tendem a cair.
O gráfico abaixo relacionado tende a confirmar à preocupação mencionada nos parágrafos acima, onde pode se verificar a forte tendência na maioria dos óbitos por parte dos jovens do sexo masculino.
Gráfico I - Índice de acidente envolvendo o sexo masculino.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. 2007, p.15.
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Ao considerar que os jovens detém pouca ou nenhuma prática na condução de veículo automotor, assim, como a falta de ajustamento às normas de trânsito eles estão mais propícios a se envolverem em acidente de trânsitos (KAISER, 1979), a abrangência deste grupo etário é maior nos acidente, uma vez que é nesta fase onde o condutor recebe sua licença para dirigir, simultaneamente são dotados de pouca experiência para assumir tal responsabilidade (Dirigir).
Os autores aqui mencionados são unânimes em citar em seus estudos, que temos que ter uma atenção maior para com nossos jovens, quando lidamos com a palavra trânsito. Eles são considerados na atualidade as principais vítimas ocasionadas pelos acidentes de trânsito, em sua maioria por falta de prática, conhecimento das normas de circulação prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB/97).
O desenvolvimento deste artigo foi fracionado em quatro seções como segue: a primeira parte nos remete aos aspectos legais do transito; na segunda seção relata os acidentes de trânsito e suas consequências; a terceira menciona a necessidade de mudança no comportamento inadequado do ser humano no trânsito, ou seja, o comportamento contrário ao CTB, a fim de torna-lo mais seguro; por fim, à ultima parte trata justamente da educação para o trânsito, por ser ela a base para a transformação do comportamento humano; após esta ultima seção o trabalho é finalizado com uma breve conclusão.
1. TRÂNSITO E SEUS ASPECTOS LEGAIS
Antes de desenvolver o conteúdo deste trabalho, é preciso identificar sua ascendência o „TRÂNSITO‟, que de acordo com §1º do Artigo 1º da Lei 9.503/97,
“Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga e descarga”.
O trânsito engloba o uso comum do espaço público como um ambiente democrático onde as pessoas tem o direito de ir e vir, assim, como dele participarem independente de sua religião, raça, cor, condições físicas ou econômicas.
De acordo com (SOUZA, 2010, p. 3), “o trânsito é uma necessidade básica do ser humano”. Pressupondo que a locomoção é inerente ao homem, que sua relação foi aprimorada após a descoberta e aperfeiçoamento da roda e posteriormente dos veículos.
O uso indevido das vias públicas pelo ser humano pode acarretar o
surgimento dos diversos tipos de acidentes de trânsito, com efeitos e
consequências múltiplas, além dos conflitos gerados por questões relacionadas à
mudança e/ou alteração no comportamento das pessoas, durante seu deslocamento
pela via pública. Para contornar este problema foram preceituadas as normas de
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trânsito CTB/97, a fim de regular e harmonizar a convivência dos usuários das vias terrestres.
Para (ROZESTRATEN, 1988, P. 04) trânsito “é o conjunto de deslocamentos de pessoas e veículos nas vias públicas, dentro de um sistema convencional de normas, que tem por fim assegurar a integridade de seus participantes.” Visando assegurar que as pessoas possam circular de um lugar a outro, com total segurança, pois sua integridade não deve ser violada, os cidadãos não podem sofrer nenhum tipo de lesões ou danos, ou seja, de qualquer espécie.
A fim de alcançar tais objetivos, determinadas normas tem que ser colocadas em praticas, isto de forma igualitária por todos os pedestres e condutores de veículos automotores, visto que do contrário podem ocorrer desde simples acidente ocasionando apenas danos materiais como aqueles que dão origem a terríveis tragédias. Vasconcelos (1998, p. 11), descreve o trânsito da seguinte forma:
“o trânsito é o conjunto de todos os deslocamentos diários, feitos pelas calçadas e vias da cidade, e que aparece na rua sob a forma da movimentação geral de pedestres e veículos. Assim sendo, o trânsito não é apenas um problema “técnico”, mas, sobretudo uma questão social e política diretamente ligada às características da nossa sociedade”.
De maneira global o trânsito é uma matéria emergente e urgente vivenciada por toda sociedade, que demanda comprometimentos individuais e coletivos exigindo para isto momentos de reflexão, educação e transformação de comportamento, a participação dos poderes públicos se torna indispensável.
No trânsito ocorrem diariamente vários conflitos, estes são oriundos da disputa por determinados espaços, como afirma (VASCONCELLOS, 1998), o trânsito é idealizado como um ambiente de convivência social, composto por seres humanos com múltiplas necessidades e interesses, os quais ajustaram o espaço público de acordo com sua visão, uma vez que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço.
Além dos motoristas de veículos, as pessoas que utilizam o transporte coletivo nas grandes cidades, já vivenciaram que o fenômeno trânsito esta se tornando cada dia mais difícil. É neste ambiente de estresse associados às questões pessoais, que o comportamento inadequado do ser humano no trânsito é motivado e/ou transformado.
Hoje em dia no Brasil, dirigir é sem duvida alguma uma conduta de risco
continuo quem enfrenta o trânsito todos os dias convive com esta realidade, ainda
que tenhamos um código de trânsito, contendo leis e normas que foram aprovadas
e colocadas em práticas, e por mais severas com seus infratores for sempre vamos
nos deparar com aqueles que prefere desrespeita-la caminhado em sentido
contrário, sem nenhum comprometimento com a segurança no trânsito.
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2. ACIDENTES DE TRÂNSITO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Os acidentes de trânsito são identificados como um dos efeitos negativos do sistema de transporte viário do mundo todo, anualmente eles acumulam um enorme número de mortes, invalidez e sofrimento à suas vítimas e familiares, além de representarem um grande custo para a sociedade em geral.
De maneira global, os acidentes de trânsito se tornaram na atualidade o centro das atenções. No Brasil, acontece um acidente para cada 410 veículos, ao passo que na Suécia este número é de um para cada 21,4 mil, por este motivo o trânsito no Brasil é classificado como um dos mais inseguros do mundo (MARÍN;
QUEIROZ. 2000).
Segundo (PIRES ET AL., 1997), cerca de dois terços dos leitos hospitalares dos setores de ortopedia e traumatologia são preenchidos pelas vítimas de acidente de trânsito, e sua média de internação é de vinte dias, o que gera um gato médio de vinte mil dólares por vítima grave.
A termologia acidente de trânsito pode possuir diferentes definições conforme o país e estudos concretizados. Para a ABNT (1989) acidente de trânsito é:
“Todo evento não premeditado de que resulte dano em veículo ou na carga e/ou lesões em pessoas e/ou animais, em que pelo menos uma das partes está em movimento nas vias terrestres ou áreas abertas ao público. Pode originar-se, terminar ou envolver veículos parcialmente na via pública.”
Conforme pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), referenda aos acidentes de trânsito, o Brasil ocupa o quarto lugar. Na proporção de Uma morte para cada 10 mil veículos, em média acontecem no Brasil 6,8 mortes, na França este número é de 2,35, já nos Estados Unidos este número cai para 1,93.
Por ano as estradas Brasileiras acumulam 30 mil mortes, esta violência gera um custo social de R$ 10 bilhões por ano (IPEA, 2003).
Dentre os erros cometidos pelos condutores de veículo automotor, alguns são inócuos ou irrelevantes para o ponto de vista da segurança da via, porém, há aqueles que são potencialmente perigosos, que dão origem aos chamados acidente de trânsito.
É muito difícil calcular quantas vezes um erro: avanço de semáforo, excesso de velocidade, ultrapassagem indevida, transitar em ziguezague entre outros, cometido por um determinado condutor de veículo automotor resultou em um acidente de trânsito, isto é, ver é mais fácil que conta-los.
Dentre as causas que contribuem para a incidência de um número tão
elevado dos acidentes de trânsito, o fator humano é essencial, uma vez que sem
ele o trânsito não acontece, entretanto, o homem não pode ser estudado
isoladamente.
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Segundo a ABNT (1989) acidente de trânsito é
“Todo evento não premeditado de que resulte dano em veículo ou na sua carga e/ou lesões em pessoas e/ou animais, em que pelo menos uma das partes está em movimento nas vias terrestres ou áreas aberta ao público. Pode originar-se, terminar ou envolver veículos parcialmente na via pública”.
A Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência, do Ministério da Saúde – BRASIL/2001, deixa mais complexa essa definição ao afirma que “acidente de trânsito é um evento não-intencional, mas evitável, causador de lesões físicas e emocionais”. Dando destaque à sua prevenção.
Ao circular pela via pública todos condutores e pedestres devem manter a devida atenção a tudo que os circunda, dando ênfase às placas fixadas em seu leito, a fim de identificar, interpretar e por fim cumprir a risca seus conteúdos, pois esta é a principal forma de se prevenir um acidente, entretanto, para o desenvolvimento de tais conhecimentos a educação para o trânsito é a peça chave, neste quebra cabeça.
De acordo com (MANTOVANI, 2003; CUBAS, 2009), entre as causas de óbitos no mundo, os acidentes de trânsito ocupa a nona posição, ao considerar seus níveis de crescimento, sua probabilidade de alcançar o sexto lugar até a ano de 2020 é real. No Brasil atualmente os Acidentes de Trânsito são considerados como uma das principais causas de morte, ficando atrás apenas dos homicídios.
Os acidentes de trânsito são apontados como um infortúnio na vida urbana, causado pela popularização e da facilidade na aquisição dos veículos automotores.
Vale mencionar que eles não são exclusividade dos grandes centros urbanos.
Para (HOFFMANN & GONZÁLEZ, 2003), acidente de trânsito é o “[...]
resultado final de um processo em que se encadeiam diversos eventos, condições e comportamento”, estes fatores são de grande complexidade, que acabam intervindos nas medidas de prevenção dessas ocorrências.
Dentre os fatores que contribuem para a ocorrência dos acidentes de trânsito nas vias terrestres, vários podem ser mencionados, entretanto, o comportamento inseguro e irresponsável do ser humano que será comentado mais adiante, pode ser transformado através da construção de valores positivos, aceitáveis pela sociedade, através da educação.
Um comportamento inadequado dos usuários que circulam pela via pode influenciar no comportamento dos outros usuários ou vise versa, desta maneira pode se afirmar que o trânsito é ao mesmo tempo o produto e o produtor de comportamentos aceitáveis ou não pela sociedade.
De acordo com (BRANDÃO, 2006), o problema de estudar os acidentes de
trânsito, estar atrelado ao fato de que estes episódios são aleatórios, somente
notados após sua ocorrência e não reproduzível para o estudo cientifico. Como
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suas causas são estocásticas, as escolhas de medidas realmente eficazes na sua redução se tornam cada vez mais árduas.
Por fim, não restam dúvidas de que é necessário pensar e repensar o trânsito ao persistir em nossas vias, sua verdadeira acepção, suas primazias, a fim de alcançar meios sustentáveis de viver e conviver no ambiente público, tanto urbano como rural.
Nesta linha de raciocínio afirmam (FERRAZ, JÚNIOR & BEZERRA, 2008), que ao persistir o modelo atual do sistema de trânsito, o cenário se tornara ainda mais catastrófico caso as politicas públicas adequadas não forem colocadas em práticas, uma vez que a suspeita é de que os números negativos no planeta aumentem ainda mais, podendo atingir a casa de dois milhões de óbito até o ano de 2020.
Com o objetivo de estancar esta carnificina que veem assolando nossas estradas, deixando enormes consequências no âmbito familiar, social e econômico, nossos representantes públicos devem assumir seus respectivos papeis, dando destaque ao artigo 76 da lei 9.503/97, que versa sob o tema educação para o trânsito.
Para (HOFFMANN, 2003) a Alemanha, pais de Karls Benz, o homem que patenteou o primeiro veículo de propulsão através de um motor de explosão, há pouco mais de cem anos, a escola é onde se ensina o ser humano a se comportar de forma correta ao conduzir um veículo automotor. Como consequência o autor destaca que em 1971 foi confeccionada a primeira multa, por não estar o condutor de veículo usando o cinto de segurança.
Na Alemanha, educação para o trânsito esta pautada em dois componentes importantes, o Bildung (formação) e Lehrung (instrução). A primeira se preocupa com a formação dos valores para o convívio social e a segunda cuida do alcance aos conhecimentos e técnicas necessárias para o exercício de determinada carreira no mercado de trabalho. Esta é a combinação perfeita, que faz a diferença na educação.
Em 2008, os alemães comemoraram cem anos de educação para o trânsito e as diferenças entre o condutor Alemão e o Brasileiro é enorme. Um alemão, mesmo que esteja sozinho na via, não ultrapassa o sinal vermelho, não para em cima da faixa de pedestres, basicamente eles não contrariam às normas de trânsito em vigor, por outro lado, os mesmos procedimentos não se podem esperar do condutor brasileiro.
Com o desenvolvimento de um trabalho exemplar, a Alemanha
3reduziu o número de acidentes no trânsito, período de 1970 até 2008, de 21,332 óbitos para
3 Para maiores dados sobre o processo de educação para o trânsito e a redução no número de acidentes, no país Alemão, consultar o seguinte site:
(http://www.DE.StatischesBundesamt.UnfallenentwiklungaufdeutschenStrassen.2008).
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4,477, levando em conta que o número de veículos aumentou de forma assustadora neste mesmo período. Em 1970 havia 20.800.00 veículos hoje circulam pelas ruas e estradas Alemãs cerca de 51.300.00 veículos. Por um lado o número de veículos aumentou, porém, o número de acidentes veio a diminuir drasticamente.
3. COMPORTAMENTO HUMANO DE ACORDO COM AS NORMAS DE TRÂNSITO
O crescente número dos acidentes de trânsito que se alojou em nossas estradas se tornou um problema social, diante a insegurança causada a todos que utilizam o espaço público, ela é determinada pelos mais variados tipos de comportamentos, que influencia no modo de utilização seguro dessas vias, tal uso deve ser realizado com respeito, paciência e sobre tudo educação.
Segundo (VASCONCELLOS, 1998), o comportamento de cada usuário no trânsito é determinado pelas condições do momento. Diante cada situação, diferentes reações comportamentais são produzidas. Onde a complexidade dos acontecimentos, somados aos fatores de interesse e necessidades pessoais, ditam estes comportamentos.
As mudanças no comportamento dos condutores estão atribuídas ao somatório de vários fatores, conforme afirmam (HOFFMANN, CRUZ &
ALCHIERI, 2003), o condutor independente do sexo não deixa de ser um ser humano, que tem suas habilidades, sua individualidade e seus modos definidos, que podem ser motivados de acordo com suas necessidades fisiológicas (fome, sono, cansaço), além de suas necessidades psicológicas e socioculturais (bem- estar, segurança, auto-realização, aceitação).
A fim de manter o equilíbrio existente entre seus múltiplos interesses, o ser humano reage. Em principio ele tenta se adaptar ao meio, acreditando estar enganado, mas se a ameaça persistir ele pode reagir de modo a alterar seu comportamento, assim, comprometendo a segurança de todos.
O comportamento das pessoas está ligado a suas experiências de vida, ideais, cultura e valores, que leva para o trânsito, influenciando de maneira evidente sua forma de dirigir. Suas necessidades individuais somadas ás condições apresentadas no dia a dia no trânsito, são fatores fundamentais na transformação de seu comportamento.
A melhor maneira de tornar a utilização do espaço público seguro é fazê-la
de forma amigável e harmoniosa, transformando o comportamento dos envolvidos
neste processo, afim de que suas ações sejam prudentes e que os direitos de todos
sejam respeitados, porém, isto se faz com conhecimento, que é transmitido através
da educação.
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O comportamento positivo esta prescrito nas normas de trânsito mais precisamente no CTB/97 e suas Resoluções e são aceitos pela sociedade, por não trazer prejuízo ao convívio e proporcionar a segurança e a harmonia entre os seres humanos durante seu deslocamento na via pública, sua construção se faz com educação para o transito
4.
Segundo (TEBALDI & FERREIRA, 2004), em pesquisa realizada em Santa Catarina a fim de identificar os fatores responsáveis pelo comportamento agressivo dos motoristas no trânsito, entrevistaram 431 participantes e identificaram que a falta educação (conhecimento) para o trânsito representa 9,28% dos entrevistados, ocupando a quinta posição, ficando atrás apenas: do desejo de demonstrar habilidade com o veiculo (11,37%), o motorista desatento (11,83%), o estresse (14,15%) e o nervosismo (16,47%). De acordo com a tabela a baixo:
Tabela I - Fatores responsáveis pela agressividade na avaliação dos participantes
Fatores Número de
Respostas
%
Nervosismo 71 16,47
Estresse 61 14,15
Motoristas desatentos 51 11,83
Desejo de demonstrar habilidade com o
veículo 49 11,37
Educação 40 9,28
Horários de trabalho 35 8,12
Cansaço 31 7,19
Trânsito lento 31 7,19
Problemas com a família 16 3,71
Problemas financeiros 14 3,25
Problemas amorosos 11 2,55
Influência de amigos 10 2,32
Outros* 10 2,32
Influência família 01 0,23
Total 431 100
Fonte: Artigo Comportamento no trânsito e causas de agressividade, p. 19. Autores Eliza Tebaldi5 e Vinícius R. T. Ferreira6. Publicado na Revista de Psicologia da Unc /Virtual.
Em consideração aos últimos parágrafos acima mencionados, é importante refletir sob a afirmação de (DOTTA, 2000, p. 9), “o veiculo não deixa de ser uma
4 Com relação ao CTB Lei 9.503/97, a educação para o trânsito esta prevista nos seguintes artigos: Art. 6 inciso I; Art. 19 inciso V, XV, XVI, XXII e XXIII; em todo Capitulo VI que vai do Art. 74 até o 79, além da previsão legal dos recursos que estão previsto no art. 320.
5 Contabilista. Especialista em Gestão e Segurança no Trânsito.
6 Psicólogo. Mestre em Psicologia Clínica. Doutorado em psicologia pela PUCRS.
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caixa metálica, que, quando passa a ser conduzido assume a inteligência, a alma, a sensibilidade e o comportamento do condutor”.
Pelo simples fato do veículo adquirir as particularidades da personalidade de seu condutor, o trânsito não deve ser estudado de forma isolada. Pois abrange tudo que o ser humano traz com sigo, sua cultura, seus valores e seus ideais.
Para tanto á implementação da educação para o transito, como forma de transformar estes comportamentos inadequados e inaceitáveis pela sociedade, em comportamentos seguros e aceitáveis por todos os indivíduos, são indispensáveis em nosso cotidiano.
4. EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO EXIGÊNCIA DA LEI 9.503/97 O tema educação é bastante vasto já que envolve uma variedade bem grande de termos. Etimologicamente discorrendo, a educação se divide em educar, criar, levar, extrair, nutrir, alimentar; isto baseado nos termos em latim “educare” e
“educere”.
A educação para o trânsito visa capacitar o cidadão a utilizar as vias terrestres de forma compartilhada, através de uma condução responsável dos veículos automotores, promovendo a harmonia e a segurança no trânsito. É dever do condutor de veículo conhecer, as normas de trânsito, a fim, de planejar e realizar o planejamento de sua viagem, proporcionando além de sua própria segurança a de sua família, assim, como a de todos os usuários deste espaço público.
A respeito da educação pode-se dizer que ela é a ação pela qual uma pessoa, emissor, transmite a outra, receptor, por distintos elementos ou técnicas, canal, conhecimentos a fim de propiciar o desenvolvimento da capacidade intelectual do individuo. Por ser um meio de aperfeiçoamento premeditado das funções superiores do homem.
Em nossos dias a educação é abalizada como um direito coletivo, um fenômeno universal, histórico e imperativo para que o homem e as sociedades possam sobreviver, já que ela é declarada como a melhor ferramenta de luta contra qualquer tipo de exclusão e desigualdade.
É através da educação que o homem identifica seu potencial de crescimento individual, afetando sua produção e reprodução cultural e social, esse aprimoramento é que ira influenciar diretamente em sua capacidade de sobrevivência.
De acordo com (ROHDEN, 1988, p. 47) “somente um homem educado pela
consciência dos valores é que pode servir de pedra fundamental da harmonia
social e paz mundial.”
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Em especifico a educação para o trânsito tem como objetivo principal o desenvolvimento da capacidade moral, intelectual e física do ser humano, polindo sua inteligência e seu espírito para que este possa viver, conviver e se relacionar de forma segura no trânsito.
A educação para o trânsito ultrapassa a mera transmissão de informações. Tem como foco o ser humano e trabalha a possibilidade de mudanças de valores, comportamentos e atitudes. Não se limita a eventos esporádicos e não permite ações descoordenadas. Pressupõe um processo de aprendizagem continuada e deve utilizar metodologias diversas para atingir diferentes faixas etárias e clientela diferenciada (Res. CONTRAN, N° 166, 2004).
A partir da metade do século passado, momento em que o Brasil marchava rumo ao emprego mais intenso das novas tecnologias, o país convive com a fatalidade de não ter constituído políticas claras de informações e capacitação das pessoas sobre o uso apropriado das máquinas (automóveis) e dos sistemas por onde trafegam ou circulam.
Neste contexto social os legisladores elaboraram a Constituição Federal de 1988, já demostraram enorme preocupação com o tema educação para o trânsito, direcionando entre outros os artigos 6º e 23, XII além de prever atribuições à União, Estados, Municípios e o Distrito Federal.
Atualmente o espaço público, que necessita ser de convivência pacifica entre os “homens”, foi se moldando como um espaço de disputa, em determinada hora a batalha se torna desigual, diante a fragilidade do ser humano (condutor) e as maquinas (automóvel). A fim de extinguir tal violência no trânsito, o comportamento dos usuários da via pública deve se transformar e evoluir de forma a se tornar adequado a segurança de todos.
O comportamento adequado no trânsito tem como uma das bases principais a educação, este comportamento é essencial para se evitar os acidentes de trânsito, principalmente os com vítimas. De certa forma a educação dos indivíduos esta conectada diretamente a sua consciência de valores, as quais dentem a se formar, desenvolver no âmbito escolar. Na Alemanha, este modelo foi implantado a mais de cem anos, o resultado foi sem duvida o esperado, fato já mencionado anteriormente.
A educação adequada para o trânsito é a pedra fundamental para promover a redução dos óbitos por ano em nossas estradas e rodovias. Os valores e condutas previstos nas normas, não se transformam com algumas dezenas de horas de instrução sobre os sinais das vias públicas, mesmo que o medo da punição seja utilizado para alterar esta situação.
Considerando que os adolescentes de hoje devem se tornar os condutores de
amanhã, é de suma importância que eles passem por um processo de educação
para o trânsito, pois apenas a educação pode formar tais valores. Esta atividade
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educacional esta fundada na atual legislação de trânsito, Lei 9.503/97, em seu artigo 19, inciso XV, que diz:
“promover, em conjunto com os órgãos competentes do Ministério da Educação e do Desporto, de acordo com as diretrizes do CONTRAN, a elaboração e a implementação de programas de educação de trânsito nos estabelecimentos de ensino;”
Entretanto, em nossos dias atuais não existem nenhum programa elaborado de educação para o trânsito na pré-escola, assim, como nas escolas de 1º, 2º e 3º graus. De forma tímida e esporádica, o que esta sendo executado oficialmente, pelas nossas autoridades de trânsito é programa como a “Semana Nacional de Trânsito”, conforme o artigo 75 do CTB. Porém, a Lei 9.503 de setembro de 1997, assegura em seu artigo 76 que:
“A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, através de planejamento e ações coordenadas entre órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação , da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação.
Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo, o Ministério da Educação e do Desporto, mediante proposta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Universidades brasileiras, diretamente ou mediante convênio promoverá:
I- a adoção em todos os níveis de ensino de um currículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança de trânsito;
II- a adoção de conteúdo relativo à educação para o trânsito nas escolas de formação para o magistério e o treinamento de professores e multiplicadores;
III- a criação de corpos técnicos interprofissionais levantamentos e análise de dados estatísticos relativos ao trânsito;
IV- a elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários de trânsito com vista à integração universidades – sociedades na área de trânsito;”
Esta mesma Lei cita em seu artigo 315 que;
“O Ministério da Educação e do Desporto mediante proposta do CONTRAN deverá, no prazo de duzentos e quarenta dias contados da publicação desta lei, estabelecer o currículo com conteúdo programático relativo a segurança e educação de trânsito, a fim de atender, o disposto neste Código”.
Já o parágrafo único do artigo 320 da Lei 9.503/97, cita de onde será
arrecadado o dinheiro para a aplicação do artigo 76, como veremos em seguida:
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“O percentual de cinco por cento do valor das multas de trânsito arrecadados será depositado, mensalmente, na conta de fundo de âmbito nacional destinado à segurança e educação de trânsito.”
No entanto o tema educação para o trânsito, não se atem apenas à Lei 9.503/97, temos também varias leis anteriores e posteriores a ela, que acreditam na necessidade da inclusão da educação para o trânsito no âmbito escolar, principalmente porque é lá que se concentram a maioria de nossos jovens e adolescentes, futuros condutores de veículos automotor.
Um ambiente educacional deve oportunizar a confrontação de pontos de vista divergentes, de compreensões diferentes a respeito de uma mesma situação ou tarefas.
Segundo (HOFFMANN e LUZ FILHO, 2003), a educação para o trânsito não pode ater-se ao conhecimento, compreensão e respeito às leis de circulação e condutas, visando á formação do cidadão responsável, contudo, como tentáculo da educação ético-social, a fim de facilitar à compreensão e respeito total as normas e aos princípios que as imperam, favorecendo a convivência harmônica das pessoas e grupos.
A educação para o trânsito deve ser um mecanismo de socialização do individuo e de formação de valores sociais. “Para isso, o aluno tem que aprender a construir uma visão de mundo que lhe permita orientar-se teórica e praticamente no seu contexto e na sociedade” (HOFFMANN; LUZ FILHO, 2003, P. 109).
O ser humano apresenta grande parte do seu comportamento determinado pela sua capacidade de aprendizagem. Através desta, adquiri uma série de conhecimentos que não são hereditários. Este aprendizado pode ocorrer através de sua experiência individual, ou seja, uma descoberta independente, e também pode advir da transferência de conhecimento de individuo para individuo.
Analisando o contexto social em que o comportamento humano no trânsito esta enraizado, este assunto deve ser apreciado pelo sistema educacional, como, advertem (HOFFMANN & LUZ FILHO, 2003, P. 9), ao afirmarem a necessidade imperativa de sua inclusão no ensino fundamental, para que tal sistema não se limite a “[...] conhecimentos enciclopédicos e as questões de vida fiquem ao livre arbítrio de grupos ou interesse determinados”.
O que se almeja com a implementação da educação para o trânsito é, justamente, assegurar procedimentos e construção de valores de cidadania, com o propósito de transformar o aluno de hoje „pedestres e passageiros‟ ao cidadão de amanhã „condutor e/ou motorista de veículo automotor‟ a desenvolverem atitudes adequadas, compatíveis com a segurança e o respeito bilateral com os demais usuários das vias públicas, independente de sua forma de circular por elas.
No Brasil, os adolescentes e os adultos jovens são as maiorias entre as
vítimas de acidente de trânsito, desta forma torna-se imprescindível que a
educação para o trânsito lhes seja ofertadas. Foi observado também por (MARÍN-
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LEÓN; VIZZOTTO, 2003; TAPIA GRANADOS, 1998), que o maior número de óbito em acidente de trânsito envolve os jovens, com prevalência do sexo masculino.
Desta forma, destaca (ROZESTRATEN, 2004), que o CONTRAN em suas Resoluções, não vê demonstrando nenhum tipo de preocupação expressiva com o tema educação para o trânsito voltado para as crianças e adolescentes pedestres.
Afirma também que “[...] apesar do novo CTB a „educação para o trânsito‟ não existe no Brasil, fora de algumas tentativas particulares e uma pesquisa limitada do governo em algumas capitais” (p. 17).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O aumento significativo do número de acidentes de trânsito nas estradas brasileiras se tornou, na atualidade, um enorme problema social que deve ser enfrentado por todos os agentes integrantes da sociedade brasileira. As consequências desses acidentes podem ser devastadoras e afetar toda população sem distinção de raça, classe social e escolaridade. O artigo em questão tem o objetivo de fomentar as discussões sobre a necessidade de combater de frente este
“mal”, os acidentes de trânsito, que vem mutilando e/ou ceifando a vida dos usuários das estradas durante sua utilização.
Percebemos que apenas investimentos em engenharia de tráfego, em fiscalização de trânsito, em tecnologia de ponta, em sinalização, entre outros, não vai resolver o problema dos acidentes nas vias públicas, onde anualmente milhares de acidentes são registrados. É preciso investir na conscientização dos condutores e pedestres através de um sistema de educação para o trânsito, semelhante ao modelo alemão, onde a educação é o pilar fundamental para formar usuários conscientes e responsáveis na utilização das vias públicas de locomoção.
Na Alemanha, a educação para o trânsito é um programa transversal que envolve a escola, a família, o estado e toda sociedade. Vale mencionar que este trabalho inicia-se na pré-escola e se estende até o fim do ensino médio. Este programa é de grande valor na redução dos acidentes de trânsito, uma vez que mesmo com o aumento da frota de veículo os números dos acidentes caíram significativamente e consequentemente o número de mortes e de feridos também foi reduzido.
No Brasil, a implementação da educação para o trânsito de forma
interdisciplinar no âmbito escolar desde a pré-escola até o ensino superior, esta
prevista no CTB/97, assim como na Resolução 166/2004, alterada pela Resolução
514/2014, o que falta é apenas o setor público executá-la em sua totalidade. Vale
ressaltar que a educação é umas das principais ferramentas capaz de conscientizar,
moldar e transformar o comportamento de seu público alvo (crianças,
adolescentes e os jovens adultos), que futuramente deixarão a condição de
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pedestres para serem também condutores devidamente capacitados e instruídos a utilizarem de forma segura as vias destinadas ao convívio humano.
Para o condutor que enfrenta o dia a dia do conturbado trânsito brasileiro, e também para os demais usuários das vias públicas é extremamente importante ter um comportamento amadurecido e respaldado em possíveis relações de risco, os quais devem ser claramente explanados durante as instruções pertinentes. O fruto deste processo proporcionará além de mais qualidade na formação dos novos condutores, um maior desenvolvimento dos jovens para o exercício de cidadania tanto como pedestres, passageiro e condutores de veículo automotor, mitigando assim os altos índices de acidente de trânsito e suas vítimas.
Ações isoladas e momentâneas realizadas uma vez por ano, como por exemplo, a “Semana Nacional do Trânsito Seguro”, realizada pelos órgãos públicos no mês de setembro de cada ano, não são suficientes para reduzir os elevados números dos acidentes de trânsitos em nossas vias, dai a necessidade de fomentar a implementação do tema educação para o trânsito no âmbito escolar.
O ambiente escolar é propício para à transmissão de informações, é onde ela ocorre com propriedade principalmente na construção e formação de valores positivos. Estes valores são capazes de transformar o comportamento inadequado do ser humano, contrário às normas de trânsito e que não são aceitos pela sociedade civil organizada, em comportamentos adequados e aceitáveis.
Por fim, com intuito de zelar pela integridade física dos cidadãos, as
instituições governamentais e não governamentais devem caminhar juntas,
promovendo ações continuas e integradas capazes de impulsionar melhoria na
qualidade de vida dos seres humanos, assim como, protegendo o bem jurídico de
maior valor, “a VIDA”.
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