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II. O BAPTISMO. 1. Generalidades

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1. Generalidades

1.1. O Baptismo porta da Igreja e dos sacramentos

O Baptismo, vimo-lo já, é o sacramento primordial. “Os homens entram na Igreja pelo Baptismo, como por uma porta” (Lumen Gentium 14): “porta da vida espiritual” (Cat. Ig. Cat. 1213), “porta dos sacramentos” (c. 849).

1.2. Direito ao Baptismo

Consequência disso é que, ao contrário dos outros sacramentos que têm por destinatários os fiéis, este é oferecido a todos os homens, porque a todos é destinada a salvação eterna e esta se alcança entrando na Igreja pela porta do Baptismo (LG 14).

Todo o homem que tenha fé nos mistérios que Deus revelou e a Santa Igreja Católica ensina tem direito a receber o Baptismo. É a resposta do Apóstolo Filipe ao eunuco da rainha Candace da Etiópia (Ac. 6, 36-38). Na idade contemporânea essa doutrina foi clamorosamente confirmada no baptismo de Alphonse de Ratisbonne.

Recentemente o baptismo de Magdi Cristiano Allam veio recordá-lo.

1.3. Consequências jurídicas do Baptismo

Pelo Baptismo é-se constituído pessoa na Igreja “com os deveres e direitos que são próprios dos cristãos” (c. 96): por isso “as leis meramente eclesiásticas só abrangem os baptizados na Igreja Católica” (c. 11).

No Baptismo se fundamenta a igualdade radical dos fiéis (c. 208). O Baptismo é a origem e o fundamento de todos os direitos e deveres fundamentais dos fiéis.

“O Baptismo constitui um vínculo sacramental de unidade, vigente entre todos os que foram regenerados por ele. Contudo o Baptismo por si mesmo é só um princípio e um começo” (Unitatis Redintegratio 22b).

2. A fé da Igreja sobre o Baptismo: can. 849.

2.1. O princípio teológico da necessidade do Baptismo para a salvação.

O Concílio Vaticano II ensina, com o Evangelho e toda a tradição da Igreja, que o Baptismo é necessário para a salvação: Lumen Gentium 14.

Este princípio tem projecção canónica sobre a disciplina baptismal: perante a urgência, o perigo de morte, o caso de necessidade cedem todas as exigências disciplinares, e por maioria de razão as meramente rituais.

2.2. Libertação do pecado.

O baptismo opera a libertação do pecado: o homem é redimido da condição de pecado em que todos nascem, pela consequência do pecado dos primeiros pais; e, se alcançou a idade da razão e cometeu pecados pessoais, conscientes e livres, é perdoado desses pecados. Por isso o baptismo dos adultos requer a explícita contrição dos pecados pessoais.

2.3. Filiação divina.

Pelo Baptismo os homens são convertidos “em verdadeiros filhos de Deus e participantes da natureza divina” (LG 40).

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2.4. Configuração com Cristo.

Pelo Baptismo o homem é identificado com Cristo, morto e ressuscitado; as acções do homem, enxertadas na eficácia redentora do agir de Cristo, participam doravante da História da Salvação.

2.5. Incorporação na Igreja.

Pelo Baptismo o homem é incorporado na Igreja. Entra a formar parte do Povo de Deus, torna-se membro do Corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Passa a fazer parte dessa realidade histórica concreta, essa “realidade étnica sui generis”, como dizia um dia Paulo VI, que é a Igreja de Cristo, e a ter nela direitos, a ser onerado nela com deveres, e a participar da sua missão.

2.6. Carácter baptismal.

Recordamos o que foi dito no n. 12.5 da Introdução.

3. A celebração do Baptismo

3.1. Segundo os livros litúrgicos.

A celebração do Baptismo deve observar as normas litúrgicas constantes dos Preliminares e das rubricas dos Rituais (do Baptismo das Crianças e da Iniciação Cristã dos Adultos): c. 850.

Em caso de necessidade, o inciso final do c. 850 exige apenas que se cumpram as coisas necessárias para a validade do sacramento, como as descreve a parte final do c. 849: basta a infusão da água e a recitação da fórmula, omitidos todos os ritos preparatórios e explicativos.

O n. 30 dos Preliminares do Ritual do Baptismo as Crianças explicita, no referente ao Baptismo, as competências em matéria litúrgica concedidas às Conferências Episcopais pelo c. 838, recordando que compete a esta determinar as adaptações à realidade local.

A cláusula mais interessante é a que permite propor à Santa Sé, depois de cuidadosa e prudente consideração, as adaptações que sejam úteis ou necessárias para incluir no rito baptismal o que se possa admitir das tradições e génio de cada povo:

pode ser de particular importância nas adaptações do RICA às culturas onde ainda vigoram rituais de passagem à idade adulta.

3.2. Preparação.

A preparação para os sacramentos – catequética, moral, litúrgica – deriva directamente dos princípios informadores do direito sacramental conciliar: se os sacramentos são actos de fé, que exigem e supõem a fé, ao mesmo tempo que a concedem e acrescentam, não devem ser celebrados sem que a fé dos que os pedem seja confirmada e confortada com alguma formação. É o que dispõe o c. 851.

3.2.1. Preparação do Baptismo dos adultos.

Quem se considera adulto: os que completaram dezoito anos, c. 97.

Quem se lhe assemelha: para efeitos de preparação para o Baptismo, e aliás em relação a todas as disposições canónicas relativas ao Baptismo dos adultos, o Código trata como adultos as crianças que completaram sete anos e têm uso da razão, c. 852

§1.

A preparação dos adultos para o Baptismo faz-se pelo Catecumenado: c. 851 §1.

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É uma antiga prática de iniciação cristã, que se generalizou com a conversão do império romano ao cristianismo e estava formalizada em Roma e no norte de África no século IV. Caída em desuso desde a Idade Média, fora retomada nas missões do século XIX e XX. O Concílio restaurou-a (Sacrosanctum Concilium). A publicação do respectivo Ritual é talvez, juntamente com o Missal, o fruto mais original e inovador da reforma litúrgica de Paulo VI. Cf. RICA, 14-20 (EDREL 80-86).

Reenvio ao direito particular: c. 851, 1º remete para o Ritual e para as normas particulares ditadas pela Conferência Episcopal. Em vigor na Patriarcado estão também as recentes Normas Pastorais, publicadas com o título de “A Celebração dos Sacramentos e Sacramentais”.

3.2.2. Preparação do Baptismo das crianças.

Quem se considera “infante”: quem ainda não completou a idade de sete anos: c.

97 §2.

Quem se lhe assemelha: os que, superada a idade de sete anos, carecem do uso da razão, c. 99 e 852 §2.

A quem alcança a preparação: pais e padrinhos: c. 851, 2º.

Conteúdos da preparação: “o significado deste sacramento e as obrigações que leva consigo”, c. 852 §2; cf. RBC, 54-60.

3.3. A matéria.

A matéria necessária e exclusiva do sacramento do Baptismo é a “água verdadeira”: c. 849. Fora do caso de necessidade, deve ser benzida com a forma litúrgica aprovada: c. 853.

3.4. A forma.

O modo comum de aplicação da água, seja no Baptismo das crianças seja no dos adultos, é a infusão: a água derramada sobre a cabeça, ou quando tal não seja possível, sobre alguma parte do corpo: c. 854.

Pode também ser aplicada por imersão: o corpo inteiro do baptizando é submerso na água baptismal.

O Código remete a regulação da forma do Baptismo para as normas da Conferencia Episcopal: c. 854. A Conferência Episcopal Portuguesa de algum modo tratou este modo de baptizar como excepcional, pois exige a autorização prévia da autoridade diocesana. Decreto VIII: “Siga-se o costume actual de celebrar o Baptismo por infusão. O Baptismo por imersão, dadas as dificuldades concreta existentes, não se administre sem autorização do Ordinário do lugar”.

O Caminho Neocatecumenal, no rito próprio aprovado para as suas celebrações, tem autorização para baptizar por imersão adultos e crianças, sem necessidade de autorização caso a caso.

Desapareceu do Código o Baptismo por aspersão. Usado no passado em circunstâncias históricas especiais, em que se baptizaram multidões, pressupunha uma teologia dos sacramentos como obra exclusiva de Cristo, com graça invencível funcionando ex opere operato – que embora certamente verdadeira não valoriza suficientemente o papel do sujeito; face à insistência o Concílio na fé pessoal do baptizando, o legislador entendeu que com esta forma não ficavam suficientemente asseguradas as condições de liberdade e responsabilidade que são de exigir em cada baptismo. De facto o baptismo por aspersão desaparecera já na prática, por razões imediatamente pastorais: criava muitas vezes dúvidas sobre a validade do baptismo, pois era difícil a certeza de a água aspergida ter corrido sobre a cabeça do baptizando.

Cf. RBC, 153.

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3.5. O nome.

“Não se imponha um nome alheio ao sentir cristão”: c. 855; cf. RICA 88.

A fórmula é prudente: “procurem”; os pais precedem aos padrinhos e estes ao pároco; e só se pede que o nome não seja alheio ao sentir cristão, fórmula vaga e lata.

Vale a pena ler, em Giovanni Guareschi, o diálogo de don Camillo com Jesus Crucificado acerca do baptismo do filho de Peppone, que quer baptizar o filho com o nome de Lenine.

3.6. O tempo.

c. 856.

A celebração baptismal por excelência é a vigília pascal. Não sendo possível baptizar na vigília – como de facto não é na imensa maioria dos baptismos de infantes e não poucos de adultos – o dia baptismal por excelência é o Domingo: o código

“recomenda que ordinariamente se celebre ao Domingo”. Mas a regra perceptiva é a do inciso inicial do cânone: o baptismo pode celebrar-se em qualquer dia.

3.7. O lugar.

c. 857.

Lugar sagrado: “o lugar próprio para o baptismo é a igreja ou o oratório”: c.

857 §1

“Em regra”, o adulto na igreja paroquial própria, a criança na igreja paroquial dos pais, “a não ser que uma causa justa aconselhe outra coisa”: c. 857 §2. Esta regra deve ser articulada com as regras sobre pia baptismal, que a mitigam.

3. 8. A pia baptismal.

A regra é que todas as igrejas paroquiais têm de ter “a sua fonte baptismal”: c.

858. Esta regra não tem excepção.

A regra correlativa, embora não explicitada, é que só nas igrejas paroquiais deve haver fonte baptismal. A essa regra implícita o código prevê duas excepções: 1ª o

“direito cumulativo já adquirido por outras igrejas”, c. 858 §1; 2ª para comodidade dos fiéis o Ordinário de lugar pode permitir (“ou até ordenar”) que haja fonte baptismal noutra igreja ou oratório dentro dos limites paroquiais: c. 858 §2.

3. 9. Baptismo fora da igreja paroquial ou de outra igreja com pia baptismal.

Quando a pia baptismal for longe ou haja outros inconvenientes, pode baptizar- se noutra Igreja ou oratório que não tenham pia baptismal, “ou ainda noutro lugar decente”: c. 859.

Lugar excluído: as casas particulares e os hospitais. Excepções: a primeira é o caso de necessidade. Fora deste, nas casas particulares o ordinário do lugar pode autorizar o baptismo “por justa causa”; nos hospitais o bispo diocesano pode

“estabelecer outra coisa”, mas mesmo que o não faça, pode baptizar-se “se outra razão pastoral o exigir”: cc. 860.

Nas Normas Pastorais do Patriarcado, proíbe-se ainda o Baptismo nas “capelas particulares”: a norma diocesana vai mais longe do que o Código, que o proíbe nas

“casas particulares”, mas não nas capelas, que decerto estariam incluídas nos “lugares decentes” do c. 859.

3.10. Reflexão de pastoral litúrgica

Se vemos que toda a disciplina canónica da localização do baptismo está

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organizada em torno do sinal que é a fonte baptismal, deveríamos interrogar-nos sobre uma prática pastoral comum que exige que os baptismos sejam na paróquia – mas depois, por duvidosas razões de conveniência litúrgica, os celebra fora da pia baptismal...

4. O Ministro do Baptismo

4.1. Competência universal

Qualquer pessoa pode administrar validamente o Baptismo, desde que tenha intenção de fazer o que faz a Igreja e realize o sinal sacramental requerido, que tem eficácia ex opere operato, independentemente das convicções de quem baptiza. É o que reconhece o c. 861 §2. Mas para a licitude do Baptismo o Código distingue os ministro em duas categorias: ordinários e extraordinários.

4.2. Ministro ordinário.

O ministro ordinário do Baptismo é o fiel ordenado: o bispo, o presbítero e o diácono, c. 861 §1.

Nas Igrejas orientais católicas (e também, claro está, nas ortodoxas) o ministro ordinário é o sacerdote (c. 677 §1 CCIO): a prática oriental de administrar a “unção com o sagrado myron” juntamente com o baptismo impede os diáconos de administrar o baptismo segundo os ritos das igrejas orientais.

O CCIO, c. 681 §5, contém uma norma sem paralelo na codificação latina: um presbítero católico (de rito oriental, evidentemente, pois só a estes se aplica o CCIO) pode baptizar uma criança filha de acatólicos orientais, a pedido dos pais, quando a estes não seja possível recorrer ao seu ministro próprio, ficando a criança adscrita à Igreja não católica dos pais: por exemplo, em Portugal, um padre ucraniano grego- católico pode baptizar uma criança de pais ortodoxos que ficará a pertencer à Igreja ortodoxa da Ucrânia, embora não seja automático nem certo que os ortodoxos aceitem esta solução.

4.3. Competência territorial do ministro ordinário

Mas cf. c. 862: a ninguém é lícito administrar o baptismo sem licença em território alheio, mesmo aos próprios súbditos, excepto em caso de necessidade.

4.4. Competência especial do pároco

Cf. também c. 530: a administração do baptismo é “função confiada de modo especial” ao pároco; no código de 1917 dizia-se que era uma “função reservada” ao pároco, cv. 462, expressão mais constringente e que se relacionava com o sistema beneficial de sustentação do pároco; o legislador de 1983 quis, com uma fórmula mais ligeira, inculcar que a celebração por ministro diferente do pároco não é uma excepção a evitar ou combater.

4.5. Ministro extraordinário.

Na ausência ou impedimento do ministro ordinário, administra licitamente o baptismo

o catequista,

outra pessoa designada pelo Ordinário do lugar,

em caso de necessidade qualquer pessoa com recta intenção, c. 861 §2.

Ver 861 §2b: “os pastores de almas, em especial o pároco, sejam solícitos em

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que os fiéis aprendam o modo correcto de baptizar”.

Mas cf. Instrução sobre a colaboração dos leigos no ministério dos sacerdotes, de 1997, art. 11 (EDREL 3567): “Assim, por exemplo, a ausência ou impedimento, que tornam lícita a deputação de fiéis não ordenados para administrar o Baptismo, não podem configurar-se com o trabalho excessivo do ministro ordenado ou com a sua não residência no território da paróquia, ou com a sua indisponibilidade para o dia previsto pela família. Tais motivações não constituem razões suficientes”.

4.3. Ministro para o Baptismo dos adultos.

O bispo diocesano pode chamar a si o baptismo dos adultos com mais de quatorze anos, c. 863.

5. Dos que vão ser baptizados

5.1. Sujeito capaz.

Sujeito capaz do Baptismo é o ser humano (homo) não baptizado: c. 864.

Cf. c. 96: “pelo Baptismo o homem é incorporado na Igreja de Cristo e nela constituído pessoa...”

5.2. Disposições nos adultos.

Para que se possa baptizar um adulto requer-se que (c. 865 §1):

tenha manifestado vontade de receber o baptismo;

tenha sido instruído sobre a verdades da fé e as obrigações cristãs;

tenha sido provado na vida cristã pelo catecumenado;

seja advertido para se arrepender dos seus pecados.

Adulto que “é baptizado sem intenção de receber o sacramento não recebe o baptismo nem lícita nem validamente” (Sagrada Congregação do Santo Ofício, Instrução de 3.8.1860).

5.3. A iniciação cristã dos adultos.

O adulto que se baptiza receba todos os sacramentos de iniciação: c. 866. Para que se baptize um adulto sem lhe administrar o crisma e lhe dar a comunhão, requere- se “causa grave”.

5.4. Reafirmação do baptismo das crianças.

A polémica pós-conciliar acerca do baptismo das crianças, reaberta por Karl Barth: o baptismo das crianças, dizia ele, é “uma ferida aberta no lado da Igreja” (K.

Barth, La doctrine ecclésiastique du baptême, Foi et Vie 1949, p. 47).

O Código reafirma com clareza, com toda a tradição da Igreja, que “os pais têm obrigação de procurar que as crianças sejam baptizadas dentro das primeiras semanas...”, c. 867 §1; a doutrina tradicional em que este cânone se radica fora reafirmada três anos antes pela Congregação para a Doutrina da Fé: cf. SCDF, Instrução Pastoralis actio, 20.10.1980 (EDREL 2902-2935); cf. tb. Cat. Ig. Cat. 1250- 1251.

Mas a prática do baptismo das crianças está sujeita a determinadas condições:

os pais consintam;

haja “esperança fundada” de ser educada na fé cristã;

senão difira-se o baptismo: c. 868.

A regra do nº 7 das recentes Normas Pastorais do Patriarcado repete o teor do 868, 2º: mas diz a mesma coisa por outras palavras, e ao menos na expressão literária,

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parece agravar a regra do Código.

O cân. diz que, para que a criança seja licitamente baptizada, se requer que haja esperança prudente de que ela irá ser educada na religião católica. E prescreve que se difira o baptismo “se tal esperança faltar totalmente”.

A expressão das Normas é equivalente, mas mais ampla: “o pároco deve certificar-se que existe a intenção credível de garantir à criança baptizada, a seu tempo, a educação cristã”. E determina que “deve-se diferir o Baptismo” quando não se tem essa garantia. A fórmula é muito mais ampla que a do Código. Uma coisa é “faltar totalmente a esperança” de que a criança seja educada na fé; outra é “não se ter a garantia” de que a criança irá, a seu tempo, inscrever-se na catequese.

Uma aplicação estrita da norma do nº 7 conduziria ao diferimento da maioria dos baptismos que se celebram nas nossas paróquias. Parece de boa técnica jurídica, e de bom senso pastoral, partir do princípio que as Normas diocesanas quiseram dizer o mesmo que o CDC, e interpretar o nº 7 nos termos do cânone.

5.5. Tempo do baptismo

A criança seja “baptizada sem demora”, c. 867 §2; os pais têm obrigação de procurar que as crianças sejam baptizadas dentro das primeiras semanas: cf RBC 28- 30 (EDREL 63-65); cf. RICA 49-62 (EDREL 116-128).

A antiga norma de baptizar nos primeiros oito dias, que ecoava a prescrição da circuncisão ao oitavo dia do povo hebreu, foi substituída por uma regra mais ampla: de qualquer forma não cabe dúvida que é anti-canónica a prática actual, até das famílias mais praticantes, de diferir o baptismo por meses e meses à procura de uma data festiva ou que venha do estrangeiro o padrinho. Por outro lado, educativamente, não devem ser os párocos a dificultar as datas, fixando dias raros e estritos de baptizar e complicando as procurações dos padrinhos.

5.6. Baptismo em perigo de morte

Nesse caso é lícito baptizar mesmo contra a vontade dos pais, c. 868 §2.

5.7. Baptismo sob condição

Se há dúvida sobre o baptismo ou sobre a sua validade, e a dúvida persistir depois de séria investigação: c. 869 §1.

“O Baptismo não deve ser repetido indiscriminadamente e com temeridade, mesmo que sob condição; só é lícito usar de condição quando existe uma dúvida prudente e provável sobre se alguém foi validamente baptizado, conforme ensina o Catecismo Romano”: Santo Ofício, instrução de 3.8.1860.

Sobre os baptizados acatólicos: não devem ser rebaptizados sob condição sem dúvida séria sobre a validade do baptismo, “examinadas atentamente a matéria e a forma (...), a intenção do baptizado adulto e do ministro (...)”: §2.

5.8. Baptismo do exposto, se não constar do seu baptismo: c. 870.

5.9. Baptismo dos fetos abortivos “na medida do possível”: c. 871.

5.10. Excursus: Destino das crianças mortas sem baptismo: Cat. Ig. Cat. 1261 e 1283.

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6. Os padrinhos

6.1. Sentido da figura do padrinho

C. 872, RICA 42 e 43 (EDREL 108 e 109):

assistir o adulto na iniciação cristã;

apresentar a criança conjuntamente com os pais;

esforçar-se por que o baptizado viva uma vida cristã.

Configuração teológico-canónica da figura dos padrinhos e realidades sócio- culturais da pastoral.

6.2. “Na medida do possível”: c. 872. Quer dizer que não é estritamente necessário haver padrinhos para se baptizar, seja um adulto seja uma criança.

6.3. Número de padrinhos

O c. 873 permite que haja um padrinho ou uma madrinha ou um padrinho e uma madrinha.

Não parece ser uma norma proibitiva, a enumeração apresenta-se tecnicamente como exemplificativa e não taxativa: não se vê que haja razões propriamente canónicas pelas quais se deva proibir número de padrinhos superior a dois, ou mesmo dois padrinhos ou duas madrinhas, embora possa haver razões pastorais.

6.4. Condições para ser padrinho

O c. 874 §1 elenca uma série de requisitos.

1º Os pais não podem ser padrinhos de baptismo: c. 874 §1, 5º.

Embora a norma não distinga, parece que deva aplicar-se apenas ao baptismo das crianças. Com feito o código diz que as normas referentes aos padrinhos do baptismo se aplicam também à confirmação, c. 893 §1; mas o Ritual da Confirmação admite os pais a serem padrinhos de crisma, e o RICA recomenda que no baptismo dos adultos o padrinho de baptismo e de crisma seja o mesmo; parece que a proibição do n. 5 não se deve estender ao baptismo dos adultos.

2º Os padrinhos devem ser escolhidos pelo baptizando ou pelos pais, ou na falta destes pelo pároco ou o ministro.

3º Devem ter aptidão e intenção.

4º Devem ter dezasseis anos completos; a própria norma prevê duas excepções: que o bispo diocesano determine como regra geral outra idade limite, superior ou inferior; que o pároco ou o ministro entendam admitir excepção por causa justa;

5º Seja católico, crismado e com a primeira comunhão; a estas regras (são três) o código não faz excepção, mas na prática tem havido muitas excepções na vida pastoral; na nossa diocese a moratória prudencial estabelecida pelo Cardeal Ribeiro para a exigência do crisma terminou com as recentes Normas Pastorais;

6º Deve levar uma vida consentânea com a fé e o munus que vai desempenhar.

Na prática pastoral esta norma tem sido interpretada como impedindo de ser padrinhos os católicos casados civilmente, ou divorciados recasados. Nos próximos anos o problema agravar-se-á: não se poderão admitir os homossexuais que vivam em união de facto registada, ou “casados” se a legislação viesse a admitir o casamento civil de pessoas do mesmo sexo.

Os que sejam publicamente membros de associações condenadas pela Igreja também parece que não deveriam ser padrinhos. Pro bonum pacis não se tem regra geral urgido a norma nesses casos, talvez mal.

7º Não esteja abrangido por pena canónica “aplicada ou declarada”. Quem tiver incorrido em pena latae sententiae não declarada pode legitimamente ser padrinho.

6.5. Um acatólico padrinho?: apenas como testemunha, e juntamente com um padrinho

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católico, c. 874 §2.

Mas o (novo) Directório Ecuménico, n. 98, diz que os orientais separados (ou seja, sobretudo os ortodoxos, mas também coptas, etíopes, arménios, sírios, etc.) podem ser padrinhos, embora sempre juntamente com um padrinho católico. Trata-se de interpretação autêntica ou nova disciplina? O facto é que entrou no CCIO, c. 685 §3.

6.6. Nalguns lugares introduziu-se o abuso de aplicar o regime do c. 874 §2 às pessoas que não podem ser padrinhos por força da parte final do 874 §1, 3º: as pessoas em situação irregular não podem ser padrinhos, mas poderiam ser “testemunhas” por analogia com os baptizados não católicos. Esta prática não é canónica, e não parece ser boa pastoral.

7. Prova e anotação do baptismo

7.1. Prova do baptismo: c. 875 e 876.

7.2. Anotação: c. 877 §1.

7.3. Casos especiais: c. 877 §2 e 3.

7.4. Baptismo na ausência do pároco: c. 878.

8. EXCURSUS: A resposta normativa da Congregação da Doutrina da Fé acerca do Baptismo dos Mórmones.

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