Matéria: literatura
Assunto: 1ª geração gonçalves dias
Prof. IBIRÁ
A Primeira Geração Romântica
A primeira geração, denominada, nacionalista, é composta por letrados que forneciam às elites dominantes uma ideologia ufanista. Desenvolvem uma literatura centrada na celebração da pátria, da natureza, do índio, da religião e do amor com tendências espirituais.
GONÇALVES DIAS (1823-1864)
Obras: Primeiros Cantos (1846), Segundos Cantos (1848) e Últimos Cantos (1851)
Sua poesia caracteriza-se pelo domínio técnico, equilíbrio formal e notáveis recursos rítmicos.
Os principais temas da sua obra foram:
a) Indianismo – Procura da Identidade
Soma do mito do “bom selvagem” com o culto do exótico, o indianismo foi acima de tudo a reafirmação orgulhosa de uma identidade histórica para a classe dirigente brasileira. Pintados como generosos, heroicos e cavalheirescos, os índios não escapam da idealização ideológica.
Mesmo assim, a mentira histórica vira verdade artística em belos poemas como Marabá, Leito de Folhas Verdes, O Canto do Piaga e, principalmente, I-Juca Pirama, obra-prima do gênero, onde se rompe com a monotonia da bravura dos índios tupi. Veja o desespero do índio aprisionado na aldeia timbira:
Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas, Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo Da tribo tupi
Da tribo pujante,
Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte;
Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi.
E assim também a maldição que seu pai lhe lança:
Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Literatura – Prof. Ibirá Costa
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b) Poesia da Natureza
Enquanto poeta da natureza, revela a paisagem com aquele duplo sentimento dos homens de sua geração: patriotismo e religiosidade. As florestas, mares e campos por ele cantados sempre despertam associações com a pátria e com Deus. A esse tipo de poesia, Gonçalves Dias denominou Poesias Americanas.
A poesia sobre a natureza entrelaça-se com a poesia saudosista, porque essa saudade é sempre do país, e o país representado pela terra, como nesse clássico poema:
Canção do Exílio:
Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas tem mais flores, Nossas flores tem mais vida, Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá.
Minha terra tem primores Que tais não encontro eu cá;
Em cismar sozinho, à noite Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá.
Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o sabiá.
c) Poesia Lírica-Amorosa
A poesia amorosa de Dias desenvolve-se a partir de uma visão sofrida das relações afetivas.
O amor poucas vezes se concretiza nesses textos que insistem nas ideias de ilusão perdida, lembrança dolorida, desejo de morrer por desespero sentimental. Nem sempre tais ideias demonstram vigor poético mas, em alguns momentos, como no célebre poema Se se morre de amor e no digno Ainda uma vez – Adeus!, o sofrimento torna-se convincente. Vejamos alguns trechos:
Enfim te vejo! enfim posso, Curvado a teus pés, dizer-te Que não cessei de querer-te Apesar de quanto sofri.
Muito penei. Cruas ânsias, Dos teus olhos afastado, A não lembrar-me de ti. (...) Meus versos d’alma arrancados D’amargo prantos banhados, Como sangue escritos; e então Confio que te comovas.
Que a minha dor te apiede.
E que chores nem de saudades
Nem de amor de compaixão. Em Sextilhas de Frei Antão, poemas em língua e estilo arcaicos, é
apenas um equívoco na carreira de Gonçalves Dias, que além disso, tentou o teatro escrevendo
dramas como Beatriz Cenci e Leonor de Mendonça.
Literatura – Prof. Ibirá Costa
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