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Português. Funções da linguagem. Teoria

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Academic year: 2021

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Funções da linguagem

Teoria

Para nos comunicarmos com alguém, podemos utilizar vários recursos, como gestos, imagens, símbolos, palavras ou até mesmo expressões faciais e corporais. No entanto, a linguagem é a forma mais abrangente e efetiva que possuímos, e, dependendo de nossa mensagem, podemos fazer inúmeras associações e descobrir o contexto ou a circunstância em que aquela intenção comunicativa foi construída.

Existem dois tipos de linguagem: a verbal e a não verbal. Na primeira, a comunicação é feita por meio da escrita ou da fala; enquanto na segunda, por meio de sinais, gestos, movimentos, figuras, entre outros. A linguagem assume várias funções, por isso é muito importante saber as suas distintas características discursivas e intencionais. Antes de qualquer coisa, devemos atentar para o fato de que, em qualquer situação comunicacional plena, seis elementos estão presentes. Observe a imagem abaixo:

O emissor é o elemento responsável pela mensagem. É ele quem, como o próprio nome sugere, emite o enunciado. O receptor é o elemento a quem se direciona o que se deseja falar; é, portanto, o destinatário ou ouvinte da mensagem.

Ademais, há outros elementos que compõem o quadro comunicativo; são eles: a mensagem, informação que será transmitida; o contexto, também chamado de referente, assunto sobre o qual se fala; o canal, meio pelo qual se transmite ou propaga a mensagem; e o código, tipo de linguagem em que a mensagem é produzida.

Como exemplo, no esquema acima é utilizada a língua portuguesa, representada por meio da linguagem verbal, para se transmitir uma mensagem.

Cada uma das seis funções que a linguagem desempenha está centrada em um dos elementos acima ou na

forma como alguns desses elementos se relacionam com os outros. É importante destacar também que em

um mesmo texto pode existir a manifestação de mais de uma função da linguagem. Vamos aprender sobre

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Função emotiva

A função emotiva é centrada no emissor, ou seja, o foco dessa função é quem produz determinada mensagem (emissor). Expressa sentimentos, emoções e opiniões, e há predominância da 1ª pessoa em textos de caráter emotivo.

Que me resta, meu Deus? Morra comigo A estrela de meus cândidos amores.

Já que não levo no meu peito morto Um punhado sequer de murchas flores.

(Álvares de Azevedo)

Aqui, devemos observar marcas de subjetividade do emissor, como seus sentimentos e impressões a respeito de algo expressados pela ocorrência de verbos e pronomes na primeira pessoa, adjetivação abundante, pontuação expressiva (exclamações e reticências), bem como interjeições. Vejamos o trecho da música Ai que saudade d’ocê, de Geraldo Azevedo

Fui eu que mandei o beijo Que é pra matar meu desejo Faz tempo que eu não te vejo Ai que saudade d'ocê

Disponível em: https://www.letras.mus.br/geraldo-azevedo/277398/

Função apelativa

A função apelativa também é conhecida como conativa e possui o foco no receptor da mensagem. É centrada na segunda pessoa do discurso e procura influenciar o leitor. É um recurso bastante utilizado em propagandas.

Observe o exemplo:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a; e não queirais, pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória.

(Gregório de Matos)

Essa função encerra um apelo, uma intenção de atingir o comportamento do receptor da mensagem ou

chamar a sua atenção. Para identificá-la, devemos observar o uso do vocativo, pronomes na segunda pessoa

ou pronomes de tratamento, bem como verbos no modo imperativo.

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Tente outra vez (Raul Seixas) Veja

Não diga que a canção está perdida Tenha fé em Deus, tenha fé na vida Tente outra vez

Beba

Pois a água viva ainda está na fonte Você tem dois pés para cruzar a ponte Nada acabou, não não não não

Disponível em: https://www.vagalume.com.br/raul-seixas/tente-outra-vez.html

Disponível em: https://www.cnm.org.br/index.php/comunicacao/noticias/campanha-da-cnm-orienta-municipios-no-enfrentamento- ao-novo-coronavirus

Essa função encerra um apelo, uma intenção de atingir o comportamento do receptor da mensagem ou chamar a sua atenção. Para identificá-la, devemos observar o uso do vocativo, pronomes na segunda pessoa ou pronomes de tratamento, bem como verbos no modo imperativo.

Função metalinguística

Refere-se ao próprio código. Consiste no uso do código para falar dele próprio, ou seja, o discurso faz menção a si mesmo. Pode ser encontrada, por exemplo, nos dicionários, em poemas que falam da própria poesia, em músicas que falam da própria música.

Exemplo:

- A palavra “analisar” é escrita com “s” ou com “z”?

- “Analisar” se escreve com “s”, Marcelo.

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Veja outros exemplos:

Trecho da música “Meu novo mundo” da banda Charlie Brown Jr Fiz essa canção pra dizer algumas coisas

Cuidado com o destino Ele brinca com as pessoas

Tipo uma foto com sorriso inocente

Mas a vida tinha um plano e separou a gente

Disponível em: https://www.letras.mus.br/charlie-brown-jr/meu-novo-mundo/

Disponível em: https://www.hypeness.com.br/2020/07/artista-faz-pinturas-de-si-mesmo-pintando-a-si-mesmo-enquanto-pinta-a-si- mesmo/

Obs.: é muito comum que, em um mesmo texto, haja a manifestação de mais de uma função da linguagem.

Peguemos como parâmetro a própria canção utilizada para exemplificar a função emotiva da linguagem neste material:

Não se admire se um dia Um beija-flor invadir A porta da tua casa Te der um beijo e partir Fui eu que mandei o beijo Que é pra matar meu desejo Faz tempo que eu não te vejo Ai que saudade d'ocê

(Geraldo Azevedo)

Percebemos que, nos quatro primeiros versos, o interlocutor é o foco da mensagem. Dessa forma, predomina

a função conativa. No entanto, nos versos que se seguem, notamos o predomínio da função emotiva (como

já tínhamos visto).

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Fiquem tranquilos(as), pois uma questão jamais colocará nas alternativas duas funções que estejam claramente evidentes no texto, a menos que ela destaque algum trecho específico. Veremos alguns exemplos nas nossas listas dos próximos materiais.

Importante: é muito comum vermos a presença da metalinguagem nas manifestações artísticas e literárias.

Um exemplo perfeito de como a metalinguagem pode aparecer na pintura é o quadro de René Magritte, um dos grandes nomes do Surrealismo, que mostra o pintor no momento da criação.

La clairvoyance, ou A perspicácia, de René Magritte. Autorretrato do artista pintando um pássaro, 1936

Na Literatura também é muito comum vermos a ocorrência da metalinguagem. Um grande clássico do nosso acervo literário, Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é um exemplo de obra metalinguística; que já fica evidente no prólogo da narrativa, quando o narrador se dirige ao leitor informando contará suas memórias de modo pouco habitual e se apresenta: “[…] não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço ”.

Dica: o livro foi adaptado para o cinema e protagonizado pelo incrível Reginaldo Faria.

Disponível em: https://canalcurta.tv.br/filme/?name=memorias_postumas

No cinema, inúmeras obras tem a metalinguagem como característica. É muito comum, inclusive, assistirmos

a séries que recapitulam episódios anteriores antes de dar início ao episódio novo (o famoso: previously on...).

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Curiosidade pop

Para os fãs da Marvel:

Em um dos maiores sucessos de bilheteria da história cinematográfica (Vingadores: Ultimato), isso fica bastante evidente quando os personagens viajam no tempo e aparecem cenas de filmes anteriores, para que os expectadores “liguem os pontos” da narrativa.

Cena de “Os Vingadores” (2012) que aparece em “Vingadores: Ultimato”

Função fática

A função fática está centrada no canal, ou seja, no meio pelo qual se propaga ou transmite uma mensagem.

Nesse caso, a finalidade é testar, estabelecer, prolongar ou interromper o processo de comunicação entre o emissor e o receptor.

Veja o exemplo:

— Olá, como vai?

— Eu vou indo. E você, tudo bem?

— Tudo bem...

A função fática envolve o contato entre o emissor e o receptor, seja para iniciar, prolongar, interromper ou simplesmente testar a eficiência do canal de comunicação. Na língua escrita, qualquer recurso gráfico utilizado para chamar atenção para o próprio canal (negrito, mudar o padrão de letra, criar imagem com a distribuição das palavras na página em branco) constitui um exemplo de função fática. No exemplo acima, as marcas linguísticas “Olá”, “como vai?” e “tudo bem?” são recursos utilizados para estabelecer a comunicação. Veja mais um exemplo:

Disponível em: https://br.pinterest.com/srasandracosta/tirinhas/

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Função poética

A função poética está centrada na mensagem, ou seja, o que está em destaque é a forma como ela é construída, de forma criativa. É, portanto, o trabalho poético realizado em um determinado contexto. Por exemplo:

De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

(Vinícius de Morais)

Como destaca a própria mensagem, a função poética existe predominantemente em textos literários, resultantes da elaboração da linguagem, por meio de vários recursos estilísticos que a língua oferece.

Contudo é comum, hoje, observarmos textos técnicos que se utilizam de elementos literários para poder evidenciar um determinado sentido. Cabe destacar também que essa função utiliza vários recursos gramaticais, tais como: figuras de linguagem, conotação, neologismos, polissemia, entre outros.

Veja outro exemplo:

Cabeludinho

Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo

riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve / que eu não sei aler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.

BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003.

Sobre esse texto, vale ressaltar que há a manifestação da função emotiva, metalinguística e poética. No

entanto, destacamos aqui a poética por conta da ênfase na possibilidade de “brincadeira” com as palavras,

algo bastante característico do autor Manoel de Barros.

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Função referencial

A função referencial, também conhecida como informativa ou denotativa, está centrada no contexto, ou seja, no referente. O objetivo dessa função é transmitir o assunto da mensagem de maneira objetiva, direta e impessoal. Veja o exemplo abaixo:

Cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, anunciaram nesta segunda-feira (20) que, de acordo com resultados preliminares, a vacina da universidade para a Covid-19 é segura e induziu resposta imune no corpo dos voluntários. Os resultados, que já eram esperados pelos pesquisadores, se referem às duas primeiras fases de testes da imunização. A terceira fase está ocorrendo no Brasil, entre outros países. O efeito deve ser reforçado após uma segunda dose da vacina, segundo os cientistas.

Disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2020/07/20/vacina-de-oxford-para-covid-19-e-segura-e-induz- resposta-imune-anunciam-cientistas.ghtml

Como a finalidade é destacar a mensagem, utiliza-se determinadas marcas gramaticais, tais como: o uso da

3ª pessoa, denotação, impessoalidade, predominância de frases declarativas e precisão. Essa função pode

ser encontrada em textos jornalísticos, científicos, didáticos, entre outros.

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Exercícios de fixação

1. A função da linguagem centrada no contexto é chamada de:

a) Função metalinguística;

b) Função fática;

c) Função referencial;

d) Função poética.

2. Identifique a frase em que a função da linguagem predominante é a referencial.

a) Siga meu conselho. Você se sentirá melhor!

b) Estou animadíssima com a chegada das férias!

c) Há três acentos gráficos na língua portuguesa d) Sim...Sei...Estou ouvindo, claro.

3. Com qual elementos da comunicação está relacionada a função fática da linguagem?

a) Função poética.

b) Função expressiva.

c) Função fática.

d) Função referencial.

4. Qual das seguintes opções não se refere a uma característica da função poética?

a) Utiliza linguagem denotativa.

b) Utiliza linguagem elaborada e cuidado.

c) Privilegia a melodia e a sonoridade das palavras.

d) Procura criar uma comunicação bela e inovadora.

5. Indique quais as funções da linguagem presentes nas seguintes frases.

a) Alô? Alô?

b) Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as queimadas na região do Pantanal brasileiro aumentaram 210% em 2020.

c) “Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos vioções” (Cruz e Sousa)

d) Claro! Não é mesmo?

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Exercícios de vestibulares

1. (Enem, 2014) O exercício da crônica

Escrever crônica é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de uma máquina, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um assunto qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada houver, restar-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.

(MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia das Letras, 1991).

Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui a) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista.

b) nos elementos que servem de inspiração ao cronista.

c) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica.

d) no papel da vida do cronista no processo de escrita da crônica.

e) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de uma crônica.

2. (Enem, 2019) O Instituto de Arte de Chicago disponibilizou para visualização on-line, compartilhamento ou download (sob licença Creative Commons), 44 mil imagens de obras de arte em altíssíma resolução, além de livros, estudos e pesquisas sobre a história da arte.

Para o historiador da arte, Bendor Grosvenor, o sucesso das coleções on-line de acesso aberto, além de democratizar a arte, vem ajudando a formar um novo público museológico. Grosvenor acredita que quanto mais pessoas forem expostas à arte on-line, mais visitas pessoais acontecerão aos museus.

A coleção está disponível em seis categorias: paisagens urbanas, impressionismo, essenciais, arte africana, moda e animais. Também é possível pesquisar pelo nome da obra, estilo, autor ou período.

Para navegar pela imagem em alta definição, basta clicar sobre ela e utilizar a ferramenta de zoom.

Para fazer o download, disponível para obras de domínio público, é preciso utilizar a seta localizada do lado inferior direito da imagem.

Disponível em: www.revistabula.com. Acesso em: 5 dez. 2018 (adaptado).

A função da linguagem que predomina nesse texto de caracteriza por

a) evidenciar a subjetividade da reportagem com base na fala do historiador de arte.

b) convencer o leitor a fazer o acesso on-line, levando-o a conhecer as obras de arte.

c) informar sobre o acesso às imagens por meio da descrição do modo como acessá-las.

d) estabelecer interlocução com o leitor, orientando-o a fazer o download das obras de arte.

e) enaltecer a arte, buscando popularizá-la por meio da possibilidade de visualização on-line.

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3. (Enem, 2017) A atrizes Naturalmente Ela sorria

Mas não me dava trela Trocava a roupa Na minha frente

E ia bailar sem mais aquela Escolhia qualquer um Lançava olhares Debaixo do meu nariz Dançava colada Em novos pares Com um pé atrás Com um pé a fim Surgiram outras

Naturalmente

Sem nem olhar a minha cara Tomavam banho

Na minha frente

Para sair com outro cara Porém nunca me importei Com tais amantes

(…)

Com tantos filmes Na minha mente É natural que toda atriz Presentemente represente Muito para mim

CHICO BUARQUE. Carioca, Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2006 (fragmento)

Na canção, Chico Buarque trabalha uma determinada função da linguagem para marcar a subjetividade do eu lírico ante as atrizes que ele admira. A intensidade dessa admiração está marcada em:

a) “Naturalmente/ Ela sorria/ Mas não me dava trela”

b) “Tomavam banho/ Na minha frente/ Para sair com outro cara”.

c) “Surgiram outras/ Naturalmente/ Sem nem olhar a minha ara”.

d) “Escolhia qualquer um/ Lançava olhares/ Debaixo do meu nariz”.

e) “É natural que toda atriz/ Presentemente represente/ Muito para mim”.

4. (Enem, 2016) Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo uma outra não prevista.

(LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993)

Nesse texto, a autora apresenta reflexões sobre o processo de produção de sentidos, valendo-se da metalinguagem. Essa função da linguagem torna-se evidente pelo fato de o texto

a) ressaltar a importância da intertextualidade.

b) propor leituras diferentes das previsíveis.

c) apresentar o ponto de vista da autora.

d) discorrer sobre o ato da leitura.

e) focar a participação do leitor.

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5. (Enem, 2018) Deficientes visuais já podem ir a algumas salas de cinema e teatros para curtir, em maior intensidade, as atrações em cartaz. Quem ajuda na tarefa é o aplicativo Whatscine, recém-chegado ao Brasil e disponível para os sistemas operacionais iOS (Apple) ou Android (Google). Ao ser conectado à rede wi-fi de cinemas e teatros, o app sincroniza um áudio que descreve o que ocorre na tela ou no palco com o espetáculo em andamento: o usuário, então, pode ouvir a narração em seu celular. O programa foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Carlos III, em Madri. “Na Espanha, 200 salas de cinema já oferecem o recurso e filmes de grandes estúdios já são exibidos com o recurso do Whatscine!”, diz o brasileiro Luis Mauch, que trouxe a tecnologia para o país. “No Brasil, já fechamos parceria com a São Paulo Companhia de Dança para adaptar os espetáculos deles! Isso já é um avanço.

Concorda?”

Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 25jun. 2014 (adaptado)

Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a intenção do emissor, a linguagem apresenta funções diferentes. Nesse fragmento, predomina a função referencial da linguagem, porque há a presença de elementos que:

a) buscam convencer o leitor, incitando o uso do aplicativo.

b) definem o aplicativo, revelando o ponto de vista da autora.

c) evidenciam a subjetividade, explorando a entonação emotiva.

d) expõem dados sobre o aplicativo, usando linguagem denotativa.

e) objetivam manter um diálogo com o leitor, recorrendo a uma indagação.

6. (Ifal, 2015) Será que os dicionários liberaram o ‘ditocujo’?

Por Sérgio Rodrigues

Brasileirismo informal, termo não está proibido, mas deve ser usado de forma brincalhona

O registro num dicionário não dá certificado automático de adequação a expressão alguma: significa apenas que ela é usada com frequência suficiente para merecer a atenção dos lexicógrafos. O substantivo “dito-cujo”, que substitui o nome de uma pessoa que já foi mencionada ou que por alguma razão não se deseja mencionar, é um brasileirismo antigo e, de certa forma, consagrado, mas aceitável apenas na linguagem coloquial. Mais do que isso: mesmo em contextos informais seu emprego deve ser sempre “jocoso”, ou seja, brincalhão, como anotam diversos lexicógrafos, entre eles o Houaiss e o Francisco Borba. Convém que quem fala ou escreve “dito-cujo” deixe claro que está se afastando conscientemente do registro culto. Exemplo: “O leão procurou o gerente da Metro e se ofereceu para leão da dita-cuja, em troca de alimentação”, escreveu Millôr Fernandes numa de suas “Fábulas fabulosas”.

(http://veja.abril.com.br/blog/sobrepalavras/consultorio/sera-que-os-dicionarios-liberaram-odito-cujo/>. Acesso em 13/11/2015. Texto adaptado)

As funções da linguagem relacionam-se conceitualmente à ideia de que, nas diversas situações de comunicação, um dos seis elementos que compõem esse processo – a saber, emissor, receptor, mensagem, código, referente e canal – prevalece sobre os demais. Em relação ao texto acima, no tocante a esse fenômeno, indique a alternativa correta.

a) A função da linguagem predominante é a fática, que testa o canal, pois se verifica no texto uma reflexão sobre esse elemento, isto é, a língua.

b) A predominância é da mensagem, para a qual o autor chama a atenção, pretendendo ensinar um conteúdo de forma didática.

c) Visto que se trata de uma problematização sobre o próprio código, o texto tem caráter eminentemente metalinguístico.

d) Como há uma preocupação do autor em revelar suas ideias e emoções no texto, a centralidade da mensagem recai sobre o emissor.

e) Porque mantém um tom literário, o texto tem como função da linguagem predominante a poética,

o que justifica as metáforas presentes nele.

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7. (Enem 2ª aplicação, 2011) Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja velha, é um ser muito compreensivo, que dança conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola e quiçá com um ar dramático, mantendo sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula. Em compensação, num racha de menino, ninguém é mais sapeca: ela corre para cá, corre para lá, quiçá no meio-fio, para de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela calçada. Parece um bichinho.

NOGUEIRA, A. Peladas. Os melhores da crônica brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977 (fragmento).

O texto expressa a visão do cronista sobre a bola de futebol. Entre as estratégias escolhidas para dar colorido a sua expressão, identifica-se, predominantemente, uma função da linguagem caracterizada pela intenção do autor em

a) manifestar o seu sentimento em relação ao objeto bola.

b) buscar influenciar o comportamento dos adeptos do futebol.

c) descrever objetivamente uma determinada realidade.

d) explicar o significado da bola e as regras para seu uso.

e) ativar e manter o contato dialógico com o leitor.

8. (Enem, 2006) Aula de Português A linguagem

na ponta da língua tão fácil de falar e de entender.

A linguagem

na superfície estrelada de letras, sabe lá o que quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, e vai desmatando

o amazonas de minha ignorância.

Figuras de gramática, esquipáticas,

atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a priminha.

O português são dois; o outro, mistério.

Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para lembrar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.

Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação de usos da linguagem em

a) situações formais e informais.

b) diferentes regiões dos pais.

c) escolas literárias distintas.

d) textos técnicos e poéticos.

e) diferentes épocas.

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9. (Enem, 2020) Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num a autor grego. […] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias, como o de L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha feito em minha vida por motivo da doença, saltou-me de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio:

“Vou-me embora p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha a primeira célula de um poema, e tentei realizá- lo, mas fracassei. Alguns anos depois, em idênticas circunstâncias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de mim. Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; […] Não sou arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não de uma forma imperfeita neste mundo de aparências”, uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.

BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984.

Os processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de múltiplos elementos da comunicação, entre os quais se destacam as funções da linguagem. Nesse fragmento, a função da linguagem predominante é a

a) emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de angústia que o levaram à criação poética.

b) referencial, porque o texto informa sobre a origem do nome empregado em um famoso poema de Bandeira.

c) metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre a gênese e o processo de escrita de um de seus poemas.

d) poética, porque o texto aborda os elementos estéticos de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira.

e) apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores sobre sua dificuldade de compor um poema.

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10. (Enem, 2019)

Canção do vento e da minha vida O vento varria as folhas,

O vento varria os frutos, O vento varria as flores…

E a minha vida ficava Cada vez mais cheia

De frutos, de flores, de folhas.

[…]

O vento varria os sonhos E varria as amizades…

O vento varria as mulheres…

E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses E varria os teus sorrisos…

O vento varria tudo!

E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De tudo.

BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.

Predomina no texto a função da linguagem:

a) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação.

b) metalinguística, porque há explicação do significado das expressões.

c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação.

d) referencial, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos reais.

e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da estrutura do texto.

Sua específica é linguagens e quer continuar treinando esse conteúdo?

Clique aqui para fazer uma lista extra de exercícios.

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Gabaritos

Exercícios de fixação 1. C

Na função referencial, a ênfase é dada ao contexto comunicativo, tendo como principal objetivo informar o receptor da mensagem sobre um assunto específico.

2. C

A ênfase no contexto informa o receptor da mensagem acerca dos acentos gráficos em língua portuguesa.

3. C

A função fática está centrada no canal e serve para fazer a manutenção da comunicação.

4. A

A função poética é centrada na mensagem e há uma clara intenção de um uso estético da linguagem, portanto a linguagem conotativa se faz mais presente em textos em que predomina essa função.

5. a) Fática b) Referencial c) Poética d) Fática

Exercícios de vestibulares 1. E

Uma vez que a mensagem do texto é centrada em seu próprio código, a função da linguagem que predomina é a metalinguística. No texto, o cronista apresenta, por meio de uma crônica, alguns entraves encontrados por quem escreve esse gênero textual.

2. C

No texto predomina a função referencial, ou denotativa, da linguagem, que visa a informar o leitor sobre a disponibilização de acesso a imagens de obras de arte que fazem parte da coleção do Instituto de Arte de Chicago, fornecendo também instruções de como utilizar o programa.

3. E

Em As atrizes, Chico Buarque explora a função emotiva, caracterizada pela mensagem centrada no emissor, por meio de um discurso construído com pronomes em primeira pessoa (“me”, “minha”, “meu”

e “mim”), além da presença do advérbio “muito”, revelador da intensidade da admiração que essas atrizes provocam no eu lírico: “é natural que toda a atriz/ Presentemente represente/ Muito para mim”.

4. D

A principal característica da função metalinguística é o fato de a mensagem estar centrada no próprio código, como nos dicionários, cujos verbetes explicam a própria palavra, no filme que tem por tema o cinema, no teatro que tem por tema a própria dramaturgia, etc. No enunciado, a autora chama a atenção do leitor para a importância do ato de ler.

5. D

O artigo extraído da revista Veja fornece ao leitor informações do aplicativo Whatscine que, conectado à

rede de wi-fi de cinemas e teatros, descreve o que ocorre na tela ou no palco permitindo ao usuário ouvir

a narração em seu celular com o espetáculo em andamento. Assim, é correta a opção [D], pois a

mensagem é centrada na necessidade de transmitir dados sobre o aplicativo de maneira direta e objetiva,

ou seja, usando linguagem denotativa

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6. C

No texto, vemos uma exposição sobre o uso da própria língua: usa-se a língua para falar dela mesma, ou seja, há um processo metalinguístico. Assim, o foco recai sobre o código.

7. A

O texto apela para a função emotiva da linguagem, ao recuperar imagens que provocam sentimentos relacionados de alguma forma à bola, seja na infância ou em uma final de campeonato.

8. A

No texto, ao centrar a mensagem na expressão dos sentimentos do enunciador, Drummond utiliza a função emotiva da linguagem. Com isso, explora o contraste entre as variações linguísticas em situações formais e informais.

9. C

A função metalinguística é predominante no texto de Manuel Bandeira, Itinerário de Pasárgada, uma vez que se utiliza do próprio poema para explicá-lo, evidenciando, portanto, o foco da comunicação no código.

10. E

Textos que privilegiam a função poética da linguagem põem em evidência a maneira de dizer, a fim de

obter efeitos expressivos. Por vezes, então, esses textos produzem significados não só por meio das

palavras que empregam, mas também por intermédio do modo como elas se combinam. No poema

Canção do vento e da minha vida, por exemplo, a repetição de estruturas de frase constrói um significado

não explícito: a recorrência das mudanças na vida do eu lírico.

Referências

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