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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL ALEXANDRE JOSÉ GONÇALVES

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Academic year: 2022

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(1)

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ  PROGRAMA DE PÓS­GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL 

     

ALEXANDRE JOSÉ GONÇALVES   

   

EFICIÊNCIA DE APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA NO  DESENVOLVIMENTO DE NOVAS COMPOSIÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL NA BASE DE 

RESÍDUOS INDUSTRIAIS E MUNICIPAIS   

         

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO   

          CURITIBA 

2021 

(2)

       

ALEXANDRE JOSÉ GONÇALVES   

     

EFICIÊNCIA DE APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA NO  DESENVOLVIMENTO DE NOVAS COMPOSIÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL NA BASE DE 

RESÍDUOS INDUSTRIAIS E MUNICIPAIS   

 

Efficiency of application of Electron Microscopy methods in the development of new civil  construction compositions based on industrial and municipal waste 

     

Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de  Mestre  Engenharia  Civil  da  Universidade  Tecnológica  Federal  do  Paraná (UTFPR). 

Orientador: Prof. Dr.Vsevolod Mymrine 

        CURITIBA 

2021 

  

  4.0 Internacional 

 

Esta  licença  permite  que  outros  remixem,  adaptem  e  criem  a  partir  do  trabalho  licenciado para fins não comerciais, desde que atribuam ao autor o devido crédito. 

Os  usuários  não  têm  que  licenciar  os  trabalhos  derivados  sob  os  mesmos  termos  estabelecidos pelo autor do trabalho original. 

 

   

(3)

   

 

Ministério da Educação 

Universidade Tecnológica Federal do Paraná  Campus Curitiba 

 

 

     

ALEXANDRE JOSE GONCALVES   

   

 

EFICIÊNCIA DE APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA NO  DESENVOLVIMENTO DE NOVAS COMPOSIÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL NA BASE DE 

RESÍDUOS INDUSTRIAIS E MUNICIPAIS 

 

Trabalho de pesquisa de mestrado apresentado como  requisito  para  obtenção  do  título  de  Mestre  Em  Engenharia Civil da Universidade Tecnológica Federal  do  Paraná  (UTFPR).  Área  de  concentração: 

Construção Civil. 

 

 

Data de aprovação: 03 de Agosto de 2021 

 

 

Prof Vsevolod Mymrine, ­ Universidade Tecnológica Federal do Paraná  

Prof Haroldo De Araujo Ponte, Doutorado ­ Universidade Federal do Paraná (Ufpr)       Prof Wellington Mazer, Doutorado ­ Universidade Tecnológica Federal do Paraná  

 

Documento gerado pelo Sistema Acadêmico da UTFPR a partir dos dados da Ata de Defesa em 03/08/2021. 

 

 

 

         

(4)

                                     

                               

  Dedico inteiramente este projeto de  pesquisa a minha querida esposa Gizelle,  cuja presença sempre afetou  positivamente a minha vida, em todos os  aspectos. 

 

(5)

AGRADECIMENTOS   

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me mantido na trilha certa durante  este projeto de pesquisa, com saúde e forças para chegar até o final. 

Agradeço  à  minha  esposa  Gizelle,  por  estar  ao  meu  lado  em  todos  os  momentos. 

Também quero agradecer à Universidade Tecnológica Federal do Paraná e  ao  Centro  Multiusuário  de  Caracterização  de  Materiais,  que  possibilitaram  este  trabalho. 

Certamente  estes  parágrafos  não  irão  atender  a  todas  as  pessoas  que  fizeram  parte  dessa  importante  fase  de  minha  vida.  Portanto,  desde  já  peço  desculpas àquelas que não estão presentes entre essas palavras, mas elas podem  estar certas de que fazem parte do meu pensamento e de minha gratidão.  

Agradeço ao meu orientador Prof. D.Sc “Seva”, pela sabedoria e insistência  com a qual me guiou nesta trajetória. 

Enfim, a todos os que por algum motivo contribuíram para a realização desta  pesquisa, sou grato. 

                                 

   

   

(6)

 

(7)

RESUMO     

GONÇALVES,  Alexandre  José. 2021.  Eficiência  de  aplicação  dos  métodos  de  Microscopia  Eletrônica  no  desenvolvimento  de  novas  composições  de  construção civil na base de resíduos industriais e municipais. 75 f. Dissertação  Programa  de  Pós­Graduação  em  Engenharia  Civil,  Universidade  Tecnológica  Federal do Paraná. Curitiba, 2021.  

 

As  atividades  industriais  geram  resíduos  que  podem  ser  reaproveitados  e  transformados  em  materiais  reutilizáveis.  Sendo  assim,  o  objetivo  principal  da  pesquisa  foi  demostrar  a  eficiência  de  aplicação  dos  métodos  de  Microscopia  Eletrônica  Varredura  (MEV)  e  os  métodos  de  microanálises  acoplados  ao  MEV –  Espectroscopia  de  Energia  Dispersiva  (EDS)  com  análises  pontuais,  áreas  e  mapeamento  composicional  para  aumentar  eficiência  cientifica  no  desenvolvimento  de  materiais  sustentáveis  de  construção  civil,  usando  diferentes  tipos  de  Resíduos  Industriais e Municipais (RIM) como matérias primas principais. Com estes métodos  é  possível  explicar  os  processos  de  interações  químicas  e  termoquímicas  dos  componentes ajudando a escolher a percentagem das composições para melhorar a  interação  entre  os  resíduos  industriais  e  municipais  perigosos  criando  novos  compósitos  de  construção  civil  ecologicamente  correto  com  propriedades  predeterminadas. 

         

Palavras­chave: materiais reutilizáveis; microscopia eletrônica de varredura (MEV); 

espectroscopia  de  energia  dispersiva;  mapeamento  composicional;  resíduos  industriais e municipais.  

     

(8)

ABSTRACT     

GONÇALVES,  Alexandre  José.  2021.  Efficiency  of  application  of  Electron  Microscopy  methods  in  the  development  of  new  civil  construction  compositions  based  on  industrial  and  municipal  waste.  75  f.  Dissertation  Graduate Program in Civil Engineering, Federal Technological University of Paraná. 

Curitiba, 2021   

Industrial activities generate waste that can be reused and transformed into reusable  materials.  Therefore,  the  main  objective  of  the  research  was  to  demonstrate  the  efficiency  of  application  of  Scanning  Electron  Microscopy  (SEM)  methods  and  microanalysis  methods  coupled  to  SEM  ­  Energy  Dispersive  Spectroscopy  (EDS)  with point analyses, areas and compositional mapping to increase efficiency scientific  in  the  development  of  sustainable  materials  for  civil  construction,  using  different  types  of  Industrial  and  Municipal  Waste  (RIM)  as  main  raw  materials.  With  these  methods  it  is  possible  to  explain  the  chemical  and  thermochemical  interaction  processes of the components helping to choose the percentage of the compositions  to improve the interaction between industrial and municipal hazardous waste creating  new ecologically correct civil construction composites with predetermined properties. 

     

Keywords:  reusable  materials;  scanning  electron  microscopy  (SEM);  dispersive  energy spectroscopy; mapping; industrial and municipal waste. 

(9)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES   

 

Figura 1 – Representação do MEV. ... 21

Figura 2 – Estrutura morfológica do RMF através do MEV e pontos de análise  microquímica da composição através do EDS. ... 31

Figura 3 – Mapeamento dos elementos químicos do RMF. ... 33

Figura 4 – MEV e EDS da escória de alto forno a carvão vegetal com diferentes  ampliações. ... 34

Figura 5 – Mapeamento dos elementos químicos dentro de uma amostra da escória  de alto forno a carvão vegetal. ... 36

Figura 6 – MEV e EDS da areia de fundição com diferentes ampliações. ... 38

Figura 7 – Mapeamento dos elementos químicos da areia de fundição. ... 39

Figura 8 – MEV e EDS da argila com diferentes ampliações. ... 41

Figura 9 – Mapeamento dos elementos químicos dentro de uma amostra da argila.  ... 42

Figura 10 – Imagens geradas por MEV do compósito 21 com temperaturas 900° (a,  b e c) e 1200°C (d, e e f). ... 44

Figura 11 ­ EDS do compósito 21 com temperaturas 1200°C. ... 44

Figura 12 ­ Compósitos derretidos no forno na temperatura de 1200ºC. ... 45

Figura 13 – Pontos analisados pelo EDS para a temperatura de 1200ºC. ... 46

Figura 14 ­ Mapeamento dos elementos químicos dentro da amostra do compósito  21. ... 47

Figura 15 – MEV do compósito 24 para temperatura de 1200ºC com diferentes  ampliações. ... 48

Figura 16 – Pontos analisados pelo EDS para a temperatura de 1200ºC. ... 48

Figura 17 – Mapeamento dos elementos químicos dentro da amostra do compósito  24. ... 50

Figura 18 ­ Estrutura morfológica do LAA através do MEV e pontos da análise  microquímica da composição através do EDS. ... 51

Figura 19 – Mapeamento dos elementos químicos do LAA. ... 53

Figura 20 – Estrutura morfológica do RC através do MEV, com indicação dos pontos  de análise microquímica da composição através do EDS. ... 54

Figura 21 – Mapeamento dos elementos químicos do RC. ... 56

Figura 22 – Estrutura morfológica do RPC através do MEV e pontos de análise  microquímica da composição através do EDS. ... 57

Figura 23 – Mapeamento dos elementos químicos do RPC. ... 58

Figura 24 – Estrutura morfológica da mistura inicial seca através do MEV e pontos  da análise microquímica da composição através do EDS da composição 9. ... 60

Figura 25 ­ Estrutura morfológica da mistura aos 3 dias de cura através do MEV,  com indicação dos pontos da análise microquímica da composição através do EDS  da composição 9. ... 61

(10)

Figura 26 – Estrutura morfológica da mistura aos 180 dias de cura através do MEV,  com indicação dos pontos da análise microquímica da composição através do EDS  da composição 9. ... 62 Figura 27 – Estrutura morfológica da mistura aos 730 dias de cura através do MEV,  com indicação dos pontos da análise microquímica da composição através do EDS  da composição 9. ... 64 Figura 28 – Estrutura morfológica da mistura inicial através do MEV, com indicação  dos pontos da análise microquímica da composição através do EDS da composição  10 seca inicial. ... 65 Figura 29 – Estrutura morfológica da mistura aos 3 dias de cura através do MEV,  com indicação dos pontos da análise microquímica da composição através do EDS  da composição 10. ... 67 Figura 30 – Estrutura morfológica da mistura aos 180 dias de cura através do MEV,  com indicação pontos da análise microquímica da composição através do EDS da  composição 10. ... 68 Figura 31 – Estrutura morfológica da mistura aos 720 dias de cura através do MEV,  com indicação dos pontos da análise microquímica da composição através do EDS  da composição 10. ... 69  

                                           

(11)

LISTA DE TABELAS   

 

Tabela 1 – Algumas características dos principais tipos de microscopia. ... 20

Tabela 2 – Composição microquímica do RMF (% em massa). ... 32

Tabela 3 ­ Composição microquímica do RMF através do EDS (% em massa). ... 35

Tabela 4 – Composição química dos pontos da Figura 4.c da escória de alto forno a  carvão vegetal (% em massa). ... 36

Tabela 5 – Composição química dos pontos da Figura 6.d da areia de fundição,  obtidos por EDS (% em massa). ... 38

Tabela 6 – Composição química dos pontos da Figura 16 c da argila (% de massa).  ... 41

Tabela 7 – Composição microquímica de EDS dos pontos indicados na Figura 11 da  cerâmica da composição 1 sinterizada a 1200ºC (% em massa). ... 45

Tabela 8 – Composição química dos pontos da Figura 13 pelo método do EDS (%  em massa). ... 46

Tabela 9 – Composição química dos pontos da Figura 16 pelo método do EDS (%  em massa). ... 49

Tabela 10 – Composição microquímica do LAA (% em massa)... 52

Tabela 11 – Composição microquímica do RC (% em massa). ... 55

Tabela 12 – Composição microquímica do RPC (% em massa). ... 58

Tabela 13 – Composição microquímica da mistura inicial da composição 9 (% em  massa). ... 60

Tabela 14 – Composição microquímica da mistura aos 3 dias de cura da composição  9 (% em massa). ... 62

Tabela 15 ­ Composição microquímica da mistura aos 180 dias de cura da  composição 9 (% em massa). ... 63

Tabela 16 ­ Composição microquímica da mistura aos 730 dias de cura da  composição 9 (% em massa). ... 64

Tabela 17 ­ Composição microquímica da mistura inicial da composição 10 (% em  massa). ... 66

Tabela 18 ­ Composição microquímica da mistura aos 3 dias de cura da composição  10 (% em massa). ... 68

Tabela 19 ­ Composição microquímica da mistura aos 180 dias de cura da  composição 10 (% em massa). ... 69

Tabela 20 ­ Composição microquímica da mistura aos 720 dias de cura da  composição 10 (% em massa). ... 70   

(12)

LISTA DE ABREVIATURAS   

  a.C. 

d.C. 

MEV  EDS  RIM  CMCM  BSEs  SEs  LG  ES  LAA  AR  RMF  RPC  UTFPR  PPGEC   

Antes de Cristo  Depois de Cristo 

Microscopia Eletrônica Varredura  Espectroscopia de Energia Dispersiva  Resíduos Industriais e Municipais 

Centro Multiusuário de Caracterização de Materiais  Elétrons Retroespalhados 

Elétrons Secundários  Lodo de Galvânica  Escoria Siderúrgica 

Lodo de Anodização do Alumínio  Areia de Fundição 

Rejeito de Minério de Ferro  Resíduos da Produção de Cal 

Universidade Tecnológica Federal do Paraná  Programa de Pós­graduação de Engenharia Civil   

   

   

       

(13)

SUMÁRIO     

1 INTRODUÇÃO ...14

1.1 OBJETIVO GERAL ...18

1.2 OBJETIVOS ESPECIFÍCOS ...18

1.3 JUSTIFICATIVA ...18

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ...19

1.5 CONTEXTUALIZAÇÃO ...19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...20

2.1 MICROSCÓPIO ELETRÔNICO ...20

2.2 MICROANÁLISE POR ESPECTROMETRIA DE ENERGIA DISPERSIVA (EDS)   22 2.3 CERÂMICAS...23

2.4 CONCRETO SEM CIMENTO PORTLAND ...24

3 MATERIAIS E MÉTODOS ...26

3.1 MÉTODOS ...26

3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS PRIMAS UTILIZADAS ...26

3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS PRODUTOS DESENVOLVIDOS NA PESQUISA 26 3.4 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) ...26

3.5 ESPECTROMETRIA POR DISPERSÃO DE ENERGIA (EDS) ...27

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...28

4.1 CARACTERIZAÇÃO PELOS METODOS NA BASE DE MEV DAS MATÉRIAS  PRIMAS USADAS NESTA PESQUISA PARA PRODUÇÃO DAS CERAMICAS ....30

4.2 Rejeito de Minério de Ferro (RMF) ...30

4.3 A escoria siderúrgica (ES) ...32

4.4 Areia de Fundição (AR) ...37

4.5 Argila natural (AN) ...39

4.6 FORMAÇÃO DAS ESTRUTURAS CERÂMICAS DOS COMPÓSITOS 21 E 24  PELOS MÉTODOS NA BASE DE MEV ...42

4.7 Formação da estrutura da cerâmica de compósito 21 ...43

4.8 Formação da estrutura da cerâmica de compósito 24 ...47

4.9 CARACTERIZAÇÃO PELOS MÉTODOS NA BASE DE MEV DAS MATÉRIAS  PRIMAS PARA PRODUÇÃO DOS CONCRETOS SEM CIMENTO PORTLAND ...49

4.10 Lodo de Anodização do Alumínio (LAA) ...50

4.11 Resíduo de produção e demolição do Concreto (RC) ...53

4.12 Resíduos da produção de cal (RPC) ...56

4.13 FORMAÇÃO DAS ESTRUTURAS FISICO­QUIMICOS DAS COMPOSIÇÕES 9  E 10 DO MATERIAL TIPO CONCRETO SEM CIMENTO PORTLAND PELOS  MÉTODOS NA BASA DE MEV ...59

4.14 Composição 9 ...59

4.15 Composição 10 ...65

(14)

5 CONCLUSÕES ...71 REFERÊNCIAS ...73  

 

(15)

1 INTRODUÇÃO 

A  humanidade  sempre  tentou  entender  os  fenômenos  que  estavam  a  sua  volta, e aperfeiçoar a visão foi um meio de compreender esses fenômenos – vários  fatos históricos comprovam. Os romanos antigos notaram que um vaso transparente  com água tende a reduzir ou aumentar os objetos. Esse  simples dispositivo tornou­ 

­se o protótipo das lentes convexas modernas. 

Em  921  a.C.,  a  lente  de  Layard  foi  descoberta,  a  qual  poderia  funcionar  como uma lupa e oferecer um aumento de 3x (Teles e Fonseca, 2019). No entanto,  somente  no  ano  1000  d.C  o  físico  e  matemático  árabe  Al­Hazen  tornou  possível  a  fabricação  de  lentes.  Com  o  aperfeiçoamento  das  leis  fundamentais  da  óptica  foi  possível desenvolver o primeiro par de lentes com graus, unidos por um aro de ferro  e  rebites,  na  região  da  Alemanha  em  1270.  Estes  óculos  primitivos  se  assemelhavam  a  um  compasso,  por  não  possuírem  hastes.  Por  muito  tempo,  os  óculos  foram  tão  caros  que  reis,  príncipes  e  os  ricos  daquela  época,  em  seus  testamentos,  foram  os  primeiros  a  falar  deles.  Porém,  antes  do  advento  da  impressão, as pessoas não sentiam a necessidade real de óculos: apenas as mais  cultas, que, de fato, tinham algo para ler, usavam lupas emolduradas. 

Em 1268, o filósofo inglês Roger Bacon descreveu o princípio do telescópio,  o que, com o tempo, tornou­se o principal atributo dos marinheiros. Bacon combinou  lentes  convexas  e  espelhos  côncavos  em  seu  dispositivo,  teoricamente  comprovando a possibilidade de ampliação múltipla (Mannheimer, 2002). 

Os cientistas ainda não descobriram totalmente quem deve ser considerado  o inventor do microscópio. Alguns acreditam que o holandês Hans Janssen o criou  em  1590,  embora  outros  estejam  inclinados  a  considerar  o  pai  do  microscópio  Galileu  Galilei.  Ainda  assim,  o  nome  imortalizado  em  todos  os  livros  de  biologia  é  Anton  Van  Leeuwenhoek.  Depois  de  ler  a  "Micrographia"  de  Hooke,  Van  Leeuwenhoek, dono de uma modesta loja de comércio, começou a dominar o ofício  de um moedor. Após anos de trabalho árduo, por volta de 1670,  Van Leeuwenhoek  montou  um  microscópio  que,  de  acordo  com  os  cientistas  modernos,  permitia  um  aumento de 500 vezes.  

Robert Hooke, em 1665, conseguiu observar cortiça e pulgas utilizando um  sistema  de  lentes.  Na  cortiça,  viu  que  existia  uma  estrutura  repleta  de  alvéolos 

(16)

vazios e nomeou cada alvéolo de cela; nas pulgas, observou pelos em seu corpo, e  motivado por esses estudos, publicou o livro “Micrographia”, no qual o termo célula  foi utilizado pela primeira vez (Attias, 2010). 

Galileu criou seu primeiro telescópio, com o qual poderia fazer observações  astronômicas. Agora a invenção foi apreciada, e em 1624, o físico italiano foi capaz  de organizar a produção de telescópios. Para economizar dinheiro, o tubo era feito  de papel, razão pela qual as lentes frequentemente caíam e quebravam. 

O  holandês  Anton  Van  Leeuwenhoek  produziu  lentes  com  um  poder  de  magnificação  superior  aos  microscópios  da  época,  em  que  conseguiu  visualizar  e  descrever pela primeira vez bactérias, isso em 1675. Seus microscópios conseguiam  um aumento de 40x a 280x (Moreira, 2013). 

Joseph  Jackson  Lister  foi  pioneiro  na  produção  de  lentes  acromáticas  para  reduzir  o  problema  com  a  aberração  esférica,  quando  colocadas  às  lentes  em  distancias  precisas  umas  das  outras,  proporcionavam  uma  boa  ampliação  sem  desfocar a imagem (William, 2002). 

Ernest  Abbe,  em  1878,  realizou  estudos  relacionados  aos  instrumentos  óticos e formulou a teoria matemática correlacionando a resolução ao comprimento  de  onda  da  luz.  Aperfeiçoou  as  lentes  microscópicas  e  ainda  inventou  o  condensador para o microscópio. 

Richard Zsigmondy, em 1903, desenvolveu  o ultramicroscópio, capacitando  o estudo de objetos abaixo do comprimento de onda da luz. Alguns anos depois, em  1932,  Frits  Zernike  inventou  o  microscópio  de  contraste  de  fase,  que  permitiu  o  estudo  de  materiais  transparentes,  mas  a  resolução  dos  microscópios  chegou  a  0,2 µm, limite que permanece até hoje. Era preciso que  novas descobertas fossem  realizadas para que ampliações mais elevadas fossem atingidas, e por causa disso,  o microscópio eletrônico veio para revolucionar a microscopia como se conhecia até  então. 

Em  1931,  os  físicos  alemães  Ernst  Ruska  e  Max  Knoll  tiveram  sucesso  na  ampliação e nas imagens de elétrons digitalizadas da superfície de um sólido, com a  capacidade  de  usar  elétrons  em  microscopia,  melhorando  muito  a  resolução  expandindo as fronteiras da evolução. 

A  microscopia  eletrônica  de  varredura  teve  seu  início  com  Max  Knoll  em  1935,  descrevendo  a  concepção  do  funcionamento  do  Microscópio  Eletrônico  de  Varredura  (MEV).  Em  1938,  Manfred  Von  Ardenne  construiu  o  primeiro  MEV, 

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fazendo  adaptações  em  um  microscópio  eletrônico  de  transmissão  (MET),  mas  somente  depois  de  muitas  melhorias  nos  detectores  o  primeiro  MEV  comercial  foi  produzido, em 1965 pela Cambridge Scientific Instruments (Stokes, 2008). 

Com  novas  tecnologias  em  relação  às  fontes  de  elétrons,  à  eletrônica  e  a  novos  computadores  para  a  substituição  das  partes  analógicas  pelo  digital,  foi  possível  adquirir  imagens  com  maior  qualidade  e  resolução,  e  com  o  desenvolvimento de novos programas foram facilitadas a operação e as análises dos  resultados obtidos com o Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV). 

Considerando  os  últimos  50  anos,  foram  desenvolvidas  novas  técnicas,  ampliando  significativamente  a  quantidade  e  a  qualidade  de  informação  destes  métodos.  Sua  maior  aplicação  foi  desenvolvida  para  a  microanálise  por  energia  dispersiva,  realizando  análises  qualitativas  para  identificar  os  elementos  presentes  nas  amostras  de  estudo,  por  meio  de  comparação  a  tabelas  ou  banco  de  dados. 

Análises quantitativas para  determinar o teor de um elemento no volume  analisado  também podem ser realizadas, por meio da comparação das intensidades das linhas  dos  elementos  com  as  dos  padrões  de  composição  conhecida.  Pode­se  também  realizar  uma  análise  da  distribuição  dos  elementos  em  uma  área  particular  da  amostra,  feita  pela  aquisição  de  um  mapa  específico  de  elementos,  o  que  fornece  informações  sobre  a  distribuição  de  intensidade –  quanto  maior  a  quantidade  do  elemento mais forte fica a cor escolhida para representá­lo (Goldstein, 2003). 

A  microscopia  eletrônica  de  varredura  (MEV)  é  uma  técnica  de  grande  importância  e  ampla  utilização  nas  comunidades  científicas  e  tecnológicas.  O  moderno microscópio eletrônico de varredura é capaz de obter imagens de detalhes  da  ordem  de  dezenas  de  Ângstrons  (Å),  sujeito  aos  limites  das  interações  elétron­

espécime  (Debbie,  2008).  Sua  aplicação,  entretanto,  não  se  dá  apenas  nas  áreas  biológicas, químicas ou de desenvolvimento de novos produtos. Ferramentas como  o  MEV  são  importantes  para  a  melhora  da  vida  humana  no  planeta,  seja  no  desenvolvimento  de  novas  tecnologias  ou  em  estudos  de  reaproveitamento  de  resíduos. 

Os  cálculos  do  famoso  físico  S.W.  Hawking  (2018)  demonstram  que  o  crescimento  da  poluição  do  meio  ambiente  do  planeta  Terra  aumenta  8%  a  cada  cinco anos. Desse modo, em 300 anos nossa civilização poderá sobreviver  apenas  em outros planetas, por razão de aquecimento da atmosfera da Terra, causada pela 

“estupidez humana” (palavras do autor).  

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A  crescente  conscientização  quanto  à  importância  da  proteção  ambiental  e  os possíveis impactos associados aos produtos, tanto na sua fabricação quanto no  consumo, têm aumentado o interesse no desenvolvimento de métodos para melhor  compreender e lidar com aqueles impactos (NBR ISO 14040). 

Em  2012  criou­se  um  grupo  de  pesquisa,  Desenvolvimento  de  Métodos  de  Utilização  de  Resíduos  Industriais  e  Municipais,  onde  são  realizadas  pesquisas  experimentais  na  área  de  desenvolvimento  de  novos  métodos  de  utilização  de  diversos  tipos  de  resíduos  industriais  e  municipais  como  matérias  primas  de  produção de materiais de valor, principalmente de materiais de construção civil sem  secagem preliminar, sem cimento Portland. 

Com  base  nestes  conhecimentos  podem­se  desenvolver  utilizações  para  outros resíduos e rejeitos. Todos os produtos desenvolvidos têm lixiviação de metais  pesados  muito  menor  do  que  as  exigências  definidas  em  normas  brasileiras  e  internacionais. 

A substituição de matérias primas naturais de alto valor por matérias primas  de  baixo  custo  (até  mesmo  gratuitas),  como  os  resíduos  industriais  e  municipais,  garante alta eficiência econômica. Cálculos econômicos confirmam que o tempo de  pay­back estimado para diferentes projetos é de dois a dez meses a partir do início  da fabricação com margens de oportunidade entre 30 e 40%.  

Uma produção de materiais de construção civil a partir de resíduos poupa o  ambiente  da  destruição  irreparável  da  extração  de  matéria­prima  natural  em  pedreiras tradicionais, além de evitar a contaminação da natureza pelos resíduos em  aterros industriais e municipais.  

A  saída  bastante  plausível  que  se  apresenta  para  esta  situação  é  o  aproveitamento  de  todos  os  resíduos  industriais  e  municipais  em  quantidade  significativamente  maior  do  que  a  produção  anual  de  resíduos,  para  também  diminuir  sua  quantidade  em  aterros.  O  uso  industrial  de  novas  matérias­primas  é  sempre  precedido  por  profundas  pesquisas  científicas  laboratoriais.  Um  dos  principais  métodos  de  caracterização  das  matérias­primas  e  novas  composições  desenvolvidas  deles,  especialmente  de  perigosos  resíduos  industriais  e  municipais  são os métodos baseados no método da microscopia eletrônica de varredura. Estes  métodos permitem receber uma informação completa sobre a estrutura morfologia e  transformação  dela  durante  interação  físico­química  ou  termoquímica  das  novas  formações, responsáveis pelo todas as propriedades de compósitos novos.    

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1.1 OBJETIVO GERAL 

O objetivo principal da pesquisa foi demostrar a eficiência de aplicação dos  métodos  de  Microscopia  Eletrônica  Varredura  (MEV)  e  dos  métodos  de  microanálises  acoplados  ao  MEV –  Espectroscopia  de  Energia  Dispersiva  (EDS)  com análises pontuais, áreas e mapeamento – para aumentar a eficiência científica  no desenvolvimento de materiais sustentáveis de construção civil, usando diferentes  tipos de Resíduos Industriais e Municipais (RIM) como matérias primas principais. 

 

1.2   OBJETIVOS ESPECIFÍCOS 

Os objetivos específicos definidos para a pesquisa são: 

i.  Analisar  a  estrutura  morfológica  dos  resíduos  industriais  e  municipais  e  outros componentes das misturais iniciais; 

ii.  Analisar  as  mudanças  da  estrutura  morfológica  dos  materiais  durante  diversos fatores de formação em processo de desenvolvimento de novos  compósitos dos materiais; 

iii.  Estudar  micro  composição  química  das  matérias  primas  e  sustentabilidade pelo método de EDS; 

iv.  Estudar  micro  composição  química  dos  produtos  desenvolvidos  e  de  sustentabilidade deles pelo método de EDS,  

v.  Pesquisar  a  distribuição  dos  elementos  químicos  em  camada  superficial  de novas formações, usando o método de mapeamento por EDS. 

 

1.3 JUSTIFICATIVA 

A  relevância  deste  estudo  reside  no  fato  de  que  o  uso  da  microscopia  eletrônica e,  na  base dela  os métodos  EDS  e  mapeamento,  ampliam a  informação  sobre  a  composição  e  estrutura  dos  componentes,  sua  interação  química  em  processos  tecnológicos  selecionados  e  seu  efeito  nas  propriedades  técnicas  e  ambientais de novas composições. Essas informações facilitam e aceleram a busca  pelas melhores opções para a composição das misturas iniciais, incluindo resíduos  industriais perigosos e tecnologias e modalidades tecnológicas para a produção de  materiais  de  construção  ecologicamente  corretos.  A  aplicação  desses  métodos 

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amplia  e  aprofunda  a  pesquisa  voltada  para  o  uso  generalizado  de  resíduos  industriais  e  municipais  como  uma  valiosa  matéria­prima,  cuja  aplicação  industrial  pode reduzir significativamente o índice de poluição do nosso planeta e reduzir sua  destruição  irreversível  por  pedreiras  para  a  extração  de  tradicionais  materiais  naturais de construção civil.  

 

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA 

O  trabalho  tem  como  objetivo  demonstrar  a  eficiência  da  utilização  da  microscopia  eletrônica  varredura,  EDS  e  mapeamento  composicional  para  caracterizar os resíduos industriais e municipais como valiosas matérias­primas para  a  produção  de  materiais  de  construção  ecologicamente  corretos  com  propriedades  mecânicas e físicas que atendam aos requisitos da regulamentação do Brasil. 

 

1.5 CONTEXTUALIZAÇÃO 

A  alta  eficiência  da  aplicação  desses  métodos  em  todos  os  estudos,  incluindo o desenvolvimento de novos compósitos a partir de resíduos industriais e  municipais,  é  explicada  pela  alta  sensibilidade  desses  métodos  e  pela  clareza  dos  resultados  obtidos  no  processo  de  pesquisa  rápida  realizado  pelo  autor  deste  trabalho  há  muitos  anos  no  Centro  Multiusuário  de  Caracterização  de  Materiais  (CMCM),  laboratório  de  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  (MEV)  da  UTFPR,  Campus de Curitiba. 

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 

Nesta  revisão  da  literatura  foram  apresentados  breves  resumos  sobre  as  realizações de pesquisadores que utilizaram  as mesmas técnicas ou similares para  análise dos materiais, ou que sugeriram abordagens semelhantes ao seu tratamento  como os utilizados na pesquisa apresentada. 

2.1 MICROSCÓPIO ELETRÔNICO 

O  Microscópio  Eletrônico  de  Varredura  (MEV)  é  um  instrumento  que  cria  imagens  ampliadas,  as  quais  têm  grande  profundidade  de  foco  e  revelam  informações  em  escala  microscópica  sobre  o  tamanho,  forma,  cristalografia  entre  outras propriedades físicas e químicas de uma amostra (Goldstein, 2018). 

A  Tabela  1  demonstra  algumas  das  principais  características  de  cada  microscópio para comparação com o MEV. 

 

Tabela 1 – Algumas características dos principais tipos de microscopia. 

  Microscopia 

óptica 

Microscopia 

digital  MET  MEV 

Tensão de  aceleração 

(kV) 

­­  ­­  50 a 1000  3 a 50 

Faixa útil de 

aumentos  1 a 2.000 X  10 a 500x  1.000 a 

300000x  10 a 70.000 X  Resolução 

(Å)  3.000 Å  3.000 Å  3Å  30 Å 

Profundidad e de foco  com 1000 X 

0,1 µm  0,1 µm  10 µm  100 µm 

Fonte: Autoria própria. 

O princípio do MEV foi originalmente demonstrado por Knoll (Knoll e Theile,  1939),  mas  o  primeiro  MEV  verdadeiro  foi  desenvolvido  apenas  por  Von  Ardenne  (1938).  O  moderno  MEV  comercial  surgiu  do  desenvolvimento  extensivo  nas  décadas  de  1950  e  1960  pelo  Prof.  Sir  Charles  Oatley  e  seus  muitos  alunos  na  Universidade de Cambridge (Oatley, 1996). 

O  princípio  operacional  básico  do  MEV  envolve  a  criação  de  um  feixe  finamente  focado  de  elétrons  energéticos  por  meio  de  emissão  de  uma  fonte  de  elétrons. A energia dos elétrons neste feixe, E0, é tipicamente selecionada na faixa 

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de  0,1  a  30  keV.  A  Figura  1  apresenta  um  esquema  de  um  MEV  comercial,  com  seus principais componentes destacados. 

Figura 1 – Representação do MEV. 

  Fonte: Adaptado de ZEISS (2002). 

Após a emissão da fonte e aceleração para alta energia, o feixe de elétrons  é  modificado  por  aberturas,  lentes  magnéticas  e  bobinas  eletromagnéticas  (indicados na Figura 1) que atuam para reduzir sucessivamente o diâmetro do feixe  e  para  varrer  o  feixe  focalizado  em  um  padrão  raster  (xy)  para  colocá­lo  sequencialmente  em  uma  série  de  locais  próximos,  mas  discretos  na  amostra.  Em  cada  um  desses  locais  distintos  no  padrão  de  varredura,  a  interação  do  feixe  de  elétrons com a amostra produz dois produtos eletrônicos de saída: (1) elétrons retro  espalhados  (BSEs),  que  são  elétrons  de  feixe  que  emergem  da  amostra  com  uma  grande  fração  de  sua  energia  incidente  intacta  após  experimentar  dispersão  e  deflexão pelos campos elétricos dos átomos da amostra; e (2) elétrons secundários  (SEs), que são elétrons que escapam da superfície do espécime após os elétrons do  feixe  terem  os  ejetado  dos  átomos  na  amostra.  Mesmo  que  os  elétrons  do  feixe 

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sejam  tipicamente  de alta  energia,  esses elétrons  secundários  experimentam baixa  transferência  de  energia  cinética  e  subsequentemente  escapam  da  superfície  do  espécime com energias cinéticas muito baixas, na faixa de 0 a 50 eV, com a maioria  abaixo de 5 eV em energia (Goldstein, 2003). 

Em cada localização de feixe, estes sinais de elétrons de saída são medidos  usando  um  ou  mais  detectores  de  elétrons,  geralmente  um  detector  de  "elétron  secundário"  Everhart­Thornley  (que  é  sensível  a  SEs  e  BSEs)  e  um  "detector  de  elétrons  retro  espalhados  dedicado"  que  é  insensível  para  SEs.  Para  cada  um  desses  detectores, o sinal  medido em  cada  local  de  varredura  raster  na  amostra  é  digitalizado  e  gravado  na  memória  do  computador  e  é  usado  subsequentemente  para determinar o nível de cinza na localização XY correspondente de uma tela de  computador,  formando  uma  única  imagem,  elemento  (ou  pixel).  Em  um  MEV  de  vácuo  convencional,  a  coluna  ótica  de  elétrons  e  a  câmara  de  espécime  devem  operar  sob  condições  de alto vácuo (<10−4 Pa) para minimizar a dispersão indesejada  que  irradia  elétrons  bem  como  os  BSEs  e  SEs  sofreriam  encontrando  átomos e moléculas de gases atmosféricos (Goldstein, 2003). 

 

2.2 MICROANÁLISE POR ESPECTROMETRIA DE ENERGIA DISPERSIVA (EDS)  A  microanálise  por  EDS  refere­se  a  análise  de  uma  amostra  em  escala  microscópica,  resultando  em  informações  estruturais,  composicionais  e  químicas  sobre  a  área  analisada.  O  EDS  utiliza  o  espectro  de  raios  X  característicos  que  é  único  para  cada  elemento  para  obter  uma  análise  química  localizada,  identificando  os elementos que estão presentes na região analisada. Estes dispositivos permitem  análises qualitativas e quantitativas. 

A análise qualitativa identifica os elementos presentes no volume analisado  de  uma  amostra,  um  espectro  de  raios  X  é  registrado,  ao  longo  de  uma  faixa  de  energia,  dentro  do  qual  linhas  relevantes  podem  estar  presentes.  As  linhas  e,  portanto,  os  elementos,  são  identificados  por  referência  a  tabelas  ou  bancos  de  dados (Reed, 1995). 

Já  a  análise  quantitativa  determina  quanto  de  um  elemento  particular  está  presente  no  volume analisado  de uma  amostra,  intensidades  das  linhas  de  raios  X  da  amostra  são  comparadas  com  as  dos  padrões  de  composição  conhecidos. 

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Correções são feitas para efeitos de fundo e instrumental. A composição do volume  analisado  é  então  calculada  aplicando­se  "correções  matriciais",  que  levam  em  consideração vários fatores que governam a relação entre intensidade e composição  medidas.  É  importante  que  o  volume  analisado  seja  homogêneo  e  seja  representativo da amostra (Reed, 1995). 

Os espectros de EDS podem ser adquiridos de diferentes maneiras. Podem  ser  realizadas  análises  em  pontos  ou  áreas,  que  geram  um  espectro  com  a  composição da área ou do ponto escolhido. Podem também ser realizadas análises  em  linha,  o  que  gera  um  espectro  a  partir  de  uma  linha  traçada  em  uma  região  escolhida da amostra. Por fim, mapas de composição podem ser efetuados, os quais  geram  um  espectro  com  a  distribuição  dos  elementos  em  uma  área  selecionada,  fornecendo  informações  sobre  a  distribuição  da  intensidade  dos  raios  X  no  campo  de  visão  selecionado.  O  resultado  é  fornecido  em  uma  escala  de  cinza  (ou  da  cor  selecionada)  para  um  determinado  pixel  em  qualquer  mapa  composicional,  correspondendo  simplesmente  ao  número  de  raios  X  que  entram  no  detector  de  raios  X  dentro  da  faixa  de  energia.  Assim,  esta  análise  fornece  uma  análise  qualitativa  dos  elementos  presentes,  de  forma  que  quanto  mais  intensa  a  cor  selecionada, mais deste elemento existe na área em observação (Newbury, 1991). 

O  mapeamento  composicional  teve  um  grande  impacto  nos  estudos  de  elementos químicos na última metade do século passado, enquanto o  MEV tornou­

se  cada  vez  mais  usado.  Muitos  desenvolvimentos  técnicos  e  analíticos  se  beneficiaram  das  sinergias  de  físicos  e  geólogos  e  muito  contribuíram  para  o  sucesso desta técnica analítica. O mapeamento composicional de grandes áreas se  tornou prática de rotina em muitos laboratórios em todo o mundo, melhorando nossa  capacidade  de  medir  a  variabilidade  composicional  de  elementos  químicos  em  amostras e reduzindo o viés do operador sobre onde localizar análises de um único  ponto (Lanari 2019). 

 

2.3 CERÂMICAS 

O  termo  cerâmica  vem  da  palavra  grega keramikos, que significa “material queimado”, indicando que as propriedades  desejáveis  desses  materiais  são  normalmente  obtidas  por  meio  de  um  processo  de  tratamento  térmico  de  alta  temperatura denominado queima (Callister, 2009). 

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Rejeito de Minério de Ferro (RMF) 

O rejeito de minério de ferro é um resíduo sólido gerado durante o processo  de  beneficiamento  do  minério  de  ferro  e  é  uma  das  principais  preocupações  de  poluição na indústria de mineração, sendo depositados em barragens. 

 

Escoria Siderúrgica (ES) 

As  escorias  siderúrgicas  são  resíduos  de  processo  de  purificação  do  ferro  (Fe) para a produção de aço, de acordo com Souza (2010), é realizada por processo  térmico  de  altas  temperaturas,  para  fusão  do  material  e  desprendimento  de  impurezas denominadas genericamente de escória siderúrgica do ferro. 

 

Areia de Fundição (AF) 

A areia de fundição é gerada na modelação de peças de ferro fundido. Esse  processo  utiliza  grande  quantidade  de  material  para  confecção  dos  moldes,  sendo  misturada  com  materiais  ligantes  como  a  bentonita  sódica  ativada,  pó  de  carvão,  outros  aditivos  e  água,  para  obtenção  da  areia  verde,  utilizada  na  produção  de  peças  de  menor  peso  e  tamanho.  Na  maioria  dos  processos  é  adicionada  resina  fenólica,  dificultando  sua  recuperação  e  reutilização,  gerando  assim,  grande  quantidade  de  material  a  ser  descartado  em  aterros  industriais,  segundo  NBR  10004/2004. 

 

Argila (AR) 

Segundo  Cabral  Junior  (2008),  A  argila  apresenta  bom  desempenho  cerâmico  e  é  o  único  elemento  natural,  utilizado  como  plastificador  e  ligante  no  processo de pré­queima como facilitador do manuseio para processos tecnológicos. 

 

2.4 CONCRETO SEM CIMENTO PORTLAND 

O  concreto  é  um  material  composto  formado  pela  mistura  e  cura  de  ingredientes como cimento, agregados finos e grossos e água. Devido ao resíduo de  cal conter pH 13 (o que é muito alto, já que o  pH máximo é 14), quando hidratado  torna­se  corrosivo  e  forma  um  gel  na  sua  superfície,  o  que  reage  com  a  superficie  das  outras  partículas,  formando  um  sol  (solidificando),  resultando  no  concreto  sem  cimento Portland (Mymrin e Correa, 2007). 

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Rejeito de Minério de Ferro (RMF) 

O rejeito de minério de ferro é um resíduo sólido gerado durante o processo  de  beneficiamento  do  minério  de  ferro  e  é  uma  das  principais  preocupações  de  poluição na indústria de mineração, sendo depositados em barragens. 

 

Resíduo de Concreto (RC)  

É  o  agregado  reciclado  obtido  do  beneficiamento  de  resíduo  pertencente  à  construção civil, composto na sua fração graúda, de no mínimo 90% em massa de  fragmentos  à  base  de  cimento  Portland  e  rochas,  segundo  a  NBR15116  (NBR,  2004). 

 

Resíduos da produção de cal (RPC) 

Estes resíduos são resultantes da indústria calcaria de produção de cal para  construção  civil,  que  segundo  a  NBR  6453  (ABNT,  2003)  o  RPC  é  constituído  essencialmente  de  cal  e  elementos  não  calcários  (Al2O3,  SiO2,  Fe2O3  etc.)  em  quantidade total maior que 12%. 

 

Lodo de Anodização de Alumínio (LAA) 

A anodização do alumínio é um processo eletroquímico no qual uma película  de  óxido  é  formada  sobre  a  camada  de  alumínio,  ao  final  do  processo,  se  dá  a  geração de resíduos, o chamado lodo de anodização do alumínio (ABAL, 2014). 

 

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3 MATERIAIS E MÉTODOS 

3.1 MÉTODOS 

Neste capítulo são apresentadas as fases em que a pesquisa foi dividida: 

  Caracterização dos resíduos utilizados como matéria prima na pesquisa; 

  Caracterização dos produtos desenvolvidos na pesquisa. 

 

3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS PRIMAS UTILIZADAS 

Nesta  pesquisa  estão  apresentados  como  as  matérias  primas  os  resíduos  industriais e municipais seguintes: 

1.  Lodo residual minério de tratamento de ferro (de Fundão de Mariana); 

2.  Escoria siderúrgica de alto forno; 

3.  Areia de fundição; 

4.  Lodo de anodização de alumínio; 

5.  Resíduo de produção e demolição de concreto; 

6.  Resíduo de produção de cal; 

7.  Único material natural – argila. 

3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS PRODUTOS DESENVOLVIDOS NA PESQUISA  Como  produtos  de  interação  destas  matérias  primas  foram  estudados  também as composições novas desenvolvidas nestas pesquisas de construção civil  seguintes: 

1.  Duas  composições  das  cerâmicas  queimadas  nas  temperaturas  900°  e  1200°C; 

2.  Duas  composições  dos  concretos  com  períodos  endurecimento  durante  períodos mistura inicial seca e 720 dias de hidratação. 

 

3.4 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) 

Foi  utilizado  o  método  de  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  (MEV)  para  pesquisar  as  morfologias  das  matérias­primas  e  as  alterações  das  estruturas  nos 

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materiais desenvolvidos. O microscópio utilizado foi da marca Carl Zeiss/EVO MA15,  presente no Centro Multiusuário de Caracterizações de Materiais da UTFPR. 

3.5 ESPECTROMETRIA POR DISPERSÃO DE ENERGIA (EDS) 

A  análise  da  heterogeneidade  dos  elementos  presentes  nos  resíduos  foi  realizada  por  meio  de  espectrometria  por  dispersão  de  energia  de  Raios  X,  realizando  microanálises  qualitativas  e  quantitativas  por  pontos,  áreas  e  mapeamento composicional. Foi utilizado um detector EDS Oxford X­Max de 20 mm da Oxford Instruments. 

 

(29)

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 

Através  de  todos  os  métodos  modernos  de  comunicação,  percebe­se  o  aumento  da  consciência  da  alta  contribuição  dos  rejeitos  industriais  e  municipais  para o aumento dos graves problemas ambientais da Terra. Os bilhões de toneladas  de diferentes resíduos contaminam o ar, terra, águas superficiais e subterrâneas de  todos os países do mundo. 

As  infames  catástrofes  tecnológicas  são  constantes  em  diferentes  escalas  em diferentes partes do mundo, os mais famosos entre eles como o rompimento da  barragem  lodo  minério  05.11.2015  em  Mariana  e  30.01.2019  em  Brumadinho,  MG. Eles  acontecem  com  frequência  e  em  escala  cada  vez  mais  elevada  com  maiores quantidades de vítimas e prejuízo econômico. 

A única saída para esta situação é a mais rápida utilização de materiais de  aterros sanitários das empresas industriais e municipais como matérias primas para  produção  de  materiais  de  construção  civil,  ressaltando  que  esta  atividade  é  muito  lucrativa economicamente e eficiente ecologicamente.  

A  ideia  estratégica  das  pesquisas  com  cerca  de  100  tipos  de  resíduos  industriais  e  municipais  é  demonstração  de  possibilidade  transformar  rejeitos  industriais  e  municipais  perigosos  em  materiais  sustentáveis  de  construção  civil  e  acabar para sempre com existência de aterros industriais e municipais, aproveitando  os  materiais  deles  como  matérias  primas  de  alto  valor  com  muito  alta  eficiência  econômica e ambiental (Mymrine, 2012 ­).  

Desde  ano  2012  no  Programa  de  Pós­graduação  de  Engenharia  Civil  (PPGEC)  da  UTFPR  trabalha  turma  dos  29  alunos  de  graduação  e  pós­graduação  (mestrado e doutorado) com objetivos seguintes: 

i.  Desenvolver  as  novas  composições  para  a  utilização  de  resíduos  industriais e municipais como matérias primas valorosas para fabricação  de  materiais  de  construção  civil,  tais  como  cerâmicas  convencionais  (tijolos, placas, blocos etc.); cerâmicas refratárias; concretos sem cimento  Portland ou cal de mercado (tijolos, placas, blocos, bases das estradas e  aeroportos,  núcleos  de  barragens,  tijolos,  blocos  e  materiais  similares)  com propriedades mecânicas e químicas dentro de normas nacionais ou  encima  deles;  isolantes  de  radiação  e  acústicos;  composições  com 

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resíduos  plásticos; materiais  decorativos;  e novos  tipos  de  combustíveis  com elevado poder calorífico. 

ii.  Desenvolver  novas  ou  adaptar  tecnologias  atuais  de  produção  dos  materiais novos. 

iii.  Ligar  quimicamente  os  metais  pesados  durante  de  processos  tecnológicos  de  fabricação  de  novos  materiais,  favorecendo  o  meio  ambiente. 

iv.  Pesquisar  os  processos  físico­químicos  de  ligação  de  metais  pesados  para  neutralizá­los  em  composições  novas  de  materiais  de  construção  civil  possibilitando  uma  aplicação  deles,  e  aproveitá­los  como  entulho  ambientalmente amigáveis; 

v.  Preparar  nova  geração  de  cientistas  brasileiros  (as)  para  continuar  as  pesquisas  e  trabalhar  com  as  empresas  na  área  de  utilização  de  seus  resíduos industriais e municipais.  

É  impossível  atingir  esses  objetivos  sem  a  utilização  de  um  complexo  de  métodos  modernos  de  pesquisa,  entre  os  quais,  o  mais  informativo  método  é  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  (MEV)  e  baseados  nele  os  métodos  de  microanálise de Espectrometria de Energia Dispersiva (EDS) e Mapeamento (análise  de  distribuição  dos  elementos  químicos  principais)  para  pesquisar  e  explicar  os  processos  termoquímicos  de  interação  entre  os  componentes  das  misturas  iniciais  nas  altas  temperaturas,  composição  microquímica  de  áreas  e  dos  pontos  das  amostras das cerâmicas.  

Aplicação dos mesmos métodos inevitável para entender e depois dirigir dos  processos  físico­químicos  de  interação  dos  sol­gel  em  poros  das  misturas  das  matérias  primas  hidratados  em  meio  ambiente  alcalino  dos  concretos  sem  cimento  Portland.  

A  eficiência  de  informação  científica  dos  métodos  de  pesquisa  na  base  de  MEV pode ser demonstrada no exemplo da utilização de tristemente famoso resíduo  de  minério  de  ferro  de  cidades  Mariana  e  Brumadinho,  onde  aconteceram  catastróficos rompimentos de barragens no ano 2015 e 2019 respectivamente.  

Este resíduo foi aproveitado como matéria prima principal em seis pesquisas  de Doutorado e um tema de Mestrado com estudantes da PPGEC da UTFPR com  amplo  aproveitamento  de  métodos  de  MEV.  Entre  seis  temas  de  Doutorado  três  foram  focados  no  desenvolvimento  de  materiais  cerâmicos  e  três  teses  do 

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Doutorado  e  uma  dissertação  do  Mestrado  para  desenvolver  materiais  como  concreto sem cimento Portland. 

 

4.1 CARACTERIZAÇÃO  PELOS  METODOS  NA  BASE  DE  MEV  DAS  MATÉRIAS  PRIMAS USADAS NESTA PESQUISA PARA PRODUÇÃO DAS CERAMICAS 

Para  desenvolvimento  de  materiais  cerâmicos  foram  utilizados  os  resíduos  seguintes: Rejeito de Minério de Ferro de Mariana (RMF), Escoria Siderúrgica (ES),  Areia de Fundição (AF) e o único material natural argila (AN).  

Como  exemplo  de  últimos  trabalhos  científicos  terminados  e  defendidos  no  ano  2020  pode  ser  nomeado  a  pesquisa  da  Cechin(2020) “Análise  da  viabilidade  técnica  da  produção  de  compósitos  cerâmicos  utilizando  resíduos  de  minério  de  ferro da barragem de fundão e escória de alto­forno a carvão vegetal” com aplicação  de três tipos de resíduos industriais. A quantidade de resíduo de mineração de ferro  (RMF) de Mariana varia entre 0 e 45%, de escoria de alto forno (ES) – também entre  0  e  45%,  de  areia  de  fundição  (AF) –  entre  1­  e  25%  e  argila  natural  (AN)  usada  como  ligante  de  componentes  antes  de  queima –  20 –  55%;  a  temperatura  de  queima das amostras varia entre 900° e 1250°C.  

Foram  estudadas  as  estruturas  morfológicas  destes  componentes  por  método  de  MEV,  pontos  e  áreas  de  análise  microquímica  por  método  EDS  e  distribuição dos elementos químicos por método de mapeamento.  

 

4.2 Rejeito de Minério de Ferro (RMF) 

Rejeito de Minério de Ferro é um resíduo sólido gerado durante o processo  de  beneficiamento  do  minério  de  ferro  e  é  uma  das  principais  preocupações  de  poluição  na  indústria  de  mineração,  sendo  depositados  em  barragens,  como  a  barragem  de  Fundão  em  Mariana/MG,  onde  aconteceu  um  desastre  ecologico  devido ao rompimento das barragen em ano 2015. 

Os  resultados  de  EDS  facilitam  a  análise  dos  diferentes  componentes  presentes  nas  amostras,  e  influenciaram  nas  propriedades  físicas  e  químicas  dos  compósitos cerâmicos desenvolvidos. 

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Na  Figura  2  é  apresentada  a  estrutura  morfológica  do  RMF,  pesquisadas  através dos métodos MEV. É possível observar, da Figura 2.a, que a amostra possui  uma  diversidade  granulométrica  e  que  as  partículas  são  irregulares.  Um  grão  de  cimento possui diâmetro médio de 30 µm, já as partículas analisadas possuem, em  sua  maioria,  diâmetros  menores  a  este,  à  vista  disso,  as  reações  químicas  podem  ocorrer muito mais rápido, devido à alta área específica do material. Nas Figuras 2.b  e  c  é  possível  observar  a  presença  de  materiais  finos  aderidos  a  uma  partícula  maior, essas pequenas partículas possuem diâmetro aproximado de 0,5 µm. 

 

Figura 2 – Estrutura morfológica do RMF através do MEV e pontos de análise  microquímica da composição através do EDS. 

 

A    x1.000       10µm  B    x 3.000      10µm 

C  x 6.000       2µm 

 

D    x 6.000      2µm  Fonte: Cechin (2020). 

 

 

Área total 

1 +  2 +  3 + 

4 + 

7 +  5 +  6 + 

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A  imagem  da  análise  pelo  método  EDS  (espectroscopia  de  energia  dispersiva de Raios X) é apresentada na Figura 1.d e exibe a área em que foi feita a  varredura.  

A Tabela 2 pontua os elementos encontrados no EDS. Nota­se que se trata  uma  amostra  de  rejeito  de  minério  de  ferro,  visto  que  algumas  partículas  possuem  alto  teor  de  sílica,  proveniente  do  processo  de  beneficiamento  na  extração  do  minério, o que pode ser comprovado pelos espectros 1, 2 e 3 da Tabela  2 e outras  partículas,  apresentam  alto  teor  de  ferro,  proveniente  de  minerais  tais  como: 

hematita (Fe2O3), a magnetita (Fe3O4), a limonita (Fe2O3.H2O) e a siderita (FeCO3), o  que pode ser comprovado pelos espectros 4, 5, 6 e 7 da Tabela 2. 

 

Tabela 2 – Composição microquímica do RMF (% em massa). 

Espectro  Fe  Si  Al  Total 

Área total  32,59  64,70  2,71  100,00 

1  2,89  97,11  ­  100,00 

2  2,87  97,13  ­  100,00 

3  2,91  97,09  ­  100,00 

4  86,06  10,70  3,24  100,00 

5  86,45  10,78  2,77  100,00 

6  88,24  8,83  2,93  100,00 

7  90,04  7,12  2,84  100,00 

Fonte: Cechin (2020). 

 

Na  Figura  3,  é  identificado  através  do  mapeamento por  cores,  os elementos  químicos  principais  do  RMF:    Al,  Si,  Fe.  Nota­se  na  amostra  analisada  de  RMF  a  distribuição dos átomos de silício e ferro, em maiores quantidades, porém alumínio  também é identificado, em menor intensidade. 

O  resíduo  de  minério  de  ferro  é  constituído  por  dois  componentes  básicos: 

SiO2 (58,6%) e Fe2O3 (35,4%), além disso apresenta Al2O3 (3,2%), verifica­se ainda,  que os teores dos óxidos de metais alcalinos (Na2O e K2O), metais alcalino­terrosos  (CaO e MgO) e a perda ao fogo apresentam­se baixos.  

 

4.3 A escoria siderúrgica (ES) 

As  escorias  siderúrgicas  são  resíduos  de  processo  de  purificação  do  Fe  para a produção de aço, de acordo com Souza (2010), é realizada por processo 

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térmico  de  altas  temperaturas,  para  fusão  do  material  e  desprendimento  de  impurezas denominadas genericamente de escória siderúrgica do ferro (ES). Tais  elementos  presentes  em  minérios  em  estado  natural  compõem­se  de  óxidos,  silicatos e outros metais (Ribeiro, 2008), separados na indústria de produção para  obtenção de matéria prima com grau de pureza. 

Figura 3 – Mapeamento dos elementos químicos do RMF. 

  Fonte: Cechin (2020). 

 

São apontados nos Relatórios da Associação Mundial do Aço que a produção  de  aço  no  planeta  totalizou  1.665  milhões  de  toneladas  em  2014,  apresentando  aumento  de  1%  em  relação  a  2013,  e  com  produção  estimada  de  400  milhões  de  toneladas de ES ao ano (WORLD STEEL ASSOCIATION, 2015).  

A estrutura morfológica das amostras foi analisada por meio de imagens do  MEV,  a  composição  microquímica  foi  determinada  pelo  método  do  EDS  e  mapeamento. 

A Figura 4 apresenta as imagens do MEV, bem como os pontos analisados  pelo EDS para a escória de alto forno a carvão vegetal. 

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Figura 4 – MEV e EDS da escória de alto forno a carvão vegetal com diferentes  ampliações. 

   

    a)    300X      

 

b)  2000X         

  c)  10000 X        

Fonte: Cechin (2019). 

 

É  possível  observar  na  Figura  4.a e  b,  partículas  de diferentes tamanhos  e  que  não  possuem  nenhuma  ligação  química  entre  si.  O  corpo  demonstrado  na  Figura  4.c  mede  aproximadamente  20µm  em  sua  maior  extensão,  se  trata  de  uma  partícula  com  superfície  lisa.  Na  Figura  4.d  com  ampliação  5000x,  observa­se  a  superfície  lisa  com  eventuais  impurezas  ao seu  entorno,  ainda  é possível  observar  poucas  elevações  e  considerável  quantidade  de  vazios,  evidenciando  ser  um  resíduo granular e irregular.  

Com base no método EDS na Figura 4.d e na Tabela 3, foi possível identificar  a  inexistência  de  formas  cristalinas,  pois  a  variação  da  composição  química  nos  diferentes pontos e área total é bastante alta. 

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Sobre a Figura 4.d, os pontos 1, 2 e 3 indica que pode ser uma partícula de  quartzo, já os pontos 4, 5, e 6 podem ser uma partícula de minério de ferro e por fim  a  área  total  evidencia  que  nesta  região  analisada  existe  uma  quantidade  maior  de  partículas de ferro. 

 

Tabela 3 ­ Composição microquímica do RMF através do EDS (% em massa). 

Espectro  Si  Fe  Al  Total 

1  92,65  6,71  0,64  100,00 

2  92,41  6,80  0,79  100,00 

3  94,73  4,79  0,49  100,00 

4  9,17  88,71  2,11  100,00 

5  2,50  96,19  1,31  100,00 

6  7,74  89,16  3,07  100,00 

Área total  26,56  64,86  7,81  100,00  Fonte: Cechin (2020). 

Conforme  observado  na  Tabela  3,  pode­se  evidenciar  que  se  trata  de  uma  amostra amorfa, por conter diversos elementos em quantidades distintas. Podemos  ainda  inferir  que  o  Alumínio  encontrado  se  trata  de  uma  impureza  da  amostra  selecionada. 

Além  disso,  observa­se  na  Figura  4  que  as  partículas  da  escória  de  alto  forno  apresentam  uma  grande  variedade  de  tamanhos  e  formas.  A  maioria  das  partículas  apresenta  um  diâmetro  de  alguns  micrometros,  além  de  arestas  pontiagudas.  Isso  se  deve  ao  processo  de  preparação  do  material,  onde  a  escória  do alto­forno foi moída e triturada. A composição química da escória de alto forno é  apresentada na Tabela 4. 

A Figura 5 apresenta o mapeamento dos elementos químicos de escória de  alto forno.  Por  meio  da  Tabela  4,  verifica­se  certa  homogeneidade  entre  os  pontos  analisados e os elementos químicos. O elemento que apresentou maior diferença foi  o  Ca,  sendo  que  para  o  ponto  1  foi  verificado  40,69%  e  para  o  ponto  3,  37,73%. 

Ainda, este resultado corrobora com o apresentado no FRX da escória de alto forno  onde os principais componentes são a sílica (SiO2) e o óxido de cálcio (CaO). 

Desta figura pode­se depreender uma coloração relativamente uniforme dos  elementos,  sem  formações  de  coágulos  separados,  inevitáveis  na  presença  de  inclusão  de  corpos  cristalinos  dentro  das  amostras.  Este  fato  é  uma  evidência  convincente de devido à predominância da fase amorfa em material. 

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Tabela 4 – Composição química dos pontos da Figura 4.c da escória de alto  forno a carvão vegetal (% em massa). 

Pontos  Mg  Al  Si  K  Ca  Ti  Mn  Total 

1  5,90  11,71  39,38  0,98  40,69  0,74  0,61  100,00  2  6,35  12,22  40,73  1,07  38,48  0,73  0,43  100,00  3  6,69  12,48  40,99  0,99  37,73  0,66  0,45  100,00  4  6,25  12,31  40,45  1,03  38,73  0,71  0,52  100,00  5  6,12  11,86  39,56  1,05  39,93  0,86  0,62  100,00  6  6,16  12,13  40,33  1,00  39,03  0,74  0,61  100,00  7  6,20  11,97  40,10  1,06  39,29  0,73  0,65  100,00 

Fonte: Cechin (2019). 

   

Figura 5 – Mapeamento dos elementos químicos dentro de uma amostra da  escória de alto forno a carvão vegetal. 

     

Imagem original  Mn  Mg 

     

Al  Si  K 

     

Ca  Ti  Fe 

Fonte: Cechin (2019). 

 

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Devido ao fato de ser um subproduto de processo metalúrgico, a escória de  alto  forno  apresenta  um  alto  teor  de  SiO2  (39,7%),  esta  é  considerada  como  uma  escória ácida, onde são produzidas em fornos a carvão vegetal, classificadas dessa  forma  por  conterem  em  sua  composição  química  sílica  como  componente  predominante.  Além  disso,  está  apresenta  uma  baixa  perda  ao  fogo  (2,35%),  e  outros  componentes  como:  CaO  (32,8%),  Al2O3  (12,9%),  MgO  (7,2%)  e  Fe2O3  (2,6%).  

 

4.4 Areia de Fundição (AR) 

A areia de fundição é gerada na modelagem de peças de ferro fundido. Esse  processo  utiliza  grande  quantidade  de  material  para  confecção  dos  moldes,  sendo  misturada  com  materiais  ligantes  como  a  bentonita  sódica  ativada,  pó  de  carvão,  outros  aditivos  e  água,  para  obtenção  da  areia  verde,  utilizada  na  produção  de  peças  de  menor  peso  e  tamanho.  Na  maioria  dos  processos  é  adicionada  resina  fenólica,  dificultando  sua  recuperação  e  reutilização,  gerando  assim,  grande  quantidade de material a ser descartado em aterros industriais.  

A Figura 6 apresenta as imagens do MEV, bem como os pontos analisados  pelo  EDS  para  a  areia  de  fundição.  Observa­se  grãos  mais  arredondados,  apresentando  poucos  danos  superficiais.  Já  quando  aumentado  a  sua  ampliação,  verifica­se uma estrutura porosa, o que pode ter ocorrido devido ao fato desta areia  ter recebido choque térmico (cerca de 1300°C) quando foi usada como molde. 

A  composição  química  da  areia  de  fundição  é  apresentada  na  Tabela  5. 

Verificam­se  diferenças  significativas  entre  os  pontos,  como  por  exemplo,  para  o  elemento  Si  nos  pontos  2  e  4,  onde  estes  apresentam  se  com  57,92%  e  89,70%,  respectivamente.  Além  disso,  devido  ao  fato  de  a  areia  de  fundição  não  ser  puramente  areia  natural,  mas  sim,  uma  areia  que  foi  misturada  com  argila  para  formar o molde e, em seguida, teve contato com metal líquido, esta pode apresentar  micros poluentes quando a composição microquímica é analisada. 

Por  micros  poluentes  entende­se:  partículas  de  argila,  aditivos  para  formar  misturas;  óxidos  de  ferro  se  acumulam  na  superfície  das  partículas  de  areia,  explicando,  assim,  os  elementos  verificados  no  EDS.  A  Figura  7  apresenta  o  mapeamento dos elementos químicos dentro da amostra de areia de fundição. 

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