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Composição 10 foi preparada de mistura de 40% de RMF, 10% de LAA, 30% 

de RC e 20% de RPC. Na Figura 28, são apresentados os resultados obtidos para a  composição  10  para  seca  mistura  inicial.  Pode­se  observar  uma  grande  heterogeneidade  na  amostra,  confirmada  pela  composição  química  de  cada  ponto,  fornecida  na  Tabela  17  (pontos  de  EDS  indicados  na  Figura  28.d).  Nos  espectrogramas  1,  2  e  3  apontaram  alto  teor  de  magnésio  e  cálcio.  Nos  espectrogramas 4, 5 e 6 é verificado grande teor de ferro.  

 

Figura 28 – Estrutura morfológica da mistura inicial através do MEV, com  indicação dos pontos da análise microquímica da composição através do EDS 

da composição 10 seca inicial. 

A    x1.000      10µm  B    x 3.000       10µm 

C  x 6.000       2µm  D    x 6.000      2µm  Fonte: Pedroso (2020). 

 

Ainda  sobre  os  pontos  analisados  é  possível  observar  algumas  impurezas,  tais como alumínio e sódio que provavelmente é proveniente do lodo de anodização 

+   

+   

+ 5 

+ 4  + 6  + 8 + 7 

+ 9 

de  alumínio,  mais  especificamente  do  tanque  de  fosqueamento.  Além  disso,  não  é  observada  a  presença  de  nenhum  corpo  cristalino,  pois  a  diferença  entre  as  porcentagens de cada espectro é alta. 

 

Tabela 17 ­ Composição microquímica da mistura inicial da composição 10  (% em massa). 

Espectro  Mg  Ca  Fe  Si  Al  Na  Total 

1  45,39  49,10  1,90  0,94  2,01  0,66  100,00  2  40,39  55,72  1,13  0,79  1,30  0,67  100,00  3  36,18  56,80  1,39  2,43  2,60  0,60  100,00  4  14,71  16,55  65,39  2,07  1,28  ­  100,00  5  23,30  22,13  48,84  2,61  2,36  0,76  100,00  6  21,54  15,10  57,06  3,30  2,34  0,66  100,00  7  31,75  46,72  13,30  3,11  3,87  1,25  100,00  8  37,57  44,93  9,27  3,43  3,86  0,94  100,00  9  33,14  49,48  8,60  3,07  4,40  1,31  100,00 

Fonte: Pedroso (2020). 

 

Na Figura 29, são apresentados os resultados obtidos para a composição 10  aos  3  dias  de  cura.  Observam­se  muitos  vazios  capilares  entre  as  partículas,  justificado  pela  baixa  idade  de  cura.  Na  Figura  29.c  é  possível  identificar  algumas  partículas  em  formato  de  estrelas,  o  que  pode  ser  identificado  como  a  mineral  aragonita  CaCO3,  devido  sua  composição  química,  constituída  de  carbonato  de  cálcio.  Na  Figura  29.d,  com  ampliação  de  6.000x,  são  apresentados  os  pontos  de  realização de EDS, cujo resultado é indicado na Tabela 18. 

Na Figura 30, são apresentados os resultados obtidos para a composição 10  aos 180 dias de cura. É possível identificar uma maior regularidade na estrutura do  material,  proveniente  da  interação  entre  os  componentes  da  mistura.  Nas  Figuras  30.a­c é possível verificar uma interação entre as partículas, além de algumas áreas  com  superfície  plana  e  densa.  Quanto  mais  denso  esse  material,  maior  sua  resistência,  como  por  exemplo,  sua  resistência  à  compressão  aos  180  dias  ­  8,45 MPa. Na Figura 30.d, com ampliação de 15.000x, são apresentados os pontos  de realização de EDS, e na Tabela 19 a composição química obtida. 

É  verificado  nas  Figuras  30.c,  d  que  quantidade  de  poros  é  muito  menor  e  que  a  estrutura  é  muito  mais  densa  que  nas  idades  iniciais.  Na  Tabela  19, 

observando o espectro 5 pode ser identificado como hematita e os espectros 6 e 7  podem ser identificados como o mineral dolomita. 

 

Figura 29 – Estrutura morfológica da mistura aos 3 dias de cura através do  MEV, com indicação dos pontos da análise microquímica da composição 

através do EDS da composição 10. 

 

A    x1.000      10µm 

 

B    x 3.000       10µm 

 

C  x 6.000       2µm 

 

D    x 6.000      2µm  Fonte: Pedroso (2020). 

 

Na Figura 31, são apresentados os resultados obtidos para a composição 10  aos  720  dias  de  cura.  Pode­se  observar  algumas  áreas  em  que  apresentam  uma  maior interação entre as partículas, já outras áreas com regiões bastante densas, o  que  acarreta  uma  maior  resistência,  como  por  exemplo,  sua  resistência  à  compressão  aos  720  dias:  9,23  MPa.  Na  Figura  31.d,  com  ampliação  de  15.000x,  são  apresentados  os  pontos  de  EDS  e  na  Tabela  20  a  composição  química  da  amostra.  

+   

+ 3 

+ 1 + 2 

+ 6  +  + 

Tabela 18 ­ Composição microquímica da mistura aos 3 dias de cura da  composição 10 (% em massa). 

Espectro  Mg  Ca  Fe  Si  Al  Total 

1  12,23  67,23  6,18  9,75  4,61  100,00  2  12,72  66,98  5,98  9,69  4,63  100,00  3  12,68  67,65  5,72  9,97  3,98  100,00  4  23,61  42,28  17,83  10,09  6,19  100,00  5  24,98  45,22  14,06  11,87  3,87  100,00  6  3,54  16,59  ­  78,89  0,98  100,00 

Fonte: Pedroso (2020). 

 

Figura 30 – Estrutura morfológica da mistura aos 180 dias de cura através do  MEV, com indicação pontos da análise microquímica da composição através 

do EDS da composição 10. 

A    x1.000       10µm  B    x 3.000      10µm 

 

C  x 6.000      2µm  D    x 15.000       1µm  Fonte: Pedroso (2020). 

 

 

Área total  + 2  + 4 + 3 

+ 5 

+ 6  + 7 

  

Tabela 19 ­ Composição microquímica da mistura aos 180 dias de cura da  composição 10 (% em massa). 

Espectro  Si  Ca  Mg  Fe  Al  Total 

1  15,42  45,12  32,18  5,72  1,56  100,00  2  65,84  21,87  9,18  1,18  1,93  100,00  3  64,79  22,15  10,32  0,98  1,76  100,00  4  64,44  21,98  10,92  1,43  1,23  100,00  5  22,39  3,17  1,12  73,32  ­  100,00  6  13,62  52,19  29,16  3,89  1,14  100,00  7  12,95  51,94  30,42  3,58  1,11  100,00 

 Fonte: Pedroso (2020). 

 

Figura 31 – Estrutura morfológica da mistura aos 720 dias de cura através do  MEV, com indicação dos pontos da análise microquímica da composição 

através do EDS da composição 10. 

A    x1.000      10µm 

 

B    x 3.000       10µm 

 

C  x 6.000       2µm 

 

D    x 15.000      2µm 

Fonte: Pedroso (2020). 

   

+   1 

+ 3 

+ 4  + 5 

Tabela 20 ­ Composição microquímica da mistura aos 720 dias de cura da  composição 10 (% em massa). 

Espectro  Mg  Ca  Fe  Si  Al  Na  Total 

1  8,14  33,94  34,58  5,78  15,01  2,55  100,00  2  9,09  51,84  14,63  5,59  16,69  2,16  100,00  3  10,77  3,22  64,44  12,15  7,82  1,60  100,00  4  12,72  35,18  16,21  21,12  11,32  3,45  100,00  5  13,09  34,92  15,98  23,18  11,01  1,82  100,00 

 Fonte: Pedroso (2020). 

 

5 CONCLUSÕES 

Os exemplos acima aplicados do desenvolvimento de materiais sustentáveis  de construção civil a partir de resíduos industriais e municipais perigosos indicam a  eficácia  do  amplo  aproveitamento  dos  métodos  de  pesquisa  baseados  em  Microscopia Eletrônica de Varredura para estudar os processos de interação físico­

química e termoquímica de componentes iniciais. Em resultado destes dois tipos de  interação  estão  sintetizadas  as  novas  formações,  responsáveis  por  todas  as  propriedades mecânicas, físicas e químicas de compósitos desenvolvidos.  

 As  estruturas  de  ambos  os  tipos  de  novas  formações  dos  materiais  desenvolvidos  (concreto  sem  cimento  Portland  e  cerâmicas)  estão  predominantemente  amorfos  com  pequena  inclusão  das  novas  formações  com  estruturas  cristalinas.  Este  fato  foi  confirmado  através  de  estudo  das  estruturas  morfológicas por método de Microscopia Eletrônica de Varredura e confirmada pelo  método  de  EDS  e  distribuição  de  elementos  químicos  em  novas  formações  (mapeamento).  Ambos  últimos  métodos  demonstram  praticamente  a  ausência  de  aglomeração  dos  mesmos  elementos  químicos  em  quase  todos  os  pontos  pesquisados, o que é típico para estruturas cristalinas.  

Em  particular,  como  um  exemplo  de  interação  termoquímica  nas  temperaturas  900°  e  1200°  foram  pesquisados  os  processos  de  formação  das  estruturas  cerâmicas  de  resíduo  de  minério  de  ferro  de  Mariana  (40%),  escoria  siderúrgica de alto forno a carvão vegetal (20 e 25%), areia de fundição (10 e 20%) e  único material natural foi argila (30 e 55%). 

Os processos de interação químico dos componentes nas temperaturas 20° 

–  25°C  em  meio  ambiente  alcalino  foram  pesquisados  o  mesmo  lodo  residual  de  minério de ferro de Mariana (10 e 40 %), lodo de anodização de alumínio (10 e 40 

%), o resíduo de produção e demolição de concreto (30%) e resíduo de produção de  cal  (20  %)  para  produção  sustentável  de  concretos  sem  cimento  Portland.    Foram  estudados  os  processos  de  modificação  das  estruturas  morfológicas  de  novos  compósitos de tipo concreto durante de hidratação e  cura das misturas iniciais com  diminuição  dos  poros  entre  partículas  solida  devido  a  cintese  de  novos  sol­gel  formações.  Todos  estes  processos  tornam­se  bem  visíveis  devido  ao  uso  de  microscopia eletrônica de varredura e um conjunto de métodos baseados nela – os 

métodos  de  microanálise  de  Espectrometria  de  Energia  Dispersiva  (EDS)  e  Mapeamento (análise de distribuição dos elementos químicos principais).  

É  possível  atingir  esses  objetivos  com  a  utilização  deste  complexo  de  métodos  modernos  de  pesquisa –  MEV,  EDS  e  Mapeamento,  para  pesquisar  e  explicar  os  processos  de  interações  químicas  e  termoquímicas  dos  componentes  nas altas e diferentes temperaturas e composições microquímicas. O entendimento  desses  processos  ajuda  a  mudar  os  componentes  das  misturas  iniciais  e  suas  porcentagens,  a  escolher  o  regime  de  temperatura  para  a  ocorrência  de  reações  químicas  e  termoquímicas  da  interação  de  resíduos  industriais  e  municipais  perigosos  e  a  criar  novos  compósitos  de  construção  civil  ecologicamente  correto  com propriedades predeterminadas.   

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