Rio de Janeiro 2019
Cel Eng MARCOS AURELIO DE OLIVEIRA RAMOS JUNIOR
O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do
Rio de Janeiro
ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO
Cel Eng MARCOS AURÉLIO DE OLIVEIRA RAMOS JUNIOR
O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro.
Projeto de Pesquisa apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como pré-requisito para matrícula em Programa de pós- graduação lato sensu em Política, Estratégia e Alta Administração Militar.
Orientador: Ricardo Ribeiro Cavalcanti Baptista – Cel Inf R/1
Rio de Janeiro 2019
R145e Oliveira Ramos Junior, Marcos Aurélio de.
O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro. / Marcos Aurélio de Oliveira Ramos Junior. 2019.
90 f. : il ; 30 cm.
Trabalho de Conclusão de Curso – Escola de Comando e Estado- Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2019.
Bibliografia: f. 88-90.
1.. Intervenção Federal 2. Arma de Engenharia. 3. Missões .4 Coordenações Interagências. l.Título.
CDD 355.34
Cel Eng MARCOS AURÉLIO DE OLIVEIRA RAMOS JUNIOR
O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de
Janeiro.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Política, Estratégia e Alta Administração Militar.
Aprovado em _____ de ________ de 2019.
COMISSÃO AVALIADORA
________________________________________________________
RICARDO RIBEIRO CAVALCANTI BAPTISTA Cel Inf/R1 - Presidente Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
__________________________________________________
JOSÉ MARIA DA MOTA FERREIRA Cel Art/R1 - Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
_______________________________________________
ROBSON DOS SANTOS CARVALHO Cel Art/R1 - Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
RESUMO
As raízes do crime organizado, no Rio de Janeiro (RJ), tiveram sua origem na década de 1970, com a criação do Comando Vermelho (CV). Desde então, o crime organizado foi se fortalecendo devido a falta de políticas públicas adequadas e eficazes, em especial no setor de segurança (Seg), transporte e habitação. Esse descaso político colaborou para a criação de áreas liberadas, onde o poder público deixou de exercer seu poder legal. A participação das Forças Armadas (FA), no contexto da Seg pública do Estado do RJ, teve seus primeiros movimentos na década de 1990, por ocasião das Operações(Op) Eco 92 e Rio 94. Desde então, a participação das FA em Op de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) tornou-se uma realidade, cada vez mais evidente. Em 2017, as crises econômicas; psicossociais, morais; e políticas, atingiram, de forma crucial, o Estado do RJ, indicando uma situação caótica, atingindo níveis insustentáveis de criminalidade. Em 2018, durante o carnaval no Rio de Janeiro, a população brasileira observou inúmeros casos de violência, intensamente divulgados pela mídia em geral. Esse fato, acrescidos aos problemas sociais, políticos e econômicos, já citados, levou o Presidente da República a decretar a Intervenção Federal, restrita à Área de Seg Pública.Em todas essas Op GLO realizadas no Estado do RJ a Arma de Engenharia (Eng) foi empregada, em maior ou menor escala. Contudo, por ocasião,da Intervenção Federal, na Área de Seg Pública, do RJ, a Arma de Eng foi largamente empregada em uma gama bastante diversificada de missões. Nessas oportunidades pôde-se observar que os manuais doutrinários não estão alinhados com a prática. Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo apresentar as principais missões cumpridas pelas unidades da Arma de Eng do Exército Brasileiro (EB) em Op de GLO, no contexto da Intervenção Federal, na Área de Seg Pública, do Estado do RJ, as lições aprendidas, com as missões cumpridas, e os órgãos/instituições com os quais a Arma de Eng necessitou realizar coordenações em um ambiente de Op Interagências. O presente trabalho pretende contribuir para que a doutrina de emprego da Arma de Eng, no que diz respeito às Op de GLO, aproxime-se da realidade, a partir da experiência vivida pelas unidades de Eng empregadas na Intervenção Federal na Área de Seg Pública no Estado do RJ
Palavras-Chave: Intervenção Federal; Doutrina da Arma de Eng; Missões;
Coordenações Interagências
RESUMEN
Las raíces del crimen organizado, en Río de Janeiro (RJ), tuvieron su origen en la década de 1970, con la creación del Comando Rojo (CV). Desde entonces, el crimen organizado se ha ido fortaleciendo debido a la falta de políticas públicas adecuadas y eficaces, en especial en el sector de seguridad (Seg), transporte y vivienda. Este descaso político colaboró para la creación de áreas liberadas, donde el poder público dejó de ejercer su poder legal. La participación de las Fuerzas Armadas (FA), en el contexto de la Seg pública del Estado de RJ, tuvo sus primeros movimientos en la década de 1990, con ocasión de las Operaciones (Op). Eco 92 y Río 94. Desde entonces, la participación de las FA en Op. de Garantía de la Ley y de del Orden (GLO) se ha convertido en una realidad, cada vez más evidente. En 2017, las crisis económicas; psicosociales, morales; y políticas, alcanzaron, de forma crucial, el Estado del RJ, indicando una situación caótica, alcanzando niveles insostenibles de criminalidad. En 2018, durante el carnaval en RJ, la población brasileña observó innumerables casos de violencia, intensamente divulgados por los medios en general. Este hecho, más los problemas sociales, políticos y económicos, ya citados, llevó al Presidente de la República a decretar la Intervención Federal, restringida al Área de Seg Pública. En todas estas Op GLO realizadas en el Estado de RJ, el Arma de Ingeniería (Ing) fue empleada, en mayor o menor escala. Sin embargo, con ocasión de la Intervención Federal, en el Área de Seg Pública, del RJ, el Arma de Ing fue ampliamente empleada en una gama bastante diversificada de misiones. En estas oportunidades se pudo observar que los manuales doctrinales no están alineados con la práctica. En este sentido, este trabajo tiene por objetivo presentar las principales misiones cumplidas por las unidades del Arma de Ing en Op de GLO, en el contexto de la Intervención Federal, en el Área de Seg Pública, del Estado de RJ, las lecciones aprendidas, con las misiones cumplidas y los órganos/instituciones con los cuales el Arma de Ing necesitó realizar coordinaciones en un ambiente de Op Interagencias. El presente trabajo pretende contribuir a que la doctrina de empleo del Arma de Eng, en lo que se refiere a las Op de GLO, se aproxime a la realidad, a partir de la experiencia vivida por las unidades de Ing empleadas en la Intervención Federal en el Área de Seg Pública Estado del RJ Palabras clave: Intervención Federal; Doctrina de la Arma de Eng; misiones;
Coordinaciones Interagenciales.
LISTA DE ABREVIATURAS
1ª Cia E Pqdt 1ª Companhia de Engenharia de Combate Paraquedista
1ª DE 1ª Divisão de Exército
1º Btl E Cmb (Es) 1º Batalhão de Engenharia de Combate (Escola) 5º Gpt E 5º Grupamento de Engenharia
A GLO Área de Garantia da Lei e da Ordem ABIN Agência Brasileira de Inteligência
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACISO Ações Cívicos Sociais
AD/1 Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército
AR Área de Responsabilidade
B Op Bases de Operações
Bda Braigada
BOPE Batalhão de Operações Especiais
C Cj Comando Conjunto
C Dout/Ex Centro de Doutrina do Exército
CBMERJ Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro
CCIC Centro Integrado de Comando e Controle
CCOp Centro de Coordenação de Operações
CCTI Centro de Coordenação Tático Integrado
CEDAE Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro
CF/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
Cl Classe
CML Comando Militar do Leste
Cmt Comandante
CN Congresso Nacional
COE Centro de Operações de Engenharia
COTER Comando de Operações Terrestres
CPEAEx Curso de Política Estratégia e Alta Administração do Exército
CV Comando Vermelho
DOAMEPI Doutrina, organização, adestramento, matreial, educação, pessoal e infraestrutura
EB Exército Brasileiro
EEI Elementos Essenciais de Inteligência
EFD Estado Final Desejado
EM Estado-Maior
END Estratégia Nacional de Defesa
Eqp Equipamento
F Ap Força de Apoio
F Op Força operativa
F Ter Força Terrestre
FA Forças Armadas
FNSP Força Nacional de Segurança Pública
G Cmdo Grande Comando
GIF Gabinete de Intervenção Federal
GIFRJ Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro
GLO Garantia da Lei e da Ordem
GM Guarda Municipal
GSI/PR Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República
GU Grande Unidade
LBDN Livro Branco de Defesa Nacional
LIGT Empresa de Energia Elétrica
MD Ministério da Defesa
NC Normas de Conduta
O Frag Ordem Fragmentária
O Lig Oficial de Ligação
OE Objetivo Estratégico
OM Organização Militar
Op Operações
Op Info Operações de Informação
OSP Órgãos de Segurança Pública
PBCVU Ponto de Bloqueio e Controle de Vias Urbanas PCERJ Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro
PCT Posto de Comando Tático
PF Polícia Federal
PMERJ Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro
PND Política Nacional de Defesa
PRF Polícia Rodoviária Federal
QAO Quadro Auxiliar de Oficiais
QDM Quadro de Distribuição de Material
QEMA Quadro de Estado-Maior da Ativa
RE Regras de Engajamento
S Cmt Sub Comandante
SA Secretaria de Administração
SEAP Secretaria Estadual de Administração Penitenciária SEAS Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade SECONSERVA Secretaria de Conservação e Serviços Públicos SEEDUC Secretaria de Estado de Educação
SEGOV Secretaria de Estado de Governo e Relações Institucionais
SEINFRA Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras
SES Secretaria de Estado de Saúde
SETRANS Secretaria de Estado de Transportes SIF Secretaria de Intervenção Federal
SU Subunidade
SUBPA Subsecretaria de Patrimônio Imobiliário
UPP Unidade de Polícia Pacificadora
Vtr Viatura
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Acionamento do Exército para Op GLO
39 Figura 2 Visualização de google maps.
56 Figura 3 Visualização Google Earth
57 Figura 4 Visualização My Maps
57
Figura 5 Visualização Map Source 58
Figura 6 Comando e Controle em Op GLO
59 Figura 7 Valeteamento do Complexo prisional de Bangu 1
63 Figura 8
Escavadeira trabalhando no valeteamento do do Complexo
prisional de Bangu 63
Figura 9
Pátios de estacionamento de veículos no complexo prisional
de Bangu 64
Figura 10 Estágio de manutenção e operação de equipamentos e viaturas especializadas de engenharia 65 Figura 11
Manutenção de equipamentos e viaturas especializadas de
engenharia do BOPE 66
Figura 12 Muro com sacos de aniagem 67
Figura 13 Muro com saco de aniagem e gabião em malha de aço 67 Figura 14
Equipamento trabalhando na busca por ossada em
cemitério clandestino 68
Figura 15 Ossada encontrada em cemitério clandestino
68 Figura 16 Equipe de detectoristas vasculhando terreno
69 Figura 17 Equipe de detectoristas vasculhando o terreno 2
70 Figura 18 Carregador encontrado por Eqp de detectoristas 70 Figura 19 - Obstáculo de galão de 200 litros com concreto e trilho
73 Figura 20 Obstáculo muro com seteiras de tiro utilizado por APOP no
Jacarezinho 73
Figura 21 Obstáculo de concreto armado
73
Figura 22 Obstáculo de blocos de concreto 74
Figura 23 Obstáculo de fosso anticarro
74
Figura 24 Imprensa cobrindo a remoção de obstáculos
74 Figura 25 Revista de cela em presídio
76 Figura 26 Revista de parte externa em presídio
76
Figura 27 Resultado da revista em presídio 76
Figura 28 Desmontagem de UPP
77 Figura 29 Desmontagem de UPP 2
77 Figura 30 Transferência de UPP
78 Figura 31 Pelotão operando PBCVU
78 Figura 32 Militar revistando veículo no PBCVU
79 Figura 33 Embarcação Guardian 25 realizando apoio de fogo
79 Figura 34 Embarcação Guardian 25 realizando apoio de fogo 2
80 Figura 35 Embarcação de assalto realizando patrulhamento fluvial
80 Figura 36 Índices alcançados em ações comunitárias 81 Figura 37 Manutenção de via de acesso para ACISO
81 Figura 38 Recuperação de instalação para ACISO
81
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Organização Do Gabinete De Intervenção Federal
29
Quadro 2
Arquitetura de Comando, Controle e Relações Institucionais da Intervenção Federal na Área de Segurança Pública no
Estado do Rio de Janeiro 31
Quadro 3
Objetivos Estratégicos da Intervenção Federal, na Área de
Segurança Pública, no Rio de Janeiro 33
Quadro 4 Organograma do Comando Conjunto 34
Quadro 5 Organização do Estado-Maior Conjunto 34
Quadro 6 Operações realizadas pelo C CJ 35
Quadro 7 Coordenações interagências da Arma de Engenharia no
nível estratégico 46
Quadro 8 Coordenações interagências da Arma de Engenharia no
nível operacional 47
Quadro 9 Coordenações interagências da Arma de Engenharia no
nível tático 47
Quadro 10 Projetos realizados pela Arma de Engenharia durante a
Intervenção Federal 62
Quadro 11 resultado final de obstáculos removidos
75
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO... 17
1.1 TEMA 19
1.2 PROBLEMA 19
1.2.1 Alcances e limites 20
1.2.2 Justificativas 21
1.2.3 Contribuições 22
1.4 REFERÊNCIAL TEÓRICO 22
1.5 OBJETIVOS 24
1.5.1 Objetivo geral 24
1.5.2 Objetivos específicos 25
1.6. HIPÓTESE 25
1.7 VARIÁVEIS 25
1.8 METODOLOGIA 26
2. A INTERVENÇÃO FEDERAL, NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
27
2.1 CONCEITO DE INTERVENÇÃO FEDERAL 27
2.2 ESTADO FINAL DESEJADO 28
2.3 O GABINETE DE INTERVENÇÃO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO (GIFRJ)
28 2.4 COORDENAÇÕES INTERAGÊNCIAS NA INTERVENÇÃO
FEDERAL, NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA, NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
30
2.4.1 Coordenações no nível político 30
2.4.2 Coordenações no nível estratégico 30
2.4.3 Coordenações no nível operacional 30
2.4.4 Coordenações no nível tático 31
2.5 EIXOS DE ATUAÇÃO 32
2.5.1 Eixo segurança pública 32
2.5.2 Eixo defesa 32
2.6 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS 32
2.7 O COMANDO CONJUNTO 34
2.7.1 Organização 34
2.7.1.1 Comandante Conjunto 34
2.7.1.2 Estado-Maior Conjunto 34
2.7.2 Missão 35
2.7.3 Principais missões realizadas 35
2.8 CONCLUSÃO PARCIAL 36
3. DOUTRINA DE OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM E A ARMA DE ENGENHARIA
37 3.1 CONCEITO DE OPERAÇOES DE GARANTIA DA LEI E DA
ORDEM
37
3.2 PREMISSAS 38
3.3 AMPARO LEGAL 39
3.4 CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIOS DE EMPREGO DAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM E O ALINHAMENTO COM O EMPREGO DA ARMA DE ENGENHARIA
40
3.4.1 Características 40
3.4.1.1 Ações descentralizadas 40
3.4.1.2 Complexidade situacional 41
3.4.1.3 Prevalência das operações em áreas edificadas 41
3.4.2 Princípios de Emprego: 41
3.4.2.1 Busca do apoio da população 41
3.4.2.2 Dissuasão 42
3.4.2.3 Iniciativa 42
3.4.2.4 Emprego criterioso da força 42
3.4.2.5 Atuação de cooperação e coordenação com agências 43
3.4.2.6 Os outros princípios de Op GLO 43 3.5 CONCEPÇÕES DAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA
ORDEM
43
3.5.1 Considerações Gerais 43
3.5.2 Níveis de Coordenação em Op GLO 44
3.5.2.1 Generalidades 44
3.5.2.2 Nível Estratégico - Cmt 5º Gpt E e Ch COE/5º Gpt E - GIFRJ 46 3.5.2.3 Nível Operacional - O Lig 5º Gpt E - CCOp C Cj 46
3.5.2.4 Nível Tático - Cmt Btl e Cmt SU 47
3.5.3 O Centro de Coordenação de Operações (CCOp) 48 3.5.3.1 Centro de Coordenação de Operação nível Batalhão/Regimento 49
3.6 PLANEJAMENTO DAS OPERAÇÕES 49
3.6.1 Considerações Iniciais 49
3.6.2 Levantamento de Necessidades 50
3.6.3 Análise dos Fatores do Terreno 51
3.7 DEFINIÇÃO DE ÁREAS DE ACORDO COM O GRAU DE CONTROLE
51 3.8 ORGANIZAÇÃO DA FORÇA DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM
(F GLO)
52
3.8.1 Força operativa (F Op) 52
3.8.2 Força de Apoio (F Ap) 52
3.8.3 Força organizada por tarefa 52
3.9 EMPREGO EM OPERAÇÕES DE GLO 52
3.9.1 Fases da GLO 52
3.9.1.1 Deslocamento 52
3.9.1.2 Concentração 53
3.9.1.3 Base de Operações 53
3.9.1.4 Manobra 53
3.9.1.5 Reversão 54
3.10 APOIO ÀS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM 54
3.10.1 Inteligência 54
3.10.1.1 Elementos Essenciais de Inteligência (EEI) 54
3.10.1.1.1 Remoção de Obstáculos 55
3.10.1.1.2 Revista de Presídios 55
3.10.1.1.3 Desmontagem/transferência de UPP 55
3.10.2 Engenharia 55
3.10.2.1 Apoio ao desenvolvimento social e da infraestrutura 55
3.10.3 Comando e Controle 56
3.10.3.1 Google Maps 56
3.10.3.2. Google Earth 56
3.10.3.3 My Maps 57
3.10.3.4 Map Source 58
3.10.4 Apoio Logístico 59
3.10.4.1 Função Logística de Suprimento e Manutenção 59
3.10.4.2 Função Logística Transporte 59
3.11 CONCLUSÃ0 PARCIAL 60
4. MISSÕES CUMPRIDAS PELA ARMA DE ENGENHARIA DURANTE A INTERVENÇAO FEDERAL E LIÇÕES APRENDIDAS
61
4.1.1 PROJETOS DE ENGENHARIA 61
4.1.2 VALETEAMENTO DO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DE BANGU 63 4.1.3 ORGANIZAÇÃO DE PÁTIOS DE ESTACIONAMENTO DE
VEÍCULOS EM COMPLEXO PRISIONAL
64 4.1.4 APOIO A CURSO DA POLÍCIA CIVIL DO RIO DE JANEIRO 64
4.1.5 ESTÁGIO DE MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E VIATURAS ESPECIALIZADAS DE ENGENHARIA
65
4.1.6 MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS E VIATURAS
ESPECIALIZADAS DE ENGENHARIA DO BOPE
66 4.1.7 APOIO NA RECONSTITUIÇÃO DO ASSASSINATO DA
VEREADORA MARIELLE FRANCO E DO SEU MOTORISTA
66 4.1.8 APOIO À POLÍCIA CIVIL NA BUSCA DE OSSADAS EM
CEMITÉRIO CLANDESTINO
68
4.1.9 VASCULHAMENTO 69
4.1.10 DESOBSTRUÇÃO DE VIAS 70
4.1.11 REVISTA DE PRESÍDEOS 75
4.1.12 DESMONTAGEM E TRANSFERÊNCIA DE UNIDADE DE POLÍCIA PACIFICADORA (UPP)
77 4.1.13 INSTALAÇAO E OPERAÇAO DE PONTO DE BLOQUEIO E
CONTROLE DE VIAS URBANAS (PBCVU), PATRULHAMENTO MOTORIZADO E CERCO EM COMUNIDADES
78
4.1.14 OPERAÇOES COM EMBARCAÇÕES 79
4.1.15 AÇÕES COMUNITÁRIAS 80
4.2 LIÇÕES APRENDIDAS 81
4.3 CONCLUSÃO PARCIAL 83
5 CONCLUSÃO 84
6 REFERÊNCIAS 88
1 INTRODUÇÃO
De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes1 (UNODC), no mundo, a criminalidade organizada gera lucro anual de cerca de $ 870 bilhões de dólares, sendo o tráfico de drogas o ilícito mais lucrativo para os criminosos, proporcionando um lucro estimado em $ 320 bilhões de dólares ao ano, representando, dessa maneira, uma ameaça, tanto à paz mundial quanto à segurança das comunidades.
As raízes do crime organizado, no Rio de Janeiro, tiveram sua origem na década de 1970, com a criação do Comando Vermelho (CV), provavelmente no presídio da Ilha Grande. Posteriormente, teve o seu agravamento, a partir da década de 80 do século passado, com a eleição de governos populistas que não combateram o narcotráfico de maneira efetiva. Coadunado a isso, ocorreu o aumento exponencial do tráfico de drogas da região andina do continente, proporcionado pelos cartéis do tráfico, o que fortaleceu este tipo de crime.
A partir dos anos 2000, entra em cena um novo ator criminal: as milícias.
Inicialmente comportaram-se como uma organização criminosa que tinha como principal fonte de renda o transporte alternativo; a distribuição de gás; a clandestinidade da TV a cabo; e, também, a cobrança de taxas ilegais que extorquiam a população e o comércio, em troca de proteção.
Atualmente, as milícias atuam em 37 bairros e em 165 comunidades da região metropolitana do Rio de Janeiro, abrangendo uma área de aproximadamente 350 km², o equivalente a um quarto do tamanho da capital, onde vivem, aproximadamente, 2 (dois) milhões de pessoas.2Para agravar o problema, no momento, os crimes praticados pela milícia pouco diferem das atividades perpetradas pelas demais organizações criminosas. Por essa razão, ocorrem verdadeiras guerras entre elas, visando a conquista de território, ou seja, de poder.
A falta de políticas públicas adequadas e eficazes, em especial no setor de segurança, transporte, habitação, educação e saúde, ajudou a criar áreas liberadas,
1 Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC). Disponível em: https://nacoes unidas.org/crime-organizado-transnacional-gera-870-bilhoes-de-dolares-por-ano-alerta-campanha-do-unodc/.
Acesso em 19 de fevereiro de 2019.
2 Disponível em: <https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/franquia-do-crime-2-milhoes-de-pessoas- no-rj-estao-em-areas-sob-influencia-de-milicias.ghtml> Acesso em 19 fevereiro de 2019
onde o poder público deixou de exercer seu poder legal, não regulando a ocupação dos espaços e logradouros públicos.
A participação das Forças Armadas (FA), no contexto da segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, teve seus primeiros movimentos na década de 1990, por ocasião das Operações Eco 92 e Rio 94.
Entretanto, a partir de 2008, registrou-se um incremento do emprego de tropas federais. Como exemplo, pode-se citar os seguintes: segurança de canteiro de obras na Operação Cimento Social; segurança e garantia das eleições municipais de 2008, na denominada Operação Guanabara, oportunidade em que as tropas federais ocuparam mais de 30 (trinta) comunidades em todo Estado.
Desde então, a participação do Exército Brasileiro (EB), e em particular da Arma de Engenharia, em Operações de Garantia da Lei e da Ordem (Op GLO) tornou-se uma realidade, cada vez mais evidente, tendo como destaque as Operações ARCANJO, nos complexos da Penha e do Alemão (2010 a 2012) e as Operações SÃO FRANCISCO, no complexo da Maré (2014 a 2015).
Posteriormente, de 2013 a 2016, as FA foram empregadas na segurança de todos os grandes eventos realizados no Rio de Janeiro, oportunidades em que se pôde observar o quanto a segurança pública do Estado já estava vivendo uma situação bastante precária e apresentando sinais de incapacidade e ineficiência no enfrentamento à violência e aos crimes de toda ordem.
Em 2017, as crises econômicas; psicossociais, inclusive morais; e políticas, atingiram, de forma crucial, o Estado do Rio de Janeiro. A proliferação dos casos de corrupção, em todos os níveis e poderes do governo estadual, somada ao desemprego crescente; às falências de estabelecimentos comerciais; ao atraso sistemático de pagamentos do funcionalismo público (inclusive dos profissionais da área da segurança pública); à impunidade e a ameaça de desabastecimento, decorrente dos constantes crimes de roubo de cargas, indicaram uma situação caótica, atingindo níveis insustentáveis de criminalidade.
Essa situação motivou a autorização, por meio do Decreto Presidencial de 28 de julho de 2017, a ativação do Comando Conjunto (CCj), para o emprego das FA e por conseguinte o emprego da Arma de Engenharia para a GLO no Estado do Rio de Janeiro, em apoio às ações na Área de Segurança Pública.
Em 2018, durante o carnaval no Rio de Janeiro, a população brasileira observou inúmeros casos de violência, intensamente divulgados pela mídia em
geral. Isso causou o aumento da sensação de insegurança na população fluminense e a indignação de parte da população de outros estados. Esses fatos nocivos à sociedade como um todo, acrescidos aos problemas sociais, políticos e econômicos, já citados, levou o Presidente da República a decretar a Intervenção Federal, restrita à Área de Segurança Pública.
1.1 TEMA
O tema deste trabalho é: “O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro”.
1.2 PROBLEMA
O artigo 142 da Constituição da República Federativa do Brasil estabelece que as FA destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem
A partir do início da década de 90 do século passado observa-se o emprego das FA em Op de GLO, por ocasião da ECO 92 e Rio 94.
Esse tipo de missão ganhou vulto com as Op ARCANJO nos complexos da Penha e do Alemão (2010 a 2012) e as Op SÃO FRANCISCO, no complexo da Maré (2014 a 2015).
Ato contínuo, as FA foram empregadas no contexto de GLO nos grandes eventos realizados no país.
Em 2018, com a Intervenção Federal na Área de Segurança Pública no Rio de Janeiro, mais uma vez as FA foram largamente empregadas.
Em todas as operações, citadas no item 1. INTRODUÇÃO, a Arma de Engenharia foi empregada, em maior ou menor escala. Contudo, por ocasião da autorização para o emprego das FA em Op de GLO no Rio de Janeiro, a partir de julho e 2017, e culminando com o decreto da Intervenção Federal na Área de Segurança no Rio de Janeiro em 2018, a Arma de Engenharia foi largamente empregada. Nessas oportunidades pôde-se observar a necessidade de uma atualização da doutrina de emprego da Arma, bem como a importância das coordenações interagências em todos os níveis
Do acima exposto, pergunta-se: “por ocasião das Op GLO, levadas a cabo durante a Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Rio de Janeiro,
quais foram os aspectos doutrinários mais relevantes para o cumprimento das missões e, com quais agências a Arma Engenharia necessitou realizar coordenações, visando facilitar o cumprimento das mesmas?
Portanto, ficou claro, pela experiência obtida nas operações reais realizadas por ocasião da referida intervenção e nas demais operações, que o problema reside na consolidação da doutrina de emprego da Arma de Engenharia, nesse tipo de operação, e na listagem das agências em que há necessidade de realizar as coordenações, visando o cumprimento da missão.
1.2.1 Alcances e Limites
Primeiramente foram estudados, como fatores de embasamento, a Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, a Política Nacional de Defesa (PND), a Estratégia Nacional de Defesa (END) e o Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN).
Em uma segunda fase foram estudadas as leis complementares que propiciam o arcabouço jurídico para o emprego das FA em Op GLO e os manuais doutrinários do Ministério da Defesa (MD) e do Exército Brasileiro (EB), que tratam de Op de GLO e de Op Interagências.
Em uma terceira fase, foram estudados os níveis político/estratégico e operacional, por intermédio do Plano Estratégico da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro e do Relatório Final do Comando Conjunto, para que se possa entender dentro de qual contexto as missões foram concebidas e planejadas;
Em uma quarta fase, os manuais de Op de GLO do EB e de Emprego da Arma de Engenharia foram analisados, ressaltando-se os aspectos doutrinários que mais se destacam para a Arma, e como se deram as coordenações da mesma com os diversos atores envolvidos na Intervenção em estudo.
Concebe o cumprimento de sua destinação constitucional por meio da manutenção da Força Terrestre em adequado estado de prontidão, estruturada e preparada para o cumprimento de missões operacionais terrestres, conjuntas e interagências [o destaque é nosso]. Tal estado de prontidão decorre do contínuo processo de transformação, na busca de novas capacidades, sob a orientação das características doutrinárias [o destaque é nosso] de flexibilidade, adaptabilidade, modularidade, elasticidade e sustentabilidade. (ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA, 2016, P 27).
Apesar da participação da Arma de Engenharia em outras operações no Estado do Rio de Janeiro, o foco de estudo se restringiu ao emprego da Arma nas Op de GLO realizadas durante a Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado Rio de Janeiro, no período compreendido de 16 de fevereiro a 31 de dezembro de 2018.
O trabalho investigativo, sobre o assunto, foi realizado por meio de pesquisas bibliográficas.
A pesquisa desenvolveu-se com o trabalho inicial de identificação do problema, de onde se partiu em busca de soluções compatíveis em decorrência da pesquisa realizada por meio da coleta de dados.
O pesquisador teve como objetivo apresentar os aspectos doutrinários mais evidenciados durante o cumprimento das missões, os principais órgãos e instituições que a Arma de Engenharia necessitou realizar coordenações interagências e as principais missões cumpridas pela Arma.
Ao final do trabalho, foram apresentadas as conclusões que poderão servir de base para a atualização da doutrina de emprego da Arma de Engenharia, em virtude do fato de o EB estar sendo cada vez mais empregado em Op GLO.
1.2.2 Justificativa
Devido aos graves problemas na área de segurança pública, em todo o país, cada vez mais as Forças Armadas, e em especial o EB, têm sido empregadas em Op de GLO.
Os cenários prospectivos do Ministério da Defesa (2020-2039) e do EB (Força Terrestre 2035) apontam para o incremento das tensões sociais em algumas áreas críticas, particularmente quanto à violência urbana e ao crescimento desordenado das grandes cidades. Assim sendo, concluiu-se que essas tensões, uma vez concretizadas, levarão as FA à intensificação do emprego em Op GLO.
A Comissão Mista de Controle de Atividade de Inteligência do Congresso Nacional, por meio do parecer (CN) Nº 1, de 2017, sobre o processo Mensagem (CN) Nº 2, de 2017, que encaminha para a apreciação os textos da proposta da Política Nacional de Defesa, da Estratégia Nacional de Defesa e do Livro Branco de Defesa Nacional, recomenda no seu relatório que seja dada maior importância às Op GLO.
O Livro Branco de Defesa Nacional, documento por meio do qual, o governo apresenta sua visão sob o ponto de vista da defesa para a sociedade nacional e internacional, trata da importância do preparo e do treinamento especial para as Op GLO.
As operações de GLO demandam preparação e treinamento especial.
O emprego das Forças nesse tipo de operação é fundamentalmente diferente, em princípio e doutrina, do tradicional emprego em missões relacionadas à defesa externa, [o destaque é nosso] em que o foco é atuar sobre forças inimigas, perfeitamente identificáveis no terreno, normalmente caracterizadas como uma força militar armada e uniformizada
A Arma de Engenharia, inserida nesse contexto, necessita de uma doutrina alinhada com a realidade para melhor cumprir suas missões.
1.2.3 Contribuições
Dentro deste contexto, o presente trabalho pretende contribuir para que a doutrina de emprego da Arma de Engenharia, no que diz respeito às Op de GLO, aproxime-se da realidade, a partir dos ensinamentos colhidos no cumprimento das missões cumpridas pela Arma, durante a Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, do Estado do Rio de Janeiro.
Além disso, pretende também, apresentar as principais missões cumpridas e os principais órgãos e instituições com os quais a Arma de Engenharia necessitou coordenar atividades num ambiente de Op Interagências.
1.4 REFERENCIAL TEÓRICO
O presente estudo embasa-se num corpo teórico consistente. Objetivou-se dar credibilidade e profundidade ao trabalho por meio da consulta a uma literatura especializada, que serviu para nortear a elaboração e formatação do texto, segundo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A literatura especializada utilizada está consubstanciada nas seguintes obras:
Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, no que diz respeito a destinação constitucional e missão das Forças Armadas;
A Política Nacional de Defesa, a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa Nacional, todos de 2016;
A Lei Complementar Nº 97, de 9 de junho de 1999, que dispõem sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas;
A Lei Complementar Nº 117, de 2 de setembro de 2004, que altera a Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999, que dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas, para estabelecer novas atribuições subsidiárias;
A Lei Complementar Nº 136, de 25 de agosto de 2010, que altera a Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999, que “dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas”, para criar o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e disciplinar as atribuições do Ministro de Estado da Defesa;
O Decreto de 28 de julho de 2017, que autoriza o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem no Estado do Rio de Janeiro;
Decreto de 29 de dezembro de 2017, que altera o Decreto de 28 de julho de 2017, que autoriza o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem no Estado do Rio de Janeiro;
O Decreto Presidencial Nº 3.897, de 24 de agosto de 2001, orienta o planejamento, a coordenação e a execução das ações das Forças Armadas, e de órgãos governamentais federais, na garantia da lei e da ordem.
O Cenário de Defesa 2020-2039 - Sumário Executivo do MD 2017;
O Relatório de Cenários Prospectivos da Força Terrestre 2035, do Estado Maior do Exército;
A Portaria Normativa Nº 22/ Gabinete de Intervenção Federal (GIF), de 11 de outubro de 2018, que aprova o Plano Estratégico da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, do Estado do Rio de Janeiro (2ª Edição/2018), no que diz respeito ao conceito de intervenção federal, estado final desejado, eixos estruturantes, organização do Gabinete de Intervenção Federal (GIF), conceito operacional da intervenção e a arquitetura do Comando Conjunto (C Cj) e relações institucionais;
O Plano Nacional de Segurança Pública, de 6 de janeiro de 2017, do Ministério da Justiça e Cidadania;
O Manual de Campanha EM70-MC-10.242: Operação de Garantia da Lei e da Ordem, no que diz respeito ao conceito de Op de GLO, as premissas básicas, as características e os princípios de emprego de Op GLO e o alinhamento com
emprego da Arma Engenharia, a coordenação das Op, a análise do cenário sob o enfoque da Arma de Engenharia, a organização da Força de GLO,
O Relatório Final do C Cj e Ordens Fragmentárias do C Cj e das GU empregadas na Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, do Estado do Rio de Janeiro, com as diversas subordinações, incluídos os tipos de missões atribuídas à Arma de Engenharia e os índices alcançados;
O Manual de Fundamentos EB 20-MF-10.102- Doutrina Militar Terrestre, no que diz respeito ao espectro dos conflitos e ambientes operacionais, princípios de guerra mais evidenciados nos planejamentos e na condução das Op GLO, realizadas pela Arma de Engenharia, no contexto da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, do Estado do Rio de Janeiro;
O Manual de Campanha EB 70-MC-10.237: A Arma Engenharia nas Operações, no que diz respeito a missão da Arma de Engenharia e a sua organização geral de apoio, as características e princípios gerais de emprego mais evidenciados por ocasião das Op GLO, no contexto da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, do Estado do Rio de Janeiro.
Análise da Nota de Coordenação Doutrinárias Nr 1/2016, de 31 de maio de 2016 do C Dout Ex/COTER: Atividades e tarefas da Arma de Engenharia.
Leitura de revistas, periódicos e sites que trataram do assunto.
1.5 OBJETIVOS 1.5.1 Objetivo geral
O Objetivo geral do trabalho consistiu em apresentar as principais missões cumpridas e os aspectos doutrinários de emprego da Arma de Engenharia, no que tange às Op GLO, que mais se evidenciaram no contexto da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro e propor um quadro com os principais órgãos e instituições com os quais a Arma de Engenharia necessitou coordenar atividades num ambiente de Op Interagências, desde o nível político/estratégico até o nível tático.
1.5.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos visam:
- apresentar o arcabouço jurídico que ampara o emprego das FA em Op GLO;
- apresentar o Plano Estratégico da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro;
- apresentar a estrutura organizacional, a missão e os índices alcançados pelo C Cj, na condução das Op GLO, levadas a cabo por ocasião da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro;
- apresentar os aspectos doutrinários das Op GLO e evidenciar os mais relevantes para o emprego da Arma de Engenharia em Op GLO;
- por fim, apresentar as principais missões realizadas e os principais órgãos e instituições com os quais a Arma de Engenharia necessitou coordenar atividades num ambiente de Op Interagências, durante a Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro
1.6 HIPÓTESE
A presente pesquisa considerou as premissas já mencionadas na formulação da situação-problema e direcionou a investigação por meio da seguinte hipótese:
- A Arma de Engenharia do EB necessita de uma doutrina de emprego para Op GLO mais alinhada com a realidade, para proporcionar maior efetividade no cumprimento das missões.
1.7 VARIÁVEIS
Considerando o título: “O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro”
Variável Independente
É aquela que, quando manipulada, produz algum efeito na variável que dela é dependente. No presente trabalho, foi identificada a seguinte:
- doutrina de emprego da Arma de Engenharia.
Variável dependente
É aquela que se modifica (total ou parcialmente) quando a variável independente a ela associada é manipulada. Foi identificada a seguinte:
- eficiência do apoio às Operações Militares.
1.8 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido com base no estudo exploratório, pautado na pesquisa bibliográfica, documental, utilizando-se do método do estudo de caso e seguindo os seguintes passos:
- levantamento da bibliografia e de documentos pertinentes;
- seleção da bibliografia e documentos;
- leitura da bibliografia e dos documentos selecionados;
- pesquisa de dados, por intermédio de relatórios e ordens fragmentárias;
- montagem de arquivos: ocasião em que serão elaboradas as fichas bibliográficas de citações, resumos e análises; e
- análise crítica, tabulação das informações obtidas e consolidação das questões de estudo.
A coleta de material foi realizada por meio de consultas às bibliotecas da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Instituto Meira Mattos, consultas ao GIF, a 1ª Divisão de Exército, ao 5º Grupamento de Engenharia e ao 1º Batalhão de Engenharia de Combate (Escola).
Foram consultados periódicos e revistas especializadas; manuais do MD, do EB, além da rede mundial de computadores.
O trabalho teve prosseguimento com a elaboração do texto, onde constaram as questões, objeto de estudo, enfatizando as missões cumpridas, o alinhamento da doutrina de emprego da Arma de Engenharia, com a prática e proposição de órgãos e instituições com as quais a Arma de Eng necessitou realizar coordenações, para o melhor cumprimento da missão.
2. A INTERVENÇÃO FEDERAL, NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA, NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A crise na área de segurança pública no Rio de Janeiro tem origem na década de 70 do século passado com a criação do Comando Vermelho e desde então a situação vem se agravando. A falta de políticas públicas adequadas e eficazes, em especial no setor de segurança, transporte, habitação, educação e saúde, ajudou a criar áreas liberadas, onde o poder público deixou de exercer seu poder legal, não regulando a ocupação dos espaços e logradouros públicos.
Em 2017, as crises econômicas; psicossociais, inclusive morais; e políticas, atingiram, de forma crucial, o Estado do Rio de Janeiro.
Essa situação motivou a autorização, por meio do Decreto Presidencial de 28 de julho de 2017, a ativação do Comando Conjunto (CCj), para o emprego das FA e por conseguinte o emprego da Arma de Engenharia para a GLO no Estado do Rio de Janeiro, em apoio às ações na Área de Segurança Pública.
Em 2018, durante o carnaval no Rio de Janeiro, a população brasileira observou inúmeros casos de violência, intensamente divulgados pela mídia em geral. Isso causou o aumento da sensação de insegurança na população fluminense e a indignação de parte da população de outros estados. Esses fatos nocivos à sociedade como um todo, acrescidos aos problemas sociais, políticos e econômicos, já citados, levou o Presidente da República a decretar a Intervenção Federal, restrita à Área de Segurança Pública.
2.1 CONCEITO DE INTERVENÇÃO FEDERAL
Intervenção é uma medida de gerenciamento de crise previsto na Constituição Federal de 1988 e informado pelos princípios da necessidade e da temporariedade, atendendo, respectivamente, situações taxativamente expressas e limitações específicas de tempo e local. Assim, a Intervenção Federal é um instrumento através do qual a União pode quebrar excepcional e temporariamente a autonomia dos demais entes da Federação (Estados, Distrito Federal e Municípios localizados em Território Federal) pelos motivos expressamente contidos nos Artigos 34 e 35 da Constituição Federal/1988. (OBSERVATÓRIO MILITAR DA PRAIA VERMELHA, 2018, disponível em http://ompv.eceme.eb.mil .br/masterpage_assunto .php?id=5, acesso em 13 abr 2019)
Em casos excepcionais, como é dito no texto do Art. 34 da Constituição Federal, é previsto a intervenção federal feita pela União ao momento em que um dos entes da federação demonstra incapacidade na execução de suas competências, ou seja, é um instrumento que restringe a autonomia política de determinado estado. É consensual de que a nossa Constituição em sua totalidade está fundamentada na doutrina do federalismo, porém, em decorrência desse artigo específico da Constituição (que trata da
intervenção federal), instaura-se uma dubiedade se esta doutrina federativa de nosso país não está em cheque. Para melhor compreensão em relação a este embate “Intervenção versus Federalismo”,(Intervenção Federal no Rio de Janeiro: Análise Nacional e Internacional Sobre os Possíveis Impactos, Curso de Ciência Política da UNINTER, 2018, disponível emhttps://www.defesa.gov.br/arquivos /ensino_e_pesquisa /defesa_academia /cadn/XV_ cadn/intervencao_ federal_no_rio_de_
janeiro_analise_ nacional.pdf, acesso em 13 Abr 2019
Dos conceitos apresentados acima, depreende-se que a medida adotada pelo Presidente da República, por meio do Decreto Nº 9.288, de 16 de Fevereiro de 2018, foi revestida de legalidade, uma vez que encontra amparo nos Artigos 21 e 84 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988. Tal Decreto foi ratificado, posteriormente, pelo Congresso Nacional, onde obteve 340 votos a favor e 72 contra na Câmara Federal e no Senado obteve 55 votos a favor 13 contra e uma abstenção.
Sendo assim, foi aprovada a Intervenção Federal que durou até o dia 31 de dezembro de 2018, sob a tutela do Interventor, General de Exército, Walter Souza Braga Netto, que também era o Comandante Militar do Leste.
2.2 ESTADO FINAL DESEJADO
O estado final desejado (EFD) pelo Interventor Federal era a diminuição gradual dos índices de criminalidade, com aumento na percepção da sensação de segurança por parte da população do Estado do Rio de Janeiro, concomitantemente com a recuperação incremental da capacidade operativa dos Órgãos de Segurança Pública (OSP) e da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP).
Além disso, era intenção do Interventor, empreender esforços para buscar o compromisso do governo estadual no sentido de assegurar a adoção de medidas voltadas a preservação e a progressão do resultado final alcançado pela Intervenção Federal, extrapolando o limite temporal definido para o término da intervenção.
2.3 O GABINETE DE INTERVENÇAO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO (GIFRJ) Para o cumprimento da missão, o Interventor Federal, na Área de Segurança Pública, no Rio de Janeiro, criou o GIFRJ, que era um órgão de planejamento, controle e coordenação em ligação direta com a referida autoridade. O GIFRJ era uma estrutura “ad hoc” organizada no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) e no Comando Militar do Leste (CML), com os meios (pessoal e material)
necessários à condução das atividades atinentes à Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, conforme estrutura regimental aprovada pela Presidência da República:
Além do GIFRJ, o Interventor Federal possuía o seu gabinete pessoal e contava com as assessorias de Comunicação Social, Jurídica e de Controle Interno.
O GIFRJ estava organizado em 2 (duas) secretarias: a Secretaria de Intervenção Federal (SIF) e a Secretaria de Administração (SA). A primeira era encarregada de realizar os planejamentos e coordenações das ações específicas atinentes à Intervenção Federal e a segunda tinha a sua atuação específica na gestão orçamentária e financeira, bem como no controle patrimonial, que englobava a gestão do Legado e a desmobilização
Quadro1- Organização Do Gabinete De Intervenção Federal
Fonte: Planejamento da Intervenção Federal na Área de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2018.
ORGANIZAÇÃO DO GABINETE DE INTERVENÇÃO FEDERAL
2.4 COORDENAÇÕES INTERAGÊNCIAS NA INTERVENÇAO FEDERAL, NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA, NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
2.4.1 Coordenações no nível político
conforme estabelecia o Decreto Nº 9.288, de 16 de fevereiro de 2018, o Interventor Federal equivalia ao Governador do Estado do Rio de Janeiro, para todos os assuntos referentes à segurança pública, respondendo diretamente ao Presidente da República. Nesse sentido, o Interventor Federal era o principal agente de coordenação no nível político nas esferas de governo federal e estadual.
2.4.2 Coordenações no nível estratégico
As coordenações interagências no nível estratégico foram realizadas por intermédio do GIFRJ e do Comando Militar do Leste (CML), em estreita ligação com a Casa Civil da Presidência da República, com o Ministério da Defesa (MD), com o Ministério da Segurança Pública (MSP) e com o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR).
Tendo em vista que o 5º Grupamento de Engenharia (5º Gpt E) é um Grande Comando diretamente subordinado ao CML, cabia ao comandante do Grupamento realizar as coordenações interagências no nível estratégico com os órgãos da esfera federal e estadual, com o propósito de alinhavar toas as operações e atividades logísticas envolvendo a Arma de Engenharia.
2.4.3 Coordenações no nível operacional
No nível operacional, o Comando Conjunto (C Cj) foi o responsável por realizar as coordenações necessárias com as Secretarias de Estado do Rio de Janeiro, com o Centro de Coordenação Tático Integrado (CCTI)3, com as agências federais representadas pela Polícia Federal (PF); Polícia Rodoviária Federal (PRF);
Força Nacional de Segurança Pública (FNSP); Agência Brasileira de Inteligência (ABIN); e agências municipais, representadas pelas Guardas Municipais (GM) do Estado do Rio de Janeiro.
3Centro de Coordenação Tático Integrado (CCTI) se constitui em estrutura “ad hoc” do Comando de Operações Especiais (COpEsp) do Exército Brasileiro, em apoio ao GIFRJ.
A Arma de Engenharia possuía um oficial de ligação (O Lig) no C Cj que realizava as coordenações no nível operacional, de interesse, para as missões delegadas à Arma de Engenharia.
2.4.4 Coordenações no nível tático
Por ocasião da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, as coordenações no nível tático foram realizadas pelas tropas federais das Forças Armadas adjudicadas ao C Cj e pelos OSP do Estado do RJ, nominalmente: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ); Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ); e Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ).
Na Arma de Engenharia, as coordenações no nível tático foram realizadas pelo 1º Batalhão de Engenharia de Combate (Escola) (1º Btl E Cmb (Es)) e pela 1ª Companhia de Engenharia de Combate Pára-quedista (1ª Cia E CmbPqdt)
Quadro 2 – Arquitetura de Comando, Controle e Relações Institucionais da Intervenção Federal na Área de Segurança Pública no Estado do Rio de Janeiro4
Fonte: Diretriz de Planejamento da Intervenção Federal na Área de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2018.
4 A despeito da literatura convencional utilizada na administração, no âmbito da metodologia aplicada ao Plano Estratégico da Intervenção Federal na Área de Segurança Pública, o nível tático é o nível de execução das ações e o nível operacional é o nível intermediário entre o nível estratégico e o nível tático.
2.5 EIXOS DE ATUAÇÃO
Para conduzir os trabalhos inerentes à Intervenção Federal na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, o Interventor estabeleceu os eixos de atuação segurança pública e defesa.
2.5.1 Eixo Segurança Pública
No eixo Segurança Pública estavam incluídas as atividades desenvolvidas pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiro Militar, Guarda Municipal e instituições relacionadas a instrumentos de prevenção, de coação e de justiça.
Neste eixo foram realizadas ações de polícia ostensiva, preservação da ordem pública e ordenamento urbano; segurança viária e controle de tráfego; segurança de infraestruturas críticas; polícia judiciária; polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; inteligência e defesa civil.
2.5.2 Eixo Defesa
Este eixo contemplava as atividades desenvolvidas pelo C Cj, cooperando para coibir e combater o crime organizado, preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio durante a Intervenção Federal do Rio de Janeiro.
As principais missões planejadas e executadas foram de operações aéreas;
ações marítimas e fluviais; ações de transporte aéreo logístico; fiscalização de produtos controlados; proteção de estruturas estratégicas; policiamento ostensivo;
operações especiais e assistência militar (contemplando protocolos de entendimento e coordenação institucionais).
2.6 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
Consoantes com a missão, com as diretrizes de planejamento expedidas e coerente com a análise do diagnóstico estratégico realizado, tendo como foco a visão de futuro desejada para a Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do RJ, o GIFRJ estabeleceu os seguintes Objetivos Estratégicos (OE)
OE DESCRIÇÃO APRESENTAÇÃO
OE/01 Diminuir, gradualmente, os índices de criminalidade.
Redução dos índices relacionados às modalidades criminosas de letalidade violenta (homicídio doloso, latrocínio, morte decorrente de intervenção policial e lesão corporal seguida de morte), roubo de veículo, roubo de rua e roubo de carga.
OE/02
Recuperar, incrementalmente, a capacidade operativa das Secretarias de Estado e OSP intervencionados do Estado do Rio de Janeiro.
Aperfeiçoamento dos fatores determinantes, inter- relacionados e indissociáveis: doutrina, organização (e processos), adestramento (capacitação), material, educação, pessoal e infraestrutura (DOAMEPI).
OE/03 Articular, de forma coordenada, as instituições dos entes federativos.
Fomento do compartilhamento de responsabilidades na Área de Segurança Pública, por meio do estabelecimento de instrumentos normativos (projetos de lei, decretos, instruções normativas, portarias Etc).
OE/04
Fortalecer o caráter institucional da Segurança Pública e do Sistema Prisional.
Fortalecimento do caráter institucional da Segurança Pública e do Sistema Prisional, como atividade técnico-operacional, minimizando fatores políticos.
OE/05
Melhorar a qualidade e a gestão do Sistema Prisional, das Secretarias de Estado e dos OSP intervencionados.
Modernização do Sistema Prisional, das Secretarias de Estado e dos OSP intervencionados, por meio da elaboração de projetos, em diversas áreas funcionais.
OE/06
Implantar estruturas necessárias ao planejamento, coordenação e
gerenciamento das ações estratégicas da Intervenção Federal.
Condução do planejamento e gerenciamento das ações estratégicas da Intervenção Federal, por meio da ativação de estruturas organizacionais.
Quadro 3 – Objetivos Estratégicos da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Rio de Janeiro
Fonte: Diretriz de Planejamento da Intervenção Federal na Área de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2018.
A Arma de Engenharia colaborou com o GIFRJ no que tange principalmente, aos OE 1 e 2, uma vez que cumpriu uma série de missões com o propósito de diminuir, gradualmente, os índices de criminalidade (OE1) e outra vasta gama de missões com o objetivo de cooperar com o incremento da capacidade operativa das Secretarias de Estado e OSP intervencionados do Estado do Rio de Janeiro (OE2), como será apresentado no capítulo 4 deste trabalho.
2.7 O COMANDO CONJUNTO 2.7.1 Organograma
Quadro 4 - Organograma do Comando Conjunto
Fonte: MD30-M-01, Doutrina de Operações Conjuntas, 1º Volume, 2011
2.7.1.1 Comandante Conjunto
O Cmt da 1ª DE foi designado para ser o Cmt Cj cumulativamente com a função que já exercia.
2.7.1.2 Estado Maior Conjunto
Durante a Intervenção Federal na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, o Estado Maior conjunto, foi chefiado por um Contra-Almirante Fuzileiro Naval da Marinha do Brasil, e era composto por militares das três Forças, distribuídos nas seguintes células:
Quadro 5 - Organização do Estado-Maior Conjunto Fonte: Relatório final de missão, Comando Conjunto, 2018
Cmt Cj
Força Naval componente
Força Terrestre componente
Força Aérea componente EM Cj
Ch EM Cj
D1 Pes
D2 Intlg
D3/D5 Op/Plj
COA
D4/D10
Log/Fin D6 Cmdo e Ct D7
Com Soc
D8 Op Psc
D9 Ass cívis O Lig F Cte
2.7.2 Missão
A missão imposta pelo Interventor Federal ao C Cj era coibir e combater o crime organizado, preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio durante a Intervenção Federal do Rio de Janeiro, de maneira que transcorressem com a prevalência dos princípios do emprego da massa, da legitimidade, do engajamento seletivo e da segurança.
2.7.3 Principais missões realizadas
Por ocasião da Intervenção Federa, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, o C Cj planejou, coordenou e supervisionou 215 (duzentas e quinze) operações, compreendendo uma gama variada de ações a saber:
Tipo de ação Quantidade
Patrulhamento 139
Cerco e Investimento 35
Ação Comunitária 06
ACISO 1
Apoio aos OSP 22
Vistoria em Presídios 3
Reconhecimento 7
Segurança 1
Apoio Logístico Aéreo 1
TOTAL 215 OPERAÇÕES
Quadro 6 - operações realizadas pelo C CJ
Fonte: relatório final de missão, Comando Conjunto, 2018
Nesse contexto, cabe ressaltar o emprego da Arma de Engenharia na maioria das Op levadas a cabo pelo C Cj, principalmente no que se refere ao apoio a mobilidade das tropas empregadas, vistorias em presídios, ações comunitárias, ACISO e apoio aos OSP, colaborando, dessa forma, para o cumprimento da missão do C Cj.
2.8 CONCLUSAO PARCIAL
Conclui-se parcialmente que a Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro foi uma medida adotada pelo Presidente da República Federativa do Brasil para pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro.
Verificou-se, ainda, que a medida supracitada encontra amparo legal na Constituição da República Federativa do Brasil e foi referendada pelo Congresso Nacional.
Para cumprir a missão, o Interventor criou o GIFRJ, que era uma estrutura “ad hoc” organizada no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) e no Comando Militar do Leste (CML), com os meios (pessoal e material) que tinha como missão apoiar o interventor no planejamento, controle e coordenação das ações estratégicas.
Para tanto o GIFRJ confeccionou o Planejamento Estratégico da Intervenção Federal pautado em dois eixos, segurança e defesa e estabeleceu seis objetivos estratégicos.
O eixo defesa contemplava as atividades desenvolvidas pelo C Cj e estava intrinsecamente ligado ao Objetivo Estratégico Nr 1 - "Redução dos índices relacionados às modalidades criminosas de letalidade violenta, roubo de veículo, roubo de rua e roubo de carga.
Verificou-se, ainda, a organização e as missões cumpridas pelo C Cj.
Nos demais capítulos poder-se-á constatar que a Arma de Engenharia esteve presente na maioria das operações levadas a cabo pelo C Cj, colaborando decisivamente para que os objetivos do Cmt Cj e do Interventor Federal fossem alcançados.
3 DOUTRINA DE OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM E A ARMA DE ENGENHARIA
3.1 CONCEITO DE OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM
O manual do Ministério da Defesa - MD33-M-10 - conceitua a Operação de Garantia da Lei e da Ordem como "uma operação militar conduzida pelas Forças Armadas, de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, que tem por objetivo a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio em situações de esgotamento dos instrumentos para isso previstos no Art. 144 da Constituição ou em outras, em que se presuma ser possível a perturbação da ordem".
Esta conceituação está baseada no Decreto Presidencial Nº 3.897, de 24 de agosto de 2001, que fixa as diretrizes para o emprego das Forças Armadas na Garantia da Lei e da Ordem (GLO), e dá outras providências, como se pode - observar nos Art. 3, 4 e 5. e nos Art.142 e144 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88).
Art. 3º Na hipótese de emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem, objetivando a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, porque esgotados os instrumentos a isso previstos no art. 144 da Constituição, lhes incumbirá, sempre que se faça necessário, desenvolver as ações de polícia ostensiva, como as demais, de natureza preventiva ou repressiva, que se incluem na competência, constitucional e legal, das Polícias Militares, observados os termos e limites impostos, a estas últimas, pelo ordenamento jurídico.(Decreto Presidencial Nº 3.897).
Art. 4º Na situação de emprego das Forças Armadas objeto do art. 3º, caso estejam disponíveis meios, conquanto insuficientes, da respectiva Polícia Militar, esta, com a anuência do Governador do Estado, atuará, parcial ou totalmente, sob o controle operacional do comando militar responsável pelas operações, sempre que assim o exijam, ou recomendem, as situações a serem enfrentadas.(Decreto Presidencial Nº 3.897)
Art. 5º O emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem, que deverá ser episódico, em área previamente definida e ter a menor duração possível, abrange, ademais da hipótese objeto dos arts. 3º e 4º, outras em que se presuma ser possível a perturbação da ordem, tais como as relativas a eventos oficiais ou públicos, particularmente os que contem com a participação de Chefe de Estado, ou de Governo, estrangeiro, e à realização de pleitos eleitorais, nesse caso quando solicitado. (Decreto Presidencial Nº 3.897).
A publicação MD33-M-10 caracteriza as Op GLO como operações de “não guerra”, pois, embora empregando o poder militar, no âmbito interno, não envolve o combate propriamente dito, mas podem, em circunstâncias especiais, envolver o uso de força de forma limitada, podendo ocorrer tanto em ambiente urbano quanto no rural.
3.2 PREMISSAS
Segundo o manual de campanha EB70-MC-10.242 – Operação de Garantia da Lei e da Ordem , a decisão de emprego da Força Terrestre (F Ter), para garantir a lei e a ordem, é de responsabilidade do Presidente da República e o acionamento das FA, para cumprirem missões desta natureza, é realizado por intermédio de decreto presidencial.
As FA são chamadas a atuar em Op GLO quando os instrumentos previstos no Art. 144 da CF/88, que definem os órgãos encarregados pela segurança pública, forem formalmente decretados como indisponíveis, insuficientes ou inexistentes, sendo solicitado apoio pelo governador do Estado (ou Distrito Federal) ao Presidente da República.
Entende-se como indisponível aquele órgão de segurança pública (OSP) que, apesar de ter seu efetivo completo e ter capacidade de gerir os problemas de emprego de sua força naquele território, esteja com restrições ao seu emprego, por causa de greves, paralisações parciais ou desvio de finalidade.
Nas condições previstas no tópico anterior, após determinação do Presidente da República, podem ser ativados os órgãos operacionais das Forças Armadas, que podem desenvolver, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, as ações de caráter preventivo e operativo, necessárias para assegurar o resultado das Op GLO.
Determinado o emprego das FA na garantia da lei e da ordem, é constituído um Centro de Coordenação de Operações (CCOp), composto por representantes das forças militares e dos órgãos públicos, que devem trabalhar de acordo com os preceitos das operações de cooperação e coordenação com agências.
Compete ao Ministério da Defesa (MD) tomar as providências necessárias à ativação e à implementação do emprego das FA, bem como controlar e coordenar