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3 DOUTRINA DE OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM E A ARMA DE ENGENHARIA

4. MISSÕES CUMPRIDAS PELA ARMA DE ENGENHARIA DURANTE A INTERVENÇAO FEDERAL E LIÇÕES APRENDIDAS

4.1 MISSÕES CUMPRIDAS

4.1.10 DESOBSTRUÇÃO DE VIAS

Durante a Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, a principal missão cumprida pela Arma de Engenharia foi a remoção de obstáculos para a desobstrução de vias.

No processo para a desobstrução de vias, é normal que aconteçam

confrontos e que os APOP criem ameaças utilizando obstáculos. Manual de

Campanha OPERAÇÃO DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM, EB70-MC-10.242, p 4-8

Uma das características marcantes das comunidades do Rio de Janeiro é a instalação de obstáculos por parte dos APOP, de modo a obrigar as forças de segurança a desembarcarem de seus veículos, particularmente dos blindados, aumentando, dessa forma, a vulnerabilidade das forças de segurança durante as incursões.

Nesse contexto, a Arma de Engenharia foi largamente empregada, desde o início do investimento sobre as comunidades, para realizar a remoção dos obstáculos, visando proporcionar o livre trânsito em todas as vias de acesso da A GLO.

Um aspecto importante verificado durante as operações foi a necessidade de substituir os equipamentos de engenharia convencionais por equipamentos similares blindados, principalmente as retroescavadeiras e as carregadeiras sobre rodas, pois os operadores ficam muito expostos durante a remoção dos obstáculos, principalmente na fase de investimento, pois a A GLO, nessa fase, ainda não está estabilizada.

Ainda quanto aos equipamentos, verificou-se a eficiência do emprego do implemento rompedor na retroescavadeira e a necessidade de substituição de cavalos mecânicos e pranchas por viaturas plataformas menores, mais versáteis e, por conseguinte, com maior manobrabilidade.

Para amenizar a problemática de trafegabilidade e transitabilidade causada pelos comboios da Arma de Engenharia, adotou-se como regra a utilização de batedores utilizando motocicletas da Polícia do Exército. Esta medida facilitou, sobremaneira, os deslocamentos, inclusive em horas de pico e em vias extremamente movimentadas.

Com o decorrer das operações, verificou-se que a melhor forma de emprego da Arma de Engenharia, nesse tipo de operação, é o apoio ao conjunto, centralizada nas mãos dos Cmt GU ou do Cmt Cj. As formas de emprego de Apoio Direto ou de Reforço à Arma Base não se apresentaram como vantajosas. Em qualquer situação de emprego, a segurança das tropas de engenharia deve ser feita pela Arma Base.

Os princípios de Guerra, que mais se evidenciaram durante as operações de remoção de obstáculos, no contexto da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, foram os seguintes:

a. Unidade de Comando - manter as tropas de Engenharia centralizadas nas mãos do oficial de Engenharia, mais antigo presente, facilita as coordenações com as unidades da Arma Base empregadas, na medida em que a Arma de Engenharia opera em toda a A GLO. Além disso, a unidade de comando possibilita a rocada ou o reforço de pessoal e material com muito mais rapidez;

b. Massa - empregar o máximo de meios para que os obstáculos sejam removidos com a maior brevidade possível e as vias de acesso estejam liberadas; e

c. Prontidão - a capacidade de pronto atendimento da força foi fundamental para o êxito das missões, uma vez que, na maioria das vezes, a tropa foi acionada por meio de plano de chamada, visando o sigilo das operações.

Outro fator importante, que com o decorrer das operações foi sendo aperfeiçoado, foi a consciência situacional do Comandante. Devido ao fato do planejamento ser centralizado e as atividades no terreno serem descentralizadas e a necessidade de informações rápidas e confiáveis tornou-se imponderável a implementação de um Posto de Comando Tático (PCT), com o uso de programas que favoreceram a consciência situacional do Comandante da tropa de Engenharia presente.

Cabe ressaltar que as operações concebidas pelo C Cj e aprovadas pelo Interventor Federal foram de curta duração, não permanecendo as GU por mais do que 2 (duas) ou 3 (três) jornadas no terreno. Por outro lado, devido ao grande número de obstáculos, em algumas comunidades, a Arma de Engenharia teve que permanecer por mais tempo no terreno, até que se concluísse a remoção total dos obstáculos.

Como exemplos, podem ser citadas as comunidades do Chapadão Pedreira, onde as tropas de engenharia permaneceram por mais duas semanas e do Jardim Catarina, em São Gonçalo, onde permaneceram por mais quatro semanas, após a saída das GU do terreno, permanecendo apenas uma fração da Arma Base para realizar a segurança da Engenharia.

Durante a permanência da Arma de Engenharia na remoção de obstáculos em São Gonçalo ocorreu o ápice da interoperabilidade entre as Forças: o Comandante da operação era o Cmt da Artilharia Divisionária da 1ª DE (AD/1), a B Op estava localizada na Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores, a segurança da tropa foi proporcionada pelo Batalhão de Infantaria da Força Aérea Brasileira e a Logística pelo 21º Grupo de Artilharia de Campanha.

Imagem 19 - obstáculo de galão de 200 litros com concreto e trilho Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 20 - muro com seteiras de tiro utilizado por APOP no Jacarezinho Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 21- obstáculo de concreto armado

Imagem 22 - obstáculo de blocos de concreto

Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 23 - Obstáculo de fosso anticarro

Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 24 - Imprensa cobrindo a remoção de obstáculos Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Quadro 11 - resultado final de obstáculos removidos Fonte: relatório final de missão, Comando Conjunto, 2018

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