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O FUTEBOL COMO FERRAMENTA DIDÁTICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA

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Academic year: 2022

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O FUTEBOL COMO FERRAMENTA DIDÁTICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA

Aluno: Guilherme Pereira Meirelles

Orientadora: Rejane Cristina de Araújo Rodrigues

Introdução

O futebol é muito mais que um esporte. Ele é um modo de organização social, que cria simbologias e espacialidades que transcendem os estádios e se tornam parte da vida cotidiana de milhões de pessoas, tal a importância que a modalidade conquistou no país.

Pensando uma educação pautada na teoria de uma aprendizagem significativa, o fato de o futebol estar nessa posição de destaque na vida social já nos mostra seu potencial para ser utilizado no ensino de Geografia. Partindo da ideia de que “a geografia está em toda parte”[1], nada melhor do que se trabalhar na Geografia com o futebol que está, de fato, em todo lugar. Se utilizar desse conhecimento do futebol que os alunos possuem pode ser uma forma de promover essa aprendizagem significativa, não só para ensinar conteúdos escolares, mas para o desenvolvimento de competências e habilidades.

Em um momento onde, nem a Geografia Tradicional nem a Geografia marxista, que estruturaram por muitos anos a base da Geografia escolar no país, conseguem responder às novas demandas da sociedade [2], trabalhar com futebol surge como essa possibilidade de construção de metodologias e de novas linguagens que sejam capazes de atender a essas demandas. Nesse sentido, e tomando como referência a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel, o futebol apresenta um grande potencial para ser trabalhado como recurso didático ao ensino de Geografia. Através do futebol somos capazes de construir as interlocuções entre as habilidades e competências que se desejam desenvolver e os alunos, que podem, através do futebol constituir esse novo conhecimento como algo significativo para sua formação.

Futebol: linguagem para o ensino

A difusão do futebol pelo mundo ocorre desde o século XIX, extremamente impulsionado pelo imperialismo inglês e sua área de influência [3]. Nesse processo, [3]

aponta para a importância dos portos para essa difusão, uma vez que era a grande porta de

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entrada dos ingleses ao redor do mundo. Além disso, o peculiar arranjo dos portos brasileiros permitiu que o futebol se difundisse em diversos núcleos pelo país inteiro ao contrário do que afirmam, de que o modelo de difusão do futebol se deu de maneira igual em toda América do Sul, a partir de um ponto central (cidade portuária) e que posteriormente se encaminhou para o restante do território. Entre os anos de 1808 e 1924 (com exceção dos anos referentes à Primeira Guerra Mundial) o domínio inglês sobre o comércio exterior brasileiro foi tão grande que o porto do Rio de Janeiro recebeu, no período referente, mais navios ingleses do que das outras nações somadas. Tal influência inglesa poderia explicar a dimensão que o futebol tomou no país. Após os portos, a difusão do futebol no país acompanhou a expansão do capital inglês pelo território, como por exemplo a construção das ferrovias por empresas inglesas no século XIX [3].

Esses dados representam muito pouco da contribuição dos estudiosos a uma

“Geografia dos Esportes”, mas já nos permitem deslumbrar as possibilidades que temos para se trabalhar com o futebol nas aulas de Geografia - como trabalhar com o conceito de redes e território por exemplo. Entretanto, essa não é a única forma que encontramos para tornar o futebol relevante aos olhos da ciência geográfica.

O futebol carrega uma dimensão sensível e simbólica que transcende seus próprios espaços e se manifestam em outros espaços. Essa dimensão sensível e simbólica é de grande importância para o ensino de Geografia pois, de acordo com o PCN, a Geografia Tradicional e Marxista já não dão conta de explicar essa complexidade do mundo justamente por não levar em conta essa dimensão simbólica, ligada a subjetividade do indivíduo [2]. É preciso então, como aponta [4], buscarmos novas linguagens para a leitura dessa realidade, e nesse sentido, o futebol poderia ser uma delas.

A escola se apresenta justamente como um desses espaços para onde o futebol transcende. O ambiente escolar acaba por englobar diversas tensões valores e simbolismos do futebol em seu cotidiano pois os alunos carregam consigo esses valores [5]. Aqui se encaixa a tal dimensão simbólica e sensível do futebol, fator que vai possuir grande importância para esse trabalho. É a partir disso que trabalharemos para fazer as interlocuções entre os conteúdos e habilidades que se pretende desenvolver e o aluno. Não nos interessa, portanto, que o aluno receba informações prontas, tendo como única tarefa repeti-las na íntegra [6].

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Objetivos

A pesquisa tem como objetivo a (1) analisar a utilização do futebol como ferramenta didática no ensino de Geografia e (2) propor uma metodologia de atividades pedagógicas a serem aplicadas em aulas de Geografia. A análise do futebol como ferramenta didática se constitui como uma discussão teórica, buscando apresentar e discutir trabalhos a acerca de uma “Geografia do futebol”, mas também realizando a interlocução desse conteúdo com as discussões acerca de metodologias de ensino e teorias de aprendizagem. O segundo objetivo será de cunho mais propositivo e prático, sendo essas metodologias baseadas nas discussões promovidas ao longo da pesquisa, mas não se limitando aos autores discutidos.

Como objetivos específicos temos, até o momento: (1) seleção de símbolos e temáticas referentes ao futebol mundial e (2) identificação de temas de interesse da Geografia com relação com o futebol. A seleção dos símbolos e temáticas tem como objetivo reunir elementos do futebol que possam ser utilizados em sala de aula e a identificação dos temas de interesse da Geografia tem como objetivo compreender onde esses símbolos e temáticas, selecionados previamente, podem se encaixar no conteúdo da disciplina na escola, seja para tratar de conteúdo, conceitos ou desenvolvimento de habilidades.

Metodologia

Para que os objetivos estabelecidos possam ser atingidos, esta pesquisa irá contar com as seguintes etapas:

● Revisão bibliográfica acerca das temáticas de: Geografia e futebol; aprendizagem significativa; políticas de educação; e metodologias de ensino

● Seleção de símbolos (hinos, cores, escudos, bandeiras, estádios) e temáticas relacionadas ao futebol mundial.

● Identificação de temas de interesse da Geografia escolar que apresentam potencial de diálogo com o futebol.

● Identificação da relação série – tema/abordagem.

● Proposição de metodologias para o uso do futebol como recurso para o ensino da Geografia escolar.

A revisão bibliográfica tem como objetivo buscar na literatura trabalhos que tratem das principais temáticas da pesquisa, sendo dividida em ​4 subtemas, sendo eles: (1) futebol e

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geografia, (2), políticas de educação, (3) metodologias de ensino e (4) teorias de aprendizagem. No primeiro tema se busca compreender de que forma o futebol pode estar relacionado a Geografia, nas mais variadas temáticas de estudos da ciência. O segundo tema se preocupa com as legislações educacionais, visando entender o que se espera da educação do país em termos do tipo de formação que se pensa para os alunos, bem como qual a visão e projeção desses documentos sobre o papel da Geografia nas escolas. O terceiro tema trata das possíveis metodologias que possam ser utilizadas, não só para fazer a conexão entre o futebol e a Geografia, mas também para um melhor aproveitamento da aula de maneira geral, trate ela ou não de futebol. Finalmente, o quarto tema vai tratar das teorias de aprendizagem, mais especificamente da teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel. Os temas foram assim separados para orientar a revisão bibliográfica, o que não quer dizer que eles serão tratados de maneira isolada e sem serem feitos diálogos necessários entre os temas e autores.

A segunda etapa diz respeito a seleção de símbolos e temáticas do futebol. Essa seleção visa buscar símbolos - sejam eles cores dos times, bandeiras, cantos, escudos – e temáticas que tenham potencial de ser trabalhados em sala de aula. A partir dessa seleção será possível criar as interlocuções entre o objeto de estudo, seja ele qual for, e o sujeito que aprende, os alunos. Como terceira etapa e indo no caminho inverso a última etapa, é necessário também uma identificação dos temas de interesse da Geografia que podem dialogar com os elementos do futebol que foram selecionados. Não nos é pertinente trabalhar com elementos do futebol que não possuam alguma correspondência com os objetos de estudo da Geografia (tanto conteúdos como no desenvolvimento de habilidades e competências).

A quarta etapa diz respeito a identificação das séries e suas respectivas temáticas e abordagens. Elementos do futebol ligados, por exemplo, ao processo de globalização, por melhor que seja a mediação do professor não tem espaço em uma aula de 6º ano, uma vez que essa não é uma temática que seja abordada no segmento em questão. Assim, para essa quarta etapa, as temáticas do futebol que já foram selecionadas e possuem correspondência com conteúdos escolares serão pensadas a partir do segmento em que serão aplicadas. Dessa forma, evita-se que as temáticas do futebol sejam tratadas fora do contexto ou abordadas de formas que não correspondam aquele segmento.

Por fim, a quinta e última etapa diz respeito à efetiva proposição de metodologias para essas aulas. Tendo realizado as outras etapas, seria possível, então, planejar atividades que

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sejam capazes de trazer o futebol para a sala de aula, seja por meio de aulas expositivas, materiais didáticos ou outras formas, de maneira a contribuir para o processo de ensino-aprendizagem.

Considerações parciais

A pesquisa encontra-se em fase inicial, porém já se vislumbra as inúmeras possibilidades que o futebol oferece para as aulas de Geografia. A variedade de temáticas que o futebol oferece ao ensino aliada a também muito rica ciência geográfica parece se complementar da melhor forma. As possibilidades, entretanto, mesmo sendo muitas, não fazem do futebol por si só uma boa linguagem para o ensino de Geografia. Assim, o papel do professor enquanto mediador dessa relação entre aluno e objeto de estudo se mostra muito importante pois é a partir da interlocução feita por esse professor que o aluno irá, ou não, se apropriar desse conhecimento para si.

Referências

[1] ​COSGROVE, D. A geografia está em toda parte: cultura e simbolismo nas paisagens humanas. In: ROSENDAHL, Zeny; CORRÊA, Roberto Lobato (Org.). ​Paisagem, tempo e cultura​. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1998. p. 92-122.

[2] BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Terceiro e quarto ciclos: Geografia Brasília: MEC/SEF,1998.

[3] ​MASCARENHAS, G. Entradas e Bandeiras: a conquista do Brasil pelo futebol. 1. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2014. v. 1. 254p.

[4] ​CAVALCANTI, L. de S. A geografia escolar e a cidade: Ensaios sobre o ensino de geografia para a vida urbana. Campinas: Papirus, 2008.

[5] HOLGADO, F. L. Além das quatro linhas: o futebol no ensino de geografia. Porto Alegre: UFRGS/PPGGea, 2013. [123 f.]. il.

[6] PELLIZZARI, A. Teoria da Aprendizagem Significativa segundo Ausubel. Revista Pec Programa Educação Corporativa, Curitiba, v. II, 2002.

Referências

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