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A OSCILAÇÃO DE MADDEN E JULIAN (MJO) E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A REGIÃO CENTRO OESTE DO BRASIL. Mamedes Luiz Melo 1

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Academic year: 2022

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“A OSCILAÇÃO DE MADDEN E JULIAN (MJO) E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A REGIÃO CENTRO – OESTE DO BRASIL”

Mamedes Luiz Melo 1

RESUMO

A Oscilação de Madden e Julian (MJO) ou Oscilação 30 – 60 Dias é um fenômeno que caracteriza-se por um deslocamento de oeste para leste de uma célula zonal de grande escala termicamente direta que causa variações na convecção tropical (Kayano et all, 1992). Esta Oscilação pode atuar também em extra-trópicos (Casarin, et all, 1986; Lau et all, 1986)

A MJO faz com que os fenômenos meteorológicos se intensifiquem ou enfraqueçam durante a sua atuação, podendo influenciar no regime pluviométrico e, em algumas vezes,

significativamente.

Desta forma, este trabalho foi feito visando analisar a sua influência sobre a Região Centro- Oeste do Brasil durante o período chuvoso entre os anos de 2000 e 2005. Para isso, foram

analisados algumas variáveis meteorológicas tais como: as anomalias de onda longa (ROL), dos ventos em 200 hPa e 850 hPa e os mapas da MJO distribuídos na internet no site do CPC/NOAA.

ABSTRACT

The Madden and Julian of Oscillation (MJO) or 30 - 60 Days Oscillation is a phenomenon that is characterized by an eastward displacement of a zonal cell, of large scale,with termicamente direct circullation that cause variations in the tropical convection (Kayano et all, 1992). This Oscillation can act, also, in extra-tropics (Casarin, et all, 1986;

Lau et all, 1986)

The MJO makes the meteorological phenomena if intensify or weak during its performance, influencing in pluviométric regimen e, and some times, significantly.

Then, the aim of this study is to analyse MJO influence on the Center-West of Brazil during the rainy period between 2000 and 2005. For this, we analyzed some

meteorological variable as long wave anomaly, winds anomaly at 200 hPa and 850 hPa and the maps of the MJO distributed by CPC/NOAA.

PALAVRAS CHAVE: Madden e Jullian – precipitação – Centro Oeste

1 Meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET – DF – Eixo Monumental – Via S1 – 76610- 400 – Brasília – DF – F: 3344-0500 – mamedes@yahoo.com.br

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INTRODUÇÃO

A meteorologia é uma ciência que avança a cada ano que passa, mostrando a sua eficiência e acurácia nas suas previsões de tempo e clima, para isso, hoje, Ela conta com os seus instrumentos tecnológicos de ponta como imagens de satélites, modelos numéricos de previsão de tempo e de clima, etc... . Com isso, consegue-se monitorar diariamente o tempo sobre Terra, informando a população em geral, sobre as condições adversas do tempo em poucas horas.

Neste intuito, este trabalho visa mostrar a influência da MJO sobre a Região Centro-Oeste do Brasil, melhorando a divulgação das previsões de Tempo e de Clima e, para realizá-lo, foram necessários analisar os mapas da MJO, as anomalias de radiação de onda longa (ROL), dos ventos em 850 hPa e 200 hPa, da temperatura da superfície do mar (TSM) e da precipitação, extraídos no site do Instituto Nacional de Meteorologia - INMET e do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC.

SOBRE A OSCILAÇÃO DE MADDEN E JULIAN (MJO)

Madden e Julian (1971 – 1972) aplicando análises espectrais e espectral cruzada nos dados diários de radiossondagem de quase 10 anos de algumas estações no Pacífico Tropical Oeste, detectaram oscilações com período de 40 – 50 dias, a qual ficou conhecida como Oscilação de Madden e Julian. Estas oscilações caracterizam-se por um deslocamento de oeste para leste de uma célula zonal de grande escala termicamente direta que causa variações na convecção tropical. Em 1972, apresentaram graficamente uma ilustração destas variações no tempo e espaço e os distúrbios associados à MJO (ver fig.1).

Figura 1 - Esquema das variações em espaço e tempo da perturbação relacionada com a MJO. As letras A e E referem - se aos tempos em que a Ilha de Canton apresenta baixa e alta pressão, respectivamente, e as demais letras a tempos intermediários.(Fonte: Madden e Julian (1972).

Alguns estudos comprovam a propagação da MJO através da anomalia da Radiação de Onda Longa (ROL), estendendo-se desde o Oceano Índico até o Pacífico Equatorial Central (Weickmann 1983; Weickmann et all., 1985; Kayano e Kousky, 1992; Kousky e Kaiano 1993, 1994).

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A MJO influencia fortemente os padrões da precipitação associados com os ventos mansônicos da Ásia e da Austrália, e moderadamente na América do Norte e na América do Sul (Yasunari 1979; Lau e Chan 1986; Nogués-Paegle et al 2000; Higgins e Shi 2001; Jones e Carvalho 2002)

Sobre a América do Sul, a MJO está relacionada com as variações, posições e intensidade de certos fenômenos, por exemplo, a Zona de Convergência do Atlântico Sul – ZCAS (Casarin e Kousky 1986; Kouky e Kaiano 1993, 1994), entre outros.

DADOS E METODOLOGIA

Sabendo-se de quão importante é a meteorologia para a população em geral, nada mais justo do que procurar saber e conhecer melhor sobre os diversos fenômenos meteorológicos que atuam sobre o país. Então, para saber os efeitos da MJO, foi feito uma análise da precipitação sobre a Região Centro-Oeste, somente no período chuvoso, entre os anos de 2000 e 2006, isto é, novembro – dezembro – janeiro – fevereiro – março - abril.

Também, ressalta-se que o estado do Mato Grosso do Sul-MS está sob um regime diferente de precipitação em relação aos outros estados e, o mesmo, não constará neste trabalho e, sim, somente os estados do Mato Grosso (MT), de Goiás (GO) e o Distrito Federal (DF).

A MJO foi analisada na posição de 150W/10W e levou-se em consideração a sua fase ativa no Pacífico Central, a qual indica um sinal de precipitação extremas sobre a América do Sul (Jones, C. et all, 08/2004) e, também, analisou-se as anomalias da precipitação, da radiação de onda longa (ROL), dos ventos em 850 hPa e 200 hPa e da temperatura da superfície do mar (TSM), (Gutierres et all, 2004).

Na estação chuvosa de (00/01), em novembro começou chovendo muito, porém, nos meses seguintes, houve uma redução significativa das chuvas, ficando toda a Região abaixo da média e, a MJO estava na sua fase positiva de + 2. Estas mesmas configurações da MJO ocorreram em 1989, quando a precipitação ficou abaixo da média em toda a Região.

Novamente, na estação chuvosa de (01/02) foi muito irregular, concentrando, de forma geral, as maiores precipitações no mês de fevereiro e, a MJO estava passando de uma fase negativa (-1 em novembro e dezembro) para uma fase positiva (+ 1 em janeiro), ficando nos demais meses numa fase neutra.

Na próxima estação chuvosa (02/03), houve um aumento da precipitação, porém, novamente de forma irregular, ou seja, alternou-se com um mês seco e outro chuvoso. A MJO em meados de novembro e em todo o mês de dezembro estava com + 2, induzindo nestes dois meses, praticamente em toda a Região, uma precipitação bem abaixo da média (- 100 mm).

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O início da estação chuvosa (03/04) foi parecido com a anterior, ou seja, a precipitação ficou abaixo da média climatológica em novembro e dezembro (- 50 mm), regularizando no meses

posteriores. A MJO em novembro estava em sua fase positiva (+ 1) mas, em seguida passou para a fase negativa (- 1,5) (dezembro, janeiro e meados de fevereiro), depois alternou rapidamente em positiva e negativa até o final da estação chuvosa.

Na estação chuvosa de (04/05), somente nos dois primeiros meses (novembro e dezembro) e no mês de fevereiro, ficaram muito abaixo da média (em torno de – 200 mm) em quase toda a Região, normalizando nos outros meses. A MJO nestes dois primeiros meses estava na sua fase positiva de + 1 e estendendo-se até meados de janeiro, em seguida, voltando para a sua fase negativa (- 1,5) até meados de março.

Na última estação chuvosa (05/06), somente em janeiro a precipitação ficou muito abaixo da média ( - 200 mm) em grande parte da Região e, no mês de fevereiro, só no norte e sudeste de GO e em grande parte do DF, ainda permaneceram abaixo da média histórica, (cerca de – 100 mm), mantendo-se dentro da média nos demais meses. Na primeira quinzena do mês de janeiro, a MJO estava em sua fase positiva de até + 1 e, na segunda quinzena de janeiro e fevereiro numa fase negativa de até – 2, voltando a uma rápida fase positiva de até +2 da segunda quinzena de fevereiro até o início de março, restando para os demais dias uma fase neutra da MJO

CONCLUSÕES

No período aqui analisado, percebe-se que houve uma certa evidência ou influência da MJO, esteja ela em sua fase positiva ou negativa. Porém, nos seus extremos, a MJO atuou com maior clareza, intensificando ou enfraquecendo os sistemas meteorológicos sobre a área em estudo e, nas fases neutras, não dá para afirmar a sua influência, pois não há indícios de sua atuação. Estas evidências também foram constatadas pelas anomalias da ROL e dos ventos em 850 hPa e 200 hPa (Gutierres et all, 2004).

Logo, conclui-se que a MJO exerce uma influencia no regime pluviométrico da Região Centro-Oeste do país, porém, com certas restrições na sua fase neutra, onde não há certeza de sua presença sobre a Região, pois, seus sinais mais evidentes durante o período estudado, foram nas fases extremas e bem definidas.

SUGESTÃO DO AUTOR

Sugere que deve-se fazer um estudo sobre:

- o que faz esta onda ora passar ora mais ao sul, ora mais ao norte da América do Sul em anos normais

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- a forte influência com as TSM´s

- se existe alguma ligação com a célula de Walker - inclusão nos modelos de previsão climática

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Casarin, D. P. & V. E. Kousky, 1986: Anomalias de precipitação no sul do Brasil e variações na circulação atmosférica. Rev. Bras. Met., 1, 83-90.

Elleman, R. 1997: Predicting the Madden and Julian Oscillation Using a Statistical Model.

(unpublished)

Gutierrez, E. R e Cavalcanti, I.F.A - Estudo Preliminar: Comparação das Oscilações Intrazonais do MCGA CPTEC/COLA com as Ondas das Teorias Clássicas de Matsuno e Gill - agosto/2004 – XIV Congresso de Meteorologia – Fortaleza – CE - Brasil

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Kousky, V. E. & M. T. Kayano, 1994: Principal modes of outgoing longwave radiation and 250-mb circulation for the South American sector. J. Climate, 7, 1131-1143.

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Yasunari, T., 1979: Cloudiness fluctuations associated with the Northern Hemisphere monsoon. J.

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www.cpc.ncep.noaa.gov/products/precip/CWlink/daily_mjo_index/mjo_index.html

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ANEXOS

Referências

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