A N A L I S E S DE R E V I S T A S
DADOS REFERENTES AO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO CÓRTEX CEREBRAL HUMANO (SOME DATA CONCERNING THE OROWTH AND DEVELOPMENT OF THE CEREBRAL CÓRTEX IN MAN). A r c h . Neurol. a. Psychiat., 6 4 : 3 7 8 - 3 8 4 , 1 9 5 0 .
O A . estudou o crescimento da superfície livre ou visível d o córtex cerebral, em
1 4 espécimes de indivíduos c o m idade variando de 3 semanas a 2 4 anos. A
deter-minação da área em questão foi feita revestindo-a c o m delgadas folhas de ouro, cuja quantidade permitia, p o r simples cálculo, a obtenção da superfície. V e r i f i c o u que a superfície livre d o córtex cerebral total, cresce depois d o nascimento até ao 6.« ano, com exceção d o lobo frontal, que continua a expandir-se até 1 0 anos. O crescimento é feito entre 0 e 6 anos, em duas fases, exceção feita d o l o b o occipital, c u j o cresci-mento se processa de maneira uniforme. A fase em que o crescicresci-mento é mais rápido, vai de 0 a 2 anos. A fase de crescimento mais lento vai de 2 a 6 anos. A superfície livre cortical total atinge, relativamente ao nascer, o triplo n o fim d o 2.» ano e o quádruplo aos 6 anos. E s t a relação é, p a r a o l o b o frontal, de 3 vezes no 2.* ano e de 4 vezes n o 10.* ano. O lobo temporal apresenta expansão de 3 0 % na 1.» fase e atinge, n o 6.» ano, o triplo de superfície que tem ao nascer. O lobo parietal triplica sua superfície visível ao fim do 2 . ' ano e aos 6 anos torna-se 5 vezes mais extenso. O lobo occipital, entre 0 e 6 anos, aumenta de 3 a 4 vezes sua superfície livre. E m relação à superfície livre total de cada hemisfério tomado separadamente, não foram encontradas, relativamente às curvas de crescimento, diferenças apreciáveis entre um lado e outro.
O A . não faz nenhuma correlação anátomo-fisiológica de seus achados, o que é compreensível considerando-se a precariedade destes dados tomados isoladamente e ainda o fato d o trabalho em questão fazer parte de uma série de pesquisas relativas ao crescimento e ao desenvolvimento do sistema nervoso.
A . SETTE JR.
A s R E M I S S Õ E S N A T O R U L O S E ( R E M I S S I O N A S A F E A T U R E I N T O R U L O S I S ) . H . N . W l L I . A R D
E H . G . WOLPF. J . Nerv. a. Ment. Dis., 1 1 2 : 2 3 7 - 2 3 9 ( s e t e m b r o ) 1 9 5 0 .
"Woiles e B e c k , revendo a literatura e apresentando 4 novos casos, admitem que a infecção p o r Torula histolytica segue dois caminhos: a maioria dos doentes morre em 6 meses, ou então aqueles que sobrevivem ao período agudo, têm um período de vida de 2 a 4 anos.
Os autores deste trabalho apresentam o caso de um paciente que começou a notar perda de apetite, perda de energias e grande irritabilidade. Continuou traba-lhando, mas, 3 meses após, entrou em confusão mental, náuseas, vômitos e d o r no
olho direito. F o i feito o diagnóstico de meningite linfocitária. O liqüido
prati-cou-se a craniotomia, nada se encontrando que explicasse a hidrocefalia. O paciente faleceu algum tempo depois. A necropsia revelou um espessamento da pia-máter na base d o cérebro, e microscopicamente foi evidenciada a Torula histolytica nas lepto-meninges e nas paredes dos vasos. A evolução vista acima não é rara na infecção p o r Torula histolytica. H á uma fase aguda, aparecendo um quadro de meningoence-falite, havendo em seguida regressão dos sintomas, para tempos depois explodir no-vamente o quadro infeccioso, levando o paciente à morte.
ANTONIO BEI
MIOCARDITE NA POLIOMIELITE (MYOCARDITIS IN POLIOMIELITIS). D . M . SPAIN, V . A . BRADESS E V . PARSONNET. A m . Heart. J., 40:336-344 (setembro) 1950.
E m 1 4 casos de poliomielite autopsiados, os autores observaram 12 vezes um p r o -cesso de miocardite, c u j o estádio histopatológico coincidia intimamente c o m a dura-ção da doença. A intensidade de miocardite variava de caso para caso e, num mesmo paciente, de uma área para outra. N a casuística dos autores, não foi possível deter-minar qualquer relação significativa entre a incidência ou o grau do comprometi-mento miocárdico e a idade, sexo o u tipo clínico de poliomielite. Interessante que esses achados histopatológicos de miocardite, com exceção de um único caso, não se traduziam p o r sinais clínicos. A c e i t a m os autores a etiologia infecciosa pelo virus específico na determinação de miocardite.
R . MELARAGNO FILHO
ECLAMPSIAS DO PUERPERIO OU TROMBOFLEBITES CEREBRAIS. JORGE DE REZENDE. Folha Méd., 81:145-146 ( 5 o u t u b r o ) 1950.
D e início, o A . revê rápidamente as doutrinas mais aceitas explicativas da eclampsia, problema da mais alta importância em obstetricia. Chama depois a aten-ção p a r a a assim rotulada "eclampsia tardia do puerperio", denominaaten-ção c o m que se designam todas as manifestações convulsivas que surgen» nos dias ou semanas subseqüentes a o parto, independentemente de sua origem e mesmo na ausência de hipertensão arterial, proteinúria e edemas. O estudo da patologia venosa do encé-falo, principalmente no puerperio, veio trazer luzes para o problema das convulsões no pós-parto. Nesses casos, as convulsões precedem o estabelecimento de déficits motores e se acompanham, regra geral, de fenômenos de hipertensão intracraniana. A síndrome infecciosa soi ser mais discreta e representada apenas p o r moderada hipertermia. O diagnóstico diferencial das convulsões ou hemiplegias do puerperio deve ser feito entre as tromboflebites cerebrais, tumores cerebrais e meningoencefa-lites. O prognóstico das tromboflebites cerebrais melhorou extraordinariamente com os recursos terapêuticos modernos.
R . MELARAGNO FILHO
NEURITE ÓPTICA RETROBULBAR E OSTEOMA DO SEIO FRONTAL (NÉVRITE OPTIQUE RÉTRO-BULBAIRE ET OSTÉOME DU SINUS FRONTAL). M . BERGER. R e v .
d'Oto-Neuro-Ophtal-mol., 22:523-528 (agôsto-setembro) 1950.
corres-pondente a um homem de 52 anos, c o m neurite ótica retrobulbär esquerda, no qual as radiografias demonstraram um osteoma d o seio frontal, c o m integridade de todos os demais seios. A p ó s a intervenção cirúrgica, houve melhoria rápida da acuidade visual, embora o aspecto atrófico d o olho afetado não houvesse sofrido grandes modi-ficações. Estuda B e r g e r a freqüência e o mecanismo com que inflamações d o s seios nasais posteriores provocam neurites retrobulbäres. N o caso registrado, o autor atribui a patogenia das alterações oculares à disposição anatômica particular d o seio frontal de seu paciente, que apresentava um recesso profundo da parede orbitaria súpero-interna, cuja extremidade era contígua ao canal ó p t i c o , o que estabelecia relações diretas e íntimas entre a mucosa sinusal e o nervo óptico com sua bainha meníngea.
R . MELARAGNO FILHO
MANIFESTAÇÕES RADIOLÓGICAS DOS NEURINOMAS DO ACÚSTICO ( T H E ROENTGENOLOC.IC MA-NIFESTATIONS OF AcousTic NEITRINOMA) . B. S. EpsTEiN. A m . J. Roentgenol., 64:
265-276 ( a g o s t o ) 1950.
Os aspectos radiológicos dos tumores d o nervo acústico têm sido algo descuida-dos em virtude da relativa facilidade de seu diagnóstico clínico. Usualmente, esses tumores nascem dentro d o canal auditivo, a partir d o tecido conjuntivo perineural ou endoneural da p o r ç ã o vestibular e, menos freqüentemente, da parte coclear d o 8.» par craniano. Quando o tumor se desenvolve principalmente dentro d o canal auditivo, a ponta d o rochedo torna-se descalcificada e o meato auditivo interno au-menta de dimensões. Se o crescimento da neoplasia se processar fora d o canal audi-tivo, a principal sintomatologia será devida ao comprometimento de outros nervos cranianos e do tronco do encéfalo, enquanto que as manifestações radiológicas serão escassas. N o presente trabalho, Epstein se baseia em acurado estudo rõntgenológico de 21 casos c o m p r o v a d o s de neurinomas d o acústico, dos quais 7 também c o m con-traste pelo ar. A s radiografias simples que maiores elementos fornecem para o diagnóstico de neurinomas d o acústico são aquelas tomadas na incidência de T o w n e e pela p r o j e ç ã o d o ápice das pirâmides através das órbitas. Informações positivas podem ser, então, fornecidas em 3 0 % dos casos. Raramente se verificam desloca-mento da pineal e sinais radiológicos de hipertensão intracraniana. Na série d o autor, observou-se, em dois casos, pela incidência de T o w n e , a erosão do processo clinóideo posterior ipsilateral. Igualmente, a incidência de Stenvers, tomada em 15 pacientes, apenas demonstrou alterações em dois casos.
Diversas alterações pneumencefalográficas foram registradas. E m primeiro lu-gar, contrastando c o m a falta de sinais radiológicos de hipertensão intracraniana às radiografias simples, verifica-se constante dilatação, simétrica, dos ventrículos late-rais. Muito mais raramente, observam-se elevação e distorção d o s cornos temporal e occipital d o mesmo lado, assim como impressões n o atrium. N a s radiografias de perfil, nota-se, com bastante freqüência, dilatação d o terceiro ventrículo, com aumen-to de sua base. E m algumas vezes, pode-se observar deslocamenaumen-to lateral desse ven-trículo, ou impressões na sua face póstero-inferior determinadas pela protrusão de baixo p a r a cima através da cissura da tenda. O estudo d o aqueduto de Sylvius de-monstra, com relativa freqüência, deslocamentos para trás e para o lado o p o s t o ; eventualmente, aparecem sinais de bloqueio completo em sua p o r ç ã o superior ou de torção d o aqueduto, com diminuição d o seu calibre. O quarto ventrículo p o d e estar deslocado lateralmente, para trás, ou torcido sobre seu p r ó p r i o eixo. Seu pavimento p o d e permanecer chato ou apresentar convexidade dorsal. A cisterna posterior em geral fica normal; outras vezes, torna-se mais estreitada. A l g u m a s vezes, também as radiografias contrastadas podem ser totalmente normais.
RELAÇÃO E N T R E BRUCELOSE E ESCLEROSE E M PLACAS (RELATION OF BRUCELOSIS AND M U L -T I P L E scLEROsis). C. G . SPICKNAI.L, L . T . KURLAND, B . N . CARLE E L . L. THER-RY. J. A . M . A . , 148:1470-1473 ( a g ô s t o 26) 1950.
B R U C E L O S E E ESCLEROSE E M PLACAS ( B R U C E L L O S I S AND MULTIPLE SCLEROSIS). C. WESLEY EIBELE, N . B . M e CULLOUGH K G. A . BEAL. J. A . M . A . , 148:14731474 ( a g ô s
-to 2 6 ) 1950.
E m 1948, K y g e r e H a d e n sugeriram possível relação entre a brucelose e a escle-rose múltipla, baseados na positividade da intradermo-reação c o m o antígeno da bru-cela em 115 d o s 118 pacientes c o m esclerose múltipla estudados na Cleveland Clinic. Spicknall e c o l . praticaram a intradermo-reação para brucelose em 20 doentes c o m esclerose em placas. E m estudo comparativo c o m 2 0 testemunhos, o número de rea-ções positivas p a r a os antígenos da brucela e dos títulos de aglutinação positiva não revelou diferenças sensíveis em ambos os grupos. Essas conclusões são corroboradas p o r Eisele e c o l . que, seguindo a mesma ordem de idéias, praticaram, em 62 pacientes de esclerose múltipla, provas de aglutinação para brucelose, provas opsonocitofágicas e testes cutâneos brucelígenos. Os resultados demonstraram não haver respostas imunológicas ou alérgicas significativas para a brucela. A incidência de resultados positivos foi mesmo inferior à verificada nos testemunhos.
R . MELARAONO FILHO
MALFORMAÇÃO CONGÊNITA DA TRANSIÇÃO OCCÍPITO-VERTEBRAL. ESTUDO ANÁTOMO-CLÍ-NICO DE UM CASO DE OCCIPITALIZAÇÃO DO ATLAS COM PLATIBASIA (MALFORMATION CONGÉNITALE DE LA CHARNIÈRE OCCIPITO-VERTÉBRALE. ÉTUDE ANATOMO-CLINIQUE D'UN CAS D'OCCIPITALISATION DE L'ATLAS AVEC PLATYBASIE). A . RICARD, P. F. GIRARD, J. L. BONNET E R . REPLUMAZ. L y o n Chir., 44:679-692 (novembro - dezembro)
1949.
O sistema f o r m a d o pelo occipital, atlas e áxis, com as respectivas articulações, p o d e ser sede de numerosas anomalias: estas p o d e m afetar qualquer desses elemen-tos, sem interessar propriamente à transição vértebro-craniana e, nesses casos, não são consideradas no presente trabalho. Estudam os A A . três ordens de anomalias:
1 ) as fusões totais ou parciais de duas ou três peças ósseas d a charneira, c u j o tipo
mais freqüente é a assimilação ou occipitalização d o atlas; 2 ) as deformações do orifício occipital, c u j o tipo mais clássico é representado pela invaginação do orifício occipital n o interior da fossa craniana posterior (impressão basilar) ; esta se acom-panha habitualmente de angustiamento d o orifício occipital e, quando assimétrica e desigual, de deformação desse orifício; 3 ) os deslocamentos atlóido-axoidianos, em que o c o r p o d o áxis deslisa para a frente, acarretando a báscula para trás da apófise odontóide, c u j o ápice ameaça a parte inferior d o tronco cerebral. Desaparecem as facetas articulares entre o atlas e o dente d o áxis, e os ligamentos que normalmente mantêm no lugar a apófise odontóide são substituídos p o r tecido fibroso.
Essas diferentes malformações podem-se associar entre si e com outros tipos de anomalias, ósseas ou d o neuro-eixo. N a maioria dos casos, existe compressão d o bulbo e da medula, devido, quer ao angustiamento d o orifício occipital, quer à saliên-cia insólita da apófise odontóide, quer ao engasgamento das amígdalas cerebelares. Excepcionalmente, as anomalias em estudo p o d e m reconhecer outra etiologia que não a congênita e disgênica.
con-sistír em sinais eerebelares, nistagmo, sinais piramidais, paralisia d e nervos cranianos inferiores e nervos cervicais altos e, p o r vezes, em hipertensão intracraniana. Distúr-bios d a sensibilidade objetiva s ã o verificados em mais raras vezes.
A p u n ç ã o lombar mostra, habitualmente, ligeira dissociação albumino-citológica e bloqueio parcial; a mielografia deve ser feita em mesa basculante e vem c o m p r o v a r esse bloqueio d o orifício o c c i p i t a l ; o lipiodol consegue passar na frente d o bulbo, mas a parada é completa na sua parte posterior. O estudo radiológico é o único m é t o d o semiológico seguro p a r a confirmar o diagnóstico, devendo-se usar d e incidên-cias especiais d o s raios p a r a avaliar o estado das articulações occipital e atlo-axoidiana.
O caso apresentado pelos A A . , c o m impressão basilar característica, foi o p e r a d o
e o pós-operatório decorria normalmente, sem qualquer sinal d e sofrimento bulbar, quando, após 48 horas, o doente faleceu sem razão aparente. R e v e n d o a literatura, em 25 casos operados, a mortalidade f o i d e 36% e, em todos o s casos fatais, as circunstâncias d a morte foram idênticas às d o paciente estudado pelos presentes auto-res. P a r a estes, o verdadeiro p e r i g o d a intervenção parece ser o deslocamento da articulação atlo-axoidiana; a retirada dos arcos posteriores d o atlas e d o áxis faci-lita o desligamento para a frente d o áxis, c o m conseqüente báscula para trás da apófise odontóide e compressão d o bulbo. P r o p õ e m , então, sólida fixação d o occipital c o m a apófise espinhosa d o áxis ou da terceira vértebra cervical.
R . MELARAGNO FILHO
DIASTEMATOMIELIA (DIASTEMATOMYELIA). E . B . D . NEDHAUSER, M . H . WITENBORG E K . DEHLINGER. R a d i o l o g y , 64:659-664 ( m a i o ) 1950.
A diastematomielia, malformação congênita geralmente associada c o m desenvolvi-mento anormal das vértebras, f o i caracterizada radiologicamente pelos A A . Os pondilogramas mostram, a o nível d a diastematomielia, alargamento fusiforme d o s es-paços interpedunculares e d o canal raqueano, alargamento esse que se estende p o r 3 o u 6 segmentos adjacentes. E m muitos casos havia um esporão ósseo o u fibrocar-tilaginoso n o centro d o canal espinhal alargado, o qual foi visualizado nas incidências sagitais, apresentando-se c o m o u m pequeno fragmento ósseo linear, d e contornos irre-gulares, c o m cerca d e 10 a 15 m m d e comprimento. Raramente esse septo ósseo é visualizado nas radiografias d e perfil. V á r i a s outras, anomalias p o d e m existir nos corpos e arcos vertebrais, principalmente nas proximidades d a m a l f o r m a ç ã o : vértebras não segmentadas ou hipoplásticas, c o m diminuição d o espaço intervertebral d e -terminando cifose ou escoliose; dupla hemivértebra; arcos vertebrais a t í p i c o s ; fusão anormal das lâminas e espinha bífida.
A mielografia mostra que, geralmente, associado c o m a espicula óssea há um tecido fibroso ou fibrocartilaginoso alargando o septo e aderências aracnóideas determinando modificações na coluna d e Pantopaque. O p r ó p r i o septo determina um d e -feito d e enchimento arredondado ou irregular na parte central d a coluna opaca. Quando o esporão ósseo n ã o está presente, é indicada a prática d e mielografia para o diagnóstico d a malformação, em pacientes que apresentam alargamento d o canal raquiano, associado c o m desenvolvimento anormal das vértebras. C o m o aumento da idade, o diagnóstico se torna mais difícil pela radiografia simples e mesmo pela mielografia, em virtude das condições anormais d a coluna que se associam à diaste-matomielia e q u e determinam cifoscoliose, dificultando a visibilidade d o defeito. O diagnóstico diferencial é feito, principalmente, com os tumores medulares.
hidrocéfalo. A diastematomielia é mais freqüente na região lombar, tendo sido, p o -rém, observada na 7.» dorsal. Clinicamente, tem sido observado comprometimento da inervação dos membros inferiores e distúrbios esfinctéricos. A o nascimento pode haver defeito cutâneo, lembrando a espinha bífida, mas nenhuma anomalia se verifica, geralmente, nessa época. Posteriormente, há retardo da deambulação e o exame p o -derá então mostrar déficit em uma o u nas duas pernas; atrofia das extremidades e pé cavo são freqüentemente observados.
N a revisão d a literatura, Herren e E d w a r d s coligiram 42 casos, que eles consi-deraram como verdadeiros, de diplomielia. D e s d e então foram observados mais 9 casos. Maxwell e B u e y verificaram que somente 4 d o s casos relatados, foram diag-nosticados antes da autópsia.
CELSO PEREIRA DA SILVA
DIAGNÓSTICO DE HÉRNIA DO ENCÉFALO NO CANAL RAQUEANO — DEFORMIDADE DE
AR-N O L D - C H I A R I PELA MIELOGRAFIA COM PAAR-NTOPAQUE (ROEAR-NTGEAR-N DIAGAR-NOSIS OF HER-NIATION OF THE BRAIN INTO THE SPINAL CANAL A R N O L D - C H I A R I DEFOBMITY BY
PANTOPAQUE MYELOGRAPHY). J. R . LEWIN, H . T . WYCIS, B . R . YOUNG. R a
-diology, 54:591-594 ( a b r i l ) 1950.
A deformidade d e Arnold-Chiari, quando acompanhada d e anomalias ósseas da fossa craniana posterior e da coluna cervical alta, como ocorre na maioria das vezes, p o d e ser diagnosticada pela radiografia simples dessas regiões. Casos há, porém, em que a deformidade se apresenta desacompanhada dessas anomalias esqueléticas, tor-nando difícil o diagnóstico, pois o quadro clínico que ela determina é susceptível de ser confundido c o m processos que afetam o cerebelo, a ponte e a medula cervical alta. D a í a importância que adquire qualquer meio de exame que contribua para fazer o diagnóstico diferencial.
Os A A . , no presente trabalho, trazem uma contribuição nesse sentido. Eles se serviram da mielografia como meio auxiliar d e diagnóstico em dois casos d e midade d e Arnold-Chiari. É verdade que, nos casos p o r eles estudados, a defor-midade se apresentava associada com uma série de outras anomalias da base d o crânio e d a coluna cervical alta, que permitiam o seu diagnóstico pela radiografia simples. A mielografia trouxe, porém, uma contribuição categórica para a positi-vação d o diagnóstico. Tratava-se d e um paciente c o m queixa d e d o r no pescoço irradiando-se para o vértex e para o s ombros, acompanhada de sensação de adorme-cimento nos dedos e membros inferiores. O esforço da tosse aumentava a sensação de desconforto o c c i p i t a l ; depois surgiram dificuldades respiratórias e de deglutição. N ã o havia história recente d e trauma. Apresentava marcha escarvante, anestesia em toda a região occipital, hiperreflexia profunda à direita e nistagmo horizontal; li-quor claro, c o m pressão d e 80 mm d e á g u a ; porteínas 110 m g p o r 100 cm3. Ausência de bloqueio parcial ou total. A radiografia simples revelou impressão basilar, asso-ciada com múltiplas anomalias d e desenvolvimento da coluna cervical superior. A mie-lografia c o m Pantopaque evidenciou bloqueio parcial ao nível das vértebras cervicais anômalas. Esse bloqueio era determinado p o r u m a formação com b o r d o inferior l o -bulado, tendo uma incissura central. F o i então confirmado o diagnóstico d e defor-midade de Arnold-Chiari. N a operação f o i verificada a existência d e pequenos ves-tígios d e tonsilas cerebelares projetadas, através d o buraco occipital, ao nível d o s c o r p o s fundidos d e C2 e C3. A s raízes cervicais a esse nível estavam comprimidas e
deslocadas para baixo, juntamente c o m as tonsilas herniadas. Essas raízes foram seccionadas bilateralmente e as tonsilas, ressecadas. A anatomia patológica revelou, nas tonsilas, esclerose das meninges, não havendo modificações parenquimatosas. P ó s -operatório normal, restando anestesia na zona d e distribuição de C2. O segundo caso sobrepõe-se a esse.
TRATAMENTO DOS TUMORES DA PINEAL. RESULTADOS EM 22 casos (TREATMENT OF
TU-MOURS OF T H E P I N E A L BODT. E x P E R I E N C E I N A SERIE OF T W E N T Y - T W O CA8ES).
G. HORRAX. A r c h . Neurol. a. Psychiat., 64:227 ( a g o s t o ) 1950.
O diagnóstico e o tratamento dos tumores da pineal são discutidos pelo A . , num estudo de 22 casos. E m 13, o diagnóstico foi confirmado p o r o p e r a ç ã o ou necrosco-p i a ; nos outros, necrosco-pela combinação de sinais neurológicos e ventriculográficos. Os necrosco- pri-meiros s ã o : cefaléia, vômitos, perturbação visual, ocasionalmente sinais cerebelares e, às vezes, diabete insípido. Puberdade p r e c o c e é um quadro que aparece nos tumo-res da pineal nos meninos, mas não è constante. U m dos sinais mais característicos é a síndrome de Parinaud e a abolição d o reflexo f o t o m o t o r , c o m acuidade visual praticamente normal. O diagnóstico ventriculográfico é feito pela dilatação dos ven-trículos laterais e parte anterior do I I I ventrículo e falha de enchimento na parte posterior do mesmo.
O melhor tratamento é a craniectomia descoinpressiva temporal combinada à ra-dioterapia. Se a radioterapia não surtir efeito, deve-se tentar a extirpação, apesar da mortalidade ser elevada. A via de eleição é a secção d o c o r p o caloso, após afas-tamento ou mesmo ressecção de um dos lobos occipitais. D e 22 doentes operados só 3 tiveram sobrevida de 3 a 10 anos. E m 12 pacientes foi feita descompressão ou biópsia apenas e, destes, 4 morreram no 1.« ano. U m tinha sido operado apenas há 3 meses e os demais tinham sobrevida de 2 a 15 anos. O autor não fax referência à ventriculocisternostomia de Torkildsen, que parece substituir c o m vantagem a cra-niectomia descompressiva nos casos de tumores da glândula pineal.
P. MANGABEIRA ALBERNAZ FILHO
TRATAMENTO CIRÚRGICO DOS TUMORES DO NERVO ÓPTICO; REGISTRO DE UM CASO. (SUR-GICAL TREATMENT OF TUMORS OF THE OPTIC NERVE11 REPORT OF A CASE). P. C. BUCY; J. R . RUSSEL; F. M . WHITSELL. A r c h . Ophthalmol., 44:411-418
(setem-b r o ) 1950.
Os A A . , num breve resumo, apresentam os caracteres clínicos e anátomo-patoló-gicos dos tumores d o nervo óptico, revelando alguns dados interessantes, tais como a possibilidade de haver tumor sem existir edema de papila, queda acentuada da acuidade visual, alterações d o buraco ó p t i c o , sinais de atrofia ó p t i c a ; p o d e haver alterações campimétricas próprias da zona quiasmática quando o tumor chega até aí. D o i s d o s tumores são gliomas, e os restantes, quase todos, meningiomas.
Apresentam as desvantagens da via orbitaria, tão a g o s t o dos oftalmologistas, desvantagens estas que p o d e m ser resumidas no seguinte: nela não há exposição da p o r ç ã o d o nervo ó p t i c o situada no buraco ó p t i c o e da intracraniana, limitando assim o c a m p o operatório, o que não deixa de ser importante, pois, na bibliografia que apresentam, mostram que tumores extirpados somente na região intra-orbitária, pos-teriormente comprometeram as outras porções, principalmente a intracraniana. E s t e fato é comum, pois a evolução dos tumores d o nervo ó p t i c o quase sempre é lenta, e â simples enucleação d o globo ocular com a parte tumoral desta p o r ç ã o , mascara, às vezes p o r anos, o crescimento da p o r ç ã o intracraniana. A via transfrontal elimina estes inconvenientes, j á que expõe abertamente o nervo ó p t i c o em todas suas porções, inclusive a quiasmática, permitindo a extirpação d o tumor e o controle anatomo-patológico, pela extirpação de porções d o nervo limítrofe c o m o tumor. P o r fim, apresentam um caso concreto n o qual esta via foi usada, documentando com o exame anátomo-patológico da peça tumoral. Terminam dizendo que não se p o d e excluir a c o o p e r a ç ã o d o oftalmologista, sendo necessária a sua atuação num segundo tempo para a enucleação d o globo ocular.
CIRURGIA DA MOLÉSTIA DE PARKINSON: SECÇÃO COMPLETA DO CORDÃO LATERAL DA MEDULA PARA o TREMOR (SUROERY IN PARKINSON'S DISEASE: COMPLETE SECTION o r LATERAL COLUMN o r THE s p i N A L CORD FOR TREMOR). O. C. LESLIE. Lancet, 6610:847 ( 6
m a i o ) 1950.
Com a experiência de 79 cordotomias para tratamento de tremor parkinsoniano o autor chega à conclusão que os melhores resultados são obtidos c o m seleção cuida-dosa d o s casos e secção completa d o c o r d ã o lateral a o nível de C * A observação de que, nos casos o p e r a d o s segundo a técnica de Putnam, os resultados eram melhores quando havia sinais d o feixe eSpinotalâmico lateral ter sido atingido, levou o autor a realizar a presente operação.
A s condições p a r a o paciente ser submetido a este tratamento s ã o : 1 ) parkinsonismo rigorosamente unilateral; 2 ) estado mental d o paciente (avaliar se o p a -ciente está em condições de se beneficiar c o m uma melhora apenas d o tremor o u se a anestesia termalgésica decorrente d a o p e r a ç ã o não vai incomodá-lo mais que o t r e m o r ) . A secção da medula é feita a partir da emergência de uma raiz posterior, dirigindo-se para a frente e para dentro num ângulo de 45* até o meio da medula e então o corte é continuado até a emergência de uma raiz anterior. Fica assim seccionado t o d o o c o r d ã o lateral. N o pós-operatório há hemiplegia temporária, he-mitermanalgesia definitiva e síndrome de Claude Bernard H o r n e r , que melhora depois. O tremor desaparece completamente no pós-operatório imediato. A o regredir a he-miplegia, p o d e aparecer um leve tremor quando o paciente é excitado de maneira fora d o comum. Este tipo de operação foi feito em 18 pacientes. Como complica-ção, o A . cita retenção urinária transitória, acrocianose e parestesias.
PAULO MANOABEIRA ALBERNAZ
SECÇÃO DO CORPO CALOSO NA EPILEPSIA EXPERIMENTAL NO MACACO (SECTION OF CORPUS CAM.OSUM IN EXPERIMENTAL EPIXKPSY IN THE M O N K F . Y ) . N . K O P E T . O F F , M . K E N -XARD, B . PACELLA E L . M . KOPELOFF. Arch. Neurol. a. Psychiat., 68:719-27
( m a i o ) 1950.
O papel da via comissural d o c o r p o caloso na transmissão da descarga epiléptica entre um e outro hemisfério cerebral tem sido estudado experimentalmente desde
1940, com alguns resultados aparentemente discordantes. Assim é que V a n Wagenen
e Herren ( 1 9 4 0 ) em pacientes epilépticos, Ericsson ( 1 9 4 0 ) em macacos submetidos à excitação elétrica cortical, Curtiss ( 1 9 4 0 ) em gatos e macacos submetidos a d r o g a convulsivante, concluíram que a secção d o c o r p o caloso impede a difusão d o estímulo para áreas d o hemisfério o p o s t o e, portanto, mantém a crise epiléptica unilateral. Já O b r a d o r A l c a d e ( 1 9 4 2 ) em gatos, usando também o estímulo elétrico p a r a p r o -duzir a convulsão, concluiu que a secção d o c o r p o caloso não modifica o caráter fundamental d a crise e que essa via comissural não c essencial na transmissão d o ataque epiléptico, assim como H o e f e r e P o o l ( 1 9 4 3 ) , em gatos e macacos, opinam também que as descargas corticais durante a anestesia barbitúrica persistem iguais, mesmo com secção d o c o r p o caloso. Os A A . , em trabalho anterior (1942, 1 9 4 7 ) , j á mostraram que o ó x i d o de alumínio c o l o c a d o sobre o córtex provoca f o c o epileptó-geno, clínica e eletrencefalogràficamente c o m p r o v a d o , cuja descarga, d e início local, se difunde para as vizinhanças e é conduzida para áreas d o hemisfério oposto.
ele-vado potencial, ondas "sharp") no eletrencefalograma. N u m caso em que persistiu a l g o dessa repercussão, a secção d o c o r p o caloso n ã o havia sido completa (verifica-ç ã o anatômica d e t o d o s o s c a s o s ) . A sec(verifica-ção d o c o r p o caloso n ã o modificou o E E G normal nos 3 macacos em que tais exames foram feitos antes d a epilepsia p r o -vocada.
Com esses resultados, o s A A . concluem que a secção d o c o r p o caloso impede a c o n d u ç ã o d o impulso epiléptico d o córtex d e um hemisfério para o d o oposto, e que nesses casos o ataque tornase muito mais facilmente desencadeável p o r estímulos e x -ternos n o hemisfério doente, fato este talvez explicável pela falta d e "ação inibidora" das áreas contralaterais.
P. PINTO PÜPO
A MESANTOÍNA NA EPILEPSIA ( M E S A N T O I N E P I L E P S Y ) . N . A . B E R C K L , B . F i N E S I L V E R ,
P . S O L O M O N , E . S O M E R F E L D Z l S K I N D E E . Z l S K I N D . J. A . M . A . , 1 4 3 : 1 4 6 0 - 1 4 6 2
( a g o s t o 26) 1950.
A p e s a r de algumas complicações tóxicas terem sido registradas, o valor terapêutico d a mesantoína (3metil5, 5feniletilhidantoína) f o i reconhecido em diversas p u -blicações. Neste trabalho, seus autores determinaram os tipos d e ataques mais sen-síveis a o emprego da mesantoína e sugerem medidas a fim de evitar quanto possível suas complicações. Administraram a d r o g a em 80 pacientes, durante um período d e dois anos; desses doentes, 8 perderamse d e vista. T o d o s esses pacientes foram m i -nuciosamente examinados e as provas paraclínicas indicadas foram praticadas. E m 63 casos, a etiologia não p ô d e ser reconhecida. D o s casos sintomáticos, 11 eram trau-máticos, 4 encefaliticos e 2 neoplásticos. D o total, 32 pacientes receberam mesan-toína apenas, em dose média d e 6 cápsulas de 0,10 g p o r dia. O s outros 48 rece-beram medicação associada, sendo então a dose d e mesantoína d e apenas 4 cápsulas diárias. Verificaram controle completo das crises e m 5 pacientes c o m acessos b r a -vais-jacksonianos. A redução mensal da incidência d o ataque d e grande mal f o i 7 7 % maior que a correspondente aos tratamentos prévios. O número total d e acessos mensais d o pequeno m a l reduziu-se d e 6 5 % , sendo percentualmente maior nos casos de associação c o m o grande mal. A s crises psicomotoras isoladas pioraram c o m o e m p r e g o d a mesantoína, enquanto que as formas combinadas c o m outros tipos d e ataques sofreram redução d e 6 2 % . E m alguns casos em que o s sintomas tóxicos obri-garam a interrupção d e medicações anteriores, o u s o d a mesantoína f o i tolerado e eficiente. Efeitos tóxicos p o d e m o c o r r e r c o m a mesantoína, particularmente quando empregada além d o limiar d a tolerância ou quando associada a fortes medicações anticonvulsivas; desses efeitos, os mais sérios incidem sobre o quadro hematológico. A administração gradual da d r o g a , c o m muitas probabilidades reduz as complicações tóxicas. O s A A . recomendam tentar a terapêutica isolada pela mesantoína, a fim de comparar seu valor em relação aos anticonvulsivantes mais antigos.
R . MELARAGNO FILHO
CONTRIBUIÇÃO AO TRATAMENTO CIRÚRGICO DA EPILEPSIA (CONTRIBUCIÓN AL TRATAMIEN-TO QUIRÚRGICO DE LA EPILEPSIA). A n . Inst. Neurol., 8:7-50, 1949.
saibamos pela primeira vez feita na A m é r i c a d o Sul, constitui o motivo central d o presente trabalho.
Êle se baseia em 13 casos, cujos estudos clínico, radiológico (craniograma, arte-riograma) e eletrencefalográfico foram completos e que, como falhasse a terapêutica medicamentosa, foram levados à mesa cirúrgica. A í usaram a técnica d o estudo d o foco epileptógeno p o r meio da E C G , baixando a intensidade da anestesia barbitúrica ao invés de fazer excitações elétricas corticais, para a sua evidenciação; as vanta-gens deste método são defendidas. D e seus casos — os primeiros que assim operam e, portanto, material clinicamente não favorável (casos com focos muito antigos, ca-sos c o m focos múltiplos) — conseguiram êxito terapêutico em 3 pela extirpação d o f o c o e em 1 pela ligadura da carótida interna (caso de malformação vascular cere-b r a l ) . Chama a atenção o fato de que, em seu material eletrencefalogràficamente estudado ( 1 1 4 c a s o s ) , foi demonstrada lesão focal cerebral em 64, alterações genera-lizadas em 3 5 e em 16 o E E G foi normal. D e 2 4 casos clinicamente diagnosticados como focais foi possível evidenciar eletrencefalogràficamente o f o c o em 21 (87,5%) dos casos.
A l é m deste assunto, o trabalho compreende uma revisão extensa das malforma-ções vasculares encefálicas, com apresentação de 11 casos p r ó p r i o s , para c u j o diag-nóstico usam com êxito a arteriografia cerebral rotineiramente, e uma apresentação de 3 8 casos de cisto hidático cerebral, nos quais só havia crises convulsivas em 4.
P . PINTO PUPO
EXPERIÊNCIAS COM AS LOBOTOMIAS PRÉFRONTAIS UNILATERAIS PARA ALÍVIO DA DOR ( E X -PERIENCES WITH UNILATERAL PREFRONTAL LOBOTOMIES FOR PAIN). S. N . ROWE E J. B . MOYAR. J. Neurossurg., 7:121-126, 1950.
Baseados na experiência de 16 casos de dores incuráveis tratados pela leucotomia pré-frontal, os A A . chegam às seguintes conclusões: 1. É possível, em tais casos, a obtenção de alívio satisfatório e duradouro c o m a intervenção unilateral; 2 . Os pacientes foram operados pela via de acesso superior, sendo que para a obtenção de resultados duradouros é preciso que a secção abranja a parte lateral d o quadrante superior, sob pena d o s resultados serem p o u c o acentuados ou transitórios, reapare-cendo as dores. Estas, em todos os casos cederam a uma segunda intervenção ncuro-cirúrgica, inclusive a leucotomia d o outro l a d o ; 3 . A operação em posição sentada, com o fim de diminuir a hemorragia e o edema cerebral, p o d e ter resultados funestos durante a própria operaçãoj c o m o sucedeu no 1.» caso da série, em um paciente em mau estado geral, que faleceu aparentemente de anoxemia cerebral. 4 . N o pós-ope-ratório observaram embotamento intelectual e afetivo, perda da inibição e dissocia-ção entre ansiedade e dor. Estas alterações duraram de 1 semana a 10 dias e seu desaparecimento em alguns casos coincidia c o m o reaparecimento da dor. 5 . N o s viciados com a morfina, a supressão brusca d o tóxico não causou sintomas de supres-são, a necessidade d o seu emprego retornando c o m a recidiva das dores. 6. Os tes-tes mentais mostraram não haver alterações psíquicas apreciáveis entre o p r é e o pós-operatório. 7 . Esta vantagem, aliada à benignidade d o prognóstico neurocirúr-gico da leucotomia unilateral, mesmo em pacientes debilitados, torna aconselhável o uso da operação unilateral como norma de conduta em casos de dores incuráveis. Os resultados p o u c o satisfatórios p o d e m ser completados p o r outra operação do lobo pré-frontal oposto.
OBSERVAÇÕES SÔRRE A ETIOLOGIA E O TRATAMENTO DA SÍNDROME DE MENIÈRE. (OBSEKVA-TIONS ON TIIE KTÍOT.OGY AND TREATMENT OF MENIÈRE'S SYNDROME). M . ATKIN-SON. J. A . M. A . , 116:1753 ( a b r i l ) 1941.
Segundo o A . , a síndrome de Menière é o resultado de um distúrbio vasomotor, d e v i d o a causa alérgica ou vasospástica. Os pacientes são classificados em alérgicos e vasoconstritores, pelo teste da histamina, que consiste em injetar 0,01 m g de c l o -ridrato de histamina intradérmica e medir o tempo de aparecimento e desapareci-mento, assim como as dimensões do eritema e pápula.
A hipótese de vasospasmo e vasodilatação ao nível das estrias vasculares ( ó r g ã o
de C o r t i ) , não vem dar explicação cabal ao problema de Menière, mas esclarece al-guns fatos. Como características clínicas dos dois grupos de pacientes há o se-guinte: grupo alérgico — teste da histamina positivo, diminuição da sensibilidade la-biríntica, hipoacusia tipo condução, idade j o v e m (30 a n o s ) , tinnitus l e v e ; crise pre-cedida p o r mal-estar e caracterizada p o r p i o r a d o tinnitus e hipoacusia, seguida p o r náuseas e vômitos, e depois melhora dos sintomas cócleares; grupo vasospástico — teste da histamina negativo; hipersensibilidade vestibular no início e hipossensibilidade a seguir; audiograma t i p o p e r c e p ç ã o ou misto. H á aqui dois s u b g r u p o s : a ) doen-tes de idade média, c o m crises em série, separadas p o r longos intervalos, e sujeitos a perturbações vasculares (coronárias e artérias das pernas) e perturbações a b d o -minais; b ) pacientes mais idosos, c o m presbiacusia, tinnitus e crises vertiginosas que vão diminuindo de intensidade j u n t o c o m a audição.
O tratamento no g r u p o alérgico consiste em remover o alergeno ou dessensi-bilizar o paciente, especificamente ou pela histamina em pequenas doses, progressivas e lentas. A cura dos sintomas, principalmente da hipoacusia e d o tinnitus, depende da intensidade das lesões labirínticas. Os pacientes do g r u p o vasospástico obtêm bons resultados com o ácido nicotínico e a tiamina, de a c o r d o c o m os seguintes prin-c í p i o s : 1) via oral p a r a uns, parenteral para o u t r o s ; 2 ) iníprin-cio parenteral; 3 ) nos indivíduos jovens e de meia idade, o ácido nicotínico é o medicamento ativo; 4 ) nos idosos, a ação sedativa da tiamina é o mais importante; 5 ) paciência e perseverança d o médico e doente; 6) dieta hiperproteica e hipervitamínica; proibir o cigarro. O tratamento p o r via oral é mantido longo tempo, no mínimo seis meses. O ácido nicotínico é vasodilatador dos pequenos vasos e capilares; a histamina em pequenas doses é dessensibilizante e antialérgica; em grandes doses, é vasodilatadora e age nas crises agudas de vasoconstrição. D a í , a necessidade d o teste histamínico intra-dérmico, e a escolha da técnica terapêutica. E m 19 casos de síndrome de Menière o A . obteve 17 resultados bons c o m esta orientação terapêutica, sem modificar a in-gestão de líquidos e de sais de potássio e de sódio.
ANTONIO CORRÊA
SÍNDROME DE MENIÈRE; NOVA DROGA PARA CONTROLE DA CRISE ACUDA (MENIÈRE^ SYN-DROME; A N E W DRUG FOR CONTROI O F TIIE ACUTE ATTAC K ) . M . A T K I N S O N . Ardi. Otolaryngol., 51:312-315, março 1950.
200 e 150 m g mais bromidrato de escopolamina (0,3 m g ; tomar 1 cápsula de V - 1 2
no inicio da crise; não melhorando, tomar 2.* cápsula daí a 3 0 minrrfos e, se neces-sário, 3.» cápsula depois de uma h o r a ) . Quando não foi obtida cura total, na nova crise foi utilizada V - 1 2 mais escopolamina; e quando o resultado não foi satisfatório, foi utilizada V - 1 2 mais 5 0 m g de riboflavina.
Em 21 de 3 2 pacientes houve completa cura em mais de 60 crises vertiginosas.
A associação c o m escopolamina não modificou o resultado para melhor. A associação
com riboflavina determinou acentuada melhora ou cura em 9 dos l i casos não satis-fatórios c o m V - 1 2 i s o l a d o ; 6 outros casos obtiveram cura completa da crise. Sono-lência foi verificado em 2 casos, e 1 deles teve que abandonar o tratamento. A inje-ção intravenosa determinou completa melhora de 5 crises com náuseas e vômitos, e melhora parcial em 4, p r o v o c a n d o narcose curta, de 5 a 15 minutos.
ANTONIO CORRÊA
A H I S T A M I N A NO T R A T A M E N T O DE CERTOS TIPOS DE CEFALK1A K VERTIGEM SUBSEQÜENTES
À OPERAÇÃO DE FENESTRAÇÃO ( H l S T A M l N E IN T R E A T M E N T OI' C E R T A I N TYPE8 OF
HE AI) ACHE VÉRTIGO FOÍXOWING THE FENESTRATION O P K R A T I O X ) . Ü. E . S l í A M B A U G I I .
A r c h . Otolaryngol., 51:781-785 ( j u n h o ) 1950.
O A . tem usado c o m bons resultados, na cefaléia histamínica ou vascular, a hista-minoterapia pela técnica de Hansel, em doses mínimas, uma ou duas vezes p o r se-mana, suplementada usualmente p o r gotas de solução muito diluída s o b a língua, duas vezes p o r dia.
E m doentes operados de fenestração labiríntica, meses ou mesmo anos após, p o d e aparecer uma série de sintomas isolados o u agrupados, consistindo d e tinnitus pul-sátil o u brusco, c o m sensação de pressão n o ouvido o p e r a d o ; vertigem ligeira nos movimentos r á p i d o s ; queda de audição n o ouvido operado e cefaléia ou d o r auricular. Estes sintomas, contínuos ou c o m remissões, não são acompanhados p o r alterações patológicas à otoscopía. A histaminoterapia pela técnica de Hansel freqüentemente melhora ou cura estes sintomas; assim, em 3 7 0 casos bem controlados, o A . obteve
6 1 % de melhoras o u curas, imediatamente ou dentro de alguns dias. A dose efetiva
variou entre 0,1 m l da diluição de 1:1 milhão e 0,1 m l de 1:1 bilhão. Como regra, nota-se efeito na primeira i n j e ç ã o ; as gotas sublinguais parecem prevenir recorrên-cias sintomáticas. E m alguns pacientes a histaminoterapia não tem o mesmo valor, em novas recorrências.
A síndrome apresentada pelos pacientes lembra o complexo sintomático de M e
-nière, e provavelmente será também uma hidropisia labiríntica, p o r possível sensibi-lização local dos tecidos à histamina libertada n o ato cirúrgico. E m alguns casos a dieta acloretada e cloreto de potássio oral melhoram a sintomatologia; em outros, o uso de anti-histamínico (cloridrato de tripelanamina) não deu resultado.
ANTONIO CORRÊA
VITAMINA B ,2 E EXERCÍCIOS DE COORDENAÇÃO XA DEGENERAÇÃO DORSOLATERAI, DA MEDI/A XA ANEMIA PERNICIOSA (VITAMIN B1 2 AXD CO-ORDINATION EXERCISES FOR COMBIJÍED DEGENERATIOX OF THE SPINAL CORO IN PERNICIOUS ANEMIA). H . W . "WOLTMAX.
Collected P a p e r s , M a y o Clin., 41:280-285, 1949.
neu-rológicas e digestivas. Fizeram injeções intramusculares de 0,01 m g diariamente ou
em dias alternados por 3 a 6 meses, depois uma dose de manutenção de 0,01 a 0,02 m g
p o r semana. A c r e d i t a m que doses maiores se mostrem mais eficazes.
Os exercícios de coordenação, j á preconizados p o r Murphy, mereceram neste ar-tigo uma descrição detalhada p o r parte dos autores. Inicialmente, com o paciente deitado de costas, uma das pernas é fletida sobre a coxa, deslizando pelo calcanhar lenta e ritmicamente. Depois, ambas as pernas repetem alternadamente o exercício. Mais tarde, com as melhoras d o paciente, esse exercício é repetido, porém sem que o calcanhar deslise, ficando pois a perna a se m o v e r no espaço livre. Seguem-se exercícios em que os calcanhares são postos alternadamente em posições diversas da perna oposta. Estes exercícios de coordenação tornamse progressivamente mais c o m -plexos, com acréscimos de movimentos de abdução e adução. Finalmente, os exercí-cios que exigem coordenação máxima ao lado de uma contração muscular mínima, são tentados, terminando o paciente p o r conseguir acompanhar o dedo d o treinador em seus diversos movimentos pelo espaço. Cada exercício é repetido não mais que 4 vezes cada 3 horas, evitando-se c o m isso a fadiga. Mais tarde, esses exercícios são feitos c o m o paciente sentado e, num p e r í o d o mais adiantado de melhoras, exercícios de ambulação: primeiro p a r a os lados, depois para a frente e para trás, no início com apoio e finalmente sem êle. N o princípio, há tendência para andar muito de-pressa, o que deve ser corrigido. P a r a os casos em que existem atrofias musculares, os A A . preconizam exercícios c o m sacos de areia ou pesos graduados, para aumentar a força muscular. Os A A . demonstram que a associação da vitamina B,., c o m estes exercícios, permite recuperação melhor, em menor tempo, e em maior número de p a -cientes d o que o uso exclusivo da vitamina B „ .
Segue-se uma descrição das alterações neurológicas mais encontradiças na anemia perniciosa e os resultados detalhados das progressivas melhoras neurológicas em 12 casos, c o m retorno ao normal dentro de um p e r í o d o menor que 9 meses, em vários pacientes. Os A A . terminam afirmando que a degeneração combinada subaguda na anemia perniciosa é perfeita e totalmente reversível, se tratada intensa e p r e c o c e -mente, antes da destruição dos cilindros-eixos.
D . P. PALHANO
CONTROLE n o s EFEITOS TÓXICOS VESTIBULARES DA ESTREPTOMICINA PELA DRAMAMINA (CON-TROL OF VESTIBULAR T O X I C EFFECTS OF STttEPTOMYCIN B Y n R A W A M I N F . ) . L. L. TlT-CIÍE E A . NADY. Dis. of Chest, 18:386-389 ( o u t u b r o ) 1950.
Desde o início da estreptomicinoterapia, efeitos tóxicos sobre o sistema vestibular foram notados, variando desde a perda completa e irreversível da função vestibular, até sua restituição integral ao normal, após o término d o tratamento. A sede peri-férica, central ou mista da lesão labiríntica é ainda discutida; a quantidade total da d r o g a empregada influi muito no desencadeamento dos fenômenos vestibulares. Diversas experiências demonstraram que o uso associado dos anti-histamínicos impedia ou dificultava o comprometimento labiríntico. E m 1949, G u y e Carlins registraram a possibilidade da dramamina prevenir ou reduzir esses efeitos tóxicos.
Titche e N a d y estudam detalhadamente as funções d o 8.» nervo craniano em
n o v e pacientes tuberculosos em tratamento pela estreptomicina. Nenhum deles,
ape-sar das doses elevadas de antibiótico, se queixava de zumbidos ou qualquer outro
-laram alterações significativas. Os autores administraram a dramamina em doses
de 150 a 400 m g diários, de 1 a 28 dias, c o m uma média de 5,3 dias. Os sintomas
acusados p o r 7 pacientes, antes d o uso d a dramamina, variando desde ligeira
sen-sação de "cabeça aérea" até graves vertigens, desapareceram depois de 1 a 7 dias,
com uma média de 3,47 dias. E m dois pacientes, no entanto, não houve remissão
dos sintomas após, respectivamente, 28 e 90 dias, de dramamina, sendo este último
um caso de meningite tuberculosa, sob a ação de doses muito elevadas d o antibiótico.
A contagem dos eosinófilos revelou significativa redução de seu número depois da
dramamina, em relação aos hemogramas anteriores; esse fato c o r r o b o r a a hipótese
de uma ação alérgica da estreptomicina, a qual seria bloqueada pela dramamina.