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FORMALIDADE E INFORMALIDADE NOSMODELOS DE GESTÃO DE RSU EMÁREAS URBANAS: A GRANDE LISBOA EPRESIDENTE PRUDENTE NO PONTALDE PARANAPANEMA/S.PAULO EM ANÁLISE *

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Academic year: 2023

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FORMALID AD E E IN FORMALID AD E N OS MOD ELOS D E GES TÃO D E RS U EM ÁREAS U RBAN AS : A GRAN D E LIS BOA E

P RES ID EN TE P RU D EN TE N O P ON TAL D E PARAN APAN EMA/ S .PAU LO EM

ANÁLISE*

Margarida Vilar de Queirós1 Ma rce lin o An d ra d e Go n ça lve s2

R e s u m o

N est e t ex t o, d iscu t em -se a s d im en sões a m bien t a is e socia is d os sist em a s or g a n iza t iv os d a g est ã o d os R esíd u os S ólid os Ur ba n os (R SU) em duas diferen tes regiões - Gran de Lisboa (Portugal) e de Presidente Prudente no Pontal de Paranapanema/São Paulo (Brasil).

S e bem q u e em a m bos os ca sos d e est u d o se en con t r em for m a s r en ov a dora s n a g estã o a m bien ta l e p rocessos d e in ov a ção social, os op er a d or es, objet iv os, m ét od os e fin a n cia m en t os r esp ect iv os, ev iden cia m a for m a lid a d e in stitu cion a l e a a fir m a çã o d a a gen d a am bien tal do prim eiro caso e a in form alidade e a dim en são social d o s eg u n d o , m a r ca d a p ela o r g a n iz a çã o d a Co o p er a t iv a d o s Trabalhadores Catadores de R esíduos R ecicláv eis.

P a l a v r a s -c h a v e : sist em a s d e g est ã o d e R SU; colet a selet iv a d e r esídu os; coop er ativ a s d e cata dor es.

* Este texto é r esultad o d e r eflexões r ealizad as du r an te estágio d e dou tor am en to jun to Cen tr o de Estudos Geográficos da Un iversidade de Lisboa (CEG/ UL). No período de Março a Agosto de 20 0 5, com apoio da CAPES.

1 Pr of. Au x. Dep ar t am en t o d e Geogr afia d a Facu ld ad e d e Let r as d a Un iver sid ad e d e Lisb oa e investigadora do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa. Faculdade de Letras, Ala m e d a d a U n ive r s id a d e , 16 0 0 - 2 14 Lis b o a . Te l. 2 179 4 0 2 18 . F a x. 2 179 3 8 6 9 0 . E - m a il:

m a r ga r id a q @fl.u l.p t

2 Professor da Un iversidade Federal do Mato Grosso de Sul, Cam pus de Nova An dradina. Doutor em Geografia da FCT/ Unesp de Presidente Prudente-SP-Brasil. Mem bro dos Grupos de Pesquisa, Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT), coordenado pelo Prof. Dr. Antonio Thom az J únior e do Grupo de Pesquisa Gestão Am biental e Dinâm ica Socioam biental (GADIS), coordenado pelo Pr of. Dr . An tón io Cezar Leal. E-m ail: m an dr adepte@n in .ufm s.br

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I n t r o d u ç ã o

Em Portugal, n os an os 1990 , foram defin idos com o prioridades o e n ce r r a m e n t o e e r r a d ica çã o d e lixõ e s , a e xe cu çã o d e in fr a - estruturas de tratam en to e destin o fin al de resíduos sólidos urban os (RSU) e o in cen t ivo à colet a selet iva e r ecicla gem . Pa r a a gest ão in t egr ad a d os RSU e p r ossecu ção d as p r ior id ad es - gr an d em en t e d et er m in a d a s p ela s d ir et iva s com u n it á r ia s d a Un iã o Eu r op éia - for m ar am -se en t id ad es r espon sáveis p elos sistem as d e gestão d os RSU. N o ca s o d o s m u n icíp io s ou a s s o cia çõe s d e m u n icíp ios , a or gan ização p od er ia ser con cession ad a a qu alqu er em p r esa e, n o caso das en tidades m ultim un icipais, os sistem as poderiam ser geridos por em presas con cession árias de capitais m ajoritariam en te públicos.

E m 2 0 0 4 já s e co n t a va m 15 e n t id a d e s in t e r m u n icip a is e 14 m u ltim u n icip ais n o ter r it ór io con tin en t al por t u gu ês p ar a a gestão dos RSU. Atualm en te, os sistem as m odern izados de gestão dos RSU or ien t am -se por objetivos d e r ed u ção d a r esp ectiva p r od u ção, su a r e u t iliza çã o e r e cicla ge m p o r file ir a s , r e co r r e n d o a t é cn ica s sofisticadas de triagem e tratam en to.

A at u al p olít ica n acion al d e r esíd u os ap oia-se n os r efer id os s is t em a s d e ges t ã o d os RSU q u e s e d es en vo lve m co m b a s e em an ter ior es estr u tu r as in st itu cion ais d e base t er r itor ial m u n icipal e obriga a requisitos operacion ais e técn icos específicos, con sen tân eos com as exigên cias d e p r eser vação e d e m elh or ia d a qu alid ad e d o am bien te, desem pen hados por en tidades públicas e/ ou privadas. Na política pública d e r esíd uos n a Gr an d e Lisboa, n ão têm cabim en to e n t id a d e s “n ã o lice n cia d a s ” p a r a o p e r a r n o s s is t e m a s . To d a a estr u t u r a or gan izat iva assen t a em lógicas d e gest ão em p r esar ial e gere-se por objetivos, em que os diversos operadores estão sujeitos a n u m e r o s o s p r o ce s s o s d e co n t r o le p o r via in s t it u cio n a l.

Ten d en cia lm en t e, o em p r ego ger a d o p or est a a t ivid a d e p r ocu r a qu alificar -se.

N o P o n t a l d e P a r a n a p a n e m a / Sã o P a u lo , e s t ã o e m cu r s o algum as experiên cias que en volvem os tr abalh ador es (os catadores de resíduos recicláveis) que têm com o prin cipal atividade econ ôm ica e de subsistên cia a coleta seletiva dos resíduos sólidos recicláveis e r eu t ilizáveis.

No âm bit o d e u m Pr ogr am a d e Colet a Selet iva p r ocu r am -se co n s t r u ir s is t e m a s d e co le t a s e le t iva d o s R SU r e ciclá ve is e r e u t ilizá ve is , p r o cu r a n d o d e s e n vo lve r fo r m a s d e o r ga n iza çã o

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eficien te dos trabalhadores, seja em Cooperativas ou em Associações.

Sim u lt a n e a m e n t e s ã o e q u a cio n a d a s a lt e r n a t iva s p a r a a ge s t ã o in t egr a d a d e r esíd u os sólid os, em esp ecia l d a colet a selet iva e o m an u seam en to d e ater r os.

Es t e t ip o d e in icia t iva s n ã o p r op or cio n a a p en a s r ecu r s os fin a n ceir os ou m a t er ia is à s p op u la ções em p ob r ecid a s, já q u e os catadores e seus fam iliares superam os sen tim en tos de depen dên cia e ga n h a m s e gu r a n ça n a s u a ca p a cid a d e e n q u a n t o co le t ivid a d e organ izada. O valor in trín seco destas com un idades de catadores e as co r r e n t e s d e a p o io r e cíp r o co , a p o ia d a s p e la in icia t iva d a Un iversidade Estadual Paulista - UNESP - en tre outras in stituições d e b a se local (m u n icíp io, p a r óq u ia…) - for t alecem a in t er ação, a ed u ca çã o e a for m a çã o, a o m es m o t em p o e m q u e s e ga r a n t e a su b sist ên cia, t r a b alh o, esp ecialização, solid ar ied ad e e au t on om ia d est es gr u p os. Salien t a-se qu e, n o seio d as in iciat ivas d a UNESP, o b je t iva - s e s u b s id ia r a e la b o r a çã o d e p o lít ica s p ú b lica s q u e con tribuam para a gestão in tegrada de resíduos sólidos, in cen tivar a capacitação de qu ad ros técn icos m un icipais para a im plan tação d e p r ogr a m a s d e colet a selet iva , a or ga n iza çã o d e a ssocia ções e/ ou coop er ativas d e cat ad or es d e m at er ial r eciclável e r eu tilizável n os m u n icíp ios d o Pon t al d o Pa r an a p an em a (SP), r ep r esen t an d o u m gran de ben efício am bien tal e social para a região.

A ge s tã o d e re s íd u o s e m Po rtu ga l

Após a adesão à UE, Portugal en fren tou o repto da in tegração da política de am bien te n as políticas setoriais. Este desafio, n o que respeita à gestão dos resíduos, significou a oportunidade para “limpar”

o país. E os progressos alcan çados foram ím pares assin alan do-se um a p r o fu n d a r e o r ga n iza çã o in s t it u cio n a l n o s e ct o r d o s r e s íd u o s (QUEIRÓS, 20 0 1).

Nest a m a t ér ia , o legisla d or n acion al foi ad ot an d o solu ções estratégicas e em presariais, dan do um n ovo rum o à política para os r esíd u os3. Par a r eestr u tu r ar o setor , foi cr iada a Em pr esa Ger al d o

3 Destaca-se a publicação da Lei-quadro dos resíduos, o Decreto-Lei nº 48 8 / 8 5, de 25 Novem bro, que é reform ulada pelo Decreto-Lei nº 310 / 95, de 20 de Novem bro, e ainda revogada pelo Decreto- Lei nº 239/97, de 9 de Setembro. Importa também referir o Decreto-Lei nº 379/93, de 5 de Novembro, que estabelece o regim e jurídico da gestão das atividades de captação, tratam en to e distribuição d e á gu a p a r a con su m o p ú b lico, d e colet a e t r a t a m en t o e r ejeiçã o e eflu en t es e d e colet a e t r a t a m en t o d e r esíd u os sólid os, p er m it in d o a in t er ven çã o p r iva d a n o d om ín io d a gest ã o d e atividade económ icas de saneam ento básico, sob a form a de concessão e o Decreto-Lei nº 379/ 93, de 5 de Novem bro, que cr iou os sistem as m ultim un icipais (SMM) e m un icipais.

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Fom en to, S.A. (EGF)4. Ao abrigo do Decreto-Lei n º 294/ 94, de 16 de Novembro, a gestão e concessão dos Sistemas Multimunicipais (SMM) é con cession ada a em presas resultan tes da associação de en tidades d o s e t o r p ú b lico e m p o s içã o m a jo r it á r ia n o ca p it a l s o cia l, designadamente a EGF e as autarquias. Os SMM correspondem a cerca de 45% da ár ea do país e in cluem cerca de m etade dos m un icípios portugueses. A EGF5 é respon sável pelo tratam en to e valorização de m ais de 2,5 m ilhões de ton eladas/ an o de resíduos dom ésticos gerados n os SMM, pr oduzid os por m ais de 60 % d a população, em parceria com 140 Mun icípios, em regim e de con cessão (www.adp.pt).

Os r est a n t es sist em a s fica r a m “for a ” d a a t u a çã o d a EGF e con stituíram -se em sistem as m un icipais, cuja gestão, in term un icipal, p o d e s e r e fe t u a d a d ir e t a m e n t e p e lo s m u n icíp io s o u a t r ib u íd a , m edian te con trato de con cessão, precedido de con curso, a en tidade pública ou privada de n atureza em presarial. Nos arquipélagos, foram Associações de Municípios que assumiram a gestão dos RSU. Qualquer um a das referidas en tidades procura cum prir os objetivos im postos ao país derivados da tran sposição para o direito n acion al das Diretivas com u n it ár ias.

Para as en tidades gestoras (e tam bém as reguladoras) do sector d os RSU, o con h ecim en t o d os q u a n t it a t ivos d e r es íd u os , a s u a caracterização e a defin ição de orien tações fun dam en tais para a sua pr even ção e r edu ção con stituíram um a prioridad e. Assin ala-se que em m eados dos an os 1990 , a situação d as operações de gestão d os resíduos era tão precária que, em 1996, as prioridades estabelecidas pelo Plan o Estratégico para a Gestão dos Resíduos Sólidos Urban os (PERSU), foram para além de “lim par o país e acabar com os lixões”, criar n ovos sistem as ad m in istrativos que pu dessem assegu rar um a gestão empresarial dos resíduos. Salienta-se que até à data, as Câmaras M u n icip a is p r o ce d ia m à co le t a d e ce r ca d e 9 5% d o s r e s íd u o s municipais e o destino final mais comum era a eliminação em diversos

4 A EGF é um a sub-holding do grupo Águas de Portugal para o sector dos resíduos. A EGF tem por m issão: 1. estruturar o sector a n ível nacion al; 2. garan tir a susten tabilidade técn ica e fin an ceira dos sistem as m ultim un icipais; 3. pr om over as lin h as estr atégicas par a o sector ; 4. estabelecer um sistem a tar ifár io socialm en te aju stado e 5. cr iar con d ições par a um a ap licação pr ogr essiva da aplicação do prin cípio do poluidor-pagador (EGF, 20 0 5).

5 A atividade da EGF está orien tada para prom over os objetivos fixados pelo PERSU, que passam pela erradicação e selagem das lixeiras existen tes, con strução de infra-estruturas de valorização, tr atam en to e deposição e a gestão destes tecn o-sistem as e lan çam en to e im plan tação da coleta seletiva atr avés de ecop on tos, ecocen tr os e estações de tr iagem (www.adp.pt).

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lixões (cer ca d e 30 0 n o Con tin en te); os ou tr os agen tes tin h am um papel m argin al n a gestão do fluxo de resíduos urban os. O m au estado dos equipam en tos era freqüen te, pelo que se im pun ha um a resposta u r gen t e p ar a in ver t er o at r aso d o p aís em m a t ér ia d e gest ão d os r esíd u os.

At u a lm e n t e , a p o lít ica d e r e s íd u o s d e fin id a p e lo E s t a d o português con tin ua a refletir a estratégia com un itária que se estrutura em torn o de um a hierarquia de prin cípios: 1. preven ção, com especial in cid ên cia p a r a a r esp on sa b iliza çã o d o p r od u t or ; 2 . r ecu p er açã o a t r a vés d a r eu t iliza çã o, r ecicla gem , com p ost a gem e r ecu p er a çã o en ergética e, fin alm en te, 3. elim in ação.

Em sum a, facilitada pela in tegração européia e através de um co n ju n t o d e n o vo s in s t r u m e n t o s n o r m a t ivo s ( Dir e t iva s com u n it á r ia s ), econ ôm icos e fin a n ceir os (com o p or exem p lo, o FEDER e o Fu n d o d e Coesã o), a op or t u n id a d e e p er t in ên cia d a fo r m u la çã o d e u m n o vo e n q u a d r a m e n t o d e ges t ã o d e r e s íd u os ob r igou a o d esen volvim en t o d e in st r u m en t os d e p lan eja m en t o e dim in uiu os fatores de diferen ciação espacial em term os da qualidade do serviço prestado6. De acordo com o In stituto de Resíduos (INR)7, estão hoje con stituídos 29 sistem as de gestão de RSU n o território do con tin en te português (Mapa. 1).

6 Com a adesão de Portugal à UE, um conjunto de m ecanism os financeiros são postos à disposição d o d esen volvim en to sócio-econ óm ico do p aís. O fin an ciam en to com u n itár io p ar a o am bien te em Portugal é, de fato, um dos m otores da política atual nesta m atéria. Refira-se que desde que P o r t u ga l é m e m b r o d a U n iã o E u r o p e ia , o s in ve s t im e n t o s e m a m b ie n t e a u m e n t a r a m e m ultiplicaram -se, do m esm o m odo que se tornaram um a fonte contínua de apoio a projetos infra- est r u tu r a n tes (Qu eir ós, 20 0 1).

7 En tidade cr iada par a executar a política n acion al n o dom ín io dos r esíduos. De acor do com o Decr eto-Lei n º 236/ 97, de 3 d e Setem br o, o INR tem , en tr e ou tr as, a tar efa d e acom p an h ar , fisca liza r e m on it or iza r à lu z d os p a d r ões t écn icos e a m b ien t a is a d equ a d os, a con st r u çã o e exp lor ação d e m ú lt ip las n ova s in fr a-est r u t u r as d estin a d as à d ep osiçã o, coleta , t r a t am en t o e elim in ação d e r esíd u os. Ver : h t tp :/ / www.in r esid u os.p t.

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Mapa 1. Sistem as d e gestão de r esíd u os em Por tu gal, 20 0 5.

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Atualm en te podem -se iden tificar as seguin tes etapas prin cipais n o sector de serviços de resíduos em Portugal (Quadro 1):

Quadro 1. Prin cipais etapas dos serviços de resíduos (IRAR, 20 0 5)

Refira-se que o PERSU defin iu quatro eixos de in terven ção: 1.

con stituição de sistem as com gestão em presarial; 2. desen volvim en to da coleta seletiva de resíduos de em balagen s em todos os sistem as;

RESÍDUOS

R e c o l h a

Cir cu it o s d e r e co lh a d e r e s íd u o s s ó lid o s u r b a n o s

Recolha indiferenciada Recolha e tran sporte de resíduos para

estação de tran sferên cia ou tratamento

Re c o lh a s e le c tiva Recolha e tran sporte de resíduos para

estação de triagem

Tratamento Processos mecânicos, biológicos ou

térmicos com vista à redução do volum e, con fin am en to e, even tualm en te, valorização dos

resíduos

Triagem Operação m ecân ica e m an ual para a

selecção de resíduos recicláveis ou valorizáveis

Valorização Operações que permitem rentabilizar o processo de tratamento de resíduos através da produção de en ergia, calor ou produção de com posto orgân ico

Retoma

Operação de reen cam in ham en to dos resíduos separados para retornadores

Destino final Fracção de resíduos resultan te das

operações de tratam en to e valorização destin ada a con fin am en to

Reciclagem Processo de transformação dos materiais retomados em matérias prim as para a produção de n ovos

materiais

Fim do ciclo de vida

dos materiais Início do ciclo de vida dos materiais

Tratamentoe Valorização Reciclagem

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3 . con st r u çã o d e in fr a -est r u t u r a s d e t r a t a m en t o a d eq u a d a s e 4 . desativação d os lixões in ven tar iad os. Con clu ída esta fase, em fin al d e 2 0 0 1, con t in u a a in vest ir -se n a con solid a çã o d a s solu ções d e valor ização, sejam p or valor ização t ér m ica, m at er ial (r eciclagem ) o u o r gâ n ica . Tê m e xis t id o t a m b é m m u d a n ça s r e le va n t e s n o e n q u a d r a m e n t o in s t it u cio n a l, p o r e xe m p lo , co m a cr ia çã o d o s sistem as plurim un icipais (que abran gem sim ultan eam en te atividades de abastecim en to público de água às populações, de san eam en to de águas residuais urban as e de gestão de resíduos sólidos urban os) e com o desen volvim en to das en tidades gestoras por tipos de resíduos:

em balagen s, pn eus, óleos usados, veículos em fim de vida, etc. (http:/

/ www.ir ar .p t ).

A p r e ve n çã o e r e cicla ge m d e r e s íd u o s p o d e m r e d u zir o s im p act os am b ien t ais d a u t ilização d e r ecu r sos d e d u as for m as: 1.

evitan do os im pactos am bien tais da extração de m atérias-prim as de b a se; 2 . evit a n d o os im p a ct os a m b ien t a is d a t r a n sfor m a çã o d a s m a t é r ia s - p r im a s d e b a s e d u r a n t e o s p r o ce s s o s d e p r od u çã o. O prin cipal obstáculo a taxas m ais elevadas de reciclagem é, em m uitos ca s os , o fa t or econ ôm ico, d a d o q u e a d is p os içã o em a t er r o e a in cin er a çã o sã o, fr equ en t em en t e, m en os on er osa s. Est a sit u a çã o decorre, em parte, do fato de os preços da utilização dos recursos e dos m étodos de tratam en to dos resíduos n em sem pre refletirem os custos sociais, ou seja, de existirem extern alidades n egativas, o que sign ifica que as opções do m ercado em m atéria de gestão dos resíduos n ão são, frequen tem en te, as m elhores. Por isso, a recen te Estratégia Tem ática sobre Prev en ção e R eciclagem de R esíduos da UE, é um claro in dício acerca da preocupação com o reforço de in strum en tos con d u cen t es à p r even çã o d a p r od u çã o d e r esíd u os u r b a n os e d e prom oção da reciclagem . Salien ta-se a adoção de plan os de preven ção a ssocia d os à a lt er a çã o d os p a d r ões d e con su m o, d ecor r en t es d a im plem en tação d a p olít ica in tegr ad a d o pr od u t o e d a ext en são d a r espon sabilid ad e d o p r od u tor .

São assim os objetivos de valorização e de reciclagem os que m ais têm sido alvo de preocupação ao n ível da UE. A Diretiva 94/ 62/

CE, d e 20 d e Dezem br o, lan ça p ar a t od os os Est ad os m em br os o d e s a fio p a r a a p r e ve n çã o e r e d u çã o d o im p a ct o a m b ie n t a l d e em balagen s e resíduos de em balagen s e deixa ao critério de cada país a escolh a dos respectivos m odelos de gestão. Com plem en tar m en te, ou t r as in iciat ivas d a UE se segu ir am , sobr et u d o com o in t u it o d e reduzir a disposição dos resíduos em aterros. Refira-se a Diretiva 99/

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31/ CE, de 26 de Abril, tran sposta para o direito n acion al através do De cr e t o - Le i n º 152 / 2 0 0 2 , d e 2 3 d e M a io , q u e e s t a b e le ce a necessidade de definição de uma Estratégia Nacional para a Redução d o s R es íd u o s Ur b a n o s B io d eg r a d á v eis ( R UB ) Des t in a d o s a o s Aterros8, im pon do m etas quan titativas a alcan çar (em 20 0 6, 20 0 9 e 20 16) em Por tugal.

Só em Portugal, n a década de 198 0 , os resíduos de em balagen s (vid r o, p a p el, ca r t ão e p lá st ico) r ep r esen t a va m cer ca d e 2 0 % d o con t eú d o d os RSU. Na d écad a segu in te est e valor au m en t ou p ar a cerca de 25-30 % (SPV, 20 0 3). Modificações n os hábitos de con sum o d a p op u lação p or t u gu esa , b em com o o in cr em en t o d as r egr as d e h igien e e con servação e a logística do tran sporte e arm azen am en to d os p r od u t os, exp licam est e cr escim en t o d e m at er iais qu e p od em ser valorizados, sobr etu do através da reciclagem (SPV, 20 0 3).

É n este con texto que, após o Decreto-Lei n º 366-A/ 97, de 20 d e Dezem b r o, o Decr et o-Lei n º 4 0 7/ 9 8 , d e 2 1 d e Dezem b r o e a Portaria n º 29-B/ 98 , de 15 de J an eiro, grupos de em presas privadas com atuação n a área das em balagen s se jun taram para cum prir com as suas obrigações am bien tais, form an do em 1996, a Sociedade Pon to Verde (SPV), sociedade an ôn im a sem fin s lucrativos. A SPV organ iza e gere em Portugal os circuitos de retom a, valorização e reciclagem de r esídu os de em balagen s n ão r eu tilizáveis colocadas n o m er cado n acion al, tan to urban as com o n ão urban as (plástico, m etal, m adeira, p ap el/ car t ão e vid r o)9.

A SPV tem de cum prir 70 % das m etas n acion ais (com a ressalva de que as m etas referen tes à gestão de em balagen s estão em processo de revisão n o âm bito da Diretiva 94/ 62/ CE). Esta en tidade din am iza Sistem a In tegrado de Gestão de Resíduos de Em balagen s (SIGRE), igu alm en t e con h ecid o p or Sist em a Pon t o Ver d e, sen d o qu e cr iou um a din âm ica de n ovas in dústrias e postos de trabalho relacion ados com este recurso econ ôm ico que são as em balagen s.

O sucesso da in iciativa SPV está a alargar-se para outros tipos de r esíduos, n ão n ecessariam en te urban os. H oje existem en tid ades gest or as com o a Valor p n eu , sem fin s lu cr at ivos, cr iad a em 20 0 2, que tem por objetivo a organ ização e a gestão do sistem a de coleta

8 Os RUB são r esíduos ur ban os que podem ser sujeitos a decom posição com o, por exem plo, os resíduos alim entares e de jardim , o papel e o cartão, e envolvem cerca de 60 % dos RSU produzidos.

9 Ver h tt p :/ / www.p on t over d e.p t.

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selet iva , t r a n sp or t e e d est in o fin a l d e p n eu s u sa d os, a t r a vés d o Sistem a de Gestão de Pn eus Usados (SGPU)10. Até 20 0 7, a Valorpn eu d ever á d a r cu m p r im en t o à s m et as d efin id as, p or for m a a qu e se p r oced a à colet a d e p elo m en os 9 5% d os p n eu s u sa d os ger a d os an ualm en te, à recauch utagem de pelo m en os 30 % e valorização da t ot alid ad e d os p n eu s r ecolh id os e n ão r ecau ch u t ad os, d os qu ais a reciclagem deverá represen tar, pelo m en os, 65%. No caso das pilhas usadas, a Ecopilhas, sociedade Gestora de Pilhas e Acum uladores11; através do Sistem a In tegrado de Gestão de Pilh as e Acum uladores, est r u tu r a a gest ão d a colet a, t r atam en t o, valor ização e elim in ação das pilhas usadas. A gestão dos resíduos de equipam en tos elétricos e elet r ôn icos (REEE) est á em via s d e se est r u t u r a r d e u m a for m a sem elhan te, dan do cum prim en to ao Decreto-Lei n º 20 / 20 0 2, de 30 d e J a n eir o q u e d efin e u m con ju n t o d e r egr a s p a r a a cr ia çã o d e circuitos de coleta seletiva de resíduos de equipam en tos elétricos e eletr ôn icos o seu cor reto arm azen am en to e pr é-tr atam en to.

A ge s tã o d e re s íd u o s n a Gra n d e Lis b o a : o ca s o d a Va lo rs u l Com o r efer id o, a r ecicla gem d os r esíd u os sólid os u r b a n os assum e um papel im portan te n a busca de um a possível dim in uição d o d a n o a m b ien t a l e d o d es p e r d ício ge r a d o n a p r od u çã o, p elo con sum o de m ercadorias e con seqüen te rejeição das sobras geradas n e s s e s p r o ce s s o s . A r e cicla ge m é u m p r o ce s s o d e va lo r iza çã o , sobretudo, das em balagen s, que form am gran de parte dos resíduos sólid os p r od u zid os n os gr an d es cen tr os u r ban os. Nest e sen t id o, a in d ú s t r ia d a r e cicla ge m o r ie n t a - s e , e m gr a n d e p a r t e , p a r a a r ecu p er a çã o d e vá r ios m a t er ia is p r esen t es n os r esíd u os sólid os, visan do para além da recuperação do valor de troca, a dim in uição de custos e riscos com o m an useam en to e deposição n os locais de aterro.

Os m u n icíp ios d e Am ad or a, Lisboa, Lou r es, Od ivelas e Vila Fran ca de Xira fazem atualm en te parte do Sistem a Multim un icipal de Lisboa Norte, criado pelo Decreto-Lei n º 297/ 94, de 21 de Novem bro.

A exploração e gestão deste sistem a estão atribuídas, em regim e de

10 Pr evisto n o Decr eto-Lei n º 111/ 20 0 1, d e 6 de Abr il, o qu al defin e os pr in cípios e as n or m as ap licáveis à gestão d e p n eus e p n eu s u sad os (estabelece u m a h ier ar qu ia n a gestão d os p n eu s usados, con fer in do pr ior idade à pr even ção da pr odução destes r esíduos).

11 Decreto-Lei n.º 62/ 20 0 0 , de 19 de Fevereiro; Portaria n.º 571/ 20 0 1, de 6 de J unho; Portaria n.º 572/ 20 0 1, de 6 de J unho.

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con cessão, a u m a socied ad e an ôn im a de capitais m ajor itar iam en te públicos: a Valorsul, sociedade con stituída por 7 acion istas (Câm aras Mun icipais de Lisboa, Loures, Am adora, Vila Fran ca de Xira, Parque Exp o’9 8 , S.A., Em p r esa Ger al d o Fom en t o, S.A., Elect r icid ad e d e Por t u gal, S.A.12). O objetivo d a con cessão é a con str ução d as in fra- estruturas n ecessárias e a prestação de serviço público de valorização e t r at am en t o d e RSU (www.valor su l.p t). Com u m con tr ato por 25 an os, a Valor sul torn ou-se respon sável pela con cepção, con str u ção e gestão de todas as in stalações n ecessárias ao tratam en to de RSU ge r a d o s n o s r e fe r id o s m u n icíp io s . E m 19 9 6 fo i a p r o va d o p e lo Conselho de Administração da Valorsul o Plano Operacional de Gestão In tegrada dos Resíduos Sólidos Urban os (POGIRSU). Este plan o foi a base con ceitual para a defin ição do atual Sistem a de Gestão In tegrada de RSU da Valorsul (www.valorsul.pt).

A atividade da Valorsul desen volve-se n um a área de cerca de 6 0 0 Km2, a b a r ca u m a p op u la çã o d e cer ca d e 1 m ilh ã o e 2 0 0 m il habitan tes e trata, por an o, cerca de 750 m il ton eladas de RSU (Mapa 2) (INR, 20 0 4; www.valorsul.pt). Com poten cialidades de valorização diferen tes, o sistem a in tegrado da Valorsul dá resposta a 3 tipos de colet a : 1. in d ifer en cia d a ; 2 . selet iva d e m a t er ia is r eciclá veis; 3 . seletiva de m atéria orgân ica.

12 Em 2004: EGF: 35,42%; CMLisboa: 20%; EDP: 15,58%; CMLoures: 12,89%; Parque Expo’98, S.A.: 6,95%;

CMV.F.Xira (5,16%); CMAm adora (4%) (www.valorsul.pt).

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Mapa 2. A Gran de Lisboa

F o n t e : I GP , 2 0 0 5

São 5 as in stalações da Valorsul: 1. Cen tral de Tratam en to de Resíduos Sólidos Urban os (CTRSU), em S. J . Talha, Loures; 2. Cen tro de Triagem e Ecocen tro (CTE), em Vale do Forn o, Lisboa; 3. Aterro San itário (AS), em Mato da Cruz, Vila Fran ca de Xira; 4. Estação de Tratam en to e Valorização Orgân ica (ETVO), em S. Brás, Am adora; 5.

In stalação de Tratam en to e Valorização de Escórias (ITVE). O sistem a in t e gr a d o d a Va lo r s u l é u t iliza d o p e lo s m u n icíp ios r e fe r id os e particulares, sen do que a coleta é efetuada pelas Câm aras Mun icipais do SMM (pode ser feita pela própria ou através de um tran sportador con t r at ad o) (www.valor su l.p t ).

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Os r e s íd u o s p r o ve n ie n t e s d e co le t a in d ife r e n cia d a s ã o recebidos n a Cen tral de Tratam en to de Resíduos Sólidos Urban os e n o Aterro San itário (Quadro 2).

Qu a d r o 2 . R e ce p çã o d e R e s íd u o s I n d ife r e n cia d o s ( va lo r e s e m t on elad as)

F o n t e : Va l o r s u l : w w w . va l o r s u l . p t

Os resíduos proven ien tes de coletas seletivas são recebidos n o Cen tro de Triagem e Ecocen tro. O Cen tro de Triagem da Valorsul13 é a in st alação qu e r ecebe os m at er iais colocad os em cer ca d e 20 0 0 ecopon tos (Pon tos de En trega Volun tária), on de se separam e tratam estes resíduos, para que as in dústrias da reciclagem os recebam .

A Va lo r s u l e o s m u n icíp io s d a s u a á r e a d e in t e r ve n çã o com eçar am , em 20 0 5, com a colet a selet iva d e m at ér ia or gân ica, n o m e a d a m e n t e e m r e s t a u r a n t e s , h o t é is , ca n t in a s , m e r ca d o s e superm ercados (aderen tes) para valorização (www.valorsul.pt). Este program a foi design ado de “+Valor” e as coletas são efetuadas pelas autarquias, sen do que em Lisboa esta é assegurada pela Valorsul e Câm ara Mun icipal de Lisboa. In stalada n o con selho de Am adora, a Estação de Tratam en to e Valorização Orgân ica da Valorsul é a n ova u n id a d e o p e r a cio n a l d a Va lo r s u l o n d e é p o s s íve l p r o d u zir u m co m p o s t o o r gâ n ico s e m a d it ivo s q u ím ico s p a r a u t iliza r co m o fer tilizan te n a agricu ltura (www.valorsul.pt).

13 Os valores com parativos dos anos 20 0 3 e 20 0 4 apon tam para um crescim en to da recepção de em balagens no Centro de Triagem e Ecocentro. Relativam ente ao papel/ cartão, a Valorsul, indica que este aum ento foi de 18 ,8 %; quanto aos plásticos, m etais e pacotes de bebidas, foi de 29,9% e o vidro correspon deu a um increm ento de 16,8 % (N otícias Valorsul, n º 6, J un ho 20 0 5).

CTRSU AS Total

Recolhas in diferen ciadas 2002 2003 2002 2003 2002 2003

Amadora Lisboa Loures V. F. Xira Particulares 2002 (RIB fora AML(N)) 2003 (RIB fora AML (N) + AMTRES) Sub-total Tran sferên cia RSU Tran sferên cias refugo Total

64 148 293 333 123 781 42 397 64 356

11 588 017 1 560 1 857 591 434

61 815 276 413 119 196 39 78 6 59 8 60

17 968 575 037 10 050 2 174 587 261

10 208 39 252 49 236 8 815 31 847

2 077 141 434 -1 560 7 152 147 0 26

18 972 48 28 4 38 355 13 133 24 90 2

7 143 652 -10 050 10 444 144 0 46

74 356 332 585 173 017 51 212 96 193

2088 729 451 0 9 0 0 9 738 460

8 0 78 7 324 697 157 551 52 918 8 4 761

17 974 718 68 9 0 12 618 731 308

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Qu ad r o 3. Recep ção d e Mater iais Recicláveis (valor es em ton elad as)

F o n t e : Va l o r s u l . w w w . va l o r s u l . p t

A Cen t r a l d e Tr at am en t o d e RSU é a in st a lação q u e t em a capacid ad e d e efetu ar a qu eim a d os r esíd u os e, sim u lt an eam en te, p r od u zir en er gia elét r ica. Por d ia, p r od u z en er gia su ficien t e p ar a alim en tar um a cidade de 150 m il h abitan tes (www.valorsul.pt).

O Aterro San itário é a un idade preparada para a deposição de R SU . É co n s t it u íd o p o r d e p ó s it o s r e ve s t id o s co m m a t e r ia is im perm eáveis para im pedir que os líquidos libertados (os lixiviados) se in filtrem . No Aterro, existe tam bém um a rede de extração e queim a d o b io gá s q u e o s r e s íd u o s lib e r t a m d e p o is d e d e p o s it a d o s . Brevem en te, este biogás será utilizado para produzir en ergia elétrica (www.valor su l.p t ).

São as au tar quias e os operadores licen ciad os que efetuam a coleta de resíduos urban os. Se há coleta seletiva (porta a porta e/ ou através de ecopon tos), en tão esses resíduos são en tregues n os Cen tros de Triagem e serão en tidades com o a SPV que os en cam in ha para a valor iza ção e in d ú st r ia d a r ecicla gem . P or exem p lo, n o caso d os r efer idos m u n icípios d a Gr an d e Lisboa, é a Valor su l qu e solicita à SP V14 o seu r een cam in h am en t o p ar a a valor ização e r eciclagem . A SPV tem a respon sabilidade da logística da coleta dos m ateriais para valorizar, isto é, de fazer con tato (por exem plo, n o caso do papel é a t r a vé s d e u m le ilã o n a I n t e r n e t ) a s e n t id a d e s r e t o m a d o r a s e recicladoras creden ciadas. Estas em presas recebem a in form ação da SPV e fazem con tato diretam en te com os deten tores do m aterial que pode ser reciclado. Fun cion an do com o sistem a de in cen tivos, o valor d e con tr ap ar tid a d esse m at er ial r ecolh id o, n or m alm en t e acim a d o

14 A Valorsul aderiu à SPV em 20 0 0 .

AS CTE Entrega directa SPV Total

Amadora Lisboa Loures V. F. Xira Particulares Total

275 1 877 9 9 4 4 77 8 9 3 712

- - - - -

0 2 157 17 618 5 206 1 426 257 26 664

2 605 21 740 6 429 1 945 257 32 976

14 9 1 853 - - - 2 002

- - - - -

0 2 581 21 348 6 20 0 1 903 345 32 378

2 605 21 740 6 429 1 945 257 32 976

Recolhas Selectivas 2002 2003 2002 2003 2002 2003 2002 2003

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valor de m ercado, aprovado pela en tidade reguladora, rever te para a SPV qu e r ed istr ibu i os m on tan tes d e acor d o com as em balagen s r e co lh id a s p a r a a s a u t a r q u ia s / s is t e m a s , e fe t u a ca m p a n h a s d e educação am bien tal e fin an cia projetos de I&D.

Desde os fin ais da década de 1990 o m odelo in stitucion al para a gestão dos RSU exclui processos in form ais e atores n ão autorizados.

Por exem p lo, as en t id ad es p r od u t or as d e r esíd u os d e em balagen s a d e r e m fa cilm e n t e a o s is t e m a SP V p o r q u e co m is s o r e ce b e m con trapartidas econ ôm icas, o que n aturalm en te n ão deixa lugar para o u t r o s a t o r e s , co m o o s “ca t a d o r e s ” d e r e s íd u o s a t u a n d o is o la d a m en t e. As e n t id a d es em b a la d or a s / im p o r t a d or a s p o d e m t r a n sfer ir a su a r esp on sa b ilid a d e p a r a a SP V q u e, m ed ia n t e u m p a ga m e n t o , o fe r e ce o s e r viço d e ge s t ã o d a s e m b a la ge n s . Os o p e r a d o r e s d e co le t a ( a u t a r q u ia s , s is t e m a s m u lt im u n icip a is , op er ad or es p r iva d os licen ciad os) r ecolh em e sep ar a m o m a t er ial d isp on ib ilizan d o-o à SPV qu e os en cam in h a p ar a a valor ização e r ecicla gem . Os fa b r ica n t es d e em b a la gen s a ssegu r a m a r et om a , valor ização ou r eciclagem p r od u zin d o n ovas em b alagen s. O ciclo fech a-se e dele fazem par te exclusivam en te en tidades cred en ciadas e m p e r m a n e n t e in t e r a çã o e co n t r o le . E s t a m o s p e r a n t e a profission alização de todos os en volvidos n o sistem a.

Os E m b a l a d o r e s / I m p o r t a d o r e s co lo ca m a s e m b a la ge n s n o m er ca d o a ssegu r a m a gest ã o e d est in o fin a l d os r esíd u os em q u e a q u ela s se t r a n s for m a m a p ós con su m o, a t r a vés d a t r a n sfer ên cia dessa respon sabilidade para a Sociedade Pon to Verde. Deste m odo, são tam bém fin an ciad or es d o Sist em a.

N o cir cu it o d e D i s t r i b u i ç ã o , a s e m b a la ge n s n ã o - r e u t ilizá ve is ap en as p od em ser com er cializad as se abr an gid as p elo Sistem a.

Em casa, o con su m idor fin al separa as em balagen s usadas por tipo d e m a t e r ia l, co lo ca n d o - a s e m r e cip ie n t e s p r ó p r io s ( e co p o n t o s , ecocen t r os e/ ou sacos e cest os), d isp on ibilizad os p elas Au t ar qu ias para o efeito.

As Autarquias e outros Op e ra d o re s d e Co le ta efectuam a coleta selet iva e a t r ia gem d a s em b a la gen s u sad a s p or t ip o d e m a t er ia l, d isp on ib iliza n d o est es r esíd u os à Socied a d e Pon t o Ver d e, q u e os en ca m in h a p a r a va lor iza çã o e r ecicla gem . Qu a n d o in t egr a d os n o Sist em a , os Op er a d or es d e Colet a b en eficia m d e a p oio t écn ico e fin an ceir o da Sociedade Pon to Ver de.

Fabricantes de Em balagen s e Materiais de Em balagem asseguram a r et om a d o s r e s íd u os t r ia d os , ga r a n t in d o a s u a va lor iza çã o ou r e cicla ge m .( www.p o n t o ve r d e .p t )

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Em Por t u gal, a m old u r a in st it u cion al d o set or d os r esíd u os obriga a que todas as operações relacion adas com a valorização e a r e cicla ge m d os r e s íd u o s u r b a n o s e s t eja m a r t icu la d a s , h a ven d o ob r igat or iam en t e vín cu los con t r at u ais. Veja-se, p or exem p lo, qu e m uitas das en tidades que hoje se in tegram n a lista de retom adores e recicladores da SPV, correspon dem a em presas que já existiam n este m er ca d o a n t es d a cr ia çã o d a Socied a d e P on t o Ver d e - er a u m a situação d e m er cad o, porém d esar ticulado e n ão r egulado. Se bem que n a con cepção do m odelo ten ha havido um aproveitam en to deste tipo de estru tu ras, ben efician d o d a experiên cia e do con h ecim en to destas en tidades, a SPV correspon de a um catalisador de tran sferên cia de in form ação e con h ecim en to en tre todos os aderen tes do sistem a d e ge s t ã o d o s r e s íd u o s d e e m b a la ge m . Co m o a s s e n t a m n u m a articulação de respon sabilidades e processos en tre um con jun to bem d efin id o d e p a r ceir os, fech a n d o o ciclo d e vid a d os r esíd u os, os sistem as do tipo Pon to Verde n ão perm item a sobrevivên cia de outros agen t es n ão ar t icu lad os com o sist em a, im ped in d o a for m ação d e cir cu itos in for m ais d e coleta seletiva d e, por exem plo, r esíd u os d e em balagen s. Esta situação revela que em Portugal h á um a resposta de política eficaz para a gestão in tegrada de RSU.

A re cu p e ra ç ã o d e re s íd u o s s ó lid o s re c iclá ve is n o Bra s il e o s tra b a lh a d o re s c a ta d o re s

No Br asil, o r esíd u o sólid o r eciclável é u m a m er cad or ia qu e m ove e en volve vár ios su jeit os econ om icam en t e at ivos d en t r o d e um circuito econ ôm ico, em gran de parte, in form al. Esse circuito se t er r it or ializa n os esp aços u r ban os e é com p ost o ger alm en t e p elos t r a b a lh a d o r e s q u e r e a liza m a co le t a “o s ca t a d o r e s ”, p e lo s com er cia n t es q u e fazem a in t er m ed iaçã o com o set or in d u st r ial, co n h e cid o s co m o “a t r a ve s s a d o r e s ” o u s u ca t e ir o s e fe ch a n d o e con trolan do este circuito econ ôm ico em seus diferen tes setores estão as in d ústr ias d e r eciclagem de m ateriais, que atu am em difer en tes r a m o s d e va lo r iza çã o a t r a vé s d a r e cicla ge m d o s m a t e r ia is (GONÇALVES, 20 0 6).

Os t r a b a lh a d or es “ca t a d or es” sã o a qu eles q u e r ecolh em os r esíd u os sólid os r ecicláveis d os m ais d iver sos t ip os em d ifer en t es lugares, seja den tro das em balagen s de lixo depositadas n as ruas ou m esm o d en t r o d os locais d e d isp osição d os r esíd u os, con h ecid os

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com o “lixões”15.

A p r im eir a for m a d e colet a d os r e s íd u o s r e ciclá veis a q u i apresen tada, feita n as ruas, realiza-se geralm en te com o uso de um carrin ho de m ão, em que o trabalhador em prega a sua própria força para m ovê-lo por um trajeto, quase sem pre aleatório, em busca dos r esíd u os com postos por m ater iais qu e pod em ser com er cializad os, sobr etud o, as em balagen s d e papel/ papelão, alum ín io e su catas de m an eira geral.

Os catadores que atuam n as ruas das cidades, con hecidos com o

“carr in h eir os”, d ispu tam o espaço com os au tom óveis, a passagem n as calçadas com os pedestres, que por vezes se sen tem in com odados com esses “ser es”, d e apar ên cia física fr agilizad a. Pessoas qu e são m uitas vezes vistas pelos que adm in istram a cidade com o causadores de prejuízos à “ordem ” e à estética da paisagem urban a, porém , n ão causam problem a ou question am a ordem m oral e a ética con struída p elas r efer ên cias id eológica s sob a s q u a is se en con t r a b a sead a a sociedade do capital. Den tro dessa lógica os trabalhadores catadores s ã o p er ceb id os com o “ca u s a s n a t u r a is” d a r ela çã o d e p r od u çã o d iscr im in at ór ia e qu e leva m ilh ar es d e p essoas ao d esem p r ego, a in form alidade e ao trabalho precário (Foto 1).

F o t o 1. Ca t a d o r a d e r e s íd u o s s ó lid o s r e ciclá ve is , Be lo H o r izo n t e - M G, 2 0 0 4 .

15 De acordo com o Cen so In stituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem 24.340 catadores nos lixões do Brasil, sendo que 22% têm menos de 14 anos de idade! Nada menos que 7264 deles residem n esses m esm os locais (IBGE / Portal: www.ibge.gov.br ).

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Na segu n d a for m a d e r ealização d o tr abalh o n a cat ação qu e aqu i a p r esen t am os, os r esíd u os r ecicláveis são r ecolh id os d en t r o d os lixões.A a t ivid a d e d os t r a b a lh a d or es ca t a d or es n est es loca is con siste em id en tificar e bu scar d en tr o d os sacos d e lixo, tr azid os pelos veículos coletores, os resíduos que podem ser com ercializáveis.

J á que os papéis higiên icos, os an im ais m ortos e restos de com ida em d ecom p osiçã o n ão in t er essam aos com p r ad or es at r avessad or es e n em às in dústrias que atuam n o ram o da reciclagem (Foto 2).

F o t o 2 . Tr a b a lh a d o r e s ca t a d o r e s e m a t e r r o P r e s id e n t e P r u d e n t e - SP , 2 0 0 4 .

Porém , o fato de gran de parte dos resíduos sólidos gerados e descartados, n ão ser recolhida pelos catadores para ser en cam in hada para a reciclagem , n ão está ligado som en te às suas qualidades físicas, m a s t a m b ém a u m a d et er m in a çã o d e m er ca d o. Dest a for m a , os r e s íd u o s p o d e m s e r co m p o s t o s p o r m a t e r ia is p o t e n cia lm e n t e r ecicláveis, m as n ão h aven d o in t er esse d o m er cad o p er m an ecem , por isso, com o lixo (LEAL et al, 20 0 3).

Den tro d esse cir cuito econ ôm ico, ao d esen volver a ativid ad e d e colet a d os r es íd u os r eciclá veis vis a n d o à com er cia liza çã o, o catador colabora, m esm o n ão gan han do por isso, para a dim in uição dos gastos com en ergia n os processos de produção que utilizam esses m ateriais com o input in dustrial, con tribui para lim peza das cidades e para o pr olon gam en to d a vid a ú til d os aterr os, gar an tin do n esse pr ocesso a r epr od u ção am pliad a do capital aplicad o n esse cir cu ito econ ôm ico.

São esses t r abalh ad or es qu e, em gr an d e p ar t e, per m it em ao Br a s il a lca n ça r u m ín d ice e leva d o d e r ecicla ge m d e r es íd u os e

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recu peração de algun s tipos d e m ateriais. São eles os respon sáveis por alim en tar, com os m ateriais presen tes n os resíduos en con trados n os lixões ou n as ruas, as un idades in dustriais de vários setores da reciclagem que, por sua vez, n ão estabelecem com estes trabalhadores qu alqu er tipo d e con tr at o legal. Desta for m a, est e set or in d u st r ial usufrui de um gran de n úm ero de trabalhadores, exploran do esta força de trabalho sem as con trapartidas previstas pelas leis trabalhistas, já que n ão existe n esta relação um a form alidade con tratual, n em m esm o um a relação direta en tre os trabalhadores catadores e as in dústrias.

N e s s e cir cu it o o s t r a b a lh a d o r e s ca t a d o r e s e s t a b e le ce m con t a t os m a is d ir et os com os ch a m a d os a t r a vessa d or es, q u e em a lgu n s r a m os d a r ecicla gem p od em for m a r u m a ca d eia b a st a n t e diversificada, n o que diz respeito a quan tidade e form a de atuação.

Isso se deve ao fato de que às in dústrias in teressam gran des volum es e quan tidades de m aterial (ton eladas), e n ão un s poucos quilos que um trabalh ador catador con segue jun tar n um dia, ou m esm o n um a sem an a. Os atravessadores por sua vez com pram de vários catadores pequen as quan tidades, acum ulam o m aterial de acordo com as suas p ossib ilid ad es econ ôm icas e d e ar m azen am en t o e r even d em p ar a outr os atravessad or es, qu e farão a tr iagem d os r esíd u os d e acor d o com os m at er iais p ar a p ost er ior m en t e ven d er p ar a às in d ú st r ias.

Assim , quan to m en os exigen te for o processo de tran sform ação dos m at er iais m en os com p lexas, d o p on t o d e vist a d a ar t icu lação d os agen tes participan tes, se torn am estas cadeias.

A recuperação de su catas d e ferro e de aço é um dos setores em que a reciclagem tem alcan çado ín dices elevados n o Brasil16, que são t am bém cad a vez m ais cr escen t es n ou t r os set or es, com o o d o papel e dos plásticos em geral, sem sign ificar, um a m elhoria sen sível n a vid a d os t r a b a lh a d or es ca t a d or es q u e con t in u a m sofr en d o a exploração direta dos atravessadores e da in dústria - que estabelece recordes de reciclagem e de lucros.

Na perspectiva de m udan ça desse quadro algum as ações que visam à tr an sfor m ação d a r ealidad e vivida por estes tr abalh ad ores t em s id o im p lem en t a d a s , p r ocu r a n d o en volver os ca t a d or es d e resíduos recicláveis n um m ovim en to de organ ização social e política,

16 O Brasil, em 20 0 4, foi pela quarta vez con secutiva o recordista m un dial de reciclagem de latas de alum ín io para bebidas. Tam bém evoluiu no ín dice de reciclagem de latas de aço para bebidas (de 78 % para 8 8 %) e o uso de sucata na produção de aço novo se m anteve estável – o equivalente a 26% do total.ver: CEMPRE In form a, n º 8 5: jan eiro/ fevereiro de 20 0 6.www.cem pre.or g.br

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com a ajuda de vários setores da sociedade brasileira, com o a Igreja, Un iversidades, ONG e etc.

O p r o ce s s o d e o r ga n iza çã o co le t iva d o s t r a b a lh a d o r e s cat ad or es t em p or ob jet ivo for t a lecer a lu t a con t r a a s for m as d e exp lor ação sofr id as, estabelecen d o m ecan ism os d e ação p olít ica e d e r eivin d ica ções ju n t o a os p od er es p ú b licos n a s s u a s d iver sa s escalas, fed er al, est ad u al e m u n icip al. Essa or gan ização, em n ível n a cion a l, p r es su p õe a in d a a con s t it u içã o e o for t a lecim en t o d e or ga n izações d e t r a b alh ad or es ca t a d or es a n ível local, for m a n d o Coop er at ivas e Associações d e Cat ad or es qu e p ossam at u ar n esse set or econ ôm ico d e m an eir a a r om p er a s r ela ções d e exp lor a çã o estabelecidas com os com pradores atravessadores, visan do m elhorar as con dições de trabalh o e os ren dim en tos, já que, a supressão dos at r avessad or es p od e vir a p er m it ir aos t r abalh ad or es or gan izad os realizarem outras etapas que precedem a reciclagem , com o a triagem e o en far d am en t o d os m at er iais p ar a o t r an sp or t e, o qu e p er m it e alcan çar um preço um pouco m elh or pelas m ercadorias.

De s t a fo r m a , o M o vim e n t o N a cio n a l d o s Tr a b a lh a d o r e s Catadores17 n o Brasil procura estabelecer, com o objetivo m ais am plo, a organ ização dos trabalhadores catadores com o form a de resistên cia a exploração de seu trabalho. Um a das prim eiras atividades n acion ais de m obilização dos trabalhadores catadores ocorreu com o apoio do Fórum N acion al de Estudos sobre População de Rua, que organ izou o 1º En con tro N acion al de Catadores de Papel, que foi realizado em Be lo H o r izo n t e , M G, e m 19 9 9 , o n d e h o u ve a d e lib e r a çã o p e la organ ização de um Con gresso N acion al de Catadores de M ateriais Recicláveis, que acabou por ser realizado em 20 0 118.

A pr in cipal d ir etriz par a a con tin u id ad e e cr escim en to d este m ovim en to apon tava para a n ecessidade de fortalecim en to das bases lo ca is d e ca d a e s t a d o d o p a ís . P a r a t a l, d e lib e r o u - s e q u e ca d a r e p r e s e n t a n t e d e e s t a d o , d e ve r ia t r a b a lh a r p a r a r e a liza çã o d e fo r m a çã o d e Co m it ê s R e gio n a is d e Tr a b a lh a d o r e s Ca t a d o r e s , co m p o s t o s p o r t r a b a lh a d o r e s ca t a d o r e s d e d ife r e n t e s cid a d e s ,

17 www.m ovim en t od osca ta d or es.or g.b r

18 A m obiliza çã o n a cion a l ocor r eu em J u n h o d e 20 0 1, d u r a n t e o 1º Con g r esso N a cion a l d os Catadores de M ateriais R ecicláv eis, r ealizado em Br asília. O even to con tou com a par ticipação d e 160 0 con gr essistas, en tr e catad or es, técn icos d e d iver sas ár eas de con h ecim en to e agen tes sociais de dezassete Estados brasileiros. No final do con gresso, realizou-se a 1ª Marcha Nacional da População de Rua, com cer ca de 30 0 0 par ticipan tes.

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buscan do apoio n a sociedade civil organ izada e tam bém n os poderes pú blicos m u n icipais.

As ações or gan izat ivas en con t r ar am r et or n o m ais for t e n as cid a d es on d e esses t r a b a lh a d or es t êm cola b or a çã o e est ím u lo à or gan ização política e d o tr abalh o. Um d esses exem plos ocor r e n a Cidade de Presiden te Pruden te, n o Pon tal do Paran apan em a, Oeste do Estado de São Paulo – Brasil19 (Mapa 3).

Mapa 3. Presiden te Pruden te -Pon tal do Paran apan em a – São Paulo - Brasil

19 O Projecto está em andam ento desde 20 0 1, em sua prim eira fase foi Fin anciado pela Fun dação de Am paro a Pesquisa do Estado de São Paulo, intitulado: “Educação Am biental e geren ciam ento in tegr ad o d os r esíd u os sólidos em Pr esid en te Pr u d en te-SP: d esen volvim en to d e m etod ologias p ar a coleta seletiva, ben eficiam en to d o lixo e or gan ização d o tr abalh o”. O r efer id o p r ojecto é coorden ado pelo Prof. Dr. An tón io César Leal, do Departam en to de Geografia da FCT/ Un esp de Pr esid en t e Pr u d en t e (www.p r u d en t e.u n esp / egir es.b r ).

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A p e s q u is a e a a çã o n a o rga n iza çã o d o s tra b a lh a d o r e s c a ta d o re s

O p r o je t o q u e vis a va a o r ga n iza çã o d o s t r a b a lh a d o r e s catadores de Presiden te Pruden te com eçou a ser desen volvido desde 20 0 1 pela Faculd ade d e Ciên cias e Tecn ologia/ Un esp, em par ceria com a Prefeitura Mun icipal de Presiden te Pruden te, o Fun do Social de Solidariedade, o Sin dicato dos Em pregados em Em presas de Asseio e Con ser vação e Tr abalh ad or es n a Lim p eza Ur ban a d e Pr esid en t e Pruden te e Região (SIEMACO), com o apoio da Fun dação de Am paro à Pesq u isa d o Est a d o d e Sã o P a u lo (FAP ESP). Ressalt a -se com o im portan te parceiro, fruto do próprio trabalho fom en tado n o projeto, a Co o p e r a t iva d e Tr a b a lh a d o r e s e m P r o d u t o s R e ciclá ve is d e Presiden te Pru den te (Cooper lix).

Esse con jun to de in stituições tem viabilizado in úm eras ações de m obilização social e de organ ização dos trabalhadores en volvidos n a catação de resíduos recicláveis e reutilizáveis, perm itin do alcan çar m u itos r esu ltad os positivos.

Os objetivos do projeto estiveram cen trados em dois gran des eixos t em át icos: 1. Ed u cação Am b ien t al e 2. Gest ão In t egr ad a d e Resíd u os Sólid os. A in tegr ação d essas d u as d im en sões acabou por viabilizar a in tegração social dos trabalhadores en volvidos n a catação ou, mais propriamente, a melhoria das condições de vida e de trabalho p or m eio d a su a or ga n iza çã o. N o p r ojet o a d ot ou -se a ed u ca çã o am bien tal com o elo fun dam en tal para a gestão in tegrada dos resíduos sólid os n o m u n icíp io, com a p ar t icip açã o d a s escola s (d e en sin o fun dam en tal, m édio e superior) e da com un idade em geral, visan do à m elh or ia d a q u a lid a d e a m b ien t a l e d e vid a d os Coop er a d os d a Coop er lix e ca t a d or es d e r esíd u os r eciclá veis e r eu t ilizá veis q u e desen volviam suas atividades n as ruas e n o lixão, em especial, e da população da cidade com o um todo.

Para alcan çar com êxito o objetivo deste projeto foram e ain da estão a ser desen volvidas ações para a im plan tação de um sistem a de Ger en cia m en t o I n t eg r a d o d os R esíd u os S ólid os em Pr es id en t e Pr u d en t e, q u e con t a com a p a r t icip açã o a t iva d os t r a b a lh a d or es o r ga n iza d o s n a co o p e r a t iva , p r o cu r a n d o n e s s e p r o ce s s o o for t a lecim en t o p olít ico e econ ôm ico d o gr u p o em q u est ã o. Est e pr ocesso de r obu stecim en to decorr e da aquisição de equ ipam en tos e d a b u sca d e r ecu r sos fin an ceir os m ed ian t e p r ojet os esp ecíficos, além da qualificação d os m em br os da cooperativa qu e é alcan çad a at r avés d e at ivid ad es d e cap acit ação at r avés d e cu r sos, p alest r as, visitas técn icas, participação em even tos. Outra ação im portan te é a

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articulação e a am pliação da rede de parceiros.

No âm bit o d a ad m in ist r ação p ú blica t or n a-se im p or t an t e a elaboração e fom en to da form ulação de políticas públicas de gestão in t e gr a d a d e r e s íd u o s s ó lid o s e m P r e s id e n t e P r u d e n t e , q u e com p r e en d a a im p or t â n cia d o e n volvim en t o d os t r a b a lh a d or es catadores organizados, num Programa de Coleta Seletiva de Resíduos Sólid os R eciclá v eis.

A e xp a n s ã o d a c o le ta s e le tiva d e re s íd u o s s ó lid o s r e c ic lá ve i s e m P re s id e n te P r u d e n te

A im p la n t a çã o d o p r ogr a m a d e colet a s elet iva sem p r e foi en ten dida com o peça fun dam en tal den tro do plan o de trabalho deste p r oje t o, ob je t iva n d o-s e a cr ia çã o d e u m a n ova m en t a lid a d e d a população do m un icípio com relação às suas práticas, n o que se refere à geração e descarte de resíduos sólidos dom ésticos.

Em reun iões en tre o gru po d e tr abalh o form ado pela Un esp, Prefeitura Mun icipal, Catadores e vários outros parceiros, percebeu- se com o fun dam en tal a criação e a expan são da coleta seletiva. Assim , a im p la n t a çã o e a exp a n sã o d o Pr og r a m a d e Colet a S elet iv a d e R esíd u os R eciclá v eis t or n ou -se u m fa t or fu n d a m en t a l d e t od o o p r oces so.

No processo de im plan tação e de expan são do serviço de coleta seletiva, a am pla divulgação pela im pren sa local das ações realizadas, r e ve lo u - s e co m o in s t r u m e n t o im p o r t a n t e p a r a o e s t ím u lo à p a r t icip a çã o d a p o p u la çã o n e s t a a çã o , t e n d o co m o p r in cip a is elem en tos de con ven cim en to a dim in uição dos problem as am bien tais r elacion ad os ao lixo e a colabor ação com t r abalh ad or es cat ad or es da Cooperativa (Foto 3).

F o t o 3 . Tr a b a lh a d o r e s r e a liza n d o a co le t a s e le t iva n o b a ir r o An a J a cin t a , P r e s id e n t e P r u d e n t e , 2 0 0 2

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No en tan to, problem as estruturais se apresen tavam : a falta de u m ve ícu lo a p r o p r ia d o p a r a q u e o s m e m b r o s d a co o p e r a t iva exp an d issem a colet a p ar a ou t r as ár eas d a cid ad e er a a p r in cip al delas. A Prefeitura tin ha dispon ibilizado apen as um veículo duran te a sem a n a , o qu e lim it a va a r ea lização d o ser viço. Est e p r ob lem a acabou por ser resolvido com a participação de outras en tidades n o p r ojet o.

A Diocese d e Pr esid en te Pr u d en te, por exem p lo, d oou par te da verba obtida n a cam pan ha da fratern idade do an o de 20 0 4, vin te m il Reais (R$ 20 .0 0 0 ,0 0 ) para a aquisição de um cam in hão, haven do tam bém a participação do Sin dicato dos Em pregados em Em presas d e Asseio e Con ser vação e Tr ab alh ad or es n a Lim p eza Ur b an a d e Presiden te Pruden te e Região (SIEMACO); Federação Nacion al dos Trabalhadores em Serviços, Asseio e Con servação, Lim peza Urban a, Am bien tal e Áreas Verdes (FENASCOM), que doaram cin co m il Reais (R$ 5.0 0 0 ,0 0 )2 0. Esses r ecu r sos fin an ceir os for am u t ilizad os p ar a com prar e adequar um veículo para a coleta (Foto 4).

F o t o 4 . A e n t r e ga d a s ch a ve s d o ca m in h ã o a o s m e m b r o s d a Co o p e r lix, 2 0 0 4

Com o n ovo veícu lo n ã o s ó foi p ossível exp a n d ir a colet a

20 O m on tan te ar r ecadado foi de R$ 25.0 0 0 reais, o equivalen te a € 8 .30 0 Eur os, com base em cotação do m ês de J ulho de 20 0 5.

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seletiva com o tam bém agregar m ais algun s trabalhadores catadores à coop er a t iva . E foi n est e con t ext o q u e a colet a selet iva cr esceu p a u la t in a m e n t e e , e m fin a is d e 2 0 0 5, o s 3 2 t r a b a lh a d o r e s d a coop er a t iva r ea liza va m es t e t r a b a lh o t od os os d ia s d a s em a n a , a lca n ça n d o cer ca d e 52 b a ir r os d a cid a d e e a lgu n s con d om ín ios fechados, além do Campus da Unesp. De acordo com os trabalhadores, com a expan são, a qu an tid ad e d e r esíd u os r ecicláveis r ecolh id os e com ercializados passou, em m édia, de 16 para 40 ton eladas por m ês.

A im plan tação da coleta seletiva e a form ação da Cooperativa t or n a r a m p os sível u m a n ova for m a d e in ser çã o d es t e gr u p o d e tr abalh ad or es n o cir cu ito econ ôm ico d os r esíd u os r ecicláveis, pois saír am da realização d o trabalh o e da com ercialização in d ividu al a p ar t ir d o lixão p ar a o t r ab alh o e a com er cialização em con ju n t o, haven do m elhorias sign ificativas n o que diz respeito à seguran ça n o trabalho (ao local e a form a de realização do trabalho) de separação d os r eciclá veis ( Le a l, 2 0 0 2 ) . De a cor d o com Os va ld o M a r ce lo , P r esid en t e d a Coop er a t iva : L á n o lix ã o a g en t e t r a b a lh a v a em con d ições p iores e n a hora d e alm oça r era aquele sufoco, a g en te n ão sabia se tocav a os m osquitos ou se colocav a a colher de com ida n a boca, isso porque estav a corren do o risco de acabar com en do a m osca. Aqui n o barracão n ão, a gen te tem lugar de refeitório.

Com a cooperativa, a organ ização e as con dições de trabalh o m udaram . No Cen tro de Triagem n ão se está m ais exposto ao sol e a ch u va, t en d o t am b ém d im in u íd o os r iscos d e con t am in açã o e d e aciden tes de trabalho que são freqüen tes n o lixão (Foto 5).

F o t o 5. Ce n t r o d e t r ia ge m d e r e s íd u o s r e ciclá ve is d a Co o p e r a t iva d o s Tr a b a lh a d o r e s e m M a t e r ia is R e ciclá ve is d e P r e s id e n t e P r u d e n t e ( Co o p e r lix) , 2 0 0 5

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Mas a m aior m udan ça está n a con strução de um a perspectiva m elh or d e fu tu ro por parte dos tr abalh ad or es d a cooperativa, pois m esm o a t r avessa n d o vá r ia s d ificu ld a d es p a r a im p la n t a ção d esse p r o je t o , ca d a p e q u e n a co n q u is t a a lim e n t a n o co n ju n t o d e trabalhadores a esperan ça de con tin uar tran sform an do as suas vidas.

A sa íd a d o lixã o sign ificou t er u m a exp ect a t iva m elh or d e fu t u r o, com o p od em os p er ceb er n os d ep oim en t os d os p r óp r ios tr abalh adores. Par a Adilson Avelin o d a Silva, 28 an os, m em bro da Cooperativa de Trabalhadores em Produtos Recicláveis de Presiden te Prudente-SP: Para mim melhorou a dignidade pessoal, antes eu tinha v ergon ha de dizer lá n a v ila que eu garim pav a n o lixão, tin ha gen te que tirav a sarro. Agora n a cooperativ a já existe um certo respeito co m r ela çã o a n ó s co op er a d os , o q u e n ã o a co n t ecia n o lix ã o.

(En trevista realizada em Maio de 20 0 4)

Nas palavras de J acira Fran cisca Vicen te dos San tos, 48 an os, in tegran te da Cooperativa de Trabalhadores em Materiais Recicláveis de Presiden te Pruden te-SP: A qualidade do trabalho m elhorou m uito aqui n a cooperativ a, ap esar de a gen te estar gan han do m en os de que quan do tav a n o lixão. M as eu prefiro trabalhar aqui on de fico lon ge dos m osquitos e do fedor, lá a gen te n ão tin ha n em con dição para com er direito. (En trevista realizada em Maio de 20 0 4)

As declarações apresen tadas dão pistas para en ten der algun s pon tos sign ificativos n a con strução de um a outra perspectiva de vida.

Além das m elhorias n as con dições de realização do trabalh o, o fato d e t er em r ecu p er a d o n esse p r ocesso d e or ga n iza çã o a su a a u t o- e s t im a , t e m a b e r t o a p o s s ib ilid a d e d e d is cu t ir e a m p lia r a s t r a n sfor m a ções q u e vêm ocor r en d o n a vid a d e ca d a u m a d est a s p essoas, o qu e n os p er m it e afir m ar qu e se t or n am ext r em am en t e positivos os efeitos em todos os aspectos da sociabilidade do grupo e m q u e s t ã o . P o r e xe m p lo , vo lt a r a e s t u d a r o u s e in icia r n a alfabetização já é um a realidade para algun s21.

No en tan to, apesar de todo o trabalho de persuasão realizado d e p o r t a e m p o r t a p e lo s t r a b a lh a d o r e s d a co o p e r a t iva co m a d is t r ib u içã o d e p a n fle t os exp lica t ivos , ca r t ilh a s ed u ca t iva s , d a r ealização d e p alest r as n as escolas m in ist r ad as p or p r ofessor es e alun os en volvidos n o projeto, ain da n ão há participação de todos os m or adores das áreas on de o serviço é r ealizado. Algun s m oradores

21 À volta a escola foi propiciada pela im plem entação do Projeto de Educação de J ovens e Adultos ju n t o a os t r a b a lh a d or e s d a coop e r a t iva . As a u la s s ã o m in is t r a d a s n o p r óp r io b a r r a cã o d a cooper ativa, n o r efeitór io, que se tr an sfor m a em sala de aula após o expedien te.

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