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Rev. Bras. Psiquiatr. vol.25 número1

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Academic year: 2018

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Rev Bras Psiquiatr 2003;25(1):56-8

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Carta aos editores

Aristides Volpato Cordioli responde:

Sr. Editor,

Efetivamente o desenho do trabalho – um ensaio aberto não controlado, sem um grupo de comparação- apresenta limita-ções na interpretação dos seus resultados. Este tipo de desenho não separa a influência de diferentes fatores nos resultados da terapia: a simples passagem do tempo, os fatores não específi-cos como as características do terapeuta e do paciente, as téc-nicas utilizadas e, no presente caso, fatores grupais, como o vínculo com o grupo, a observação dos outros, o incentivo re-cíproco. É também impossível separar o efeito das técnicas cognitivas do efeito das técnicas comportamentais de Exposi-ção e PrevenExposi-ção da Resposta (EPR). De acordo com o depoi-mento dos pacientes, os exercícios realizados eram cruciais para perderem os medos, mas a identificação das crenças e sua cor-reção contribuíram para uma maior compreensão do transtor-no e para mudarem suas convicções sobre a necessidade de executar rituais e sobre a impossibilidade de não executá-los. É impossível, num ensaio aberto, separar o efeito de técnicas tipicamente cognitivas, do efeito obtido com os exercícios de EPR – a habituação. Sabe-se que terapias comportamentais reduzem crenças, e terapias cognitivas têm efeito sobre rituais, embora o mecanismo não esteja bem esclarecido.1

Vários estudos comparando a eficácia das duas técnicas no TOC mostram que os resultados são semelhantes.1-4 Um dos

estudos observou uma eficácia superior da terapia cognitiva, comparada à terapia comportamental, em reduzir os sintomas depressivos em portadores do TOC4 - uma comorbidade

relati-vamente freqüente, embora a eficácia em reduzir os sintomas obsessivo-compulsivos fosse semelhante. McLean et al1

ob-servaram uma leve vantagem da terapia de EPR em grupo com relação à terapia cognitiva (TC) em grupo. Ambas as aborda-gens foram eficazes em reduzir os sintomas obsessivo-com-pulsivos, sendo os resultados dos pacientes que realizaram EPR levemente superiores. Curiosamente, os escores dos instrumen-tos desenhados para medir mudanças cognitivas diminuíram de intensidade tanto na terapia de EPR como na TC.

Quanto à boa adesão observada em nosso estudo, provavel-mente seja decorrente de vários fatores: na avaliação inicial do paciente foi dada uma atenção especial à motivação para a TCC em grupo e à disponibilidade de tempo para comparecer às sessões. Além disso, durante o tratamento, os membros da equi-pe estiveram atentos a sinais de desistência (faltas e atrasos). Aos pacientes, era solicitado que avisassem com antecedência caso não pudessem comparecer às sessões e, no caso de uma falta imprevista, um dos membros da equipe fazia contato para saber das razões da ausência.

Um outro fator que deve ter pesado foi o ambiente grupal: de um modo geral prevaleceu um ambiente de cordialidade, solida-riedade, descontração e afetividade, desenvolvendo-se um vín-culo e uma coesão grupal entre os participantes que foi notável em alguns grupos. É possível que além dos novos vínculos soci-ais, outros fatores grupais como a percepção da universalidade do problema, a revisão dos padrões de normalidade na compara-ção com os outros, o incentivo recíproco, a observacompara-ção dos pro-gressos dos demais e um certo clima saudável de competição, tenham favorecido a adesão aos exercícios, a correção de cren-ças e expectativas e conseqüentemente os resultados.

Aristides Volpato Cordioli Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Referência

1. McLean PD, Whittal ML, Thordarson DS, Taylor S, Söchting I, Koch WJ et al. Cognitive versus behavior therapy in the group treatment of obsessive-compulsive disorder. J Consult Clin Psychol 2001;69:205-14.

2. Van Oppen P, De Haan E, Van Balkon AJL, M Van Balkon, Spinhoven P, Hoogduin K et al. Cognitive therapy and exposure in vivo in the treatment of obsessive-compulsive disorder. Behav Res Ther 1995;33:379-90. 3. Freeston MH, Ladouceur R, Gagnon F, Thibodeau N, Rhéaume J, Letarte H

et al. Cognitive-behavioral therapy treatment of obsessive-compulsive thoughts: a controlled study. J Clin Cons Psychol 1997;65:405-13. 4. Cottraux J, Note I, Sai NY, Lafont S, Note B, Mollard E et al. A randomized

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