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Apelação Cível Nº , da 10º Vara Cível do Foro Central da Região Metropolitana da Comarca de Curitiba

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ

 

Apelação Cível Nº 552.192-6, da 10º Vara Cível do Foro Central da Região Metropolitana da Comarca de Curitiba

Apelante - Anilza de Magalhães Correia.

Apelada - Liberty Paulista Seguros S/A

Relator - Juiz Conv. Antonio Ivair Reinaldin.

 

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA - SEGURO OBRIGATÓRIO DE DANOS PESSOAIS, CAUSADOS POR VEÍCULOS AUTOMOTORES DPVAT PRESCRIÇÃO -OCORRÊNCIA - POSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO DE OFÍCIO - ARTS. 2028 E 206, §3º, IX DO CÓDIGO CIVIL DE 2002.

 

(2)

 

II - Da ocorrência do pagamento parcial até o início da vigência do Código Civil de 2002, em 12.01.2003, não houve o transcurso de mais da metade do lapso temporal anteriormente estabelecido, razão pela qual imperioso adotar-se a regra do artigo 2028 da nova legislação, devendo, prevalecer no caso o uso do prazo trienal trazido pelo novo Código.

 

III - Contudo, mesmo tendo como base, para o início da contagem do prazo trienal, a data inicial de vigência do Código Civil de 2002 (12/01/2003), vindo, portanto, a se esgotar em 12.01.2006, e tendo sido a ação proposta somente em 23/03/2007, realmente se verifica aplicável à situação em tela o instituto da prescrição.

 

V - RECURSO DE APELAÇÃO PREJUDICADO.

 

VI - PRETENSÃO DE COBRANÇA JULGADA EXTINTA COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO (ART. 269, IV, DO CPC).

 

(3)

10º Vara Cível do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, deste Estado, em que é apelante - Anilza de Magalhães Correia, e apelada - Liberty Paulista Seguros S/A.

 

ACORDAM os Desembargadores integrantes da Nona Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em julgar prejudicado o recurso e de

conseqüência, decretar, de ofício, a prescrição, julgando extinta a cobrança, com resolução do mérito, nos termos deste julgamento.

  I - RELATÓRIO  

Anilza de Magalhães Correia ingressou perante o juízo de direito da 10ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba com ação de cobrança em face de Liberty Seguros S/A, na qualidade de beneficiária de Marcelo Araújo Correia, a fim de que lhe seja pago o complemento do seguro obrigatório de danos pessoais, causados por veículos automotores - DPVAT, conforme lhe faculta as Leis n.ºs 6.194/74 e 8.441/92.

 

A Seguradora se defendeu, sustentando, em sede preliminar, a sua ilegitimidade passiva e a carência de ação, uma vez que já fora paga indenização administrativamente. Ressaltou que por ter o acidente ocorrido em data anterior a vigência da lei 8.441/92, não tem direito ao valor a indenização integral de 40 salários mínimos.

(4)

 

Aduziu ainda a ocorrência da prescrição, a impossibilidade de vinculação da indenização ao valor do salário-mínimo para pagamento do seguro; a autoridade do CNSP, para regular a matéria e, por fim, que o termo inicial dos juros de mora, em caso de condenação, deveriam ser computados a partir da citação.

 

Por fim, pleiteou a improcedência do pedido formulado, bem como a condenação da parte autora ao pagamento das custas e honorários advocatícios.

 

O Juízo de primeiro grau julgou extinto o feito, sem julgamento de mérito, por ausência de interesse da parte autora, uma vez que esta já havia recebido os 20 salários mínimos devidos a título indenizatório, entendendo inaplicável o disposto na lei 8.441/92.

 

Em razão da sucumbência, condenou a parte autora na integralidade das custas e em

honorários advocatícios no importe de 10% sobre o valor da causa, salientando os benefícios da justiça gratuita.

 

(5)

lei 8.441/92, com a conseqüente condenação da seguradora ao pagamento da diferença entre o valor pago administrativamente e os 40 salários mínimos devidos.

 

Preparado e contra arrazoado, vieram os autos a esta Corte de Justiça.

 

É o relatório, passo a decisão.

 

II - VOTO E SUA FUNDAMENTAÇÃO.

 

Primeiramente, é de salientar que o pedido inicial formulado cinge-se ao pagamento da diferença, do valor relativo ao seguro obrigatório - DPVAT, cuja indenização, segundo dispositivo da Lei 6.194/74, deve corresponder ao pagamento de 40 (quarenta) salários

mínimos (art. 3º) a serem pagos com base no valor da época da liquidação do sinistro (art. 5º, parágrafo primeiro).

 

(6)

 

Neste passo, mister destacar que, em consonância com o disposto no artigo 219, § 5º, do Código de Processo Civil, conforme redação conferida pela Lei 11.280 de 16/02/06 (que

expressamente revogou o artigo 194 do atual Código Civil), "O juiz pronunciará, de ofício, a pre scrição ".   Neste sentido.  

"(...) com o advento da Lei nº 11.280, de 16/02/06, com vigência a partir de 17/05/06, o art. 219, § 5º, do CPC, alterando, de modo incisivo e substancial, os comandos normativos supra,

passou a viger com a seguinte redação: 'O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição'. 5. Id est, para ser decretada a

prescrição

de ofício pelo juiz, basta que se verifique a sua ocorrência, não mais importando se refere-se a direitos patrimoniais ou não, e desprezando-se a oitiva da Fazenda Pública."1

 

De fato, antes da entrada em vigor do Código Civil de 2002, nas demandas relativas a pedido de indenização de seguro DPVAT, como no caso em tela, o prazo prescricional, a teor do art. 177 do Código Civil de 1916, era de vinte anos, por se tratar de ação de indenização, de natureza pessoal.

(7)

 

Associe-se a isso que o Código Civil de 2002 que estabelece, no art. 2.028, que os prazos prescricionais deverão ser os do novo diploma civil, contados a partir da sua entrada em vigor, caso sejam reduzidos pela nova lei e não tenha decorrido metade do tempo estabelecido na lei revogada.

 

Assim, no caso em tela, importante seja fixado qual o termo inicial para a contagem do prazo prescricional. Por tratar-se de ação de cobrança de diferença do valor da indenização, o termo inicial do prazo prescricional é a data do pagamento realizado a menor, porque mencionado fato tem o condão de interromper o prazo que passa a fluir novamente, de forma integral, nos termos do art. 202, VI, do Código Civil2.

 

Neste sentido os seguintes julgados:

 

"APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA - SEGURO OBRIGATÓRIO DE DANOS PESSOAIS, CAUSADOS POR VEÍCULOS AUTOMOTORES DPVAT PRESCRIÇÃO MARCO INICIAL DATA DO PAGAMENTO ART. 202, VI, CC CAUSA INTERRUPTIVA -PRAZO VINTENÁRIO - ARTS. 2028 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002 E 177 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 - PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA - REJEITADA - PLENA VALIDADE DA QUITAÇÃO COMPLEMENTAÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR MORTE POSSIBILIDADE -INTELIGÊNCIA DO ART. 3º, LETRA "A" DA LEI 6.194/74 - JUROS DE MORA - CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. Prevê o art. 202, VI, do Código Civil, a interrupção da

prescrição

(8)

reconhecimento do direito do beneficiário. (...)."3

 

"INDENIZAÇÃO. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. ILEGITIMIDADE PASSIVA 'AD

CAUSAM". PRESCRIÇÃO.

INOCORRÊNCIA. QUITAÇÃO. COMPLEMENTAÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO. VINCULAÇÃO DO PAGAMENTO AO SALÁRIO MÍNIMO. COMPETÊNCIA DO CNSP PARA REGULAMENTAR O

DPVAT

. CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. O ressarcimento decorrente do seguro obrigatório pode ser exigido de qualquer seguradora integrante do consórcio das sociedades seguradoras. 2. O termo inicial da

prescrição

é a data do pagamento parcial da indenização."4

 

Definido o marco inicial do prazo prescricional, a data em que o pagamento a menor do seguro foi efetuado na via administrativa, resta esta pretensão acobertada pelo instituto da prescrição porque aplicável o prazo trienal do Novo Código Civil e não o vintenário previsto no codex anterior.

 

Nesta medida, constata-se que da ocorrência do pagamento parcial (05/05/2000) até o início da vigência do Código Civil de 2002, não houve o transcurso de mais da metade do lapso temporal anteriormente estabelecido, que seria de pelo menos 10 anos, razão pela qual se torna imperioso adotar a regra do artigo 2028 da nova legislação, devendo, prevalecer no caso o uso do prazo trienal trazido pelo novo Código.

(9)

Tal prazo vem estatuído no artigo 206, §3º, IX, do Código Civil de 2002, in verbis:   "Art. 206. Prescreve:   §3º Em três anos: (...)  

IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório."

 

Entretanto, confirmando o comando legal do art. 2028 do Código Civil, conforme entendimento doutrinário e jurisprudencial, tal prazo não poderia ser contado do evento, haja vista a

possibilidade de, no início da vigência do novo Código, já se encontrarem inúmeras situações abarcadas pela prescrição:

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"O texto estabelece dois requisitos para que continue sendo aplicável ao prazo a lei velha: a) que ele tenha sido reduzido pela lei nova; b) que, contado pela lei velha, haja decorrido mais de metade do prazo. Não observados esses requisitos, aplica-se o atual Código Civil.

 

Outra coisa, porém, é saber a partir de quando, neste caso, incide o prazo da lei nova: do fato gerador ou da vigência do Código Civil? É óbvio que só poderá ser a partir do Código Civil, pois do contrário, o prazo, na maior parte das vezes, estaria consumado antes de seu início, o que é absurdo. Neste sentido: RT 832/246."5

 

"DIREITO CIVIL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PRESCRIÇÃO. NOVO CÓDIGO CIVIL. REDUÇÃO. CONTAGEM DO NOVO PRAZO. TERMO INICIAL.

 

O prazo prescricional em curso, quando diminuído pelo novo Código Civil, só sofre a incidência da redução a partir da sua entrada em vigor, quando cabível (art. 2.028). Nesse caso, a

contagem do prazo reduzido se dá por inteiro e com marco inicial no dia 11/01/2003, em homenagem à segurança e à estabilidade das relações jurídicas. Precedentes."6

 

(11)

para 3 (três) anos o lapso prescricional - Início da contagem do prazo a partir da entrada em vigor do Código Civil, ou seja, a partir de 13/01/2003 - Termo final em 13.01.2006 - Propositura da ação em 05.05.2006, quando já configurada a

prescrição

- Reconhecimento de ofício pelo magistrado - Possibilidade ante a nova redação do artigo 219, § 5º, do CPC - Apelação desprovida - Sentença de extinção mantida."7

 

Portanto, mesmo considerando-se como base, para o início da contagem do prazo trienal, a data inicial de vigência do Código Civil de 2002 (12/01/2003), vindo, portanto, a se esgotar em 12.01.2006, tem-se que a ação foi proposta somente em 23/03/2007, razão pela qual

realmente se constata que a situação em tela está acobertada pela prescrição.

 

Nesse mesmo sentido:

 

"O sinistro ocorreu em 07/05/2002 (fl. 14), na vigência do prazo prescricional disposto pelo CC de 1916, que era vintenário. (...). Considerando que, quando da entrada em vigor do atual Código Civil (12/01/2003), ainda não havia transcorrido mais da metade do prazo estabelecido na Lei anterior, aplica-se, em conformidade com o disposto na regra do art. 2.028 do referido Diploma Legal, o prazo da lei nova, previsto no art. 206, § 3°, IX, do atual Código Civil (03 anos). Tal prazo, consoante entendimento doutrinário e jurisprudencial proposto pelo

enunciado n° 50 das Jornadas de Direito do STJ8, tem seu termo inicial na data da entrada em vigor do novo diploma civil, ou seja, 12/01/2003.

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Assim, a prescrição se operou em 12/01/2006, quando transcorridos 03 anos da entrada em vigor do Código Civil atual. Como a ação foi ajuizada somente em 08/02/2007, decido pela extinção do processo com resolução de mérito."9

 

"AÇÃO DE COBRANÇA - SEGURO DPVAT - PRESCRIÇÃO - OCORRÊNCIA.

 

É errôneo o entendimento de que quando não tiver transcorrido mais da metade do prazo previsto na lei antiga, o prazo reduzido contido na nova lei deverá ser aplicado a partir do fato, pois sendo assim, quase todo o direito anterior à nova lei estaria fulminado pela prescrição, acarretando infringência ao princípio da irretroatividade legal, consagrado no inciso XXXVI do art. 5° da Constituição Federal, que garante a sobrevivência e ultratividade da lei antiga, não podendo a lei nova atingir o ato jurídico perfeito, o direito adquirido ou a coisa julgada.

 

Quando o novo Código prevê que será de três anos o prazo para a pretensão do beneficiário contra o segurador (art. 206, §3°, IX) quer com isso dizer que o detentor do direito violado terá o prazo de três anos, a partir da vigência do novo diploma civil, ou seja, a partir de 11 de janeiro de 2003, para pretender a reparação de seu direito."10

 

(13)

 

No que se refere aos ônus sucumbenciais, em favor da seguradora, diante da alegação da pre scrição

na peça contestatória, devem ser mantidos, não merecendo reforma, neste tópico, a sentença.

 

Assim, julgo prejudicado o recurso de apelação para reconhecer de ofício a prescrição e julgar extinta a ação de cobrança, condenando a parte autora ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios que fixo em 10% sobre o valor da causa, com fulcro no art. 20, §3.º, letras A, B e C, do Código de Processo Civil.

  É COMO VOTO.   III- DISPOSITIVO.  

(14)

do CPC, nos termos do voto acima relatado.

 

Participaram do julgamento, a Excelentíssima Senhora Desembargadora Rosana Amara

Girardi Fachin, Presidente com voto, e o Excelentíssimo Senhor Desembargador Renato Braga Bettega.   Curitiba, 05 de Fevereiro de 2009.  

Antonio Ivair Reinaldin

Juiz Convocado – Relator

 

1 STJ - 1ª Turma, REsp 836083/RS, rel. Min. José Delgado, DJ 31/08/2006.

2 Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:

(15)

 

3 TJPR, AC 437.238-9, Rel. Des. Rosana Amara Girardi Fachin, 9ª CC, j. 17/01/2008.

4 TJPR, AC 445.952-9, Rel. Des. Nilson Mizuta, 10ª CC, j. 28/02/2008.

5 NEGRÃO, Theotonio; GOUVÊA, José Roberto F. Código civil e legislação civil em vigor. 26 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 523.

6 STJ - 4ª Turma, REsp 717457/PR, Ministro Cesar Asfor Rocha, DJ 21.05.2007.

7 (TJPR - AC 0375058-3 - Antonina - 10ª C.Cív. - Rel. Des. Ronald Schulman - J. 09.11.2006) JCPC.269 JCPC.269.IV JCPC.219 JCPC.219.5

8 Enunciado n° 50: "A partir da vigência do novo Código Civil, o prazo prescricional das ações de reparação de danos que não houver atingido a metade do tempo previsto no Código Civil de 1916 fluirá por inteiro, nos termos da nova lei (art. 206)."

9 TJRS - Recurso Cível Nº 71001330836, 2ª Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator Mylene Maria Michel, Julgado em 20/06/2007 (corpo do acórdão).

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