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Crescimento e composição da fração volátil de Mentha arvensis L. cultivada em solução nutritiva com omissão de nutrientes

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Academic year: 2021

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Crescimento e composição da fração volátil de Mentha arvensis L. cultivada em solução nutritiva com omissão de nutrientes

CARVALHO, A.A.1; BERTOLUCCI, S.K.V.1; FIGUEIREDO, F.C.2; PINTO, J.E.B.P.1*

1Universidade Federal de Lavras, Departamento de Agricultura, Lavras, MG. 2Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, Muzambinho, MG. *Autor para correspondência: jeduardo@dag.ufla.br

RESUMO: O presente trabalho teve por objetivo verificar o efeito da omissão de macros e micronutrientes em solução nutritiva, no crescimento de plantas e na composição da fração volátil de Mentha arvensis L.. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC), com três repetições e 12 tratamentos: solução completa de Hoagland & Arnon e omissões de nutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn) dessa solução. A parcela experimental foi composta por uma planta por vaso. As plantas foram avaliadas quanto à massa seca das folhas, parte aérea, raiz e total. A análise da fração volátil foi realizada por cromatografia gasosa.

O crescimento de Mentha arvensis foi afetado pela omissão de quase todos os nutrientes.

Sintomas mais intensos de deficiência foram observados na ausência de N, P, Ca e B. As omissões de Mn e de Cu na solução de cultivo não afetaram negativamente o crescimento de Mentha arvensis. Observou-se porcentagem superiores de mentol, em relação ao tratamento controle, na omissão de P, S, Mg, Ca e B da solução nutritiva de Hoagland & Arnon.

Palavras-chave: Elemento faltante. Nutrição de plantas. Planta medicinal. Óleo essencial.

ABSTRACT: Growth and volatile fraction composition of Mentha arvensis L. in nutritive solution yield with nutrients omissions. This study aimed to determine the effect of the absence of macro and micronutrients in the nutrient solution in plant growth and analysis volatile fraction of the Mentha arvensis plants. The experimental design was a completely randomized design (CRD) with three replications and 12 treatments: complete solution of Hoagland &

Arnon and omission of nutrients (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn and Zn) in this solution. The experimental plot consisted of one plant per pot. Plants were evaluated for dry mass of leaves, shoots, roots and all. The analysis of volatile fraction was performed by gas chromatography.

The growth of Mentha arvensis was affected by the omission of almost all nutrients. More intense symptoms were observed in the absence of N, P, Ca and B. The omission of Mn and Cu in the culture solution did not adversely affect the growth of Mentha arvensis. It was observed a higher proportion of menthol, relative to the control, by the omission of P, S, Mg, Ca and B in the Hoagland & Arnon nutritive solution.

Keywords: Missing element. Plant nutrition. Medicinal plants. Essential oil

Recebido para publicação em 15/03/2016

Aceito para publicação em 15/03/2017 10.1590/1983-084X/ 0133

INTRODUÇÃO

A hortelã-japonesa ou menta (Mentha arvensis L.) é uma planta herbácea pertencente à família Lamiaceae. Destaca-se no uso culinário ou em chás medicinais, e há também amplo interesse industrial para a fabricação de produtos farmacêuticos, higiene, alimentos e bebidas, cosméticos, aromatizantes e flavorizantes (Lorenzi

& Matos, 2002; Garlet et al., 2007).

Na literatura há poucas informações sobre a adubação mineral e exigências nutricionais de plantas medicinais, principalmente no Brasil (Blank et al., 2006). Para Mentha arvensis, um

estudo conduzido por Garlet & Santos (2008), em solução nutritiva, permitiu concluir que nitrogênio, cálcio e potássio são os macronutrientes de maior concentração em todas as partes dessa erva.

A técnica do elemento faltante é uma metodologia usada para a identificação de deficiências nutricionais. Envolve o crescimento de uma planta sob condições de campo ou na casa de vegetação, em que é testado um tratamento completo (com todos os nutrientes necessários em doses adequadas) e uma série de tratamentos, nos quais é feita a omissão de um nutriente de cada vez (Silva et al., 2005).

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A hortelã-japonesa concentra óleos voláteis ricos em terpenoides, sendo o mentol o composto orgânico encontrado em maior proporção. A biossíntese dos metabólitos secundários em plantas medicinais e aromáticas depende de fatores genéticos, fisiológicos, ambientais e nutricionais da planta. Esses fatores podem atuar isoladamente ou exercer influência conjunta no metabolismo secundário (Freitas et al., 2004; Souza et al., 2007).

A deficiência de alguns elementos essenciais pode estimular a formação de certas moléculas em detrimento de outras, reforçando o papel exercido pelas condições nutricionais na produção de substâncias pelo metabolismo especial ou secundário (Souza et al., 2007).

A concentração de metabólitos secundários utilizados para defesa do vegetal tende a ter uma concentração inversa às taxas de crescimento, por ser este o “custo da defesa” das plantas, com o desvio de substâncias que poderiam gerar açúcares, proteínas e gorduras para produção de metabólitos secundários (Garlet et al., 2007). Por outro lado, Paulus et al. (2008) observaram o maior rendimento de óleo essencial no tratamento que apresentou maior produção de massa seca e, ao mesmo tempo, a maior concentração de óleo na massa seca de M. arvensis.

Como resposta à demanda farmacêutica, a obtenção de princípios ativos vegetais está deixando de ser extrativista e assumindo caráter produtivo com sustentabilidade. Na busca por qualidade superior da matéria prima de origem vegetal, o cultivo sistemático aparece como uma saída promissora (Pichi et al., 2012).

Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo verificar o efeito da ausência de macro e micronutrientes em solução nutritiva no crescimento de plantas e qualidade da fração volátil de Mentha arvensis.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado durante os meses de setembro e de outubro em casa de vegetação do Departamento Ciência do Solo, na Universidade Federal de Lavras (Lavras, MG). O município de Lavras está situado na região Sul do estado de Minas Gerais e, de acordo com a classificação climática de Köppen, o clima regional é do tipo Cwa com clima temperado chuvoso (mesotérmico) com inverno seco e verão chuvoso, subtropical, com inverno seco (Dantas et al., 2007).

Exsicatas de hortelã-japonesa (Mentha arvensis L.), família Lamiaceae, estão depositadas no herbário ESAL, do Departamento de Biologia da UFLA, sob o registro n° 3636. As mudas foram produzidas a partir de plantas matrizes

disponíveis no Horto de Plantas Medicinais da UFLA.

Microestacas apicais de 5 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro foram enraizadas em bandejas de poliestireno de 128 células, contendo o substrato comercial Plantmax®. Após 15 dias da propagação, as plantas foram transferidas para a solução nutritiva de Hoagland & Arnon (1950), com 20% da sua força iônica, onde ficaram por 15 dias para adaptação.

Após o período de adaptação, as plantas foram individualizadas em vasos com capacidade para três litros de solução nutritiva com 100%

da força iônica, aplicando-se os tratamentos empregados sob a técnica do elemento faltante, durante 45 dias. A solução completa possuía as seguintes concentrações: 210,1 de N; 31,0 de P;

234,6 de K; 200,4 de Ca; 48,6 de Mg; 64,2 de S;

0,5 de B; 0,02 de Cu; 0,6 de Cl; 5 de Fe; 0,5 de Mn;

0,01 de Mo e 0,05 de Zn em mg L-1. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC), com três repetições e 12 tratamentos: solução completa e omissões de (N; P; K; Ca; Mg; S; B; Cu;

Fe; Mn; e Zn) da solução nutritiva de Hoagland &

Arnon. A parcela experimental foi composta por uma planta por vaso.

Os vasos foram pintados em sua superfície externa com tinta alumínio e foi colocada uma tampa de isopor com pequeno orifício no centro para a fixação da planta. As soluções foram trocadas quinzenalmente e mantidas sob aeração constante durante todo o período experimental.

As soluções estoques e nutritivas foram preparadas com reagentes p.a. e água deionizada.

Durante o intervalo de renovação das soluções, o volume dos vasos foi completado, sempre que necessário, utilizando-se água deionizada.

Ao final do período experimental, os sintomas foram observados, descritos e fotografados.

O material colhido foi lavado em água destilada, acondicionado em saco de papel e colocado em estufa com circulação forçada de ar a 40 oC, até atingir massa constante. As plantas foram avaliadas quanto à massa seca da parte aérea, folha, raiz e total.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Scott & Knott, a 5% de probabilidade. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa computacional Sisvar® (Ferreira, 2011).

Para a análise da fração volátil, foi coletada uma amostra composta contendo 90 mg de folhas secas para cada tratamento. As análises químicas foram realizadas por headspace-CG/EM empregando um cromatógrafo gasoso Agilent®7890A acoplado a um detector seletivo de massas Agilent®MSD 5975C.

As concentrações dos constituintes presentes na fração volátil foram expressas pela porcentagem de área relativa dos picos cromatográficos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para todas as variáveis analisadas nesse experimento observou-se que as médias dos tratamentos diferiram estatisticamente (Tabela 1).

TABELA 1. Massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca das folhas (MSF), massa seca da raiz (MSRA), e total (MST) de Mentha arvensis cultivada em solução nutritiva com omissão de nutrientes.

Tratamento MSPA (g/vaso)

MSF (g/vaso)

MSRA (g/vaso)

MST (g/vaso)

Completo 9,21a 9,27a 3,06a 21,55a

-N 0,84d 0,74g 0,60c 2,18f

-P 1,83d 2,22f 1,48b 5,53e

-K 3,85c 6,79c 1,24b 11,88d

-Ca 1,19d 2,31f 0,53c 4,03f

-Mg 6,89b 6,24c 3,36a 16,49c

-S 4,97b 4,73d 3,04a 12,73d

-B 2,27d 3,63e 1,09b 7,00e

-Cu 8,77a 9,41a 3,26a 21,45a

-Fe 6,10b 6,72c 3,26a 16,10c

-Mn 8,07a 8,61a 2,84a 19,52b

-Zn 6,51b 7,69b 3,58a 17,78b

C.V. (%) 18,63 9,53 14,51 10,77

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Scott & Knott a 5% de probabilidade.

Verificou-se que a ordem de limitação nutricional foi: N>P=Ca>B>S>Mg=Fe=K>Zn>Mn

=completo=Cu para massa seca de folhas e N=C a=P=B>K>S=Fe=Zn=Mg>Mn=Cu=completo para massa seca de parte aérea. Os tratamentos com omissão Cu e Mn não diferiram estatisticamente dos resultados obtidos pelo tratamento controle para as variáveis massa seca das folhas e da parte aérea. Garlet & Santos (2008), ao trabalharem com a Mentha arvensis em sistema hidropônico, encontraram resultados semelhantes para estes dois nutrientes. Isto demonstra que estes nutrientes não afetam negativamente o crescimento desta espécie, pois mesmo em sua ausência a planta se desenvolveu com a mesma capacidade de que quando colocadas sob o tratamento controle.

Além do N, as omissões de B, Ca e P reduziram a produção de massa seca da parte aérea. A deficiência de B reduz a atividade da ATPase e, consequentemente, a disponibilidade de energia necessária à absorção iônica ativa, podendo reduzir a absorção de Ca (Malavolta, 2006). A interação entre omissão de B e redução nos teores de Ca deve estar baseada no fato de que ambos os nutrientes exercem função estrutural nas membranas e na parede celular (Marschner, 2012).

A ordem de limitação nutricional para produção de massa seca de raízes foi: Ca=N>B=K

=P>Zn=Mn=Fe=Cu=S=Mg=completo. As omissões de Mg, S, Cu, Fe, Mn e Zn não reduziram a massa seca do sistema radicular, sendo estatisticamente igual a solução completa. Reduções drásticas de massa seca de raiz foram observadas na supressão de N e Ca. Menores massas secas de raiz também foram encontradas com a retirada de P, K e B da solução nutritiva. De acordo com Taiz & Zeiger (2009), plantas em condições de deficiências nutricionais tendem a investir mais energia na produção de raízes para ampliar o potencial de absorção desses nutrientes.

A produção de massa seca total das plantas foi mais limitada pelos seguintes nutrientes: N=Ca>P

=B>K=S>Fe=Mg>Zn=Mn>Cu=completo. De acordo Sanchez & Uehara (1980), considera-se como deficiência severa quando a produção de massa seca cai a 40% em relação ao tratamento completo.

Ao analisar as massas secas totais, verifica-se que as omissões de N, Ca, P, B, K e S, resultaram em deficiência severa com reduções de (90, 81, 74, 68, 45 e 41%) respectivamente.

Foram observados sintomas característicos com a omissão dos nutrientes estudados em solução nutritiva (Figura 1).

A omissão de N causou clorose generalizada nas folhas mais velhas. Com o avanço do cultivo, toda a planta se mostrou clorótica, além de menor crescimento, menor número de hastes, folhas e do sistema radicular (Figura 1A).

A deficiência de N inibe o crescimento vegetal, pelo fato desse nutriente ser constituinte de muitos componentes da célula vegetal, incluindo aminoácidos e ácidos nucléicos. A clorose generalizada em folha velha foi observada devido a alta mobilidade do nutriente na planta (Marchner, 2012).

As plantas deficientes em P também apresentaram menor tamanho e menor número de hastes e folhas, quando comparados às plantas do tratamento controle. As raízes ficaram menos densas e com coloração verde mais escura (Figura 1B). De acordo Taiz & Zeiger (2009), o crescimento reduzido é um dos sintomas característicos da deficiência de P que está presente em diversos compostos orgânicos essenciais e participa de processos de transferência de energia. Segundo Coelho et al.

(2011), a coloração verde escura aparece devido ao decréscimo da síntese de proteína, quando o P está deficiente resultando no aumento da quantidade de açúcares nos órgãos vegetativos da planta, favorecendo a síntese de antocianina nas folhas que produz a coloração.

Na ausência de K ocorreu redução no crescimento da parte aérea e raiz e com o decorrer

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Legenda:

A) - Nitrogênio; G) - Boro;

B) - Fósforo; H) - Cobre;

C) - Potássio; I) - Ferro;

D) - Cálcio; J) - Manganês;

E) - Magnésio; K) - Zinco.

F) - Enxofre;

FIGURA 1. Sintomas visuais de deficiência mineral em Mentha arvensis. Aspecto geral da parte aérea e do sistema radicular.

Legenda:

A) - Nitrogênio; G) - Boro;

B) - Fósforo; H) - Cobre;

C) - Potássio; I) - Ferro;

D) - Cálcio; J) - Manganês;

E) - Magnésio; K) - Zinco.

F) - Enxofre;

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do tempo, clorose nas folhas mais velhas com posterior necrose na sua extremidade (Figura 1C).

Os sintomas típicos de deficiência de K, clorose e posterior necrose dos ápices e margens das folhas mais velhas podem também ser explicados ao acúmulo de putrescina tetrametilenodiamina (Pulga et al., 2010).

As plantas sob deficiência de Ca tiveram o crescimento afetado negativamente, com folhas menores e em menor número. O sistema radicular teve o crescimento reduzido, e as raízes se tornaram mais escuras quando comparadas com plantas do tratamento controle (Figura 1D). Epstein &

Bloom (2004), mencionam que os sintomas de deficiência de Ca aparecem mais cedo, e, mais severamente, em regiões meristemáticas e folhas jovens. Como o nutriente não é redistribuído, os pontos de crescimento são danificados ou mortos e o crescimento das raízes é severamente afetado.

Na ausência do Mg, as folhas desenvolveram sintoma típico, com clorose internerval nas folhas mais velhas (Figura 1E). Esse padrão de clorose, segundo Taiz & Zeiger (2009), ocorre porque a clorofila nos feixes vasculares permanece inalterada por períodos mais longos do que a clorofila nas células entre os feixes.

Na omissão do S ocorreu clorose generalizada do limbo foliar das folhas novas (Figura 1F). Como o S é um constituinte essencial das proteínas, a deficiência desse elemento resulta na inibição da síntese de proteínas e aminoácidos, que contêm esse elemento, como, por exemplo, a metionina, cistina e a cisteína (Marschner, 2012).

Em relação aos micronutrientes, a omissão do B causou menor crescimento quando comparados ao tratamento completo (Figura 1G). Com a progressão do sintoma, as folhas lançadas pela planta eram menores, mal formadas e encarquilhadas além da diminuição do sistema radicular. De acordo com Taiz & Zeiger (2009), em plantas com pouca mobilidade do boro, a deficiência resulta em necrose de tecidos meristemáticos na região de crescimento, conduzindo à perda da dominância apical.

Na ausência do Cu, as folhas possuíam sintomas de perda de turgidez e de água, semelhante uma desidratação (Figura 1H). Na planta o cobre é considerado parcialmente móvel, o que faz com que os sintomas visuais de sua deficiência apareçam primeiramente nas folhas mais novas. As folhas mais novas tornam-se cloróticas e murchas, e há envergamento excessivo das lâminas foliares, inclusive com quebra (Malavolta, 2006).

N a a u s ê n c i a d e F e , a s p l a n t a s desenvolveram clorose internerval nas folhas novas e um reticulado constituído de nervuras rudimentares muito finas. O sistema radicular

apresentou coloração alaranjada (Figura 1I).

Garlet & Santos (2008), relatam que os sintomas de clorose observados em plantas deficientes em ferro podem ser causados por distúrbio na estrutura do cloroplasto, como consequência da inibição na síntese de lipídios.

Já na ausência do Mn, as plantas desenvolveram sintoma típico, com clorose nas folhas novas (Figura 1J). De acordo com Kirkby

& Römheld (2007), o Mn atua diretamente na fotossíntese e indiretamente na formação de carboidratos. Assim, deficiências leves de Mn afetam a fotossíntese e diminuem o nível de carboidratos solúveis na planta.

Na ausência do Zn foi observado redução dos internódios e aumento da brotação (Figura 1K). O ácido indolacético (AIA) está intimamente relacionado com os sintomas de deficiência de zinco, portanto, quando ocorre deficiência desse micronutriente, menos AIA é sintetizado, como também, o que é produzido está sujeito a uma maior degradação oxidativa (Kirkby & Römheld, 2007).

Ressalta-se que a produção de plantas sem sintomas visuais de deficiência nutricional, matéria prima de qualidade e padronizada, é de grande interesse para a indústria na produção de fitoterápicos e para o produtor, aumentando sua rentabilidade (Rodrigues et al., 2004).

No presente estudo foram identificados 22 constituintes (tabela 2). Com relação aos principais constituintes da fração volátil, destacam- se as variações em mentol (71,39 a 86,19%), iso- mentona (4,22 a 5,07%), mentona (0,88 a 7,47%), α-pineno (0,94 a 1,97%), 3-octanol (0,57 a 1,28%) e d-limoneno (0,89 a 4,81%).

Garlet et al. (2007) identificaram por destilação 21 constituintes que, na média, corresponderam a 97,95% do total. Os componentes majoritários encontrados foram mentol com 57,13 a 71,20% e mentona com 13,83 a 26,47%, alfa-pineno com 0,17 a 0,43%, beta-pineno com 0,23 a 0,57%, limoneno com 1,00 a 2,30% e acetato de mentila com 0,63 a 1,17%. Foram detectados traços (<0,1%) de 3-octanol, (Z)-beta-ocimeno, (E)-beta-ocimeno, carvonatacetona e biciclogermacreno em todas as amostras.

Quando os nutrientes P, S, Mg, Ca e B foram omitidos da solução de cultivo observou-se porcentagem superiores de mentol em relação ao tratamento controle (solução completa), apesar do crescimento do vegetal ser prejudicado na omissão desses nutrientes, principalmente para Ca e B, como discutido anteriormente.

Rodrigues et al. (2004), cultivando Mentha piperita com diversas soluções de fósforo, obtiveram aumento na produção de massa fresca e seca com o aumento das dosagens de fósforo, que

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Tabela 2. Área relativa (%) de picos cromatográficos da fração volátil de Mentha arvernsis.

I.R COMPONENTES Compl N P K Ca Mg

932 α-pineno 1,69 1,24 1,28 1,55 1,34 1,47

971 sabineno 0,80 0,58 0,51 0,72 0,55 0,71

975 β-pineno 1,45 1,06 1,10 1,34 1,14 1,24

991 mirceno 1,14 0,71 0,52 1,00 0,70 0,99

995 3-octanol 1,28 0,65 0,93 1,12 0,86 0,63

1027 d-limoneno 2,51 3,17 1,20 2,46 1,78 3,38

1031 1,8-cineaol 0,21 0,17 0,16 0,19 0,16 0,18

1036 β-cis-ocimeno 0,16 - - 0,09 - -

1087 terpinoleno 0,09 - - - - -

1100 hidrato de cissabineno 0,82 0,70 0,80 0,81 0,68 0,61

1144 iso-pulegol 0,35 0,28 0,30 0,32 0,28 0,28

1152 mentona 3,67 5,88 0,88 6,32 3,00 1,57

1163 iso-mentona 4,97 4,22 4,24 5,07 4,67 4,38

1169 lavandulol 0,11 0,15 - 0,10 - 0,11

1177 mentol 76,65 76,05 84,36 75,22 81,25 80,53

1183 iso-mentol 0,35 0,17 0,44 0,28 0,42 0,45

1190 α-terpineol 0,25 0,17 0,20 0,21 0,22 0,23

1237 cis-3-hexenil isovalerato 0,42 0,44 0,29 0,47 0,37 0,30

1253 piperitone 0,76 0,36 0,61 0,56 0,58 0,52

1378 β-cubebeno 0,78 0,99 0,39 0,68 0,41 0,77

Total 98,46 98,90 98,85 98,48 98,60 98,34

I.R COMPONENTES S B Cu Fe Mn Zn

932 α-pineno 1,41 0,94 1,97 1,95 1,83 1,79

971 sabineno 0,63 0,37 1,00 0,94 0,90 0,87

975 β-pineno 1,19 0,81 1,66 1,66 1,57 1,53

991 mirceno 0,87 0,42 1,44 1,38 1,27 1,29

995 3-octanol 0,63 0,57 1,02 1,15 1,04 0,94

1027 d-limoneno 3,57 0,89 3,53 3,79 4,03 4,81

1031 1,8-cineaol 0,17 0,12 0,24 0,23 0,22 0,21

1036 β-cis-ocimeno - - 0,16 0,13 0,16 0,13

1087 terpinoleno - - 0,11 0,11 0,10 0,09

1100 hidrato de cissabineno 0,61 0,48 0,81 0,82 0,75 0,76

1144 iso-pulegol 0,27 0,26 0,35 0,34 0,34 0,32

1152 mentona 2,69 1,38 5,24 5,42 7,47 6,89

1163 iso-mentona 4,49 4,00 4,97 4,89 4,88 4,72

1169 lavandulol - - 0,08 0,08 0,08 0,07

1177 mentol 79,79 86,19 73,43 73,18 71,39 71,62

1183 iso-mentol 0,39 0,39 0,23 0,30 0,22 0,26

1190 α-terpineol 0,22 0,20 0,21 0,22 0,24 0,24

1237 cis-3-hexenil isovalerato 0,39 0,20 0,37 0,36 0,48 0,42

1253 piperitone 0,51 0,56 0,79 0,65 0,78 0,78

1378 β-cubebeno 0,64 0,45 0,79 0,70 0,77 0,73

Total 99,02 98,48 98,59 97,33 98,51 98,53

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não aumentou os teores de óleo essencial, não significando, portanto, ganhos de produção de óleo por planta.

A concentração de metabólitos secundários utilizados para defesa das plantas tende a apresentar concentração inversa às taxas de crescimento, havendo então desvio de compostos do metabolismo primário (açúcares, proteínas, lipídios) para produção de metabólitos secundários, tais como os terpenoides. No entanto, um teor elevado de óleo por si só pode não ter interesse agrícola, pois plantas que produzam muito óleo, porém com baixa produção de folhas, resultarão em baixo rendimento de óleo por área (Garlet et al., 2007).

Souza et al. (2007) verificaram que menores doses de N resultaram em maior produção de óleo essencial e as plantas sob maiores doses de N apresentaram menor rendimento de óleo essencial e maior ganho de biomassa.

Em todos os tratamentos, com exceção da omissão de K e Cu, observou-se a redução na porcentagem de iso-mentona em relação ao controle. Para mentona, verificou-se porcentagens superiores ao controle nos tratamentos com omissão dos nutrientes Cu, Fe, N, K e Zn. As plantas na solução completa apresentaram valores numéricos maiores para 3-octanol e para o α-pineno, a exceção dos tratamentos sem Cu, Fe, Mn e Zn. Em relação ao d-limoneno, porcentagens maiores do que o controle verifica-se nos tratamentos com omissão de Cu, S, Fe, Mg, Mn, N e Zn.

Maia (1998) observou que a omissão do nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio reduziu significativamente a produção de material verde da planta de hortelã inteira e que as proporções de limoneno, mentona, mentol e mentil acetato no óleo essencial foram alteradas pelas condições de nutrição da planta.

De maneira geral, as omissões de Mn e de Cu na solução de cultivo não afetou negativamente o crescimento de M. arvensis. Sintomas de deficiência nutricional mais intensos em hortelã-japonesa foram observados na omissão de N, P, Ca e B. Observou- se porcentagem superiores de mentol, em relação ao tratamento controle, na omissão de P, S, Mg, Ca e B da solução de Hoagland & Arnon.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo apoio financeiro e concessão de bolsas de estudo.

REFERÊNCIAS

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