• Nenhum resultado encontrado

Restauração direta em resina composta manutenção, reparação e conservação

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Restauração direta em resina composta manutenção, reparação e conservação"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

Coluna Sakamoto

1 Graduado em Odontologia – UEM, Me. e Dr. em Dentística – UEPG, Prof. no curso de Especialização em Dentística – Faculdade ILAPEO, Prof. Substituto em Dentística Operatória – UFPR.

E-mail do autor: antoniosakamotojr@gmail.com Como citar este artigo:

Sakamoto Jr AS. Restauração direta em resina composta – manutenção, reparação e conservação. Prosthes. Esthet. Sci.

2019; 9(33):26-36.

DOI: 10.24077/2019;933-CS2636

Restauração direta em resina composta – manutenção, reparação e conservação

Direct restoration in composite resin – maintenance, repair and preservation

Antonio Setsuo Sakamoto Junior1

Resumo

Qual o melhor material restaurador estético, resina ou cerâmica? Difícil de responder, concorda? Não há um consenso entre os profissionais, pois depende da formação acadê- mica/filosófica de cada um pois, como tudo, existem vantagens e limitações em todos os materiais odontológicos. Na área da saúde, por não ser uma ciência exata, não existe o certo ou errado, porque existem diversas formas de se solucionar o mesmo problema. Atualmen- te, tenho observado muitos tratamentos com lentes de contato dentais desnecessários, no meu ponto de vista, onde julgo que seria mais indicado a utilização de resina composta ao invés de desgastar dentes hígidos. Em um congresso que assisti do professor Sidney Kina, ele iniciou sua palestra com a palavra simples ≠ fácil, onde abordou a reflexão sobre protocolos clínicos. Hoje vemos que muitos professores “criam” técnicas complexas, sendo difícil de se reproduzir. Devemos executar o simples bem feito e descomplicar nosso cotidiano, para evi- tar o estresse. Neste trabalho separei um caso clínico de facetas em resina composta, onde muitos colegas teriam solucionado com laminados cerâmicos, relatando o retorno após 36 meses e a realização de reparo e polimento.

Descritores: Estética dentária, falha de restauração dentária, reparação de restauração dentária, resinas compostas

Abstract

Which is the best aesthetic restorative material, resin or ceramic? Hard to answer, do you agree? There is no consensus among professionals, because it depends on the academic/

philosophical formation of each one, there are advantages and limitations in all dental ma- terials. Because Oral health is not an exact science, there is no right or wrong, because there are several ways to solve the same problem. Currently, I have observed many procedures with thin laminate veneers, where I think it would be more appropriate to use composite resin. At a congress attended by Professor Sidney Kina, he began his lecture with a phrase simple ≠ easy when addressing a reflection on clinical protocols, today we see that many teachers “create” complex techniques that are difficult to use. We should do the simple well done and uncomplicate our daily lives to avoid stress. In this paper, I separate a clinical case of composite resin veneers, where many colleagues solved problems with ceramic laminates, related to return after 36 months and after performing repair and polishing.

Descriptors: Dental esthetics, dental restoration failure, dental restoration repair, com- posite resins.

(2)

Introdução

Início dos anos 1990, um domingo qualquer, me recordo de ouvir palmas na frente do portão de casa e um grito chamando pelo nome do meu pai. Fui aten- der a porta e era um paciente que estava com dor de dente (meu pai tem o consultório na frente de casa), fui no quarto chamá-lo, ele de pijama foi ver o paciente e abriu o consultório para atendê-lo. Quando retornou pra casa, perguntei qual era o problema do pacien- te e ele disse que tinha feito uma extração do dente que o incomodava e que ele estava sem dinheiro e fez

“fiado”. Lembro que comentei que ele deveria cobrar mais caro por ser um procedimento de emergência e pelo fato de ser fora do expediente, e a resposta dele me marcou tanto que lembro como se ele estivesse me falando hoje: “filho, temos que ajudar os outros, eu fiz a minha parte”, mas dai eu questionei indignado e se ele não pagar? Ele respondeu: “temos que confiar nas pessoas, mas se ele não pagar é da consciência dele, eu estou com a consciência tranquila, não devemos só pensar no dinheiro”.

Honestidade, segundo o dicionário Michaelis1, é que tem honradez e probidade; Que tem pureza, castidade, pudor, recato. Notamos que esta qualidade está em extinção e é pouco praticada no dia a dia. Para ser honesto não é preciso muita coisa, basta cumprir com o que se fala e praticar os bons princípios.

Não sou uma pessoa que fica dando conselhos, e nem tenho pretensão de virar um conselheiro aqui nesta coluna, mas acredito que não devemos inverter valores e só pensar no financeiro, como meu pai já di- zia, devemos priorizar o bem-estar e saúde dos nossos pacientes, assim criamos um laço de confiança, onde fica mais fácil o entendimento do processo restaurador bem como a questão financeira.

Um exemplo de confiança é quando o paciente que você atendeu indica um familiar ou amigo. Sendo assim, no presente trabalho irei relatar abaixo um caso clínico, onde o planejamento e seleção do material res- taurador foi definido conjuntamente com a expectati- va e anseios do paciente.

Relato de caso

Paciente ARCM, gênero feminino, 39 anos procu- rou a clínica odontológica insatisfeita com seu sorriso, com relação à coloração e formato. Durante o exame inicial ela comentou que já havia se consultado com outros profissionais e alguns disseram que não daria para realizar o tratamento estético com resina direta pois iria quebrar, já outros sugeriram laminados cerâ- micos, onde teria que desgastar estrutura dental sadia.

Porém, a paciente gostaria de melhorar o aspecto do sorriso sem realizar um procedimento muito invasivo.

Assim, na primeira consulta foi realizado exame

radiográfico, fotografias extra e intra orais (Figuras 1-8) para auxiliar no planejamento e moldagem para confecção de enceramento diagnóstico. Foi exposto o seguinte planejamento: clareamento dental caseiro, e facetas diretas em resina composta do elemento 13 ao 23. Observe na Figura 9, onde os dentes antago- nistas tocam no movimento de protrusão, inviabilizan- do o aumento da incisal do incisivo central superior.

Desta forma, para corrigir e acrescentar material nesta região, foi explicado à paciente que seria necessário realizar desgastes nos dentes antagonistas para criar o espaço suficiente e não sobrecarregar, evitando assim a fratura da futura restauração.

Sakamoto Jr AS.

(3)

1

2 3

4

5 6

(4)

Sakamoto Jr AS.

Aprovado o planejamento, iniciou-se pelo clarea- mento dental caseiro com peróxido de carbamida 16%

(Whiteness Perfect 16% - FGM) por 3 semanas (figuras 10 a 12). Ao finalizar o clareamento, aguardou-se 1 semana para estabilizar a cor e eliminar o oxigênio re- sidual que pode interferir negativamente na adesão2-4 e, em seguida, foi realizado a restauração, iniciando pelo elemento 11 por apresentar mais referência. Com auxílio de uma matriz palatina de silicone de conden- sação, confeccionada previamente sobre o modelo encerado, foi acomodado a resina B1E (Z350XT – 3M ESPE) para confeccionar a parede palatina, fotopoli- merizou-se por 20 segundos e removeu-se a matriz, depois foi acomodado um incremento de resina opaca B1B (Z350XT – 3M ESPE) para confeccionar as pontas dos mamelos, após fotopolimerizar por 20 segundos foi acomodado uma pequena quantidade de resina de

Figuras 1-8 – Aspecto inicial, protocolo fotográfico extra e intraorais para auxiliar no planejamento restaurador. Observa-se que o quadrante 2 está desproporcional e na vista lateral é possível notar a presença de diastema entre o canino e pré-molar.

Figura 9 – Movimento de protrusão, nota-se que houve uma compensação dos incisivos inferiores, não restando espaço protético, sendo necessário realizar ajuste oclusal adaptativo previamente à restauração dos incisivos superiores.

efeito azul BT (Z350XT – 3M ESPE) entre os mamelos.

Posteriormente, em toda vestibular foi acomodado a resina translúcida B1E (cervical) e WE (terço médio inci- sal) (Z350XT – ESPE) e com auxílio de um pincel de pelo de marta, a resina foi espalhada da cervical para incisal e o excesso foi removido com uma espátula na borda incisal, fotopolimerizou-se por mais 20 segundos e por fim foi aplicado gel de glicerina em toda superfície e fotopolimerizado por mais 20 segundos. Após lavar e secar, foi realizado um leve acabamento com disco abrasivo Sof-Lex vermelho (3M ESPE) na proximal para evitar que a resina do dente adjacente se fixe ao en- costar no momento da confecção do contato proximal.

Assim foi realizada a restauração em cada dente indi- vidualmente, utilizando a mesma estratificação citada anteriormente.

7 8

9

(5)

Figuras 10-12 – Foi realizado clareamento caseiro com peróxido de carbamida 16% por 3 semanas. Inicialmente os caninos estavam com a tonalidade A3 e os incisivos A2. Nota-se que o resultado final foi bem positivo, ficando no tom B1.

10

11

12

(6)

Finalizado os 6 elementos, foi realizado acaba- mento na região cervical com ponta diamantada fina 3195F (KG Sorensen) montada em contra-ângulo mul- tiplicador, tomando cuidado para não tocar na gengi- va e causar dano ao tecido. Em seguida, foi realizado o polimento com a sequência de borrachas abrasivas em formato de taça da granulação mais grossa para a mais fina (verde, amarelo e branco - Jiffy Polish – Ul- tradent), por fim foi utilizado disco de feltro com pasta

de polimento de óxido de alumínio (Enamelize – Cos- medent) para o brilho final (Figuras 13-19).

Após 36 meses a paciente retornou se queixando de uma fratura na incisal do incisivo central esquerdo (elemento 21) e pigmentação no lateral esquerdo (ele- mento 22) (Figuras 20-25). Como a paciente não reside em Curitiba, ela não fez a manutenção periódica para evitar o manchamento conforme o recomendado.

13

14 15

Sakamoto Jr AS.

(7)

Figuras 13-19 – Aspecto logo após a finalização das restaurações, observa-se que os incisivos inferiores foram nivelados, possibilitando aumentar o comprimento dos elementos 21, 22, e 23, rejuvenescendo o sorriso. Nota-se que a curvatura criada pela linha das incisais dos dentes superiores ficou bem homogênea e paralela ao lábio inferior.

16

17

19

18

(8)

20

21

23

22

Sakamoto Jr AS.

(9)

Desta forma, optou-se pelo reparo, pois apresenta vantagem, como o custo reduzido, preservando estru- tura dental sadia5-8 foi utilizado uma ponta diamantada de granulação grossa, por exemplo, 2135 (KG Soren- sen) para remover a região pigmentada e regularizar/

asperizar a região da fratura9,10, em seguida foi aplica- do jato de óxido de alumínio (50 micras)11 e posterior- mente aplicado ácido fosfórico 35% na superfície da resina jateada e no esmalte dental por 30 segundos.

Após lavar abundantemente e secar, foi aplicado sis- tema adesivo Single Bond 2 (3M ESPE) e fotopolimeri- zado por 20 segundos, em seguida foi acomodado o

Figuras 20-25 – 36 meses sem realizar manutenção, a superfície das restaurações ficaram foscas e a paciente retornou ao consultório por causa da fratura no ângulo disto-incisal do elemento 21 e mancha na incisal do elemento 22. Nota-se que a gengiva se encontrava bem saudável.

incremento de resina Z350XT A2E (não foi utilizada a mesma de cor da resina B1 que foi usada há 3 anos, pois o dente e a restauração estavam mais saturados) e fotopolimerizado por 20 segundos. Ao final, foi apli- cado gel de glicerina em toda superfície e fotopolime- rizado por mais 20 segundos. Depois de lavar e secar, foi realizado o acabamento com Sof-Lex vermelho e o polimento foi realizado em todos os dentes com a sequência de borracha Jiffy Polish (verde, amarelo e branca) e disco de feltro com pasta de óxido de alu- mínio, para devolver o brilho das restaurações antigas (Figuras 26-31).

24

25

(10)

26

27 28

29

Sakamoto Jr AS.

(11)

Figuras 26-31 – Aspecto final após reparo nos elementos 21 e 22 e polimento de canino a canino com borrachas e feltro com pasta de óxido de alumínio. Observa-se que foi devolvido o brilho superficial das restaurações.

Considerações finais

O reparo de restaurações é uma opção de tra- tamento conservador, apresenta benefícios sobre a substituição total da restauração danificada, incluindo a preservação de estruturas dentárias sadias, sendo um procedimento rápido, confiável e de menor custo.

Referências

1. Honestidade. In: Michaleis: moderno dicionário da língua portuguesa [Internet]. [acesso em 2019 out 24]. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?id=e3347

2. Lai SC, Tay FR, Cheung GS, Mak YF, Carvalho RM, Wei SH, Toledano M, Osorio R, Pashley DH. Reversal of compro- mised bonding in bleached enamel. J Dent Res. 2002 Jul;

81(7):477-81.

3. Lago ADN. Adesão à superfície de esmalte clareado: ava- liação in vitro por microtração. São Paulo, 2009. 144 p.

Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Odontologia da Uni- versidade de São Paulo.

4. Wilson D, Xu C, Hong L, Wang Y. Effects of different pre- paration procedures during tooth whitening on enamel bonding. J Mater Sci Mater Med. 2009 Apr; 20(4):1001-7.

5. Casagrande L, Laske M, Bronkhorst EM, Huysmans MCDN- JM, Opdam NJM. Repair may increase survival of direct pos- terior restorations - A practice based study. J Dent. 2017 Sep; 64:30-36.

6. Kanzow P, Wiegand A, Schwendicke F, Göstemeyer G.

Same, same, but different? A systematic review of protocols for restoration repair. J Dent. 2019 Jul; 86:1-16.

7. Ruschel VC, Stolf SC, Shibata S, Baratieri LN. A Conservative Technique for Repairing Class IV Composite Restorations.

Oper Dent. 2017 Jan/Feb; 42(1):E10-E15.

8. van de Sande FH, Moraes RR, Elias RV, Montagner AF, Ro- dolpho PA, Demarco FF,Cenci MS. Is composite repair suita- ble for anterior restorations? A long-term practice-based cli- nical study. Clin Oral Investig. 2019 Jun; 23(6):2795-2803.

9. Valente LL, Silva MF, Fonseca AS, Münchow EA, Isolan CP, Moraes RR. Effect of Diamond Bur Grit Size on Composite Repair. J Adhes Dent. 2015 Jun; 17(3):257-63.

10. Ahmadizenouz G, Esmaeili B, Taghvaei A, Jamali Z, Jafari T, Ami- ri Daneshvar F,Khafri S. Effect of different surface treatments on the shear bond strength of nanofilled composite repairs. J Dent Res Dent Clin Dent Prospects. 2016 Winter; 10(1):9-16.

11. Souza MO, Leitune VC, Rodrigues SB, Samuel SM, Collares FM. One-year aging effects on microtensile bond strengths of composite and repairs with different surface treatments.

Braz Oral Res. 2017 Jan 5; 31:e4.

31 30

Referências

Documentos relacionados

intermedia apresenta a constituição típica de aranhas haplóginas: uma cavidade gentital – útero externo ou bursa copulatriz – e duas espermatecas separadas espacialmente, do

 Para os agentes físicos: ruído, calor, radiações ionizantes, condições hiperbáricas, não ionizantes, vibração, frio, e umidade, sendo os mesmos avaliados

Equipamentos de emergência imediatamente acessíveis, com instruções de utilização. Assegurar-se que os lava- olhos e os chuveiros de segurança estejam próximos ao local de

A prova do ENADE/2011, aplicada aos estudantes da Área de Tecnologia em Redes de Computadores, com duração total de 4 horas, apresentou questões discursivas e de múltipla

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

É constitucional o artigo 165-A do Código de Trânsito Brasileiro, incluído pela Lei 13.281/2016, o qual estabelece como infração autônoma de trânsito a recusa de condutor de

A figura abaixo mostra o aparelho utilizado por Urey-Miller que reconstituiu, em situações experimentais, as condições da Terra primitiva no que se refere à gênese

Nacionais/tipo de tecido Nº de tecidos oculares 1053 8 Nº de unidades de pele 0 1 Nº válvulas cardíacas 55 1 Nº vasos sanguíneos 1 1 Nº de tecidos músculoesqueléticos 263 3