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Juventude e acesso ao ensino superior: novo hiato de gênero?

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Academic year: 2021

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Felícia Picanço

O padrão cultural dominante é tratar a juventude como uma etapa de tran-sição para a vida adulta, cujos comportamentos esperados seriam estar na es-cola, buscar uma inserção no mercado de trabalho para, em seguida, constituir sua própria família. No entanto, a imagem de jovens protegidos do trabalho e distantes de responsabilidades, embora seja o padrão cultural vigente, não é re-corrente. Os papéis sociais dos jovens dentro dos arranjos familiares são, por sua vez, estabelecidos dentro de uma zona de interseção entre as condições de vida, valores culturais, expectativas dos grupos socioeconômicos aos quais pertencem e contextos econômicos e sociais nos quais estão inseridos; consequentemente, gênero, cor e renda são marcadores sociais de produção e reprodução de diferen-ças e desigualdades.

Dentro dessa perspectiva, o conceito de juventude deixou de ser buscado a partir do estabelecimento de etapas, movimentos e comportamentos definidos. Trata-se de “juventudes”, isto é, identidades, diferenças e desigualdades que atra-vessam essa condição (NOVAES, 1998; CARRANO, 2000; ABRAMOVAY; CASTRO, 2006; ABRAMO, 2007). Com isso a pergunta deixou de ser sobre a possibilida-de ou impossibilidapossibilida-de possibilida-de viver a juventupossibilida-de, mas sim sobre os diferentes modos como tal condição é ou pode ser vivida (ABRAMO, 2007).

Gênero, raça/cor e renda, dentre outros marcadores sociais de diferenças, amalgamam-se produzindo trajetórias e perfis em relação a trabalho, estudo, maternidade/paternidade e cuidados com casa e família. Ao longo das últimas décadas as barreiras de gênero vêm sendo enfrentadas através das mudanças culturais, econômicas e políticas públicas, cujos resultados são visíveis na re-dução da fecundidade, reversão do hiato de gênero na educação (gap de gêne-ro), ampliação do ingresso das mulheres no mercado de trabalho e redução das

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mulheres delegadas apenas aos cuidados nos diferentes grupos socioeconômi-cos e por cor/raça. Ainda assim, observamos polos de reprodução de velhas desi-gualdades e a produção de novas desidesi-gualdades entre homens e mulheres e, de forma específica, entre as próprias mulheres. Nesse contexto, uma das questões que mobilizam os pesquisadores é identificar e compreender as tendências à re-dução, ampliação ou produção de desigualdades.

A partir dessas questões e do convite para participar do Seminário “Até onde caminhou a revolução de gênero no Brasil? Implicações demográficas e questões sociais”, promovido pelo Grupo de Trabalho População e Gênero da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) e pela Fundação Carlos Chagas, elegi juventude e acesso ao ensino superior como tema privilegiado para responder a questão: a expansão educacional e ampliação do acesso ao ensino superior re-duzem ou aumentam as desigualdades entre os jovens por sexo, cor e grupo ren-da? Desse modo, o objetivo do artigo é sintetizar as principais discussões sobre juventude e acesso ao ensino superior que venho produzindo (PICANÇO, 2015a, 2015b, 2016), buscando responder a questão acima proposta. Para tanto, serão apresentadas as mudanças e permanências na alocação dos jovens (18 a 24 anos) homens e mulheres entre trabalho e estudo e a aposta no ensino superior com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios1 (PNAD/IBGE) nos anos 1993 e 2012.

Os jovens por sexo e cor em relação a trabalho e estudo

Não obstante o crescimento dos jovens que estudam - passou de 24,9% para 29,4% entre 1993 e 2012-, e a redução dos que trabalham – passou de 65,2% para 62% –, os jovens no Brasil trabalham e muito. Dentro do grupo dos jovens trabalhadores, houve a ampliação da conjugação entre trabalho e estudo (de 13,5% passou para 14,8%), fenômeno também constatado por Hasenbalg (2003), Camarano, Mello e Kanso (2006) e Comim e Barbosa (2011) como uma das carac-terísticas do processo de ganhos educacionais.

Ainda nesse período o desemprego juvenil se expandiu (OIT, 2001, 2006) como resultado da baixa criação de vagas no mercado de trabalho, baixa qualidade dos seus vínculos e reestruturação produtiva baseada na redução da mão de obra ocupada. Mas, chegou em 2012 a um percentual (8,7%) não muito distante do

1 Duas notas metodológicas precisam ser apresentadas. A primeira é que até 2003 a PNAD não

abran-gia a zona rural da Região Norte, a exceção do Tocantins, portanto, para tornar os dados compatí-veis, a zona rural da Região Norte foi retirada da amostra. A segunda trata da escolha por apresentar apenas dois anos, 1993 e 2012. Essa foi uma opção para sintetizar tendência que foram observadas analisando anos intermediários.

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que se tinha em 1993 (7,1%). Com os holofotes voltados para a inserção no mer-cado de trabalho e escolarização, ou por ser fenômeno mais feminino, o impacto de índices persistentes de jovens que nada declararam em relação a trabalho e estudo, os chamados “nem nem” ficaram obscurecidos, cujo percentual variou entre 16,4% e 14,6%. Nas duas décadas analisadas, as mudanças percentuais fo-ram pequenas indicando que houve poucas alterações nos padrões de transição para a vida adulta entre um grupo significativo de jovens, apesar das tendências de melhora do mercado de trabalho experimentadas no final da primeira década e da ampliação da aposta na educação.

Entre jovens homens e mulheres por cor/raça esses percentuais ganham con-tornos distintos. A menor presença dos jovens homens na escolarização ou seu pior desempenho e maior presença no mercado de trabalho, frente ao aumento da presença feminina na escolarização e no mercado de trabalho, é um fenôme-no internacional, com modulações importantes (DIPRETE; BUCHAMANN, 2013), fortemente explicado pela socialização de gênero e com uma vasta literatura problematizando essa perspectiva ou afirmando-a fora e dentro do Brasil, so-mando, em alguns estudos, a dimensão de raça/cor (EPSTEIN, 1998; CONNELL, 1998; POLLACK, 1999; CARVALHO, 2004; BRITO 2008). O resultado da interse-ção das diversas dimensões está no fato de que mais da metade dos jovens ho-mens trabalham e a cor parece não pesar quando se trata apenas da inserção no mercado de trabalho, mas produz diferenças quando se trata da conjugação trabalho e estudo, desemprego e não ter declarado nada em relação a trabalho e estudo (ver tabela 1).

TABELA 1

Jovens homens por cor segundo em relação a trabalho e escola por ano Brasil, 1993 e 2012

Homem branco Homem negro

1993 2012 93/12 1993 2012 93/12 Trabalha 64,5 55,3 -14,2 67,9 58,8 -13,3 Só estuda 6,6 11,3 70,3 4,2 7,8 88,5 Trabalha e estuda 16,2 17,3 6,9 12,7 13,5 6,6 Estuda e procurou 3,3 3,5 5,0 3,1 3,2 2,8 Só procurou 5,8 5,9 2,3 7,7 8,1 5,9 Nada declarou 3,6 6,7 86,2 4,5 8,5 88,6 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

Entre as jovens, já era esperada a menor presença no mercado de trabalho e maior presença na condição de nada declarado em relação a trabalho e estudo. A condição de não trabalhar ou estudar obscurece o fato de que em grande parte as

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trajetórias dessas jovens estão vinculadas à sua condição de cônjuge na família e, em 2012, também na condição de pessoa de referência. Entre 1993 e 2012, as jovens negras reduzem menos que as brancas o percentual na condição de nada declarado em relação a trabalho e estudo, produzindo uma diferença maior que antes. Isto é, as jovens negras estão menos disponíveis para os desenhos de traje-tórias vinculadas a trabalho e estudo (tabela 2), em grande medida porque estão na condição de cônjuges e mais responsáveis pelos afazeres domésticos, mais atreladas, então, aos papéis tradicionais de gênero, mesmo diante da ausência do cônjuge.

TABELA 2

Jovens mulheres por cor segundo em relação a trabalho e escola Brasil, 1993 e 2012

Mulher branca Mulher negra

1993 2012 93/12 1993 2012 93/12 Trabalha 38,0 38,4 1,0 37,2 36,1 -2,9 Só estuda 10,7 13,3 24,5 9,5 11,4 19,7 Trabalha e estuda 13,5 17,8 32,0 11,2 11,8 5,6 Estuda e procurou 3,7 4,3 15,0 4,1 4,2 4,1 Só procurou 6,8 8,3 22,2 8,2 12,1 47,7 Nada declarou 27,3 18,0 -34,3 29,8 24,3 -18,4 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

Estar trabalhando também não é uma situação que homogeneíza os jovens, tornando-os parte da categoria generalizada de juventude trabalhadora. As di-versas formas de inserção no mercado de trabalho, medidas pela posição na ocupação e tempo na ocupação, sugerem que o gênero, cor/raça e renda são es-senciais na compreensão do significado e experiência de trabalho para essa faixa etária. O crescimento da formalização do mercado de trabalho foi visível entre jovens, com um avanço mais intenso entre aquelas que tinham os piores percen-tuais, as jovens negras. Em 2012, entre os jovens negros e negras 50% são empre-gados com carteira de trabalho assinada, percentual esse que chega a 60% entre os brancos e brancas (ver tabela A e B em anexo).

O tempo na ocupação é um indicador que precisa ser analisado cuidadosa-mente, pois pode dizer tanto sobre rotatividade no emprego, quanto melhoria do mercado de trabalho e absorção recente. A maior parte dos jovens têm de 1 a 3 anos na ocupação, percentual que chega a mais de 40% em 2012, seguido dos jovens com até 1 ano As jovens (brancas e negras) são aquelas com maior percen-tual de ocupadas até 1 ano (ver tabelas C e D em anexo). Para os jovens, o longo tempo na ocupação tem outro significado, indica ingresso precoce no trabalho.

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Por isso, a melhor situação em relação ao trabalho regulado está entre aqueles, independente do gênero e cor, que estão na ocupação de 1 a 3 anos, neste grupo está o maior percentual de empregados com carteira, seguidos por aqueles com menos de 1 ano e aqueles com mais de 3 a 5 anos. Acima de 5 anos, mais tempo na ocupação significa trabalhos menos regulados (ver tabela E em anexo).

Os elementos apontados acima indicam que as características da inserção no trabalho e apostas na escolaridade do jovem brasileiro estão vinculadas ao ciclo etário, gênero, cor e à posição na família, que quando combinados constroem, no Brasil, trajetórias juvenis que não se enquadram no modelo de transição escola--trabalho, no qual o fim da formação escolar conduz à inserção ocupacional, como parte do processo de autonomização e individuação dos jovens (HASENBALG, 2003; CARDOSO, 2008, 2013). Também não se enquadram no modelo de jovem com inserção ocupacional precária, alternando períodos de desemprego, e, que, somente com a chegada da vida adulta, haveria menor frequência de trânsito en-tre essas situações como caminho em direção à autonomização e aquisição de status (GUIMARÃES, 2006). Tais modelos competem com modelos de inserção precária continuada, modelos de compatibilização trabalho e estudo e, no caso das mulheres, com o modelo de mulheres responsáveis pelos cuidados nos ar-ranjos familiares.

Mais escolaridade, mais demanda por ensino superior

A partir dos anos 1990 o Brasil experimentou a crescente expansão do acesso à educação fundamental, média e superior, acompanhada por um conjunto de políticas públicas e programas sociais de incentivo à ampliação de vagas e aces-so nos diferentes níveis do sistema educacional e para manutenção das crian-ças e jovens no processo de escolarização, no contexto de reversão do hiato de gênero iniciado ainda nos anos 1970 (BELTRÃO; ALVES, 2009). Estes processos resultaram na ampliação do nível de escolaridade dos jovens segundo sexo e cor, exposta no Gráfico 1. As jovens brancas já estavam em vantagem se comparadas aos demais grupos de sexo e cor, pois têm maiores percentuais de finalização do ensino médio e ensino superior.

Nota-se que as diferenças entre homens brancos e negros, mulheres brancas e negras são maiores do que aquelas encontradas entre homens brancos e mu-lheres brancas e entre homens negros e mumu-lheres negras (Gráfico 1), indicando que a cor produz maior desvantagem. A ampliação dos níveis de escolaridade, apresentada no Gráfico 2, evidencia que foram os homens negros que mais apro-veitaram o processo de expansão escolar, no entanto ainda estão distantes dos demais grupos. Se a socialização familiar e escolar explica a distância dos jovens

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negros em relação aos demais grupos, não explica a capacidade desse grupo em aproveitar o processo de expansão escolar.

GRÁFICO 1

Jovens por sexo e cor segundo a escolaridade

52,5 14,0 75,2 27,4 46,6 8,9 66,8 19,3 25,0 24,8 16,6 31,8 25,1 19,2 20,3 28,0 14,9 39,1 6,5 32,1 18,0 43,2 10,4 39,9 6,9 21,5 1,1 8,1 9,8 28,2 2,0 12,2 1993 2012 1993 2012 1993 2012 1993 2012

Hbranco Hnegro Mbranca Mnegra

EFIncom EFCom EMCom SUPIncCom

Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

GRÁFICO 2

Redução e aumento dos percentuais dos níveis de escolaridade

-73,3 -63,6 -81,0 -71,1 -0,8 91,8 -23,4 38,4 162,4 391,0 139,6 283,4 209,6 628,0 187,8 522,9

Hbranco Hnegro Mbranca Mnegra

EFIncom EFCom EMCom SUPIncCom

Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

Se os e as jovens se escolarizam mais formando um novo contingente para ter acesso ao ensino superior, quantos de fato estão lá e qual o impacto sobre as desigualdades?

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O acesso ao ensino superior

O processo de expansão educacional, ao mudar o patamar da escolaridade, teve como resultado a ampliação e diversificação da demanda e oferta do ensino superior. Em relação à demanda, as tendências já mapeadas ressaltam o cresci-mento do percentual de jovens que concluem o ensino médio, um crescicresci-mento proporcionalmente maior de grupos sociais em desvantagens, em especial ne-gros e pobres. Em relação à oferta, houve expansão das vagas no ensino privado e público através da criação de novas Instituições de Ensino Superior (IES), campi e cursos, redução dos preços das mensalidades nas IES privadas (SAMPAIO, 2011)2, programas sociais voltados para o acesso de candidatos de baixa renda, negros e indígenas, nas IES privadas e públicas, resultando na mudança da composição dos matriculados com maior presença dos estudantes negros e de menor renda (NEVES, 2007 E 2012; NEVES; MORCHE; ANHAIA., 2011).

Nesse contexto, quem são aqueles que apostam no ensino superior? Os ele-gíveis a ingressar no ensino superior são aqueles com ensino médio completo. O primeiro dado a ser apresentado é a inserção no mercado de trabalho porque a compatibilização trabalho e estudo é um arranjo sempre difícil de ser feito (SILVA; MACEDO; FIGUEIREDO 2015), envolve uma logística em termos de mobilidade urbana, disponibilidade de recursos financeiros e apoios de diver-sas ordens, em especial para aqueles que têm dependentes (filhos ou outros). Além disso, o sistema do ensino superior, especialmente o público, é muito me-nos receptivo ao estudante trabalhador, que dispõe apenas do turno da noite para estudar3.

Entre os jovens homens com ensino médio completo, quase dois terços tra-balha, os demais se dividem entre só estudar, desemprego e nada declarado em relação a trabalho e estudo. No início dos anos 1990, negros e brancos se distin-guiam pelas maiores chances dos primeiros estarem trabalhando, desemprega-dos e nada declarado em relação a trabalho e estudo. Mas, ao longo do tempo, há uma aproximação das chances dos jovens negros e brancos em relação a todas as situações, a exceção na condição de desempregados (ver Tabela 3).

2 Segundo Sampaio (2011), o valor médio das mensalidades caiu de R$869,00, em 1996, para R$

467,00 em 2009. Nos cursos de Administração, as médias de mensalidades caíram de R$532,00, em 1999, para R$367, em 2009.

3 Os dados do Censo da Educação Superior (MEC, 2013) são bem evidentes. Em 2011, nos cursos

pre-senciais 3.644.979 matrículas eram noturnas (63,5 %), 1.057.202 matrículas eram matutinas (18,4%), 806.862 matrículas eram de turno integral (14,0%) e 237.719 matrículas eram vespertinas (4,1%). Só que as matrículas noturnas privadas somavam 3.037.399 e as municipais noturnas totalizam 91.557. Na categoria federal, 453.573 matrículas eram do turno integral, seguido por 275.762 do noturno. Na categoria estadual a distribuição está menos concentrada 240.261no noturno, 136.454 no matutino e 131.532 no integral.

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TABELA 3

Jovens homens com ensino médio completo por cor segundo condição em relação a trabalho e estudo

Brasil, 1993 e 2012 Homem

branco Homem negro relativasChances

1993 2012 93/12 1993 2012 93/12 1993 2012 Trabalha 51,1 54,2 6,0 63,7 63,0 -1,2 0,595 0,696 Só estuda 14,7 11,6 -20,9 7,4 6,4 -13,3 2,153 1,917 Trab. e est. 20,6 19,4 -6,1 12,1 12,4 2,5 1,887 1,698 Est. e proc. 4,3 3,1 -27,0 2,6 2,1 -18,7 1,681 1,497 Só procurou 6,5 5,8 -11,3 9,9 9,1 -8,7 0,631 0,614 Nada declarou 2,8 5,9 112,5 4,2 7,0 66,6 0,650 0,831 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

Entre as jovens com ensino médio completo, as negras estavam mais na con-dição de só trabalhar, mas com a redução ocorrida de 1993 para 2012, os dois gru-pos se aproximam. A diferença de fato se amplia entre as que nada declaram em relação a trabalho e estudo (ver Tabela 4).

TABELA 4

Jovens mulheres com segundo grau completo por cor segundo condição em relação a trabalho e estudo

Brasil, 1993 e 2012 Mulher

branca Mulher negra relativasChances

1993 2012 93/12 1993 2012 93/12 1993 2012 Trabalha 42,4 42,0 -1,0 52,9 45,3 -14,5 0,656 0,876 Só estuda 14,7 13,0 -11,4 7,8 8,1 4,2 2,041 1,696 Trab. e est. 19,3 20,1 3,9 10,5 13,1 24,4 2,031 1,663 Est. e proc. 3,7 3,5 -5,0 3,6 3,1 -14,5 1,027 1,145 Só procurou 7,3 7,5 2,0 12,3 13,8 12,0 0,565 0,507 Nada declarou 12,5 13,9 11,1 12,9 16,7 29,4 0,970 0,810 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

No contexto de ampliação das oportunidades de inserção no trabalho e conti-nuidade no sistema educacional os negros e brancos estão menos desigualmente distribuídos nessas condições. Mas, há um grupo (o dos que nada declararam) que se amplia tanto para homens quanto para as mulheres, só que entre os ho-mens o aumento é proporcionalmente maior entre os brancos e nas mulheres entre as negras, se por um lado os brancos passam a se aproximar dos negros, as mulheres negras se distanciam das brancas.

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As mudanças e permanências indicam, então, a existência de perfis de tra-jetórias: se inserir do mercado de trabalho, o que os torna suscetíveis à dinâ-mica de geração ou retração de emprego; prolongar o investimento educacio-nal conjugando com o trabalho; e nada fazer em relação a trabalho e estudo. A dedicação exclusiva ao estudo é para poucos, mas, somada àqueles que con-jugam estudo com trabalho ou com a procura de emprego, temos um quadro no qual, mais do que antes, os jovens estão estudando. E são as mulheres ne-gras que mais tiram proveito dessa tendência. Então, quantos têm acesso ao ensino superior?

As jovens brancas com ensino médio completo são aquelas que estão à fren-te desde os anos 1990 e chegam em 2012 a quase 50% com acesso ao ensi-no superior. O segundo maior percentual é de jovens brancos, alcançando, em 2012, 43,7% no ensino superior. As jovens negras, ainda que estejam à frente dos jovens negros, estão bem menos no ensino superior, não chegando nem a 30% (Gráfico 3), visibilizando a barreira de cor nas apostas mais robustas na escolarização. As jovens negras foram aquelas que mais aproveitaram a expan-são do acesso, seguidas dos jovens negros, e mais distantes estão as mulheres brancas. Os jovens brancos chamam atenção porque são aqueles que menos tiraram proveito da expansão do acesso (Gráfico 4), uma indicação de que os jo-vens brancos podem ter chegado a um ponto de saturação, portanto, estariam pouco sensíveis à expansão.

GRÁFICO 3

Jovens homens e mulheres com ensino médio completo por cor segundo o acesso ao ensino superior

52,1 55,2 73,5 73,3 50,6 49,6 74,6 69,3 7,8 1,1 6,6 1,1 7,3 1,5 7,0 1,5 40,2 43,7 20,0 25,6 42,1 48,9 18,4 29,2 1993 2012 1993 2012 1993 2012 1993 2012

Hbranco Hnegro Mbranca Mnegra

estudam ou estudaram no superior Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

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GRÁFICO 4

Aumento ou redução do percentual de acesso ao ensino superior

6,0 -0,2 -1,9 -7,0 -85,5 -83,5 -79,8 -79,2 8,7 28,4 16,2 58,6

Hbranco Hnegro Mbranca Mnegra

não estudam mais estudam outros estudam ou estudaram no superior Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

As tendências acima apontadas incidem nas desigualdades, medidas pela razão de chances, por sexo e cor. Comparando homens brancos com negros e mulheres brancas com negras, a desigualdade reduz (Gráfico 5). Já comparando homens brancos com mulheres brancas e homens negros com mulheres negras, entre os primeiros aumenta a desigualdade em favor das mulheres, entre os se-gundos há uma inversão da desigualdade que antes favorecia os homens negros e agora estão em favor das mulheres negras, resultado do crescimento proporcio-nalmente maior das mulheres negras fazendo aposta no ensino superior (Gráfico 5). Visto sob esta perspectiva, mais do que reversão do hiato de gênero no sistema educacional, observa-se sua ampliação, mas com vantagem para as mulheres.

GRÁFICO 5

Razão de chances homens brancos e negros e mulheres brancas e negras; homens e mulheres brancos e homens e mulheres negros 2,69 3,22 0,92 1,10 2,25 2,32 0,81 0,83 Hb/Hn Mb/Mn Hb/Mb Hn/Mn 1993 2012 Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

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A barreira de cor no acesso ao ensino superior é o fator determinante para o conjunto de políticas e programas de ação afirmativa e em muitos programas a renda é um ponto de corte para o benefício, como, então, essas desigualdades se comportam dentro dos grupos de renda? Entre os homens a maior desigualdade de cor está nos 20% mais ricos e assim se mantém 10 anos depois. Entre as mu-lheres a maior desigualdade de cor estava nos 40% mais pobres, mas ao longo do tempo é nesse grupo de renda que a queda na desigualdade é maior, chegando a se tornar a menor desigualdade entre as mulheres (Gráfico 6).

GRÁFICO 6

Razão de chances dos homens negros/brancos e mulheres negras/ brancas dentro do grupo de renda

1,82 1,60 2,88 1,60 1,77 1,54 2,51 1,76 2,20 1,95 2,16 1,77 1993 2012 1993 2012 Hb/Hn Mb/Mn

40% pobres 40% média 20% ricos

Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

A desigualdade por sexo dentro dos grupos de cor nos apresenta outro pano-rama e nos permite entender melhor as dimensões que estão envolvidas na su-peração do hiato de escolaridade e reversão da vantagem. Tal como apresentado no Gráfico 7, no começo dos anos 1990, os homens, tanto brancos quanto negros, estavam em vantagem entre os 40% mais pobres e os jovens negros também en-tre os 40% da renda média. A primeira década dos anos 2000, consolida a ten-dência de superação do hiato das jovens brancas em relação aos jovens brancos e das negras em relação negros. As jovens se posicionam em vantagem dentro dos grupos de cor e de renda.

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GRÁFICO 7

Razão de chances dos homens e mulheres brancos e homens e mulheres negros dentro dos grupos de renda

. 1,90 0,87 3,00 0,87 0,85 0,58 1,21 0,67 0,82 0,77 0,81 0,70 1993 2012 1993 2012 Hb/Mb Hn/Mn

40% pobres 40% média 20% ricos

Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

Considerações finais

Os dados analisados acima nos oferecem um quadro no qual a revolução de gênero tem produzido como resultado, mais do que a reversão do hiato das mu-lheres em relação a apostas mais robustas na educação superior entre os jovens, a geração de um novo hiato oriundo da ampliação da vantagem das jovens em relação aos jovens.

As explicações sobre o teto dos homens e a reversão do hiato de gênero têm suscitado debates em torno da incapacidade da escola contemporânea lidar com as aptidões masculinas, processos de construção da masculinidade ou ainda se as escolas estão orientadas por uma perspectiva de gênero (feminina) (DIPRETE; BUCHMAANN, 2013). Qualquer que seja a explicação dada, explica a maior fina-lização do ensino médio pelas jovens, mas não oferece pistas sobre a aposta na educação superior, muito menos sobre a manutenção da vantagem dos homens em cursos como engenharia. É possível que a inserção no mercado de trabalho seja um fator determinante nessa aposta, pois no Brasil a associação entre esco-laridade e melhores ocupações e remuneração é elevada, mas, por outro lado, o mercado não parece de uma forma mais geral tão amigável para as mulheres nas engenharias e físicas.

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A comparação das desigualdades de cor dentro dos grupos de renda nos esti-mula a pensar que a aproximação das razões de chances é sinal que a renda, bem como o sexo, tem um limite explicativo para as apostas, há outras revoluções a serem produzidas, uma delas nas desigualdades de cor.

Tabelas complementares

TABELA A

Jovens homens por cor segundo posição na ocupação Brasil, 1993 e 2012

  Homem branco Homem negro

1993 2012 93/12 1993 2012 93/12

Empregado com carteira 43,7 59,2 35,5 30,2 49,5 64,2

Empregado sem carteira 25,2 22,2 -11,9 37,2 29,5 -20,8

Funcionário público/militar 4,2 3,8 -10,3 3,3 2,7 -17,6

Conta própria 13 9,5 -26,8 14,9 11,2 -24,4

Empregador 1,5 1,2 -24,3 0,8 0,6 -21,2

Não remunerado 12,3 4,1 -66,6 13,7 6,4 -53,1

Total 100 100 100 100 100  

Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

TABELA B

Jovens mulheres por cor segundo posição na ocupação Brasil, 1993 e 2012

  Mulher branca Mulher negra

1993 2012 93/12 1993 2012 93/12

Empregado com carteira 44,1 60,6 37,4 26,7 49,6 85,6

Empregado sem carteira 29,6 24,8 -16 43,8 33,7 -23,1

Funcionário público/militar 4,1 3,1 -24 2,9 2 -29,6

Conta própria 6,5 6,2 -4,2 8,8 7,8 -11,6

Empregador 0,6 0,9 48,5 0,2 0,5 148,2

Não remunerado 15,1 4,3 -71,4 17,6 6,4 -63,6

Total 100 100 100 100 100  

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TABELA C

Jovens homens por cor segundo anos na ocupação Brasil, 1993 e 2012

  Homem branco Homem negro

1993 2012 93/12 1993 2012 93/12 Menos de 1 30,1 34,6 15 31,7 39 22,9 1 a 3 anos 36,5 45,9 25,8 33,9 40,3 18,9 +3 a 5 anos 14,2 12 -15 13,7 10,4 -23,9 +5 a 10 anos 15,1 6,7 -55,7 16,7 8,5 -49,1 +10 anos 4,2 0,8 -80,8 4 1,8 -54,9 Total 100 100 100 100 100  

Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

TABELA D

Jovens mulheres por cor segundo Anos na ocupação Brasil, 1993 e 2012

  1993 Mulher branca2012 93/12 1993 Mulher negra2012 93/12

Menos de 1 33,9 40,5 19,5 35,1 42,9 22,3 1 a 3 anos 38,8 45,2 16,4 35,4 42,8 20,8 +3 a 5 anos 14,4 9,6 -33,6 14,7 8,7 -40,7 +5 a 10 anos 10,8 4,3 -59,9 12,3 4,8 -60,6 +10 anos 2,1 0,4 -79,8 2,5 0,8 -68,7 Total 100 100 100 100 100  

Fonte: Tabulação própria, PNAD/IBGE.

TABELA E

Jovens por anos na ocupação segundo posição na ocupação Brasil, 1993 e 2012   -1 1 a 3 +3 a 5 +5 a 10 +101993 -1 1 a 3 +3 a 5 +5 a 10 +102012 Empregado com carteira 35,4 45,5 40,1 22,1 4,5 53,5 61,6 50,2 23,6 5,8 Empregado sem carteira 45,7 29,2 25,7 23,8 19 36,2 22,5 19,7 22,9 16,9 Funcionário público/militar 3,4 4 5,4 2,6 0,4 2,4 3,4 4,4 1,5   Conta própria 8,2 11,7 13,4 14,8 17 5,6 8,6 15,8 20,8 21,4 Empregador 0,7 0,9 1,5 0,7 0,7 0,4 0,9 1,1 1,8 0,3 Não remunerado 6,6 8,7 13,9 35,8 58,4 1,9 3 8,8 29,4 55,6 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

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