A b o r d a g e m d o E s t i g m a e d a
D i s c r i m i n a ç ã o r e l a c i o n a d o s c o m o V I H n o M u n d o d o Tr a b a l h o
O QUE SÃO O ESTIGMA E A
DISCRIMINAÇÃO?
Estigma:
Atitude ou crença relativamente a uma pessoa ou um grupo de pessoas que os desacredita ou envergonha.
Destaca o que é visto como uma “diferença” negativa entre as pessoas e usa essa diferença como um rótulo (p. ex., seropositividade) para
diferenciar as pessoas entre “nós” (bons) e “eles” (maus).
Discriminação:
Refere-se aos atos realizados em resultado de crenças estigmatizantes
EXPRESSÃO DO ESTIGMA
Isolamento físico e social da família, dos amigos e da comunidade
Boatos, ofensas verbais e condenação
Perda de direitos e de poder de tomada de decisões Estigma relativamente ao estilo e à aparência
Autoestigma: Pessoas que vivem com VIH culpam os outros e isolam-se
Estigma por associação, quando toda a família é afetada pelo
ESTIGMA
“O estigma continua a ser o único entrave mais importante à ação pública. Constitui a principal razão para que muitas
pessoas tenham receio de consultar um médico para saberem se têm a doença, ou para procurarem tratamento, caso a
tenham. Contribui para tornar a SIDA um assassino silencioso, porque as pessoas temem cair em desgraça na sociedade, por falarem sobre o assunto… O estigma é a principal razão para que a epidemia de SIDA continue a devastar sociedades em todo o mundo.”
O ESTIGMA E A DISCRIMINAÇÃO
CONTINUAM A EXISTIR
Um terço das pessoas que vivem com VIH perderam o
emprego e cerca de metade passaram por alguma forma de discriminação no emprego
São comuns outras formas de discriminação e estigma
contra pessoas que vivem com VIH
Os principais grupos vulneráveis são os mais afetados O estigma e a discriminação relacionados com o VIH
impedem os esforços de prevenção eficazes
POR QUE RAZÃO EXISTE ESTIGMA RELATIVAMENTE AO VIH?
Ignorância das pessoas quanto aos factos básicos sobre o VIH
Ausência de conhecimentos corretos sobre o VIH e a SIDA
Mitos e ideias erradas quanto à forma de contágio do VIH
O VIH e a SIDA são frequentemente vistos de uma perspetiva moralista – Vistos como um “castigo” por um comportamento imoral ou mau Leis punitivas/más
MENSAGENS FUNDAMENTAIS
COMISSÃO GLOBAL SOBRE O VIH E
A LEI
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Uma epidemia de leis nefastas está a contribuir para a propagação do VIH, originando violações dos direitos humanos e custando muitas vidas.
Esta epidemia de leis nefastas está a limitar a eficácia e a eficiência dos investimentos em matéria de VIH e saúde.
Já existem boas leis e práticas que protegem os diretos humanos e que se apoiam em dados de saúde pública – contribuem para reforçar a resposta global à SIDA e devem ser replicadas.
Eliminar o estigma e a discriminação contra as pessoas que vivem com VIH através de leis e políticas que protejam os direitos humanos e as liberdades fundamentais
País
Leis que criminalizam a não divulgação da condição de portador do VIH, a exposição ao VIH ou a sua transmissão
Criminalização do sexo
entre homens Criminalização do trabalho sexual
Angola Não Sim Não
Botsuana Não Sim Sim
Comores Não Sim Sim
Eritreia Dados desconhecidos Sim Não
Etiópia Não Sim Não
Quénia Sim Sim Sim
Lesoto Não Sim Sim
Madagáscar Sim Não Não
Malaui Não Sim Não*
Maurícia Não Sim Sim
Moçambique Não Sim Sim
Namíbia Não Sim Não*
Ruanda Não Não Sim
Seicheles Não Sim Sim
África do Sul Não Não Sim
Sudão do Sul Dados desconhecidos Dados desconhecidos Dados desconhecidos
Suazilândia Não Sim Sim
Tanzânia Sim Sim Sim
Uganda Não, mas proposta em projeto
de lei Sim Sim
Zâmbia Não Sim Sim
DESAFIOS
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Estigma e Discriminação
Continua a haver uma discriminação flagrante:
Exigência de testes para despistagem do VIH como requisito prévio à contratação, ou como requisito para a manutenção do emprego
Não contratação ou despedimento de trabalhadores seropositivos Ausência de promoção profissional, caso o trabalhador seja
seropositivo
Recusa de prestações por doença a pessoas seropositivas
Recusa de dispensa do trabalho a trabalhadores que vivem com VIH, para que possam realizar os tratamentos
Violação de confidencialidade
O acesso das populações-chave, nomeadamente dos homossexuais, dos trabalhadores do sexo e dos
toxicodependentes, aos serviços está a ser dificultado pelo
GNP+/OIT, Evidence Brief on Stigma and Discrimination at Work: Findings
from the PLHIV Stigma Index (dossiê de evidências sobre o estigma e a
discriminação no trabalho: resultados do índice para medição do estigma relativo a pessoas que vivem com VIH/SIDA), Rede Mundial de Pessoas que vivem com VIH/SIDA, Amesterdão, 2012
EFEITOS NOCIVOS DO ESTIGMA
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As pessoas que vivem com VIH/SIDA (PVVS) e que foram vítimas de
estigma ou discriminação em relação ao VIH e à SIDA mostraram-se:
Com menores probabilidades de divulgarem a sua condição de
portadores do VIH
Com maiores probabilidades de se envolverem em relações sexuais desprotegidas
Com maiores probabilidades de propagarem o VIH
Com maiores probabilidades de sofrerem rejeição e exclusão social
As crenças estigmatizantes e/ou o medo do estigma impedem as pessoas
de:
Realizar os testes de VIH
Procurar ou ter acesso a medicamentos contra o VIH ou tomá-los
Violações dos direitos humanos no local de trabalho
Estigma e Discriminação
VENCER O ESTIGMA E A
DISCRIMINAÇÃO
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Em muitos países, a liderança e a inovação tiveram um efeito positivo nas respostas ao VIH baseadas nos direitos humanos Aplicação da Recomendação n.º 200 da OIT sobre a infeção VIH e SIDA e o mundo do trabalho, 2010
É importante proteger os direitos das pessoas que vivem com VIH.
Em 2012, a Assembleia Legislativa da África Oriental aprovou a Lei sobre a Prevenção e Gestão do VIH/SIDA , que
visa proporcionar um enquadramento jurídico aos Estados-Membros da Comunidade da África Oriental (EAC – East
Africa Community).
O Quénia criou um tribunal de equidade para o VIH, com vista a permitir às vítimas de discriminação obter reparação.
Somente dois países da região da África Austral e Oriental criminalizam a permanência e a entrada de
PVVS (Comores e Maurícia)
Intensificar a promoção da sensibilização para conseguir um “último impulso” com vista à eliminação de restrições legais.
Uma política não discriminatória a nível do local de trabalho, no que diz respeito ao VIH/SIDA, que aborde os mitos e os equívocos, garanta mecanismos de apoio entre pares e respeite a confidencialidade, cria um ambiente favorável à prevenção do VIH, bem como ao tratamento, aos cuidados e serviços de apoio.
Promoção da campanha contra o estigma, da UN Cares, p. ex. “Estamos empenhados em criar um local de trabalho exemplar, isento de estigma e discriminação.”
Ajudar as vítimas de estigma e discriminação a:
Manter a ligação com os outros e procurar apoio [p. ex., grupos de apoio a pessoas com VIH] Sentir-se menos isoladas [menor autoestigma e maior autoestima]
ENSINAMENTOS DA AMAZON MOTORS EM MATÉRIA DE ESTIGMA E DISCRIMINAÇÃO
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O estigma relativo ao VIH/SIDA está enraizado na desinformação e em ideias erradas sobre a transmissão e a propagação do VIH.
O estigma é igualmente adquirido através da observação de experiências negativas de terceiros, no ambiente ou local de trabalho.
O estigma conduz à discriminação no local de trabalho, concretizada através do despedimento, do isolamento e do afastamento, entre outras formas.
É necessário proceder à realização de sessões de educação e sensibilização, com vista a contribuir para eliminar as ideias erradas relacionadas com o VIH/SIDA
O envolvimento de pessoas que vivem com o VIH constitui um importante catalisador para um ambiente sem estigmas.
As políticas que definem práticas de não discriminação no local de trabalho são fundamentais para a eficácia de programas que visem reduzir o estigma.
O compromisso da gestão é crucial para a luta contra o estigma e tem um impacto positivo entre os trabalhadores. Aumenta a utilização dos serviços de consulta e despistagem
voluntários, a divulgação da condição de portador do vírus e a atitude positiva perante a vida das pessoas infetadas.
As comissões organizadas no local de trabalho, com vista a implementar programas sobre o VIH/SIDA, são igualmente importantes para promover a aceitação dos programas e a
utilização de vários componentes.
AFIRMAÇÕES PARA DEBATE
As pessoas infetadas com o VIH deveriam ser mantidas emisolamento, para evitar a propagação do vírus.
A SIDA é principalmente um problema de pessoas com um comportamento imoral.
Deveria haver testes obrigatórios para despistagem do VIH, para evitar a propagação do vírus.
Uma pessoa que viva com o VIH deve divulgar a sua condição de seropositivo(a).
As mulheres infetadas com o VIH não deveriam ter filhos.
AFIRMAÇÕES PARA DEBATE
O VIH é transmitido não só pelo sexo, mas também pelo sexismo,pelo racismo, pela pobreza e pela homofobia.
Não podemos alcançar as metas 90-90-90 em matéria de
combate ao VIH/SIDA se continuarmos a ignorar a complacência e os líderes corruptos.
Atingir o nível zero de discriminação nos contextos de prestação de cuidados de saúde não é negociável.
Muitos continuam a estar sujeitos ao estigma e à discriminação e vivem com medo das autoridades governamentais e dos serviços de saúde.
Para vencer o VIH e a SIDA deveríamos focar-nos nas pessoas, não nas doenças.
Não pode haver segurança da saúde a nível mundial sem uma