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AVALIAÇÃO DO BEM-ESTAR DISCENTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: construção de um instrumento preliminar

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO DO BEM-ESTAR DISCENTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA:

construção de um instrumento preliminar

Carla da Conceição Lettnin1 Saul Neves de Jesus2 Claus Dieter Stobäus3 Resumo:

A pesquisa exploratória de abordagem quantitativa pretendeu avaliar a construção de um instrumento para medir o Bem-Estar Discente na Educação Física (BEDEF). Os instrumentos de medida existentes, direcionados a esse tema, são insuficientes ou não aferem de forma específica o contexto que se intenciona. O BEDEF está composto por três variáveis dependentes - bem-estar subjetivo (BES), necessidades psicológicas básicas em Educação Física (NPBEF) e ambiente de aprendizagem da Educação Física (AEF) - e algumas variáveis sociodemográficas e psicológicas sugeridas pela literatura.

Participaram da pesquisa 189 alunos do município de Faro, Portugal, de escolas secundárias do setor público. As suas respostas foram analisadas através de estatística descritiva, correlação e regressão linear. Foram obtidos bons índices de consistência interna nas escalas e resultados favoráveis de confirmação do modelo prévio do instrumento. Os alunos do secundário, nesta investigação, apresentaram bom nível de satisfação das NPBEF (M= 3.81; DP= .54) e do AEF (M= 3.67; DP= .76), embora apenas 50% do grupo avaliem de forma positiva o seu bem-estar, denunciando a existência de alunos a sentir mal-estar nas aulas de Educação Física (EF). Logo, sugere- se que há necessidade de reformas e de adequação dessa realidade que considere os atores e autores do processo - professores e alunos –, pois o resultado dessa variável parece sustentar o afastamento deles das aulas de EF.

Palavras Chaves: Educação; Educação Física; Ensino Secundário/Médio; Discente;

Bem Estar.

Abstract

The exploratory quantitative approach intended to evaluate the construction of an instrument for measuring the Student Wellness in Physical Education (called BEDEF in Portuguese). The existing measurement tools, targeted to this issue, are insufficient or don’t measure specifically what this context intends. The instrument BEDEF is composed of three dependent variables - subjective well-being, basic psychological needs in Physical Education, learning environment of Physical Education - and some sociodemographic and psychological variables suggested by the literature. 189 students from Faro, Portugal, secondary schools of the public sector participated and their responses were analyzed through descriptive statistics, correlations and linear regression. We’ve obtained good internal consistency on the scales and on the confirmation of the previous model of the instrument. The results revealed that secondary school students have a good level of satisfaction of the basic psychological

1 Professora de Educação Física do Colégio de Aplicação da UFRGS, Dnda do PPGEDU da PUCRS e bolsista PROBOLSA/PUCRS e PDSE da CAPES – processo 0855/12-0.

2 Professor Catedrático da Universidade do Algarve e Diretor do Curso de Doutoramento em Psicologia.

3 Professor titular da FACED/PUCRS e Centro Universitário La Salle, Pós-doutor em Psicologia/Universidad Autónoma de Madrid/Espanha, Doutor em Ciências Humanas/Educação, professor dos Programas de Pós-Graduação em Educação e Gerontologia Biomédica da PUCRS e no Centro Universitário La Salle.

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2 needs in Physical Education (M = 3.81; D.P. = .54) and assessing learning environment and Physical Education (M= 3.67; D.P. = .76 ), although only 50% of the group positively evaluated their well-being, denouncing the existence of students that feel unwell with Physical Education classes. Therefore, it’s suggested that there is the need to reform and consider the adequacy of this reality that the actors and authors of the process - teachers and students - as the result of this variable seems to support the removal of their Physical Education classes.

Key Words: Education; High School; Physical Education; Student; Well-being.

Os novos comportamentos e as exigências atuais da sociedade moderna têm contribuído com o aumento do quadro de sedentários, provocando uma epidemia em diversos países, com o elevado número de doenças crônico-degenerativas do tipo pressão alta, obesidade, diabetes e outras. Com a intenção de facilitar as atividades antes requeridas no dia-a-dia, as tecnologias foram criadas e aperfeiçoadas para melhorar o acesso e diminuir o tempo despedido na execução de alguma tarefa, mas, por vezes, sobrecarregam as pessoas para além da carga-horária de trabalho, diminuindo o tempo para o lazer e a prática de atividades físicas.

Nesse sentido, o contexto da Educação Física Escolar (EFE) é uma importante ferramenta educacional para o desenvolvimento e formação de hábitos saudáveis que os indivíduos poderão adotar ao longo de suas vidas, visando o bem estar e a qualidade de vida. Porém, o estudo de Darido (2004) tem apontado que, a partir das séries finais do Ensino Fundamental (Básico em Portugal), há uma diminuição do interesse na Educação Física (EF) à medida que os alunos vão avançando no sistema educacional, sendo, portanto, maior no Ensino Médio (Secundário em Portugal), o que dificulta a concretização do objetivo voltado a Educação para a Saúde.

Conhecer este mal-estar experimentado pelos alunos e as justificativas desse afastamento, identificando elementos nos processos de ensino e de aprendizagem de possíveis estratégias pedagógicas que promovam a aderência deles às aulas de Educação Física do Ensino Médio (Secundário) são um dos objetivos da tese de Doutorado

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3 intitulada “(Des)seriação da Educação Física no Ensino Médio como proposta de contribuições à saúde: visão de alunos e professores” (Lettnin, 2011), que está sendo desenvolvida no Brasil, com o intuito de refletir acerca de uma proposta de Educação Física para este nível de ensino que atenda a diversidade para a promoção da saúde, dentro de uma visão holística.

Um dos componentes da saúde presente nesta investigação é o fator psicológico, onde se insere o bem-estar discente. No entanto, para realizar medidas a esse respeito os instrumentos são insuficientes, ou, não medem de forma específica o contexto que se pretende. Portanto, este estudo piloto, desenvolvido junto a Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, pretendeu elaborar e testar um instrumento para medir o Bem-Estar Discente na Educação Física (BEDEF), buscando verificar a validade das variáveis que o compõem, no sentido do quanto elas se relacionam e respondem a respeito do que se quer investigar.

Instrumento: composição do questionário BEDEF

Este instrumento foi composto por um conjunto de escalas de variáveis que possuem alguma referência com Bem-Estar, de acordo com a literatura especializada no tema, já validadas para a população portuguesa, mas adaptadas ao contexto da pesquisa.

O questionário BEDEF possui dados de caracterização da escola e do sujeito e escalas como: (a) Saúde Subjetiva; (b) Tempo Livre, (c) Ambiente Escolar e Aprendizagem (adaptada ao contexto da Educação Física), todas retiradas do instrumento Kidscreen (Projeto Aventura Social e Saúde), adaptado por Matos et al. (2006); (d) Escala das Necessidades Psicológicas Básicas em Educação Física (adaptada por Cid, Pires, Silva

& Borrego, 2011, da versão portuguesa da Basic Psychological Needs in Exercise Scale - BPNESp); (e) Escala de Satisfação com a Vida (Diener, Emmons, Larsen & Griffins, 1985, versão portuguesa de Simões, 1992); (f) Positive Affects Negative Affects Scale -

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4 PANAS (Watson, Clark & Tellegen, , 1988, versão portuguesa de Simões, 1993); (g) Motivação Intrínseca (adaptada de Jesus 1996); (h) Escala de Autoestima de Rosenberg (adaptada de Rosenberg, 1965 por Santos, 2003); e (i) Escala de Otimismo (Barros de Oliveira, 1998).

Todas as escalas são do tipo Likert. Aquelas retiradas do estudo internacional de Matos e colaboradores (2006) - são de 5 pontos, sendo a da Saúde Subjetiva composta por um item, a do Tempo Livre por cinco itens e a escala do Ambiente Escolar e Aprendizagem, adaptada ao contexto da Educação Física, com seis itens. A Escala das Necessidades Psicológicas Básicas em Educação Física (adaptada por Cid et al., 2011 da versão portuguesa da Basic Psychological Needs in Exercise Scale - BPNESp) compreende três dimensões da Teoria da Autodeterminação de Deci e Ryan (1985), sendo elas, (a) Autonomia; (b) Competência e (c) Relação, com quatro itens cada uma, avaliadas em 5 pontos. A soma das dimensões (12 afirmações) representa a avaliação global de satisfação das NPBEF. A Escala de Satisfação com a Vida (Diener et al., 1985, versão portuguesa de Simões, 1992) é constituída por cinco itens e também avaliada por 5 pontos e a PANAS (Watson et al., 1988, versão portuguesa de Simões 1993) contém 22 sentimentos ou emoções avaliados em 5 pontos, sendo 11 afetos positivos (1, 3, 5, 9, 10, 12, 14, 16, 17, 19, 21) e 11 afetos negativos (2, 4, 6, 7, 8, 11, 13, 15, 18, 20, 22). A composição dessas escalas, Satisfação com a vida e PANAS, resulta no Bem-Estar Subjetivo (BES). A escala de Motivação Intrínseca foi adaptada do estudo de Jesus (1996) e visa avaliar a motivação intrínseca dos alunos com relação à disciplina de Educação Física. É composta por quatro itens e avaliada em 7 pontos. A escala de Autoestima (adaptada de Rosenberg, 1965 por Santos, 2003) avalia os sentimentos globais de autoestima do self. É constituída por 10 itens que pontuam em 4 pontos. A pontuação mais elevada representa autoestima mais positiva. Salienta-se que

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5 os itens 2, 5, 6, 8 e 9 estão invertidos. A Escala sobre Otimismo (Barros de Oliveira, 1998) é constituída por quatro itens avaliados por 5 pontos.

O objetivo da validação preliminar deste construto, que compõem este instrumento, é o de medir o bem-estar na Educação Física de alunos do Ensino Secundário (Médio no Brasil), analisando a relevância das variáveis que o compõem, entre elas: Bem-Estar Subjetivo (BES), Satisfação das Necessidades Psicológicas Básicas em EF (NPBEF) e a do Ambiente de Aprendizagem da Educação Física (AEF), que se apresentam neste estudo como variáveis dependentes. A escolha dessa última variável está baseada no estudo de Matos e Carvalhosa (2001) que evidenciou que o bem-estar pode estar relacionado com fatores externos, como o ambiente em que o sujeito vive.

Além disso, pretende-se relacionar essas variáveis (dependentes) com as variáveis denominadas (a) sociodemográficas (curso, gênero, percepção da saúde, limitações físicas, atividade física extra, tempo livre) e (b) psicológicas (motivação intrínseca, autoestima e otimismo), no sentido de verificar quais delas contribuem para predizer o bem-estar dos alunos. Para uma melhor compreensão, apresenta-se a seguir, um esquema (Figura 1) com as variáveis do instrumento e o modelo de investigação que se ambiciona testar.

Figura 1 - Construto do questionário para avaliar o bem-estar discente na EF.

As questões que nortearam o estudo foram: (a) As variáveis – BES, NPBEF e o AEF - se relacionam entre si? (b) As variáveis sociodemográficas se relacionam e

AEF BES NPBEF Curso (área);

Sexo;

Percepção da saúde;

Limitações Físicas;

Ativ. Física Extra;

Tempo livre

Motivação;

Intrínseca;

Autoestima;

Otimismo

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6 influenciam o BES; as NPBEF e o AEF? (c) As variáveis psicológicas se relacionam e influenciam o BES; as NPBEF e o AEF percebido? (d) Qual é o nível de BES, de satisfação das NPBEF e do AEF em que se encontram os alunos do secundário de Faro?

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para responder essas questões, optou-se metodologicamente por uma abordagem quantitativa, utilizando para tal estatísticas descritivas, de correlação de Spearman e regressão linear, que têm por objetivo a descrição, análise e confirmação dos dados para predizer a relação e influência entre as variáveis estudadas. Para o tratamento dos dados foi utilizado o programa estatístico SPSS, versão 18.0, para Windows.

Realizou-se esse estudo na cidade de Faro, que possui três escolas secundárias.

Esse município é a capital da região do Algarve em Portugal, composta por 16 municípios, com características peculiares e marcantes de cada comunidade, por isso, optou-se por obter uma amostra que pertença à mesma realidade e cultura, logo, os questionários foram aplicados a 189 alunos das escolas secundárias de Faro.

APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS O sistema educacional português e as características da amostra

Antes da análise dos dados, se faz necessário conhecer a estrutura do Ensino Secundário no sistema público português. Os dados aqui apresentados estão baseados na publicação do Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação (GEPE/ME, 2011). O Ensino Secundário compreende o 10º, 11º, 12º anos e, diferente do Ensino Básico, não é obrigatório. A região do Algarve conta com apenas 23 estabelecimentos para este nível de ensino, enquanto que o ensino básico (1º. a 9º. ano) possui 303 instituições.

A fase escolar alvo desse estudo, é dividida, pela maioria das escolas, em regular e profissional. Os alunos que optam pelo profissional exercem a condição de técnicos e os alunos que fazem sua escolha pelo regular, almejam a entrada em uma Universidade.

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7 Mesmo com essas diferenças, áreas de formação específicas são ofertadas para ambos e devem ser definidas pelos alunos na conclusão do 9º. ano. O estudo do GEPE/ME (2011) apontou que 13.919 alunos estavam entre 2009 e 2010 matriculados no Ensino Secundário na região do Algarve, e desses, 13.170 estavam em escolas públicas, sendo a sua maioria distribuída na formação regular (7.868 alunos) e na formação profissional (4.481 alunos).

Dos 189 alunos que participaram efetivamente desse estudo, 61 alunos (32.3%) pertenciam à escola “A”, 67 alunos (35.4%) pertenciam à escola “B” e 61 alunos (32.3%) pertenciam à escola “C”. As turmas investigadas pertenciam aos cursos de Ciências e Tecnologia – 100 alunos (52.9%), Artes visuais – 45 alunos (23.8%), Línguas e Humanidades – 30 alunos (15.9%) e Tecnológico de Desporto – 14 alunos (7.4%). Este último curso sendo ofertado, neste município, por apenas uma das escolas.

Para efetuar as análises nesse estudo optou-se por agrupar os cursos de Humanidades e Artes (75 alunos) e Tecnologia e Desporto (114 alunos).

A amostra é constituída por 115 alunas (60.8%) e 74 alunos (39.2%), estando distribuídos, em sua maior parte, respectivamente, no 11.º ano (60.8%), 10.º ano (21.2%) e 12.º ano (18%), entre uma faixa-etária que varia de 15 a 21 anos, sendo sua média de, aproximadamente, 17 anos (M=16.8; DP= 1.17). A maioria dos alunos investigados (n= 175; 92.6%) não apresenta qualquer tipo de limitação física que impeça sua participação nas aulas de Educação Física. Também, 47.6% da amostra se percebem com uma saúde “Muito Boa” (M= 3.77; D.P.= .75) e apenas 2.1% entre

“Muito Má” e “Má”.

Outro dado interessante é que 116 alunos (61.4%) realizam atividade física extra, sendo que a frequência semanal em média é de 2 vezes na semana (D.P.= 1.82), e 36.5% desses alunos fazem atividade entre 2 e 3 vezes, com duração para a maioria do

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8 grupo de 02 horas por sessão. Mas, apenas 33 alunos (17.5%) fazem desporto na escola.

As modalidades das atividades físicas extras mais frequentadas pelos alunos portugueses são: natação (4.2%), atletismo (3.7%), futebol (3.2%), karaté (3.2%) e dança (3.2%), a maioria práticas individuais.

Existe uma relação positiva e estatisticamente significativa entre atividade física extracurricular e a percepção da saúde (r=2,47; p=.001), correspondendo ao estudo de Vancea, Barbosa, Menezes, Santos e Barros (2011) que comprova essa associação na revisão sistemática sobre o assunto. Também, há uma diferença estatisticamente significativa entre o sexo e a prática de atividade física extracurricular (t=2.03; p=.044) e o sexo e a percepção da saúde (F= 8.30; p= .004). Logo, pode-se dizer com relação à amostra, que os rapazes se percebem com melhor saúde do que as raparigas (M= 3.96;

DP= .77), por que são os que mais realizam atividade física extra (M= 0.70; D.P.= .46).

Analisando o instrumento BEDEF e o nível do bem-estar discente na EF

A análise da consistência interna de cada uma das escalas indicou coeficiente alpha de Cronbach α= 0.86 na escala de Satisfação com a Vida; α= .72 na PANAS,

sendo α= .88 na dimensão do Afeto Positivo e α=.66 no Afeto Negativo; de .86 na escala das NPBEF, sendo α= .80 na dimensão de Autonomia, α= .80 na dimensão de Competência e α=.89 na dimensão de Relação; α=0.88 no AEF; α= .73 no Tempo Livre;

α=.90 na Motivação Intrínseca; α=.87 na Escala de Autoestima; α= .86 na Escala de Otimismo. Todas com valores, de consistência interna, semelhantes ou muito próximos às escalas originais.

Para responder a relevância das variáveis dependentes - BES, NPBEF e o AEF - do instrumento elaborado para medir o Bem-Estar dos alunos nas aulas de EF, verificou-se inicialmente a relação entre elas. Conforme os resultados apresentados na tabela 1, as variáveis dependentes, bem como, as dimensões das NPBEF - Autonomia,

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9 Competência, Relação - estão correlacionadas, sendo todas estatisticamente significativas considerando p≤ .01.

Tabela 1 - Correlações entre as variáveis dependentes (N=189)

VARIÁVEIS BES Autonomia Competência Relação NPBEF

Autônomia .391** - - - -

Competência .530** .559** - - -

Relação .271** .254** .301** - -

NPBEF .492** .804** .765** .668** -

Ambiente .522** .513** .580** .340** .605**

Legenda: ** valor do coeficiente de correlação significativo para p≤.01

De acordo com Callegari-Jacques (2003), com exceção da variável Relação, que apresenta uma fraca correlação linear com a maioria das variáveis estudadas - BES (r=.271; p≤.01), Autonomia (r=.254; p≤.01) e Competência(r=.301; p≤.01) -, todas as outras podem ser consideradas correlações moderadas ou fortes. Chama-se atenção para as variáveis Ambiente e Competência (r=.580; p≤.01), demonstrando que a participação do aluno no AEF pode estar relacionada a sua percepção de competência. Ressalta-se também, a relação entre a variável ambiente e a satisfação global das NPBEF (r=.605;

p≤.01), pois é nesse espaço que os alunos avaliam as dimensões de Autonomia,

Competência e Relação, sendo importante a forma como ele é conduzido por aqueles que dele fazem parte (professores e colegas) e entendido pelos investigados (alunos).

Ademais, as dimensões de Competência, Autonomia e Relação estão fortemente relacionadas com as NPBEF, confirmando os achados de Cid et al. (2011). Por fim, destaca-se a variável do BES que se encontra moderadamente relacionada com as demais variáveis desse estudo, o que possibilita aceitar o desenho estabelecido das variáveis dependentes sugeridas nesta pesquisa para compor o instrumento de medida BEDEF, uma vez que apresentam relações significativas (Tabela 1).

O segundo passo foi analisar a relação das variáveis sóciodemográficas com as variáveis dependentes, considerando o curso, o sexo, as limitações físicas, a percepção de saúde, a prática de atividades físicas extracurriculares e o tempo livre.

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10 Tabela 2 - Correlação das variáveis sociodemográficas com as variáveis dependentes (N=189)

Variáveis Curso Sexo Limitações Saude perc Ativ fis extra Tempo livre BES -.163* -.143* -.169** .314** .184** .420**. Ambiente -.197* -.164* -.171** .341** .167* .323**

NPBEF - .095 -.301** -.145** .263** .193** .386**

Competência - .064 -.373** -.145** .335** .303** .335**

Autonomia -.156* -.212* - .139 .133 .141 .408**

Relação - .063 - .100 - .075 .180* .045 .130-

Legenda: * valor de correlação significativo para p≤ .05 ** valor de correlação significativo para p≤ .01

Observando a tabela 2 é possível constatar que a maioria das variáveis se relaciona e apresenta relevância estatisticamente significativa ao nível de p≤ .01 ou p≤

.05, o que indicam permanecer na composição do questionário. Todas as variáveis se relacionam com o BES e com o AEF, destacando-se entre elas a Saúde Percebida e o Tempo Livre, pois apresentam uma relação mais forte do que as demais. O Curso foi o único que não se relacionou, significativamente, com as variáveis NPBEF e com a dimensão Competência. De acordo com a tabela 2, esse estudo demonstrou que a avaliação do BES, do AEF e da Autonomia está relacionada com a área de conhecimento escolhida pelos alunos e, ainda, podem ser observado que a dimensão de Competência, o Tempo Livre e a Saúde Percebida são as que possuem as melhores relações entre as variáveis dependentes do estudo. Ademais, o BES e o AEF possuem uma relação mais forte com a Saúde Percebida e o Tempo Livre, sugerindo serem elementos importantes para uma avaliação positiva dessas duas variáveis. Já as NPBEF se relacionam melhor com o sexo e o Tempo Livre, o que indica a necessidade de considerarmos as diferenças de gênero e a liberdade de escolha nesse contexto, para que as dimensões propostas pela teoria da autodeterminação (Deci & Ryan, 1985) sejam contempladas. A dimensão de Competência relaciona-se melhor com o sexo, Saúde Percebida, Atividade Física Extra e o Tempo Livre, corroborando com alguns estudos que trazem resultados sobre essas variáveis e a percepção de competência. Por fim, a Autonomia apresenta uma melhor relação com o Tempo livre, demonstrando ser uma

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11 importante dimensão para a tomada de decisões, e, a Saúde Percebida foi a única variável que se relacionou com a dimensão de Relação Social (r= .180; p= .013), embora seja classificada como uma relação fraca.

Para verificar quais e quanto as variáveis independentes influenciam as variáveis dependentes do estudo foi necessário realizar um teste de regressão linear, que é um método para se estimar a condicional (valor esperado) de uma variável y, com relação aos valores de algumas outras variáveis x.

Tabela 3 - Influência das variáveis sociodemográficas com relação ao BES, ao Ambiente da EF e às NPBEF (N=189)

Variável dependente BES

Variáveis Independentes β t p

Curso -.152 -2.335 .021

Sexo .052 .754 .452

Limitações físicas -.064 -.960 .338

Saúde percebida .199 2.872 .005

Atividade física extra .164 2.467 .015

Tempo livre .364 5.438 .000

R2= 0.27 - (F= 11.252; p=.000)

Variável dependente NPBEF

Variáveis Independentes β t p

Sexo -.120 -1.734 .085

Limitações físicas -.075 -1.096 .275

Saude percebida .104 1.458 .146

Atividade física extra .143 2.109 .036

Tempo livre .327 4.758 .000

R2= 0. 23 - (F= 10.723; p=.000) Legenda: relevância estatisticamente significativa se . p≤ .01 ou p≤ .05.

Consultando a tabela 3 verifica-se que as variáveis: Atividade Física Extracurricular, Saúde Percebida, Tempo Livre e Curso são, hierarquicamente, as que explicam em 27% a variância do BES. Já as variáveis: Tempo Livre, Saúde Percebida e Curso, nesta ordem, explicam em 22% a variância do AEF. E ainda, as variáveis,

Variável dependente AEF

Variáveis Independentes β t p

Curso -.160 -2.379 .018

Sexo .037 .516 .607

Limitações físicas -.093 -1.351 .178

Saúde percebida .202 2.820 .005

Atividade física extra .129 1.880 .062

Tempo livre .290 4.195 .000

R2= 0.22 - (F= 8.690; p= .000)

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12 Tempo Livre e Atividade Física Extracurricular explicam em 23% a variância das NPBEF, respectivamente.

A prova de regressão linear sobre a influência das variáveis sociodemográficas, que apresentaram relação com as dimensões das NPBEF, possibilitou constatar que as variáveis: Tempo Livre (β= .254, t=3.835; p= .000), Atividade Física Extracurricular (β= .229, t=3.516; p= .001), Sexo (β= - .189, t= -2.815; p= .005) e Saúde Percebida (β=

.153, t=2.229; p= .027) são, hierarquicamente, as que explicam em 28% a variância da dimensão de Competência (F= 14.185; p=.000). Já com relação à dimensão de Autonomia permitiu afirmar que apenas a variável Tempo Livre (β= 0.387, t=5.543; p=

.000) influência a variância dessa dimensão (F= 12.856; p≥ .000), na ordem de 17%, e, sobre a dimensão de Relação, a variável Saúde Percebida que apresentou correlação não tem influência significativa.

Logo, com exceção dessa última variável analisada, todas as demais variáveis sociodemográficas elegidas para compor o questionário que pretende avaliar o bem- estar discente na EF, de alguma forma, se relacionam e influenciam as variáveis dependentes do estudo, e, portanto, serão mantidas para a coleta de dados no Brasil, uma vez que a dimensão de Relação é um dos construtos da escala NPBEF que tem um papel fundamental na investigação, perdendo força apenas quando é analisada de forma separada.

Tabela 4 - Correlação das variáveis psicológicas com as variáveis dependentes do estudo (N=189)

Variáveis Motivação Intrínseca Autoestima Otimismo

BES .450** .563** .379**

Ambiente .650** .213** .209**

NPBEF .565** .183* .184**

Competência .585** .242** .223**

Autonomia .508** .111 .083

Relação .253** .072 .159*

Legenda: * valor de correlação significativo para p≤ .05 ** valor de correlação significativo para p≤ .01

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13 Neste momento, analisa-se a correlação entre as variáveis psicológicas elencadas no instrumento - a Autoestima, a Motivação Intrínseca e o Otimismo - e as variáveis dependentes do estudo. Na tabela 4 é possível observar que a variável Motivação Intrínseca apresenta diferenças significativas e se relaciona com todas as variáveis dependentes, possuindo uma correlação fraca com a dimensão denominada Relação (r=.253; p=.000), forte com a variável Ambiente (r=.650; p =.000) e moderada com as outras analisadas, sendo elas: o BES (r=.450; p=.000), a satisfação das NPBEF (r=.565;

p=.000) e as dimensões de Autonomia (r=.508; p=.000) e Competência (r=.585;

p=.000). Já a variável Otimismo só não se relaciona com a Autonomia (r=.083; p=.259)

e mantém uma relação moderada com o BES (r=.379; p=.000) e fraca com as demais variáveis estudadas. E a Autoestima apresenta diferenças significativas através de uma moderada relação com o BES (r=.563; p=.000) e fraca relação com as variáveis:

Ambiente (r=.213; p=.003), NPBEF (r=.183; p=.012) e dimensão de Competência (r=.242; p=.001).

Tabela 5 - Influência das variáveis Psicológicas com relação ao BES, ao AEF e as NPBEF (N=189)

Variável BES

Variável β t p

Motivação .428 8.218 .000

Autoestima .481 7.839 .000

Otimismo .078 1.266 .207

R2= 0.50 - (F= 59.661; p= .000)

Variável AEF

Variável β t p

Motivação .676 13.010 .000

Autoestima .122 1.994 .048

Otimismo .063 1.029 .305

R2= 0.51 - (F= 63.369; p= .000)

Variável NPBEF

Variável β t p

Motivação .594 10.333 .000

Autoestima .083 1.224 .222

Otimismo .092 1.361 .175

R2= 0.40 - (F= 40.431; p= .000) Legenda: relevância estatisticamente significativa se p≤ .01 ou p≤ .05.

No teste de regressão linear utilizado para comprovar a influência de cada uma delas, as variáveis Autoestima e Motivação, respectivamente, explicam em 50% a

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14 variância do BES e em 51% a variância do AEF, embora hierarquicamente de forma invertida. Diferentemente da variável NPBEF, que somente a variável Motivação Intrínseca explica em 40% sua variância. (tabela 5).

O mesmo ocorre com as variáveis de dimensão da Autonomia, Competência e Relação, que apesar de todas elas terem apresentado correlação, a única variável responsável por explicar suas variâncias é a Motivação Intrínseca, explicando em 43% a variância da dimensão de Competência, em 29% a variância da dimensão de Autonomia e em 7% a variância da dimensão de Relação. Verifique os resultados de sua influência na tabela 6 a seguir.

Tabela 6 - Influência das variáveis Psicológicas com relação às dimensões de Autonomia, Competência e Relação (N=189)

Variável COMPETÊNCIA

Variável β t p

Motivação .601 10.766 .000

Autoestima .107 1.626 .106

Otimismo .126 1.907 .058

R2= 0. 43 - (F=46.456; p= .000) Variável

AUTONOMIA

Variável β t p

Motivação .542 8.828 .000

R2= 0.29 - (F= 77.942; p=.000)

Variável RELAÇÃO

Variável β t p

Motivação .238 3.350 .001

Otimismo .085 1.200 .232

R2= 0.07 - (F= 6.801; p .001) Legenda: relevância estatisticamente significativa se . p≤ .01 ou p≤ .05.

Sendo assim, as provas de regressão linear sugerem descartar a escala de otimismo do questionário, uma vez que esta variável não explica, significativamente, a variância de qualquer uma das variáveis dependentes do estudo. Em sentido oposto o que descobriu Ferraz et al. (2007) quando realizou a revisão de literatura sobre essa variável e averiguou pesquisas que associam-na com o bem-estar, principalmente bem- estar psicológico, que segundo Ramos et al. (2011) parte dele está fundamentado na Teoria da Autodeterminação de Deci e Ryan (1985) que é a mesma teoria que justifica a existência das dimensões dessa pesquisa e que vão agregar a escala das NPBEF.

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15 Dando sequência ao cumprimento da última questão norteadora do estudo, analisam-se os dados referentes à avaliação dos alunos quando ao seu BES, suas NPBEF e seu AEF. Os resultados médios de cada uma dessas variáveis com suas dimensões podem ser acompanhados na tabela 7, que também traz informações sobre seus escores mínimo e máximo e desvios padrão.

Tabela 7 – Média, Desvios padrão e Valores Mínimo e Máximo das variáveis denominadas dependentes (N=189)

Variáveis N Mínimo Máximo Média Desvio-padrão

Satisfação com a Vida 189 1.00 5.00 3.6434 .89587

Afeto Positivo 189 1.00 4.55 3.0317 .66325

Afeto Negativo 189 1.00 3.55 1.6763 .50775

BES 189 -5.99 4.00 .0000 1.97986

Autonomia 189 1.00 5.00 3.4630 .72518

Competência 189 1.50 5.00 3.6918 .66887

Relação 189 1.75 5.00 4.2659 .73143

NPBEF 189 1.92 5.00 3.8069 .54098

Ambiente 189 1.67 5.00 3.6720 .75753

Em geral, na maioria das variáveis pode-se dizer que os alunos do secundário do município de Faro, Portugal, apresentam médias positivas com relação ao ponto central dos valores mínimos e máximos de cada uma das escalas. Chama-se a atenção para os dados da variável de BES, que é uma variável compósita dos Afetos Positivos e Negativos da escala PANAS e os índices da escala de Satisfação com a Vida. Apesar dos alunos apresentarem afetos positivos razoáveis (M= 3.03; D.P.= .66), uma boa satisfação com a vida (M= 3.64; D.P.= .89) e uma média neutra com relação aos afetos negativos (M= 1.68; D.P.= .51), como também possuir uma boa satisfação de suas NPBEF (M= 3.81; D.P.= .54), principalmente na dimensão de relação social (M = 4.27;

D.P.= .73), e ainda, fazer uma avaliação positiva do seu AEF (M= 3.67; D.P.= .76), ao

observar o quadro 1 a seguir, com o percentil do grupo em relação a variável BES, pode-se constatar que apenas metade da amostra, em termos gerais, está experienciando bem-estar na Educação Física e que aqueles alunos que se encontram no quadrante

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16 positivo chegam, no máximo, próximos ao ponto central da escala (3 – “Assim, Assim) que é de 5 pontos.

Quadro 1 – Percentil dos alunos (N= 189) relacionado à variável BES

Os resultados negativos dos escores apresentados dessa variável fazem um alerta sobre a existência de alunos a sentir mal-estar no contexto investigado e, talvez, por isso a avaliação média dos afetos positivos e negativos não se distanciem uma da outra, atingindo níveis próximos de 2 para afetos negativos e de 3 para afetos positivos, se considerarmos o arredondamento aritmético padrão. Logo, uma das variáveis que corresponde aos sentimentos dos alunos perante a Educação Física parece sustentar o afastamento deles das aulas, indicando que há necessidade de reformas e de adequação desse contexto para uma avaliação positiva dos discentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se afirmar que as variáveis dependentes do estudo como: BES, NPBEF, as dimensões de Autonomia, Competência e Relação e o AEF apresentaram relação estatisticamente significativa entre si, o que torna possível sua permanência no instrumento que visa medir o bem-estar discente na Educação Física e permite fazer relações entre os resultados dessas escalas.

As variáveis sóciodemográficas (Curso, Sexo, Limitações, Saúde Percebida, Atividade Física Extra e Tempo Livre) demonstraram se relacionar de alguma forma

PERCENTIL MÉDIA - BES

10 -2.7456

20 -1.5165

30 -.9927

40 -.5526

50 .0994

60 .7583

70 1.2003

80 1.7022

90 2.5863

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17 com as variáveis dependentes do estudo. O BES apresentou relação, estatisticamente significativa, com todas elas, mas na equação de regressão linear apenas as variáveis Atividade Física Extracurricular (t= 2.467; p= 0.015), Saúde Percebida (t= 2.872; p=

0.005), Tempo Livre (t= 5.438; p= .000) e Curso (t= -2.335; p= 0.021) explicam em 27%, hierarquicamente, sua variância. Da mesma forma o AEF apresentou relação com todas as variáveis, embora apenas o Tempo Livre (t= 4.195; p= .000), a Saúde Percebida (t= 2.820; p= 0.005) e o Curso (t= -2.379; p= 0.018), expliquem em 22% a sua variância. A variável das NPBEF, com exceção do Curso, apontou relação estatisticamente significativa com as demais variáveis, embora somente o Tempo Livre (t= 4.758; p= .000) e a Atividade Física Extracurricular (t= 2.109; p= 0.036) explicam em 23% sua variância.

A dimensão de Autonomia possui relação, estatisticamente significativa, com o Curso, o Sexo e o Tempo Livre, apesar de apenas esta última (t= 5.543; p= .000) explicar em 17% sua variância. A dimensão de Competência se relaciona com todas as variáveis do estudo, exceto o Curso, e sua variância é explicada em 28% pelas variáveis:

Tempo Livre (t= 3.835; p= .000), Atividade Física Extracurricular (t= 3.516; p= 0.001), Sexo (t= -2.815; p= 0.005) e a Saúde Percebida (t= 2.229; p= 0.027). Por último, a dimensão de Relação só apresentou correlação estatisticamente significativa com a variável Saúde Percebida (t= 0.180; p= 0.013), mas essa mesma variável não influência sua variância.

Logo, todas as variáveis sociodemográficas elegidas para compor o questionário que pretende avaliar o bem estar, de alguma forma, se relacionam e influenciam as variáveis dependentes do estudo, e, portanto, serão mantidas na composição do questionário denominado BEDEF, uma vez que a dimensão de relação é uma parte

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18 fundamental do constructo das NPBEF e só perde força, quando analisada de forma isolada.

Da mesma forma as variáveis psicológicas (Motivação Intrínseca, Autoestima e Otimismo) foram avaliadas com relação às variáveis dependentes do estudo e os resultados afirmaram existir relação, estatisticamente significativa, entre o BES e as variáveis supracitadas, sendo sua variância explicada em 50% pela Autoestima (t=

7.839; p= .000) e a Motivação (t= 8.218; p= .000). O mesmo ocorre com o AEF que se relaciona com todas as variáveis e sua variância é explicada na ordem de 51% pela Motivação intrínseca (t= 13.010; p= .000) e Autoestima (t= 1.994; p= .048). Já a satisfação das NPBEF, apesar de se relacionar com todas as variáveis psicológicas deste estudo, somente a Motivação (t= 10.333; p= .000) explica em 40% sua variância.

Embora todas as variáveis psicológicas apresentem relação com a dimensão de Competência, somente a variável Motivação Intrínseca (t= 10.766; p= .000) explica em 43% sua variância. A dimensão de Autonomia só se relaciona, com significância estatística, com a variável Motivação (t= 8.828; p= .000) que explica sua variância em 29%. A dimensão de Relação se correlaciona com a Motivação Intrínseca e o Otimismo, mas sua influência é explicada apenas pela Motivação, em 6.8% de sua variância.

Apesar de a variável Otimismo apresentar correlações, estatisticamente significativas, com o BES, o AEF, as NPBEF e as dimensões de Competência e Relação, na prova de regressão linear essa variável não apontou influência na explicação da variância dessas variáveis. Diante desse fato e sendo este um estudo de avaliação preliminar do instrumento, sugere-se que a escala da variável “Otimismo”

permaneça no instrumento para que outras provas estatísticas sejam realizadas a fim de avaliar sua importância, já que a literatura aponta a importância da associação dessa variável para avaliação do bem-estar.

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19 Logo, as análises confirmam a permanência de todas as escalas que compõem esse instrumento quantitativo, pois as mesmas apresentaram um bom nível de confiança, além de corresponderem aos objetivos do estudo com relação ao desenho inicial.

Os alunos das escolas secundárias de Faro apresentaram um bom nível de satisfação das NPBEF (M= 3.81; D.P.= 0.54) e de avaliação do AEF (M= 3.67; D.P.=

0.76), embora apenas 50% do grupo avalie de forma positiva o seu bem-estar neste contexto.

Sugere-se que outros estudos sejam realizados para confrontar e validar os dados aqui expostos, principalmente, em outras culturas e com amostras ampliadas. Também, que paralelamente sejam realizadas pesquisas qualitativas para contribuir com a discussão dos resultados quantitativos, trazendo sentido e significado para o contexto investigado, no sentido de permitir obter um panorama do formato de Educação Física desenvolvida no Ensino Secundário para compreender o mal-estar denunciado nesta pesquisa pelos alunos. Esse poderá ser um caminho de acertos, na medida em que se abra espaço para considerar as ideias dos atores e autores do processo – professores e alunos – antes de qualquer reforma.

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