Valoração econômica do litoral do município de Ilhéus – Estado da Bahia

Valoração econômica do litoral do município de Ilhéus – Estado da Bahia

Carla Regina Ferreira Freire

Profa. Assistente do Departamento de Ciências Econômicas e Coordenadora do Núcleo Temático de Turismo, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC. M.Sc. em

Economia Aplicada pela ESALQ/USP.

Endereço: Cond. Jardim Boa Vista, R. 1. Bloco. B, Apt. 302 – Boa Vista. Ilhéus - Bahia E-mail: carlafreire@uol.com.br

Nome Autor

Prof. Adjunto do Depto. de Economia Agrícola, Universidade Federal do Ceará, Dr. em Economia Aplicada pela ESALQ/USP

Endereço: Rua Braz de Francesco, 135, Apt. 403 – Bairro Presidente Kennedy. Fortaleza - CE

E-mail: Casimiro@ufc.br

Gilberto de Souza Guimarães Junior

Graduando em Administração na Universidade Estadual de Santa Cruz Endereço: Rua Carneiro da Rocha, 272 – Centro. Ilhéus - Bahia

E-mail: gilbertao1@uol.com.br

Sueli Meneses Rodrigues

Graduando em Economia na Universidade Estadual de Santa Cruz Endereço:Av. Juraci Magalhães, 487, apt. 102

E-mail: suelimrodrigues@yahoo.com.br

Forma Temática: Agricultura e meio ambiente

Valoração econômica do litoral do município de Ilhéus – Estado da Bahia

Resumo

Este artigo tem por objetivo estimar a função de demanda por turismo das praias no município de Ilhéus, Estado da Bahia, bem como o valor recreacional das mesmas, que permitirá fazer uma estimativa dos benefícios do turismo nessa área. A estimativa dos parâmetros da equação de demanda por turismo foi realizada através da técnica da regressão linear múltipla. Para estimar os benefícios utilizou-se o método do custo de viagem. Os procedimentos metodológicos utilizados nesta pesquisa para coleta de dados compreendem o processo não probabilístico simples. A pesquisa foi feita através de questionários aplicados aos turistas do município de Ilhéus, no período de 28 de janeiro a 02 de fevereiro de 2004, que se encontravam nas praias. O valor do turismo estimado para as praias do litoral de Ilhéus, considerando os 238 turistas amostrados foi de R$ 371,01 por dia por turista. Como a extensão do litoral é de 93 km, pode-se concluir que o valor do turismo de um quilômetro de praia é de R$ 3,98 por turista por dia. Pode-se concluir que as praias do litoral de Ilhéus são importante fonte de geração de benefícios ambientais para a sociedade brasileira e que por isso devem ser conservadas. Dessa forma, por se tratar de um recurso ambiental, e que possui características de bens públicos, devem ser conservadas pelo poder público.

Valoração econômica do litoral do município de Ilhéus – Estado da Bahia

1. INTRODUÇÃO

A atividade turística desponta como uma alternativa que pode enquadrar-se em um programa de desenvolvimento, funcionando como um instrumento estimulador, principalmente em áreas possuidoras de paisagens exóticas (MELO, 1988). Uma das razões para isso é o baixo nível relativo de investimentos requeridos para sua implantação, em comparação a qualquer outra indústria, o que a torna recomendável para regiões com recursos financeiros escassos (LOPES, 1990).

Segundo D’AMORE (1990), o turismo é a maior indústria do mundo, com expectativa de crescimento futuro. Além disso, se muito bem planejado, não polui o meio ambiente nem degrada os recursos naturais e pode contribuir positivamente para o desenvolvimento econômico.

É importante relevar que o desenvolvimento do turismo necessita de uma infra-estrutura planejada nos espaços turísticos para evitar os seus impactos todavia, deve ser bastante prudente no que diz respeito ao otimismo econômico quanto aos custos socio-ambientais a médio e longo prazo, isto é, a imitação e modelos de consumo urbano nem sempre são adequadas para certas regiões ou determinados lugares. É bom salientar que o planejamento turístico deve adequar-se aos conteúdos preexistentes no cotidiano do lugar (LUCHIARI, 2000).

A importância econômica do turismo está no processo de conscientização, sensibilização, estímulo e capacitação de vários agentes de desenvolvimento que compõem a infra-estrutura voltada para o turismo do município, região ou país, para que despertem e reconheçam a importância e a dimensão do turismo como gerador de emprego e renda, conciliando o crescimento econômico com a preservação e a manutenção do patrimônio ambiental, histórico e de herança cultural (EMBRATUR, 1999).

A preocupação maior não deveria ser somente com a infra-estrutura, mas também com a conservação das amenidades ambientais. Se degradadas, os turistas não irão mais procurá-las, comprometendo assim a atividade. Ou seja, uma expansão desordenada da atividade turística poderá provocar uma degradação do meio ambiente e com isso comprometer sua exploração a longo prazo, já que sua recuperação torna-se bastante difícil e praticamente inviável economicamente.

A atividade do turismo em áreas naturais gera benefícios e custos. Surge assim a necessidade de se determinar o valor econômico dos recursos naturais utilizados para fins de turismo.

Este artigo tem por objetivo estimar a função de demanda por turismo das praias no município de Ilhéus, Estado da Bahia, bem como o valor recreacional das mesmas, que permitirá fazer uma estimativa dos benefícios do turismo nessa área.

2. O MUNICÍPIO DE ILHÉUS

O município de Ilhéus se transformou numa das cidades mais progressivas do país. A arrecadação municipal era superior às das capitais de vários Estados. Dezenas de povoados, surgidos às margens das estradas que levavam às principais zonas produtoras de cacau, transformaram-se rapidamente em florescentes cidades que hoje compõem o complexo urbano da região cacaueira.

O cacau passou a ser a base de sustentação e o termômetro da economia do Estado da Bahia. Os orçamentos governamentais eram elaborados em função da arrecadação financeira proporcionada pelo cacau.

O cacau desempenhou indiscutível função social não só contribuindo para integrar o sul da Bahia ao resto do país, pondo fim ao isolamento em que vivia, mas ainda melhorando o nível de vida da sua população e renovando estruturas sociais.

A partir do final da década de 80 e início da de 90, houve uma vertiginosa queda nos preços e na produção do cacau, devido a forte concorrência externa, além da infecção da lavoura local pela vassoura-de-bruxa. Esses fatos contribuíram para a estagnação econômica da região, que desde então passou a enfatizar o desenvolvimento da atividade turística.

Por ser um dos poucos nichos de Mata Atlântica que restam no Brasil, por ter praias muito bonitas e um patrimônio cultural invejável, o município de Ilhéus tornou-se um importante pólo turístico na Bahia.

Ilhéus revela-se uma excelente atração turística, conjugando monumentos históricos e praias belíssimas. Localiza-se na microrregião 31, Ilhéus/Itabuna, que faz parte da microrregião litorânea, tendo como posição geográfica latitude 14º47’55”S e longitude 39º 02’01”W. Distante 464 km da capital do Estado.

Cercada de matas, envolvida em enseadas e pontilhada com outeiros, de onde se pode observar o contorno majestoso do Oceano Atlântico que margeia seu território, formando 93 Km de praias exuberantes.

3 METODOLOGIA

3.1 Método do custo de viagem

Nas últimas décadas vem aumentando o interesse entre os pesquisadores e na sociedade de um modo geral pelas questões relacionadas com o meio ambiente. Isso está fazendo com que sejam aprimoradas as técnicas de valoração ambiental até então existente, como também tem proporcionado o aparecimento de novas técnicas. Vários são os métodos de valoração de impactos ambientais utilizados atualmente. A escolha de qual o método que deverá ser utilizado em cada estudo dependerá do que pretende-se avaliar, e do bom senso do pesquisador. Não existindo, portanto, um método ideal (CASIMIRO FILHO, 1999).

Quando se pretende valorar atividades recreacionais um dos método mais utilizado é o método do Custo de Viagem (MCV). Basicamente, o MCV usa os custos incorridos pelos indivíduos, quando viajam para um determinado local de recreação, como substituto do preço do bem ou serviço que é explorado pela referida atividade (TISDELL, 1991). O método consiste em estimar os benefícios gerados por uma determinada atividade recreacional, com base nos custos incorridos pelos consumidores para se utilizar das amenidades associadas à referida atividade.

desses dados, estima-se a curva de demanda e o excedente do consumidor. Este último representa uma estimativa do valor econômico do local em questão.

Neste trabalho, a estimativa dos parâmetros da equação de demanda por turismo no município Ilhéus foi realizada através da técnica da regressão linear múltipla. A referida equação foi formulada da seguinte maneira:

(

)

Q= f CV,CTr, R, I, S, E, X (01)

em que:

Q = número de dias gastos na praia por ano; CV = custos de viagem;

CTr = custos de transporte; R = renda anual familiar; I = idade;

S = sexo (variável dummy); E = grau de escolaridade; e,

X = vetor de outras variáveis qualitativas.

Conforme já foi ligeiramente abordado, a função de demanda pode ser utilizada na valoração das amenidades ambientais. Ou seja, de posse da função de demanda e do preço do bem ou serviço é possível estimar os benefícios para a sociedade, conforme pode ser visto num dos próximos itens.

3.2 O modelo empírico

A forma como as variáveis foram definidas e mensuradas foi de acordo com os trabalhos de BELL & LEEWORTHY (1990), NAVRUD & MUNGATANA (1994) e CASIMIRO FILHO & SHIROTA (1997). Com a finalidade de obter as estimativas dos parâmetros associados com as variáveis acima apresentadas, foi especificado o seguinte modelo econométrico:

Yj a Zi b X

i

ij i

i=

ij j

= +

=

∑

∑

em que:

Yj= número de dias que o turista j permaneceu no município de Ilhéus.

Z1j= 1 se o turista j for do sexo masculino 0 se o turista j for do sexo feminino

Z2j = 1 se a viagem do turista j foi organizada por uma agência de viagens 0 caso contrário

Z3j= 1 se o turista j for casado 0 caso contrário

Z4j= 1 se o turista j estava viajando sozinho 0 caso contrário

Z5j = 1 se o motivo da viagem foi recreio/lazer

0 para os demais motivos (com exceção do motivo visitas a parentes/amigos)

Z6j = 1 se o motivo da viagem foi visitas a parentes/amigos

0 para os demais motivos (com exceção do motivo recreio/lazer) A variável X1 refere-se ao grau de escolaridade dos turistas.

X1j= 1 se o turista j possui o primeiro grau

2 se o turista j possui o segundo grau ou curso técnico

3 se o turista j possui nível superior

A variável X2 refere-se à renda familiar mensal dos turistas.

X2j =

1 se o turista j possui renda de até R$ 200,00

2 se o turista j possui renda de R$ 200,00 a R$ 500,00

3 se o turista j possui renda de R$ 500,00 a R$ 1000,00

4 se o turista j possui renda de R$ 1000,00 a R$ 3000,00

5 se o turista j possui renda superior a R$ 3000,00

X3j = número de vezes que o turista j veio no município de Ilhéus nos últimos dois anos

X4j = idade do turista j, em anos

X5j = custos de transporte incorrido pelo turista j, (R$)

X6j = custos de viagem incorrido pelo turista j, por dia de permanência em Ilhéus (R$/dia)

uj = são erros aleatórios e que obedecem as pressuposições usuais

αi e βi são os parâmetros a serem estimados, (i = 1, 2, ..., 6)

3.3 A estimativa do valor do turismo nas praias de Ilhéus

Segundo RICHARDS & BROWN (1992), o benefício econômico líquido de um bem ou serviço ambiental é tipicamente estimado como o excedente do consumidor, ou seja, a disposição a pagar dos consumidores por um bem ou serviço acima do que eles pagariam.

Custos de Viagem

CVMa

CVMe

0 Quant. de

dias na praia CVMa = custo de viagem máximo para o qual a demanda será nula CVMe = custo de viagem médio

Figura 01 – Representação do valor de uso

No presente caso, a integração da eq. 02 produz a seguinte função para o valor do turismo nas praias do litoral no município de Ilhéus-BA:

∑ ∫

∫

∑ ∫

∫

turismo YdX aZdX bX dX b X dX

V

Vturismo= ( - ) ( ) ( ) , [( ) - ( ) ] =

X X a Zi i b Xi i b X X

i i 6 1 6 0 1 5 1 6 6 6 1 2 6 0 2 0 5 + ⎡ ⎣⎢ ⎤ ⎦⎥+ =

∑

∑

em que: X₆0= custo de viagem médio incorrido pelo turista em Ilhéus-BA;

X₆1= maior custo de viagem incorrido pelo turista em Ilhéus, admitindo que a

partir desse ponto a demanda será nula; e,

ai e bi são as estimativas dos parâmetros (i = 1, 2, ..., 5)

3.4. Fonte dos dados

Os procedimentos metodológicos utilizados nesta pesquisa para coleta de dados compreendem o processo não probabilístico simples, ou seja, o critério de exaustão para amostragem.

A pesquisa foi feita através de questionários aplicados aos turistas1 do município de Ilhéus, no período de 28 de janeiro a 02 de fevereiro de 2004, que se encontravam nas praias. De cada família, apenas uma pessoa foi entrevistada, no total foram aplicados 270 questionários.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Estimativa da função de demanda por turismo no litoral de Ilhéus-BA

É importante ressaltar que a literatura não deixa claro qual a forma funcional que deve ser utilizada em estudos de demanda por turismo e nem as variáveis exógenas que

1 _{Turista, nesta pesquisa, será considerado qualquer cidadão que se desloca para fora do seu local de}

devem ser usadas para explicar o problema estudado, com exceção dos custos de viagem. Assim, vários modelos foram testados sendo o modelo que apresentou melhores resultados, ou seja, o que apresentou o maior número de parâmetros significativos foi logarítmica na variável dependente. Foram aplicados 270 questionários, sendo que apenas 238 apresentaram consistência para estimar a função de demanda. Este modelo é apresentado a seguir.

Tabela 1. Estimativa dos parâmetros da função demanda por turismo no litoral do município de Ilhéus, fev. 2004.

Variáveis explicativas Coeficientes

de regressão Teste “t” de Student

Constante 1,713* 7,625

Sexo (Z1) - 0,084ns - 0,917

Organização da viagem (Z2) - 0,662* - 3,687

Estado civil (Z3) 0,104ns 0,995

Composição do grupo de viagem (Z4) 0,117ns 0,849

Motivo da viagem – recreio/lazer (Z5) 0,378* 3,279

Motivo da viagem – sitas a parentes (Z6) 0,0001ns 0,0004

Grau de escolaridade (X1) - 0,164* - 2,782

Nível de renda (X2) 0,00003** 2,141

Número de visitas a Ilhéus-BA (X3) - 0,004ns - 0,254

Idade (X4) 0,010** 2,327

Custos de transporte (X5) 0,0004* 2,833

Custos de viagem (X6) - 0,001*** - 1,801

Coeficiente de determinação (R2) Valor da estatística F (12; 225)

0,2291 5,5745

Nível de significância: ns não significativo,* significativo a 1%,** significativo a 5%, *** significativo a 10%

Analisando o comportamento das variáveis explicativas no modelo de regressão adotado verificou-se que as variáveis sexo, estado civil e composição do grupo não têm influência significativa sobre a permanência dos turistas. Além disso, o sinal da variável composição do grupo não está de acordo com o esperado.

A variável organização da viagem (Z2) é significativa e com o sinal de acordo com

o esperado. Isto é, estatisticamente, ao nível de 1% de significância, quando a viagem é organizada por uma agência de viagens, o turista permanece menos dias em Ilhéus.

A variável motivo da viagem – lazer/recreio (Z5) é significativa a 1% enquanto a

variável motivo da viagem – visitas a parentes (Z6) não apresentou influência significativa

sobre a permanência dos turistas, porém, ambas apresentaram sinal positivo, de acordo com o esperado. Pode-se inferir que se o motivo da viagem do turista foi um dos dois acima descritos, ele permanecerá mais tempo em Ilhéus. Isso quando comparado com os motivos trabalho, congresso, compras, etc.

A variável grau de escolaridade (X1) tem influência significativa sobre a

63) “este fato pode estar associado com a dificuldade que se tem mensurar uma variável que identifique o nível educacional de uma população”.

A variável número de visitas a Ilhéus (X3) apesar de não ter influência significativa

sobre a permanência dos turistas, apresentou sinal negativo do coeficiente, de acordo com o esperado, ou seja, esperava-se que, à medida que aumentasse a freqüência de visitas, a permanência média diminuísse.

As variáveis custos de transporte (X5) e custos de viagem (X6) são significativas e

com sinais de acordo com o esperado. Considerando um nível de significância de 1% e 10%, respectivamente. Para o custo de transporte esperava-se que uma vez que o indivíduo está de férias e decidiu fazer a viagem, caso ocorresse um aumento desse custo ele procuraria permanecer mais tempo neste local de recreação, para compensar o investimento feito.

Os resultados com relação a variável custos de viagem foram os esperados, ou seja, um aumento nos custos de viagem irá ocasionar uma redução na permanência dos turistas em Ilhéus.

4.2. Estimando o valor do turismo nas praias do litoral de Ilhéus-BA

Como o modelo escolhido para proceder as análises pertinentes, mostrado na seção anterior, apresentou variáveis não significativas (Z1, Z3, Z4, Z6, X3), novos modelos

foram reestimados desconsiderando algumas dessas variáveis, mas sempre adotando a forma funcional logarítmica na variável dependente. O modelo estimado foi utilizado para fazer a estimativa do valor do turismo nas praias do litoral de Ilhéus. O melhor resultado encontrado é apresentado a seguir (eq. 04):

ln Y = 1,694 − 0,699*Z2 + 0,385*Z5 – 0,162*X1 + 0,00003*X2 + 0,010*X4 + 0,0004* X5−

0,0016* X6 (04)

(− 3,9895) (3,7157) (- 2,7917) (2,3559) (2,7804) (2,9639) (- 1,9212) R2 = 0,22 F (4; 232) = 9,4039*

Os valores abaixo das estimativas dos parâmetros e entre parênteses referem-se aos valores da estatística “t”.

Considerando a variáveis qualitativas (Z2 e Z5) do modelo (eq. 6), foram descritas quatro situações diferentes para a demanda, levando-se em conta a ocorrência ou não dessas variáveis. Cada uma das situações obtidas, bem como suas respectivas equações são mostradas a seguir:

Categoria 1 – Se a viagem não foi organizada por uma agência de viagens e se o motivo da viagem foi outro que não recreio/lazer

lnY= 1,694 – 0,162X1+ 0,0003X2 +0,010 X4 +0,0004 X5 – 0,0016 X6 (05) ou

Y = 6,2827 . 0,0016X6

Categoria 2 - Se a viagem foi organizada por uma agência de viagens e se o motivo da viagem foi recreio/lazer

lnY = 1,380 – 0,162X1+ 0,0003X2 +0,010 X4 +0,0004X5 – 0,0016 X6 (06) ou

Categoria 3- Se a viagem foi organizada por uma agência de viagens e se o motivo da viagem foi outro que não recreio/lazer

lnY = 0,995– 0,162X1+ 0,0003X2 +0,010 X4 +0,0004X5 – 0,0016 X6 (07) ou

Y = 3,1427. 0,0016X6

Categoria 4 - Se a viagem não foi organizada por uma agência de viagens e se o motivo da viagem foi recreio/lazer

lnY = 2,079 – 0,162X1+ 0,0003X2 +0,010 X4 +0,0004 X5 – 0,0016 X6 (08) ou

Y =2,2222. 0,0016X6

Segundo CASIMIRO FILHO & SHIROTA (1997) para estimar o excedente do consumidor a literatura recomenda que todas as variáveis, com exceção dos custos de viagem, sejam substituídas pelos seus valores médios na equação de demanda por turismo. Dessa forma, no presente trabalho, as variáveis X1, X2, X4 e X5 foram substituídas pelos

seus respectivos valores médios nas equações de demanda apresentadas nas eq. 5, 6, 7 e 8. Integrando cada uma das funções de demanda por turismo nas praias do litoral de Ilhéus-BA do ponto representado pelo custo de viagem médio até o ponto cujo custo de viagem assumiu valor máximo (isto é, o mais alto custo de viagem observado na amostra) têm-se o valor do turismo nas praias do litoral de Ilhéus-BA (Tabela 2).

No entanto, cada uma das categorias identificadas apresenta freqüência de turistas diferenciada. Dessa forma, ao invés de trabalhar com o valor do turismo simples, optou-se por trabalhar com o valor do turismo ponderado para cada uma das categorias especificadas. A referida ponderação foi feita pelo número de turistas pertencentes a cada uma das categorias. Isto é, o valor do turismo estimado foi ponderado (multiplicado) pelas suas respectivas freqüências. Estes resultados são mostrados na Tabela 2.

Tabela 2. Custo de viagem médio e máximo, estimativa do valor do turismo, número de turistas e valor do turismo ponderado nas praias do litoral de Ilhéus em cada uma das categorias

Categoria Custo de viagem médio (em

R$)

Custo de viagem máximo (em

R$)

Valor do turismo (em

R$)

Número de turistas

Valor do turismo ponderado (em

R$)

1 70,70 160,00 674,60 52 35.079,20

2 70,48 167,86 543,05 13 7.059,65

3 73,83 366,00 1.327,20 4 5.308,80

4 71,19 300,00 2.854,21 169 482.361,83

TOTAL 238 529.806,48

turista, por dia. Como a extensão do litoral de Ilhéus é de 93 km, pode-se estimar que o valor do turismo considerando um quilômetro de praia é de R$ 3,98 por turista por dia.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir ainda que as praias do litoral de Ilhéus são importante fonte de geração de benefícios ambientais para a sociedade brasileira e que por isso devem ser conservadas. Dessa forma, por se tratar de um recurso ambiental, e que possui características de bens públicos, devem ser fornecidas (conservadas) pelo poder público.

Além disso, sabendo-se que os benefícios do meio ambiente ou o valor total deste é composto pelo valor de uso, valor de opção e valor de existência, conclui-se que há necessidade de se desenvolver outras pesquisas para estimar o valor total das praias do litoral cearense. Diante disso, sugere-se que sejam realizadas outros trabalhos utilizando não só a metodologia empregada nesse trabalho, como também outras em que seja possível captar os diversos valores atribuídos ao meio ambiente.

Como esse trabalho foi executado com dados coletados no período de alta estação, a equação de demanda estimada não pode ser utilizada para projetar a demanda anual, visto que esta será superestimada. Assim, sugere-se também que os trabalhos acima mencionados sejam desenvolvidos considerando os diversos meses do ano, para que se tenha conhecimento da demanda em cada período, bem como do valor total das praias do litoral do município de Ilhéus-BA.

REFERÊNCIAS

BARROCO, H. E.; SANTOS, L. E. DOS. Perfil do turismo receptivo fevereiro 2000: Canavieiras. Universidade Estadual de Santa Cruz. Ilhéus: Editus, 2002. 71p.

CASIMIRO FILHO, F. Valoração monetária de benefícios ambientais: o caso do turismo no litoral cearense. Piracicaba, 1998, 81 p. Dissertação (M.S) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo.

D’AMORE, L. J. Tourism: the word’s peace industry. Recreation, v. 48, n. 1, p. 24-33,

1990.

EMBRATUR. Política Nacional de turismo, Diretrizes e Programas – 1996-1999.

Brasília, 1999.

FAROL ILHÉUS. http://www.farolilheus.com.br/saúde.html (acessado em 18/12/2002)

LOPES, J. C. O turismo e o desenvolvimento regional do norte e nordeste. Informação FIPE, n. 120, p. 15 – 17, jul. 1990.

LUCHIARI, M T. D. P. Turismo e Meio Ambiente na Mitificação dos Lugares. In:

Turismo em Análise. São Paulo. 11(1): 35-43. maio 2000.

LUCHIARI, M T. D. P. Turismo e Meio Ambiente na Mitificação dos Lugares. In:

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