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Análise de níveis de preservação digital para repositórios institucionais

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Academic year: 2022

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Análise de níveis de preservação digital para repositórios institucionais

Andréa Gonçalves do Nascimento, Claudete Fernandes de Queiroz e Luciana Danielli de Araújo

Resumo da Proposta

Este trabalho tem como objetivo principal apresentar uma reflexão sobre a integridade dos acervos

culturais e científicos em repositórios institucionais diante dos tipos de níveis de preservação digital, a partir da leitura e experiências na literatura e documentação como modelos. A partir desta questão central, propor uma discussão sobre a decisão para promoção das políticas de preservação digital. Neste trabalho, foram analisados quatro modelos encontrados na literatura e em documentação técnica de instituições estrangeiras que apresentam ferramentas, técnicas e modelos para a avaliação de níveis de preservação digital de acervos. Esse estudo se fundamenta na lacuna da produção acadêmica nacional sobre a temática, vinculada principalmente ao planejamento, organização e criação de um plano de preservação digital para o Repositório Institucional Arca, da Fundação Oswaldo Cruz, tendo em vista sua missão de guarda,

memória, disseminação, preservação, acesso e uso da informação através das tecnologias abertas.

Tipo de Proposta

• Comunicação

Tema da Conferência

Indique os temas abordados na sua proposta (remova os que não se aplicam):

o Repositórios digitais – institucionais, temáticos, de dados de investigação ou de património cultural

o Preservação Digital Palavras-chave

Níveis de preservação digital; Políticas de preservação digital; Repositórios institucionais.

Audiência

Gestores de repositórios, bibliotecários, curadores de coleções digitais, administradores de sistemas e gestores de tecnologias de informação envolvidos com a preservação digital.

Proposta

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2 Introdução

O papel das tecnologias como suporte para a preservação de acervos culturais e científicos organizados nos sistemas de informação hoje é sumamente importante, no que tange as áreas de informação, memória, tecnologia, comunicação e da saúde, o que provoca uma aproximação multidisciplinar dos ambientes de pesquisa e prática para ofertar o maior alcance da guarda e do acesso à informação aos seus usuários.

Apesar da ampliação do uso dos documentos digitais, tais acervos carecem de uma estratégia integral de circulação da informação científica, já que existe uma ausência de conhecimento profissional e acadêmico sobre a preservação digital. Isso se reflete como uma barreira no planejamento e preparo das instituições brasileiras de estarem munidas para a construção de políticas e planos de preservação para repositórios digitais e institucionais.

A preservação digital requer um conjunto de processos e atividades para garantir o acesso a longo prazo aos recursos digitais, mas cada sistema ou coleção em particular exigirá a adoção de diferentes estratégias.

Da mesma forma, diferentes coleções se encontram em estágios variados de desenvolvimento e maturidade em relação aos seus processos de preservação digital.

Não existe um consenso sobre o número apropriado de níveis de preservação para acervos digitais. Na literatura e na prática, encontramos exemplos de modelos que adotam dois (UNIVERSITY OF MINNESOTA LIBRARIES, 2014), três (QASIM, 2013; SUSTAINABLE HERITAGE NETWORK, 2018; UNIVERSITY OF BRITISH COLUMBIA LIBRARY, 2017) ou quatro (NDSA, 2018) níveis de preservação, utilizando ainda diferentes categorias de avaliação sob cada nível.

Neste trabalho, analisamos 4 modelos de níveis de preservação digital, propostos pelas seguintes organizações: National Digital Stewardship Alliance (NDSA), Universidade de Alberta (UA), Biblioteca da Universidade de British Columbia (UBC) e Sustainable Heritage Network (SHN).

A partir da análise dos modelos, espera-se relacionar sua aplicabilidade aos requisitos de confiabilidade e preservação em repositórios digitais, a fim de propor um modelo de níveis de preservação a ser adotado por repositórios institucionais, em particular para o acervo do Repositório Institucional Arca, da Fiocruz.

Análise dos modelos de níveis de preservação digital

Todos os modelos analisados apresentam como característica comum uma estrutura matricial, formada por um conjunto de categorias de análise – em alguns casos coincidentes, e em outros exclusivas – às quais se atribui diferentes níveis de preservação digital, sendo que cada nível inclui uma variedade de estratégias e ações de preservação de crescente complexidade.

Os quatro modelos analisados a seguir estão disponíveis publicamente na internet National Digital Stewardship Alliance (NDSA)

O modelo de níveis de preservação digital da NDSA (2018) foi desenvolvido em 2012 por uma equipe de bibliotecários, arquivistas, curadores, engenheiros e técnicos com a participação da comunidade acadêmica e profissional, e atualizado para a versão 2.0 em 2018 pelo Grupo de Trabalho em Níveis de Preservação . A versão mais atual é composta de 4 níveis com crescentes prescrições de complexidade, aplicadas a cinco categorias, chamadas de áreas funcionais: Armazenamento, Integridade, Controle, Metadados e Conteúdo.

Esse arranjo permite certa flexibilidade, já que os usuários podem atingir níveis diferentes em diferentes áreas funcionais, de acordo com suas necessidades e recursos (NDSA, 2019).

Modelo TAP

O modelo TAP (QASIM; FARNEL; HUCK, 2013), desenvolvido por uma equipe de bibliotecários da Universidade de Alberta, no Canadá, está baseada na análise de três categorias ou fatores: Tipo de recurso

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(T), responsabilidade do Arquivo (A) e Preservabilidade do formato (P). Cada categoria recebe uma pontuação, cuja soma indica quel dos três níveis de preservação deve ser adotado: Ouro, Prata ou Bronze.

Quanto maior o nível, um maior número de ações de preservação é aplicado ao recurso. Esse modelo permite que as instituições avaliem e classifiquem os recursos digitais em termos de necessidades de preservação e depois agrupem estratégias de preservação de acordo com sua importância. O modelo também diferencia recursos digitais que exijam ações rigorosas de preservação daqueles que exigem apenas operações mínimas de preservação ou que devem ser preservados por um curto período.

University of British Columbia Library

A biblioteca da Universidade de British Columbia desenvolveu um modelo próprio (UNIVERSITY OF BRITISH COLUMBIA LIBRARY, 2017) baseado em uma combinação de uma versão preliminar do modelo NDSA e do modelo TAP, da Universidade de Alberta. O modelo compreende somente 3 níveis: Básico (bit-level), Intermediário (bit-level plus) e Completo, e assim como nos modelos anteriores, cada nível se aplica a diversas categorias: Tipo de conteúdo, Armazenamento e localização geográfica, Fixidez e integridade, Segurança da informação, Metadados e Formatos de arquivo.

Sustainable Heritage Network

O modelo proposto pela SHN (SUSTAINABLE HERITAGE NETWORK, 2018) sugere 3 níveis de preparação para preservação digital: Mínimo, Intermediário e Avançado, com recomendações para implementar ações de preservação digital de forma incremental em relação ao tempo, recursos e suporte. Dentro de cada nível de preparação, são analisadas as categorias de Armazenamento de arquivos, Integridade de arquivos e Acesso a arquivos. Assim como em outros modelos, considera-se que cada categoria pode ser avaliada em um nível diferente de preparação e diferentes partes das coleções digitais também podem estar em diferentes níveis.

Uma visão geral dos níveis e categorias propostas por cada modelo, bem como o escopo do modelo em relação ao avanço dos níveis e aplicação, é apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 – Níveis, categoria e escopo dos modelos de níveis de preservação digital

Modelo Níveis Categorias Escopo

National Digital Stewardship Alliance (NDSA)

1. Nível 1: Proteja seus dados 2. Nível 2: Conheça

seus dados 3. Nível 3: Monitore

seus dados 4. Nível 4: Repare

seus dados

• Armazenamento

• Integridade

• Controle

• Metadados

• Conteúdo

Níveis avançam de ações de curto prazo para ações de longo prazo.

Pode ser aplicado a coleções específicas ou ao sistema.

Se aplica a qualquer conteúdo ou sistema.

Modelo TAP 1. Nível Bronze 2. Nível Prata 3. Nível Ouro

• Tipo de recurso (T)

• Responsabilidade do Arquivo (A)

• Preservabilidade do formato (P)

Pode se aplicar a instituição como um todo, ou coleções de bibliotecas, mas não parece muito adequado para repositórios.

Biblioteca da

Universidade de British Columbia

1. Nível 1:

Preservação básica (bit-level)

2. Nível 2:

Preservação intermediária (bit- level plus) 3. Nível 3:

Preservação

• Tipo de conteúdo

• Armazenamento e localização geográfica

• Fixidez e integridade

• Segurança da informação

• Metadados

Níveis avançam conforme necessidade de preservação de curto, médio e longo prazo.

Pode ser aplicado a coleções específicas ou ao sistema.

Se aplica a qualquer

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completa • Formatos de

arquivo conteúdo ou sistema.

Sustainable Heritage

Network 1. Mínimo

2. Intermediário 3. Avançado

• Armazenamento de arquivos

• Integridade de arquivos

• Acesso a arquivos

Níveis avançam em complexidade e número das ações de preservação

recomendadas.

Pode ser aplicada a instituições ou coleções.

Fonte: Autoria própria, 2020.

Requisitos para repositórios institucionais

A fim de atender aos requisitos para o desenvolvimento de um plano de preservação digital que permita garantir a integridade e o acesso a longo prazo dos acervos culturais e científicos da Fiocruz, foram conduzidos diversos estudos sobre o repositório Arca. Em trabalhos anteriores, foram analisados os requisitos de confiabilidade do repositório institucional, com base nas recomendações internacionais para repositórios digitais confiáveis (LANZELLOTE; RIBEIRO, 2019; LANZELLOTE et al., 2019) e o processo de construção do Plano de Preservação Digital para o Arca (NASCIMENTO; QUEIROZ; ARAÚJO, 2019). Os resultados destes estudos permitiram identificar lacunas e formular recomendações tanto para a melhoria do fluxo de trabalho do repositório, como para estabelecer ações necessárias para a preservação digital do acervo.

Entre as recomendações de confiabilidade apresentadas ao repositório Arca, destaca-se a instituição de estratégias sólidas, atuais e documentadas de preservação, implementada e continuada. O Plano de Preservação Digital do Arca constitui um importante avanço em relação a esse objetivo, uma vez que contempla a execução de diversas ações pontuais presentes nas recomendações. No entanto, entendendo que a preservação digital se trata um processo contínuo e incremental, é necessário contar com ferramentas de acompanhamento e avaliação dessa evolução, que forneçam suporte para situar e nortear os passos desse processo. A adoção de um modelo de níveis de preservação digital adequado ao contexto de operação dos repositórios institucionais mostra-se como uma solução necessária para o apoio à promoção e implementação das políticas de preservação digital.

Conclusão

A partir da análise dos diversos modelos de níveis de preservação digital realizada neste trabalho, foi possível identificar as principais categorias ou áreas de atenção nos processos de preservação de coleções digitais, bem como possíveis abordagens de níveis de atendimento a tais processos.

Futuramente, espera-se relacionar esses resultados às recomendações de confiabilidade e ações de preservação digital para repositórios institucionais, visando propor um modelo de níveis de preservação digital para os repositórios institucionais no contexto brasileiro, em particular para o repositório Arca.

Referências

LANZELLOTE, Michelle Frazão; RIBEIRO, Claudio José Silva. Critérios para avaliação da confiabilidade de Repositórios Digitais. Ciência da Informação, v. 48, n. 3, 2019. Disponível em:

http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/4977. Acesso em: 20 mar. 2020.

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LANZELLOTE, Michelle et. al. Avaliação de confiabilidade do Repositório Institucional Arca. In: Conferência Internacional BIREDIAL-ISTEC, São Paulo, 2019. Disponível em:

https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34552. Acesso em: 10 fev. 2020.

LIBRARY OF CONGRESS. Help Define Levels for Digital Preservation: Request for Public Comments. 7 set.

2012. Disponível em: https://blogs.loc.gov/thesignal/2012/09/help-define-levels-for-digital-preservation- request-for-public-comments. Acesso em: 05 fev. 2020.

NASCIMENTO, Andréa Gonçalves do; QUEIROZ, Claudete Fernandes de; ARAÚJO, Luciana Danielli de.

Garantindo acervos para o futuro: Plano de preservação digital para o Repositório Institucional Arca.

Ciência da Informação, v. 48, n. 3, 2019. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/4924.

Acesso em: 20 mar. 2020.

NDSA. The National Digital Stewardship Alliance. Levels of Digital Preservation. 2018. Disponível em:

https://ndsa.org/publications/levels-of-digital-preservation/. Acesso em: 05 fev. 2020.

NDSA. The National Digital Stewardship Alliance. Using the Levels of Digital Preservation: an overview for V2.0. Out, 2019. Disponível em: https://osf.io/nt8u9/. Acesso em: 20 mar. 2020.

QASIM, Umar; FARNEL, Sharon; HUCK, John. TAP: A Tiered Preservation Model for Digital Resources. In:

10th International Conference on Preservation of Digital Objects. 2013. p. 288. Disponível em:

http://purl.pt/24107/1/iPres2013_PDF/TAP%20A%20Tiered%20Preservation%20Model%20for%20Digital%

20Resources.pdf. Acesso em: 05 fev. 2020.

SUSTAINABLE HERITAGE NETWORK. Levels of Digital Preservation Preparedness. 30 mar. 2018. Disponível em: https://sustainableheritagenetwork.org/digital-heritage/levels-digital-preservation-preparedness.

Acesso em: 26 mar. 2020.

UNIVERSITY OF MINNESOTA LIBRARIES. Policies and Guidelines. 2014. Disponível em:

https://conservancy.umn.edu/pages/policies/. Acesso em: 26 mar. 2020.

UNIVERSITY OF BRITISH COLUMBIA LIBRARY. Levels of Digital Preservation. 25 mai. 2017. Disponível em:

https://wiki.ubc.ca/images/2/22/Draft_UBCLibraryDigitalPreservationLevelsofPreservation.pdf. Acesso em:

05 fev. 2020.

Referências

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