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Memória e identidade: aspectos relevantes para o desenvolvimento do turismo cultural

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Academic year: 2021

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Escola de Ciências Sociais e Humanas

Departamento de Economia Política

Memória E Identidade: Aspectos Relevantes Para O Desenvolvimento

Do Turismo Cultural

Mafalda Sofia Ferreira de Brito

Projecto submetido como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento, Diversidades Locais e Desafios Mundiais

Orientador:

Doutor Rogério Roque Amaro, Professor Associado, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa

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Resumo:

A Região da Serra da Estrela apresenta varias potencialidades e problemas, neste trabalho irei abordar as questões do desenvolvimento local e da melhor forma de desenvolver e potencializar uma localidade através da cultura, lazer e transportes.

Palavras-chave:

1)Desenvolvimento Local. 3) Memória e Identidade.

2) Turismo e sazonalidade 4) Revitalização e dinamização de espaços.

Abstract :

The Region of Serra da Estrela and presents several potential and problems, this paper will address the issues of local development and the best way to develop and enhance a locality through culture, leisure and transport.

Keywords:

1) Local Development. 3) Memory and Identity.

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III

Índice

Introdução………1

Capítulo I – Base Teórica e Metodológica . ………5

Capítulo II – Enquadramento Local ………..19

1.1 Dados Demográficos………...22

1.2. História e Monumentos………..23

1.3. Aspectos Económicos, artesanais, gastronómicos, associativismo e culturais……….28

Capitulo III – Despovoamento do interior ... 30

Capítulo IV – Análise de Espaços Públicos ... 35

Capitulo V- Análise SWOT ... 42

Pontos Fortes……….43

Pontos Fracos………45

Oportunidades………46

Ameaças………48

Capítulo VI - Soluções ... 50

Reconstrução e Reactivação Patrimonial………..51

Revitalização dos transportes………53

Bilhete em Rede………55

Criação da Confeitaria da Carqueja………..57

Capítulo VII– Resultados Esperados ... 59

Bibliografia ... 63

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IV

Índice Gráfico

Ilustração 1 - Diagrama da Análise Swot ... 15

Ilustração 2 – Mapa da Região Centro retirada do relatório do INE , “Retracto das Regiões”, 1998 ... 20

Ilustração 3 – Mapa do concelho de Gouveia ... 21

Ilustração 4 – Gráfico da Taxa Etária da População no Concelho ... 22

Ilustração 5 – Casa da Torre ... 24

Ilustração 6 – Praia Fluvial do Vale do Rossim ... 27

Ilustração 7 – Quadro da Evoução populacional no Concelho de Gouveia ... 32

Ilustração 8 - Tipologias do espaço público | Pedro Brandão – A Identidade dos lugares e a sua representação ... 37

Ilustração 9 – Vista sobre uma parte da Praça de S. Pedro ... 40

Ilustração 10 – Cabeça do Velho ... 43

Ilustração 11 – Tabela com o número de Alojamentos clássicos arrendados, ocupados como residência habitual, segundo o escalão de renda ... 47

Ilustração 12 – Queijo da Serra da Estrela ... 48

Ilustração 13 – Tabela do nùmero de População activa e desempregada ... 49

Ilustração 14 – Ruínas da Fábrica Rainha ... 51

Ilustração 15– Ribeira Ajax ... 52

Ilustração 16 – Jardim perto da Fábrica ... 53

Ilustração 17 – Esquema da Sugestão de uma Nova Rede de Transportes ... 55

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V

Ilustração 19 – Actividades e Mapa do Parque da Senhora do Verde... 57 Ilustração 20 – Traje tradicional de um pastor local ... 57

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A quitação da memória é de suma importância uma vez que esta permite construir uma identidade mais consistente de um povo. Sendo necessário que não se deixe de recordar, ir á procura das nossas raízes, origens e história.

A definição de memória, do latim memorïs, filosoficamente é a capacidade de reter um dado da experiência ou conhecimento adquirido e traze-lo á mente sendo esta necessária para a constituição da experiência e do conhecimento científico. Toda a produção do conhecimento dá-se a partir de memórias de um passado que é consolidado no presente. Segundo Hilton Japiassú, no Dicionário de filosofia afirma que “A memória pode ser entendida como a

capacidade de relacionar um evento actual com um evento passado do mesmo tipo, portanto como uma capacidade de evocar o passado através do presente” (JAPIASSÚ, 1996, 178).

Alguns grupos querem esquecer as memórias do passado enquanto outros querem perpetuá-las e preservá-perpetuá-las, para serem transmitidas às gerações futuras. Segundo Michael Pollak

“A memória é um elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto individual como colectiva, na medida em que ela é também um factor extremamente importante do sentimento de continuidade de coerência de uma pessoa de um grupo em sua reconstrução de si” (POLLAK, 1992, 204).

As memórias históricas constituem um factor de identificação da população que é a marca ou sinal da sua cultura, distingui-nos e aproxima-nos uns dos outros. Identificamos a história bem como os seus acontecimentos mais marcantes, onde a identidade cultural é que define o que somos e o que nos distingue dos outros. Segundo Wehling, a memória tem determinados fins.

“A memória do grupo sendo a marca ou sinal de sua cultura, possui algumas evidências bastante concretas. A primeira e mais penetrante dessas finalidades são a da própria identidade. A memória do grupo baseia-se essencialmente na afirmação de sua identidade” (WEHLING, 2003, 13).

A identidade cultural e a memória são mútuas, ou seja, a identidade constrói-se através das memórias pessoais e dos testemunhos vivos, através do qual conhecemos as tradições, ritos, crenças e as experiências comuns de determinado povo. Segundo Stuart Hall “na linguagem

do senso comum, a identificação é construída a partir do reconhecimento de alguma origem comum, ou de características que são partilhadas com outros grupos ou pessoas, ou ainda a partir de um mesmo ideal”. (HALL, 2000. 106). Essa construção da identidade molda-se

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quando um determinado povo se apropria dos seus valores, desde culturais e políticos, perpetuando-os na sua história onde posteriormente são passados às gerações futuras. Stuart Hall afirma que

“As identidades parecem invocar uma origem que residiria em um passado histórico com o qual elas continuariam a manter uma certa correspondência. Elas têm a ver, entretanto, com a questão da utilização dos recursos da história, da linguagem e da cultura para a produção não daquilo que nós somos, mas daquilo no qual nos tornamos” (HALL, 2000, 109).

Através da memória e da construção da identidade de um povo, surge o turismo com o intuito de preservar a cultura e fazer dela um produto turístico sustentável, onde normalmente quem procura este tipo de turismo tem como principal objectivo conhecer o Património material e imaterial de determinada localidade. A relação existente entre turismo e cultura á notável uma vez que o primeiro se apropria das tradições, da arte e dos artefactos culturais e rentabiliza-os, tornando-os assim sustentáveis. Mas não é só o turismo que se apropria da cultura o inverso também acontece, sendo que a cultura apropria-se do turismo para formatar expressões culturais que permite o desenvolvimento do turismo baseado na identidade cultural de um povo. Surgindo assim um ramo do turismo específico voltado para a cultura:

“Turismo cultural é o acesso a esse património cultural, ou seja, à história, à cultura e ao modo de viver de uma comunidade. Sendo assim, o turismo cultural não busca somente lazer, repouso e boa vida. Caracteriza-se, também, pela motivação do turista em conhecer regiões onde o seu alicerce está baseado na história de um determinado povo, nas suas tradições e nas suas manifestações culturais, históricas e religiosas”

(MOLETTA, 1998, 9-10).

O turismo cultural estimula os factores culturais dentro de uma localidade transformando-os em recursos que atraem visitantes e favorecem o desenvolvimento turístico sustentável local. Este tipo de turismo deve ser implantado com algum cuidado uma vez que deve procurar revalorizar o quotidiano da localidade e não inventar uma manifestação cultural para só ser mostrada ao visitante.

Este projecto tem como objectivo essa sua vertente, a implantação do turismo cultural como forma de reavivar a memória colectiva e demonstrar o quotidiano local com intuito de desenvolver quer economicamente quer sustentadamente a localidade estudada. Os objectivos secundários são reforçar e requalificar as infra-estruturas e sistemas de serviços públicos na

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região; Atrair á região investidores geradores de riqueza e emprego; Identificar as várias potencialidades da região; Reconstrução e Reactivação Patrimonial; Revitalização dos transportes inter-urbanos; Construção de um Bilhete em Rede dos vários museus da região e a Criação da Confeitaria da Carqueja.

Existem diferentes motivos para a realização deste projecto, o primeiro passa pelo facto de a região da Serra da Estrela ser uma das zonas mais fascinantes do nosso país, tanto devido á sua história, paisagens naturais, monumentos naturais moldados pelas actividades glaciares, fauna e flora e por ser a zona do país única a ter estâncias de neve. A Serra da Estrela é conhecida em maior parte pelo queijo e pela neve, mas este projecto não pretende desenvolver o Turismo á base da neve, mas sim com base no Turismo Cultural com o intuito de preservar a cultura e fazer dela um produto turístico sustentável, onde normalmente quem procura este tipo de turismo tem como principal objectivo conhecer o Património de determinada localidade. A relação existente entre turismo e cultura á notável uma vez que o primeiro se apropria das tradições, da arte e dos artefactos culturais e rentabiliza-os, tornando-os assim sustentáveis. Mas não é só o turismo que se apropria da cultura o inverso também acontece, sendo que a cultura apropria-se do turismo para formatar expressões culturais que permite o desenvolvimento do turismo baseado na identidade cultural de um povo. Sendo assim o que este projecto pretende trazer de novo é que a região não pode depender só de um turismo sazonal, mas sim criar mecanismos que permitam que o desenvolvimento seja sustentável ao longo de todo o ano. O segundo passa pelo facto de o projecto de desenvolvimento não pretender só desenvolver a nível económico, mas também a nível social e humano a região. Assim sendo permite melhorar a qualidade de vida da população local, bem como a vida em comunidade, através do turismo cultural que estimula os factores culturais dentro de uma localidade transformando-os em recursos que atraem visitantes e favorecem o desenvolvimento turístico sustentável local. O terceiro tem a ver com o país encontra-se em crise, e as câmaras municipais não são excepção, a região estudada encontra-se em graves problemas políticos como o forte desemprego e desertificação humana e a câmara municipal por se encontrar em fortes dificuldades financeiras não tem meios para fazer reverter esta situação por isso este projecto pretende ajudar a região através das suas eventuais potencialidades e converte-las em iniciativas que possibilitem a geração de riqueza e emprego que correspondem a um plano de desenvolvimento integrado que acima de tudo possibilite a conciliação de estratégias e metodologias de acção que alterem, para melhor, a qualidade de vida e o contexto das pessoas da região. O último motivo prende-se por um lado pela forte

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familiaridade com o local visto que habitei cerca de dezanove anos numa aldeia perto da cidade estudada e conheço bem as dificuldades e as delimitações da região. Por outro lado pretendo evoluir o meu pré-projecto apresentado no final da licenciatura em Antropologia e quem sabe ver o meu projecto ser implementado na região. O turismo cultural estimula os factores culturais dentro de uma localidade transformando-os em recursos que atraem visitantes e favorecem o desenvolvimento turístico sustentável local.

O trabalho científico aqui apresentado não vai ser uma dissertação, mas sim um projecto uma vez que neste trabalho vou procurar resolver alguns dos problemas que existem no estudo de caso. Este estudo pretende fazer um levantamento dos problemas da região estudada e através das metodologias e das teorias apresentadas criar soluções que possam no futuro vir a resolver os mesmos. Por esse motivo, as metodologias e as teorias encontram-se neste estudo num plano mais secundário, tendo este estudo como prioridade tentar resolver as problemáticas que o caso de estudo tem vindo a sofrer. Este estudo vai ao encontro das necessidades da região e vai tentar supera-las.

Este projecto esta dividido em oito capítulos, no primeiro é apresentado a base conceptual e metodológica que serve de base para resolucionar alguns dos problemas na região. O segundo serve para um enquadramento do local de estudo, onde é analisado o prefil demográfico da região, a sua história, gastronomia, associativismo, cultura e artesanais. Dando-se uma prespectiva geral da região para que se possa conhecer melhor o seu contexto. No terceiro é abordada uma das fortes problemáticas que todo o interior do país enfrenta o despovoamento dando enfase ao que se passa no caso de estudo em relação a esse tema. No quarto são analisados alguns dos espaços que são considerados de memória pois nos premitem recordar acontecimentos do passado que são importantes no presente para a construção da identidade local. No quinto capítulo é feita uma análise SWOT que nos vai premitir saber quais são as froças e oportunidades da região que podemos utilizar para resolver ou dinamizar as fraquzas e as ameaças da região. Posto isto no sexto capítulo passo a inumerar algumas das soluçoes que podiam ser implementadas na região para resolver as problemáticas apresentadas anteriormente. No sétimo deu alguns exemplos de edentidades públicas e privadas que poderiam auxiliar este tipo de projecto bem como o seu público-alvo. No último capítulo são apresentados alguns dos resultados que se espera obter com a implementação deste projecto na região.

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Capítulo I – Base Teórica e Metodológica

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1.1. Base teórica

Para a realização deste projecto teve-se em conta algumas teorias como a abordagem Presentista da Memória Social de Hobsbawm & Ranger ou mais conhecida pela invenção das tradições, no sentido de que independentemente de as tradições serem recentes ou muito antigas, os grupos sociais, os meios e os contextos sociais necessitaram sempre de novos dispositivos que assegurem ou expressem coesão social e identidade e estruturem as relações sociais de determinado grupo cultural. Segundo os autores por “tradição inventada”

entende-se um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácita ou abertamente aceitas; tais práticas, de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente, uma continuidade, em relação ao passado. Aliás, sempre que possível, tenta-se estabelecer uma continuidade com um passado histórico apropriado. (...) O termo tradição inventada é utilizado em um sentido amplo, mas nunca indefinido. Inclui tanto as tradições realmente inventadas, construídas e formalmente institucionalizadas, quanto as que surgiram de maneira mais difícil de localizar num período limitado e determinado de tempo – às vezes coisa de poucos anos apenas – e se estabelecem com enorme rapidez. (...) As “tradições inventadas” são reações a situações novas que ou assumem a forma de referências a situações anteriores, ou estabelecem seu próprio passado através da repetição quase que obrigatória. É o contraste entre as constantes mudanças e inovações do mundo moderno e a tentativa de estruturar de maneira imutável e invariável ao menos alguns aspectos da vida social que torna a “invenção de tradições” um assunto da história contemporânea. (RANGER & HOBSBAWN 1984, 316p. Pp. 9-23). Esta abordagem vai servir para mostrar de que maneira os governantes locais vão buscar ao passado acontecimentos que respondam às necessidades do presente para que haja coesão social na comunidade local em estudo.

A abordagem da Memória como Sistema Cultural Articulado de Atribuição de Significado de Stuart Hall, no sentido de que se a memória relaciona acontecimentos do passado com acontecimentos do presente então esta é parte integrante dos mecanismos de atribuição de significados próprios de uma cultura. Sengundo o autor “Por ideologia,

refiro-me às estruturas refiro-mentais – as linguagens, os conceitos, as categorias, imagens do pensamento e os sistemas de representação que diferentes classes e grupos sociais desenvolvem com o propósito de dar sentido, definir, simbolizar e imprimir inteligibilidade ao modo como a sociedade funciona” (HALL, 1996, p.26). . Esta abordagem vai servir para

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comprovar que a memória ao relacionar os acontecimentos do passado com os do presente mantêm a mesma matriz cultural.

O conceito de Memória Colectiva de Maurice Halbwachs, memória esta que não é só construída pelo indivíduo, mas também é partilhada, transmitida e construída pelo grupo ou sociedade, esta transmissão é feita através dos monumentos ou de espaços públicos relevantes para esta comunidade. Segundo o autor a “Memória coletiva é o processo social de

reconstrução do passado vivido e experimentado por um determinado grupo, comunidade ou sociedade. Este passado vivido é distinto da história, a qual se refere mais a fatos e eventos registrados, como dados e feitos, independentemente destes terem sido sentidos e experimentados por alguém.” (Maurice Halbwachs, 1950).

A relação entre Memória e Identidade social de Michael Pollak, uma vez que segundo o autor a memória é um elemento que constitui o sentimento de identidade, tanto individual como colectiva, sendo ela também um factor extremamente importante para o sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo na reconstrução de si mesmo.

A Abordagem Participativa é aquela em que os agentes de planeamento, os membros da população-alvo, os funcionários da comunidade, os cidadãos interessados e os agentes institucionais envolvidos (escolas e outras instituições) têm uma participação na intervenção e uma voz no planeamento do projecto. Todos participam para mudar a comunidade para melhor através das suas potencialidades locais. O mais importante é a palavra participativa que não significa pedir opinião a alguém do que se vai fazer mesmo o projecto independentemente de a opinião seguir em frente, mas sim fazer com que cada participante no projecto tenha um contributo importante no planeamento do processo de desenvolvimento.

Uma abordagem participativa para o ser tem de incluir a perspectiva de todos os envolventes no projecto. Isto não significa que as pessoas não possam discordar da opinião e dos pressupostos dos outros, ou discutir qual a melhor estratégia a seguir. Significa sim que o pensamento de todos os envolvidos no planeamento devem ser respeitados e não se pode pressupor os profissionais são aqueles que á partida sabem o que é melhor para a comunidade local. Todos os envolventes participam no processo de planeamento e tem um papel importante nas tomadas de decisões. Este é um ponto extremamente importante, uma vez que muitos grupos minoritários e populações de alguns países em subdesenvolvimento sentem que não têm voz na sociedade em que vivem que não são ouvidos mesmo sendo convidados para mostrarem a sua opinião nas reuniões de planeamento. Por vezes a equipa de planeamento ou

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do Concelho de Administração sentem-se donos da razão e da verdade profunda e não se interessam pela opinião dos outros intervenientes.

Um processo verdadeiramente participativo tem de incluir e ouvir todos os intervenientes como também todos devem discutir em conjunto as ideias e objectivos do processo de planeamento. Para isto acontecer, aqueles que possuem menor escolaridade e “status” tem de ter uma ajuda extra para aprenderem o processo de planeamento como para acreditarem que a sua opinião e ideias são importantes para o processo de planeamento.

A participação da comunidade no processo de planeamento é importante para assegurar a viabilidade do projecto, a aceitação pelos usuários e a aceitação social, o uso efectivo das instalações, as soluções e os preços razoáveis, as melhores práticas de saneamento e higiene, melhor saúde, as acções de desenvolvimento sustentável, os serviços gratuitos irrealistas, a selecção e adaptação de alternativas técnicas para as mais adequadas condições de conhecimento local, o reforçamento das capacidades dos actores locais, o envolvimento das comunidades na gestão e manutenção de serviços de distribuição de água e saneamento, o desenvolvimento de organizações de agricultores e instituições locais, o Património e os Serviços locais e a certificação de melhores cuidados com menos custos. A participação baseia-se em respeitar uma série de princípios fundamentais, tais como aqueles identificados por Egger e Majeres (1998):

 Inclusão - De todas as pessoas, ou representantes de todos os grupos que serão afectados pelos resultados de uma decisão ou um processo, como um projecto de desenvolvimento.

 Parceria igual - Reconhecendo que cada pessoa tem capacidade, habilidade e iniciativa e tem direito igual de participar no processo independentemente do seu estatuto.

 Transparência - Todos os participantes devem ajudar a criar um clima propício para abrir comunicação e diálogo entre os vários participantes no projecto de

desenvolvimento.

Poder de partilha - Autoridade e poder deve ser equilibrado igualmente entre todas as partes interessadas a fim de evitar a dominação de um partido.

 Partilha de responsabilidades - Do mesmo modo, todas as partes interessadas têm responsabilidade igual para decisões que são feitas, e cada um deve ter

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 Empowerment - Os participantes com habilidades especiais devem ser incentivados a tomarem responsabilidades por tarefas dentro da sua especialidade, mas também devem encorajar outros a também estarem envolvidos na promoção e na

aprendizagem mútua e empowerment.

 Cooperação - A cooperação é muito importante, força todos a partilha reduz fraquezas de todos.

Estes princípios para a participação efectiva podem ser aplicados a todos os aspectos no processo ou projecto de desenvolvimento. Existem seis tipos de participação diferentes que são:

 Participação passiva - As pessoas participam mas é-lhes dito o que vai acontecer ou o que já aconteceu no projecto. O projecto é gerido sem ouvir as respostas das pessoas.

 Participação dando informação - As informações que são compartilhadas pertencem somente aos profissionais externos. As pessoas participam respondendo às perguntas feitas pelos pesquisadores através de questionários ou de técnicas semelhantes. As pessoas não têm a oportunidade de influenciar o processo, uma vez que os resultados da pesquisa não são compartilhados nem verificados com exactidão.

 Participação por consulta - as pessoas participam sendo consultadas e ouvidas pelos agentes externos. Estes agentes externos definem os problemas e as soluções, e puderam modificar estas à luz das respostas das pessoas. Tal processo de consulta não concede qualquer participação na tomada de decisões, e os profissionais não têm obrigação de assumir a opinião das pessoas em conselho.

 Participação de benefícios materiais – As pessoas participam fornecendo recursos como o trabalho, em troca de incentivos materiais, dinheiro, alimentos e outros. As pesquisas agrícolas assentam nesta categoria uma vez que os agricultores fornecem o campo de estudo, mas não estão envolvidos na experimentação ou no processo de aprendizagem.

 Participação funcional - As pessoas participam formando grupos para atenderem aos objectivos predeterminados e relacionados ao projecto, que pode envolver o

desenvolvimento ou a promoção da organização social iniciado externamente. Tal envolvimento não tende a ser em estágios iniciais de ciclos de projecto ou

planeamento, mas sim após as principais decisões já foram feitas. Essas instituições tendem a ser dependentes de iniciadores externos e facilitadores, mas podem-se tornar auto-dependentes.

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 Participação interactiva - As pessoas participam na análise conjunta, o que leva a planos de acção e de formação de novas instituições locais ou o fortalecimento das já existentes. Esta participação tende a envolver metodologias interdisciplinares que procuram objectivos múltiplos e a fazer uso sistemático e estruturado de processos de aprendizagem. Estes grupos tendem assumir o controlo / propriedade sobre as decisões locais, e assim as pessoas têm interesse na manutenção de estruturas ou práticas.

 Auto-mobilização - As pessoas participam tomando iniciativas independentes das instituições externas para mudar os sistemas. Mobilização auto-iniciada como a acção colectiva pode ou não desafiar as distribuições desiguais existentes a nível da riqueza ou do poder.

Esta abordagem participativa é importante para se conhecer as condições locais, as perspectivas da população local, e as prioridades para delinear as intervenções que são mais ágeis e sustentáveis para o processo de desenvolvimento; para identificar e resolver os problemas que possam surgir no decorrer da fase de implementação do programa de desenvolvimento; para avaliar um projecto, programa ou política e finalmente para fornecerem conhecimentos e habilidades que possam habilitar as pessoas mais pobres.

O conceito de desenvolvimento surge relacionado á necessidade de se remexer em qualquer coisa, em darmos dinâmica e acção a determinada coisa (para que aconteça desenvolvimento). Segundo o autor Todaro o desenvolvimento pode definir-se "como um

processo multidimensional que envolve grandes mudanças nas estruturas sociais, as atitudes populares e instituições nacionais, bem como a aceleração do crescimento econômico, a redução das desigualdades e a erradicação da pobreza absoluta. Desenvolvimento, em sua essência, deve representar toda a gama de mudança pelo qual um sistema social inteiro, atento às diversas necessidades básicas e desejos dos indivíduos e grupos sociais dentro desse sistema, afasta-se de uma condição de vida amplamente percebido como insatisfatório e direção uma situação ou condição de vida considerado como materialmente e espiritualmente 'melhor'."(1985:85). Quando desenvolvemos estamos essencialmente a

mudar. A mudança é algo que deve estar relacionada com o desenvolvimento, e supostamente deve ser uma mudança sempre para algo melhor. Porém, isto é subjectivo, porque o que é melhor para nós pode não ser melhor para as outras pessoas, logo, o melhor aqui é visto como algo qualitativo que não se pode contar (e nem sempre se desenvolve para melhor).

O Desenvolvimento surgiu no século XVIII, em 1776 com a publicação das “Riquezas das Nações” de Adam Smith, a obra em que o autor estuda a formação da riqueza de uma nação

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tendo em conta o funcionamento dos mercados defendendo que a melhor maneira de se aumentar a riqueza de uma dada nação seria através da divisão do trabalho, ou seja, se cada pessoa na sociedade fizesse o de que melhor sabia e especializando-se nessa tarefa existiria um maior bem estar na nação levando a um desenvolvimento da mesma. Esta devisão do trabalho premitiria a redução dos custos de produção e a queda dos preços das mercadorias. De acordo com Hunt (2005, p. 54) ”No contexto da teoria da história, de Smith, o capitalismo

representava o estágio mais alto da civilização e atingiria seu ponto culminante quando tivesse evoluído para um estado em que o governo tivesse adotado uma política de laissez-faire, permitindo que as forças da concorrência e o livre jogo da oferta e da demanda regulassem a economia, que ficaria quase que completamente livre das restrições do governo ou de suas intervenções [...] A acumulação do capital terá sido, então, a principal fonte de progresso econômico e os lucros terão sido a fonte do novo capital.” O crescimento

econômico para Smith, era tido como uma das principais condições para o alcance do desenvolvimento.

Nos séculos seguintes o desenvolvimento teve sempre um carácter económico quer através do autor Schumpeter quer através das Teorias Keynesianas.

No período pós-gerra já no sécuo XX através do contexto da reconstrução da Europa surge o conceito de desenvolvimento como o conhecemos actualmente. Sachs (2004, p.30) afrima que a Europa encontrava-se com “uma (...)estrutura fundiária anacrônica, agricultura

camponesa atrasada, condições adversas de comércio para as commodities primárias, industrialização incipiente, desemprego e subemprego crônicos, e necessidade de um Estado desenvolvimentista ativo para enfrentar o desafio de estabelecer regimes democráticos capazes simultaneamente de conduzir a reconstrução do pós-guerra e de superar o atraso social e econômico.” Concluindo que “Em grande medida, o trabalho da primeira geração de economistas do desenvolvimento foi inspirado na cultura econômica dominante da época, que pregava a prioridade do pleno emprego, a importância do Estado de bem-estar, a necessidade de planejamento e a intervenção do Estado nos assuntos econômicos para corrigir a miopia e a insensibilidade social dos mercados.” Apesar de o conceito ainda ser de

carácter económico, nesta altura já se denota uma certa evolução do mesmo em relação aos anteriores autores.

Mais tarde o economista paquistanês Mahbub ul Haq (1934-1998) e o economista indiano Amartya Sen, com a tentativa de tornar o desenvolvimento em algo que fosse possível de medir, criaram no início da década de 90, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), tem por

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objetivo confrontar o Produto Interno Bruto Per Capita (PIB per capita), que até a essa altura era o índice mais utilizado para se caracterizar uma região, que retratava apenas a dimensão económica da mesma. Apesar de referir melhor a realidade das pessoas do que o PIB este novo índice de desenvolvimento ainda era limitado. Sendo assim em 1995 o secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Boutros-Ghali publicou o documento “An agenda for development”, no qual são expostas cinco dimensões para o desenvolvimento: a paz, o crescimento econômico, o ambiente, a justiça social e a democracia. Boisier (2001, p. 4) sintetizou-as na sua obra da seguinte forma:

“(1) Paz como pilar: A aproximação tradicional ao desenvolvimento pressupõe que este ocorre sob circunstâncias da paz”. O desenvolvimento não pode prosseguir facilmente em sociedades onde os interesses militares estão no centro da vida;

2) A economia como o motor do progresso: O crescimento econômico é o motor do desenvolvimento. Acelerar a taxa do crescimento econômico é uma condição para expandir a base de recursos econômicos, tecnológicos e de transformação social…não é suficiente, entretanto, perseguir o crescimento econômico por si só;

3) O ambiente como uma base para a sustentabilidade. O desenvolvimento e o ambiente não são conceitos separados, nem pode haver sucesso em um, sem que o mesmo ocorre com o outro; 4) Justiça como um pilar da sociedade: O desenvolvimento não ocorre em um vácuo, nem é construído em cima de uma fundação abstrata. O desenvolvimento ocorre dentro de um contexto social específico e em resposta às circunstâncias sociais específicas… O povo é o principal recurso de um país e seu bem estar define o desenvolvimento; 5) Democracia na governança: A ligação entre o desenvolvimento e a democracia é intuitiva, por isso seu reflexo é difícil de elucidar… No contexto do desenvolvimento, a boa governança tem diversos reflexos. Entre seus projetos deve estar a perseguição de uma estratégia nacional voltada para o desenvolvimento. Projetos que assegurem a capacidade, a confiabilidade e a integridade das instituições do núcleo do estado moderno.”(Traduzido pelo autor)

Com a expansão deste conceito os historiadores, sociologos, antropologos, psicologos e outros poderam também investigar o conceito de desenvolvimento. Tronado-se assim uma investigação mais complexa, multidiciplinar e intregal do que no século XVIII que era meramente direccionada para a dimensão economica do que para as dimensões politica, social e ambiental.

Assim sendo surgem diferentes derivações deste conceito, mas a que será tartada neste projecto é a do Desenvolvimento Regional Endógeno que consiste em basear a competitividade de um dado território nas suas potencialidades endógenas, ou seja, baseado

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nas suas potencialidades internas como as tradições, a história local e os produtos locais. Sengundo o autor Amaral Filho o Desenvolvimento Regional Endógeno pode ser defenido como “(...) um processo de crescimento econômico implicando em uma contínua ampliação

da capacidade de agregação de valor sobre a produção bem como da capacidade de absorção da região, cujo desdobramento é a retenção do excedente econômico gerado na economia local e/ou a atração de excedentes provenientes de outras regiões. Este processo tem como resultado a ampliação do emprego, do produto e da renda do local ou da região mais ou menos definido dentro de um modelo específico de desenvolvimento regional”.

(AMARAL FILHO, 1996, pp.2). Este tipo de desenvolvimento tem em conta os recursos de produção local (humanos e patrimoniais) e a inclusão da população local no processo de desenvolvimento como bases para o desenvolvimento da região. Segundo Mário Pezzini “o sucesso ou insucesso no que diz respeito ao desenvolvimento de cada região parece estar muito relacionado à capacidade de explorar recursos locais, sejam estes naturais, físicos, financeiros, sociais, e de capital humano, visando facilitar investimentos directos”.

Em 1881 surge o paradigma do desenvolvimento centrado na ideia de baixo para cima por Sthor e Taylor que consistia no desenvolvimento pleno das potencialidades e habilidades humanas da sociedade local. Dentro dessa perspectiva, Sthor e Taylor (1981), mencionados no trabalho de Lima Andrade (1997), levantam quatro hipóteses essenciais em que consiste o paradigma do desenvolvimento desde baixo:

“a) as disparidades regionais são conseqüências negativas de uma integração econômica de grande escala, executadas sem preparação suficiente;

b) o conceito de desenvolvimento não deve subordinar-se a pressões de curto prazo de um mecanismo de mercado, ou de influências externas, devendo obedecer às especificidades locais de natureza cultural e institucional;

c) o impulso da formulação e execução do desenvolvimento deve ser originado das respectivas comunidades, descartando a idéia de que as comunidades de pequena escala só podem atingir o desenvolvimento por intermédio de outras regiões de maior nível de desenvolvimento;

d) necessidade de uma maior autodeterminação nacional e regional.”

Sendo assim, este paradigma diz que as políticas macroeconomicas deveriam dar um maior valor aos elementos locais para que houvesse um maior progresso no desenvolvimento, atarvés do aproveitamento dos recursos humanos, ambientais e instituicionais de uma região. As estratégias de desenvolvimento regional adoptadas em Portugal são as decretadas pela OCDE que visam realçar as vantagens competitivas da região e explorar recursos locais,

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sejam estes naturais, físicos, financeiros, sociais e de capital humano. Segundo a OCDE existem quatro tipos de estratégias principais no desenvolvimento regional: Desenvolvimento Baseado em Recursos Naturais e Humanos Locais, Desenvolvimento Baseado na industrialização, Desenvolvimento Baseado na Extracção de Recursos Naturais e Desenvolvimento Baseado em Empreendimentos Públicos de Grande Porte. A primeira estratégia consiste em transformar os bens públicos ou semipúblicos de uma dada região como, por exemplo, o meio ambiente limpo, as paisagens atractivas e as heranças culturais (gastronómicas) em valores económicos que possam ser explorados. Estas regiões são exploradas pelos próprios habitantes locais constituindo grandes fontes de trabalho, emprego e rendas locais, que geram crescimento económico e aumento per capita regionais. A segunda consiste na propagação da indústria de transformação local tradicional, onde se identifica as principais potencialidades existentes na região (agro-alimentar, têxtil, mecanivo, etc.) e favorecer o seu desenvolvimento. A terceira consiste em a partir da extracção de alguns recursos hidroeléctricos e naturais fazer com que a renda per capita da região aumente. E a última estratégia consiste em nas regiões com baixa densidade populacional serem utilizadas para a implantação de presídios, fábricas de reciclagem de água, depósitos de dejectos, etc. Apesar dos impactos sociais e ambientais estes empreendimentos geram benefícios económicos. Uma das soluções é programar estes empreendurismos em regiões de baixa densidade populacional. Dentro de todas as estratégias as duas primeiras são as consideradas as melhores no sentido de “aumentar o nível de investimentos regional e a inclusão da população local, visando garantir desenvolvimento endógeno e sustentável” (PEZZINI, 2002). A primeira praticamente não apresenta qualquer obstáculo para os países desenvolvidos, uma vez que a maioria da população local tem elevado níveis de qualificação profissional e académica, não acontecendo o mesmo nos países em desenvolvimento. A segunda ainda que existam pequenas indústrias a cooperação entre elas não é frequente o que trona a sua existência um factor isolado, ocorrendo uma repercussão na economia e na geração de emprego e renda a nível local apesar de ser em pequena escala.

1.2. Metodologia

Os dados recolhidos para este projecto são á base da investigação documental onde foram utilizados dois tipos de dados: primários e secundários. Os primeiros englobam elementos de observação e entrevistas obtidas durante a estadia no terreno na busca de uma hipótese de trabalho e que vieram a representar os elementos mais valiosos para o

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desenvolvimento do projecto. Enquanto que nos segundos foram considerados os documentos escritos, onde se incluem os documentos institucionais de carácter público como os registos estatísticos, literatura local e acesso a monografias locais e a factos históricos nacionais. Neste tipo de dados também se inserem os documentos pessoais como os testemunhos orais. E ainda foram utilizados dentro deste tipo documentos audiovisuais nomeadamente fotografias.

Como já foi referido anteriormente foram feitas entrevistas á população local, teno sido efectuadas entrevistas qualitativa semi-estruturadas sendo utilizadas como processo de interacção social, onde o entrevistador tem como finalidade obter informações qualificáveis do entrevistado através de um guião que contem tópicos que são desenvolvidos segundo uma problemática central. Este tipo de entrevista permite ao entrevistado descrever as suas experiências, a partir de um foco central proposto pelo investigador onde o entrevistado responde de forma livre e espontânea, valorizando a actuação do entrevistador. As questões que serão colocadas na entrevista vão servir para sustentar a construção da teoria de investigação e das informações recolhidas sobre o fenómeno social por parte do investigador. A entrevista será utilizada para complementar e fazer o contra-ponto com os dados obtidos através da investigação documental.

Outra das técnicas que foram utilizadas no desenvolvimento deste processo foi a análise SWOT é uma ferramenta de análise estrutural que é utilizada para fazer uma análise de ambiente sendo usada para o planeamento de estratégias. Esta análise os pontos Fortes (Strenghts) e Fracos (Weaknesses) do caso de estudo e a sua relação com as Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats) do meio envolvente.

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Como podemos ver no diagrama esta análise divide-se em dois factores: internos e os externos. Dentro dos primeiros temos as forças, que não são mais que atributos que a localidade apresenta e que vão ajudar a atingirem-se os objectivos propostos e as fraquezas, que são os atributos que a localidade tem que vão afectar a concretização dos objectivos previstos. Dentro dos últimos temos as oportunidades que não passem de factores externos que vão ajudar a que se atinjam os objectivos propostos e as ameaças, que não são mais que factores externos que afectam a concretização dos objectivos do projecto.

Os métodos participativos são um conjunto diversificado e flexível de técnicas que tem como base a participação das populações locais e são utilizados para o diagnóstico, a implementação, monitorização e avaliação de projectos de desenvolvimento. Por outro lado, é um conjunto de orientações que facilitam a participação e a negociação nas discussões em grupo e oficinas onde se reúne as diferentes partes interessadas no processo de planeamento. Este tipo de métodos possibilita a participação activa na tomada de decisões por parte de aqueles que estão envolvidos no projecto ou programa, que possibilita gerar um sentimento de identificação com os resultados e com as recomendações no processo de acompanhamento e avaliação. São participativos, no sentido em que procuram a inclusão dos diferentes actores envolvidos em um projecto ou programa em todas as etapas especialmente na tomada de decisões que devem ser compartilhadas. Estes métodos geralmente incluem todas as acções preliminares que podem ser relevantes para a implementação do projecto, o mapeamento dos objectivos e metas, o empreendedorismo, o planeamento, os fluxos de informação, o controle de coordenação interna e externa e especialmente as decisões tomadas que permitiram direccionar e redireccionar o projecto. A participação efectiva tem de ser realizada tendo em conta três pressupostos:

1. O modo de como é feita a participação;

2. Os participantes que devem estar envolvidos e a razão pela qual devem ser envolvidos no projecto ou programa;

3. A estrutura institucional dentro da qual a população opera.

As técnicas utilizadas neste tipo de métodos são de base visual que envolvem a animação de grupo e exercícios para facilitar a compartilha de informações e avaliação colectiva. Estes métodos mais criativos procuram se basear no conhecimento e nas perspectivas locais usando categorias, critérios e símbolos que são relevantes para a população local. Muitos dos métodos são particularmente úteis para trabalhar com pessoas

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que não sabem ler ou escrever com confiança. Estes tipos de métodos podem usufruir de técnicas como os diagramas (diagrama de fluxo, Diagrama casual, Diagrama de Venn, Diagrama institucional, Diagramas de sistemas, gráficos de pizza, histogramas, etc.); as técnicas de classificação (classificação de preferência e pontuação, Pairwise Ranking, classificação de matriz directa, Ranking de Riqueza, etc.); as tendências do tempo de análise (gráficos de tendência do tempo, histórias orais, histórico e futuro mapeamento, etc.); técnicas de mapeamento (mapeamento social, caminhadas transversais, mapeamento da mobilidade); calendários (calendário sazonal, calendário sazonal histórico, etc.) e as Etno-Classificações (provérbios, contos, categorias indígenas e termos, taxonomias, etc.). Também podem ser de dinâmica de grupo que são destinados á construção efectiva de equipas interdisciplinares e intersectoriais que tem como intuito trabalhar em conjunto com a população local no sentido de negociar qual a melhor perspectiva a apresentar no projecto. Algumas técnicas utilizadas são as discussões de grupo, role-play e as oficinas participativas. E por fim outras complementares comuns a outras disciplinas na área das Ciências Sociais, nomeadamente da Antropologia como a análise de dados secundários, questionários estruturados, entrevistas semi-estruturadas que permitem reduzir a distância existente entre o investigador e o investigado, estudos de caso, observação participante, observação directa e trabalho de campo antropológico qualitativo. Estas técnicas servem para aumentar a autenticidade dos resultados da avaliação que são localmente relevantes, ampliar os critérios e indicadores dos efeitos e impactos do programa e adicionar profundidade á análise do programa através das descrições rigorosas da realidade que tem como finalidade captarem as perspectivas das pessoas e as experiências pessoais. Os métodos e técnicas participativas são relevantes para o desenvolvimento de programas de transporte semi-urbano e de desenvolvimento rural. Estes métodos de intervenção que envolvem as populações locais no processo (ou avaliação) de desenvolvimento implicam a que haja uma acção activa da população local em conjunto com os agentes de planeamento, que possibilite incluir no processo os pontos de vista dos indivíduos locais, diálogos interactivos, aprendizagem colectiva e acção colectiva. Estes tipos de métodos são relevantes em todas as fases de planeamento, desde de a formulação da política inicial á avaliação do programa, incluem todos os estágios de avaliação (avaliação ex ante e avaliação ex post). A aplicação destes métodos varia de definição para definição, mas, no entanto existem alguns princípios gerais quando se utilizam estes métodos num projecto de desenvolvimento. Alguns desses princípios são:

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 Os métodos tenderem a não seguir um modelo ou processo padrão. Por outro lado são usados de forma criativa e generalizados, muitas vezes combinados com outros métodos;

 Triangulação de dados de modo a verificarem as informações que são acentuadas ao longo do processo de planeamento, dada a natureza qualitativa dos dados;

 Formação de investigadores e necessária em todos os níveis. Bem como os conceitos e métodos, as necessidades de formação para abordar questões de comportamento e as atitudes uma vez que estes são cruciais para qualquer processo participativo;

 A função dos avaliadores ou investigadores ser sempre a de facilitar o processo de desenvolvimento e a de não recolherem só dados. Estes têm de ter certo comportamento e atitudes adequados ao seu papel no processo de planeamento, como por exemplo, devem estar cientes da sua responsabilidade e compromisso;

 O objectivo destes métodos é o de recolher as informações essenciais para o processo de planeamento e não se deve quer saber mais do que é necessário, nem tentar medir com mais precisão do que é necessário nem muito menos tentar medir o que não precisa ser medido.

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O concelho de Gouveia pretence á Região Centro, que é limitada a norte pela região Norte, a sul pelas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e pelo Alentejo, a oeste pelo Oceano Atlântico e a este pela Espanha. Tem uma área aproximadamente de 24.000 km2 que é composta por dez sub-regiões e por setenta e oito concelhos. A região é atravessas pela mais improtante cadeia montanhosa do país, que termina no seu ponto mais alto que é 1991 metros de altitude na Serra da Estrela. Esta região apresenta uma forte riqueza de recursos hídricos e de uma cobertura florestal que excede um terço da suprefície florestada no país.

Ilustração 2 – Mapa da Região Centro retirada do relatório do INE , “Retracto das Regiões”, 1998

A região Centro tem uma situação geográfica privilegiada uma vez que se encontra entre os dois principais pólos urbanos do país – Lisboa e Porto, o que constitui a nível económico um dos maiores trunfos da região. Para dar maior ênfase a esse aspecto, esta região é atravessada pela principal autoestrada do país a A1 e pelos IP2 - A23, IP3 e A25. Apesar das suas boas acessibilidades tanto no sentido norte/ sul como no sentido este/ oeste, esta região é frotemente limitada pela assimetria litoral/ interior, em que apresenta um litoral mais populoso e urbanizado que a aquilata com um interior que tende para uma desertificação. Na vertente Norte da Serra da Estrela, situa-se a cidade de Gouveia, que faz parte da província da Beira Alta. Gouveia é sede de concelho rural, fiscal e Comarca, pretence ao distrito da Guarda, e esta situa-se a setecentos metros de altitude. O concelho estende-se a

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uma área de 300,6 km2 que é limitado a norte pelos concelhos de Mangualde e Fornos de Algodres, a sul pelos concelhos de Manteigas e Seia, a este pelos concelhos de Celorico da Beira e Guarda e a oeste pelo concelho de Seia novamente. Este concelho é constituído por vinte e duas freguesias: S. Paio, Ribamondego, Vila Franca da Serra, Vila Cortês da Serra, Nabais, Arcozelo da Serra, Aldeias, São Julião, Melo, Folgosinho, Freixo da Serra, Figueiró da Serra, Paços da Serra, Rio Torto, Vila Nova de Tázem, Moimenta da Serra, São Pedro, Nespereira, Vinhó, Cativelos, Mangualde da Serra e Lagarinhos. O concelho situa-se a 40 km da Guarda, sede distrital e a 90 km da fronteira internacional de Vila Formoso.

Ilustração 3 – Mapa do concelho de Gouveia

A nível de acessos o concelho é atravessado pelas nacionais EN 1/ IC7, EN 232, EN 330 e EN 330-1, é ainda favorecida pela a proximidade à A 22, ao IC 12 ao IP 3 e ao A25.

Sendo assim, as boas acessibilidades ligadas ás condições naturais da Serra da Estrela fazem deste concelho um território singular, projectado para o turismo e com um eventual crescimento dos desportos de montanha e de inverno.

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1.1 Dados Demográficos

Como todos nós sabemos as áreas do interior do país são bastante devastadas com problemas ao nível da população, onde muitas das localidades têm vindo a sofrer uma forte desertificação, fazendo com que algumas das aldeias do interior ao longo dos tempos vão desaparecendo. Esse problema debate-se com o forte êxodo rural onde a população migra de zonas rurais para as zonas mais urbanas. O centro do país apresenta uma densidade populacional no valor dos 82,5 hab/km2 sendo a segunda zona de Portugal Continental com menor densidade populacional. Esta zona também apresenta um forte índice de envelhecimento (163,43) e uma taxa de natalidade (7,9‰) bastante reduzida em relação às outras zonas do país.

Em relação ao concelho de Gouveia o mesmo se verifica e a partir do gráfico seguinte podemos concluir que a população deste concelho é bastante envelhecida.

Fonte: INE

Ilustração 4 – Gráfico da Taxa Etária da População no Concelho

Em relação ao concelho de Gouveia este apresenta uma densidade populacional que ronda os 46,7 hab/km2. Apresentando um índice de envelhecimento de 304,8 o que não era muito problemático se a taxa de natalidade não ronda-se os 3,03‰. Segundo os dados do gráfico podemos verificar que a pirâmide etária deste concelho seria do tipo idosa ou decrescente, onde existe um predomínio de indivíduos no topo da pirâmide, devido a um

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decréscimo da taxa de natalidade e a um aumento da esperança média de vida (79,35 anos). Neste tipo de pirâmide existe uma reduzida percentagem de jovens onde consequentemente verificámos que existe um número reduzido de mão-de-obra. Também se verifica uma forte desertificação no centro da cidade existindo ainda mais na periferia da cidade.

1.2. História e Monumentos

Não se sabe ao certo qual a origem de Gouveia, mas quer-se que remontará ao ano de 580 a.C. em 1186, D. Sancho I ter-lhe-á concedido o primeiro Foral, renovado, depois, em 1510, por D. Manuel I. Esta região teve como primeiros habitantes os Túrdulos, deixando marcas inapagáveis no concelho como na localização e distribuição do primeiro espaço. Por todo o concelho encontramos vestígios das diferentes ocupações anteriores como antas, sepulturas antropomórficas e castros. As calçadas, pontes romanas e alguuns artefactos e monumentos, bem como algumas das lendas da região reforçam a ideia da presença contínua dos romanos, lusitanos, povos bárbaros, árabes, judeus e muçulmanos na região. A metalurgia e a metalomecânica consumiam muito carvão, muito ferro e muito cobre e apesar do desenvolvimento estar a correr bem a produção nacional não chegava. Com a grande “revolução” industrial e a introdução da máquina a vapor houve um aumento no numero de fabricas no concelho passado de 8 para 23 fábricas com 192 teares manuais. A indústria de Lanifícios foi um dos grandes motores do progresso desta zona, ao longo dos anos. Gouveia chegou até a ser um centro fabril de extrema impotância dando valor ás vias de comunicação. Deste modo, no dia 3 de agosto de 1882 é inaugurada a linha ferroviária da Beira Alta dando uma grande vantagem á região no sentido em que possibilitou que os produtos confeccionados na zona chegassem mais depressa a todo o país. No séc. XIX a indústria utilizava as máquinas para quase tudo e a maioria era movida pela força da água, do vento, do Homem e pelos animais. A Serra da Estrela pela sua abundância em água e cascatas aproveitava essas características para que houvesse produção de energia hidráulica com o intuito de fazer mover as máquinas industriais da zona. Dessa maneira existiam bastantes rodas d´ água que eram verticais impulsionadas por baixo, a água corrente passava por essas rodas, empurrando as pás, que giramvam na horizontal, girando no sentido em que a água batia nas pás. As rodas eram movidas pela força da água que transformava a energia mecânica em eléctrica.

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No entanto devemos dar também destaque ao património monumental de Gouveia, não só pela sua majestade e imponência, mas também pelo seu valor significativo que releva e esclarece o seu protagonismo histórico dos últimos anos.

Dos monumentos do concelho merecem destaque a Casa da Torre foi construída no século XVI fazendo parte integrada de um solar que ao longo dos tempos foi-se desmantelando. O solar pertenceu primeiro ao Conde de Gouveia. Após a morte do último marquês de Gouveia o espaço foi sendo sucessivamente ocupado por famílias particulares. No inicio do século XX serviu como primeira sede do Futebol Club Os Gouvenses, associação recreativa que na actualidade encontra-se extinta. Em 1928 o edifício foi classificado como Monumento Nacional e sofreu grande remodelação. Foi novamente restaurado no início do século XXI. Actualmente é uma delegação do Parque Natural da Serra da Estrela. A simbologia deste edifício remete-nos para a época do manuelino onde esta presente a ideia da realização através do império português, de um mundo evangelizado, católico, perfeito e paradisíaco. A Pinha e a corda que se encontra na janela significam respectivamente força vital, persistentemente e eterna, ligada a Deus e á da ascensão e de união.

Ilustração 5 – Casa da Torre

O Solar dos Serpa Pimentel é uma obra arquitectónica datada do século XVIII, mandada edificar por José Freire Pimentel Mesquita e Vasconcelos. Ali encontra-se hoje instalada a Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, assim chamada em homenagem a um dos nomes maiores da literatura contemporânea e que teve como berço a freguesia de Melo. Resultante de um contrato programa entre a Autarquia e o Instituto Português do Livro e das

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Bibliotecas, no prosseguimento da criação da Rede de Leitura Pública, a Biblioteca Municipal foi instalada no primeiro e segundo piso do Solar dos Serpa Pimenteis, que para esse efeito foi restaurado nos anos 90. A Biblioteca dispõe de uma Sala de Leitura Geral com uma área para acesso à Internet, uma Sala de Leitura Infantil que suporta um espaço de Áudio Visuais, um Átrio e um Auditório. Estas duas superfícies têm uma funcionalidade polivalente, podendo receber exposições, colóquios, conferências e servir as mais diversas iniciativas para públicos potencialmente utilizadores dos serviços da Biblioteca.

O Colégio da Santíssima Trindade foi edificado no século XVIII com a função de ensinar Latim e Moral tarefa que era incumbida aos Jesuítas. Durante as invasões francesas o colégio serviu como refugio ás freiras do Convento de Loreto de Almeida. Na guerra de 1809 foi transformado em quartel-general e hospital militar. Já em 1839 veio a servir como tribunal da Comarca e da Cadeia Pública. No século XX, em 1964, o objecto sofre obras de conservação e remodelação, preservando-se os seus laços arquitectónicos onde se destaca a fachada central, com as armas nacionais ao centro. Perpectuando os nomes das famílias instituidoras do colégio, à sua esquerda encontra-se o brasão dos Figueiredos e à direita o dos Távoras. No átrio principal, podemos observar dois baixos-relevos, em granito, onde o da esquerda representa a concessão do foral à cidade e o da direita á entrega do Monte Aljão, por D. Manuel, aos cidadãos de Gouveia. Actualmente neste edifício funciona os paços do concelho, que é constituído pela câmara municipal, o notário e a conservatória.

O Solar dos condes de Vinhó e Almedina foi edificado no século XVIII, onde nessa época servia como habitação familiar dos condes. O edifício foi adquirido e remodelado pelo Município em 1983 com o objectivo de servir de museu e biblioteca, expondo-se ao público grande parte do material que se encontrava exposto nos Paços do Concelho. Entretanto no dia 17 de Fevereiro de 1985 é inaugurado o museu com o apadrinhamento do pintor Abel Manta. Actualmente o museu é considerado o único do género no interior do país, apresenta 108 obras de 72 pintores contemporâneos representativas da Arte Moderna Portuguesa doadas pelo Sr. Arq. João Abel Manta em homenagem ao seu pai.

A Igreja Matriz de S. Pedro trata-se de uma imponente construção datada do século XVII que impressiona, no exterior, pela sua traça arquitectónica e no interior, pela beleza da talha dourada que ostenta.

A Igreja da Misericórdia data do século XVIII e sobressai pelo barroquismo das suas linhas sinuosas e pela sábia aplicação dos azulejos que lhe cobrem a fachada.

A Capela do Senhor do Calvário foi mandada construir pelos padres jesuítas do colégio de Gouveia em agradecimento pela protecção divia a quando do terramoto de 1755.

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Esta obra foi erguida no Monde do Calvário noutros tempos conhecido como “Monte Ajax”. Ao subirmos ao monte pela escadaria encontramos duas capelinhas alusivas aos Passos da Paixão de Cristo: a Agonia de Jesus no Horto e o Beijo de Judas. As festas em hinra do senhor do Calvário realizam-se sempre na primeira metade de Agosto sendo a segunda-feira feriadio municipal e religioso e tem uma duração de quatro dias (de sexta a segunda). Trata-se da maior romaria anual da região.

O Dólmen de Rio Torto também conhecido por Anta da Pedra da Orca, este monumento megalítico situa-se em Rio Torto, no concelho de Gouveia, junto à Estrada Nacional 17, que apesar de se encontrar numa propriedade privada pode ser visitada pelo público. A Anta, de dimensões consideráveis, será datada de finais do período Neolítico, sendo constituída por elementos verticais, os esteios (pedras colocadas ao alto, formando uma parede) e um elemento horizontal colocado sobre os esteios como um tecto (tampa ou chapéu). Tanto os esteios como o chapéu são lajes graníticas, de grandes dimensões, onde cada elemento pesa toneladas. Está cientificamente provado que esta construção se destinava a rituais fúnebres ao povo neolítico que habitava a região. Em 1895 na área circundante a este monumento foram encontrados vários objectos muito importantes para a história do concelho como, por exemplo, várias pontas de seta de sílex e de quartzo, contas, um vaso de argila, diversos fragmentos cerâmicos e ossos humanos.

O Castelo de Folgosinho na vertente Norte da serra da Estrela, o castelo é o ex-libris da povoação, cuja fundação é atribuída ao lendário Viriato, que aqui teria nascido. Juntamente com o de Linhares e com o de Celorico, o de Folgosinho compunha um triângulo defensivo do vale do rio Mondego. Em virtude da reformulação administrativa do reino em 1836, Folgosinho deixou de ser sede de Concelho, em favor de Gouveia. No século XX, o seu castelo foi classificado como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 25 de Março de 1936. Actualmente bem conservado constitui-se uma atracção turística regional. Erguido em posição dominante na cota de novecentos e trinta e três metros acima do nível do mar, o castelo foi erguido com pedra de quartzo branco-rosado, o que lhe confere uma beleza singular.

O Convento de S. Francisco situado á saída de Gouveia, em pleno cenário campestre e rodeado de pequenos bosques, o Convento de S. Francisco (ou do Espírito Santo) é um imóvel privado que desperta a atenção do visitante pelo seu carácter místico. Pensa-se que a sua fundação remonte ao século XII, embora a actual estrutura date do século XVIII. Sabe-se que em 1752 foram ali levadas a cabo importantes obras de restauro. Hoje, pode admirar-se a torre sineira, a frontaria da igreja com nicho e a imagem de S. Francisco, bem como a

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grandiosa ala poente. Actualmente este edifício é de propriedade privada residindo nele uma família.

Existindo também um forte património natural característico da região como, por exemplo, As Penhas Douradas situadas a 1668m de altitude que são constituídas por três penhascos: á frente - a Ângela e a Rasa - e um terceiro que serve de base ao marco geodésico. Este lugar é bastante saudável sendo um antídoto para as doenças pulmonares, daí a existência de algumas casas de férias.

O Mondeguinho, nascente do Rio Mondego que vai desaguar na Figueira da Foz “como que num abraço entre a Serra e o Mar” (GUERRINHA, , pp.11).

O Vale do Rossim, praia fluvial onde se pode pescar, nadar, acampar e praticar desportos de rio como a canoagem. Esta “praia serrana” situa-se a poucos metros do sítio onde nasce o maior rio de Portugal, O Mondego. Neste local ainda é possivel precorrer todo p precurso a pé das margens do extenso caudal de água, a Lagoa do Vale do Rossim. A barragem, que ali foi construída premite que haja produção de energia eléctrica atraves da movimentação das turbinas atraves da água.

Ilustração 6 – Praia Fluvial do Vale do Rossim

O Vale das Éguas, um óptimo lugar para se veslumbrar o nascer e o pôr do sol, um espectáculo digno de tamanha beleza.

O Curral do Negro, um verdadeiro oásis campestre constituído por fontes, riacho, fragões e etc.

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A Cerca, onde se pode visitar o Anfiteatro que ali se encontra. Sendo também um óptimo local para se descansar ou acampar no Verão uma vez que se trona um lugar refrescante devido á sombra das árvores centenárias e ao correr da água no riacho e nas fontes ali presentes.

O Parque Ecológico, onde se pode contactar com a natureza ao mesmo tempo que se conhece a flora e a fauna da região.

O Jardim Lopes da Costa, coreto onde as bandas filarmónicas tocam nas festividades da cidade e onde se pode ter um contacto com a natureza onde se pode ouvir o chilrear dos passarinhos que por ali vão passando e fazendo os seus ninhos.

O Jardim Infantil, atracção irresistível das crianças atarvés dos baloiços ali colocados, mas também para os pais e avós através dos jardins que serpenteiam o parque e os bancos ali colocados que premitem visualizar a cidade bem como a serenidade da natureza.

O Espaço Arte e Memória situado no Pátio do Museu da Miniatura Automóvel, este local pretende ser um espaço cultural vocacionado para a divulgação da Cultura e História de Gouveia, passando, assim, pela salvaguarda da memória colectiva dos gouveenses e a divulgação das raízes culturais e características de Gouveia. Na sequência da intervenção ali realizada, o espaço ganhou uma nova dignidade e algumas peças que ali existiam têm agora outra visibilidade. Essas peças constituem uma exposição permanente de arte sacra que ali se encontra um pequeno espólio do Cardeal Mendes Belo, bem como a pedra da Sinagoga de Gouveia, datada de 1496.

Podemos concluir que o concelho de Gouveia possui uma história muito marcante tendo sido também um dos marcos mais importante para a indústria dos laníficios a nível nacional. Para, além disto, ainda possui um forte património material (monumentos e locais naturais) e imaterial.

1.3. Aspectos Económicos, artesanais, gastronómicos,

associativismo e culturais.

As importantes fontes de rendimento do concelho são a vitivinicultura, com a produção do vinho do Dão, e a ovinicultura e seus derivados como, por exemplo, o queijo da Serra da Estrela e o requeijão. A silvicultura, os têxteis, os lanifícios, a construção civil, a

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extracção de granitos, a água de mesa e o turismo, ligado essencialmente ao Parque Natural da Serra da Estrela, assumem também importância na economia da região.

Quanto ao artesanato, a referência mais notória é a produção do Queijo da Serra da Estrela, considerado o melhor queijo do mundo. No entanto, existem outras como a tecelagem, os bordados e mantas de farrapos, a confecção de camisolas e casacos rústicos, os chinelos de trapos, a tanoaria e as peças em Madeira.

A gastronomia da zona é rica e saborosa: pão de centeio, morcela, chouriço, farinheira, cabrito assado, alambicada de borrego, feijocas á pastor, sopa de moiros, sopa de bacalhau, caldo de castanha, arroz de carqueja e bôlas de carne. Como sobremesas, destacam-se o arroz doce confeccionado com leite de ovelha, doce de castanha, leite-creme, doce de abóbora e bolos doces.

Em relação ao associativismo este concelho apresenta diferentes identidades relacionadas a este factor como os vários Ranchos Folclóricos, Bandas Filarmónicas, Clubes Desportivos, Grupo de Teatro (Escola Velha), Associação de Beneficência Popular de Gouveia (ABPG), Associação De Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela (ADRUSE); Associação de Desenvolvimento de Gouveia (ADG); Associação de Pastores e Produtores de Queijo da Serra da Estrela e a Confraria Báquica e Gastronómica da Serra da Estrela.

Durante o ano inteiro pelas diferentes freguesias do concelho existem inúmeras festas e rumarias tendo destaque a festa da cidade que se celebra na segunda semana do mês de Agosto onde se exalta o padroeiro da cidade o Senhor do Calvário, no recinto da festa podemos ver concertos de alguns grupos locais e outros nacionais, mostra de algum artesanato local, actuações das bandas filarmónicas do concelho no coreto do Jardim Lopes da Costa e ainda assistir ao desfile etnográfico da região na segunda-feira.

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Imagem

Ilustração 1 - Diagrama da Análise Swot
Ilustração 2 – Mapa da Região Centro retirada do relatório do INE , “Retracto das Regiões”, 1998
Ilustração 3 – Mapa do concelho de Gouveia
Ilustração 6 – Praia Fluvial do Vale do Rossim
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