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Seboldb, Patrícia Mello Garcia Calegarib, Benhur Heleno de Oliveirab e Fabiana Schuelter-Trevisolc,d

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Academic year: 2019

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REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia

www.sba.com.br

ARTIGO

CIENTÍFICO

Comparac

¸ão

da

analgesia

pós-operatória

com

uso

de

metadona

versus

morfina

em

cirurgia

cardíaca

Ana

Carolina

Carvalho

a

,

Fábio

Jean

Goulart

Sebold

b

,

Patrícia

Mello

Garcia

Calegari

b

,

Benhur

Heleno

de

Oliveira

b

e

Fabiana

Schuelter-Trevisol

c,d,∗

aUniversidadedoSuldeSantaCatarina(Unisul),CursodeMedicina,CampusTubarão,Tubarão,SC,Brasil bHospitalNossaSenhoradaConceic¸ão(HNSC),Anestesiologia,Tubarão,SC,Brasil

cUniversidadedoSuldeSantaCatarina(Unisul),ProgramadePós-Graduac¸ãoemCiênciasdaSaúde,Tubarão,SC,Brasil dHospitalNossaSenhoradaConceic¸ão(HNSC),CentrodePesquisasClínicas,Tubarão,SC,Brasil

Recebidoem3deagostode2016;aceitoem26desetembrode2017 DisponívelnaInternetem31deoutubrode2017

PALAVRAS-CHAVE Metadona;

Morfina;

Dorpós-operatória;

Cirurgiacardíaca

Resumo

Justificativaeobjetivos: Adoréfatoragravantedamorbidadeemortalidadepós-operatória. Oobjetivo foi comparar oefeito dametadonaversus morfina quanto àdor edemanda de analgesiapós-operatóriaempacientessubmetidosàrevascularizac¸ãodomiocárdio.

Método: Ensaioclínicorandomizado,duplo-cego,emparalelo.Pacientessubmetidosàcirurgia derevascularizac¸ãodomiocárdioforamrandomizadosporblocosemdoisgrupos:GrupoMorfina (Gmo)eGrupoMetadona(Gme).Nofimdacirurgiacardíaca,0,1mg.Kg−1pesocorrigidode

metadonaoumorfinafoiadministradoporviavenosa.OspacientesforamlevadosàUTI,onde foramavaliadosotempoatéaextubac¸ãoeanecessidadedoprimeiroanalgésico,onúmerode dosesnecessáriasdeanalgésicoseantieméticosem36horas,aescalanuméricadedorem12, 24e36horasapósacirurgiaeaocorrênciadeefeitosadversos.

Resultados: Foramincluídos 50 pacientesem cada grupo. A metadona apresentou eficácia 22%maiordoqueamorfina comNumberNeededtoTreat(NNT)de6eNumberNeededto Harm(NNH)de16.Gmeapresentoumédiadedorpela escalanuméricaem24horasapóso procedimentode1,9±2,2emcomparac¸ãocomoGmo,cujamédiafoide2,9±2,6(p=0,029). OGmenecessitoudemenosmorfinaderesgate29%doqueogrupoGmo43%(p=0,002). Entre-tanto,otempoatéanecessidadedeanalgésiconopós-operatóriofoide145,9±178,5minutos noGrupoGmeede269,4±252,9noGmo(p=0,005).

EstudofeitonoHospitalNossaSenhoradaConceic¸ão(HNSC),Tubarão,SC,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mail:fastrevisol@gmail.com(F.Schuelter-Trevisol).

https://doi.org/10.1016/j.bjan.2017.09.005

(2)

Conclusões: A metadona mostrou-se eficiente para a analgesia em cirurgias cardíacas de revascularizac¸ãodomiocárdiosemcirculac¸ãoextracorpórea.

©2017SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eum artigo OpenAccess sobumalicenc¸aCCBY-NC-ND( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

KEYWORDS Methadone; Morphine;

Postoperativepain;

Cardiacsurgery

Comparisonofpostoperativeanalgesiawithmethadoneversusmorphineincardiac surgery

Abstract

Backgroundandobjectives: Painisanaggravatingfactorofpostoperativemorbidityand mor-tality.Theaimofthisstudywastocomparetheeffectsofmethadoneversusmorphineusingthe numericalratingscaleofpainandpostoperativeon-demandanalgesiainpatientsundergoing myocardialrevascularization.

Method: Arandomized,double-blind,parallelclinicaltrialwasperformedwithpatients under-goingcoronaryarterybypassgrafting. Thesubjectswererandomlydividedintotwogroups: MorphineGroup(MoG)andMethadoneGroup(MeG).Attheendofcardiacsurgery,0.1mg.kg−1

adjustedbodyweightofmethadoneormorphinewasadministeredintravenously.Patientswere referredtotheICU,wherethefollowingwasassessed:extubationtime,timetofirstanalgesic request,numberofanalgesicandantiemeticdrugdoseswithin36hours,numericalpainscale at12,24,and36hourspostoperatively,andoccurrenceofadverseeffects.

Results:Each group comprised 50 patients. Methadone showed 22% higher efficacy than morphineasityieldedanumber-needed-to-treat(NNT)scoreof6andnumber-needed-to-harm (NNH)scoreof16.TheMeGshowedameanscoreof1.9±2.2accordingtothenumericalpain scaleat24hoursaftersurgery,whereasastheMoGshowedameanscoreof2.9±2.6(p=0.029). TheMeGrequiredlessmorphine(29%)thantheMoG(43%)(p=0.002).However,thetimeto firstanalgesicrequestinthepostoperativeperiodwas145.9±178.5minutesintheMeG,and 269.4±252.9intheMoG(p=0.005).

Conclusions: Methadone was effective for analgesiain patients undergoing coronary artery bypassgraftingwithoutextracorporealcirculation.

©2017SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.Publishedby ElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc

¸ão

Aesternotomiamedianalongitudinaléaincisãomaisusada paraascirurgiascardíacas.Associadacomousode afastado-res,passaaseromelhormétodoparaaexposic¸ãodaregião anatômica.1 Entretanto, o método descrito, associado a

um tempo prolongado de cirurgia, coloca a musculatura do tórax sobre grande tensão e estresse, proporciona muitadoraopaciente nopós-operatório,oquedificulta a respirac¸ão profundaereduzaeliminac¸ãodesecrec¸õesdo tratorespiratório,podecursarcomatelectasiaseinfecc¸ões respiratórias.2

Apesar do avanc¸o dos fármacos analgésicos, de suas diferentes vias de administrac¸ão e das técnicas não far-macológicasparaoalíviodador,essa aindaéconsiderada umimportante problemanoperíodopós-operatório e,até omomento,nãoexisteumprotocolopadronizadoem diver-soshospitais.Dentreasopc¸õesdemanejonopós-operatório dascirurgias cardíacas, estão osanalgésicosopioidese as medidasdeapoio.3

Atualmente, muitas instituic¸ões usam opioides por via venosa com clearance elevado e meia-vida relativa-mente curta, como a morfina, que produzem flutuac¸ões

importantes dos níveis séricos de opioide, com valo-res que oscilam de uma analgesia inadequada a valores tóxicos.4 A opc¸ão, nesse caso, seria administrar

analgé-sicos por infusão endovenosa, seja por demanda, seja de forma contínua. Ambos os métodos, contudo, exigem aparato de alto custo.3 Assim, um método opcional que

promove analgesia contínua sem os problemas associados com as técnicas de infusão seria o uso de um agente com meia-vida longa e clearance baixo, tal qual a meta-dona, aplicada no período intraoperatório. A metadona é um opioide sintético de latência e durac¸ão longas, usada há vários anos no tratamento de drogadic¸ão5 e

‘‘redescoberto’’comoanalgésiconotratamento dasdores crônicas,6 nas dores cancerosas 7 e, também, para a

analgesia pós-operatória, tanto em adultos8 como em

crianc¸as.9,10

Ametadonatemumavariac¸ãointerindividualda farma-cocinética,assimcomopotencialparaprovocartoxicidade tardia devido à sua meia-vida de eliminac¸ão, que é de oitoa 59 horas, o que torna difícil seu manuseio, o que podeconstituirumproblema,principalmenteemoperac¸ões de menor invasividade.11 Todavia, outros estudos

(3)

em procedimentos cirúrgicos de menor durac¸ão, como as colecistectomias.12 Seuperfil multimodalcontribui parao

controle de dor pós-operatória. O isômero R(-) da meta-donatematividade␮-agonista,enquantoseuisômeroS(+) é quase inativo nesse receptor. Porém,esse isômero tem atividadeantagonistanosreceptoresNMDA. Consequente-mente,existeumsinergismoentreosisômerosR(-)e S(+) dametadonanapromoc¸ãodoefeitoantinociceptivo.13

O objetivo deste estudo foi comparar nas primeiras 36horasdopós-operatóriodecirurgiasderevascularizac¸ão domiocárdio asrepercussões na analgesia pós-operatória e a ocorrênciade seus efeitos adversos --- náuseas, vômi-tos e depressão respiratória --- proporcionados por uma dose de metadona ou morfina administrada no fim da cirurgia.

Método

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes-quisadaUniversidadedoSuldeSantaCatarina,mediante o Parecern◦ 1.049.850, em 5 de maio de 2015. Foi

tam-bém cadastrado noRegistro Brasileirode Ensaios Clínicos n◦RBR-8spkx9.

Foifeitoensaioclínicorandomizadoemparalelo, duplo--cego,defaseIV.Foramselecionados pacientesdeambos ossexos, maioresde18anos,comclassificac¸ãodeestado físicopelaAmericanSocietyofAnesthesiologists---ASAIIIou IV---equesesubmeteramaumacirurgiaderevascularizac¸ão domiocárdiosemcirculac¸ãoextracorpórea.Os participan-tes deram a anuência mediante assinatura do termo de consentimentolivree esclarecido porocasiãodaconsulta pré-anestésica.

Paraocálculodotamanhodaamostra,foiconsideradaa porcentagemdenãoexpostospositivos, ouseja,analgesia satisfatóriaem50%dospacientesemusodemorfina(Grupo Controle)e80%entreosexpostospositivos,ouseja, anal-gesiasatisfatóriaempacientesemusodemetadona(Grupo Intervenc¸ão), com nível de confianc¸a de 95% e poder de estudo de 80%, obteve-se uma amostra mínima necessá-riaao estudode 80pacientes(40 em cadagrupo). Foram excluídospacientesemusodedrogasilícitas,aquelescom antecedentesalérgicosaalgumadasmedicac¸õesusadasno estudoeaquelesquetiveramdepermanecerintubadosno pós-operatóriopormaisde12horas.

Arandomizac¸ãodos pacientesfoi feitapor blocoscom sequênciadequatroparticipantes.Ospacientesforam alo-cadosdemodo aleatório porblocos em dois grupos: Gme (metadona)eGmo(morfina).Osblocosforamsorteadospela equipedepesquisaerepassadosaochefedaanestesiologia paradeterminac¸ãodofármacousado.Tantoos investigado-rese auxiliares depesquisa, responsáveispela coletados dados,quantoospacientesdesconheciamaquegrupo per-tenciam,o que garantiu o cegamento doestudo. Na sala de cirurgia, todos foram monitorados com pressão arte-rialinvasiva,cardioscopia,oximetriadepulso,capnografia, temperatura,diuresee pressãovenosa central.Ainduc¸ão anestésicafoifeitacomsufentanil0,5␮g.kg−1eumbólus de10␮gconformenecessidade,etomidato 0,2mg.kg−1 e rocurônio0,1mg.kg−1.

Aanestesiafoimantidacom0,25-0,5␮g.kg−1.hde sufen-tanil; 0,5-1 CAM de sevoflurano. No fim da anestesia foi

administradopor via venosa, noGrupo Gme;0,1 mg.kg−1

pesocorrigidodemetadona;ou0,1mg.kg−1pesocorrigido

demorfinanoGrupoGmo.

Ocálculodasdosesdasdrogasanestésicasparainduc¸ãoe manutenc¸ãodaanestesiatevecomoreferênciaoPesoIdeal (PI) para dose de rocurônio e o Peso Corrigido (PC) para dosedeetomidatodospacientes,noqualPI=altura-100(em cm)parahomense aaltura-105paramulherese oPC=PI +[0,4 ×(peso real) -PI]. Ao término doprocedimento, o paciente foiimediatamentelevadoàUTI, entubado,onde sefez oacompanhamento pós-operatório. Nessaunidade, osprofissionais desconheciam em qualgrupo ospacientes foramincluídose,segundocritériosdaequipemédicaede enfermagemdessa unidade,recebiamdipirona1gporvia endovenosa(EV),deseisemseishoras,deformacontínua, esehouvessequeixadedormoderadaouforteeram admi-nistrados0,03mg.kg−1demorfinaporviaEV,comolimite

de 0,1 mg.kg−1 em quatro horas. Em caso denáuseas ou

vômitosforamadministradosporviaEV10mgdecloridrato demetoclopramida.

Foram registrados o tempo de durac¸ão da anestesia em minutos, o númerode doses e o tipode analgésicoe antieméticosnecessáriosduranteoperíodopós-operatório, bem como a ocorrência das possíveis reac¸ões adversas, taiscomonáuseas,vômitosedepressãorespiratória.Essas reac¸ões foramobservadas pelos enfermeiros e/ou equipe depesquisadurantea internac¸ãoemUTI. Foiconsiderada depressão respiratória quando houvesse oito movimen-tos respiratórios ou menos por minuto e/ou necessidade de reintubac¸ão. A equipe de pesquisa, com auxílio dos enfermeiros e residentes em anestesiologia, devidamente treinados, aplicou a escalanumérica da dor em 12, 24 e 36horasdopós-operatório.Tambémfoicalculadootempo até a administrac¸ão da primeira dose de analgésico e o período transcorrido até a extubac¸ão, de acordo com os registros médicos da equipe de pesquisa, em concordân-ciacomoregistro feitonoprontuáriomédicopelaequipe plantonistadaUTI.Todasasaferic¸õesforamfeitaspor pes-quisadores cegados quando ao grupo ao qual o paciente pertencia.

Aescalanumérica de dorconsiste em uminstrumento escalonado de 0 a 10, 0 ausência de dor e 10 dor insuportável.14 Além disso, categoricamente se considera

dor leve de0 a 3, dor moderada de 4 a 7 e dor intensa 8a10.15

(4)

Pacientes submetidos a cirurgia cardíaca (n =145)

Pacientes não elegíveis por não serem submetidos a revascularização do miocárdio

n = 32

112 pacientes elegíveis

Pacientes excluídos por necessitar de circulação extracórporea durante o procedimento cirúrgico

n = 8

Amostra submetida à randomização n = 104

Grupo morfina n = 50

Grupo morfina n = 50 Grupo morfina

n = 52

Grupo metadona n = 52

Exclusão 1 óbito 1 intubação > 12h

Exclusão 1 reintubação 1 intubação > 12h

Figura1 Fluxogramadeselec¸ãodosparticipantesdoestudo.

associac¸ãoentreasvariáveisdeinteressefoiusadooteste dequi-quadradodePearson,paraasvariáveiscategóricas.

Comomedidadeefeitofoicalculadaareduc¸ãodorisco relativoouaeficácia dametadonaemcomparac¸ãocomo grupocontrole.Paraisso,considerou-seanalgesia satisfató-riaquandoopacienteapresentasseresultadosinferioresa trêsnastrêsaferic¸õesdaescaladedor.Alémdisso,foram calculados o Number Needed to Treat (NNT) e o Number Needed to Harm (NNH) relacionais ao uso da metadona, consideraram-se a analgesia satisfatória e ocorrência de reac¸õesadversasamedicamentos.Aanálise dosdadosfoi feitaporintenc¸ãodetratar.Oníveldesignificância estabe-lecidofoide95%.

Resultados

Foram estudados 100 pacientes submetidos à cirurgia de revascularizac¸ãodomiocárdio,de junhode2015 amarc¸o de2016;63%eramhomensenãohouvediferenc¸a proporci-onalentreosgruposquantoaosexo(valordep=0,534).A figura1apresentaofluxogramadeselec¸ãodosparticipantes doestudo.

Atabela1apresentaascaracterísticasclínicaserelativas aoprocedimento,comparaosGruposMorfina(Gmo-Grupo Controle)eMetadona(Gme-GrupoIntervenc¸ão).

Atabela2apresentaadistribuic¸ãodasvariáveisrelativas aoperíodopós-operatório.Seconsiderarmosaescala numé-ricadedoremque0eraausênciadedore10apiordor,a amplitudefoientre0e10em36horas.

Dos entrevistados, 3% encontravam-se sedados e não puderam responder àescala dedor. Nesse caso, o tempo prolongadodeextubac¸ãofoiconsideradoumefeitoadverso. Atabela3apresentaadistribuic¸ãodosgruposemrelac¸ãoà

Tabela1 Dadosdemográficosdospacienteserelativosao procedimentoanestésico-cirúrgico

Variável Gmo(n= 50) Gme(n=50) Valordepa

Idade(anos) 62,4±9,0 63,0±10,2 0,756b

Pesocorporal (kg)

69,4±11,7 71,78±12,1 0,314b

Altura(m) 1,63±0,08 1,65±0,08 0,309 Dose

sulfentanil (␮g)

150,8±42,9 160,12±38,1 0,285

Durac¸ãoda cirurgia (min)

187,2±46,6 201,1±52,4 0,104

Tempoaté extubac¸ão (min)

226,8±153,2 247,96±213,5 0,327

Dadosexpressosemmédiaedesvio-padrão.

Gme,grupometadona;Gmo,grupomorfina;kg,quilogramas; m,metros;␮g,microgramas;min,minutos.

a TesteUdeWilcoxon-Mann-Whitney. b TestedetdeStudent.

Tabela2 Analgesia,usodeanalgésicoseeventosadversos nopós-operatório

Variável Gmo(n= 50) Gme(n= 50) Valordep

Escaladedor

12h 4,7±2,6 4,2±2,7 0,186a

24h 2,9±2,6 1,9±2,2 0,029a

36h 0,5±1,1 0,5±1,2 0,657a

Tempoaté1◦

analgésico(min)

269,4±252,9 145,9±178,5 0,005a

Usodemorfinad43% 29% 0,002b

Usode

metoclopraminad

27% 18% 0,070b

Efeitos adversosd

19% 16% 0,529b

Náusead 19% 15% 0,457c

Vômitod 3% 5% 0,248c

Insuficiência respiratóriad

1% 2% 0,434c

%,percentual;Gme,grupometadona;Gmo,grupomorfina;h, horas;min,minutos.

a TesteUdeWilcoxon-Mann-Whitney b Testedequi-quadradodePearson. c TesteexatodeFisher.

d Relativoaopercentualdepacientes.

eficáciaeseguranc¸adosanalgésicosusados.Paraadefinic¸ão deeficácia,usou-secomopontodecorteaanalgesiaigual ouinferiora3(consideradadorleve)naescalanuméricade dornoperíodototaldeacompanhamento(36horas).

(5)

Tabela 3 Analgesiasatisfatória e ocorrência de eventos adversosnasprimeiras36horasdepós-operatório

Gmo(n= 50) Gme(n=50) Valor depa

Analgesiadador≤3 0,096

Falha 36(72%) 28(56%) Sucesso 14(28%) 22(44%)

Reac¸ãoadversa 0,529

Sim 19(38%) 16(32%) Não 31(62%) 34(68%)

%,percentual;Gmo,grupomorfina;Gme,grupometadona.

aTestedequi-quadradodePearson.

Discussão

Ogrupo tratadocom metadona apresentou maior analge-siaem24horasapósoprocedimentocirúrgicoenecessitou menor uso de morfina no período. Entretanto, o tempo decorrido entre o fim da cirurgia e o uso de analgésico durante a internac¸ão na UTI foi menor do que o grupo controle.Seconsiderarmosumaanalgesiasatisfatóriacom escaladedorem36horasigualouinferiora3econsiderar ausênciadedoradorleve,aeficácia dametadonafoide 22%amaisdoqueamorfina.

Tradicionalmente os opioides são usados para o con-trole da dor, do primeiro ao terceiro dias após cirurgia cardíaca,destaca-seaadministrac¸ãointermitentede opioi-desdecurtaac¸ão,comoamorfinaqueresultaemflutuac¸ões nas concentrac¸ões plasmáticas, o que pode explicar as pontuac¸õesrelativamenteelevadasdedorrelatadasnesta populac¸ãodepacientes.Esteestudorevelouointeressede seusarmetadonaintraoperatórianascirurgiascardíacas,já queonúmerodedosesdeanalgésicosopioidesnecessáriofoi significativamentemenornogrupoquerecebeumetadona nofimdaanestesia.

O emprego demetadona no fim da anestesia permitiu umaanalgesiamaiseficiente,demodoquenasprimeiras36 horasdopós-operatórioonúmerodepacientesque necessi-taramdeanalgesiafoimenorcomametadona,assimcomo aapreciac¸ão daqualidadedaanalgesiapelopróprio paci-entesetraduziu,nessegrupo,porumresultadodeescala numéricadadortambéminferioraogrupodamorfinaenão houve,mesmo assim,prolongamentodotemponecessário atéaextubac¸ão.

Osresultadosdopresenteestudoseassemelhamaos obti-dosporMurphyetal.16aoconcluíremqueaadministrac¸ãode

0,3mg.kg−1demetadonanainduc¸ãoanestésicadecirurgia

cardíacaresultounumasignificativareduc¸ãonanecessidade deanalgésicosnopós-operatório,melhoresnotasnoescore dador,melhorpercepc¸ãodadorpelopacienteeummelhor manejodadordurante72horasapósaextubac¸ãotraqueal, alémdenãoseobservaremeventosadversosrelacionadosà administrac¸ãodemetadona.

Entretanto,Gottschalk etal.17 observarammenor

con-sumodeopioidesnopós-operatóriosomenteapós48horas daadministrac¸ãodemetadona.Amenornecessidadede opi-oidesnopós-operatórioporpartedaquelesquereceberam metadonatalvezjustifiqueaincidênciainferiordenáuseas e vômitosnesse grupo,o que é bastante interessante em

intervenc¸õescompotencialálgicomaior,comonas esterno-tomias.

Outro fato observado foi o tempo até a necessidade da administrac¸ão do primeiro analgésico, que foi signifi-cativamente inferior no grupo metadona, o que diverge dos resultados de Udelsmann et al.,18 cujo emprego de

metadona na induc¸ão da anestesia de cirurgia cardíaca permitiuuma analgesiamais prolongada,de maneira que a primeira dose de analgésico nos pacientes que rece-beram metadona só foi administrada quase quatro horas depois daquela do grupo com morfina. Em outro estudo duplo cego que comparou metadona e morfina em cirur-gias de abdome superior, o tempo médio da necessidade deanalgésicoderesgatefoi significativamentemaislongo em pacientes que receberam metadona (21 vs. 6 h).14

Uma possível explicac¸ão pode ter sido a dose escolhida, que interfere no tempo de eliminac¸ão do medicamento, e a durac¸ão do efeito da metadona, que sofre influên-ciadascaracterísticasindividuaisdopaciente.Nessecaso, recomenda-seadosedemetadonacomconcentrac¸ões supe-riores a 20 mg, sempre observar a idade do paciente, o procedimentocirúrgicoaqueserásubmetidoeafrequência respiratória.19,20

Amorfinaviaintravenosaapresentapicodoefeito anal-gésicoem20minutosapósasuaadministrac¸ãoeadurac¸ão da ac¸ão analgésica é de quatro a cinco horas.21 Também

vale ressaltar, mesmo que não haja diferenc¸a estatística entreosgrupos,queemmédiaotempodecirurgiadogrupo metadonafoisuperioraodogrupomorfina.

Em razão de sua longa durac¸ão de ac¸ão, a metadona tornou-se uma opc¸ão analgésica interessante no trata-mento dadorpós-operatória,principalmente nascirurgias de grande porte,com tempode recuperac¸ão prolongado, comoascirurgiascardíacas.Entretanto,valeressaltarquea metadona,assimcomoosdemaisopioides,apresenta, den-treospossíveisefeitoscolaterais,náuseas,vômitos,prurido edepressãorespiratóriadosedependente,quepode retar-dar o tempo de extubac¸ão e acarretar maiores custos à instituic¸ão.Emborajáusadaem outrospaíses,só recente-mente estádisponívelparausoparenteral em instituic¸ões doBrasil.

Ametadonaapresentoueficácia22%maiordoquea mor-fina.OsresultadosdoNNTde6(consideradotratamentode grande impacto quando inferior a 25) e NND de 16 reve-lamqueametadonaéumaboaopc¸ãoterapêutica,eficaze segura,parausoemanalgesiapós-operatória,quando admi-nistradanofimdoprocedimentocirúrgico.Destaca-seque o grupocontrole neste estudoé a morfina(que foi consi-derado o tratamento convencional); portanto,são índices satisfatóriosqueauxiliamnadecisãoclínicaporapresentar orisco-benefíciodeambososmedicamentos.

(6)

acompanhamentosuperiora36horas paraacomprovac¸ão dessesdados.

Este trabalho contribui para o conhecimento da metadonaparausocomoopc¸ãoanalgésicanoperíodo pós--operatório de cirurgias cardíacas. Esse medicamento é poucousadocomessafinalidadepormédicos anestesiologis-tas,emborasejaumaopc¸ãointeressanteedebaixocusto, eficazesegura,comparativamenteaosdemaismétodos usa-dosemcirurgiasdegrandeporte.

Conclusão

Com base nos dados encontrados, a metadona mostrou--se eficiente para a analgesia em cirurgias cardíacas de revascularizac¸ão domiocárdiosem circulac¸ão extracorpó-rea.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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Tabela 1 Dados demográficos dos pacientes e relativos ao procedimento anestésico-cirúrgico
Tabela 3 Analgesia satisfatória e ocorrência de eventos adversos nas primeiras 36 horas de pós-operatório

Referências

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