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Risco cardiovascular e composição corporal de idosas participantes de projeto de atividades físicas e recreativas / Cardiovascular risk and body composition of elderly women participating in a physical and recreational activity project

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Risco cardiovascular e composição corporal de idosas participantes de projeto

de atividades físicas e recreativas

Cardiovascular risk and body composition of elderly women participating in a

physical and recreational activity project

DOI:10.34117/bjdv6n3-496

Recebimento dos originais: 10/02/2020 Aceitação para publicação: 31/03/2020

Hilma Heloísa Batista Oliveira

Discente do Curso de Educação Física da Universidade Federal de Jatai (UFJ) Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAI – UFJ

Endereço: BR 364, km 195, nº 3800, CEP 75801-615, Jataí-Goiás E-mail: heloisaoliveirahhbo@gmail.com

Priscilla Rosa Queiroz Ribeiro

Doutora em Anatomia (UFU) e Docente dos Cursos de Ciências da Saúde Instituição: CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS (UNIPAM)

Endereço: R. Major Gote, 808 - Caiçaras, Patos de Minas - MG, 38700-207, Patos de Minas-MG E-mail: priscillarqr@unipam.edu.br

Beatriz Batista De Mendonça Discente do curso de Educação Física

Instituição: CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS (UNIPAM)

Endereço: R. Major Gote, 808 - Caiçaras, Patos de Minas - MG, 38700-207, Patos de Minas-MG E-mail: beatriz.bat.mendonca@gmail.com

Cléria Lobo Bittar

PÓS-DOUTORADO: Estudos de Gênero - Universidade de Valencia, Espanha e Docente do Programa de Pós Graduação em Promoção da Saúde

Instituição: UNIVERSIDADE DE FRANCA

Endereço: Av. Dr. Armando de Sales Oliveira, 201 - Parque Universitário, Franca - SP, 14404-600, Franca-SP

E-mail: cleria.bittar@unifran.edu.br

David Michel de Oliveira

Doutor em Alimentos e Nutrição (UNESP) e Docente da Unidade de Ciências da Saúde do Curso de Bacharelado em Educação Física

Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAI – UFJ Endereço: BR 364, km 195, nº 3800, CEP 75801-615, Jataí-Goiás

E-mail: profdoliveira@gmail.com

RESUMO

O aumento do envelhecimento é consenso científico e para seu enfrentamento as políticas públicas têm estimulado projetos que visam o bem-estar físico e psicossocial por meio das atividades físicas para a população idosa. Este estudo descritivo avaliou os fatores de risco cardiovascular e o perfil antropométrico de idosas participantes de um programa de atividades físicas e recreativas. Foi aplicado questionário para estratificação de risco cardiovascular e coletados massa corporal, estatura, e calculado índice de massa corpórea (IMC), e medida a cintura abdominal (CA). Participaram 29

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idosas, ≥ 60 anos, a maioria não apresentou histórico, sintomas ou fatores de risco, realizam exames laboratoriais a cada 3 meses. Sobre a antropometria, a maioria apresenta sobrepeso e cintura abdominal acima dos valores de referência. A amostra de idosas apresentam baixo fator de risco cardiovascular e comportamento preventivo, embora seus indicadores antropométricos apresentem risco cardiometabólico. Ressalta-se a importância de estratégias de educação e acompanhamento nutricional em projetos com população longeva.

Palavras-chave: Longevidade, Risco cardiovascular, Antropometria ABSTRACT

The increase in aging is a scientific consensus and, in order to face it, public policies have stimulated projects that aim at physical and psychosocial well-being through physical activities for the elderly population. This descriptive study evaluated cardiovascular risk factors and the anthropometric profile of elderly women participating in a program of physical and recreational activities. A questionnaire for cardiovascular risk stratification was applied and body mass, height, and body mass index (BMI) were calculated, and abdominal waist (WC) was measured. 29 elderly women participated, ≥ 60 years old, most had no history, symptoms or risk factors, perform laboratory tests every 3 months. Regarding anthropometry, most of them are overweight and have an abdominal waist above the reference values. The sample of elderly women has a low cardiovascular risk factor and preventive behavior, although their anthropometric indicators have a cardiometabolic risk. The importance of education strategies and nutritional monitoring in projects with long-lived population is emphasized.

Keywords: Longevity, Cardiovascular risk, Anthropometry 1 INTRODUÇÃO

O aumento da população idosa é um fenômeno mundial. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) no ano de 2000 o público com idade superior a 60 anos alcançava 8,5% da população total, já em 2010 alcançou 12% (IBGE, 2013). Estima-se que até 2060, o número de idosos deve chegar a 25,5% da população brasileira (Camarano, 2020).

O crescimento exponencial do número de idosos é preocupante, uma vez que o processo de envelhecimento contribui para incapacidade funcional e está diretamente associado à maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Se junta a isso o fato de grande parte dos indivíduos com mais de 60 anos de idade ser considerados sedentário, o que agrava a capacidade funcional elevando as dificuldades físicas (Diniz; Tavarez, 2013).

Além da maior prevalência de algumas doenças e considerável perda de capacidade funcional, observa-se também na população idosa a diminuição da aptidão física e das capacidades motoras para a realização de tarefas da vida diária, como força muscular, flexibilidade, equilíbrio e potência aeróbia (Maciel, 2010). Estes fatores podem estar relacionados ao estilo de vida e hábitos pouco saudáveis, muitas vezes presentes nesta fase da vida, somados as desadaptações cardíacas decorrentes do envelhecimento (Spirduso, 2005).

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O envelhecimento traz também modificações corpóreas no idoso, o tecido adiposo aumenta e a massa muscular diminui, redistribuindo a gordura pelo corpo com maior concentração na região abdominal, o que também aumenta os riscos para o desenvolvimento das doenças metabólicas e cardiovasculares (Kamimura et al., 2005). No sentido de avaliar riscos à saúde do idoso existem indicadores antropométricos que podem ser utilizados como o Índice de Massa corporal (IMC) que está relacionado a diversas DCNT; e a Circunferência abdominal (CA), que é um indicador de risco metabólico amplamente investigado na população idosa (Reis Filho et al., 2011).

Algumas DCNT, como as que acometem o sistema cardiovascular, seus fatores de risco metabólicos e a incapacidade funcional são importantes causas de morbidade e mortalidade entre adultos e idosos, configurando-se, portanto, um problema de saúde pública. Diversos estudos epidemiológicos mostram associação entre aumento dos níveis de atividade física e redução da mortalidade geral e por doenças cardiovasculares em indivíduos adultos e idosos. Nesse sentido, a atividade física e/ou o exercício físico pode atuar na atenção primária, secundária e terciária da saúde da população longeva (Coelho; Burini, 2009). Portanto, estudos que esclareçam a participação de idosos em projetos oferecidos por políticas públicas são de suma importância para identificar aspectos potenciais e fragilidades de tais ações.

Considerando estes fatos o presente estudo teve como objetivo avaliar os fatores de risco cardiovascular e o perfil antropométrico de idosas participantes de um programa de atividades físicas e recreativas.

2 METODOLOGIA 2.1 DELINEAMENTO

Este estudo é caracterizado como descritivo transversal e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás parecer nº 55293516.6.0000.5083.

2.2 UNIVERSO DA PESQUISA

Esta pesquisa foi realizada no complexo esportivo Oliveiros de Jesus Barros vinculado às secretárias de Saúde e de Desporto e Lazer do município de Serranópolis-GO. Neste local é ofertado desde 2005 o projeto intitulado “Mania de Viver”, que tem como objetivo proporcionar bem-estar físico e psicossocial por meio de programas de atividades físicas e recreativas para a população idosa. São oferecidas atividades três vezes por semana com duração de uma hora. As atividades oferecidas consistem em caminhada, circuitos funcionais na areia, ginástica e exercícios em aparelhos de alvenaria.

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O programa de atividades físicas é planejado e ministrado por um profissional de educação física, que é corresponsável pelo projeto; e, tem participação de uma técnica em enfermagem para monitoramento de indicadores clínicos.

As aulas são planejadas em um cronograma semanal, sendo distribuídas entre atividades recreativas e funcionais. Às segundas-feiras são realizados caminhadas e exercícios de ginástica localizada; às quartas-feiras exercícios funcionais em séries utilizando cones, bolas, elástico, colchonetes e halteres; e às sextas-feiras são realizadas atividades de recreação e interação como brincadeiras tradicionais, jogos e danças.

A divulgação do projeto foi feita pela rádio comunitária local, nos centros de saúde e durante visita de agentes comunitários de saúde a residências dos moradores. Foram convidados a participar indivíduos idosos de ambos os sexos com idade igual ou superior a 60 anos, participantes do projeto descrito.

2.3 PROCEDIMENTOS

Inicialmente foi realizada uma reunião coletiva para esclarecimentos sobre o projeto de pesquisa, com a presença de 60 idosos de ambos os sexos (48 mulheres e 12 homens), com idade igual ou superior a 60 anos. Adotou-se como critérios de inclusão, estar participando do projeto por no mínimo três meses e consentir com a participação, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram excluídos da amostra indivíduos que não assinaram o TCLE e pessoas autodeclaradas iletradas. As coletas foram realizadas nos meses de setembro e outubro de 2018.

Para estratificação de fatores de risco cardiovascular foi aplicado o questionário adaptado do

American College of Sports Medicine (ACSM, 2010), por meio de entrevista face a face, preenchido

pelo pesquisador. Este instrumento foi adequado à linguagem e nível de conhecimento da população investigada.

Foi medida a massa corporal com balança digital eletrônica Kikos® faixa nominal até 150 kg e a estatura com estadiômetro compacto da marca Wiso® com faixa nominal até 2,10 metros, depois calculado o Índice de Massa Corporal (IMC), utilizando como valores de referência os propostos pelo Ministério da Saúde (2011).

Para a medida da circunferência abdominal (CA) foi utilizada trena antropométrica inelástica

Sanny® com sete cm de diâmetro x 2,5 cm de altura, utilizou-se como valores de referência os

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2.4 TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Os dados foram tabulados e organizados em planilhas no Excel®, adotou-se estatística descritiva por meio do software Action® 2.9. Os valores foram expressos em porcentagem e média ± desvio padrão.

3 RESULTADOS

Dos 60 idosos convidados a participar deste estudo, 10 idosas se recusaram a assinar o TCLE, 09 se autodeclararam iletradas e os 12 idosos do sexo masculino não aceitaram participar da pesquisa. Portanto, voluntariaram-se 29 idosas com média de idade de 62,9 ± 1,7 anos.

Na Tabela 1 estão apresentados resultados da estratificação de risco cardiovascular avaliado pelo questionário adaptado do ACSM (2010) das idosas participantes do programa de atividades físicas proposto, contendo informações sobre o histórico pessoal e familiar, sintomas quando da realização de esforço, doenças em órgãos específicos (tiroide, rins e fígado), sendo que a maioria afirmou não possuir essas doenças. A maior parte da amostra também não é acometida por hipertensão arterial, diabetes e problemas respiratórios. Em relação à realização de exames laboratoriais (colesterol e glicose) a maioria realiza exames a cada 3 meses.

Tabela 1 – Estratificação de fatores de risco cardiovascular avaliado pelo ACSM/AHA (2010) de idosas participantes

do projeto "Mania de Viver", Serranópolis – GO

Questões SIM %

NÃO %

Histórico

Você já teve algum problema cardíaco? 6,9 93,1

Alguém da sua família já teve algum problema cardíaco? 48,3 51,7 Sintomas

Você já sentiu dor no peito durante a atividade física ou esforço? 27,6 72,4

Você já teve falta de ar repentina? 20,7 79,3

Você já sentiu queimação (formigamento) ou câimbras em suas (pernas) ao caminhar distâncias curtas?

27,6 72,4

Você tem algum problema músculo-esquelético (articulações ou músculos) 17,2 que limite sua prática de atividade física?

82,8 Você tem medo de ter algum problema cardíaco quando realiza a atividades físicas? 27,6 72,4

Doenças em órgãos específicos

Tireoide 6,9 93,1

Rins 3,4 96,6

Fígado 6,9 93,1

Se mulher, você tem 55 anos ou mais? 100 0

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Fonte: Dados da pesquisa. Valores expressos em porcentagem (%)

Na tabela 2 estão descritas as características antropométricas das idosas participantes do projeto desenvolvido pela prefeitura de Serranópolis - GO. Observou-se que os valores apresentados pelas idosas estudadas estão acima dos valores de referência recomendados para IMC e CA.

Tabela 2 – Indicadores antropométricos de idosas participantes do projeto "Mania de Viver", Serranópolis - GO

Variáveis Média ± DP Idade/anos 62,9 ± 01,7 Massa corporal (Kg) 77,8 ± 14,0 Estatura (cm) 01,6 ± 00,1 IMC 28,7 ± 04,4 CA (cm) 97,0 ± 14,7

Fonte: Dados da pesquisa, valores expressos em média ± desvio padrão. Legenda: IMC (Índice de Massa Corporal); CA (Circunferência Abdominal)

Valores de referência de IMC para idosos: ≤ 22,0 (baixo peso); > 22,0 e < 27,0 (eutrófico/adequado); ≥ 27,0 (sobrepeso) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Valores de referência de CA para mulheres e risco metabólico: ≥ 80,0

cm (risco aumentado); ≥ 88,0 cm (risco substancialmente aumentado) (CALLAWAY et al., 1991)

4 DISCUSSÃO

Dentre os 60 idosos participantes do projeto intitulado “Mania de Viver” na cidade de Serranópolis - GO que estiveram presentes na reunião de esclarecimentos sobre a presente pesquisa, 48 (80%) eram do sexo feminino e 12 (20%) do sexo masculino, sendo que, após a exposição da proposta de pesquisa na referida reunião, nenhum dos indivíduos do sexo masculino aceitou participar da amostra. Corroborando esse resultado, pesquisa desenvolvida por Sousa (2015) com participantes do programa Academia da Saúde na cidade de Santa Cruz – PB contou com a participação de 03 homens (25%) e 09 mulheres (75%). Peixoto e Okuma (2009) também mostraram que as mulheres participam mais de programas que oferecem atividades físicas com uma média de 74%, sendo apenas 26% de homens; e sugeriram que talvez, as mulheres participam mais dos programas de atividades físicas por prezarem mais da saúde quando comparadas aos homens.

Algum médico, afirmou que você tem pressão alta? 44,8 55,2

Toma algum medicamento? 44,8 55,2

Algum médico, afirmou que você é diabética? 24,1 75,9

Toma algum medicamento? 3,4 96,6

Algum médico, afirmou que você tem doença respiratória? 3,4 96,6

Periodicidade de Exames Clínicos 3 meses 6 meses 1 ano

Quanto tempo faz que realizou exame de colesterol? 48,3 31,0 20,7 Quanto tempo faz que realizou exame de glicose? 58,7 20,7 20,7

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Neste mesmo sentido, Dórea, Manochio-Pina e Santos (2015) em trabalho realizado com idosos fisicamente ativos em um município no interior do estado de São Paulo também encontraram prevalência do sexo feminino nas amostras da pesquisa, com as mulheres correspondendo a 70,9% do total de participantes, e os homens correspondendo a 29,1% da amostra. Almeida et al. (2015) afirmam que a presença majoritária de mulheres pode ser explicada por um modelo culturalmente construído acerca da masculinidade, em que o homem se considera um ser forte e resistente, dificultando, assim, a adoção de hábitos saudáveis, como comportamentos preventivos ou procura de serviços de saúde. Brito e Camargo (2011) apontam para as diferentes crenças em relação ao cuidado da saúde entre homens e mulheres, sendo que a representação social do processo saúde-doença para os homens é ligada ao aspecto curativista, enquanto para mulheres é vinculado a um aspecto preventivo, o que também contribui para justificar a maior participação feminina em projetos.

A média de idade das idosas estudadas foi de 62,9 ± 1,7 anos. Média essa abaixo do relatado por Sousa (2015), que encontrou média de idade dos indivíduos de 64,5 anos, com mediana de 63 anos. A autora afirma que a partir desse número, pode-se presumir que as pessoas com idades superiores as encontradas, talvez não participem com assiduidade de programas de atividades físicas por condições de debilidades. Tendência essa, que pôde também ser evidenciada no presente estudo, a partir da média de idade apresentada.

Em relação ao histórico de doenças cardiovasculares, 93,1% das participantes relataram nunca ter apresentado problemas cardíacos e 51,7% que não tem histórico familiar de problema dessa natureza. Sobre sintomas, 72,4% das idosas participantes disseram não ter sentido dor no peito durante atividade física ou esforço; 79,3% não teve falta de ar repentina; 72,4% nunca sentiu queimação (formigamento) ou câimbras em suas (pernas) ao caminhar distâncias curtas; 82,8% não tem problema músculo-esquelético (articulações ou músculos) que limite sua prática de atividade física; e, 72,4% não tem medo de ter algum problema cardíaco quando realiza a atividades físicas.

Mendonça et al. (2004) realizaram estudo com frequentadores maiores de 60 anos do Parque Fernando Costa e relataram que dos entrevistados, 34% apresentaram sintomas cardiovasculares, sendo que 14% eram cardiopatas. Salienta-se que o estudo de tais autores foi realizado em um espaço público e a amostra constituída por pessoas idosas que praticam atividade física sem orientação profissional, diferente do que acontece no projeto “Mania de viver”, onde programa de atividades físicas é planejado e ministrado por um profissional de educação física. Os autores afirmam que quando a atividade física é realizada de forma inadequada, excedendo a capacidade do praticante, pode trazer riscos, sendo essa inadequação principalmente observada quando a prática é feita sem orientação, o que muitas vezes ocorre em locais públicos.

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Espinosa, Porto e Gurgel (2015) apontam que há uma carência de estudos que avaliem a efetividade de programas comunitários de exercícios na redução de indicadores de risco de doenças cardiovasculares. Destacam ainda, que, o conhecimento mais aprofundado das possíveis alterações morfofuncionais, advindas de um programa regular de exercício físico pode, sobretudo, servir de base para a estruturação mais eficaz do treinamento em projetos que promovam a prática de atividades físicas, como o projeto onde foi realizado o presente estudo.

No presente estudo, 44,8% das idosas participantes afirmaram ter pressão alta; 44,8% utilizar medicamento para hipertensão; 24,1% afirmou ser diabética; 3,4% utilizar medicamento para diabetes; e, 3,4% ter doença respiratória. O percentual de idosas que apresentam hipertensão foi menor enquanto o percentual de idosas diabéticas foi maior que o encontrado em estudo de Mendonça et al. (2004), que relataram que 70% dos idosos pesquisados tinham pelo menos um fator de risco cardiovascular (52% hipertensão, 14% diabetes, 23% hipercolesterolemia, 16% obesidade e 9% sedentarismo).

Os autores ressaltam ainda, que, entre os cardiopatas, 50% relataram apresentar sintomas cardiovasculares durante o exercício ou emoção e todos estavam sob terapêutica medicamentosa. Enquanto no presente estudo 72,4% da amostra relataram nunca ter sentido dor no peito durante a atividade física ou esforço e 72,4% não ter medo de ter algum problema cardíaco quando realiza a atividades físicas. Além disso, Mendonça et al. (2004) mostraram que dos que não eram cardiopatas, os sintomas estavam presentes em 34%, enquanto 50% tomavam algum tipo de medicação e 76% apresentaram pelo menos um fator de risco. Considerando-se o fator de risco mais prevalente, a hipertensão, observou-se que 91% dos hipertensos tomavam medicação. Já neste estudo foi observado que todos os hipertensos utilizavam medicação. Ainda, encontraram que 74% dos hipertensos não estavam com a pressão arterial controlada na medida realizada, sendo que 88% desses disseram fazer uso de medicamentos anti-hipertensivos. Entre os normotensos, 24% apresentaram pressão arterial alta.

Os indicadores antropométricos das idosas participantes do projeto encontrados foram massa corporal de 77,8 ± 14,0 kg; estatura de 01,6 ± 00,1 metros; IMC de 28,7 ± 04,4 kg/m2 e CA de 97,0 ± 14,7 cm. Os valores de IMC indicam a presença de sobrepeso na população de estudo, uma vez que os valores de referência para o IMC de idosos são: valores de IMC menor ou igual a 22,0 Kg/m2 - idoso com baixo peso; valores de IMC maior que 22,0 Kg/m2 e menor que 27,0 Kg/m2 - idoso com peso adequado (eutrófico); valores de IMC maior ou igual a 27,0 Kg/m2 - idoso com sobrepeso (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020). Entretanto, os valores não indicam a condição de obesidade, que é caracterizada por um IMC ≥ 30 Kg/m2 no idoso.

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Sousa (2015) em estudo que analisou o perfil antropométrico e nutricional de pessoas idosas participantes do programa Academia da Saúde mostrou que o peso e altura apresentaram as respectivas médias: 76,21 kg e 1,58 m. O que ocasionalmente fez com a média e mediana do IMC alcançasse os valores de 30,51 kg/m2 e 30,13 kg/m2, respectivamente. Valores superiores aos encontrados na amostra desse estudo. De acordo com a classificação do IMC, o valor obtido da média, estipula que a maioria dos idosos participantes da academia da saúde estão classificados como obesos de grau I, apresentado riscos a saúde moderadamente aumentada.

Já Dórea, Manochio-Pina e Santos (2015), em estudo que verificou o estado nutricional através da coleta de dados antropométricos e do padrão alimentar de idosos fisicamente ativos em um município no interior do estado de São Paulo, relataram que os dados referentes à média do IMC (27,31 Kg/m2 ± 4,76) não apresentaram significância se comparados com os critérios propostos por Lipschitz, citados em estudos recentes, recomendando que indivíduos acima de 65 anos apresentem IMC entre 24 e 27 kg/m2. Logo os autores observaram o estado de eutrofia referente ao IMC na amostra geral.

Estudo de Espinosa, Porto e Gurgel (2015), com o objetivo de comparar os níveis de indicadores antropométricos de saúde cardiovascular de idosas praticantes e não praticantes de exercícios físicos, mostrou que o grupo de idosas que praticavam exercícios físicos no estrato 60-69 anos apresentou menores valores de massa corporal. Os autores afirmam que a literatura demonstra que idosos praticantes de exercícios físicos devem apresentar massa corporal inferior à de não praticantes, ou ao menos uma atenuação de seu aumento relacionado ao envelhecimento.

Em relação a CA, o valor encontrado de 97,0 ± 14,7 cm, superior ao considerado adequado e próximo ao valor apresentado por idosas de 60 a 69 anos (96,46 ± 12,44 cm) em estudo de Espinosa, Porto e Gurgel (2015). Vieira et al. (2018) afirmam que o aumento da adiposidade em mulheres parece estar associado inversamente à idade, esse comportamento parece não ocorrer em indivíduos do sexo masculino. A prevalência de obesidade abdominal em mulheres está associada com a deficiência estrogênica decorrente da menopausa e o início de um novo padrão de distribuição de gordura corporal, deixando de ser gluteofemoral ou ginecoide para ser abdominal ou androide e, ainda, ao aparecimento de outras alterações como a elevação da glicemia e da insulinemia, aumento da pressão arterial sistêmica, caracterizando assim como uma condição de maior risco cardiovascular. Os resultados apresentados pelas idosas da amostra do presente estudo, participantes do projeto intitulado “Mania de Viver”, corroboram com Sousa (2015), que afirmou poder perceber que as praticas de atividades físicas realizadas no polo da academia da saúde em Santa Cruz – PB melhorou, ou seja, diminuíram perceptivamente o valor das variáveis antropométricas e dos indicadores nutricionais dos idosos. Sendo que, a diminuição nesses preditores contribui para

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diminuição das doenças crônico-degenerativas como a hipertensão arterial, diabetes e colesterol, e também, consequentemente a futuras mortes ocasionadas por esses males. Desta forma, as medidas de promoção da saúde por meio de atividades físicas e habituais avaliações do perfil antropométrico e nutricional das pessoas idosas promovem uma melhoria significativa nos padrões de qualidade de vida dos idosos.

5 CONCLUSÃO

A população do presente estudo, constituída por idosas participantes de projeto de promoção da saúde, apresentou baixos fatores de risco cardiovascular para prática de atividades físicas. Entretanto, a idade das voluntárias indica fator de risco para doenças cardiovasculares e está associada a indicadores do estado nutricional indesejáveis encontrados, como presença de sobrepeso e alta adiposidade abdominal, que sugerem risco para doenças metabólicas, aumentando a incidência de doença cardiovascular e câncer.

Portanto, fica evidente que há necessidade de acompanhamento clínico e educação nutricional para participantes de projeto com foco no bem-estar do idoso. Tais estratégias, quando efetivas podem contribuir para a prevenção de doenças crônicas no envelhecimento.

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Tabela 1 – Estratificação de fatores de risco cardiovascular avaliado pelo ACSM/AHA (2010) de idosas participantes  do projeto &#34;Mania de Viver&#34;, Serranópolis – GO
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