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TÍTULO: A Tecnologia Assistiva como facilitadora do processo de ensino e aprendizagem: uma parceria do Instituto Helena Antipoff e a Terapia Ocupacional da UFRJ

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Academic year: 2019

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TÍTULO: A Tecnologia Assistiva como facilitadora do processo

de ensino e aprendizagem: uma parceria do Instituto Helena

Antipoff e a Terapia Ocupacional da UFRJ

Miryam Bonadiu Pelosi (1)

1 Introdução

Em um sentido mais amplo, pode-se dizer que qualquer ferramenta ou dispositivo como um lápis, um carro, uma calculadora ou um computador, são tecnologias utilizadas para facilitar a realização de tarefas. Esses recursos de tecnologia são usados para melhorar a vida de todos nós facilitando nossas atividades diárias em uma série de aspectos.

Quando usamos o termo Tecnologia Assistiva, traduzido do inglês Assistive

Technology estamos nos referindo, mais especificamente, a recursos e serviços

oferecidos a pessoas de todas as idades que tenham necessidades especiais por conseqüência de dificuldades motoras, sensoriais, cognitivas ou de comunicação. Os recursos de Tecnologia Assistiva são recursos que potencializam a participação de crianças e adultos em atividades que fazem parte do dia a dia de todas as pessoas como falar, escrever, ouvir, ver, comer, beber, usar o telefone, abrir portas e outras atividades rotineiras.

Os serviços de Tecnologia Assistiva são prestados à pessoa com necessidade especial por profissionais de várias áreas visando selecionar, confeccionar, adaptar um recurso de Tecnologia Assistiva ou auxiliar na escolha da melhor estratégia ou técnica para realização de uma atividade.

A Tecnologia Assistiva é, então, uma área de conhecimento interdisciplinar que engloba recursos, estratégias, metodologias, práticas e serviços com o objetivo de promover a funcionalidade e participação de pessoas com incapacidades, buscando autonomia, qualidade de vida e inclusão social (Brasil, 2007).

A Tecnologia Assistiva engloba áreas como a mobilidade alternativa, a adequação postural, a Comunicação Alternativa e Ampliada(2), o acesso ao

computador e suas adaptações, a acessibilidade dos ambientes, a adaptação de atividades escolares, a adaptação de equipamentos de lazer e recreação, e o transporte adaptado (King, 1999; Barnes; Turner, 2001; Bersh; Pelosi, 2007).

Essa área de conhecimento, de caráter interdisciplinar, possibilita o envolvimento de muitos profissionais como educadores, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, oftalmologistas, especialistas em audição, protéticos, engenheiros, mas, principalmente, requer a colaboração dos usuários e seus familiares.

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do terapeuta ocupacional na Tecnologia Assistiva envolve a avaliação das necessidades dos usuários, de suas habilidades físicas, cognitivas e sensoriais, de sua condição sociocultural e das características físicas do ambiente em que o recurso será utilizado. O terapeuta ocupacional promove, ainda, a instrução do uso apropriado do recurso e orienta as outras pessoas envolvidas no uso dessa tecnologia (CAOT Position Statement, 2003).

O campo da Tecnologia Assistiva tem se mostrado essencial como facilitador do processo de inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais, pois as dificuldades de participação de uma criança na escola podem incluir problemas com o posicionamento sentado, dificuldades no deslocamento em espaços da escola, na comunicação, na alimentação, na higiene e, em especial, dificuldades no aprendizado da leitura, escrita, matemática, ciências, artes, música ou outros temas pertinentes ao espaço educacional (Cook; Hussey, 2002).

A Tecnologia Assistiva é uma área de conhecimento fundamental para a área da neuroeducação, pois contribui com recursos, estratégias e serviços que favorecem o desenvolvimento cognitivo ao posicionar mais adequadamente o aluno com paralisia cerebral em sua carteira, quando possibilita uma comunicação alternativa ou suplementar através de símbolos pictográficos ou quando busca alternativas para a escrita, sejam elas através de adaptadores para o lápis ou teclados virtuais com predição de palavras.

Crianças com dificuldades sensoriais, motoras, cognitivas ou sociais severas podem se beneficiar da Tecnologia Assistiva para ampliar sua participação e favorecer o aprendizado. Essas dificuldades podem decorrer de problemas ocasionados por quadros de paralisia cerebral, transtornos invasivos, traumatismo cranioencefálico, sequelas de infecções como meningite ou toxoplasmose, doenças degenerativas ou síndromes genéticas.

1.1 A educação no município do Rio de Janeiro

O município do Rio de Janeiro possui 6,2 milhões de habitantes e tem a maior rede de educação pública na América Latina, com 1063 escolas, 255 creches públicas municipais em funcionamento, 170 creches conveniadas, sete espaços de desenvolvimento infantil, 13 clubes escolares, dez núcleos de artes e 20 polos de educação pelo trabalho. Toda a rede atende a 691.728 alunos. Para atender a todos os alunos a prefeitura conta com 35.483 professores e 13.239 funcionários de apoio administrativo.

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As modalidades de atendimento na Educação Especial compreendem a escola especial, as classes especiais, as classes hospitalares, as salas de recursos, as Salas Multifuncionais(3), o professor itinerante, o professor itinerante domiciliar e os

polos de educação infantil.

Desde 2005 o Ministério da Educação vem implementando Salas de Recursos Multifuncionais em todos os Estados. De 2005 a 2009, foram oferecidas 15.551 salas de recursos multifuncionais, para todos os estados e o Distrito Federal somando 4.564 municípios brasileiros atendidos (Brasil, 2010).

Segundo publicação do Ministério da Educação para implementação das Salas de Recursos Multifuncionais o perfil do professor dessas salas deve ser um profissional graduado, pós-graduado ou habilitado por formação continuada para o trabalho com os alunos com necessidades educacionais especiais com conhecimento acerca de áreas como: “Comunicação Aumentativa e Alternativa, Sistema Braille, Orientação e Mobilidade, Soroban, Ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, Ensino de Língua Portuguesa para Surdos, Atividades de Vida Diária, Atividades Cognitivas, Aprofundamento e Enriquecimento Curricular” (Brasil, 2006).

Na nova concepção da Sala de Recursos Multifuncionais não existe mais o agrupamento de alunos por deficiência ou especificidade como acontecia na Sala de Recurso, pois o governo tem a expectativa de que todos frequentem o mesmo Atendimento Educacional Especializado e que o professor tenha formação para atender a todas as necessidades apresentadas, prescindindo de formação específica, como anteriormente (Brasil, 2008).

A partir dessa nova perspectiva, as Salas de Recursos Multifuncionais tornaram-se um espaço de grande relevância como Atendimento Educacional Especializado para os alunos incluídos.

Há dois tipos de Salas Multifuncionais: o Tipo 1 que tem uma estrutura básica capaz de atender a qualquer deficiência e a sala do Tipo 2 que é mais voltada para os alunos com deficiência visual.

1.2 Formulação da situação problema

As Salas de Recursos Multifuncionais tornaram-se um espaço de Atendimento Educacional Especializado muito importante na Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, e os professores que nela trabalham precisam de um conhecimento mais diversificado para o acompanhamento dos alunos com necessidades educacionais especiais. Os professores estão tendo acesso a vários recursos de Tecnologia Assistiva e precisam estar habilitados para utilizá-los. Uma das áreas que os professores precisam se familiarizar, nessa nova perspectiva, é a Comunicação Alternativa e Ampliada.

Nas Salas Multifuncionais do Tipo1, por exemplo, foram distribuídos, pelo Ministério da Educação, dois softwares o Boardmaker e o Speaking Dynamically Pro,

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comunicação para apoiar diferentes atividades pedagógicas, livros de história adaptados, atividades de enriquecimento do currículo ou o desenvolvimento de estratégias para a escrita alternativa, materiais que podem ser impressos ou utilizados no próprio computador, como atividades adaptadas. Os softwares são personalizáveis e, para a construção dos recursos, é necessário que o professor aprenda a utilizá-lo e esteja capacitado a pensar em estratégias e técnicas que favoreçam a comunicação e o aprendizado da leitura, escrita e matemática de alunos com diferentes necessidades especiais.

Foram distribuídos, também, vários recursos alternativos de acesso ao computador como teclado com colmeia e mouse adaptado com acionador, outra área de conhecimento da Tecnologia Assistiva.

A disponibilização de 15 mil novas salas multifuncionais acarretou um sério problema de formação de recursos humanos capazes de transformar a tecnologia recebida em recursos pedagógicos acessíveis que possibilitem minimizar as barreiras para a aprendizagem dos alunos incluídos.

O aumento na complexidade e na quantidade de equipamentos de Tecnologia Assistiva vem criando a necessidade de uma formação específica dos profissionais da escola e esse aprimoramento pode ser realizado através de estratégias que incluem os programas de formação em serviço, workshops, conferências, cursos de curta duração em universidades, cursos não presenciais e cursos nas turmas de graduação (Cook; Hussey, 2002).

Considerando a emergência da situação, a formação em serviço será uma das estratégias que precisará ser utilizada. Para que a formação possibilite mudanças na ação e na conduta dos profissionais, ela deve se caracterizar por cursos contínuos que atendam aos interesses dos grupos, deve trabalhar com grupos homogêneos, e deve contar com a participação coletiva dos profissionais na elaboração de seu conteúdo.

Para atender a essa demanda foi proposto pelo curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro um projeto de extensão a comunidade que promoveu uma parceria entre a Universidade e o Instituto Helena Antipoff.

O projeto intitulado “Formação em serviço de professores de Salas Multifuncionais para o desenvolvimento da Comunicação Alternativa com os alunos com necessidades educacionais especiais”(4) tem por objetivo planejar, implementar e

avaliar os efeitos de um curso de formação na área de Comunicação Alternativa destinado aos professores que trabalham nas Salas Multifuncionais da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, além de traçar o perfil desses professores dos alunos acompanhados por eles, e da forma de funcionamento das salas.

2 Procedimentos metodológicos

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Participam do estudo 19 professores das salas multifuncionais do município do Rio de Janeiro que já receberam do Ministério da Educação os softwares de Comunicação Alternativa, 200 alunos com necessidades educacionais especiais com idades entre 6 e 20 anos, que são acompanhados por esses professores e cujos responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e três professores que trabalham na Oficina Vivencial, sala que faz parte do Centro de Referência em Educação Especial do Instituto Helena Antipoff no Rio de Janeiro.

Os professores foram recrutados pelos coordenadores das 10 Coordenadorias Regionais de Educação, e os alunos foram recrutados pelos professores participantes do projeto. Cada professor participante está fazendo a coleta de dados sobre seus alunos através do preenchimento de um questionário.

Foram excluídos do estudo os professores das salas multifuncionais que ainda não tinham sala definida e/ou que não haviam recebido o material distribuído pelo Ministério da Educação, e os alunos cujos responsáveis não autorizaram a participação no projeto de pesquisa.

2.2 Local e instrumentos

O estudo tem sido realizado na Escola Municipal Tia Ciata, no centro da cidade do Rio de Janeiro, que conta com um laboratório de informática e encontra-se em local de fácil acesso para todos os participantes do grupo. As atividades complementares e de supervisão aos bolsistas estão sendo realizadas na sala da coordenação do curso de Terapia Ocupacional na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Ilha do Fundão.

Os instrumentos para coletas de dados compreendem quatro questionários. O questionário 1 teve o objetivo colher dados sobre o professor da Sala Multifuncional, o questionário 2 objetivou avaliar o conhecimento do professor da Sala Multifuncional na área de Comunicação Alternativa e conhecer seu interesse e opiniões sobre a estruturação do curso de formação, o questionário de avaliação do curso e do professor teve como objetivo avaliar o curso de formação e o desempenho dos pesquisadores no papel de formadores, e o questionário 4 teve a função de colher dados sobre os alunos acompanhados nas Salas Multifuncionais.

2.3 Procedimentos

O método que está sendo utilizado é a pesquisa-ação. A metodologia da pesquisa-ação tem servido de base para a criação de conhecimentos com o objetivo de implementar novas alternativas educacionais facilitadoras do processo de inclusão escolar para os alunos com dificuldades comunicativas.

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em serviço. Nesse momento o curso de formação encontra-se na 2ª etapa que compreende a supervisão ao trabalho dos professores.

A formação terá a duração total de 80 horas divididas em 23 encontros de três horas e meia cada, que vem acontecendo semanalmente desde abril de 2010.

As estratégias de organização das aulas e a escolha dos temas levaram em conta as necessidades e interesses dos profissionais e consideraram os materiais que estão disponíveis nas Salas Multifuncionais do Tipo 1 e o objetivo de formação de profissionais para o desenvolvimento da Comunicação Alternativa.

O objetivo geral da formação proposto foi a preparação dos profissionais para o desenvolvimento do trabalho de Comunicação Alternativa nas salas multifuncionais e a multiplicação desse conhecimento nas Unidades Educacionais em que os alunos estão inseridos. Os objetivos específicos envolveram a capacidade de desenvolver respostas afirmativas e negativas consistentes na criança que não fala, a construção de pranchas de comunicação e sua implementação na escola, a indicação de órteses para auxiliar o processo de escrita, a determinação da melhor forma de acesso ao computador, a adaptação das atividades pedagógicas para a criança que não fala e não escreve, e o desenvolvimento e implementação de pranchas eletrônicas desenvolvidas com o software Speaking Dynamically Pro (SDP), que consta da lista de recursos das salas Multifuncionais do Tipo 1.

Uma das estratégias no processo de formação foi o acompanhamento de duas Salas Multifuncionais através de filmagens e do relato de suas professoras que eram bolsistas de Treinamento e Capacitação Técnica (TCT).

3 Resultados

O trabalho está em curso e nesse texto serão apresentados os dados do curso de formação, com detalhamento dos recursos e estratégias de Tecnologia assistiva que foram trabalhados aos professores com o objetivo de auxiliar o processo de aprendizado dos alunos com necessidades educacionais especiais.

Os dados serão apresentados sobre quatro aspectos principais: recursos e estratégias para leitura, escrita, matemática e comunicação alternativa e ampliada. Finalmente serão apresentados sobre a produção dos professores até o momento.

Tecnologia Assistiva como instrumento facilitador de participação no espaço educacional

3.1 Leitura

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texto em voz alta é preciso ter a habilidade de falar, e as habilidades cognitivas envolvidas estão relacionadas à identificação e compreensão das palavras (Cook; Hussey, 2002).

Os recursos, estratégias e técnicas de Tecnologia Assistiva para favorecer esse trabalho podem envolver um auxiliar no papel de professor mediador, sem uso de tecnologia (no-tech) que posicione o livro na altura dos olhos da criança e que vá apontando para ela palavra por palavra do texto.

Estratégias que utilizam recursos de baixa tecnologia (low-tech) também estão indicadas. Pode ser necessário que o tipo de letra seja modificado, pois algumas crianças apresentam dificuldades em decodificar textos escritos em letra script, tipo de letra que apresenta a grafia semelhante para algumas letras como “b, p, d e q” como bolinhas e traços ora virados para direita, ora para a esquerda, ora para cima, ora para baixo. Nesses casos o uso de letras de imprensa maiúscula, “B, P, D, Q”, é o mais indicado. Esse recurso de baixa tecnologia pode estar associado a estratégias que incluam um espaçamento ampliado entre as linhas e/ou um maior afastamento entre as palavras.

Estratégias que se apóiam em recursos de alta tecnologia (high-tech) podem também ser necessárias. O texto a ser lido pode estar digitalizado em um programa que destaque uma palavra por vez para as crianças que são capazes de ler, ou leia o texto para a criança que ainda não sabe ler ou que tenha uma dificuldade sensorial como a deficiência visual, que a impossibilite de leitura de textos impressos em papel ou na tela do computador. O texto pode também ser impresso com o auxílio de uma impressora Braille para ser acessível pelo tato.

As crianças que apresentam quadro de baixa visão podem se beneficiar de lupas manuais ou eletrônicas para ampliar o texto.

O acesso aos textos no computador pode ser realizado através do mouse convencional, ou através de recursos de tecnologia assistiva como mouses ampliados acoplados a colméias ou joysticks adaptados.

3.2 Escrita

Escrever é uma atividade que requer habilidades motoras, sensoriais e cognitivas. O uso de uma caneta ou lápis exige habilidades motoras para segurar e manter o instrumento de escrita e coordenação motora fina para grafar as letras.

A escrita como processo cognitivo vem sendo descrita como um processo que consiste em quatro fases: a primeira considerada como pré-escrita ou “tempestade de idéias”; a segunda que envolve a organização e composição do texto; a terceira fase onde ocorre a edição, e a quarta fase que é a publicação (Cook; Hussey, 2002).

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Existem várias alternativas de escrita para que os alunos consigam completar suas tarefas com sucesso. Soluções que não utilizam recursos tecnológicos podem envolver o auxílio de um adulto para fazer o traçado em uma tarefa de ligar ou de escrever a partir de um texto ditado pela criança.

São exemplos de recursos de baixa tecnologia, as adaptações realizadas nos instrumentos da escrita como o lápis, a caneta ou giz de cera, com o auxílio de engrossadores, ou as adaptações acopladas a órteses de posicionamento de punho ou dedos. Outros exemplos incluem o uso de letras móveis para serem organizadas em palavras ou o uso de um banco de palavras para compor a frase e o texto. Esse banco de palavras pode ser organizado com etiquetas, estar impresso e plastificado para ser acessado a partir de um conjunto pré-selecionado em um suporte ou estar organizado em um teclado customizado quando envolve o uso de recursos de alta tecnologia.

Outros exemplos de recursos de alta tecnologia para a escrita são: um processador de texto com sistema de predição, softwares que reconhecem a escrita manuscrita realizada na tela do computador e a transformam em textos para posteriormente serem armazenados ou modificados, ou ainda, programas que reconhecem e transformam a fala em texto.

Muitos recursos alternativos de escrita requerem a habilidade do aluno em utilizar o teclado e o mouse. Teclados ampliados ou diminuídos, teclados com redução do número de teclas ou teclados customizados podem ser essenciais para a realização dessa tarefa.

Algumas alternativas de escrita podem ser muito lentas fazendo com que a criança consiga realizar apenas parte de suas tarefas, contudo o aluno tem a oportunidade de desenvolver todo o raciocínio envolvido na tarefa de escrita que são fundamentais para o seu aprendizado.

3.3 Matemática

Embora a maior parte dos estudantes aprenda matemática a partir da manipulação dos objetos concretos em atividades de contagem e classificação, para algumas crianças com dificuldades motoras graves isso é impossível.

Muitas estratégias pensadas para a escrita podem ser utilizadas para as atividades de matemática, contudo, para a matemática são necessárias estratégias adicionais, pois pensar matematicamente quase sempre requer o auxílio de lápis e papel ou objetos concretos para solucionar os problemas. Muito poucas pessoas são capazes de realizar atividades matemáticas sem realizar alguma representação visual. Quando o aluno possui uma deficiência visual ele pode o Soroban como recurso de representação matemática.

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devem ser colocadas, em um determinado pote ou, em atividades de classificação, como realizar a separação do material.

Recursos de baixa tecnologia incluem material dourado ampliado, peças para contagem que podem estar adaptados com velcro para que possam ser facilmente fixadas pela criança em uma base de carpete, quadro valor de lugar ampliado com espaço para colar números plastificados com velcro e ainda, uma série de jogos adaptados que estimulem o desenvolvimento de conceitos matemáticos.

Pensando em recursos de alta tecnologia para auxiliar o desenvolvimento da matemática, os programas de computador que trazem atividades de contagem e classificação são extremamente úteis. O aluno pode acessar o programa através do clique do mouse e auxiliado pela função de arrastar reposicionar os objetos. As setas do teclado também podem ser utilizadas para esse fim, e finalmente, o programa pode ser acessado através um acionador acoplado a um mouse adaptado que controlará programas que funcionam por sistema de varredura.

Outro problema para a matemática em relação à escrita é que os cursores do computador se movem da esquerda para a direita e não da direita para a esquerda, como são necessários para a realização de algumas operações. Programas especiais podem resolver esse problema e precisam ser utilizados.

3.4 Comunicação

As considerações sobre o uso da Comunicação Alternativa e Ampliada na escola permeiam todas as discussões feitas até o momento nesse texto.

A sala de aula é um ambiente rico em interações e experiências e a criança que não fala e não possui um recurso alternativo de comunicação fica excluída desse processo.

Não é possível pensar em inclusão verdadeira se a criança nem, ao menos, consegue se comunicar com seus pares. Como os professores vão saber se ela compreendeu o que foi dito? Como os professores vão entender suas respostas nas situações de avaliação?

O trabalho de comunicação alternativa pode ser realizado com recursos não tecnológicos como o oferecimento de dois objetos para que a criança escolha o quer fazer ou com qual lápis de cor quer pintar seu desenho. Pode envolver estratégias comunicativas onde o parceiro de comunicação realiza perguntas do tipo sim e não e a criança responde a partir de seus sinais afirmativos e negativos como um movimento de cabeça, um piscar de olhos ou a emissão de um som.

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a criança que não fala. São recursos simples como esses que possibilitam a participação das crianças nas atividades escolares.

Os recursos de alta tecnologia incluem comunicadores de voz gravada ou sintetizada, comunicadores em forma de relógio, comunicadores onde o acesso é feito com o toque na tecla e comunicadores que funcionam com sistema de varredura. O computador é um excelente aliado no trabalho da comunicação alternativa. Associados com softwares especialmente desenvolvidos para esse fim ou com softwares projetados para outros fins, mas utilizados de maneira adaptada, permitem que a criança se comunique, realize suas atividades escolares, faça provas adaptadas e se divirta utilizando o computador.

Para que as crianças com dificuldades motoras mais graves acessem o computador são necessárias adaptações no teclado, no mouse ou nos softwares. Aqui também o acesso pode ser direto ou através do sistema de varredura e o profissional especialista na área de Tecnologia Assistiva poderá determinar a melhor maneira de fazer isso.

3.5 Produção dos professores

No decorrer dos 13 primeiros encontros os professores produziram vários recursos com o software Boardmaker queincluíram: fichas com símbolos, fotografias, letras, sílabas, palavras e números; pranchas de comunicação; atividades pedagógicas adaptadas, e jogos infantis adaptados. No computador foram desenvolvidas histórias utilizando o software PowerPoint e pranchas eletrônicas e atividades de alfabetização e comunicação, utilizando o software Speaking Dynamically Pro.

Toda a produção dos professores foi impressa, plastificada e organizada com a ajuda das quatro bolsistas do curso de Terapia Ocupacional.

Cada professor recebeu sua produção impressa em cores e teve a oportunidade de plastificar o seu material com o auxílio de uma plastificadora que ficou a disposição dos professores no decorrer do curso. As atividades desenvolvidas no computador com o auxílio dos softwares PowerPoint e Speaking Dynamically Pro foram revisadas pela pesquisadora e discutidas com os participantes nos encontros de formação.

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As atividades foram organizadas por categorias, a saber: atividades de ciências, matemática, português, pré-escolares, atividades pedagógicas, pranchas de comunicação, jogos adaptados, histórias e símbolos soltos. As pranchas de comunicação apresentaram temas como: atividades escolares, rotina, calendário, histórias, animais, receita, alimentação, frutas, brinquedos e brincadeiras, passeios, coisas que o usuário gosta de fazer, vestuário, coisas que o usuário quer fazer, família e sentimentos.

Os jogos reuniram atividades conhecidas das crianças e outras que foram inventadas pelos professores. Atividades como batalha naval, senha de animais e cores, bingo dos sentidos, jogo das sílabas, jogo das cores, leitura e interpretação de histórias, cara a cara, jogo de adivinhação do tipo Quem sou eu, também fizeram parte do acervo.

Foram também desenvolvidas pranchas eletrônicas para serem utilizadas no computador e acessadas com o mouse ou acionador externo ligado ao mouse adaptado.

Até o momento foram produzidas 169 pranchas que foram impressas e catalogadas e estão disponíveis na internet.

3 Conclusão / Considerações Finais

A parceria entre a Universidade e o Instituto Helena Antipoff tem se mostrado fundamental. Os professores pesquisadores do curso de Terapia Ocupacional têm contribuído com o conhecimento da área de Tecnologia Assistiva e aprimorado a ação dos professores que estão em campo. O processo de formação continua, agora em formato de supervisão, pois não basta que os professores aprendam a construir recursos.

O recurso de Tecnologia Assistiva é apenas parte da resposta, pois, analogamente, um piano não faz um pianista. O recurso é fundamental, mas é preciso que o professor seja capaz de colocar em prática os materiais construídos, para que possa favorecer a aprendizagem dos alunos.

A segunda etapa da formação, que teve início em agosto de 2010, ajudará os professores no uso das estratégias e técnicas para a realização das ações na área de Tecnologia Assistiva.

A parceria entre a Universidade e a escola tem mostrado que é fundamental que a formação propicie espaços de troca, pois neles acontece a verdadeira aprendizagem.

Nota(s) Explicativa(s)

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(2) A Comunicação Alternativa e Ampliada é um grupo integrado de componentes que inclui os símbolos, os recursos, as estratégias e as técnicas adaptadas que vão auxiliar as pessoas com dificuldades comunicativas e/ou escrita a se comunicarem e a participarem de suas atividades diárias.

(3) O documento Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusivadefine as Salas de Recursos Multifuncionais como sendo um espaço que agrega em sua organização, materiais, equipamentos e profissionais com formação para o atendimento ao mesmo tempo, de alunos com diferentes deficiências, transtorno global de desenvolvimento ou superdotação.

(4) O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho com o Protocolo no. 075/10 - CEP e

foi financiado pela Faperj – Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. O projeto contou com duas bolsistas de Iniciação Científica e duas bolsistas de Treinamento e Capacitação Técnica financiadas pela Faperj e duas bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Extensão – PIBEX da UFRJ. O projeto contava, ainda, com uma pesquisadora do Curso de Terapia Ocupacional a professora Vera Lúcia Vieira de Sousa.

Referências

Barnes, K. J.; Turner, K. D. Team collaborative practices between teachers and occupational therapist. The American Journal of Occupational Therapy, v.55, n.1, p.83-9, January/February 2001.

Bersh, R.C.R.; Pelosi, M.B. Portal para ajudas técnicas. Tecnologia Assistiva: recursos de acessibilidade ao computador. Brasília: MEC/SEESP, 2007.

Brasil. Sala de recursos multifuncionais: espaços para atendimento educacional especializado. Elaborado por: Denise de Oliveira Alves, Marlene de Oliveira Gotti, Claudia Maffini Griboski, Claudia Pereira Dutra - Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 36p. 2006.

Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002991.pdf . Acesso realizado em 07/09/2010.

_____. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007. In: Inclusão: Revista da Educação Especial. v.4, nº. 1, p.7- 17. Brasília: MEC/SEESP, 2008.

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Canadian Association of Occupational Therapists Position Statement. Assistive Technology and Occupational Therapy. The Canadian Journal of Occupational Therapy, v.70, n.2, p.113-8, April 2003.

Cook, A.M.; Hussey, S.M. Assistive Technologies: Principles and Practice. Missouri: Mosby, 2nd ed., 2002.

King, T.W. Assistive Technology – Essential Human Factors. Boston: Allyn and Bacon, 1999.

Referências

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