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O efeito do tamanho da fonte e da associação nos julgamentos de aprendizagem

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Academic year: 2020

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Ana Filipa Pinto Gonçalves

junho de 2017

O Efeito do Tamanho da Fonte e da Associação

nos Julgamentos de Aprendizagem

Ana Filipa Pinto Gonçalves

O Efeito do T

amanho da F

onte e da Associação nos Julgamentos de Aprendizagem

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Ana Filipa Pinto Gonçalves

junho de 2017

O Efeito do Tamanho da Fonte e da Associação

nos Julgamentos de Aprendizagem

Trabalho efetuado sob a orientação do

Professor Doutor Pedro Albuquerque

e do

Professor Doutor Karlos Luna

Dissertação de Mestrado

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Índice Agradecimentos……….iii Resumo………..iv Abstract………...v Introdução………...6 Método………..11 Participantes…...………..11 Planeamento………..11 Materiais………12 Procedimento………13 Resultados……….15 Codificação de Respostas………...15 Análises Estatísticas………..16 Discussão de Resultados………17 Referências………21 Anexos………..22

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Agradecimentos

Gostaria de começar por agradecer a concretização deste documento, que sintetiza o trabalho realizado durante o meu último ano do curso de Psicologia da Universidade do Minho, a um grupo de investigação muito especial pelo qual me interessei desde o meu 1º ano de curso, o grupo de investigação de Memória Humana, pois através deste grupo foi-me possível conhecer um pouco melhor uma das melhores ferramentas que temos na nossa vida… a memória.

Agradecer especialmente ao professor Doutor Pedro Albuquerque e ao professor Doutor Karlos Luna pela paciência, cuidado, prestabilidade e sobretudo orientação neste projeto que foi a minha dissertação de mestrado.

Quando recordamos pessoas importantes que nos auxiliaram na concretização deste documento, as nossas memórias autobiográficas remetem-nos para aqueles que sempre estiveram connosco desde o 1 ano de vida… a família! Deixo um especial agradecimento aos meus pais por me terem ensinado que nunca nos falta nada quando a família permanece unida mesmo nas pequenas adversidades da vida.

Agradecer também, com muito carinho, àqueles que de uma forma ou de outra acabaram por se tornar uma segunda família para mim no percurso da minha vida pessoal e académica. Este parágrafo é dedicado a todos aqueles que iluminam a minha vida. Chamo-lhes amigos!

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O Efeito do Tamanho da Fonte e da Associação nos Julgamentos de Aprendizagem

Uma forma de estudar as perceções que as pessoas têm sobre a sua aprendizagem é através dos julgamentos de aprendizagem -JOLs- julgamentos feitos à capacidade de recordar, mais tarde, a informação estudada no momento atual. No presente estudo, temos por objetivo estudar de que forma é que o tamanho da fonte e a associação de frases influenciam os JOLs e a posterior recordação. Em concordância com a literatura, hipotetizamos que tamanhos da fonte maiores originem JOLs mais elevados embora não sejam esperadas diferenças significativas na recordação. Quanto à associação é esperado que para pares de frases altamente associadas quer os JOLs quer a recordação sejam mais elevados. Os participantes realizavam JOLs para trinta pares de frases associadas (alta associação ou baixa associação) onde o tamanho da fonte era contrabalançado. Posteriormente realizavam um teste de memória. O presente estudo mostrou que não há diferenças significativas ao nível do tamanho da fonte para os JOLs ou recordação. Contudo para a associação os JOLs eram mais elevados e a recordação era melhor para pares de frases altamente associados. O que permite concluir que o tamanho da fonte não influencia a aprendizagem, porém materiais de alta associação influenciam positivamente os JOLs e a recordação.

Palavras-chave: julgamentos de aprendizagem, efeito do tamanho da fonte, pares de frases associados

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The Font-Size Effect and Association for Judgments of Learning

A frequent procedure used to study how people monitor their knowledge is sudy judgments of learning -JOLs- judgment that people do to their capacity to remember the information study on present moment. In the present investigation, will study the effect of the font-size and the association pair sentences in judgments of learning and recall. So we expect that JOLs are larger for big font-size but were no significant for recall. To association we expect that JOLs and recall are better for height sentences-association. In the experiment participants make JOLs for thirty sentences-association (high and low association) where font-size effect was random. After that they do the recall test. The study show that’s no font size-effect for JOL or recall, but for high association pairs of sentences JOLs and recall are better. So we can conclude that the font-size effect don’t help on study, but association of material help on JOLs and memory.

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Introdução

Desde há muitos anos que alguns grupos de seres humanos se veem obrigados a memorizar uma serie de informações, com as quais lidam diariamente, para realizarem eficazmente as suas tarefas. Muitos deles recorrem a suplementos alimentares a fim de encontrarem a fórmula mágica que lhes permita codificar e reter mais facilmente a informação com a qual trabalham. Um dos grupos de que falamos são os estudantes, e estes, talvez sejam a população que mais procura esta fórmula, dada a quantidade abismal de informação que tem que codificar diariamente para mais tarde evocarem no seu exame final ou até mesmo no seu percurso profissional. Na verdade se existir algum mecanismo que permita facilitar a codificação, passará certamente pelas diretrizes da metamemória. E é precisamente sobre ela que se debruça a presente investigação.

A metamemória é uma metacognição que traduz e explica não só o conhecimento que temos acerca das nossas memórias como também o conhecimento que temos acerca dos processos envolvidos na monitorização de conteúdos (Dunlosky e Bjork, 2008). Deste modo, conhecer e estudar a metamemória é essencial para ajudar a compreender até que ponto podemos controlar processos como a codificação e recordação das nossas memórias.

Empiricamente recorre-se ao estudo dos julgamentos de aprendizagem para avaliar as capacidades metacognitivas do ser humano. Rhodes e Castel (2008) definem os julgamentos de aprendizagem – JOLs – como os julgamentos feitos à capacidade de recordar, mais tarde, a informação estudada no momento atual. Para melhor compreensão uma questão frequente quando se estudam os JOLs é: numa escala de 0 a 100 quão facilmente é que considera que se irá recordar, mais tarde, da informação que acabou de estudar no momento atual? Deste modo, o estudo dos julgamentos de aprendizagem em contexto experimental permite perceber de que forma é que os participantes controlam processos como a codificação e a recordação de conteúdos.

No momento de estudo de uma nova informação, os participantes tendem a procurar no material de estudo pistas distintivas que auxiliem a codificação da informação e facilitem o acesso à memória para posterior recordação. Soderstrom, Clark, Halamish e Bjork (2015), mostraram que é nessas pistas, consideradas distintivas, que os participantes se baseiam no momento em que lhes é pedido para efetuarem julgamentos de aprendizagem sobre a informação que acabaram de estudar.

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Há muitas pistas que afetam os julgamentos de aprendizagem. Por exemplo, Rhodes e Castel (2008), mostraram que o tamanho da fonte influencia os JOLs, uma vez que os participantes se baseiam nos diferentes tamanhos da fonte para efetuarem os seus julgamentos de aprendizagem. O efeito do tamanho da fonte pressupõe então que os participantes tendem a classificar como mais memoráveis palavras escritas em tamanhos da fonte maiores. Tal é traduzido pela atribuição de JOLs mais elevados para palavras apresentadas em tamanho da fonte maiores (por exemplo, tamanho 48) por oposição a palavras que são apresentadas em tamanho da fonte mais pequeno (por exemplo, tamanho 18). Os autores explicam que este fenómeno ocorre uma vez que os participantes recorrem a pistas perceptuais (e.g. tamanho da fonte) como forma de acederem mais facilmente ao conteúdo armazenado. Explicam ainda que no momento da codificação do material, os participantes consideram que palavras escritas em tamanho da fonte maiores são percebidas como mais fluentes do que palavras escritas em tamanho da fonte pequeno. Isto significa que o processamento de palavras escritas em tamanho da fonte grande é considerado mais fácil por parte dos participantes no momento de codificação. Contudo, no estudo, Rhodes e Castel (2008) os autores mostraram que embora os participantes atribuam JOLs mais elevados a palavras com tamanho da fonte maiores face a tamanhos da fonte mais pequenos, não se verifica nenhuma relação significativa entre a atribuição de JOLs e a melhor recordação da informação. O que significa que o efeito da fluência para o tamanho da fonte não produz um impacto significativo na memória. Com estes resultados os autores mostraram que o tamanho da fonte é uma pista que cria uma ilusão metacognitiva, na medida em que os participantes acreditam que esta será uma pista que facilitará o acesso à memória, contudo não auxilia na recuperação de conteúdos.

Tal como Rhodes e Castel (2008), Mueller, Dunlosky, Tauber e Rhodes (2014) , tambem consideram o tamanho da fonte como uma pista influenciadora no momento de atribuir julgamentos de aprendizagem. Contudo, os seus estudos defendem uma teoria diferente. Com os seus estudos, os autores mostraram que não pode ser a fluência de processamento que leva os participantes a efetuarem JOLs mais elevados para palavras escritas em tamanhos da fonte maiores. Num estudo de decisão lexical cujos materiais de estudo eram palavras e não-palavras apresentadas em tamanhos da fonte grandes (fonte 48) e tamanhos da fonte pequenos (fonte 18), os participantes para além de efetuarem JOLs tinham que realizar uma tarefa de decisão lexical. Nessa tarefa tinham que decidir se a palavra que tinham à sua frente era uma palavra ou uma não palavra. Se fosse a teoria de fluência de processamento que estivesse na base da distintividade do tamanho da fonte, o tempo de decisão lexical seria tanto menos quanto maior

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fosse a sua fluência. Isto significa que o tempo de decisão lexical seria menor para palavras de tamanho da fonte grande face a palavras escritas a tamanho da fonte pequeno. Contudo, Muller e colaboradores (2014) constataram que não havia diferenças no tempo de decisão lexical para as palavras escritas em tamanho da fonte 18 e 48, pelo que não poderia ser a fluência de processamento a explicação para as diferenças dos JOLs.

Num outro estudo de Mueller e colaboradores (2014), os participantes estudavam uma serie de palavras apresentadas em tamanho da fonte grande e tamanho da fonte pequeno sobre as quais tinham de realizar julgamentos de aprendizagem. Para um dos grupos os JOLs eram pedidos imediatamente a seguir ao estudo de cada palavra e para o outro grupo os JOLs eram pedidos imediatamente antes do estudo de cada palavra (era indicado previamente qual o tamanho da fonte no qual a palavra ia ser apresentada, e os participantes realizavam efetuavam o JOL para aquela palavra). Os resultados mostraram que quer para a condição em que os JOLs eram efectuados antes quer para a condição em que os JOLs eram efetuados depois da palavra ser apresentada, os participantes achavam sempre que se iriam recordar de palavras escritas a tamanho a fonte maior. Neste sentido, os autores apontam a “hipótese da crença” como a explicação para o fenómeno. Segundo os seus estudos, o que acontece é que os participantes têm a crença de que o tamanho da fonte maior simboliza uma pista diferenciadora quanto à importância para memorizarem determinadas palavras. Assim, segundo esta hipótese, os participantes acreditam que deve ser mais importante memorizar palavras escritas em tamanhos da fonte maiores do que palavras escritas em tamanho da fonte mais pequenos. Através dos seus estudos, Mueller e colaboradores (2014) mostram que é a crença concebida pelos participantes no momento de codificação que está a originar JOLs mais elevados para tamanhos da fonte maiores. Contudo, os resultados dos seus estudos mantêm-se consistentes com a restante literatura, ou seja, embora os JOLs sejam mais elevados para palavras apresentadas em tamanho 48 face a palavras apresentadas em tamanho 18, não se observam diferenças significativas quanto à memória para os dois grupos de palavras.

Há ainda outra pista em estudo por vários autores que é apontada como preditora de JOLs mais elevados. Autores como Mueller, Tauber e Dunlosky (2013), quiseram verificar qual a influência da associação de palavras nos JOLs. Deste modo, recorrendo à hipótese da crença, os autores mostraram que os participantes acreditavam que palavras associadas (por exemplo, estrela - céu) seriam mais fáceis de recordar do que palavras não associadas associados (por exemplo, estrela - parafuso). Consequentemente, os JOLs atribuídos eram mais elevados quando os pares de palavras se encontravam altamente associados. Os autores mostraram ainda

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que há uma relação positiva entre a atribuição de JOLs e a recordação. Ou seja, os participantes recordam-se melhor de pares de palavras associadas cujos JOLs atribuídos são também mais elevados.

Contrapondo a Mueller e colaboradores (2013), autores como Begg, Duft, Lalonde, Melnick e Sanvito (1989) recorrem à teoria da fluência de processamento para explicar o motivo pelo qual os participantes tendiam a atribuir JOLs mais elevados para pares de palavras associadas face a pares de palavras não associados.

Assim, na mesma linha de pensamento dos estudos de Begg, (1989), Dunlosky, Baker, Rawson e Hertzog (2006) optaram por estudar a teoria da fluência de processamento através de pares de frases com elevado nível de associação e baixo nível de associação. Sendo que um exemplo de um par de frases de elevado nível de associação seria: Frase 1 ” O bebé da Susana parecia estar com muita febre.”, Frase 2 ” Ela pediu ao seu médico de família para vir imediatamente.”; ou então par de frases com baixo nível de associação: Frase 1 “A Susana deixou o seu bebé a brincar sozinho no seu berço.”, Frase 2 “Ela pediu ao seu médico de família para vir imediatamente.”. Nos estudos destes autores, os participantes tinham que avaliar, no final de cada par, quão capazes seriam de recordar a segunda frase posteriormente. Esta investigação permitiu constatar que as pessoas tendem a atribuir JOLs mais elevados para a segunda frase quando esta se encontra relacionada com a primeira. Assim Dunlosky e colaboradores (2006) mostraram que os participantes atribuem JOLs mais elevados quando os pares de frases se encontram relacionados e consequentemente a facilidade de processamento é mais elevada.

Após a análise da literatura é adequado afirmar que quer tamanhos da fonte maiores quer materiais de estudo (palavras/frases) altamente associadas culminam em julgamentos de aprendizagem mais elevados. Assim sendo, neste estudo foi investigado de que modo é que os julgamentos de aprendizagem e a recordação são influenciados pelo tamanho da fonte e pela associação de frases.

A pertinência desta investigação prende-se com a inexistência de estudos que relacionem duas das pistas que influenciam a atribuição de julgamentos de aprendizagem, o tamanho da fonte e a associação de conteúdos, bem como a proximidade do material de codificação em contexto experimental (frases) com o material estudado no quotidiano (conjunto de frases). Esta investigação poderá portanto ser a chave para uma melhor performance da memória a ser aplicada em contextos académicos.

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Neste sentido, o nosso estudo pretende avaliar de que modo é que o tamanho da fonte e a associação de frases influenciam quer os julgamentos de aprendizagem quer a recordação da informação. Neste sentido o presente estudo tem dois objetivos principais:

O primeiro objetivo pretende avaliar de que modo é que o tamanho da fonte e o grau de associação de frases influenciam os julgamentos de aprendizagem (JOLs). Assim, tendo por base a literatura existente, surgem as duas primeiras hipóteses experimentais. A primeira hipótese especula que os julgamentos de aprendizagem serão mais elevados para frases cujos tamanhos da fonte sejam maiores. Pela hipótese da crença explicada pelos autores Mueller e colaboradores (2014) esperamos obter JOLs mais elevados para frases apresentadas em tamanho da fonte 48 uma vez que segundo esta teoria os participantes acreditam que essa informação será mais importante para recordar face a frases apresentadas em tamanho da fonte mais pequeno. Pela hipótese da fluência de processamento apresentada por Rhodes e Castel (2008), os participantes tenderão a atribuir JOLs mais elevados a palavras com tamanho da fonte maiores uma vez que a facilidade de processamento é maior para essas mesmas palavras. A segunda hipótese especula que os julgamentos de aprendizagem são mais elevados para frases cujo grau de associação seja também mais elevado. Em concordância com os estudos de Mueller e colaboradores (2013), esperamos que os JOLs sejam mais elevados para pares de palavras altamente relacionados face a pares de palavras pouco relacionados, isto porque segundo a hipótese da crença participantes acreditam que pares se palavras associadas são mais importantes de recordar face a pares de palavras não relacionadas, neste sentido atribuem JOLs mais elevados. Segundo Dunlosky e colaboradores (2006), os participantes atribuem JOLs mais elevados a pares de frases associadas face a pares de frases não associadas uma vez que pela fluência de processamento é mais fácil processar material relacionado face a material não relacionado, pelo que os JOLs atribuídos são maiores quando a associação do material de estudo é também mais elevada.

O segundo objetivo desta investigação visa perceber de que modo é que o tamanho da fonte e a associação de frases influenciam a recordação das frases. Assim sendo, com base na literatura existente, a terceira hipótese experimental pressupõe que não existirão diferenças significativas ao nível do tamanho da fonte para a recordação das frases em concordância com os estudos realizados por Rhodes e Castel (2008) e Mueller e colaboradores (2014). E por fim, a quarta e última hipótese experimental estipula que frases com maior grau de associação serão mais facilmente recordadas face a frases não relacionadas esta hipótese experimental é suportada pelos resultados dos estudos de Mueller e colaboradores (2013) e pela teoria e

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resultados dos autores Begg e colaboradores (1989) e Dunlosky e colaboradores (2006). Estes dois últimos grupos de autores mostraram nos seus estudos que quanto mais elevada for a associação de frases maior será a fluência de processamento da informação, pelo que, uma vez que a fluência de processamento é mais elevada, a sua recordação estará consequentemente mais facilitada.

Método Participantes

Através de um sistema de creditação, foram recrutados para o estudo 60 estudantes do Mestrado Integrado em Psicologia da Universidade do Minho de ambos os sexos, sendo 58 do sexo feminino e 2 do sexo masculino. As idades dos participantes estavam compreendidas entre 18 e 48 anos (M = 20,99; DP = 3,89).

Planeamento

O presente estudo teve por base um design misto com duas variáveis independentes a associação de frases (variável inter-participante) que variava entre frases de alta associação e frases de baixa associação e o tamanho da fonte (variável intra-participante) que variava entre tamanho da fonte pequeno (fonte 18) e tamanho da fonte grande (fonte 48).

Para cada uma destas duas variáveis (associação de frases e tamanho da fonte) estudamos o comportamento de duas variáveis dependentes, nomeadamente os julgamentos de aprendizagem avaliados na primeira parte da experiência (fase de estudo) e a recordação avaliada na segunda parte da experiência (fase de recordação).

De modo a garantir número suficiente de frases que permitissem avaliar o efeito pretendido no estudo optamos por definir como número mínimo para a amostra 60 participantes. Assim, num total de 60 participantes, 30 participantes estudaram a condição de frases de alta associação, sendo que dessas 30 frases 15 foram apresentadas em tamanho da fonte grande (fonte 48) e as outras 15 frases foram apresentadas no tamanho da fonte pequeno (fonte 18). Os restantes 30 participantes estudaram 30 frases de baixa associação sendo que dessas 30 frases houve 15 frases apresentadas em tamanho da fonte grande (fonte 48) e as restantes 15 frases em tamanho da fonte pequeno (fonte 18).

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As duas condições da variável associação (alta associação e baixa associação) foram contrabalanceadas e o tamanho da fonte (pequeno- fonte 18 e grande- fonte 48) foi também contrabalanceado.

Assim sendo obtivemos quatro condições experimentais, as condições A e B que correspondiam às condições de frases de alta associação em que os tamanhos da fonte eram contrabalanceados entre essas duas condições e as condições C e D que correspondiam às condições de frases de baixa associação onde os tamanhos da fonte eram, também, contrabalanceados.

Materiais

A experiência tinha como materiais experimentais 30 pares de frases com associação alta e associação baixa retiradas e adaptadas dos estudos de Myers, Shinjo e Duffy (1987). Myers e colaboradores, utilizaram nos seus estudos 5 frases. Quatro das frases que eles utilizaram foram consideradas “frases pista” tendo cada uma delas diferentes graus de associação com uma “frase alvo” que era a frase que deveria ser recordada quando apresentada uma das quatro frases anteriores. Das 4 “frases pista” propostas pelos autores, a nossa experiência apenas utilizou a 1ª frase que é a que se encontra mais associada à “frase alvo” e a 4ª frase que é a que se encontra menos associada à “frase alvo”. Deste modo conseguimos garantir 2 condições sendo elas a de alta associação e baixa associação, respetivamente. Um exemplo de um par de frases apresentadas na condição de alta associação é: “frase pista” “O bebé da Susana parecia estar com muita febre.”, e “frase alvo” “Ela pediu ao seu médico de família para vir imediatamente.”; Um exemplo de frases apresentadas não relacionadas é: “frase pista” “A Susana deixou o seu bebé a brincar sozinho no seu berço.”, e “frase alvo” “Ela pediu ao seu médico de família para vir imediatamente.”. Todos os pares de frases utilizados para a recolha de dados encontram-se no final do documento na secção “Anexo 1” devidamente traduzidos e adaptados para Português Europeu.

A experiência foi realizada em duas das cabines insonorizadas do Laboratório de Cognição Humana da Escola de Psicologia da Universidade do Minho para a recolha de dados. A utilização das cabines tinha como principal finalidade reduzir elementos distratores quer no momento de codificação das frases quer no momento de recordação das mesmas. Recorremos ainda ao software LiveCode versão 7.1. que foi utilizado para programação e montagem da experiência.

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Procedimento

No Laboratório de Cognição Humana, local onde se situa a sala de recolha de dados, a experimentadora recebia os participantes por ordem de chegada e convidava-os a entrar para a cabine onde se iria realizar a experiência. Colocava uma das quatro condições (A, B, C e D) uma por cada participante e por ordem alfabética e assim que chegava à última condição (D) o participante seguinte responderia à condição (A) novamente de forma a ter uma seleção aleatória dos participantes para cada condição. A ordem de chegada dos participantes era também aleatória. Depois, a experimentadora fornecia as seguintes instruções aos participantes “Basta clicar no teclado para dar continuidade à experiência. Todas as instruções de que necessita encontram-se no computador, por favor leia-as com atenção. Qualquer dúvida basta chamar que venho esclarecê-lo/la”.

Já dentro da cabine os participantes respondiam a um questionário de dados demográficos, nomeadamente “idade” e “sexo”. Seguidamente os participantes recebiam as seguintes instruções (computorizadas) para que compreendessem o que lhes ia ser apresentado e o que teriam que fazer em cada fase da experiência. Inicialmente, os participantes eram instruídos de que iriam ser apresentados pares de frases no computador (sendo que a segunda frase seria apresentada imediatamente a seguir à primeira), sendo-lhes pedido que prestassem muita atenção aos pares de frases que eram apresentados pois mais tarde iriam ter que recordar a segunda frase assim que a primeira lhes fosse apresentada. Para além disto, foram ainda instruídos de que no final de cada par de frases tinham que avaliar o quão facilmente é que consideravam que se iriam recordar da segunda frase assim que visualizassem a primeira. O que significa que, no final de cada par de frases, os participantes tinham que avaliar a sua capacidade de recordação num momento futuro - JOLs - numa escala de 0 a 100 sendo que 0 significa “ tenho a certeza de que não serei capaz de recordar” e 100 significa “tenho a certeza que serei capaz de recordar”. Assim que marcassem os respetivos JOLs para aquele par de frases avançavam para o próximo. O tempo de apresentação de cada par de frases foi calculado com uma média de 400 milissegundos por palavra pois segundo Dunlosky,Baker,Rawson e Hertzog (2006) é o tempo que os jovens adultos levam para ler cada palavra. Assim sendo para as condições de alta associação a média e o desvio padrão de todas as frases apresentadas foi de 4027 (711,9) ms/frase e para as condições de baixa associação a média e o desvio padrão de todas as frases apresentadas foi de 3880 (751,3) ms/frase. Realizamos testes t-student para verificar se havia diferenças nas duas condições a análise mostrou que t(58) = 0,776, p = 0,441

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pelo que não há diferenças significativas ao nível das médias das frases apresentadas para cada condição.

No final do estudo de todos os pares de frases e após efetuados os respetivos julgamentos de aprendizagem, apresentou-se um intervalo de retenção de 120 segundos. Como tarefa distratora, e para evitar a repetição das frases da tarefa anterior, os participantes tinham que escrever no computador o máximo de cidades portuguesas de que se conseguissem lembrar. Os participantes não poderiam passar à fase seguinte sem que o intervalo de retenção de 120 segundos tivesse terminado.

Seguidamente iniciou-se a segunda fase da experiência – fase da recordação. Os participantes receberam a instrução de que de que teriam que evocar (escrevendo no computador) as frases estudadas anteriormente na fase de estudo. Mais concretamente que teriam que recordar a segunda frase (frase alvo) assim que lhes fosse apresentada a primeira (frase pista).

Nesta fase, todas as frases eram apresentadas individualmente e escritas no mesmo tamanho da fonte (tamanho 33) uma vez que é o tamanho da fonte médio relativo aos tamanhos da fonte apresentados na fase de estudo (tamanho 18 e tamanho 48), permitindo deste modo contornar o princípio da codificação específica que nos indica que os conteúdos codificados são mais facilmente recordados quando as condições do momento de codificação e do momento de recuperação se mantém. Assim na recuperação nenhuma das condições (tamanho da fonte 18 e tamanho da fonte 48) era favorecida.

Os participantes receberam então a instrução de que deviam evocar todas as frases alvo (frase número 2), assim que visualizassem a frase pista (frase número 1), e que a tentassem evocar do mesmo modo que ela foi apresentada, isto é, era pedido aos participantes que evocassem a frase com a maior precisão possível. Caso não se recordassem inteiramente da frase eram instruídos a que tentassem evocar o máximo de informação possível da respetiva frase. Caso não se recordassem de nenhuma unidade de informação era-lhes pedido que escrevessem “Não sei”. Não existia tempo limite para realizar a tarefa de evocação e escrever de cada uma das frases. Assim que os participantes evocassem todas as unidades de informação de que de recordavam poderiam clicar no botão “continuar”, que aparecia no monitor, com a tecla esquerda do rato para passar à frase seguinte e assim sucessivamente. Após evocarem as unidades de informação de que se recordavam de cada uma das 30 frases a experiência estaria concluída.

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Resultados Codificação das Respostas

Antes de iniciar a análise dos resultados tivemos a necessidade de codificar as respostas dos participantes da fase de recordação. Esta necessidade surgiu uma vez que nem todos os participantes evocavam a frase alvo de forma precisa, isto é, nem todos os participantes as conseguiam evocar tal e qual como foi apresentada na fase de estudo. Muitos dos participantes evocavam apenas pequenas unidades de informação que integravam as frases alvo. Por exemplo, quando a frase alvo era “Ela pediu ao seu médico de família para vir imediatamente.” poderiam evocar algo do género: “Ela ligou ao médico para vir imediatamente.”.

Deste modo, para que o critério de correção das frases fosse único tivemos que encontrar as unidades de informação de cada uma das 30 frases apresentadas e a cada unidade de informação era atribuído um ponto. Por exemplo, para a frase “Ela pediu ao seu médico de família para vir imediatamente” encontramos 4 unidades de informação sendo elas “pediu”, “médico de família”, “vir” e “imediatamente”. Cada uma destas unidades recebia 1 ponto no total de 4 (pois são quatro unidades) caso fossem evocadas. No caso particular de “médico de família” como é uma unidade composta por duas palavras eram atribuídos 0,5 pontos para a palavra “médico” e outros 0,5 para a palavra “família” perfazendo um total de 1 ponto uma vez que as duas palavras compõe uma unidade de informação. Ou seja, a pontuação final para a frase que os participantes poderiam evocar seria: “Ela ligou ao médico (0,5 pontos) para vir (1 ponto) imediatamente (1 ponto).” O que faz um total de 0,5 + 1 + 1 = 2,5 pontos.

Tendo em conta que as frases não tinham todas o mesmo número de unidades de informação (umas tinham 3 outras 4 e outras 5), foi necessário equalizar os resultados pois os participantes que evocassem todas as unidades de informação numa frase com 4 unidades de informação recebiam 4 pontos e os que evocassem todas as unidades de informação para uma frase com apenas 3 unidades de informação recebiam apenas 3 pontos. E em ambos os casos os dois tinham alcançado a pontuação máxima de cada frase. Por esse motivo transformamos a quantidade de precisão numa porção de acertos dos participantes num intervalo de 0 a 1, sendo que “0” significaria que não tinham conseguido evocar nenhuma unidade de informação e “1” que tinham conseguido evocar todas as unidades de informação. Para tal dividimos o número total de unidades de informação que os participantes evocaram (por cada frase) pelo número total de unidades de informação de cada frase. Para o exemplo acima referido: Onde a frase

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alvo era “Ela pediu ao médico de família para vir imediatamente.”, onde existiam 4 unidades de informação e o participante escreveu: “ Ela ligou ao médico para vir imediatamente” a pontuação era a seguinte: 0,5 + 1 + 1 = 2,5 pontos/ 4 pontos = 0,625. O que significa que num total de 1 esta resposta contabilizava 0,625 pontos

Análises Estatísticas

Para a análise dos dados obtidos e atendendo ao design metodológico do estudo recorremos à utilização da Analise de Variância bifactorial – ANOVA bifactorial.

Julgamentos de Aprendizagem- JOLs

A primeira parte da ANOVA bifactorial avaliou o efeito do tamanho da fonte e da associação das frases para os julgamentos de aprendizagem. A análise mostrou que não existiram diferenças significativas ao nível do tamanho da fonte para a os julgamentos de aprendizagem F(1, 58) = 3,395, p = 0,052. Ou seja, não há diferenças significativas para os JOLs se as frases são apresentadas em tamanho da fonte 18 ou tamanho da fonte 48. A análise mostrou ainda que existem diferenças significativas ao nível da associação para os julgamentos de aprendizagem F(1, 58) = 12,39, p < 0,001 o que nos indica que frases com elevado grau de associação tendem a ser julgadas como sendo mais facilmente recordadas, no futuro, face a frases com baixo grau de associação. Por fim, a análise mostrou que não existiram diferenças significativas na interação entre o tamanho da fonte e a associação das frases ao nível dos JOLs F(1, 58) = 0,806, p = 0,373. Os principais resultados estatísticos encontram se na tabela 1. Tabela 1: Médias e Desvios Padrão para os julgamentos de aprendizagem

Alta Associação Baixa associação Média do tamanho da Fonte Tamanho da Fonte 18 0,55 (0,16) 0,42 (0,17) 0,49 (0,17) Tamanho da Fonte 48 0,58 (0,13) 0,44 (0,17) 0,51 (0,16) Média da Associação 0,57 (0,14) 0,43 (0,17)

Tendo em conta que o valor de “p” para a variável tamanho da fonte se encontra muito próximo do que é considerado um efeito significativo (0,05), fomos verificar a existência do efeito do tamanho da fonte nos dois níveis de associação (alta e baixa), recorrendo a testes t-student. Os resultados mostraram que não há diferenças significativas ao nível do tamanho da fonte (tamanho da fonte 18 e tamanho da fonte 48) ao nível da associação alta t(29) = -1,647, p = 0,110 e também não foram encontradas diferenças significativas ao nível do tamanho da

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fonte (tamanho da fonte 18 e tamanho da fonte 48) ao nível da associação baixa t(29) = -1,120, p = 0,272. Pelo que se conclui que o valor de “p” para a variável tamanho da fonte é um valor não significativo.

Recordação

A segunda parte da ANOVA bifactorial avaliou o efeito do tamanho da fonte e da associação das frases para a variável dependente recordação e os resultados foram os seguintes. A análise mostrou que não foram encontradas diferenças significativas ao nível do tamanho da fonte para a recordação F(1, 58) = 1,380, p = 0,245 o que indica que o tamanho da fonte no qual as frases foram apresentadas (tamanho 18 e tamanho 48) não produzem qualquer efeito distintivo para auxiliar na recordação. A análise mostrou ainda que existem diferenças significativas ao nível da associação das frases para a recordação F(1, 58) = 9,479, p = 0,003, o que indica que frases fortemente associadas são melhor recordadas do que frases que têm um baixo grau de associação. Por fim, a análise mostrou que não foram encontradas diferenças significativas na interação tamanho da fonte versus associação de frases ao nível da recordação F(1, 58) = 0,240, p = 0,626. Os principais resultados estatísticos podem observar-se na tabela 2.

Tabela 2: Médias e Desvio Padrão para a Recordação

Alta Associação Baixa associação Tamanho da Média do Fonte Tamanho da Fonte 18 0,31 (0,13) 0,24 (0,11) 0,28 (0,12) Tamanho da Fonte 48 0,33 (0,12) 0,25 (0,09) 0,29 (0,12) Média da Associação 0,32 (0,12) 0,24 (0,10)

Discussão

Nesta presente investigação pretendíamos avaliar o efeito do tamanho da fonte e da associação de frases nos julgamentos de aprendizagem e na recordação. Deste modo em concordância com a literatura as nossas quatro hipóteses experimentais pressupunham que os julgamentos de aprendizagem serão mais elevados para tamanhos da fonte mais elevados; os julgamentos de aprendizagem serão mais elevados para frases fortemente associadas; não existirão diferenças significativas ao nível da recordação para o tamanho da fonte e por último, a recordação será melhor para pares de frases altamente associados.

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Contudo, este estudo mostrou-nos alguns resultados surpreendentes. Para o grau de associação confirmou-se que de facto a recordação é melhor quando o material se encontra fortemente associado e que os julgamentos de aprendizagem são também mais elevados quando os pares de frases se encontram associados. Estes dois resultados vão de encontro com a literatura existente. Quanto ao tamanho da fonte, o estudo mostrou que não há qualquer efeito do tamanho da fonte na melhor recordação da informação tal como indica a literatura, contudo, a nossa investigação mostrou que não se verificam diferenças ao nível do tamanho da fonte para os julgamentos de aprendizagem.

Este último resultado diverge da literatura existente relativamente ao efeito do tamanho da fonte nos julgamentos de aprendizagem. Tal resultado contrasta com estudos como os de Rhodes e Castel (2008) que indicam que os participantes pelo efeito da fluência de processamento tendem a atribuir JOLs mais elevados quando o material de estudo é apresentado em tamanho da fonte maiores. O nosso resultado contrasta também com a teoria da crença proposta por Mueller e colaboradores (2014) que indica que é a crença gerada acerca da importância de recordar palavras apresentadas em tamanho da fonte maiores que gera julgamentos de aprendizagem também maiores. Ao que parece no nosso estudo a variável tamanho na fonte não foi considerada uma “pista diferenciadora” pelos participantes no momento de atribuir julgamentos de aprendizagem, pelo que nem a teoria da fluência de processamento nem a hipótese da crença parecem suportar os nossos resultados.

Contudo até à data de hoje os estudos realizados para avaliar o efeito do tamanho da fonte foram realizados com pares de palavras, ao contrário do nosso estudo que adota um material experimental um pouco mais complexo, ou seja, pares de frases. A utilização de pares de frases como material de estudo com o intuito de aproximar o material de estudo em contexto experimental com o material estudado em contexto real pode ter sido a causa para que o efeito do tamanho da fonte para os julgamentos de aprendizagem se perdesse. Ao que parece, os participantes estavam tão preocupados em decorar o conteúdo das frases e a estabelecer relações entre elas que o tamanho da fonte em que as frases eram apresentadas não era percecionado como uma “pista diferenciadora” no momento de codificação. Uma vez não percebendo o tamanho da fonte como pista, não poderiam ativar as suas crenças sobre o mesmo, pelo que por este motivo não houve efeito do tamanho da fonte para os julgamentos de aprendizagem.

Estes resultados mostram, portanto, que o efeito do tamanho da fonte não se mantem robusto para a atribuição dos JOLs quando manipulamos o material experimental. Tal poderá

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explicar a confirmação da nossa hipótese referente ao impacto do tamanho da fonte na recordação. Uma vez os JOLs dos participantes nos indicam que estes não percecionam o tamanho da fonte como uma pista diferenciadora que os possa vir a auxiliar no momento da recordação, é esperado que não existam diferenças ao nível da recordação. De acordo com a literatura de Rhodes e Castel (2008) e Mueller e colaboradores (2014), os nossos resultados mostram que não há diferenças significativas ao nível do tamanho da fonte para a recordação. Em sintese, os resultados do nosso estudo quanto ao tamanho da fonte mostram que em contextos quotidianos de codificação da informação, o tamanho da fonte do material de estudo não é um fator importante nem para a codificação da informação nem para a melhor recordação. Quanto ao efeito da associação de frases para a recordação obtivemos julgamentos de aprendizagem mais elevados para as condições de alta associação do que para as condições de baixa associação de frases, tal como era esperado tendo em conta os estudos de Begg e colaboradores (1989). Pela teoria da fluência de processamento proposta pelos autores, os participantes consideravam que se iriam recordar mais facilmente de pares de frases que estavam altamente associadas, uma vez que quanto mais associado se encontra o material de estudo o processamento da informação e a posterior codificação fica mais facilitado. O que faz leva à atribuição de julgamentos de aprendizagem mais elevados para pares de frases altamente associadas. Embora no nosso estudo os participantes não tenham estudado frases de alta associação ou baixa associação na mesma condição, o efeito de associação das frases parece manter-se mesmo quando a condição que os participantes estudam é apenas alta associação ou apenas a condição de baixa associação.

Os resultados do nosso estudo, em consistência com a hipótese discutida no parágrafo anterior e também com a literatura, mostraram ainda que pares de frases altamente associados produzem uma melhor recordação face a pares de frases não relacionados Dunlosky, Baker, Rawson e Hertzog (2006). Deste modo, pela teoria da fluência de processamento os materiais que são mais facilmente processados são também mais facilmente recordados. No caso particular do nosso estudo, frases de alta associação são melhor recordadas do que frases de baixa associação. Este resultado permite- nos concluir que a recordação é tanto melhor quando mais associado for o material de estudo, uma vez que

Em contexto real, os resultados da presente investigação podem facilitar a codificação da informação a reter diariamente, bem como a memória subsequente. No inicio deste estudo começamos por falar sobre pistas que poderiam auxiliar as populações que diariamente

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necessitam de decorar quantidades abismais de informação, a população estudantil foi um exemplo mencionado. Os resultados da presente investigação permitem confirmar que materiais de estudo altamente associados permitem uma melhor recordação. Estes resultados sugerem que se os estudantes ao organizarem os seus materiais de estudo (como por exemplo, ao escreverem os seus próprios resumos) conseguirem criar conectores de modo a que as porções de texto que tem para estudar se encontrem relacionadas, podemos especular que a recordação desses conteúdos ficara muito mais facilitada. Traduzindo-se assim num maior sucesso académico.

Como sugestões para investigações futuras podemos tentar colmatar uma limitação do nosso estudo se o adaptarmos a contextos reais. Os materiais experimentais do nosso estudo são pares de frases associadas e, no dia-a-dia os materiais de estudo na sua grande maioria são páginas de informação. Pelo que apesar de os nossos materiais experimentais se aproximarem mais da realidade comparados com outros estudos feitos até à data, os nossos materiais ainda ficam aquém do volume de informação com o qual nos deparamos diariamente. Neste sentido, numa investigação futura pode ser interessante perceber de que forma comportam os JOLs e a posterior recordação se aumentarmos ao volume do material de estudo, por exemplo, através de pequenos parágrafos de informação com diferentes graus de associação.

Em síntese, o nosso estudo mostra que o tamanho da fonte do material de estudo não influencia nem os julgamentos de aprendizagem nem a melhor recordação de conteúdos. Pelo que em contextos quotidianos o tamanho da fonte através do qual se estuda a informação não é uma pista centrar para a melhor performance da memória. Por outro lado o nosso estudo mostra também que quanto mais associados forem os materiais de estudo (pares de frases), mais elevados serão os julgamentos de aprendizagem sobre esse material e melhor será a sua recordação posterior. Deste modo em contextos reais se os estudantes conseguirem relacionar os seus conteúdos de estudo, obterão certamente uma melhor performance em contextos académicos.

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Referências Bibliográficas

Begg, I., Duft, S., Lalonde, P., Melnick, R., & Sanvito, J. (1989). Memory predictions are based on ease of processing. Journal of Memory and Language, 28, 610-632.

Dunlosky, J., Baker, J., Rawson, K. A., & Hertzog, C. (2006). Does aging influence people's metacomprehension? Effects of processing ease on judgments of text learning. Psychology and Aging, 21, 390-400.

Dunlosky J, Bjork RA (2008) Handbook of metamemory and memory. New York, NY: Psycology Press.

JASP Team (2017). JASP (Version 0.8.1.1) [Computer software]. Available at: https: //jasp-stats.org

LiveCode (2015). LiveCode (Version7.1) [ComputerSoftware]. Edinburgh: LiveCode.

Myers, J. L., Shinjo, M., & Duffy, S. A. (1987). Degree of causal relatedness and memory. Journal of Memory & Language, 26, 453–465.

Mueller, M. L., Dunlosky, J., Tauber, S. K., & Rhodes, M. G. (2014). The font-size effect on judgments of learning: Does it exemplify fluency effects or reflect people’s beliefs about memory?. Journal of Memory and Language, 70, 1-12.

Mueller, M. L., Tauber, S. K., & Dunlosky, J. (2013). Contributions of beliefs and processing fluency to the effect of relatedness on judgments of learning.Psychonomic Bulletin &

Review, 20, 378-384.

Rhodes, M. G., & Castel, A. D. (2008). Memory predictions are influenced by perceptual information: evidence for metacognitive illusions. Journal of Experimental Psychology:

General, 137, 615-625.

Soderstrom, N. C., Clark, C. T., Halamish, V., & Bjork, E. L. (2015). Judgments of learning as memory modifiers. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, and

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Anexo 1

Materiais experimentais: tradução das frases de Myers, Shinjo e Duffy (1987) sendo que frase 1 + frase final (alta associação) e frase 2 + frase final (baixa associação)

Tradução das frases:

1- O bebé da Susana parecia estar com muita febre. 2- Susana deixou seu bebé a brincar sozinho no seu berço. Ela pediu ao seu médico de família para vir imediatamente.

1- O Bruno estava preocupado que a chuva arruinasse as suas férias. 2- O Bruno acabou de limpar tudo de manhã.

Ele ligou a TV para ver as previsões meteorológicas.

1- A Sara decidiu comprar um carro desportivo estrangeiro. 2- A Sara estacionou o seu carro fora da garagem.

Ela foi ao banco para pedir um empréstimo.

1- A Alice contou à sua mãe que tinha atropelado uma criança.

2- A Alice informou a sua mãe que tinha estado a conduzir muito tempo. Ela ficou transtornada e começou a chorar de repente.

1- A Cátia sentiu-se muito tonta e desmaiou no seu trabalho. 2- A Cátia tinha começado a trabalhar no novo projeto. Ela foi levada inconsciente para o hospital.

1- Um cão saltou para cima de uma menina que estava a comer um gelado. 2- Um cão olhou para uma menina que estava a comer um gelado.

Ela foi deitada ao chão e gritou a chamar pela mãe.

1- A Jéssica tirou má nota no seu primeiro teste de Inglês. 2- A Jéssica matriculou-se num curso de Inglês este semestre. Ela começou a preocupar-se com seu exame final.

1- O Sérgio tinha um fraquinho por uma menina bonita da sua escola. 2- O Sérgio teve um professor substituto na sua aula.

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1- A Verónica estava a fazer as malas para um dia de praia. 2- A Verónica queria visitar a Europa com a sua amiga. Ela colocou o seu fato de banho favorito na mala.

1- O Dinis pontapeou, furioso, a parede da sala.

2- O Dinis chegou a casa tarde depois da sua aula da noite. Um espelho caiu e partiu-se no chão.

1- O deputado quis exercer a advocacia corporativa.

2- O deputado trabalhou ativamente na elaboração de uma nova lei. Ele decidiu não concorrer à reeleição.

1- O irmão do Jorge bateu-lhe repetidamente. 2- O Jorge foi jogar ping-pong com seu irmão.

No dia seguinte, seu corpo estava coberto de hematomas.

1- O amigo do António empurrou-o repentinamente para a lagoa. 2- Tony sentou-se debaixo de uma árvore a ler um bom livro. Ele voltou para casa, encharcado, para mudar de roupa.

1- Uma rajada de vento forte entrou, à noite, pela janela aberta. 2- A nuvem cinza pesava no céu.

Os papéis que estavam em cima da mesa caíram ao chão. 1- O Carlos queria tirar o curso de engenharia.

2- O Carlos estava na Associação de Estudantes.

Ele concorreu a um concurso para a Universidade de Coimbra. 1- O pai do Eduardo opôs-se ao seu plano para o futuro.

2- O Eduardo trabalhou para o seu pai num escritório de advocacia. Eles tiveram uma forte discussão até à meia-noite.

1- A Ana estava a ficar para trás no seu percurso escolar. 2- A Ana frequenta a escola com a sua melhor amiga. Ela decidiu estudar arduamente para tentar recuperar. 1- O Paulo tem-se tornado cada vez mais agressivo.

2- O Paulo pediu um empréstimo muito grande para comprar uma casa. A sua condução tornou-se cada dia mais perigosa.

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1- A Rosa foi atacada por um homem no seu apartamento. 2- A Rosa voltou ao seu apartamento depois do trabalho. Ela ficou com tanto medo que nem se conseguia mexer.

1- A namorada do Henrique começou a sair com outros rapazes. 2- O Henrique convidou a namorada para um concerto.

Ele decidiu não sair mais com ela.

1- A Inês sentia muita fome por volta das dez da manhã.

2- A Inês apanhou o autocarro das nove da manhã para o seu escritório. Ela foi a um restaurante para almoçar mais cedo.

1- O João não conseguia suportar a dor aguda por mais tempo. 2- O João regressou para casa há pouco tempo.

Ele procurou desesperadamente um medicamento no armário. 1- A Elisa queria viver mais perto do seu novo escritório. 2- A Elisa sentou-se relaxada e tomou um café.

Ela abriu o folheto com a lista de apartamentos.

1- O Ricardo foi convidado para a festa de aniversário da Raquel. 2- O Ricardo saiu de casa cedo após tomar o pequeno-almoço. Ele passou um dia inteiro nas compras para encontrar o presente. 1- O Manuel encontrou muitos erros no seu texto.

2- O Manuel acabou por trabalhar no seu texto. No dia seguinte, ele gritou à sua funcionária.

1- A Cristina derrubou a jarra de cristal que estava sobre a mesa. 2- A Cristina preparou um arranjo de flores para por na mesa de jantar. A água derramou sobre um tapete caro.

1- A Narcisa bebeu muita cerveja na festa ontem.

2- Narcisa terminou o seu trabalho muito cedo na sexta-feira. Ela estava de ressaca esta manhã.

1- O Tiago queria ajudar pessoas por todo o mundo. 2- O Tiago formou-se em engenharia em Aveiro. Ele juntou-se à Cruz Vermelha após a sua licenciatura.

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1- O gato do Tomás trouxe um monte de pulgas para a sua cama. 2- O gato do Tomás era muito bom a afastar os ratos.

O Tomás pulverizou inseticida por todo o seu quarto.

1- A caderneta da Juliana mostrava que ela era muito boa aluna. 2- A Juliana foi para a escola para fazer um exame final.

Imagem

Tabela 1: Médias e Desvios Padrão para os julgamentos de aprendizagem
Tabela 2: Médias e Desvio Padrão para a Recordação

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