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Usando a razão consumo-riqueza com dados de capital humano para prever retornos financeiros

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Academic year: 2021

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(1)

FUNDAC

¸ ˜

AO GETULIO VARGAS

ESCOLA DE P ´

OS-GRADUAC

¸ ˜

AO EM ECONOMIA

Gustavo Schardong

Usando a raz˜

ao consumo-riqueza com dados de capital

(2)

Gustavo Schardong

Usando a raz˜

ao consumo-riqueza com dados de capital

humano para prever retornos financeiros

Dissertac¸˜ao submetida a Escola de P´ os-Graduac¸˜ao em Economia como requisito parcial para a obtenc¸˜ao do grau de Mestre em Economia.

(3)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV

Schardong, Gustavo

Usando a razão consumo-riqueza com dados de capital para prever retornos financeiros / Gustavo Schardong. – 2017.

25 f.

Dissertação (mestrado) - Fundação Getulio Vargas, Escola de Pós-Graduação em Economia.

Orientador: João Victor Issler. Inclui bibliografia.

1. Consumo (Economia). 2. Riqueza. 3. Taxa interna de retorno. 4. Capital humano. I. Issler, João Victor. II. Fundação Getulio Vargas. Escola de Pós- Graduação em Economia. III. Título.

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(5)

Resumo

Neste trabalho, buscamos testar a rela¸c˜ao entre a raz˜ao consumo-riqueza e retornos financeiros, conforme proposto por Lettau e Ludvigson (2001). Como o capital humano ´e uma vari´avel latente, os autores utilizam o cay como alternativa, e testam sua capacidade de previs˜ao. Para avaliar o poder preditivo desta raz˜ao em sua forma original, utilizamos s´eries de capital humano constru´ıdas com base na metodologia proposta por Dias, Issler e Brotherhood (2016) para computar s´eries de riqueza agregada, e testamos o desempenho de previs˜oes de modelos considerando a raz˜ao consumo-riqueza. Foram utilizados dados macroeconˆomicos e financeiros de pa´ıses do G7, formando um painel n˜ao balanceado de frequˆencia trimestral. De forma geral, os resultados foram favor´aveis ao uso desta raz˜ao para prever excessos de retornos, e retornos reais de ativos.

(6)

1

Introdu¸

ao

Uma das grandes quest˜oes no campo de finan¸cas ´e a rela¸c˜ao entre vari´aveis macroeconˆomicas e financeiras, e seus mecanismos de intera¸c˜ao. A relevˆancia deste tema n˜ao se rentringe `a academia, sendo um tema essencial para empresas, ivestidores, policy makers, e a economia real como um todo. Investigar as rela¸c˜oes entre vari´aveis financeiras e macroeconˆomicas vai al´em de apenas um exerc´ıcio acadˆemico, pois as implica¸c˜oes destas rela¸c˜oes podem ser extremamente ben´eficas - ou catastr´oficas - para um pa´ıs. Dentre as diversas vari´aveis financeiras, duas que tˆem recebido aten¸c˜ao especial da literatura s˜ao: (I) o retorno real de ativos e (II) excessos de retornos de ativos em rela¸c˜ao `a taxa livre de risco.

Considerando um modelo de agente representativo no qual a riqueza agregada ´e composta por capital f´ısico e humano, Lettau e Ludvigson (2001) estudam a rela¸c˜ao entre a raz˜ao consumo-riqueza e a expectativa do excesso de retornos e varia¸c˜oes de consumo futuras. Como a parcela do capital humano na riqueza agre-gada n˜ao ´e observ´avel, os autores utilizam algumas hip´oteses para chegar a uma vers˜ao alternativa da raz˜ao consumo-riqueza - o cay. A partir destes resultados, comparam sua capacidade de prever retornos financeiros nos Estados Unidos com `a de outras vari´aveis utilizadas pela literatura, encontrando evindˆencias emp´ıricas favor´aveis ao uso do cay como previsor. Entre as vari´aveis alternativas considera-das, as raz˜oes dividendos/pre¸co, lucros/pre¸co e a diferen¸ca entre as taxas de juros das T-Bills e suas m´edias m´oveis de 1 ano, RREL, tamb´em ser˜ao utilizados como benchmarks no presente trabalho.

Outros trabalhos tamb´em investigam o impacto de flutua¸c˜oes no cay nos re-tornos financeiros, considerando dados de pa´ıses individualmente. Tsuji (2009) realiza esse estudo com dados do Jap˜ao, encontrando evidˆencias mais fracas do poder preditivo desta vari´avel, enquanto Ioannidis, Peel e Matthews (2006) re-alizam um trabalho parecido com dados de Austr´alia, Canada e Reino Unido,

(7)

encontrando evidˆencias que suportam o uso do cay para prever retornos.

Castro e Issler (2016) estendem o trabalho de Lettau e Ludvigson (2001), utili-zando um painel com dados trimestrais dos pa´ıses integrantes do G7 para investigar empiricamente a capacidade do cay em prever excessos de retornos e retornos reais de ativos. Os resultados mostram um ganho na previsibilidade de retornos ao uti-lizar esta vari´avel como previsor, em compara¸c˜ao aos benchmarks, sugerindo que o poder preditivo do cay n˜ao est´a restrito aos Estados Unidos, e este ´e um fenˆomeno mais abrangente.

Embora a maioria destes trabalhos tenham encontrado resultados favor´aveis ao uso do cay, esta vari´avel ´e utilizada como alternativa `a raz˜ao consumo-riqueza em sua forma original, uma vez que o capital humano n˜ao ´e observ´avel. Neste trabalho, testamos diretamente a rela¸c˜ao entre esta raz˜ao e retornos financeiros, utilizando s´eries de capital humano constru´ıdas de acordo com a metodologia proposta por Dias, Issler e Brotherhood (2016). Seguindo o que foi feito em Castro e Issler (2016), utilizamos um painel n˜ao-balanceado com dados trimestrais de pa´ıses do G7, devido ao grande peso desse grupo na economia mundial.

A pr´oxima se¸c˜ao apresenta o framework te´orico por tr´as da rela¸c˜ao entre a raz˜ao consumo-riqueza e retornos de ativos, assim como a metodologia utilizada para construir as s´eries de capital humano. A se¸c˜ao 3 explica com detalhes os dados financeiros e macroeconˆomicos utilizados para construir o painel. Os resul-tados das previs˜oes in-sample s˜ao apresenresul-tados e discutidos na se¸c˜ao 4, enquanto os resultados das previs˜oes out-of-sample s˜ao apresentados e discutidos na se¸c˜ao 5. Na sexta se¸c˜ao, concluimos o trabalho discutindo brevemente os resultados e pondera¸c˜oes que devem ser feitas, assim como sugest˜oes de pesquisas mais apro-fundadas.

(8)

2

Framework Te´

orico

2.1

Raz˜

ao Consumo-Riqueza

Aqui vamos apresentar, de forma resumida, o modelo utilizado como base por Lettau e Ludvigson (2001). Considere uma economia com um agente represen-tativo em que toda a riqueza, composta por capital f´ısico e capital humano, ´e negoci´avel. Seja Wt sua riqueza total no per´ıodo t, Ct o seu consumo, Rw,t+1 o

seu retorno l´ıquido da riqueza agregada. As vari´aveis em letras min´usculas repre-sentam os logs das vari´aveis originais. Dessa forma, a restri¸c˜ao or¸cament´aria do indiv´ıduo ´e dada por:

Wt+1 = (1 + Rw,t+1)(Wt− Ct) (1)

Dividindo (1) por Wt, temos:

Wt+1 Wt = Rw,t+1  1 − Ct Wt  (2)

Tomando o log em (2), e definindo r = log(1 + R):

∆wt+1= rw,t+1+ ln1 − exp ct− wt



(3)

Fazendo uma expans˜ao de Taylor de primeira ordem em (3), como sugerido por Campbell e Mankiw (1989), chegamos em:

∆wt+1≈ k + rw,t+1+ (1 − 1/ρw)(ct− wt) (4)

Em que ρw ´e a propor¸c˜ao de novos investimentos em rela¸c˜ao `a riqueza total, e k

(9)

escrever a raz˜ao consumo-riqueza da seguinte maneira: ct− wt= ∞ X i=1 ρiw(rw,t+i− ∆ct+i) + k1 (5)

Em que k1 = 1−ρkρ. Se a raz˜ao consumo-riqueza for estacion´aria, podemos resolver

(5) em expectativas. Tomando a expectativa condicional em t

ct− wt= Et " ∞ X i=1 ρi w(rw,t+i− ∆ct+i) + k1 # (6)

A equa¸c˜ao (6) nos mostra uma rela¸c˜ao interessante: varia¸c˜oes na raz˜ao consumo-riqueza ocorrem apenas quando h´a varia¸c˜oes nas expectativas de retornos futuros da riquezada agregada, na expectativa de crescimento do consumo, ou em ambos. Conforme explicado pelos autores, este resultado decorre da preferˆencia por su-aviza¸c˜ao do consumo do agente. Dado um aumento na expectativa de retornos futuros, o agente aumenta sua escolha de consumo para todos os per´ıodos, inclu-sive para o per´ıodo corrente. Para tal, ele consome uma parte maior da sua riqueza financeira atual e da sua renda do trabalho.

Definindo A como o capital f´ısico, H como o capital humano e ω como a propor¸c˜ao do capital f´ısico na riqueza total, ou seja, ω = A/W , podemos aproximar o log da riqueza agregada como w ≈ ωa − (1 − ω)h. Os autores tamb´em decomp˜oe o retorno da riqueza agregada em termos de retornos do capital f´ısico e humano. Com isso, chegam na seguinte equa¸c˜ao, que relaciona consumo, capital f´ısico e capital humano `a expectativa de retornos e varia¸c˜oes do consumo futuras:

ct− ωat− (1 − ω)ht = Et ∞ X i=1 ρi wωra,t+i+ (1 − ω)rh,t+i i − ∆ct+i  (7)

(10)

o capital humano n˜ao ´e uma vari´avel observ´avel. Para contornar este problema, Lettau e Ludvigson (2001) assumem que a componente n˜ao-estacion´aria do capital humano pode ser bem descrita utilizando a renda do trabalho agregada, ou seja, ht = κ + yt+ zt, em que zt ´e uma vari´avel aleat´oria estacion´aria, com m´edia 0.

Substituindo esta rela¸c˜ao em (7), podemos escrever a rela¸c˜ao anterior utilizando apenas vari´aveis observ´aveis e um termo de erro:

ct− ωat− (1 − ω)yt= Et ∞ X i=1 ρi wωra,t+i+ (1 − ω)rh,t+i i − ∆ct+i + (1 − ω)zt (8)

A equa¸c˜ao (8) mostra a rela¸c˜ao entre a vari´avel cayt, e a expectativa de retornos

e varia¸c˜oes do consumo futuras e, utilizando esta, os autores conseguem comparar o desempenho do cay como previsor de retornos financeiros em rela¸c˜ao `a outras vari´aveis. Para realizar os testes, no entanto, ´e necess´ario estimar um vetor de cointegra¸c˜ao para as s´eries de consumo, ativos e sal´arios. Embora seja uma pr´atica comum na literatura, isso adiciona complexidade ao modelo, ent˜ao utilizar a s´erie de riqueza diretamente seria uma solu¸c˜ao mais parciomoniosa. Com isso em mente, a pr´oxima se¸c˜ao descreve a forma como foi calculada a s´erie de capital humano que ser´a utilizada para construir a s´erie de riqueza.

2.2

Capital Humano

A mensura¸c˜ao do capital humano ´e um problema bastante conhecido na litera-tura de crescimento econˆomico e, ao longo das ´ultimas d´ecadas, diversas metodo-logias foram sugeridas para tentar quantificar esta vari´avel. H´a mais de 50 anos, Becker (1964) j´a sugeria formas de realizar esta mensura¸c˜ao, mas uma solu¸c˜ao de-finitiva ainda n˜ao foi encontrada. Uma proxy amplamente utilizadas para este fim s˜ao os anos de escolaridade dos indiv´ıduos por´em, como mostrado por Schoellman (2012), os efeitos estimados com essa medida podem ser viesados, devido `a

(11)

cor-rela¸c˜ao positiva entre anos de escolaridade e qualidade da educa¸c˜ao nos diversos pa´ıses.

Como alternativa, Dias, Issler e Brotherhood (2016) prop˜oe uma forma para estimar o estoque capital humano utilizando dados de compensa¸c˜ao aos trabalha-dores. De forma similar `a utilizada para precificar ativos - atrav´es da expectativa de dividendos futuros descontados - podemos pensar no estoque de capital humano de um indiv´ıduo como sendo o valor esperado da soma de toda a sua renda do trabalho futura, descontada por uma taxa de juros. Considerando isso, os auto-res prop˜oe uma maneira de operacionalizar esta estima¸c˜ao, e constroem s´eries de capital humano para diversos pa´ıses. Supondo que o mercado de trabalho pre-cifique corretamente o valor do capital humano, essa medida tem a vantagem de capturar n˜ao apenas efeitos dos anos de escolaridade, mas tamb´em da qualidade da educa¸c˜ao de cada pa´ıs.

Aplicando esta metodologia `a dados da PWT e OCDE, s˜ao calculadas s´eries de capital humano para os pa´ıses da amostra, para os anos de 1950 a 2014 e, combinando-as com s´eries de ativos financeiros l´ıquidos, obtemos as s´eries de ri-queza agregada que ser˜ao utilizadas no trabalho. Nesta se¸c˜ao, explicaremos de forma resumida a metodologia utilizada para computar as s´eries de capital hu-mano.

Conforme proposto por Lettau e Ludvigson (2001), o estoque de capital humano ´e definido como o valor presente esperado do fluxo de renda do trabalho, para um horizonte de tempo infinito, ou seja:

ht = Et ∞

X

i=1

ρiYt+i (9)

Em que ρ = 1/(1 + r) ´e a taxa de desconto, r ´e a taxa de juros real associada a este, e {Yt}

(12)

repre-sentativo. Conforme sugerido por Beveridge e Nelson (1981), podemos escrever o sal´ario em determinado per´ıdo t + j como o sal´ario em t, mais as varia¸c˜oes deste entre os dois per´ıodos, ou seja:

Yt+j = Yt+ j

X

i=1

∆Yt+i (10)

Tomando a esperan¸ca condicional em t, temos:

Et(Yt+j) = Yt+ j

X

i=1

Et(∆Yt+i) (11)

Uma hip´otese utilizada pelos autores em seu trabalho ´e que a varia¸c˜ao da renda do trabalho segue um processo AR(1) estacion´ario, ou seja, a s´erie da renda do trabalho segue um processo ARIMA(1,1,0). Seguindo o que foi proposto pelos autores, e utilizando esta hip´otese, chegamos nas seguintes rela¸c˜oes:

∆Yt= c + α∆Yt−1+ ηt (12)

Et(∆Yt+i) = αi∆Yt+ (1 + α + α 2

+ ... + αi−1)c (13)

Combinando (10), (11) e (13), temos uma f´ormula para o capital humano:

ht= Yt 1 − ρ− αρ (1 − ρ)(1 − αρ)∆Yt+ cρ2 (1 − ρ)2(1 − αρ) (14)

Ent˜ao, tendo os coeficientes α, ρ e c em (14), podemos estimar o capital humano em fun¸c˜ao de Yte ∆Yt, que s˜ao vari´aveis observ´aveis. A estima¸c˜ao de α e c pode ser

feita atrav´es de (12), enquanto ρ pode ser estimado utilizando o retorno do capital f´ısico. Com isso, calculamos as s´eries de capital humano que ser˜ao utilizadas neste trabalho.

(13)

3

Dados Utilizados

Nesse trabalho foi utilizado um painel n˜ao balanceado, de frequˆencia trimes-tral, com pa´ıses do G7: Alemanha, Canad´a, Fran¸ca, It´alia, Jap˜ao, Reino Unido e Estados Unidos. As vari´aveis macroeconˆomicas utilizadas foram consumo, ati-vos financeiros l´ıquidos de households e capital humano. As vari´aveis financeiras foram pre¸cos, retornos, dividendos e lucros de ´ındices de a¸c˜oes, ´ındices de pre¸cos ao consumidor (CPI), e taxas de juros das notas do tesouro de cada pa´ıs. Nesta se¸c˜ao, ser˜ao descritos com mais detalhes os dados utilizados. As principais fontes de dados macroeconˆomicos e financeiros est˜ao descritas na tabela 1:

Tabela 1: Bases de Dados utilizadas

Cod. Nome Institui¸c˜ao FRED Federal Reserve Economic Data FED de St. Louis QNA Quarterly Financial Accounts OCDE

IFS International Financial Statistics FMI

SDW Statistical Data Warehouse Banco Central Europeu

3.1

Dados Macroeconˆ

omicos

Para representar a parcela “n˜ao-humana” da riqueza agregada, foram utiliza-das s´eries de ativos financeiros l´ıquidos obtiutiliza-das nos sites dos respectivos bancos centrais. Uma pondera¸c˜ao a se fazer ´e que esta s´erie engloba apenas ativos (e passivos) financeiros, e n˜ao casas e propriedades imobili´arias. Como moradia pode representar uma parcela grande da riqueza total de um indiv´ıduo, a s´erie de riqueza pode n˜ao refletir toda a informa¸c˜ao que a teoria pressup˜oe. Embora alguns pa´ıses disponibilizem s´eries de ativos imobili´arios, n˜ao foi poss´ıvel obter essas informa¸c˜oes

(14)

de forma consistente para todos os pa´ıses do painel. Al´em disso, se a rela¸c˜ao entre ativos imobili´arios e riqueza total for est´avel ao longo do tempo, os resultados do trabalho n˜ao ser˜ao prejudicados. Fazendo essa hip´otese, utilizamos as s´eries de ativos l´ıquidos financeiros da cada pa´ıs para representar o capital financeiro do modelo.

Outro coment´ario a se fazer ´e em rela¸c˜ao `a metodologia usada para a constru¸c˜ao das s´eries de ativos financeiros dos pa´ıses europeus. Em junho de 2013 foi publicado o ESA 2010 (European System of National and Regional Accounts 2010), um framework cont´abil que fornece diretrizes a serem seguidas para a apura¸c˜ao de dados econˆomicos por pa´ıses europeus. No entanto, as s´eries publicadas n˜ao foram totalmente recalculadas pela metodologia nova, e as s´eries antigas - ESA 95 - foram descontinuadas. Para contornar isso, as s´eries com as duas metodologias foram combinadas da seguinte maneira: para os per´ıodos em que as s´eries j´a estavam sendo calculadas com a metodologia nova, esta foi utilizada. Para os per´ıodos anteriores, foram utilizadas as varia¸c˜oes da s´erie antiga, aplicadas ao primeiro valor da s´erie nova. Apesar da mudan¸ca de metodologia, os valores das duas s´eries s˜ao bem parecidos (no per´ıodo em que h´a intersec¸c˜ao), e os resultados n˜ao devem ser muito afetados por isso.

As s´eries de capital humano foram constru´ıdas com base na metodologia pro-posta por Dias, Issler e Brotherhood (2016), utilizando dados da OCDE e PWT 9.0, para os anos de 1950 a 2014. A s´erie de capital humano foi constru´ıda com frequˆencia anual, devido `a limita¸c˜oes da base de dados, ent˜ao os dados trimestrais foram obtidos interpolando os valores desta. Como os efeitos das decis˜oes de agen-tes no estoque capital humano s˜ao bastante dilu´ıdos ao longo do tempo (educa¸c˜ao, por exemplo), ent˜ao choques transit´orios na economia n˜ao devem afetar de forma muito significante a s´erie de capital humano no curto prazo, justificando o uso da interpola¸c˜ao.

(15)

Para obter as vari´aveis per capita, foi utilizado o n´umero de pessoas empre-gadas, obtida na base de dados PWT. Novamente, a s´erie anual foi interpolada para obter dados trimestrais, o que tamb´em n˜ao deve afetar os resultados, j´a que a mesma s´erie foi utilizada tanto no numerador quanto no denominador da raz˜ao consumo-riqueza, ent˜ao quaisquer poss´ıveis diferen¸cas se cancelariam nesse passo.

3.2

Dados Financeiros

Os dados financeiros utilizados neste trabalho foram retornos de ativos e as taxas de juros das notas do tesouro (T-Bills) de 1 mˆes para cada pa´ıs, obtidas na base IFS. J´a os retornos de ativos foram calculadas a partir do principais ´ındices de a¸c˜oes de cada pa´ıs, com base nos pre¸cos de fechamento trimestrais, ajustados por dividendos, e os retornos reais foram calculados descontando a infla¸c˜ao do per´ıodo, calculada pelos ´ındices de pre¸co da base IFS. A tabela 2 detalha os ´ındices de a¸c˜oes utilizados.

Tabela 2: ´Indices de a¸c˜oes utilizados para cada pa´ıs da amostra

Pa´ıs ´Indice Fran¸ca CAC 40

Alemanha DAX

Estados Unidos S&P 500 Reino Unido FTSE 100

It´alia FTSEMIB Jap˜ao Nikkei 225 Canad´a S&P/TSX

(16)

tamb´em foram utilizadas as vari´aveis dt− pt, dt− et e RRELt para fins de

com-para¸c˜ao, em que dtrepresenta o log dos dividendos por a¸c˜ao, et´e o log dos earnings

por a¸c˜ao, pt o pre¸co de fechamento dos ´ındices de ativos, e RRELt ´e a diferen¸ca

entre a taxa da T-Bill e sua m´edia m´ovel de 4 trimestres. Essas vari´aveis ser˜ao utilizadas como benchmark pois tˆem sido amplamente utilizadas na literatura para prever retornos financeiros, e suas caracter´ısticas s˜ao bem conhecidas. Os pre¸cos de fechamento dos ´ındices, dividendos e earnings foram obtidos na Bloomberg.

4

Previs˜

ao Dentro da Amostra

Uma das formas de avaliar se flutua¸c˜oes da raz˜ao consumo-riqueza antecedem varia¸c˜oes nos retornos (ou excesso de retornos) ´e atrav´es de regress˜oes dentro da amostra, utilizando dados da amostra completa para estimar os modelos. Se cho-ques na raz˜ao consumo-riqueza anteciparem varia¸c˜oes nos retornos, podemos cap-turar esses efeitos em uma regress˜ao utilizando a primeira, defasada em 1 per´ıodo, como vari´avel explicativa e a seguda como vari´avel dependente. Essa rela¸c˜ao ´e investigada tanto para retornos de 1 trimestre, como para retornos acumulados em horizontes maiores. Para tal, utilizamos as s´eries constru´ıdas da seguinte ma-neira: rt,t+h =

h

P

i=1

rt+i, para retornos reais acumulados, e rft,t+h = h

P

i=1

rt+i− rt+if

para excessos de retornos acumulados, para h=1, 2, 3, 4, 8, 12, 16 e 24.

As regress˜oes foram feitas considerando toda a amostra dispon´ıvel, utilizando o modelo de efeitos fixos, e os erros padr˜ao foram calculados considerando a corre¸c˜ao de White para heterocedasticidade. Tantos nas regress˜oes com retornos reais e ex-cessos de retornos, foram considerados 6 modelos combinando diferentes vari´aveis explicativas, e diferentes horizontes de tempo. Nas tabelas de resultados, a pri-meira coluna representa o n´umero do modelo (1, 2, 3, 4, 5 ou 6) e a segunda representa as vari´aveis explicativas utilizadas em cada modelo. A primeira linha

(17)

represenha o horizonte de tempo, h, considerado para calcular os retornos acumu-lados. Nas outras colunas, s˜ao apresentados os coeficientes estimados para cada vari´avel, seguidos pelos erros-padr˜ao em parˆenteses e p-valores de cada coefici-ente, entre colchetes. Ap´os a representa¸c˜ao de todos os coeficientes, erros padr˜ao e p-valores, tamb´em ´e informado o r2

ajustado de cada modelo, em negrito. Como podemos ver na tabela 4, os coeficientes associados `a raz˜ao consumo-riqueza n˜ao foram estatisticamente significantes para prever retornos reais acumu-lados ao n´ıvel de significˆancia de 5%, por´em seu desempenho parece ter sido melhor para retornos acumulados com horizontes mais longos. Apesar de sua baixa signi-ficˆancia estat´ıstica, a inclus˜ao desta vari´avel no modelo 5 aumentou o r2

ajustado de 0.5263 para 0.5963, para h = 24, sugerindo um ganho no poder explicativo do modelo. Para retornos reais acumulados em 1 e 2 trimestres, a inclus˜ao da raz˜ao consumo-riqueza no modelo 5 causou uma queda no r2

ajustado, j´a que o ganho em informa¸c˜ao n˜ao foi suficiente para compensar a penaliza¸c˜ao sofrida pela inclus˜ao de uma vari´avel.

Individualmente, as vari´aveis dt− pt e dt− et performaram melhor do que a

raz˜ao consumo-riqueza na maioria dos horizontes, tanto em termos do r2

ajustado quanto de significˆancia estat´ıstica. Pode-se notar tamb´em uma melhora significa-tiva do poder preditivo destas vari´aveis quando consideramos retornos em hori-zontes mais longos, algo que j´a havia sido notado por Castro e Issler (2016). A vari´avel RRELtobteve os piores resultados entre os modelos analisados, na grande

maioria dos casos, e s´o obteve resultados estatisticamente significantes no modelo 5, com horizonte de 1 ano.

A tabela 4 apresenta os resultados obtidos utilizando os mesmos modelos, mas considerando o excesso de retornos como vari´avel dependente. Individualmente, a vari´avel RRELt parece ter tido um desempenho ligeiramente melhor ao obtido

(18)

hori-zontes de 16 e 24 trimestres. No entanto, o r2

ajustado do modelo considerando apenas esta vari´avel ´e bastanto baixo em rela¸c˜ao aos demais modelos. Novamente, as vari´aveis com melhor desempenho individual para horizontes longos foram dt−pt

e dt− et, tanto em termos de significˆancia estat´ıstica quanto pelo coeficiente de

determina¸c˜ao. Os coeficientes estimados para a raz˜ao consumo-riqueza n˜ao foram estatisticamente significantes nos dois modelos em que foi inclu´ıda, por´em houve uma melhora no r2

ajustado ao inclu´ı-la no modelo 5. De forma geral, o aumento do r2

ajustado sugere que a raz˜ao consumo-riqueza acrescenta informa¸c˜oes relevante `as previs˜ao in-sample, embora tenha um desem-penho inferior quando comparada `a outras vari´aveis utilizadas na literatura.

(19)

Tabela 3: Retornos Reais - In - Sample h PP PP PP PP PP PP PP Var. Altern. h 1 2 3 4 8 12 16 24 -0.0096 -0.0255 -0.0296 -0.0219 -0.0953 -0.0226 -0.3751 -0.4698 ct− wt (0.0909) (0.1076) (0.1184) (0.1351) (0.1577) (0.2204) (0.3055) (0.3335) 1 [0.9161] [0.8124] [0.8030] [0.8712] [0.5459] [0.9182] [0.2201] [0.1596] r2 0.0014 0.0060 0.0128 0.0202 0.0576 0.1071 0.1540 0.3319 0.0388 0.0602 0.0798 0.1016 0.1910 0.2687 0.3707 0.3929 dt− pt (0.0308) (0.0351) (0.0382) (0.0382) (0.0576) (0.0612) (0.0492) (0.0348) 2 [0.2086] [0.0868] [0.0372] [0.0081] [0.0010] [0.0000] [0.0000] [0.0000] r2 0.0081 0.0182 0.0278 0.0397 0.0976 0.1716 0.2694 0.4261 0.0019 0.0009 0.0073 0.0153 0.0345 0.1044 0.2068 0.1061 dt− et (0.0242) (0.0325) (0.0356) (0.0353) (0.0395) (0.0397) (0.0370) a10,8 3 [0.9376] [0.9772] [0.8385] [0.6656] [0.3834] [0.0089] [0.0000] [0.0005] r2 -0.0030 0.0014 0.0066 0.0140 0.0481 0.1272 0.2597 0.3863 3.2636 -0.2025 0.9926 4.8210 1.8134 -4.7194 -12.0133 -4.2589 RRELt (3.5994) (4.8447) (5.6552) (5.6161) (6.5587) (7.3729) (8.6340) (10.5919) 4 [0.3648] [0.9667] [0.8607] [0.3909] [0.7822] [0.5223] [0.1645] [0.6877] r2 0.0025 0.0035 0.0078 0.0148 0.0369 0.0697 0.0936 0.1532 0.0550 0.0865 0.1113 0.1386 0.2370 0.2719 0.3470 0.4215 dt− pt (0.0390) (0.0456) (0.0487) (0.0474) (0.0634) (0.0675) (0.0504) (0.0320) [0.1588] [0.0585] [0.0228] [0.0036] [0.0002] [0.0001] [0.0000] [0.0000] -0.0007 -0.0052 -0.0015 0.0036 0.0059 0.0734 0.1674 0.0580 dt− et (0.0248) (0.0332) (0.0363) (0.0356) (0.0388) (0.0401) (0.0345) (0.0189) 5 [0.9788] [0.8755] [0.9669] [0.9191] [0.8782] [0.0677] [0.0000] [0.0023] 15.0089 14.2548 16.4383 19.1107 12.3939 11.0042 7.0495 3.4685 RRELt (6.2779) (8.8037) (9.8258) (9.3361) (11.1311) (11.1759) (11.4796) (10.0153) [0.0172] [0.1060] [0.0949] [0.0412] [0.2660] [0.3253] [0.5395] [0.7293] r2 0.0432 0.0443 0.0560 0.0731 0.1213 0.1982 0.3565 0.5263 0.0374 0.0224 0.0433 0.0883 0.0417 0.1617 -0.3888 -0.4669 ct− wt (0.1039) (0.1108) (0.1153) (0.1265) (0.1519) (0.2215) (0.2981) (0.3279) [0.7190] [0.8403] [0.7076] [0.4855] [0.7836] [0.4657] [0.1928] [0.1554] 0.0492 0.0807 0.1063 0.1327 0.2338 0.2818 0.3739 0.4721 dt− pt (0.0410) (0.0471) (0.0492) (0.0463) (0.0612) (0.0692) (0.0494) (0.0293) [0.2304] [0.0872] [0.0313] [0.0043] [0.0002] [0.0001] [0.0000] [0.0000] 6 0.0031 0.0009 0.0077 0.0161 0.0289 0.1015 0.1932 0.0744 dt− et (0.0255) (0.0339) (0.0369) (0.0359) (0.0383) (0.0377) (0.0322) (0.0189) [0.9024] [0.9792] [0.8342] [0.6549] [0.4508] [0.0074] [0.0000] [0.0001] 14.4869 13.6163 15.7405 18.2619 10.8552 7.9271 4.0235 2.0549 RRELt (6.3501) (8.9394) (9.9379) (9.4584) (11.4064) (11.0943) (11.0785) (9.2630) [0.0230] [0.1284] [0.1139] [0.0541] [0.3417] [0.4753] [0.7166] [0.8246] r2 0.0388 0.0410 0.0568 0.0771 0.1376 0.2365 0.4186 0.5963

(20)

Tabela 4: Excessos de Retornos - In - Sample h PP PP PP PP PP PP P P Var. Altern. h 1 2 3 4 8 12 16 24 0.0296 0.0335 0.0486 0.0742 0.0663 0.2194 -0.0313 0.1343 ct− wt (0.0903) (0.1059) (0.1158) (0.1321) (0.1577) (0.2198) (0.3090) (0.3109) 1 [0.7431] [0.7517] [0.6752] [0.5744] [0.6744] [0.3185] [0.9194] [0.6660] r2 -0.0000 0.0039 0.0100 0.0166 0.0498 0.0957 0.1372 0.3190 0.0441 0.0679 0.0901 0.1145 0.2133 0.2960 0.3988 0.4141 dt− pt (0.0308) (0.0349) (0.0381) (0.0381) (0.0569) (0.0603) (0.0490) (0.0397) 2 [0.1526] [0.0524] [0.0183] [0.0028] [0.0002] [0.0000] [0.0000] [0.0000] r2 0.0099 0.0211 0.0315 0.0445 0.1071 0.1827 0.2847 0.4539 0.0055 0.0067 0.0154 0.0259 0.0567 0.1329 0.2353 0.1307 dt− et (0.0246) (0.0330) (0.0362) (0.0359) (0.0398) (0.0396) (0.0377) a10,8 3 [0.8219] [0.8388] [0.6705] [0.4707] [0.1543] [0.0009] [0.0000] [0.0005] r2 -0.0043 -0.0007 0.0047 0.0124 0.0483 0.1366 0.2834 0.4043 1.7487 -2.2635 -1.3239 2.3187 -1.8204 -10.3097 -20.4515 -18.6748 RRELt (3.5640) (4.8176) (5.6326) (5.5824) (6.3752) (7.2095) (8.5436) (10.1529) 4 [0.6238] [0.6386] [0.8142] [0.6780] [0.7753] [0.1531] [0.0169] [0.0663] r2 -0.0004 0.0023 0.0057 0.0108 0.0340 0.0739 0.1114 0.2029 0.0577 0.0900 0.1156 0.1439 0.2453 0.2817 0.3549 0.4126 dt− pt (0.0391) (0.0458) (0.0491) (0.0481) (0.0644) (0.0677) (0.0495) (0.0384) [0.1412] [0.0498] [0.0189] [0.0029] [0.0002] [0.0000] [0.0000] [0.0000] 0.0024 -0.0002 0.0056 0.0130 0.0258 0.0987 0.1927 0.0814 dt− et (0.0251) (0.0336) (0.0366) (0.0359) (0.0375) (0.0377) (0.0314) (0.0234) 5 [0.9228] [0.9950] [0.8779] [0.7167] [0.4910] [0.0091] [0.0000] [0.0005] 13.3946 11.9988 13.7559 16.0671 8.0100 4.7540 -0.0968 -3.8068 RRELt (6.2646) (8.7788) (9.8130) (9.3111) (10.7708) (10.6097) (10.8269) (9.5945) [0.0330] [0.1723] [0.1616] [0.0850] [0.4574] [0.6543] [0.9929] [0.6918] r2 0.0373 0.0393 0.0515 0.0691 0.1234 0.2105 0.3855 0.5466 0.0630 0.0616 0.0950 0.1511 0.1359 0.2924 -0.2048 -0.1036 ct− wt (0.1040) (0.1110) (0.1150) (0.1263) (0.1570) (0.2276) (0.3136) (0.3397) [0.5451] [0.5794] [0.4089] [0.2321] [0.3870] [0.1995] [0.5140] [0.7605] 0.0503 0.0819 0.1076 0.1341 0.2355 0.2822 0.3692 0.4446 dt− pt (0.0412) (0.0474) (0.0499) (0.0472) (0.0626) (0.0693) (0.0482) (0.0369) [0.2218] [0.0845] [0.0313] [0.0047] [0.0002] [0.0001] [0.0000] [0.0000] 6 0.0060 0.0056 0.0144 0.0247 0.0465 0.1230 0.2130 0.0892 dt− et (0.0258) (0.0343) (0.0373) (0.0363) (0.0376) (0.0362) (0.0305) (0.0235) [0.8154] [0.8714] [0.7005] [0.4961] [0.2166] [0.0007] [0.0000] [0.0002] 13.0219 11.5866 13.3562 15.5786 7.0135 2.5319 -2.0948 -3.6488 RRELt (6.3386) (8.9220) (9.9388) (9.4563) (11.1170) (10.5971) (10.5902) (9.1708) [0.0405] [0.1947] [0.1796] [0.1001] [0.5284] [0.8113] [0.8433] [0.6910] r2 0.0331 0.0359 0.0521 0.0728 0.1364 0.2402 0.4271 0.5861

(21)

5

Previs˜

ao Fora da Amostra

Talvez ainda mais relevante em termos pr´aticos, a compara¸c˜ao com previs˜oes fora da amostra retrata melhor o problema enfrentado por households e investi-dores, ao tomarem decis˜oes de investimento ex-ante. Com esta metodologia, a estima¸c˜ao dos modelos ´e feita utilizando apenas informa¸c˜oes anteriores ao per´ıodo de interesse, e os valores previstos s˜ao comparados aos valores reais.

A m´etrica utilizada para fazer esta compara¸c˜ao ´e o Erro Quadr´atico M´edio de previs˜ao em uma determinada janela de tempo, e todos os pa´ıses tˆem peso igual no ´ındice final. S˜ao considerados alguns modelos utilizando as vari´aveis citadas ante-riormente, e a compara¸c˜ao das previs˜oes ´e feita com base em s´eries de previs˜oes de retornos acumulados come¸cando em 2004-Q2. Para cada trimestre, esta previs˜ao ´e feita com o modelo estimado utilizando dados at´e o trimestre anterior e arma-zenada, para compar´a-la aos dados reais. Para ilustrar o processo, considere um horizonte de h per´ıodos para os retornos acumulados. Inicialmente, os coeficientes de cada modelo s˜ao estimados com dados at´e 2004-Q1 e, com estes estes coefici-entes, ´e feita uma previs˜ao para retornos financeiros acumulados em h trimestres, para 2004-Q2. Essa previs˜ao ´e armazenada, e o processo ´e repetido para o trimestre seguinte, ou seja, utilizando dados at´e 2004-Q2 e fazendo a previs˜ao de retornos acumulados em h per´ıodos para 2004-Q3. Repetindo esse processo para toda a amostra, teremos as previs˜oes fora da amostra para cada modelo, e calculamos a distˆancia entre estas e os retornos observados, utilizando o EQM. A compara¸c˜ao ´e feita de duas maneiras: utilizando modelos Nested e Nonnested, que s˜ao explicadas detalhadamente a seguir. Todas as regress˜oes s˜ao feitas considerando modelos de efeitos fixos, e corre¸c˜oes de White para heterocedasticidade.

(22)

5.1

Modelos Nested

A compara¸c˜ao Nested ´e feita utilizando dois modelos. O primeiro - o modelo irrestrito - considera um determinado grupo de vari´aveis explicativas, incluindo a raz˜ao consumo-riqueza. J´a o segundo - o modelo restrito - ´e feito com as mesmas vari´aveis explicativas, mas excluindo a raz˜ao consumo-riqueza. Se esta vari´avel for relevante para a previs˜ao, esperamos um EQM menor do modelo irrestrito. Por-tanto, a raz˜ao entre o EQM de previs˜ao do modelo irrestrito (EQMi) e do modelo

restrito (EQMr) nos d´a informa¸c˜oes sobre como a inclus˜ao dessa vari´avel afetou a

qualidade das previs˜oes. Valores menores do que 1 indicam que o modelo irrestrito teve um desempenho melhor do que o modelo restrito, sugerindo que a inclus˜ao da vari´avel foi ben´efica. Para esta compara¸c˜ao, foram considerados 3 formula¸c˜oes para o modelo restrito. O primeiro considera a s´erie de retornos (reais, ou exces-sivos) defasada em um per´ıodo, o segundo considera apenas constantes (os efeitos fixos), e o terceiro considera as 3 vari´aveis alternativas citadas anteriormente, ou seja, dt − pt e dt− et. Os resultados s˜ao apresentados da seguinte maneira: a

primeira coluna indica as vari´aveis utilizadas para estimar cada modelo restrito, e a primeira linha representa o horizonte de tempo utilizado em cada caso, em trimestres. Para estimar os modelos irrestritos, foram consideradas as vari´aveis indicadas na primeira coluna, al´em da raz˜ao consumo-riqueza.

Na tabela 5 s˜ao apresentados os resultados para excessos de retornos acumu-lados, com horizontes de 1 a 8 trimestres. A primeira coisa a se notar ´e que, para todos os horizontes, o EQM de previs˜ao diminuiu ao incluir a raz˜ao consumo-riqueza no modelo. Em segundo lugar, podemos notar que essa melhora ocorreu considerando excessos de retornos acumulados em todos os horizontes de tempo analisados, e as raz˜oes permaneceram razoavelmente est´aveis para os diferentes ho-rizontes. Isso sugere que a raz˜ao consumo-riqueza contribuiu positivamente para a qualidade das previs˜oes ao ser inclu´ıda nos modelos.

(23)

Tabela 5: Excessos de Retornos - Out-of-Sample - Nested EQMi/EQMr H H H H H H H HH Altern. h 1 2 3 4 5 6 7 8 rt− rf,t 0.9943 0.9955 0.9939 0.9929 0.9916 0.9913 0.9899 0.9897 const 0.9937 0.9950 0.9936 0.9927 0.9914 0.9911 0.9899 0.9899 d − p, d − e, RREL 0.9919 0.9941 0.9954 0.9957 0.9963 0.9944 0.9967 0.9978

Analisando os resultados da compara¸c˜ao Nested de previs˜oes de retornos re-ais acumulados, apresentados na tabela 6, chegamos `a conslus˜oes parecidas. A inclus˜ao da raz˜ao consuriqueza reduziu o EQM de previs˜ao em todos os mo-delos, e para todos os horizontes analisados.

Tabela 6: Retornos Reais - Out-of-Sample - Nested

EQMi/EQMr H H H H H H H H H Altern. h 1 2 3 4 5 6 7 8 rt− rf,t 0.9955 0.9961 0.9941 0.9924 0.9916 0.9912 0.9893 0.9880 const 0.9948 0.9954 0.9937 0.9923 0.9912 0.9912 0.9894 0.9886 d − p, d − e, RREL 0.9931 0.9946 0.9959 0.9963 0.9976 0.9956 0.9978 0.9984

De forma geral, os resultados obtidos por compara¸c˜oes Nested fornecem ind´ıcios de que a inclus˜ao da raz˜ao consumo-riqueza como vari´avel explicativa beneficia as previs˜oes de retornos financeiros. Essa conclus˜ao ´e consistente com a encontrada nas compara¸c˜oes in-sample, e ´e condizente com o framework te´orico utilizado.

(24)

5.2

Modelos Nonnested

A compara¸c˜ao Nonnested se diferencia da anterior por testar apenas a raz˜ao consumo-riqueza contra as vari´aveis alternativas, em modelos completamente dis-tintos. Para tal, s˜ao considerados dois modelos: o primeiro (modelo base) considera apenas a raz˜ao consumo-riqueza como vari´avel explicativa, enquanto o segundo (modelo alternativo) considera apenas um grupo de vari´aveis alternativas, sem in-cluir a raz˜ao consumo-riqueza. Ao calcular a raz˜ao entre o EQM do modelo base (EQM1), e do modelo alternativo, (EQM2), temos uma compara¸c˜ao direta entre

o desempenho das previs˜oes dos dois modelos, enquanto a compara¸c˜ao Nested nos fornece informa¸c˜oes sobre a contribui¸c˜ao marginal da inclus˜ao da raz˜ao consumo-riqueza no modelo. Assim como na compara¸c˜ao Nested, valores menores do que 1 sugerem um desempenho melhor desta vari´avel em rela¸c˜ao `as alternativas.

Os resultados obtidos com essa metodologia, considerando excessos de retornos s˜ao apresentados na tabela 7, enquanto os resultados das compara¸c˜oes para retor-nos reais s˜ao apresentados na tabela 8. De forma geral, a raz˜ao consumo-riqueza foi superior ao benchmarks considerandos retornos em horizontes maiores do que 6 trimestres, tanto para retornos reais quanto para excessos de retornos. Para horizontes curtos, de at´e 1 ano, as vari´aveis alternativas tiveram um desempenho melhor para prever os dois tipos de retornos.

Ao considerar previs˜oes de retornos reais, com modelos Nonnested, obtivemos resultados parecidos aos encontrados para excessos de retornos. Estes est˜ao descri-tos na tabela 8, e tamb´em sugerem benef´ıcios ao utilizar a raz˜ao consumo-riqueza como previsor.

(25)

Tabela 7: Excessos de Retornos - Out-of-Sample - Nonnnested EQM1/EQM2 H H H H H H H H H Altern. h 1 2 3 4 5 6 7 8 rt− rf,t 1.0241 1.0151 1.0102 1.0096 1.0016 1.0004 0.9970 0.9965 d − p 1.0150 1.0225 1.0167 1.0058 0.9956 0.9960 0.9909 0.9915 d − e 1.0044 1.0041 1.0021 0.9962 0.9854 0.9781 0.9674 0.9618 RREL 1.0177 1.0111 0.9891 0.9959 0.9985 0.9985 0.9927 0.9903

Tabela 8: Retornos Reais - Out-of-Sample - Nonnnested

EQM1/EQM2 H H H H H H H H H Altern. h 1 2 3 4 5 6 7 8 rt− rf,t 1.0253 1.0153 1.0100 1.0077 1.0013 0.9987 0.9960 0.9939 d − p 1.0127 1.0155 1.0061 0.9922 0.9780 0.9748 0.9657 0.9613 d − e 1.0018 0.9964 0.9917 0.9856 0.9739 0.9654 0.9532 0.9459 RREL 1.0300 1.0242 1.0011 1.0063 1.0080 1.0058 0.9968 0.9913

6

Conslus˜

ao

A rela¸c˜ao entre a raz˜ao consumo-riqueza e excesso de retornos ´e bastante co-nhecida na literatura de finan¸cas. No entanto, considerando o grande desafio de mensurar capital humano, ´e comum utilizar uma vers˜ao alternativa desta raz˜ao - o cay - para testar hip´oteses empiricamente. Neste trabalho, testamos a

(26)

pre-visibilidade de retornos financeiros utilizando a raz˜ao consumo-riqueza em sua forma original. Para tal, foi utilizada a metodologia proposta por Dias, Issler e Brotherhood (2016) para mensurar s´eries de capital humano com dados da PWT 9.0 e da OCDE. S˜ao constru´ıdas s´eries de riqueza agregada somando a medida de capital humano aos ativos financeiros l´ıquidos de households. Finalmente, re-alizamos teste emp´ıricos para avaliar a previsibilidade de retornos reais e excesso de retornos acumulados atrav´es da raz˜ao consumo-riqueza, conforme proposto em Lettau e Ludvigson (2001).

Utilizando um painel n˜ao-balanceado com pa´ıses do G7, de frequˆencia trimes-tral, estimamos diferentes modelos com a raz˜ao consumo-riqueza e os resultados foram comparados `a outras vari´aveis utilizadas pela literatura para prever excessos de retornos de ativos. Nas previs˜oes dentro da amostra, a raz˜ao consumo-riqueza n˜ao apresentou resultados estatisticamente significantes, embora sua inclus˜ao te-nha aumentado o r2

ajustado dos modelos, sugerindo que esta raz˜ao conseguiu capturar informa¸c˜oes relevantes. Nas previs˜oes fora da amostra com modelos Nes-ted, a inclus˜ao desta vari´avel parece ter sido ben´efica para prever retornos acumu-lados em todos os horizontes. Nas compara¸c˜oes utilizando modelos Nonnested, a melhora na previs˜ao ficou restrita `a previs˜ao de retornos acumulados em horizontes mais longos, sendo condizente com os resultados encontrados por Castro e Issler (2016).

Observa-se que a s´erie de capital financeiro n˜ao engloba o setor imobili´ario. Devido `a falta de bases de dados confi´aveis para todos os pa´ıses, n˜ao incluimos dados deste setor nas s´eries de ativos financeiros. Uma vez que essa parcela da riqueza dos households em real estate pode ser relevante, deixamos a inclus˜ao desta como sugest˜ao para futuras pesquisas.

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Referˆ

encias

[1] Gary S. Becker. Human Capital: A Theoretical and Empirical Analysis with Special Reference to Education (1st Edition). National Bureau of Economic Research, Inc, 1964.

[2] Stephen Beveridge e Charles Nelson. “A new approach to decomposition of economic time series into permanent and transitory components with parti-cular attention to measurement of the ‘business cycle’”. Journal of Monetary Economics 7.2 (1981), pp. 151–174.

[3] John Y. Campbell e N. Gregory Mankiw. “Consumption, Income and Interest Rates: Reinterpreting the Time Series Evidence”. NBER Chapters (1989), pp. 185–246.

[4] Andressa M. Castro e Jo˜ao V. Issler. “Consumption-Wealth Ratio and Ex-pected Stock Returns: Evidence from Panel Data on G7 Countries”. Revista Brasileira de Economia - RBE 70.4 (2016).

[5] Victor P. Dias, Jo˜ao V. Issler e Luiz Brotherhood. “Measuring Human Capital Using Labor Market Data: An Application to the Study of Cross-Country Economic Growth”. FGV (2016).

[6] C. Ioannidis, D.A. Peel e K.P.G. Matthews. “Expected stock returns, aggre-gate consumption and wealth: Some further empirical evidence”. Journal of Macroeconomics 28.2 (2006), pp. 439–445.

[7] Martin Lettau e Sydney Ludvigson. “Consumption, Aggregate Wealth, and Expected Stock Returns”. The Journal of Finance 56.3 (2001), pp. 815–849. [8] Todd Schoellman. “Education Quality and Development Accounting”. Review

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[9] Chikashi Tsuji. “Consumption, Aggregate Wealth, and Expected Stock Re-turns in Japan”. International Journal of Economics and Finance 1.2 (2009), pp. 123–133.

Imagem

Tabela 2: ´Indices de a¸c˜oes utilizados para cada pa´ıs da amostra Pa´ıs ´Indice
Tabela 3: Retornos Reais - In - Sample h P Var. Altern.PPPPP P P P P P P P Ph 1 2 3 4 8 12 16 24 -0.0096 -0.0255 -0.0296 -0.0219 -0.0953 -0.0226 -0.3751 -0.4698 c t − w t (0.0909) (0.1076) (0.1184) (0.1351) (0.1577) (0.2204) (0.3055) (0.3335) 1 [0.9161] [0
Tabela 4: Excessos de Retornos - In - Sample h P Var. Altern.PPPPP P P P P P P PPh 1 2 3 4 8 12 16 24 0.0296 0.0335 0.0486 0.0742 0.0663 0.2194 -0.0313 0.1343 c t − w t (0.0903) (0.1059) (0.1158) (0.1321) (0.1577) (0.2198) (0.3090) (0.3109) 1 [0.7431] [0.7
Tabela 5: Excessos de Retornos - Out-of-Sample - Nested EQM i /EQM r H H H H H H H H HAltern.h 1 2 3 4 5 6 7 8 r t − r f,t 0.9943 0.9955 0.9939 0.9929 0.9916 0.9913 0.9899 0.9897 const 0.9937 0.9950 0.9936 0.9927 0.9914 0.9911 0.9899 0.9899 d − p, d − e, R
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Referências

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