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ENCONTROS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM ADMINISTRAÇÃO E O PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

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ISSN 2179-5037

ENCONTROS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM ADMINISTRAÇÃO

E O PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DE UMA

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

Joanice Maria Araújo Diniz1 Natália Lopes Mesquita2 Odéssia Fernanda Gomes de Assis3 Mônica Mota Tassigny4

RESUMO: Após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de

1996, houve um considerável aumento de Instituições de Ensino Superior (IES) em todo o país, tornando o cenário cada vez mais competitivo, com consequentes implicações ao processo de institucionalização destas IES. Este artigo propõe-se a responder a seguinte questão: qual a influência dos Encontros de Iniciação Científica em Administração no processo de Institucionalização de uma IES do Estado do Ceará? Objetivou-se verificar a influência dos Encontros de Iniciação Científica no processo de Institucionalização de uma IES. A presente pesquisa é bibliográfica e documental, com abordagem do tipo qualitativa, baseada em estudo de caso. Como resultado, constatou-se aumento significativo de trabalhos de iniciação científica entre 2011 e 2015, colaborando com a legitimação da IES como instituição, uma vez que tem incentivado pesquisas empíricas no campo da Administração. Esta prerrogativa reforça os pressupostos legais dos processos de institucionalização do ensino superior.

Palavras-chave: Encontros Científicos; Institucionalização; Instituição de Ensino

Superior.

INITIATION TO SCIENTIFIC RESEARCH MEETINGS IN MANAGEMENT AND THE PROCESS OF INSTITUTIONALIZATION OF A HIGHER

EDUCATION INSTITUTION

ABSTRACT: After the promulgation of the Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional in 1996, there was a considerable increase of Higher Education Institutions (HEIs) all over the country, making the scenario increasingly competitive, with consequent implications for the institutionalization of these HEIs process. This study aimed to verify the influence of Scientific Initiation Meeting on Institutionalization

1

Mestranda em Administração de Empresas pela Universidade de Fortaleza. Bolsista da FUNCAP. joanicediniz@gmail.com

2 Mestranda em Administração de Empresas pela Universidade de Fortaleza.

nahtinhamesquita@hotmail.com

3

Mestranda em Psicologia no Programa de Pós Graduação em Psicologia - PPGP na Universidade de Fortaleza - UNIFOR fernandagomesdeassis@outlook.com

4 Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (2002) e doutorado na Ecole des

Hautes Etudes en Sciences Sociales (Paris). Professora titular do Programa de Pós Graduação em Administração UNIFOR (PPGD) e Professora colaboradora do Programa de

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Pós-process of a HEI. This research is bibliographic and documentary, with approach of qualitative type, based on case study. As a result, there was significant increase in scientific research work between 2011 and 2015, collaborating with the legitimization of HEIs as institutions, as it has encouraged empirical research in the field of Management. This prerogative reinforces the legal requirements of higher education institutionalization processes.

Keywords: Scientific meetings; Institucionalization; Higher Education Institutions.

1. Introdução

Nas duas últimas décadas, o cenário das Instituições de Educação Superior (IES) tem-se reconfigurado com o aumento no número de IES após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996. Com o acentuado processo de expansão, outras mudanças mais recentes estão em foco. Nesse sentido, é relevante salientar que o movimento de expansão do ensino superior não é resultado de estrito interesse dos agentes de mercado, e, sim, parte da reflexão de membros de diversas entidades ligadas à educação no país, devido à promulgação da nova LDB, em 20 de dezembro de 1996 e de outras interferências do Estado no plano das políticas públicas, que tem transformado o ensino superior (CHAUÍ, 2003). Esta lei iniciou um novo processo de discussão do ensino superior, assim como o Plano Nacional de Educação (PNE), o Parecer no 776/97 e o Conselho Nacional de Educação tornam a estimular as áreas a formular as diretrizes curriculares, com fiscalização do Estado. A facilidade da abertura de IES proporcionada pela LDB de 1996 fez com que o ambiente educacional se tornasse cada vez mais competitivo (ARAÚJO; SANTANA, 2008).

Uma pesquisa realizada em 2013 pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC – (BRASIL, 2015) mostrou que a cidade de Fortaleza possui um total de 451 cursos de graduação distribuídos em 49 IES. Destas, 90% são constituídas por instituições do setor privado. Segundo este levantamento, Fortaleza registrou, em 2013, 86 cursos de Administração, com 29.291 matriculados, 11.535 ingressos e 3.512 concludentes. O censo do MEC de 2013 revelou que o curso de Administração foi o mais procurado entre os estudantes universitários da cidade. Este cenário se configura da mesma forma nos cursos de Administração de Empresas da cidade de Fortaleza, na qual esta competitividade é exacerbada pela preferência dos alunos pelo curso (O POVO, 2015).

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No caso do ensino superior, a avaliação do Ministério da Educação é realizada por intermédio do Conceito Institucional – CI – e do Índice Geral de Cursos – IGC – e IGC Contínuo, no qual se avalia também o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – Enade (BRASIL, 2015). Além do bom desempenho nas avaliações do MEC, as IES devem estar institucionalizadas para melhor enfrentar a competição. Assim, o processo de institucionalização ocorre após a sua expansão. A diversidade do ciclo de vida inicial dos campos organizacionais, logo após a criação destas novas organizações, transforma-se em homogeneidade com o estabelecimento no mercado (DIMAGGIO e POWELL, 2007).

As IES têm como missão não apenas produzir conhecimento por meio da pesquisa científica, mas também disseminá-lo por meio de atividades de ensino e de extensão. É ainda um pilar dessas organizações a formação profissional propriamente dita, que se dá principalmente pelo ensino. A extensão, principalmente através dos incentivos com apresentações e publicações de artigos em seminários e congressos, o qual será nosso foco de pesquisa para compreender a importância do processo institucionalizador de uma IES.

Diante do contexto apresentado, surgiu a questão de pesquisa: Qual a influência dos Encontros de Iniciação Científica em Administração sobre o processo de Institucionalização da Instituição de Ensino Superior (IES)?

O objetivo geral dessa pesquisa é descrever como as apresentações e publicações de artigos em seminários e congressos desta instituição estão colaborando para institucionalização e legitimação no mercado de uma IES, principalmente, porque fomenta nos alunos suas escolhas acadêmicas e suas inserções no mercado de trabalho.

A relevância deste tema para a sociedade consiste no fato de que com a institucionalização de novas IES, estudantes terão mais acesso à ciência, despertando o espírito científico e contribuindo para o progresso da sociedade e, indiretamente, para o mercado. Nesta pesquisa, ainda evidenciou-se a necessidade de melhorar a qualidade das instituições de ensino superior na preparação de profissionais aptos a prestarem os necessários suportes aos inúmeros agentes produtivos que têm sua sobrevivência e longevidade constantemente ameaçadas pelos crescentes níveis de competição no cenário.

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A iniciação científica pode fomentar um futuro administrador com espírito inovador e empreendedor.

2. Aspectos do Ensino Superior, pesquisa e extensão

Em uma retrospectiva histórica, verificou-se que a educação universitária nasceu como instituição livre em Bologna, no ano de 1170, atuando como instituição predominantemente de ensino, como extensão de uma das atividades pastorais da Igreja. A Universidade de Paris, Sorbonne, também atuava junto à Igreja Católica e foi fundada no século XII. (CHIZZOTTI, 2014). No século XIX, a exemplaridade universitária napoleônica (1806) nasceu como um modelo de universidade estatal e centralizadora, dedicada ao ensino e à transmissão da cultura nacional. O modelo mais aproximado ao sistema de educação superior atual é a concepção universitária germânica, de Humboldt, na Universidade de Berlin, em 1810, que vinculou o ensino à pesquisa, com liberdade de atuação nas duas áreas (CHIZZOTTI, 2014).

No Brasil, o ensino superior surgiu junto com a vinda da família real ao país, em 1808, quando foram criadas as Escolas de Cirurgia, Academias Militares e Escola de Belas Artes. Com a independência do país, surgiram as primeiras faculdades brasileiras com atuação nos cursos de Medicina, Direito e Politécnica. Eram independentes umas das outras, e estavam localizadas em cidades importantes, possuindo uma orientação elitista seguindo os modelos franceses. Uma nova mudança se processou a partir da década de 1930 com a retomada do protagonismo público que se acentuou nas décadas seguintes por meio da federalização de instituições estaduais e privadas e com a criação de novas universidades federais (SAVIANI, 2010).

Dados revelados em uma pesquisa do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (BRASIL, 2013) – mostram a realidade da Educação Superior através do Censo de Ensino Superior no Brasil, totalizando 2.391 IES no país em 2013. Destas entidades, 301 eram públicas e 2.090 privadas. A maior parte destas Instituições eram faculdades (2.016), seguidas por Universidades (195) e Centros Universitários (140).

Estas instituições, que ofertam mais de 32 mil cursos, com mais de sete milhões de alunos matriculados, refletem a evolução do ensino superior no

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Brasil. Em 1994 existiam 851 IES no país, e em 2006 esse número alavancou para 2.270 instituições. Este aumento representa o crescimento do número de IES no período 1994-2006, de 13,7% públicas e de 219,4% para privadas, chamando a atenção o processo de privatização das matrículas: em 12 anos, as públicas cresceram 75% contra 275,2% das privadas (SGUISSARDI, 2008).

Os dados expostos mostram o reflexo da abertura no mercado que a nova LDB, de 1996, proporcionou. Com o mercado de educação legitimamente protegido judicialmente, como, por exemplo, pelo Decreto n. 2.306, de 19 de agosto de 1997, que reconhecia a educação superior como um bem de serviço comercializável, as IES puderam multiplicar-se no mais recente mercado brasileiro de Educação Superior.

Diante o exposto, a universidade passou a ser vista como organização viva e composta por uma rede de relações entre todos os seus elementos, e a gestão universitária procura acompanhar essa dinâmica de interações. Nesse modelo de transição são criados espaços para novos paradigmas. Deste modo, muda a fundamentação teórico-metodológica do trabalho das universidades, em que a direção passou a ser vista como um processo de equipe. Esse paradigma é marcado pela consciência da realidade e das relações sociais (RIBEIRO, 2003).

A instituição produtora de conhecimentos representa uma identidade conquistada, portanto, com seu caráter específico, compreende-se que essas duas funções devam apresentar capacidades de serem estendidas a um público que se encontra além de seus muros. É a este “lado comunicativo” do saber científico presente no ensino e na pesquisa que se pode, idealmente, chamar de extensão universitária.

Para o Ministério da Educação, as universidades se caracterizam pela indissociabilidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão. São instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano (BRASIL, 2015). Configura-se ainda como característica das universidades a produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural quanto regional e nacional.

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Para se efetivar uma articulação indissociável entre ensino-pesquisa-extensão na Educação Superior, tornou-se extremamente necessário que o projeto político-pedagógico dos cursos de graduação, pós-graduação e extensão ofertados pelas universidades possibilite, simultaneamente, o envolvimento dos atores sociais (docentes, discentes e comunidade externa), como componentes individuais, e o apoio da estrutura institucional como facilitadora da integração entre ensino, pesquisa e extensão, a fim de garantir, assim, a sua execução de modo eficaz e eficiente (SANTOS, 2012).

Além dos fatores já mencionados, a extensão universitária visa também favorecer a capacitação dos acadêmicos para o agir profissional, colocando-os em contato direto com a realidade social; proporcionando mudanças políticas, culturais e sociais na comunidade; socializando conhecimentos; auxiliando os estudantes na aplicação clara e objetiva dos conhecimentos obtidos em sala de aula; possibilitando a vivência da interdisciplinaridade; propiciando o desenvolvimento de novas habilidades e competências pessoais; bem como aprofundando conhecimentos teóricos em uma determinada área do saber e de atuação profissional (SANTOS, 2012). Santos entende a extensão universitária como o “lado comunicativo” do saber científico presente no ensino e na pesquisa que se pode, idealmente, chamar de extensão universitária.

A pesquisa, desenvolvida no Brasil primordialmente no campo acadêmico, está legitimada na Constituição Federal de 1988. No artigo 207, a Constituição assegura: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 2015).

2.1. Processo de institucionalização e isomorfismo

Aproximando-se dos estudos de Marx Weber sobre a burocratização e sua expansão, foi que a diversidade do ciclo de vida inicial dos campos organizacionais transformou-se em homogeneidade com o estabelecimento das organizações (DIMAGGIO; POWELL, 2007). A teoria institucional contempla, no âmbito de abordagens dos estudos organizacionais, arquiteturas de compreensão dos padrões e das diversidades implícitas nas organizações.

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Esta teoria é estudada no âmbito teórico e prático e é utilizada em diversos contextos organizacionais, demonstrando que as organizações sentem a necessidade de padronizar comportamentos (PEREIRA, 2012).

A institucionalização é objeto de estudo da Teoria Institucional, que procura “explicar porque as organizações surgem, tornam-se estáveis ou transformam-se, assumindo determinados formatos”, avaliando os fatores: ambiente, história e tecnologia, “investigando como a definição de padrões assume a condição de valores e adquirem legitimidade nas estruturas sociais” (NOVAIS, et al., 2011, p. 178). Entendendo assim a Institucionalização como um processo de estabelecimento, homogeneização e, finalmente, de legitimização, acredita-se que as IES, especialmente as criadas após a LDB de 1996, estão atravessando este processo de estabilização no mercado de Educação Superior brasileiro.

Um conceito que classifica melhor este processo de institucionalização é o isomorfismo, no qual uma população se assemelha a outras que enfrentam condições semelhantes. O isomorfismo é classificado como competitivo, quando adotado por organizações do mercado, e institucional, quando se pretende entender o poder político e a legitimação institucional. É possível identificar três formas isomórficas institucionais: os isomorfismos coercivo, mimético e normativo (DIMAGGIO e POWEL, 2007).

O isomorfismo coercivo é o resultado de pressões formais e informais exercidas por outras organizações em forma de persuasão para adequação aos padrões. O isomorfismo mimético representa uma imitação, copiando modelos já estabelecidos e muitas vezes atendendo a pressão de consumidores e empregados. Já a pressão normativa é um modelo de isomorfismo muito presente na profissionalização, com funcionários agindo de maneira semelhante e também através da forte socialização no local de trabalho (DIMAGGIO e POWEL, 2007).

Assim, com o isomorfismo, principalmente o normativo, baseando-se em normas e leis, pode-se visualizar o processo de Institucionalização. Com a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, notoram-se os primeiros sinais de isomorfismo normativo e coercitivo. A regulamentação veio iniciar um novo processo de discussão do ensino superior e equiparar as IES que seriam criadas a partir daquele momento. A normatização, presente

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através do Parecer nº 776/97 do Conselho Nacional de Educação, conseguiu estimular as áreas para formular as diretrizes curriculares específicas para cada curso de graduação.

Além disso, os currículos dos cursos superiores formulados na vigência da legislação revogada pela LDB, em geral, caracterizam-se por excessiva rigidez, que advém em grande parte da fixação detalhada de mínimos curriculares, e resultam na progressiva diminuição da margem de liberdade que foi concedida às instituições para organizarem suas atividades de ensino.

Os cursos de graduação precisam ser conduzidos, através das Diretrizes Curriculares, aproximando, cada vez mais, a grade curricular de outras IES e trazendo o isomorfismo, principalmente o normativo, para a Educação Superior através das normas e leis do governo. Estas organizações abandonam as características de que muitas vezes se revestem, e deixam de atuar como meros instrumentos de transmissão de conhecimento e informações, para que o seu objetivo maior seja a orientação educacional e oferta de uma sólida formação básica, preparando o graduado para enfrentar os desafios das efêmeras transformações da sociedade, do mercado de trabalho e das condições de exercício profissional.

Outras questões, que também merecem destaque e análise pormenorizada, são as avaliações e as classificações que o MEC promove sobre o Ensino Superior, as quais são estimativas, consequências de legislação, e visam promover melhorias e avanços na educação nacional, através do cumprimento normativo de planos e indicadores de qualidade aplicados às IES, a fim de avaliar e orientar a educação superior.

Entre os indicadores de qualidade do ensino (BRASIL, 2015), destacam-se o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – Enade, que avalia o desempenho dos estudantes de graduação, ingressantes e concluintes, em relação aos conteúdos programáticos dos cursos em que estão matriculados. Outro indicador do MEC é o Índice Geral de Cursos – IGC, utilizado para conhecer o desempenho das instituições de ensino superior do país, baseando-se em uma média ponderada das notas dos cursos de graduação e pós-graduação de cada instituição. Os cursos superiores também são avaliados com referência nos indicadores do Conceito Preliminar de Curso – CPC, o qual representa como um indicador de qualidade que calcula no ano

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seguinte ao da realização do Enade, com base na avaliação de desempenho de estudantes, corpo docente, infraestrutura, recursos didático-pedagógicos e demais insumos, conforme orientação técnica aprovada pelas Conferências Nacionais de Educação - CONAES.

A regulamentação das IES hegemoniza as instituições, que devem se submeter à legislação exigida pelo MEC. Esta homogeneidade, ou isomorfismo, pode ser classificado como normativo ou coercivo e é um dos meios conhecidos para a institucionalização. Por fim, verifica-se que a influência do ambiente nas organizações partindo da concepção do neo-institucionalismo busca explicar como o ambiente interfere nas estruturas organizacionais e determinam por parte características de organizações formais. (CARVALHO, 1999). Na Teoria Neo-Institucional, elementos culturais, valores, mitos compartilhados também exercem esta influência legitimadora.

3. Metodologia

A presente pesquisa pode ser definida como bibliográfica, documental e de campo com abordagem qualitativa, de tipo estudo de caso. Os dados coletados nesta pesquisa foram longitudinais e referem-se ao período de 2011 a 2015, visto que foram os últimos cinco anos dos Encontros de Iniciação Científica em Administração que tiveram maior relevância, tratando-se quantitativamente do número de trabalhos apresentados. Antes de 2011, a IES em foco pouco fomentava a pesquisa acadêmica, Desse modo, os anos anteriores não foram inseridos nas análises. Os documentos analisados foram disponibilizados pelo Coordenador de Pesquisa de um Curso de Administração de uma IES privada em Fortaleza, por meio de entrevista. Os dados foram analisados percentualmente ano a ano e, posteriormente, foi feita a análise qualitativa.

O presente estudo é de natureza qualitativa, e o principal desafio para a análise de dados qualitativos é que não há um conjunto claro e convenções para a análise correspondendo àqueles observados com dados quantitativos. Em alguns estudos publicados, o pesquisador deve ter tido centenas ou talvez milhares de páginas de dados qualitativos, mas é difícil avaliar como eles foram sumarizados e estruturados para chegar a conclusões (COLLIS; HUSSEY,

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2005). Sopesa pondera e interpreta dados e se vale da razão discursiva para compreender a natureza de determinado fenômeno (RODRIGUES, 2007).

A investigação documental foi feita em leis, relatórios da IES e Anais dos Encontros de Iniciação Científica. A pesquisa é descritiva por não procurar explicar alguma coisa ou mostrar relações causais entre variáveis (VERGARA, 2009; ROESCH, 2009). Exploratória porque visou prover um maior conhecimento sobre o tema em área em que não há muito conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza, não comportou hipótese (MATTAR, 2007).

O estudo de caso foi uma estratégia de pesquisa que buscou examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto, e se referiu a um presente recente e não ao passado (YIN, 2010). Desta maneira, situa-se em um dos diversos modelos propostos para a produção de conhecimento (GIL, 2009). Constituiu um método de olhar a relação Encontro Científicos na Administração e o processo de institucionalização que utilizou a realização de entrevistas, a observação participante e a análise de documentos. Como a pesquisa privilegiou a coleta de dados documentais de uma IES específica, a escolha do estudo de caso adaptou-se melhor às necessidades deste estudo.

4. Resultados e discussão

Os dados coletados apresentam a evolução em relação à quantidade de trabalhos apresentados nos Encontros de Iniciação Científica em Administração (tabela 1). É possível constatar o progresso no número de trabalhos apresentados em Encontros Científicos da administração: em 2011 (21 trabalhos apresentados) e em 2015 (52 trabalhos apresentados). Pode-se evidenciar um incremento de 148% em relação ao primeiro ano de pesquisa. Esta evolução contínua, ao logo dos últimos cinco anos, demonstra que a IES em questão procura fomentar a pesquisa entre seu corpo discente (Fig. 1).

Figura 1 - Quantidade de artigos científicos e ensaios teóricos apresentados nos Encontros de Iniciação Científica em administração.

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Ano Encontros de Iniciação Científica em administração 2011 21 2012 27 2013 27 2014 53 2015 52

Fonte: Centro Universitário de uma Instituição de Educação Superior (IES) em Fortaleza.

A iniciação científica é um dos primeiros passos na vida acadêmica científica, um dos pilares do tripé indissolúvel de uma universidade: ensino, pesquisa e extensão. Conforme prerrogativas do Ministério da Educação (BRASIL, 2015), as IES devem ter como missão não apenas produzir conhecimento por meio da pesquisa científica, mas também disseminá-lo por meio de atividades de ensino e de extensão, que surgem como o terceiro fundamento da estrutura da universidade, contribuindo com a expansão universitária tanto no âmbito econômico quanto social, a partir da grande colaboração das pesquisas e dos avanços científicos conquistados no Ensino Superior (CHIZZOTTI, 2014; PROVINCIALI, et al., 2005).

Considerando que entre os 86 cursos de Administração ofertados das 49 IES de Fortaleza, apenas três encontram-se na categoria de universidade: duas destas são universidades públicas e apenas uma é privada, assim, o centro universitário (ainda não é universidade) em estudo evidencia interesse relevante em pesquisa em relação às outras faculdades de Administração existentes, fundadas após a LDB de 1996.

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Com o aumento do incentivo à pesquisa através de um maior número de trabalhos apresentados em Encontros de Iniciação Científica e por parte de investimentos do Centro Universitário em foco, também em monitorias para preparar e desenvolver os alunos para serem pesquisadores, podem-se identificar os esforços de institucionalização que conquistaram, passando de faculdade a centro universitário. Identificou-se ainda, a existência de dois grupos de estudos e pesquisas, os quais não estão registrados no diretório do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPQ, no curso de Administração de Empresas.

Por fim, o centro universitário em estudo, existente desde 1995, está passando por um novo processo de institucionalização, caracterizando-se como isomórfico em relação aos outros, pois investe e fomenta a pesquisa, buscando alcançar o reconhecimento, a legitimação, conforme LDB (1996), assim como deliberações do MEC, totalizando um quadro docente formado por 35 professores, sendo 3 especialistas, 29 mestres e 3 doutores, e assim visa conquistar sua institucionalização como Universidade.

Por fim, afirma-se que a IES também assume o papel de formadora de profissionais para o mercado de trabalho porque também incentiva a extensão como um campo de aplicabilidade da pesquisa. As universidades não devem somente preparar profissionais técnicos e escolas isoladas, mas também cidadãos críticos e questionadores da sociedade e de seus problemas (TEIXEIRA, 1998).

5. Considerações finais

Os Encontros de Iniciação Científica em Administração no Centro Universitário investigado possuem relevância no processo de Institucionalização porque impacta no contexto de legitimação, em futuro breve, ao status de Universidade. Esta tendência, por sua vez, atua no aprimoramento profissional dos alunos dedicados às pesquisas.

O tema em questão contribui com o campo dos estudos organizacionais, uma vez que busca a análise do processo de institucionalização de uma IES visando à estabilidade e legitimação como um Centro Universitário, reconhecida pelo MEC com este status, por meio de

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cursos em múltiplos campos do conhecimento e relativa independência para criar cursos de nível superior e mostrando uma maior exigência em relação aos programas de pós-graduação.

Descreveu-se, assim, como a influência da produção científica, por meio de apresentação de trabalhos em Encontros de Iniciação, pode contribuir com os objetivos de institucionalização da IES para alcançar a denominação de Universidade.

Os dados demonstram a aplicabilidade deste estudo no âmbito das instituições de ensino superior no país, apresentando a influência que a pesquisa e extensão podem trazer para as faculdades privadas, como as mais de duas mil existentes no país (BRASIL, 2015). Este trabalho ratifica a necessidade de uma maior valorização da pesquisa, também da extensão, como corolários de legitimação de uma verdadeira IES, que aponta para a inovação e empreendedorismo como potências existentes no conhecimento científico.

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Recebido em 07/07/2015. Aceito em 29/08/2015.

Referências

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