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O ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

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Academic year: 2020

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Revista do Curso de Direito da Universidade Braz Cubas V1 N1: Maio de 2017

O ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Albert Natale Andressa Angelone Thais de Sousa Leite Fernandes Veronica da Paixão Nunes1

Adilsen Claudia Martinez2 Resumo: Este artigo cientifico tem por objetivo o estudo sobre o Tráfico Internacional de Pessoas, analisando casos reais e suas consequências, focando a participação do Estado em proteger e as vitimas e na Política de Enfrentamento ao Tráfico Internacional de Pessoas, leis e convenções e que auxiliam no combate ao crime e ao órgão responsável pelas investigações.

Palavras - chave: Tráfico, Seres Humanos, Leis, Convenções, Combate.

Abstract: This scientific article aims to study the International Trafficking in Persons, analyzing real cases and their consequences, focusing on the participation of the State in protecting and victims and in the Policy on Confronting International Trafficking in Persons, laws and conventions and assisting in the Fight against crime and the body responsible for investigations.

Key-words: Traffic, Human beings, Laws, Conventions, Combat.

Sumário: 1 Introdução – 2 Trafico de Pessoas e sua Legislação; 3 Tráfico Internacional de Pessoas e Casos Reais; 4 Responsabilidade do Estado; 5 Considerações Finais. 6 Referências.

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho visa estudar o enfrentamento ao tráfico internacional de pessoas, explicitando os aspectos que o abrangem, analisando e abordando os problemas. Tendo por objetivo divulgar casos reais com o objetivo reprimir o tráfico internacional de seres humanos e fazer com que os autores de tais práticas respondam pelos seus crimes e prevenir para que pessoas não sejam enganadas e acabem indo para outros países e serem exploradas sexualmente, ou que trabalhem de formas análogas a de escravos,

quando não, perdem seus órgãos com a falsa promessa de que é possível viver com parte ou mesmo sem eles.

Mesmo que o tráfico de seres humanos, já seja existente no mundo há muito tempo, não é possível indicar a dimensão do problema, que vêm sendo enfrentando há séculos. O tráfico 1 Graduandas do Curso de Direito da Universidade Braz Cubas

2 Mestrado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil(2002). Professor Associado I da Sociedade Civil de Educação Braz Cubas (UBC-Universidade Braz Cubas) , Brasil

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de pessoas tem diversas ramificações, como por exemplo, a exploração de jovens e adolescentes, de mulheres ou homens para abuso sexual, adoção de crianças, trabalho escravo e ultimo, mas não menos importante, a remoção de órgãos, crimes que envolvem vítimas de diferentes países, idades, cor, sexo.

É preocupante o crescimento de tal prática que acabam por mostrar um futuro improvável diante de tamanho crescimento, fazendo com que tal ato criminoso esta cada dia mais visível e mais perto. Diante disso, é importante advertir que o tráfico de seres humanos é uma forma de explorar suas vítimas, um problema que temos enfrentado durante a história de nosso país e que atinge o mundo todo.

Tal crime não preocupa somente o Brasil, mas sim todo o Mundo que vêm tentando combater o tráfico, que é o responsável por violar direitos e garantias fundamentais da pessoa humana. O esforço para combater tamanha crueldade não é só para a prisão dos agentes envolvidos em tais praticas, mas também para conscientizar a população para tentar resolver o problema.

Este presente artigo cientifico refere-se a um aglomerado estudo sobre o crime de tráfico internacional de pessoas e as políticas de enfrentamento a tal crime.

2 TRAFICO DE PESSOAS E A LEGISLAÇÃO

Na atualidade o tráfico de pessoas não ocorre exclusivamente tendo como destinatários os países em desenvolvimento e como destino, os países desenvolvidos, mas também, cada vez em maior número, entre e dentro dos países em desenvolvimento.

Com grande frequência, as vítimas de tráfico são traficadas de países onde existem grandes problemas econômicos, ambientais ou político, para países ou até mesmo regiões, onde aparentemente a condição de vida se mostra melhor. A Relatora Especial sobre violência contra mulheres, ao comentar sobre as causas do tráfico de mulheres, afirmou que:

“As causas-raízes da migração e do tráfico estão altamente sobrepostas. A falta de direitos dispensados às mulheres serve como fator preliminar causal na raiz das migrações e do tráfico de mulheres. Enquanto tais direitos inevitavelmente encontram-se em constituições, leis e políticas, não obstante a cidadania plena continua a ser negada às mulheres porque os governos não protegem e não promovem os direitos da mulheres [...]. Por falhar na proteção e promoção dos direitos civis, políticos, econômicos e sociais das

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mulheres, os governos criam as situações em que o tráfico floresce”. - PAULA, Cristiane Araújo de. Tráfico internacional de pessoas com ênfase no mercado sexual. Âmbito Jurídico, Rio Grande, IX, n. 36, jan. 2007. Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2016. As propostas de uma vida melhor e com maiores condições financeiras, fazem com que as vitimas se sujeitem ao trafico, sendo elas encaminhadas a países onde não tem nenhum subsidio para sub existir com o mínimo de dignidade.

Ainda sim, no mesmo sentido, o Protocolo Adicional à Convenção da ONU contra o crime organizado transnacional relativo à prevenção, repressão e punição do tráfico de pessoas, em especial mulheres e crianças, internalizado pelo Decreto n 5.017/2004 também estabelece, no artigo 3º, que é irrelevante o consentimento dado pela vítima de tráfico de pessoas.

A lei é clara que mesmo que se houver o consentimento da vítima, não é eximido a culpabilidade e punibilidade do(s) autor(es) pelo crime cometido. E ainda, há proteção expressa em nosso código penal brasileiro sobre o tema, se não vejamos:

Artigo 231 Código Penal:

Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro (Redação dada pela Lei nº 12.015 de 2009).

Conforme se mostra no referido texto do artigo exposto acima, não se faz necessário o consentimento da vítima para a configuração do delito.

Por fim, fica claro que nos dias contemporâneos, o trafico internacional de pessoas superou o limite de países carentes, ingressando em famílias com pouca instrução sobre o tema, e deixando-os sem nenhum meio de conseguir escapar de crimes tão brutais contra a dignidade da pessoa humana.

3 TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS E CASO REIAS

De acordo com dados da reportagem do site univesp, certa de 2,4 milhões de pessoas são traficadas por ano. Em meio desta alastrante estatística, existem pessoas que saem de suas residências atrás de um futuro melhor e não retornam para suas vidas habituais. Depois de sofrerem demasiados abusos, as vítimas não voltam a serem as mesmas, isso se voltarem. Certa de 70 mil pessoas são traficadas do Brasil por ano. Todo ano mulheres morrem, obrigadas a se prostituirem, a usar drogas e à viverem em péssimas condições.

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Pesquisas mostram que Portugal assume o ranking dos países que recebem vítimas do tráfico de pessoas, seguido por Espanha, Itália, França e Venezuela. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o tráfico de pessoas arrecada por ano, cerca de US$ 30 bilhões e aproximadamente dez por cento desse montante entra no Brasil.

Em falando de dinheiro, nos lembramos que o maior inimigo da luta contra essa modalidade de tráfico é a corrupção e a falta de um órgão que dedique-se somente a esse tema.

Diante de tais contextos acima citados, vemos casos reais acontecendo embaixo de nossos olhos, tais como o caso de Kelly Fernanda Martins, que aos 26 anos de idade, saiu da cidade de Guadalupe – Rio de Janeiro, deixando seus dois filhos menores e sua mãe para que pudesse ir à Israel trabalhar, sem falar sequer uma palavra em inglês ou hebraico, porém fora prometido à ela que ganharia certa de US$1.500,00 por mês, no entanto, a vítima não sabia falar sequer uma palavra em inglês ou hebraico e ainda acreditava que iria trabalhar em casa de família ou lanchonete.

Obrigada à se prostituir, Kelly era também forçada à usar drogas e mantida em cárcere privado. A vítima informou que fora obrigada à se relacionar com cerca de dez homens por dia, com jornadas de até treze horas. Para prendê-la no país, Kelly fora obrigada, como tantas outras, a deixar seu passaporte com os criminosos, impedindo assim, a vítima de voltar para seu país ou até mesmo denunciá-los.

Em sua última carta enviada ao Brasil, Kelly declarou amar muito deus filhos, essa carta fora escrita três dias antes da vítima ser encontrada morta por policiais em Tel Aviv -Israel, as causas da morte não foram explicadas pela polícia israelense, no entanto, quando

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o corpo embalsamado chegou ao Brasil revelou os terrores sofridos pela pobre criatura, que saiu de seu país em busca de algo melhor.

O corpo fora encontrada na rua de Tel Aviv , no atestado de óbito a “causa mortis” fora atestada como overdose por remédios e drogas supostamente utilizadas pela vítima. Porém, para sua família, Kelly fora assassinada.

Após a morte de sua filha, a mãe desesperada foi até os jornais e tornou público o caso de sua filha, que fora assassinada por traficantes russos que comandavam o tráfico em Israel. Em seu depoimento, a mãe informou que a filha fora procurada por duas mulheres, em uma festa junina em seu bairro, com a promessa de que a vítima ganharia muito dinheiro trabalhando em outro país.

A história de Kelly fora revivida na novela da Globo, Salve Jorge, no papel interpretado pela atriz Carolina Dieckmann. Tal história fez com que o Ministro da Justiça, na época, Renan Calheiros, se locomover até Israel para acompanhar o desfecho da operação.

Em uma reportagem, a revista Istoé, deu detalhes sobre o perfil das vitimas, segundo consta, são pessoas de classe baixa, integrantes de famílias numerosas, jovens entre 16 a 25 anos e pessoas com baixa escolaridade. Na mesma reportagem, consta que apenas 25

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homens e 11 mulher, totalizando 36 pessoas cumprem pena por tráfico internacional de pessoas no Brasil para fins de exploração sexual.

Portanto, é importante que a sociedade tome consciência de que o inimigo pode morar ao lado e que diante de índices tão alarmantes, é necessário que haja denúncia as autoridades por meio do número 181 e não deixem que esses traficantes fiquem impunes por tais crimes.

4 RESPONSABILIDADE DO ESTADO

O tráfico de pessoas é um fato consumado que cresce cada vez mais, mas que não possui tanta divulgação, no caso a vitima com a procura de uma vida melhor se vê dentro de uma emboscada que quase sempre acaba em tragédia

Considerando que o trafico tráfico consiste na violação dos direitos humanos, cabe ao Estado fulminar esta conduta, como prestar total apoio às vitimas e aos seus

A insuficiência das ações estatais faz com que a prática deste tráfico aumente cada vez mais, mesmo que haja vários tratados internacionais, cabe ao estado coloca-los em pratica, reprimindo o tráfico dentro de seu território, punindo e coibindo o crime organizado, vez que o sistema internacional não tem um imponência fiscalizatória.

Por fim, entendemos que a responsabilidade do Estado em face da vítima de tráfico de pessoas, por atos praticados por particulares deve ser abordada pelos países e devidamente regulamentada para uma aplicação uniforme. A responsabilidade do Estado perante a vítima, uma vez convencionada pelos países, não pode servir apenas como guia de conduta

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há um grande desprovimento de informações sobre essa prática do crime de tráfico internacional de pessoas, ocasionando, em alguns casos, uma dormência ao sofrimento da pessoa traficada para práticas de trabalhos forçados, como um dos mais comuns, que é a prostituição. E também são vistas apenas como um imigrante ilegal no país em que busca ajuda ou em que é exposto ao crime.

O Brasil tange pelo combate da séria violação de direitos humanos gerado pelo tráfico internacional de pessoas. Previamente, registrado a mudança na Lei Penal sucedida no ano de 2005, logo após a confirmação brasileira dos textos internacionais relacionados ao tráfico de seres humanos, dos quais tipo penal, inicialmente restrito a tutela de mulheres, inclui atualmente a pessoa humana violentada por meio da ação criminosa. Ademais se

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verifica no país o desenvolvimento de políticas públicas voltadas ao cumprimento das diretrizes internacionais.

Podemos notar que durante o trabalho, analisamos o crime e das diversas modalidades, sem esquecer as políticas de enfrentamento ao tráfico internacional de pessoas e do importante papel que a polícia federal tem para a recriminação de tal pratica delituosa. O tráfico de pessoas está previsto no Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada Transnacional relativo à Prevenção, à Repressão e à Punição do Tráfico de Pessoas, em especial de Mulheres e Crianças, mais conhecido como Protocolo de Palermo, que fora assinado em 2003 e promulgado em 2004 pelo Brasil. Como no caso de Kely, podemos verificar os problemas enfrentados pelas vitimas durante e após o crime. Que a família também se torna vitima, ao perder entes queridos, por passar por tempo com sua ausência sem ter ao menos uma noticia e por diversas vezes terminar tragicamente, e acima de tudo pela fragilidade de nossas leis. Posto isso, podemos verificar que a dificuldade em provar tais crimes é o maior problema enfrentado pelo nosso poder judiciário, pois por diversas às vezes, as vítimas têm medo de denunciar, por medo de perderem suas vidas ou de que os criminosos façam algo com seus parentes em seus países de origem. Ainda sim, a Polícia Federal vêm realizando diversas operações com o objetivo de prender traficantes, fechar prostíbulos e devolver as vítimas as suas vidas, para que as mesmas tentem voltar para normalidade de seu dia-a-dia e que continuem tendo uma vida digna.

Portando, embora o Brasil não venha cumprindo cem por cento com os padrões para a erradicação do tráfico de seres humanos é importante dizer que o país se esforça para atender as recomendações internacionais. De fato, a legislação brasileira pode ser considerada branda e não atende aos requisitos propostos pelo Protocolo de Palermo. Mas é importante constatar que o Brasil vem criando meios para prevenir e reprimir a prática desses criminosos. Exemplos de ações do Brasil é a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico Internacional de pessoas e seus Planos Nacionais.

Todavia, ainda há muitos estudos a ser analisados para abranger esse tema. Tristemente, a luta contra o tráfico internacional de pessoas choca no preconceito sob suas vítimas e um impedimento de fazer funcionar procedimentos de combate internacional do crime. Sem a colaboração internacional e sem a realização concreta de uma política interna de enfrentamento ao tráfico de pessoas, que ampare um trabalho em rede, envolvendo

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entidades estatais e a sociedade civil, não vá existir a prevenção ao crime, a punição dos traficantes e exploradores, e também a proteção e assistências para as vítimas.

Referências

BARROS, Marco Antônio de. Tráfico de Pessoas para Fim de Exploração Sexual e Adoção Internacional Fraudulenta. Revista Justitia, Ano 67, v.201, jan./dez.2010, 124 p.

BUENO, Chris. Mais de 2,4 milhões de pessoas são traficadas em todo o mundo por ano. Disponível em: <http://pre.univesp.br/trafico-de-pessoas#.WD3B1vkrKM8>. Acesso em: 29/11/2016.

Código Penal Brasileiro – Artigo 231

PAULA, Cristiane Araújo de. Tráfico internacional de pessoas com ênfase no mercado sexual. Âmbito Jurídico, Rio Grande, IX, n. 36, jan. 2007. Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2016.

TORRES, Izabelle e COSTA, Flávio. Tráfico de pessoas. Disponível em: <http://istoe.com.br/170188_TRAFICO+DE+PESSOAS/>. Acesso em 29/11/2016 às 15:57.

Referências

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