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Viabilidade da concessão do salário-maternidade à trabalhadora rural em regime de economia familiar quando não atendida a idade mínima prevista no artigo 11, VII, da Lei nº 8.213/91

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LAURA FEUSER

VIABILIDADE DA CONCESSÃO DO SALÁRIO-MATERNIDADE À

TRABALHADORA RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR QUANDO NÃO ATENDIDA A IDADE MÍNIMA PREVISTA NO ARTIGO 11, VII, DA LEI Nº

8.213/91

Tubarão 2015

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VIABILIDADE DA CONCESSÃO DO SALÁRIO-MATERNIDADE À

TRABALHADORA RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR QUANDO NÃO ATENDIDA A IDADE MÍNIMA PREVISTA NO ARTIGO 11, VII, DA LEI Nº

8.213/91

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Linha de pesquisa: Sociedade e Justiça

Orientador temático: Alírio Schmitt, Esp.

Tubarão 2015

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Dedico aos meus pais este trabalho monográfico, pois eles estiveram ao meu lado durante todo o processo de elaboração, incentivando e apoiando, assim como o fizeram em todos os momentos de minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Acima de tudo, agradeço aos meus pais, Sandra e Evaristo, por me mostrarem a importância de persistir nos meus objetivos e oportunizarem que eu realizasse um curso de ensino superior. Sou grata ao meu pai por ter me ensinado, dentre tantas outras coisas, a ser uma pessoa responsável e organizada, assim como agradeço a minha mãe, por toda paz e tranquilidade transmitidas e pelos valiosos ensinamentos de controle da mente e das emoções.

Sou grata a minha irmã e ao meu cunhado, Elisa e Henrique, que mesmo estando longe neste semestre, fizeram o possível para alegrar meus fins de semana, proporcionando momentos de lazer e descanso tão agradáveis.

Agradeço aos amigos que tive oportunidade de conhecer e conviver nos últimos cinco anos, e, principalmente, a minha amiga de todas as horas, Sofia, pois não posso imaginar realizar a graduação sem sua presença e apoio incondicional.

Aos meus colegas de trabalho da 2ª Vara Federal de Tubarão agradeço, pois muito me ajudaram durante a elaboração deste trabalho monográfico, particularmente Georgea e Zeli, que me auxiliaram com boa vontade em toda parte de correção.

Por fim, sou grata aos meus mestres, pelos ensinamentos repassados durante o curso de Direito; em especial ao meu orientador Alírio, que me guiou de forma atenciosa na elaboração deste trabalho.

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RESUMO

O presente trabalho pretende analisar a viabilidade da concessão de salário-maternidade à trabalhadora rural, na condição de segurada especial, que efetivamente exerce labor em regime de economia familiar, quando não atendida a idade mínima prevista no artigo 11, VII, da Lei nº 8.213/91, qual seja dezesseis anos. Para alcançar tal objetivo, utilizou-se o método de abordagem dedutivo, partindo-se de uma proposição geral para atingir uma conclusão específica. O tipo de pesquisa utilizado foi o exploratório, através do procedimento bibliográfico. No tocante à abordagem, o método utilizado foi o qualitativo. No estudo, inicialmente, buscou-se explorar o Regime Geral de Previdência Social, no contexto da Seguridade Social brasileira e, por conseguinte, verificar a forma de vinculação ao sistema securitário, bem como as alterações legislativas quanto a idade mínima para tal. Além disso, conceituou-se as várias categorias de beneficiários, com ênfase na dos segurados especiais e seus dependentes, pois é nela que reside o ponto central do tema em estudo. Após, passou-se para análise, mais específica, da prestação previdenciária salário-maternidade. Do estudo, constatou-se que, a fixação do limite etário para filiação ao Regime Geral de Previdência Social está em consonância com o objetivo protetivo do artigo 7º, XXXIII, da Constituição Federal, que proíbe o trabalho ao menor de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; todavia, na hipótese em análise, tratando-se da classe dos segurados especiais, que exercem suas atividades em condições de mútua dependência e colaboração, a fixação desse requisito etário vai de encontro a outras normas e princípios, também previstos na própria Constituição Federal, como a proteção à maternidade, à família e ao menor, além de ferir um dos fundamentos da Seguridade Social, a solidariedade social.

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ABSTRACT

The present study aims to analyze the viability of granting maternity benefits to rural workers, in the form of special category workers covered by social security, who effectively carry out their activities on a family-based economic arrangement, when the minimum age requirement of sixteen years, set out in article 11, VII, of Law 8213/91, has not been satisfied. To achieve this objective, a deductive approach methodology was employed based on a general proposition in order to reach a specific conclusion. The type of research performed was exploratory, using a bibliographical procedure. As far as the approach is concerned, the qualitative method was employed. The study initially sought to examine the Social Welfare System, within the context of Social Security in Brazil, and then to investigate the form of connection to the insurance system, as well as legislative alterations with regard to the respective minimum age. In addition, the various categories of beneficiary were conceptualized with an emphasis on the category of special workers and their dependents, since therein lies the central point of the topic under discussion. Afterwards, more specifically, the study went on to analyze the area of maternity benefits. Based on the study, it was found that the setting of an age limit for admission to the Social Welfare System is consistent with the protective objectives of article 7, XXXIII, of the Federal Constitution which prohibits minors under the age of sixteen from working, except in the capacity of apprentice, in which case the limit is fourteen years of age; nevertheless, in the hypothesis in question, which deals with the category of special workers, carrying out their activities under conditions of mutual dependence and cooperation, the establishment of this age requirement contradicts other standards and principles also set out in the Federal Constitution, such as protection for motherhood, families and minors, as well as running afoul of one of the cornerstones of Social Security, namely social solidarity.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

CF – Constituição Federal

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

FUNRURAL – Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural IAP – Institutos de Aposentadoria e Pensão

INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social INPS – Instituto Nacional de Previdência Social

INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social

PRORURAL – Programa de Assistência Social ao Trabalhador Rural RGPS – Regime Geral Previdência Social

SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social SUS – Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ... 9

1.2 JUSTIFICATIVA ... 11

1.3 OBJETIVOS ... 11

1.3.1 Geral ... 11

1.3.2 Específicos ... 12

1.4 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS OPERACIONAIS ... 12

1.5 HIPÓTESE ... 13

1.6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 13

1.7 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: ESTRUTURAÇÃO DOS CAPÍTULOS ... 13

2 SEGURIDADE SOCIAL ... 15

2.1 ORIGEM DA PROTEÇÃO SOCIAL ... 16

2.2 DIVISÃO: SAÚDE, ASSISTÊNCIA E PREVIDÊNCIA ... 17

2.3 PREVIDÊNCIA SOCIAL ... 19

2.3.1 Evolução Legislativa da Previdência Social no Brasil ... 20

2.3.2 Beneficiários: Segurados e Dependentes ... 22

2.3.2.1 Dos Segurados Obrigatórios ... 22

2.3.2.2 Dos Segurados Facultativos ... 27

2.3.2.3 Dos Dependentes ... 27

3 PRESTAÇÕES PREVISTAS PELO RPGS E REQUISITOS PARA CONCESSÃO .. 29

3.1 VINCULAÇÃO AO RGPS ... 29

3.1.1 Alterações legislativas quanto à idade mínima para filiação ... 30

3.2 PRESTAÇÕES PREVISTAS PELO RGPS ... 32

3.3 SALÁRIO-MATERNIDADE ... 33

3.3.1 Histórico: proteção da mulher e da maternidade ... 33

3.3.2 Evolução: passagem do âmbito trabalhista para o previdenciário ... 35

3.3.3 Salário-de-benefício e renda mensal inicial ... 36

3.3.4 Início, manutenção e cessação ... 38

3.3.5 Beneficiários ... 38

3.3.6 Salário-maternidade para o segurado especial ... 39

4 DA CONCESSÃO DO SALÁRIO-MATERNIDADE AO MENOR DE DEZESSEIS ANOS ... 42

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4.1.1 Trabalho do menor a partir dos quatorze anos ... 43

4.2 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA ... 44

4.3 VIABILIDADE ... 45

4.3.1 Classificação do menor no RGPS: Segurado ou Dependente ... 45

4.3.2 Preexistência de Custeio ... 47

4.3.3 Comprovação do trabalho efetivamente prestado ... 48

4.4 PRINCIPAIS PRINCÍPIOS APLICÁVIES AO ESTUDO ... 49

4.4.1 Princípio da primazia da realidade ... 49

4.4.2 Princípio da solidariedade ... 50

4.5 NORMA PROTETIVA NÃO PREJUDICIAL ... 51

5 CONCLUSÃO ... 54

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1 INTRODUÇÃO

Nesta introdução será apresentado o tema de estudo do presente trabalho monográfico, através da descrição da situação problema, das suas justificativas, dos objetivos - gerais e específicos - e da hipótese, que se pretende descobrir se será ou não confirmada ao final.

Serão definidos, ainda, os conceitos operacionais importantes ao estudo, bem como os procedimentos metodológicos utilizados para sua elaboração e, ao final, será apresentado um breve relato da estruturação dos capítulos elaborados.

1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

A Lei de Planos de Benefícios da Previdência Social – Lei no 8.213/91, ao tratar sobre os segurados especiais, considerou que o cônjuge ou companheiro e os filhos maiores de dezesseis anos, ou a este equiparado, que trabalharem com o grupo familiar respectivo, são também segurados especiais e a eles, nessa condição, fica garantido o direito à prestação de aposentadoria por idade ou invalidez, auxílio-doença, auxílio-acidente e salário-maternidade, bem como auxílio-reclusão e pensão aos seus dependentes.

Conforme os ensinamentos de Castro e Lazzari (2012, p. 72), ressalta-se que: “Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge ou companheiro e os filhos maiores de 16 anos ou a este equiparados deverão ter participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar”.

A proteção trabalhista concedida aos menores de dezesseis anos pelo artigo 7o da Constituição Federal – CF trouxe por consequência o aumento da idade mínima para filiação à Previdência Social de quatorze para dezesseis anos; excluindo, dessa maneira, os menores de dezesseis anos do rol de segurados (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 73). De acordo com a redação atual da Constituição Federal:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (BRASIL, 1988).

Em relação ao salário-maternidade, o artigo 39 da Lei de Planos de Benefícios da Previdência Social, explica as condições em que tal benefício será concedido ao segurado especial:

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Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, fica garantida a concessão: […]

Parágrafo único. Para a segurada especial fica garantida a concessão do salário-maternidade no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do início do benefício (BRASIL, 1991b).

Ressalta-se, que a Lei nº 9.876/99 diminuiu o período de carência exigido à concessão do benefício de salário-maternidade; assim, hoje deve-se comprovar o efetivo exercício da atividade rural nos últimos 10 meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefício, ainda que de forma descontínua (BRAGANÇA, 2012).

Nesse sentido, em interpretação conjunta do artigo 11, VII e do artigo 39, parágrafo único da Lei nº 8.213/91, destaca-se que a legislação previdenciária prevê, entre outros requisitos, a idade mínima de dezesseis anos e a participação ativa nas atividades rurais da família como requisitos para que o filho, ou a este equiparado, seja classificado como segurado especial e tenha direito à cobertura previdenciária do salário-maternidade.

No entanto, é sabido que as lides rurais no Brasil não estão restritas aos maiores de dezesseis anos, principalmente no regime de economia familiar, em que, não raramente, a participação de todos os membros da família é necessária para a manutenção do grupo. Além disso, é de conhecimento público e notório que a idade fértil feminina inicia antes dos dezesseis anos de idade.

Assim, há que se considerar a possiblidade de gestação da menor de dezesseis anos que exerça labor rural familiar e que, à luz da legislação previdenciária atual, não encontra o mesmo amparo que aquela que já atingiu a idade mínima para auferir o benefício de salário-maternidade, deixando ao acaso, não apenas o direito da criança ou adolescente gestante, mas igualmente o direito do infante nascituro. Nesse sentido, extrai-se da CF:

Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988).

Ainda no panorama constitucional, ressalta-se que se deve buscar a devida proteção previdenciária à maternidade, especialmente à gestante:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: [...]

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; (BRASIL, 1988).

No presente trabalho, está em discussão, principalmente, a existência de uma barreira formal, gerada a partir da proibição constitucional ao trabalho infantil, que impede à

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prestação de salário-maternidade ao menor de dezesseis anos, por não se enquadrar no rol de segurados da Previdência Social, ainda que tenha exercido labor rural, em regime de economia familiar.

O objeto do presente será, portanto, analisar a viabilidade da concessão do salário-maternidade ao trabalhador rural, que exerça labor em regime de economia familiar, quando não atendida a idade mínima de dezesseis anos, prevista no artigo 11, VII, da Lei nº 8.213/91. 1.2 JUSTIFICATIVA

O presente trabalho acadêmico trata de matéria previdenciária, com destaque ao benefício de salário-maternidade, e pretende analisar a viabilidade da concessão de tal benefício nas situações em que o trabalhador rural, em regime de economia familiar, não atenda a idade mínima prevista na legislação.

A proteção à maternidade é direito social constitucionalmente assegurado: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 1988).

Nesse diapasão, os motivos que levaram o legislador a adicionar o requisito da idade mínima de dezesseis anos para a filiação ao Regime Geral de Previdência Social, precisa ser analisado em conformidade com os direitos sociais e demais normas previstas na Constituição Federal, bem como com os princípios que regem o direito previdenciário.

Impõe-se o tema como de grande relevância, tendo em vista a necessidade de dar a atenção devida às menores gestantes que, além de passarem por um momento delicado ao gestar na adolescência, não encontram amparo na legislação previdenciária, apesar de participarem ativamente na economia da família.

O trabalho possui ampla importância jurídica e social, pois, a partir de sua conclusão, poderá servir de orientação aos operadores do direito que buscam uma solução equilibrada acerca do tema em pauta, além de beneficiar todo um grupo social de trabalhadores rurais que se encontram na difícil situação em discussão.

1.3 OBJETIVOS

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Analisar a viabilidade da concessão do benefício previdenciário de salário-maternidade ao trabalhador rural, que exerce laboral em regime de economia familiar, quando não atendida a idade mínima prevista no artigo 11, VII, da Lei nº 8.213/91, qual seja, dezesseis anos.

1.3.2 Específicos

Identificar os motivos que levaram o legislador a definir a idade mínima de dezesseis anos para filiação como segurado especial.

Diferenciar o trabalho rural exercido em economia familiar, ressaltando as particulares desta categoria, especialmente o caráter protetivo dado pelo legislador constitucional.

Expor os motivos determinantes da criação do salário-maternidade, bem como sua evolução ao decorrer dos anos.

Realizar uma análise principiológica acerca do tema. 1.4 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS OPERACIONAIS

Tendo como objetivo maior compreensão deste estudo, seguem os conceitos fundamentais à pesquisa:

Regime de economia familiar: É um conceito definido em Lei, no artigo 11, §1º

da Lei nº 8.213/91, como “a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes”. (BRASIL, 1991b).

Trabalhador rural menor de dezesseis anos: É aquele que exerce labor rural,

em regime de economia familiar, mas, como não atende a idade mínima prevista no artigo 11, VII, da Lei nº 8.213/91, não possui acesso às prestações previdenciárias devidas aos segurados especiais; ou seja, na visão legal guardam apenas a condição de dependente.

Salário-maternidade: Benefício previdenciário concedido aos segurados da

Previdência Social, de forma geral por 120 dias, na ocorrência de parto, aborto não criminoso, bem como adoção ou obtenção de guarda judicial, e quando preenchidos os demais requisitos à sua concessão. (BRASIL, 1991b).

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1.5 HIPÓTESE

No caso da menor de dezesseis anos participar ativamente das atividades rurais do grupo familiar, poderá o Judiciário deferir o pedido de salário-maternidade, quando preenchidos os demais requisitos, visando resguardar os direitos previdenciários desta menor. 1.6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa partiu da análise dos princípios norteadores do Direito Previdenciário, em conjunto com a Constituição Federal, referentes à proteção à maternidade e ao neonato, bem como a proibição ao trabalho do menor, a fim de examinar a viabilidade da concessão do salário-maternidade para o trabalhador rural menor de dezesseis anos. Assim, quanto à abordagem o método a ser utilizado para a elaboração do presente trabalho será o dedutivo, pois conforme Motta e Leonel (2007) tal método “parte de uma preposição universal ou geral para atingir uma conclusão específica ou particular”.

No presente trabalho acadêmico será utilizado o tipo de pesquisa exploratório, uma vez que de acordo com os ensinamentos de Gil (2002): “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou construir hipóteses”.

No tocante à abordagem, a pesquisa será qualitativa, pois analisará a bibliografia existente visando encontrar solução ao tema em discussão. A pesquisa foi realizada em doutrinas, artigos científicos, periódicos jurídicos, jurisprudências, entre outros, sendo assim, quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados, o tipo de pesquisa é o bibliográfico. 1.7 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: ESTRUTURAÇÃO DOS CAPÍTULOS

O presente estudo monográfico será estruturado em cinco capítulos. A introdução do tema, primeiro capítulo do trabalho, é de importante valor para que seja compreendida a discussão que ocorrerá nos próximos capítulos.

No segundo capítulo, serão apresentados os principais pontos do processo de evolução Seguridade Social brasileira, com ênfase na Previdência Social, diante da conceituação das várias categorias de beneficiários do Regime Geral de Previdência Social.

O terceiro capítulo trata-se, principalmente, de uma análise mais específica do benefício de salário-maternidade, seu contexto histórico e particularidades; trazendo, ainda, as

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formas de vinculação ao sistema securitário e as alterações legislativas quanto a idade mínima para tal, que serão de grande relevância para o estudo.

No quarto capítulo, será feita a análise da viabilidade da concessão do salário-maternidade à trabalhadora rural, que exerce labor em regime de economia familiar, quando não atendida a idade mínima de dezesseis anos prevista no artigo 11, VII, da Lei nº 8.213/91.

Por fim, o quinto capítulo é a exposição das conclusões alcançadas ao final do estudo.

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2 SEGURIDADE SOCIAL

A definição da expressão Seguridade Social pode ser encontrada no artigo 194 da CF-88, o qual dispõe que ela consiste em um “conjunto de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito à saúde, à previdência social e à assistência social”. (BRASIL, 1988).

Visando abranger três formas de proteção social, a Seguridade Social foi subdividida em Saúde, Previdência e Assistência Social, pautando-se para atender a diversos objetivos, tão importantes que são elevados ao posto de princípios (BRAGANÇA, 2012, p. 9): Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

V - eqüidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento;

VII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados. (BRASIL, 1988).

Com a edição dessa norma, o objetivo do constituinte originário foi criar um sistema protetivo, até então inexistente em nosso país, visando a atender toda e qualquer demanda acerca do bem-estar da pessoa humana, a fim de garantir-lhe uma vida minimamente digna e indicando o Estado como responsável pela sua criação. (IBRAHIM, 2012, p. 5).

Acerca das intenções da Seguridade Social, importante mencionar palavras de Balera e Mussi (2014):

A seguridade social tem como propósito fundamental proporcionar aos indivíduos e às famílias a tranquilidade de saber que o nível e a qualidade de suas vidas não serão significativamente diminuídos, até onde for possível evitá-lo, por nenhuma circunstância econômica ou social. O que interessa ao sistema de seguridade social não é garantir o padrão de vida do indivíduo, mas tão somente assegurar-lhe condições mínimas de sobrevivência digna. (BALERA; MUSSI, 2014).

A Seguridade Social está inserida Título VIII da CF-88, que dispõe sobre a Ordem Social. No artigo inaugural do título, o legislador deixou claro que a Ordem Social tem como base o primado do trabalho e como objetivo o bem-estar e a justiça social. (BRASIL, 1988).

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positivou a importância que o exercício de um ofício possui sobre o bem-estar do ser humano. Assim, o sistema de Seguridade Social possui seus objetivos interligados aos da Ordem Social, devendo, desse modo, estabelecer ações que priorizem o trabalho, que é o principal passo para que sejam alcançados o bem-estar e a justiça sociais. (BALERA; MUSSI, 2014). 2.1 ORIGEM DA PROTEÇÃO SOCIAL

A ideia de Proteção Social origina-se na necessidade de estabelecer métodos de proteção contra os variados riscos a que o ser humano está sujeito. Foi a partir do final do século XIX que a questão começou a tornar-se importante, e começou-se a dela tratar dentro das legislações dos Estados. (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 21).

No tocante à conceituação da expressão Proteção Social, aquela fornecida por Celso Barroso Leite (1978 apud Castro e Lazzari, 2012, p. 21), mostra-se oportuna:

Proteção social, portanto, é um conjunto de medidas de caráter social destinadas a atender certas necessidades individuais; mais especificamente, às necessidades individuais que, não atendidas, repercutem sobre os demais indivíduos e, em ultima analise, sobre a sociedade.

Desde o início da vida em comunidade, o ser humano preocupou-se em garantir seu sustento e o de sua família diante das inseguranças naturais, como as situações de risco em virtude de fenômenos da natureza, e também aquelas decorrentes de riscos sociais, como morte, doença ou perda de renda. (CASTRO; LAZZARI, 2013, p. 6).

Os familiares eram inteiramente responsáveis uns pelos outros, sem nenhum tipo de ajuda do Estado, o que nem sempre era suficiente para atender às necessidades individuais. Nesse sentido, de acordo com Ibrahim (2012, p. 1) “pode-se afirmar que a proteção social nasceu, verdadeiramente, na família [...], contudo, nem todas as pessoas eram dotadas de tal proteção familiar e, mesmo quando essa existia, era frequentemente precária”.

No momento em que se percebeu ser necessário auxílio externo para amparar os indivíduos das situações de risco, a evolução histórica da Proteção Social ocorreu com base nos ideais de caridade, que eram regulados, principalmente, pela Igreja. Como não havia influência alguma do Estado, a pessoa que se encontrava em situação de necessidade era amparada pelos demais membros da comunidade através da caridade. (SANTOS, 2011, p. 27).

No ano de 1601, na Inglaterra, nascia a Assistência Social, como consequência da edição do Act of Relief of the Poor – Lei dos Pobres, marco legislativo que é de relevante

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importância, uma vez que reconheceu ser incumbência do Estado o amparo aos comprovadamente necessitados. (SANTOS, 2011, p. 27).

Seguindo o contexto histórico, com o desenvolvimento da sociedade industrial os olhos do Estado acabam voltando-se aos problemas sociais crescentes. Neste sentido, seguem as palavras de Bragança (2012, p.1):

Do descontentamento das classes trabalhadoras em consequência dos efeitos colaterais do desenvolvimento humano, principalmente após a Revolução Industrial, emergiram os seguros sociais. Mas ainda não seria o ultimo ato rumo à proteção social. A segunda metade do século XX, sobretudo em função das chagas da Segunda Guerra Mundial, assiste a um Estado preocupado com o bem-estar social. Surge a ideia de seguridade social. (BRAGANÇA, 2012, p. 1).

O Estado percebe que precisa mudar de postura e em 1883, na Alemanha, o chanceler Otto Von Bismarck aprova seu projeto de seguro doença, que é posteriormente estendido para seguro de acidente de trabalho, invalidez e velhice. (IBRAHIM, 2012, p. 46).

Esse é o marco da criação da Previdência Social no mundo, pois, com a Lei de Seguros criada por Bismarck surge a prestação previdenciária, com o Estado determinando o pagamento compulsório de contribuições a fim de custear um sistema protetivo. (IBRAHIM, 2012, p. 47).

2.2 DIVISÃO: SAÚDE, ASSISTÊNCIA E PREVIDÊNCIA

A Constituição Federal de 1988 disciplinou as áreas de atuação da Seguridade Social ao longo das Seções II, III e IV.

Conforme previsto no artigo 196 da CF-88 “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Deste texto legislativo é possível concluir que, independentemente de contribuição, qualquer pessoa pode beneficiar-se de atendimentos na rede pública de saúde. (BRASIL, 1988).

Da análise do dispositivo acima mencionado, em conjunto com os princípios reguladores da Seguridade Social, realizada por Santos (2011, p. 85), extrai-se:

O dispositivo atende ao princípio da universalidade, seja da cobertura, seja do atendimento. Da cobertura, porque se dirige a todas as etapas: promoção, proteção e recuperação. Do atendimento, porque garante a todos o direito e o acesso igualitário às ações e serviços de saúde.

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previdência social devem ser conjugadas visando conquistar o bem-estar e a justiça social, mas isso não implica confundir estes dois subsistemas da seguridade social.”

No passado, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS, conjugava os ramos protetivos de Saúde e Previdência Social. A proteção à saúde não era considerada direito universal e o trabalhador deveria contribuir para manutenção desse direito, o que fazia em conjunto com a Previdência Social. (IBRAHIM, 2011, p. 8).

Após a extinção daquele instituto unificado, as ações relativas à saúde ficaram ao encargo do Ministério da Saúde, através do Sistema Único de Saúde – SUS. Atualmente, a saúde é o mais amplo dos ramos protetivos, justamente por prevenir, proteger e atender a qualquer pessoa que necessite, sendo que efeitos advindos dessa proteção irradiam-se por toda a sociedade. (BALERA; MUSSSI, 2014)

Assim como a Saúde, a Assistência Social, será devida independentemente de contribuição; todavia, somente pode dela beneficiar-se aquele que necessite. Desse modo, dispõe a CF-88:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. (BRASIL, 1988).

Ela possui por propósito preencher lacunas deixadas na Previdência Social, que é restrita somente a alguns indivíduos que contribuem para o sistema e seus dependentes. Não compete à Previdência Social prestar benefícios às pessoas carentes, para isso existe a Assistência Social.(IBRAHIM, 2011, p. 13).

Sobre as diferenças existentes entre a Assistência e a Previdência Social, Balera e Mussi (2014), ensinam:

Quer o sistema de seguridade social, com isso, abarcar todo aquele que, não tendo capacidade econômica para contribuir, necessite de amparo de tal sistema e não esteja enquadrado no rol de segurados obrigatórios da Previdência Social.

Por isso, a Assistência Social toma como objetivo a proteção do nascimento à morte da pessoa, buscando incluir socialmente todos aqueles que se encontram à margem da sociedade.

Garantindo proteção aos desamparados, a Assistência Social cumpre papel de extrema relevância no sistema de Seguridade Social, pois, ainda que os beneficiários não

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contribuam para a manutenção do sistema, serão por ele protegidos. (BALERA; MUSSI, 2014).

A Saúde e a Assistência Social são, portanto, duas das áreas de atuação da Seguridade Social. Enquanto a primeira tem caráter pleno de gratuidade e universalidade, a segunda sofre restrições quanto ao caráter universal, é oferecida apenas aos que dela necessitem, ou seja, para aqueles que não possuem condições de manutenção própria. (IBRAHIM, 2012, p. 13).

Há ainda a Previdência Social como integrante do sistema de Seguridade Social, que se trata do objeto principal do presente trabalho, motivo pelo qual haverá maior aprofundamento nesta forma de proteção social.

2.3 PREVIDÊNCIA SOCIAL

Como verificado acima, o conceito de Seguridade Social tem significado diverso do que se atribui à Previdência Social.

Prevista no artigo 201 da CF-88, a Previdência Social possui caráter contributivo e filiação obrigatória, destinando-se a proporcionar cobertura dos riscos sociais associados, principalmente ao trabalho, mediante contribuição prévia, in verbis:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no §2º. (BRASIL, 1988).

O Ministério da Previdência Social é o órgão gestor da política previdenciária no Brasil. Por sua vez, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS é uma autarquia que comanda e aplica na sociedade essa política, especialmente, na relação direta com os beneficiários do sistema protetivo. (CASTRO; LAZZARI, 2013, p. 118).

Além da Constituição Federal, as principais fontes de direito relativas à Previdência Social são: a) Lei nº 8.213/91, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social; b) Lei nº 8.212/91 que institui Plano de Custeio e trata do sobre a organização da Seguridade Social; c) Decreto nº 3.048/99 que aprovou Regulamento da Previdência Social e, por fim, d) Instrução Normativa do INSS nº 77/2015, que estabelece

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rotinas para agilizar e uniformizar o reconhecimento de direitos dos segurados e beneficiários da Previdência Social.

2.3.1 Evolução legislativa da Previdência Social no Brasil

Até que, no século XX, fossem positivadas as primeiras regras gerais de Previdência Social no Brasil, passou-se por um lento processo de evolução da proteção social privada até a intervenção do Estado para garantir o bem-estar de todos, conforme leciona Castro e Lazzari (2012, p. 43):

A formação de um sistema de proteção social no Brasil, a exemplo do que se verificou na Europa, se dá por um lento processo de reconhecimento da necessidade de que o Estado intervenha para suprir deficiências da liberdade absoluta [...], partindo do assistencialismo para o Seguro Social, e deste para a formação da Seguridade Social.

O marco inicial da Previdência Social no Brasil é considerado a Lei Eloy Chaves - Decreto Legislativo n° 4.682, de 24 de janeiro de 1923, pois foi a partir dela que desenvolveu-se a estrutura interna da previdência, apesar de não ter sido o primeiro diploma legal a tratar sobre o assunto securitário. (IBRAHIM, 2011, p. 57)

A Lei Eloy Chaves previa a criação de Caixas de Aposentadoria e Pensões por cada empresa ferroviária, tornando seus empregados segurados obrigatórios. O modelo de sistema previdenciário implementado por esse diploma legal, muito herdou do modelo alemão de Bismarck, como se retira do texto de Balera e Mussi (2014):

De regra, o modelo contemplado na Lei Eloy Chaves se assemelha ao modelo alemão de 1883, em que se identificam três características fundamentais: (a) a obrigatoriedade de participação dos trabalhadores no sistema, sem a qual não seria atingido o fim para o qual foi criado, pois mantida a facultatividade, seria mera alternativa ao seguro privado; (b) a contribuição para o sistema, devida pelo trabalhador, bem como pelo empregador, ficando o Estado como responsável pela regulamentação e supervisão do sistema; e (c) por fim, um rol de prestações definidas em lei, tendentes a proteger o trabalhador em situações de incapacidade temporária, ou em caso de morte do mesmo, assegurando-lhe a subsistência.

Após a criação das primeiras Caixas de Aposentadoria e Pensão, estas mesmas Caixas foram expandindo-se, sendo implementadas em diversos ramos de atividade econômica. (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 44).

O governo de Getúlio Vargas – 1930 – trouxe ampla reformulação do sistema previdenciário existente, o qual deixou de ser organizado pelas empresas e passou a ser agrupado por categoria profissional. Surgem, então, os Institutos de Aposentadoria e Pensão – IAP, dotados de natureza autárquica e subordinados diretamente à União, ampliando a

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intervenção Estatal na área, uma vez que o controle público restou finalmente consolidado. (IBRAHIM, 2011, p. 57).

A Carta Constitutiva de 1934 foi de grande progresso para a evolução Previdenciária, uma vez que foi a primeira a prever a forma tríplice de custeio da Previdência Social, com contribuições do Estado, empregado e empregador. Além disso, também foi a primeira constituição a utilizar o termo “previdência”. (BRAGANÇA, 2012, p. 21).

No ano de 1960, aprovou-se a Lei nº 3.807, conhecida como Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS, que criou o Regime Geral de Previdência Social, instituindo disciplina única e genérica para todas as categorias de trabalhadores relacionados às atividades privadas (BALERA; MUSSI, 2014), com exceção expressa aos trabalhadores rurais, in verbis:

Art 3º São excluídos do regime desta lei: […]

II - os trabalhadores rurais assim entendidos, os que cultivam a terra e os empregados domésticos, salvo, quanto a êstes, o disposto no art. 166. (BRASIL, 1966).

Mostra-se importante para o presente estudo expor que, no ano de 1963, a proteção social foi estendida para as áreas rurais, com a instituição do Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural – FUNRURAL. Todavia, conforme leciona Bragança (2012, p. 22) “a diminuta base de financiamento acabou por inviabilizar a previdência rural, a qual só foi realmente instituída com a com a Lei Complementar 11, de 24-5-1971”.

Assim, somente no ano de 1971 há a criação do Programa de Assistência Social ao Trabalhador Rural – PRORURAL, de natureza assistencial e a cargo do FUNRURAL, que passou, então, a receber natureza autárquica, deixando de ser um simples fundo. (IBRAHIM, 2011, p. 60).

Um pouco antes da criação do PRORURAL, entra em vigor o Decreto nº 72, de 22-11-1966, que unificou os Institutos de Aposentadorias e Pensões - IAP, criando o Instituto Nacional de Previdência Social – INPS. Tal fusão se fez necessária uma vez que diversas instituições estatais realizavam, simultaneamente, as mesmas funções, o que não se mostrava razoável do ponto de vista financeiro. (IBRAHIM, 2011, p. 59).

Buscando a reorganização da Previdência Social, a Lei nº 6.439, de 1977, instituiu o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – SINPAS. Sobre o tema, explica Ibrahim (2011, p. 61):

O SINPAS [...] tinha finalidade de integrar a concessão e a manutenção de benefícios, a prestação de serviços e o custeio de atividades programas e a gestão administrativa, financeira e patrimonial de seus componentes. [...] A época da

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criação do SINPAS, a legislação previdenciária vigente ainda era a LOPS, que convivia com diversos outros diplomas legais previdenciários.

O SINPAS extinguiu o FUNRURAL, mas ainda existiam distinções entre os regimes previdenciários urbanos e rurais, o que ocorreu foi apenas a extinção do instituto que administrava este último. (BRAGANÇA, 2012, p. 23).

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 trouxe uma profunda transformação no modelo de proteção social, instituindo o sistema de Seguridade Social tal qual conhecemos hoje, atuando nas áreas de Saúde, Previdência e Assistência Social. (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 47).

No tocante ao trabalhador rural, a Constituição de 1988 unificou a proteção social dos trabalhadores urbanos e rurais, com a adoção do princípio da uniformidade e da

equivalência às populações urbanas e rurais, no inciso II do artigo 194. (BRASIL, 1988).

O INSS – Instituto Nacional do Seguro Social – foi criado em 1990, passando a substituir o INPS na função de arrecadação, bem como na de pagamento de benefícios e prestação de serviços aos segurados do RGPS e seus dependentes, e extinguindo o SINPAS. (BRAGANÇA, 2012, p. 23).

Em 24 julho de 1991, entram em vigor as Leis nº 8.212/91 e nº 8.213/91, diplomas básicos da Previdência Social, revogando totalmente o LOPS, que ainda era aplicado por ausência de outra previsão legal, apesar de não ter sido inteiramente recepcionado pela CF-88. (IBRAHIM, 2011, p. 62).

Após a CF-88, as principais reformas sofridas pela previdência social foram as decorrentes das Emendas Constitucionais nº 20/1998, nº 41/2003, nº 47/2005 e nº 70/2012. (BALERA; MUSSI, 2014).

2.3.2 Beneficiários: Segurados e Dependentes

A Lei de Benefícios Previdenciários – Lei nº 8.213/91 – classifica como segurados ou dependentes os beneficiários do Regime Geral de Previdência Social. Além disso, dispõe que o RGPS possui duas espécies de segurados: os obrigatórios e os facultativos, que serão diferenciados a seguir.

2.3.2.1 Dos Segurados Obrigatórios

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anos, que exercem atividade remunerada e lícita, as quais, por lei, possuem filiação compulsória. (BRAGANÇA, 2012, p. 49).

Classificam-se em cinco categorias, que definem seus direitos e deveres: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial, conforme previsão do artigo 11 da Lei nº 8.213/91.

A primeira categoria trata dos empregados, que para fins previdenciários, possui conceito distinto daquele previsto no artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que considera empregado “toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.

Ao contrário da Legislação Trabalhista, a Legislação Previdenciária não definiu de forma expressa um conceito de segurado empregado, apenas trouxe exemplos de indivíduos que integrarão essa categoria, abrangendo tanto o trabalhador urbano, quanto o rural. Seguem alguns exemplos elencados pela Lei de Custeio - Lei nº 8.212/91:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

I - como empregado:

a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;

b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas;

c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;

d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular;

e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;

f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional;

g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais; i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social;

j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social;

Outra categoria de segurados obrigatórios são os empregados domésticos, quais sejam, aqueles que prestam serviços de natureza contínua à pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos. (BRASIL, 1991a).

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Já os contribuintes individuais, são os responsáveis pelo recolhimento de suas próprias contribuições, como o segurado empresário, autônomo ou a este equiparado. Seu rol exemplificativo também tem previsão no artigo 12, da Lei de Custeio da Previdência Social:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

[…]

V - como contribuinte individual:

a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 10 e 11 deste artigo;

b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua;

c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa;

d) revogada;

e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social;

f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração;

g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego;

h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não; (BRASIL, 1991a).

Trabalhador avulso é legalmente definido, no artigo 11, VI, da Lei nº 8.213/91, como “quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou rural definidos no Regulamento”. (BRASIL, 1991b).

O regulamento que o artigo citado acima faz menção, é o Decreto nº 3.048/99, que define quem são os trabalhadores avulsos e informa, ainda, que tal categoria pode ser sindicalizada ou não, mas, obrigatoriamente, deve haver intermediação pelo órgão gestor de mão-de-obra ou do sindicato da categoria, requisito essencial para sua caracterização:

Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: […]

VI - como trabalhador avulso - aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão-de-obra, nos termos da Lei nº 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, ou do sindicato da categoria, assim considerados: a) o trabalhador que exerce atividade portuária de capatazia, estiva, conferência e conserto de carga, vigilância de embarcação e bloco;

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minério;

c) o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios); d) o amarrador de embarcação;

e) o ensacador de café, cacau, sal e similares; f) o trabalhador na indústria de extração de sal; g) o carregador de bagagem em porto;

h) o prático de barra em porto; i) o guindasteiro; e

j) o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos. (BRASIL, 1999) (grifo nosso).

Por último, a legislação previdenciária prevê a categoria dos segurados especiais, que se distingue das demais principalmente pelo modo diferenciado de recolhimento de contribuição. (BALERA; MUSSI, 2014).

O legislador definiu pela redação do artigo 195 da Carta Constitucional as contribuições sociais que financiarão a Seguridade Social, destacando-se, entre elas, a forma estabelecida ao segurado especial:

Art. 195, §8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. (BRASIL, 1988).

Dessa forma, o legislador ordenou a observância de tratamento diferenciado àqueles que, trabalhando por conta própria com o auxílio da família, realizem pequena produção, a partir da qual retirem sua subsistência. (CASTRO; LAZZARI, 2013, p.172)

A Lei nº 11.718/2008 trouxe a última alteração para a definição legal de segurado especial. Assim, atualmente, conforme o artigo 11, VII, da Lei de Benefícios Previdenciários, segurado especial é:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

[…]

VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade:

1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;

2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida;

b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e

c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. (BRASIL, 1991b). Da leitura do artigo supracitado, conclui-se que os requisitos para a caracterização de um indivíduo como segurado especial são: ser pessoa física, residir em imóvel rural ou em

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aglomerado urbano ou rural próximo a ele; exercer atividade individualmente ou em regime de economia familiar. (BALERA; MUSSI, 2014).

A expressão regime de economia familiar é definida pelo §1o do artigo supracitado como “a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes”. (BRASIL, 1991b).

Ainda acerca do conceito de regime de economia familiar, oportuno mencionar as palavras de Santos (2011, p. 138):

O conceito é extremamente importante porque a lei pretende amparar aquele que faz da atividade laboral em pequenas propriedades o instrumento de seu sustento e de sua família. Daí porque a lei quer o segurado resida no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele.

Na composição do grupo familiar inclui-se o cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de dezesseis anos de idade ou a este equiparado – enteado ou menor sob tutela que possua dependência econômica. (BRASIL, 1991b).

Nesse sentido, não só o produtor rural ou o pescador, mas todos os previstos na alínea “c” do artigo sobredito, que participem de forma ativa nas atividades do grupo familiar, são também segurados especiais e poderão utilizar-se das prestações do RGPS. (BRAGANÇA, 2012, p. 72).

Assim, é importante ressaltar que para que sejam considerados segurados especiais, o cônjuge ou companheiro, e o filho maior de dezesseis anos devem participar ativamente nas atividades rurais do grupo familiar. (CASTRO; LAZZARI, 2013, p. 174).

O pescador artesanal, um dos tipos de segurado especial é assim classificado pelo Regulamento da Previdência Social - Decreto nº 3.048/99:

Art. 9º […]

§14. Considera-se pescador artesanal aquele que, individualmente ou em regime de economia familiar, faz da pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida, desde que:

I - não utilize embarcação;

II - utilize embarcação de até seis toneladas de arqueação bruta, ainda que com auxílio de parceiro;

III - na condição, exclusivamente, de parceiro outorgado, utilize embarcação de até dez toneladas de arqueação bruta. (BRASIL, 1999).

Por fim, para caracterização do indivíduo como segurado especial, ainda se exige como regra geral a inexistência de outra fonte de rendimento, com as ressalvas do §9º, do artigo 11, da Lei nº 8.213/91.

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2.3.2.2 Dos Segurados Facultativos

Além dos segurados obrigatórios, existem os segurados facultativos do RGPS, pois a seguridade social tem por princípio universalidade da cobertura e do atendimento, de acordo com a previsão do inciso I, parágrafo único, artigo 194 da CF-88, que garante a todos a possibilidade de participar dos benefícios da previdência social, mediante contribuição devida (BRAGANÇA, 2012, p. 76).

Assim, conforme resume Balera e Mussi (2014), segurado facultativo é “aquele que tenha idade mínima de 16 anos que não exerça atividade remunerada que a lei enquadre como obrigatória, e que decida contribuir para a Previdência Social”.

Há contradição acerca do limite etário imposto, pois o artigo 13 da Lei nº 8.213/91 não passou por atualização e ainda prevê a idade mínima para filiação como quatorze anos. Todavia, a interpretação atual vai ao encontro do artigo 7º XXXIII da CF, que fixa a idade mínima em dezesseis para início de atividade laboral, com exceção do menor aprendiz. (BRAGANÇA, 2012, p. 77).

Ressalta-se, ainda, que a Carta Constitutiva no artigo 201, §5º preceitua que “é vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência”. (BRASIL, 1988).

2.3.2.3 Dos Dependentes

Dependentes são indivíduos que possuem laços com um segurado do RGPS e, em virtude disso, apesar de não contribuírem pessoalmente para a Previdência Social, fazem jus ao recebimento das prestações pensão por morte, auxílio-reclusão, serviço social e reabilitação profissional, de acordo com o artigo 18 da Lei nº 8.213/91.

A prestação previdenciária é, acima de tudo, uma reposição da renda perdida. No caso dos dependentes, da renda que o segurado os proporcionava até a ocorrência de um risco social, seja morte ou prisão. (CASTRO; LAZZARI, 2013b, p. 193).

O artigo 16 da Lei de Benefícios Previdenciários, lista de forma expressa e taxativa quem são os indivíduos considerados dependentes para fins previdenciários, nestes termos:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:

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condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente;

II - os pais;

III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (BRASIL, 1991b).

Há uma ordem de vocação entre as classes de dependentes que concorrem ao recebimento de um benefício. Nesse norte, o §1º do referido artigo informa que “A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes”. Os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de condições.

Na primeira classe - inciso I - verifica-se pessoas, em regra, mais próximas ao segurado e, em razão disso, o §4º do artigo indica que a dependência econômica dos indivíduos nele indicados é presumida, enquanto nas demais classes deve ser comprovada. (BRASIL, 1991b).

Atualmente, apenas o menor sob tutela e o enteado são equiparados aos filhos, conforme dispõe o §2º do artigo 16: “O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento”. (BRASIL, 1991b).

Conforme leciona Bragança (2012, p. 86), “enteado é aquele filho derivado de relação anterior do cônjuge (ou mesmo companheiro), mas convivente com o segurado”. O autor define, ainda, o menor sob tutela que “é aquele colocado em família substituta em razão do falecimento dos pais (ou julgados ausentes) ou no caso de os pais decaírem do poder familiar”.

Ao contrário das regras de alimentos civis, no âmbito previdenciário o filho maior de 21 anos só poderá permanecer dependente se houver invalidez ou deficiência mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, reconhecidas em Juízo. (BRAGANÇA, 2012, p. 86).

Conforme já visto, o cônjuge ou companheiro e o filho, maior de dezesseis anos que efetivamente participar das atividades rurais da família, poderão ser também considerados segurados especiais, mas isso não deixa de classificá-los como dependentes, no que lhes for favorável.

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3 PRESTAÇÕES PREVISTAS PELO RPGS E REQUISITOS PARA CONCESSÃO

Encontramos no ordenamento jurídico brasileiro, além do Regime Geral de Previdência Social, os Regimes Próprios e o Regime de Previdência Privada, também conhecido como regime complementar. O presente trabalho, entretanto, trata apenas do RGPS, disciplinado no artigo 201 da Constituição Federal, pois é nele que está inserida a categoria dos segurados especiais, espécie de contribuinte inerente ao estudo deste trabalho. 3.1 VINCULAÇÃO AO RGPS

A filiação e a inscrição são atos distintos que compõe a vinculação ao RGPS. Inscrição difere-se de filiação, pois a primeira é o cadastro do segurado ou dependente no RGPS, tratando-se de ato administrativo e formal; através dele se constrói o instrumento pessoal de qualificação que autoriza o indivíduo a utilizar-se das prestações previdenciárias. Por outro lado, a filiação é um fato de Direito Material, qual seja, o efetivo trabalho remunerado, ocorrendo de forma independente à vontade do filiado. (BRAGANÇA, 2012, p. 38).

De uma forma geral, a filiação ocorre antes da inscrição, exceto para aqueles que contribuem facultativamente. Assim, em relação à filiação do segurado facultativo, leciona Santos (2011, p. 142):

A filiação como segurado facultativo só produz efeitos a partir da inscrição e do primeiro recolhimento e não pode ser retroativa, isto é, para computar período anterior ao da inscrição. A lei veda o recolhimento de contribuições relativas a competências anteriores à inscrição (Dec. n. 3.048/99, art. 11, § 3o), não sendo possível recolher contribuições não pagas na época oportuna, para fins de comprovação de tempo de contribuição.

No que tange aos segurados especiais, a filiação ocorre a partir do momento em que se inicia o efetivo trabalho. Já, para que haja sua inscrição, o Regulamento da Previdência Social – Decreto nº 3.048/99, em seu artigo 18, VI, exige apresentação de documentos que comprovem o exercício de atividade rural.

Sobre a forma de inscrição do segurado especial, a Lei de Benefícios Previdenciários disciplina, no artigo 17, § 4o, que:

Art. 17. O Regulamento disciplinará a forma de inscrição do segurado e dos dependentes.

[...]

§4º A inscrição do segurado especial será feita de forma a vinculá-lo ao respectivo grupo familiar e conterá, além das informações pessoais, a identificação da propriedade em que desenvolve a atividade e a que título, se nela reside ou o

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Município onde reside e, quando for o caso, a identificação e inscrição da pessoa responsável pelo grupo familiar. (BRASIL, 1991b).

Conclui-se que a filiação é a relação jurídica que une o segurado ao sistema de proteção social e decorre do simples exercício de qualquer atividade remunerada reconhecida pela lei, criando direitos e obrigações recíprocas. (BALERA; MUSSI, 2014).

3.1.1 Alterações legislativas quanto à idade mínima para filiação

Constitucionalmente o menor de dezesseis anos está impedido de trabalhar, salvo a partir dos 14 anos, na condição de aprendiz. Tal impedimento foi criado pela Emenda Constitucional nº 20, no ano de 1998, através da inclusão do inciso XXXIII no artigo 7º da Carta Constitucional, nestas palavras:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (BRASIL, 1998).

Também trazem de forma expressa a vedação a qualquer forma de trabalho ao menor de 14, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Consolidação das Leis do Trabalho, senão vejamos:

Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.(BRASIL, ECA, 1990).

Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos. (BRASIL, CLT, 1942).

Em razão das alterações do texto constitucional, o limite de idade para filiação ao RGPS, tanto do trabalhador urbano quanto do rural, passou por diversas modificações: até 28-2-1967, a Lei previa a idade mínima de quatorze anos, mas, a partir de 1-3, do mesmo ano, o mínimo exigido foi reduzido para doze anos. Na data 6-10-1988, passa-se a considerar novamente a idade mínima de quatorze anos para filiação, permitindo-se também a filiação do menor aprendiz, com doze anos. Por fim, foi a partir de 16-12-1998 que se fixou o limite mínimo atual de dezesseis anos, salvo a condição de aprendiz, que diminui a idade para quatorze anos. (CASTRO; LAZZARI, 2013, p. 185).

Conforme exposto anteriormente, em que pese a redação do artigo que dispõe acerca da filiação do segurado facultativo – art. 13 da Lei nº 8.213/91 – não ter sido atualizada e ainda prever a idade de quatorze anos para filiação, o entendimento majoritário atual é de que a idade mínima fixada para filiação de qualquer espécie de segurado ao RGPS é de

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dezesseis anos, apesar do tema gerar divergências. (CASTRO; LAZZARI, 2013, p.180). Apenas os considerados menores aprendizes podem filiar-se ao RGPS com idade inferior a dezesseis anos. Nesse sentido, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA no artigo 65 salientou que ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários. (BRASIL, 1990).

No tocando ao segurado especial, quando sancionada, a Lei nº 8.213/91 trazia a previsão de que o filho maior de quatorze anos ou a este equiparado que trabalhasse, comprovadamente, com o grupo familiar seria também considerado segurado obrigatório do RGPS. (BRASIL, 1991b).

Posteriormente, em 2008, houve a alteração para a atual redação do artigo 11, VII, “c”, da Lei de Benefícios Previdenciários, prevendo, então, de forma expressa a idade mínima de dezesseis anos para que o filho ou a ele equiparado, que trabalhe em regime de economia familiar, seja também considerado segurado especial e obtenha proteção aos riscos sociais cobertos pelo RGPS.

Nesse sentido, segue o comparativo entre a redação original e a atual do artigo supra citado, iniciamos com o texto original:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

VII - como segurado especial: o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o garimpeiro, o pescador artesanal e o assemelhado, que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de 14 (quatorze) anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo. (BRASIL, 1991b). E agora a redação aletrada pela Lei nº 11.718, de 2008:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: [...]

c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. (BRASIL, 1991b) (grifo nosso).

Importante ressaltar que a idade mínima de dezesseis anos é referente à filiação ao RGPS na condição de segurado, o que não pode ser confundido com a figura do dependente, que não possui limite mínimo de idade, mas apenas máximo – de vinte e um anos, como já exposto.

Referências

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