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Prevalência de transtornos da personalidade e a sua relação com a classificação do crime em detentas reclusas no presídio feminino de Tubarão/SC

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PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE E A SUA RELAÇÃO COM A CLASSIFICAÇÃO DO CRIME EM DETENTAS RECLUSAS NO

PRESÍDIO FEMININO DE TUBARÃO/SC1

Beatriz Possidonio Oliveira2 Maria Paula Pereira Matos de Almeida3

Resumo: Com esta pesquisa, objetivou-se relacionar os transtornos da personalidade

prevalentes à classificação do crime cometido em detentas reclusas no presídio feminino de Tubarão/SC. A pesquisa foi realizada com uma amostra de 45 participantes, o que corresponde a 57,69% da população no período da pesquisa. A coleta de dados ocorreu por meio de dois questionários, onde primeiramente visou-se obter informações sociodemográficas e o crime do qual a participante estava sendo acusada e, posteriormente, identificar traços compatíveis com os critérios de diagnóstico para transtornos da personalidade constantes no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (2014), através do PDQ-4 – versão traduzida para o português. Como resultado, encontrou-se uma alta prevalência de traços sugestivos de transtornos da personalidade na amostra de pesquisa, com um total de 82,22%. Constatou-se a relação das características do transtorno da personalidade paranoide com o crime de homicídio, onde 100% das participantes com sintomas sugestivos deste transtorno respondem por este crime. Os resultados obtidos enfatiza a importância do tratamento e acompanhamento dos pacientes com transtornos da personalidade, ilustrando a necessidade do diagnóstico e tratamento adequados. Outro apontamento é a alta ocorrência de transtornos mentais na população carcerária, dado que enfatiza a necessidade de priorizar uma ressocialização adequada para estes pacientes, envolvendo profissionais qualificados e uma assistência em âmbito multidisciplinar, para que a reinserção na sociedade seja efetiva e diminua o índice de reincidência ao crime.

Palavras-chave: Transtornos da personalidade. População carcerária. Presídio feminino.

1 Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso de graduação em Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Psicóloga.

2 Acadêmica do curso de Psicologia. E-mail: possidoniob@gmail.com

3 Professora orientadora. Mestre em Ciências da Saúde/Neurociências (UNESC). E-mail: mariapaulamatos@gmail.com

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, o Brasil possui uma grande população carcerária cumprindo sua pena em regime fechado num sistema prisional falido, onde problemas como a superlotação, transgressão dos diretos humanos e alto índice de violência são evidentes (BIANCHI, 2012; TEIXEIRA, 2014). De acordo com o INFOPEN – Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – Junho de 2016, a população prisional brasileira já ultrapassou a marca de 700.000 pessoas, total que inclui o Brasil dentre os três países com maior população prisional do mundo.

Segundo Teixeira (2014), a pena além de possuir um caráter repressivo, também se configura como preventiva, o que se torna incoerente quando comparada aos dados defasados de ressocialização e reincidência no crime. Não há um dado estatístico oficial publicado sobre a questão da reincidência, mas é inegável o aumento do índice da criminalidade no Brasil e que a situação precária do sistema carcerário brasileiro não contribui para a reeducação e ressocialização do indivíduo que vivenciou esta realidade. O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Cesar Peluso, mencionou em nota no ano de 2011, que sete em cada dez presos que deixam o sistema penitenciário voltam ao crime, caracterizando uma taxa de 70% de reincidência no Brasil, uma das maiores taxas de reincidência do mundo (MADRID, 2013).

Dentro desta realidade, alguns estudos apontam um alto índice de transtornos psiquiátricos na população carcerária, como na pesquisa realizada por Duarte (2011) e Silva et al (2011). Certos transtornos da personalidade especificamente têm em sua natureza componente de agressividade ou dificuldade de controle dos impulsos, que podem levar a ocasionar a prática de delitos. Alguns deles foram identificados como prevalentes na pesquisa de Duarte (2011), sendo, em ordem de maior ocorrência, o transtorno de personalidade paranoide, borderline, de conduta e antissocial. Já no estudo realizado por Silva et al (2011), o transtorno de personalidade prevalente foi o antissocial, com ocorrência em 22,6% dos 557 presos entrevistados.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 define um transtorno da personalidade como:

[...] um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e inflexível, começa na adolescência ou no início da fase adulta, é estável ao longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo. (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p. 684)

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Os transtornos da personalidade são de difícil diagnóstico e tratamento, principalmente pelo fato de os sintomas se configurarem de forma menos diferenciada do que é considerado “normal” e por serem egossintônicos, o que faz com que o indivíduo não considere algumas questões sobre si e suas dificuldades, resultando em uma resistência para sua avaliação e tratamento especializado (MAZER; MACEDO; JURUENA, 2017).

Poucas são as pesquisas encontradas relacionando transtornos de personalidade e a população carcerária. Em busca nas bases de dados BVS-Psi, Scielo, PEPSIC e na Pesquisa Integrada Unisul, que contempla bases de dados como Academic OneFile, Complementary Index, BASE, entre outras, através das palavras chaves “transtorno personalidade and crime”, “transtorno personalidade and presidiário” e “saúde mental and presidiário” e utilizando como critérios para pesquisa o idioma português e o período entre o ano de 2012 e 2017, foram encontrados 60 resultados no total que não foram utilizados na pesquisa, uma vez que não apresentavam relação direta entre transtornos da personalidade em populações carcerárias, somente com adolescentes infratores.

Assim, diante do exposto acima, sabe-se que há a prevalência de transtornos da personalidade na população carcerária e não há pesquisas publicadas relacionando estes transtornos e a classificação do crime cometido, relação da qual esta pesquisa se propõe a fazer, a partir da problemática: qual a relação entre os transtornos da personalidade e a classificação do crime em detentas reclusas no presídio feminino de Tubarão/SC? Tendo como objetivo geral: relacionar os transtornos de personalidade prevalentes à classificação do crime cometido em detentas reclusas no presídio feminino de Tubarão/SC, e como objetivos específicos, verificar a prevalência de transtornos da personalidade em detentas reclusas no presídio feminino de Tubarão/SC, e por fim, relacionar os transtornos da personalidade mais prevalentes com a classificação do crime cometido.

O conhecimento proporcionado por esta pesquisa poderá contribuir para o desenvolvimento de ações em caráter preventivo, propiciando aos profissionais envolvidos no atendimento do indivíduo com transtorno de personalidade uma atenção maior à potencialização da possibilidade de cometerem atos infracionais, bem como, enfatizar a importância do diagnóstico e tratamento adequados à população carcerária, embasando uma ressocialização adequada e o tratamento efetivo.

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1.1 SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO

No ano de 1940, o presidente da república em exercício Getúlio Vargas, criou, através do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o Código Penal Brasileiro, vigente até a atualidade (BRASIL, 1940). Através da Lei nº 7.209, de 11 de julho de 1984, Título V, Capítulo I, definem-se as espécies de pena aplicáveis ao sujeito que transgrediu as leis presentes no Código Penal e legislações esparsas. São elas: privativas de liberdade – reclusão e detenção (podendo ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto); restritiva de direitos – prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos ou limitação de fim de semana; e multa – pagamento ao fundo penitenciário de quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa (BRASIL, 1984). Nos últimos séculos, a pena privativa de liberdade tem sido a principal forma de apenamento utilizada, sendo que atualmente, pode ser resumida como o principal instrumento de política criminal, mesmo diante de sua profunda crise (MADRID, 2013).

Dados do Ministério da Justiça apontam que a população prisional brasileira é bastante ampla, composta por um número de 726.712 pessoas, classificando o Brasil como o terceiro país com maior população prisional do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e China (BRASIL, 2016). Desde 2000, a população prisional cresceu, em média, 7% ao ano, totalizando um crescimento de 161%, valor dez vezes maior que o crescimento do total da população brasileira, que apresentou aumento de apenas 16% no período, em uma média de 1,1% ao ano. (BRASIL, 2014). Além do número excessivo de pessoas que caracteriza o problema de superlotação visível no sistema prisional, há uma série de fatores que resultam num sistema considerado falido atualmente. Situações como detentos assassinados por seus companheiros de cela, a pouca atenção e ações insuficientes do Poder Público Estatal frente às superlotações e rebeliões, transgressões dos direitos humanos dos detentos, alto índice de tráfico interno, elevadas taxas de reincidência, dentre outros fatores, contribuem para a crise e o cenário caótico que permeia todo o sistema prisional brasileiro (TEIXEIRA, 2014).

Segundo Teixeira (2014), através do Artigo 59 do Código Penal, o Sistema Penal Brasileiro consagrou a teoria mista da pena, ou seja, a pena ideologicamente possui caráter repressivo e preventivo, o qual não tem se evidenciado na prática. A falha na ressocialização é nítida, pois o cárcere parece contribuir para a efetiva inclusão do indivíduo na população criminosa, sendo que não aparenta existir qualquer possibilidade de tornar um delinquente uma pessoa conforme os padrões impostos pela sociedade, manifestando características que

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torna impossível promover algum efeito positivo sobre o encarcerado (MADRID, 2013). Conforme pontua Teixeira (2014), os altos índices de reincidência comprovam que a pena privativa de liberdade não cumpre a sua função ressocializadora, sendo que, embora não haja um dado estatístico oficial, “[...] estima-se que no Brasil, aproximadamente 90% daqueles que já compuseram o sistema penal, voltam a delinquir, e, por sua vez, retornam ao cárcere.” (TEIXEIRA, 2014).

Um estudo realizado por Ferreira (2011) com 77 reclusos no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Ipatinga (MG) que respondem por dois ou mais artigos na justiça criminal, buscou identificar os fatores sociais, políticos, econômicos, históricos envolvidos no percurso crime-prisão-liberdade-crime, que resulta em um círculo vicioso sem fim. Assim, constatou-se pelo menos oito fatores motivadores da reincidência no crime: dificuldade de se inserirem no mercado de trabalho devido à folha de antecedentes; em vez de emprego, o crime: forma de garantir a sobrevivência material e social sua e de sua família; desumanização provocada pela violência institucionalizada no sistema prisional; a sucumbência às tentações do crime; recuperar o tempo perdido – querer “levantar-se”; em nome da “justiça”, a prática de “injustiças”; o uso de drogas; estratégia para satisfação das necessidades materiais e sociais próprias da sociedade do capital.

1.2 TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE

A personalidade humana considerada dentro da normalidade é constituída de vários traços (BECK; DAVIS; FREEMAN, 2017). Estes traços possuem características que influenciam diretamente uma variedade considerável de indicadores nos níveis individual, interpessoal e social, dentre eles: escolha, satisfação e desempenho profissionais; qualidade das relações familiares, amorosas e com colegas; felicidade, saúde física e psicológica; espiritualidade e identidade; envolvimento na comunidade, atividade criminosa e ideologia política. (OZER, 2006 apud MAZER; MACEDO; JURUENA, 2017).

Dados sugerem que cerca de 15% dos adultos dos Estados Unidos apresentam no mínimo um transtorno de personalidade (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (2014) define um transtorno da personalidade como:

[...] um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e inflexível, começa na adolescência ou no início da fase adulta, é estável ao longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo. (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p.684)

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Os transtornos da personalidade estão entre os transtornos mentais mais difíceis de diagnosticar e, principalmente, tratar. Isso se dá pela própria natureza dos sintomas, que são pouco diferenciados, com uma fronteira menos nítida com a normalidade e precisam ser avaliados em diversos contextos e de forma longitudinal. Outra dificuldade é a resistência para uma avaliação e posterior tratamento clínico especializado, pela maioria das características diagnósticas serem egossintônicas, o que faz com que o indivíduo tenha um insight pobre sobre si e suas dificuldades, considerando-as como parte do “seu jeito de ser”. (MAZER; MACEDO; JURUENA, 2017). Pessoas com este tipo de transtorno pagam um preço significativo em suas vidas, pois suas relações sociais são diretamente afetadas. Beck, Davis e Freeman (2017) apontam que pessoas com transtornos da personalidade têm sido descritas com palavras que denotam rotulação e permanência dos sintomas, como por exemplo: difícil, problemático e intratável.

Um estudo realizado por Duarte (2011) levantou a ocorrência de transtornos de personalidade na população carcerária do presídio regional de um município do sul do estado de Santa Catarina, no qual apresentou um índice de 65% de ocorrência em sua amostra da população (dos 49 detentos que responderam à pesquisa, 32 apresentaram escore positivo para algum transtorno da personalidade). Outra pesquisa realizada no sul do estado de Santa Catarina, na penitenciária Santa Augusta, na cidade de Criciúma/SC por Silva et al (2011), evidenciou uma alta prevalência de transtornos psiquiátricos entre os presos, incluindo os transtornos da personalidade.

Atualmente, existem 10 transtornos da personalidade específicos catalogados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014), onde podem ser descritos e caracterizados conforme as suas características diagnósticas, desenvolvimento e curso, prevalência, fatores de riso, prognóstico, questões diagnósticas relativas à cultura e ao gênero e diagnóstico diferencial. São eles: transtorno da personalidade paranoide, transtorno da personalidade esquizoide, transtorno da personalidade esquizotípica, transtorno da personalidade antissocial, transtorno da personalidade borderline, transtorno da personalidade histriônica, transtorno da personalidade narcisista, transtorno da personalidade evitativa, transtorno da personalidade dependente e transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva.

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2 MÉTODO

Esta pesquisa é considerada de campo e de caráter quantitativo, o que significa “[...] traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las” (SILVA, 2005). De acordo com seu objetivo, a pesquisa é classificada como descritiva, pois visa retratar as características de uma população ou fenômeno específico, ou estabelecer relações entre variáveis (SILVA, 2005).

2.1 PARTICIPANTES

A pesquisa ocorreu no Presídio Regional Feminino de Tubarão/SC, no qual, no período da pesquisa, a população era composta por 78 detentas reclusas. A pesquisa foi realizada com uma amostra de 45 participantes, o que corresponde a 57,69% da população.

2.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

Esta pesquisa foi baseada nos preceitos éticos da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Sendo assim, foi realizado um convite direcionado à população interna total, de modo que soubessem que a participação se daria de forma voluntária, tendo o direito garantido de desistência a qualquer momento, se assim fosse a sua vontade. Também foi assegurado às participantes o anonimato dos instrumentos, bem como, o sigilo de todas as informações coletas para a execução da pesquisa.

A coleta de dados ocorreu por meio de dois questionários. O primeiro, confeccionado pela pesquisadora, visou obter informações sociodemográficas e o crime do qual a participante estava sendo acusada. O segundo instrumento foi o Questionário de Diagnóstico de Personalidade (PDQ-4) versão traduzida para o português por Igor Dias de Oliveira Alcântara em sua tese de mestrado, no ano de 2003, que, por meio de 85 afirmações sobre como a participante se sentiu, pensou e agiu nos últimos anos, das quais ela respondeu assinalando a letra V para verdadeiro e F para falso, visou identificar traços compatíveis com os critérios de diagnóstico para transtornos da personalidade constantes no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-IV-TR (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2002), podendo resultar em múltiplas personalidades. Alcântara (2003), após a análise de estudos que utilizaram o PDQ-4 como instrumento (FOSSATI et al, 1998; WILBERG, DAMMEN E FRISS, 2000; DAVISON et al, 2001 apud

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ALCÂNTARA, 2003), o instrumento perde a sensibilidade quando utilizado pelo ponto de corte sugerido inicialmente pelo autor (HYLER, 1994 apud ALCÂNTARA 2003) de 50 pontos, concluindo que “com um ponto de corte entre 25 e 30 pontos encontra-se um melhor equilíbrio entre sensibilidade, especificidade, poder preditivo positivo e poder preditivo negativo, etc” (ALCÂNTARA, 2003, p. 66). Sendo assim, para este estudo utilizou-se o ponto de corte de 25 pontos. Após análise comparativa realizada pela autora entre o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-IV-TR (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2002) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014), constatou-se que os critérios diagnósticos para os transtornos da personalidade não sofreram alterações, considerando-o adequado para a realização desta pesquisa.

A aplicação foi realizada pela pesquisadora e aconteceu em 3 grupos de 11 participantes e 2 grupos com 6 participantes, em uma sala de aula do presídio. No primeiro momento, foram distribuídas 2 (duas) vias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, onde a pesquisadora leu o seu conteúdo e as participantes acompanharam a leitura e tiveram a liberdade de esclarecerem dúvidas quando estas ocorreram. Foi enfatizado que a participação delas não era obrigatória e que o fato de não participar não resultaria em qualquer prejuízo ou consequência. Após estes procedimentos, as duas vias do TCLE foram recolhidas e uma delas ficou arquivada junto ao presídio. Àquelas que aceitaram participar da pesquisa de forma voluntária, foi entregue os dois questionários, que após a explicação e o esclarecimento de dúvidas, foram respondidos de forma individual e posteriormente recolhidos de maneira com que as participantes depositaram em uma caixa coletora.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a aplicação e recolhimento dos instrumentos de coleta de dados, os mesmos foram tabulados manualmente utilizando o programa excel, seguindo o ponto de corte do PDQ-4 para a possibilidade de um transtorno da personalidade, de 25 respostas positivas. Os dados foram organizados e serão apresentados abaixo através de gráficos, que serão analisados com base na revisão de literatura.

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Gráfico 1 – Classificação PDQ-4

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Conforme ilustra o gráfico acima, dentre a amostra de 45 participantes da pesquisa, encontrou-se uma prevalência de 82,22% de sintomas indicativos de transtornos da personalidade, o que representa 37 participantes da pesquisa, contra apenas 8 participantes sem indícios de um possível transtorno da personalidade. Este resultado representa um dado ainda maior do que o encontrado na pesquisa de Duarte (2011), onde apresentou-se um índice de 65% de ocorrência em sua amostra de pesquisa.

O gráfico 2 ilustra a frequência dos crimes dos quais as participantes da pesquisa com escore positivo estão sendo acusadas, conforme a seguir:

Gráfico 2 – Frequência dos Crimes

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

O crime de tráfico de drogas tem uma ocorrência significativa nas participantes da pesquisa, com um total de 54,05%, dado que se assemelha com o encontrado na população carcerária do país, onde os crimes de tráfico também são os mais prevalentes. De acordo com

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o INFOPEN de 2016, 28% das pessoas privadas de liberdade, condenadas ou que aguardam julgamento, respondem aos crimes de tráfico. Na população carcerária feminina, este índice é ainda maior: 62%, enquanto na população masculina o percentual é de 26% dos registros (BRASIL, 2016). De acordo com o Artigo 33 da Lei de Tóxicos (Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006), o crime de tráfico de drogas é definido por:

importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. (LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006) Na sequencia, encontra-se o crime de associação ao tráfico de drogas, com um percentual de 13,51% de ocorrência na amostra selecionada. Este crime está diretamente ligado ao tráfico de drogas, conforme definição no Artigo 35 da Lei de Tóxicos “associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa” (LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006). Portanto, nos dados do INFOPEN (2016), este crime está contemplado na porcentagem de 28% de incidência citada anteriormente, no qual é tratado como “crimes de tráfico” (BRASIL, 2016).

Em seguida, apresenta-se o crime de homicídio com uma ocorrência em 13,51% das participantes, dado que corrobora com o índice da população carcerária geral no Brasil, com a incidência de 11% (BRASIL, 2016). É definido pelo Artigo 121 do Código penal Brasileiro (1940), como “matar alguém”, com uma pena de reclusão de seis a vinte anos, podendo ser agravada de acordo com a natureza do crime. No Brasil, o crime de homicídio é mais prevalente na população masculina, com 11%, contra 6% na população feminina, percentual que difere do encontrado na amostra da presente pesquisa (BRASIL, 2016).

No gráfico 3, apresentam-se os transtornos da personalidade mais prevalentes na pesquisa, juntamente com o percentual de sua prevalência na amostra com escore positivo. Com o resultado igual ou acima do ponto de corte do PDQ-4, obteve-se a informação de que a participante possui traços de um possível transtorno da personalidade, sem a especificação de qual seria este transtorno. Após análise de acordo com os critérios diagnósticos para os transtornos de personalidade contemplados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (2014), as questões do PDQ-4 foram divididas entre os

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transtornos, onde, após a análise de cada questionário, obteve-se a definição sobre qual transtorno da personalidade correspondia os seus sintomas indicativos.

Gráfico 3 – Sintomas Indicativos de Transtornos da Personalidade

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Observando o gráfico, é nítida a prevalência de sintomas indicativos de transtorno da personalidade paranoide, com uma grande diferença para os outros transtornos da personalidade, tendo 48,53% de ocorrência, o que caracteriza 18 participantes do total de 45. Segundo Beck, Davis e Freeman (2017), a principal característica que descreve o transtorno da personalidade paranoide é a desconfiança em praticamente todas as circunstâncias, inclusive nas que não oferecem perigo algum, enxergando-se como vulneráveis e percebendo o outro como manipulador, traiçoeiro e enganador. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) estima-se que há uma prevalência de 2,3 a 4,4% para personalidade paranoide e parece ter o diagnóstico mais frequente em indivíduos do sexo masculino. Nesta pesquisa, as alternativas do PDQ-4 assinaladas como verdadeiras que correspondem aos critérios diagnósticos do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 para o transtorno de personalidade paranoide, com maior frequência foram: “Frequentemente, eu gostaria de saber se as pessoas que eu conheço são realmente confiáveis”, “Frequentemente eu penso se o meu companheiro (esposo, esposa, namorado ou namorada) foi fiel a mim” e “Eu sei que as pessoas vão tentar tirar vantagem de mim, ou me trapacear, se eu deixar”.

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Seguindo com os dados do gráfico acima, o segundo transtorno da personalidade com maior prevalência de sintomas indicativos é o da personalidade borderline, com 10,81%, e 16,22% de ocorrência associada ao transtorno da personalidade paranoide. A palavra-chave que caracteriza a personalidade borderline é a instabilidade, principalmente envolvendo suas relações interpessoais, afetos, impulsividade e a sua autoimagem. A média de prevalência do transtorno da personalidade borderline é de 1,6%, podendo chegar a 5,9% da população (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). As questões que mais foram assinaladas no PDQ-4 para este transtorno foram: “Eu faço qualquer coisa para evitar que aqueles que eu amo me deixem”, “Eu tenho feito coisas por impulso que podem me trazer problema, como por exemplo, comer muito de uma vez só ou gastar mais dinheiro do que eu tenho” e “Ou eu amo ou eu odeio alguém, nunca o meio termo”.

Os dados obtidos até então são semelhantes aos encontrados na pesquisa de Duarte (2011), que buscou levantar a ocorrência de transtornos da personalidade em um presídio do sul de Santa Catarina. Os dois transtornos mais prevalentes, também foram o da personalidade paranoide, seguido da personalidade borderline. Um dado que difere consideravelmente, é a ocorrência de sintomas sugestivos da personalidade esquizotípica, onde, na pesquisa de Duarte (2011) este é o transtorno com menor ocorrência, nesta pesquisa este transtorno está entre os três mais prevalentes.

O transtorno da personalidade esquizotípica, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) é caracterizado por “(...) um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico”, a prevalência sofre variação de acordo com o local do estudo, mas estima-se uma média entre 0,6 e 4,9% (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p. 656). Dentre as questões provenientes dos critérios diagnósticos para a personalidade esquizotípica presentes no PDQ-4, as alternativas mais assinaladas foram: “Frequentemente eu posso perceber ou sentir coisas que os outros não podem”, “Às vezes, eu fico perturbado” e “Olhando para mim, as pessoas devem achar que sou estranho, esquisito ou excêntrico”.

Sobre a relação dos possíveis transtornos de personalidade mais prevalentes com a classificação do crime cometido, observa-se conforme abaixo:

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Gráfico 4 – Relação entre Sintomas Indicativos de Transtorno da Personalidade Paranoide e

Crimes

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Conforme mostra o gráfico 4, o crime mais frequente relacionado às participantes com sintomas indicativos da personalidade paranoide é o tráfico de drogas, com um percentual de 44,44%, seguido do crime de homicídio, com 22,22%. Porém, como ilustra o gráfico 2, o crime com maior frequência nas participantes com escore positivo é o tráfico de drogas, com um total de 54,05%, ou 20 participantes. Deste total, apenas 40% (8 participantes) possuem traços da personalidade paranoide, enquanto no crime de homicídio, essa porcentagem é muito mais relevante, como ilustrado a seguir:

Gráfico 5 – Relação entre Crime e Sintomas Indicativos de Transtornos da Personalidade:

Homicídio

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Das participantes com escore positivo que respondem pelo crime de homicídio, todas possuem sintomas indicativos da personalidade paranoide, representando um total de

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100%, dado sugestivo de que há relação entre o crime e os traços do possível transtorno. Na literatura atual, não há pesquisas que tenham promovido esta relação.

Indivíduos com o transtorno da personalidade paranoide têm a crença de que o outro sempre irá lhe explorar, prejudicar e/ou enganar, mesmo sem nenhuma evidência de que realmente existe essa intenção. Frequentemente suspeitam sem evidência alguma, de que a qualquer momento ou até mesmo sem razão e de maneira repentina, outras pessoas irão ataca-los, pois estão tramando algo contra ele (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). As crenças centrais de pessoas com este transtorno percorrem em torno de “ “Sou vulnerável às outras pessoas”, “Não se pode confiar nos outros”, “Eles têm más intenções (em relação a mim)”, “Querem me enganar” e “O objetivo deles é me enfraquecer ou depreciar” ” (BECK, DAVIS E FREEMAN, 2017).

Com as crenças autoinstrutivas de buscar sempre as motivações por trás das intenções das pessoas, não se deixar enganar e não confiar em ninguém, tornam-se pessoas cautelosas e desconfiadas, onde a estratégia para proteção é sempre estar em guarda e manter a hipervigilância (BECK, DAVIS E FREEMAN, 2017). Sentem-se ameaçados e seu principal medo é de que seja explorado ou inferiorizado de alguma maneira, como por exemplo, sendo discriminado, manipulado ou controlado por alguém. Relacionado a estas suposições, o principal afeto experimentado por esses indivíduos é a raiva (BECK, DAVIS E FREEMAN, 2017), que, somada a todas as características deste transtorno descritas acima, dependendo da intensidade em que elas são experimentadas pelo indivíduo, podem resultar na prática de um delito, com uma maior probabilidade de crimes contra a pessoa, como o homicídio.

Seguindo com a relação de transtorno da personalidade e crime, segue o transtorno da personalidade borderline associado ao transtorno da personalidade paranoide.

Gráfico 6 – Relação entre Sintomas Indicativos de Transtornos da Personalidade Borderline e

Paranoide e Crimes

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As pessoas com o transtorno da personalidade borderline experimentam o medo do abandono (real ou imaginado) e estão dispostas a fazer qualquer coisa para evitar que isto ocorra, o que resulta em um padrão de relacionamentos intensos e desequilibrados. Quando percebem a possibilidade de ocorrer uma separação ou ocorre o sentimento de rejeição, podem ocorrer mudanças significativas em relação a sua autoimagem, cognição, afeto e comportamento. São consideradas muito vulneráveis aos fatores ambientais. Esses indivíduos não toleram a possibilidade de estar só e necessitam estar rodeados de pessoas. Na tentativa de evitar o abandono, comportamentos impulsivos, suicidas e de automutilação podem ocorrer. (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (2014), outra característica do transtorno da personalidade borderline é a perturbação de sua identidade, onde a percepção de si mesmo e de sua imagem são demarcadas por uma instabilidade acentuada. As crenças centrais predominantes giram em torno de se sentir vulnerável a traições, abusos e falta de cuidado do outro, além de se sentir fraco, descontrolado e com a percepção de que não se conhece. Dentre as crenças imperativas, estão pensamentos de que não irá aguentar se ficar sozinho, que se ousar confiar em alguém será abandonado posteriormente ou abusado de alguma forma e que irá perder o controle caso seus sentimentos sejam ignorados (BECK, DAVIS E FREEMAN, 2017).

Dentre os crimes relacionados às participantes com sintomas indicativos de transtorno da personalidade borderline com possível comorbidade ao transtorno da personalidade paranoide, o crime com maior frequência foi o de tráfico de drogas, com 66,67% de ocorrência, o que é um indicador significativo da frequência deste crime. Porém, é importante observar que houve uma distribuição considerável entre vários crimes, o que indica não haver uma relação tão bem estabelecida entre o possível transtorno e um crime específico.

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Gráfico 7 – Relação entre Sintomas Indicativos de Transtornos da Personalidade

Esquizotípica e Crimes

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Dentre as participantes com sintomas indicativos do transtorno da personalidade esquizotípica, todas respondem pelo crime de tráfico de drogas, seguido pelo crime de associação ao tráfico de drogas e contrabando.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5, pessoas com este transtorno da personalidade interpretam eventos externos e situações casuais de forma errônea, como se tivesse um sentido singular e incomum especialmente para elas, podendo inclusive, achar que possui poderes especiais para ler os pensamentos das outras pessoas e até prever acontecimentos. Se sentem incompreendidos pelas outras pessoas e por isso, têm dificuldade com relacionamentos interpessoais e questões afetivas, por isso se sentem desconfortáveis ao se relacionar com outras pessoas. Comporta-se de maneira a sugerir desinteresse em contatos íntimos, mesmo manifestando infelicidade pelos relacionamentos reduzidos (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).

Beck, Davis e Freeman (2017), afirmam que as crenças centrais de indivíduos com este transtorno é se considerar hostil, que manifesta inimizade, que as pessoas não se importam, que podem até feri-lo e que não entendem as forças poderosas que ele domina. Como crenças imperativas, a ideia de que os outros não o incomodarão se ele for diferente, que forças sobrenaturais o protegem quando ele utiliza desses poderes e que ele precisa se afastar das pessoas, não permitindo que se aproximem demais.

A respeito da relação do transtorno da personalidade esquizotípica e o crime de tráfico de drogas, não foi possível nesta pesquisa pontuar características específicas que evidencie esta relação, da mesma maneira que não está pontuada na literatura atual. Acredita-se que esta vinculação Acredita-se deu pelo fato de que o crime de tráfico de drogas possui uma alta prevalência entre as participantes.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa se propôs a investigar a relação de um possível transtorno da personalidade com o crime cometido na população carcerária do presídio feminino de Tubarão/SC. Para que esta relação fosse possível, e como seu primeiro objetivo, levantou-se a prevalência de transtornos da personalidade, por meio de dois questionários, sendo um deles o instrumento PDQ-4 – versão traduzida para o português. Como resultado, encontrou-se uma alta prevalência de traços sugestivos de possíveis transtornos da personalidade na amostra de pesquisa, com um total de 82,22%. Contemplando o segundo objetivo desta pesquisa, relacionar os possíveis transtornos da personalidade mais prevalentes ao crime cometido, constatou-se a relação das características do transtorno da personalidade paranoide com o crime de homicídio, onde 100% das participantes com sintomas sugestivos deste transtorno respondem por este crime.

Considerou-se o método de aplicação por meio de questionários adequada, tendo em vista que objetivou-se alcançar uma amostra significativa da população, o que tornaria o uso de entrevista inviável. Sua aplicação em grupos e por meio da pesquisadora foi fundamental para a aderência das participantes à pesquisa. A única observação a ser pontuada foi quanto ao crime, onde as participantes preencheram de forma sucinta, na maioria das vezes apenas com o artigo do qual estavam respondendo. Neste caso, os resultados da pesquisa, principalmente em relação à personalidade paranoide e o crime de homicídio, poderia ter sido aprofundada em posse de informações acerca da natureza do crime.

Os resultados obtidos através desta pesquisa levantam uma questão acerca do tratamento e acompanhamento dos pacientes com transtornos da personalidade, ilustrando a necessidade do diagnóstico e tratamento adequados e evidenciando que há sim a possibilidade deste padrão de funcionamento resultar no ato de cometer um delito, fato que poderá ser evitado com ações em caráter preventivo com o paciente e as pessoas que estão ao seu redor. Outra questão, que corrobora com a literatura atual, é a alta ocorrência de transtornos mentais na população carcerária, fato que enfatiza a necessidade de priorizar uma ressocialização adequada para estes pacientes, envolvendo profissionais qualificados e uma assistência em âmbito multidisciplinar, para que a reinserção na sociedade seja efetiva e ocorra a diminuição do índice de reincidência ao crime.

Há a necessidade da continuidade de pesquisas envolvendo a psicologia, saúde mental e a população carcerária, visto que é um tema com poucos estudos e com resultados importantes, mas ainda rasos. Como sugestão, aprofundar a relação do transtorno da

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personalidade paranoide e crimes contra a pessoa, investigando a natureza do crime cometido por cada participante e a possibilidade de concluir ou não o diagnóstico do transtorno, já que aqui se evidenciou apenas sintomas indicativos de um possível transtorno.

REFERÊNCIAS

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