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A perda de representatividade da indústria na pauta de exportações

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Academic year: 2021

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João Marcelo Alves

Superintendente de Desenvolvimento Industrial

A balança comercial brasileira registrou saldo de US$ 3,17 bilhões no primeiro trimestre do ano, um crescimento de 259% em relação ao mesmo período de 2010. A evolução positiva da balança comercial resultou do crescimento de 30,6% das exportações no primeiro trimestre do ano, comparado a um crescimento de 25,3% das importações no mesmo período. O bom desempenho das exportações foi puxado pela venda de produtos básicos, com alta de 47% no período; as exportações de produtos industrializados registraram alta de 20%. Analisando os dados da balança comercial brasileira, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para o período compreendido entre janeiro e março de 2011, verifica-se um crescimento significativo da participação dos produtos básicos na pauta de exportações do país em relação ao primeiro trimestre de 2010. Embora o quantum exportado não tenha sofrido alteração no período analisado, o preço médio (US$/ton.) dos produtos básicos de maior peso na pauta de exportações aumentou muito.

O crescimento da participação dos produtos básicos impactou diretamente na representatividade dos produtos manufaturados: no primeiro trimestre de 2010, os manufaturados representavam 43,8% da pauta de exportações brasileiras; no mesmo período desse ano a participação caiu para 39%. As maiores quedas no quantum exportado de manufaturados ocorreram nos setores mão-de-obra intensivos (calçados, móveis), onde a redução do volume exportado impacta diretamente o nível de emprego das indústrias correlatas.

Os dados do MDIC também apontam para o aumento do déficit na balança comercial da indústria, que passou de US$ 10,2 bilhões no primeiro trimestre de 2010 para US$ 13,4 bilhões em igual período desse ano. A maior parte do déficit foi gerada por segmentos industriais de alto valor agregado como informática, produtos eletrônicos e comunicações e máquinas e equipamentos. Há uma clara tendência de concentração da pauta de exportações brasileiras em produtos de baixo valor agregado, com um aumento evidente das importações de bens de consumo duráveis.

Na Bahia, apesar da queda de 1,2% nas exportações no primeiro trimestre do ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, o superávit da balança comercial do estado cresceu 16% para US$ 585,2 milhões. A forte queda na produção de químicos e petroquímicos provocada pela interrupção no fornecimento de energia no início de fevereiro e conseqüente parada na produção de importantes indústrias do Polo Petroquímico de Camaçari demandou uma menor importação de insumos pelo setor. A importação de nafta petroquímica recuou 56% no primeiro trimestre do ano comparado ao mesmo período de 2010, levando à redução das importações do estado em 6,8%. Na Bahia, o quantum dos produtos exportados recuou 10,7% no primeiro trimestre do ano em relação ao mesmo período de 2010 e o preço médio por tonelada cresceu 19,6%.

O elevado grau de concentração das exportações baianas em pouquíssimas empresas industriais de grande porte nos segmentos de bens intermediários tradable cria um hedge estrutural para a balança comercial do estado. As oscilações nos preços das commodities geram um impacto direto e contrário na balança comercial, acomodando os movimentos em seu saldo. Mas ao mesmo tempo, esse hedge estrutural mascara os efeitos nocivos do câmbio valorizado e do crescimento das importações de bens industrializados sobre a indústria local de menor porte, particularmente as intensivas em mão de obra. Essas sofrem com a perda de competitividade pela elevação do custo salarial em dólar e pelos gargalos logísticos existentes no estado. É necessária especial atenção para as indústrias desse segmento, pois apesar de terem impacto limitado sobre o valor adicionado da matriz industrial do estado, são grandes geradoras de emprego e demandam mão de obra menos qualificada que a grande indústria. Portanto, têm papel relevante na distribuição de renda, na formalização do emprego e na consolidação de um mercado consumidor robusto no estado.

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Superintendência de Desenvolvimento Industrial

Buscando melhor adequar os seus produtos às necessidades dos seus Clientes, a Equipe de Estudos Econômicos da FIEB apresentará ao longo desse ano algumas mudanças nos seus estudos e relatórios. Tais mudanças envolverão não apenas a forma, mas também a disposição dos textos, o seu conteúdo e abordagem. Novos produtos serão criados e os atuais, revistos.

Esta edição do RACEB apresenta como novidades: (i) a seção Destaques, que traz, de forma concisa, os números mais recentes do comércio exterior da Bahia e do Brasil, e (ii) a repaginação das tabelas e gráficos para que o leitor tenha acesso às estatísticas mais relevantes das exportações e importações da Bahia e do Brasil.

O Relatório de Acompanhamento do Comércio Exterior da Bahia (RACEB) é uma publicação trimestral da FIEB, produzida a partir de dados disponibilizados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). Apesar de focalizar o comércio exterior baiano, o RACEB acompanha, de forma sumária, o desempenho do comércio exterior brasileiro. Para maior detalhamento das estatísticas de comércio exterior da Bahia e do Brasil, favor consultar a nossa publicação mensal Comércio Exterior: Bahia e Brasil (Sinopse).

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1) As exportações brasileiras cresceram 30,6% e alcançaram valor recorde;

2) As importações brasileiras registraram crescimento de 25,3% e também alcançaram valor recorde;

3) Os bons resultados do comércio exterior brasileiro devem ser analisados com cautela, tendo em conta a concentração das exportações em produtos primários e o acentuado crescimento das importações de produtos manufaturados;

4) O déficit da balança comercial da indústria passou de US$ 10,2 bilhões no 1º trimestre de 2010 para US$ 13,4 bilhões no 1º trimestre de 2011;

5) As exportações baianas totalizaram US$ 2,041 bilhões, com queda de 1,2%;

6) As importações baianas alcançaram US$ 1,456 bilhão, com retração de 6,8%;

7) O desempenho do comércio exterior baiano foi negativamente impactado pela interrupção do fornecimento de energia elétrica, verificada em fevereiro deste ano, com redução de 30,9% das exportações de produtos químicos e petroquímicos e forte retração (-56%) das importações de nafta petroquímica; 8) Os produtos sulfetos de minério de cobre, automóveis, nafta petroquímica, trigo, e querosene foram responsáveis por quase metade das importações baianas no 1º trimestre deste ano.

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A tabela abaixo resume o desempenho do comércio exterior brasileiro no 1º trimestre de 2011, em relação a igual período do ano anterior. Verifica-se um processo de recuperação em curso.

A corrente de comércio, que acusou crescimento de 28% sobre igual período do ano anterior, retornou ao nível pré-crise econômica global.

Da observação da corrente de comércio brasileira em 12 meses, verifica-se uma trajetória consistente de crescimento até março de 2011, com um patamar bastante superior ao registrado no início da série, em março de 2010. Quanto ao saldo comercial em 12 meses (gráfico a seguir), verifica-se uma tendência de queda de junho de 2009 até novembro 2010, em virtude da recuperação das importações vis-à-vis as exportações. A partir de dezembro de 2010, no entanto, há uma recuperação acentuada, por conta dos sucessivos saldos comerciais positivos dos últimos quatro meses.

As exportações brasileiras alcançaram US$ 51,2 bilhões no 1º trimestre de 2011, registrando alta de 30,6% em relação ao 1º trimestre 2010. Esse valor é recorde histórico para o 1º trimestre, superando em larga medida os resultados alcançados no período pré-crise de 2008. As importações também alcançaram valores recordes, atingindo US$ 48,1 bilhões, com crescimento de 25,3% em relação ao 1º trimestre de 2010. O maior crescimento das exportações frente às importações fez com que o saldo da balança comercial registrasse alta expressiva de 259,2% em relação a igual período de 2010.

1. Desempenho do Comércio Exterior Brasileiro

(Janeiro a Março de 2010)

265 290 315 340 365 390 415

Mar/10 Apr/10 May/10 Jun/10 Jul/10 Aug/10 Sep/10 Oct/10 Nov/10 Dec/10 Jan/11 Feb/11 Mar/11 298.8 306.9 317.6 325.1 333.8 345.2 355.3 363.4 373.8 383.5 390.7 399.0 405.2

Brasil: evolucão da corrente de comércio em 12 meses (em US$ bilhões)

Var. (%)

Jan- Mar 10 (a) Jan - Mar 11 (b) (b/a)

1. Exportações 39.229,8 51.232,8 30,6

2. Importações 38.347,5 48.063,6 25,3

3. Saldo Comercial (1-2) 882,3 3.169,2 259,2

4. Corrente de Comércio (1+2) 77.577,3 99.296,4 28,0

Fonte: SECEX; elaboração FIEB/SDI

Comércio Exterior do Brasil

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Observa-se um forte movimento de concentração da pauta de exportações brasileiras e um elevado aumento dos importados em todos os segmentos, com maior intensidade nas importações de bens de consumo duráveis. Grande parte desse movimento reflete a atual trajetória de valorização do câmbio, que vem ganhando força, a despeito das medidas recentemente adotadas pelo Governo Federal, tais como a cobrança de IOF sobre empréstimos tomados no exterior com prazo de até dois anos e a elevação do compulsório em posições compradas de câmbio. De acordo com a FUNCEX, o valor médio mensal nominal do câmbio (R$/US$) alcançou em fevereiro deste ano o mesmo valor de agosto de 2008.

Tendo como perspectiva um cenário de câmbio valorizado no médio prazo, projeta-se o aumento das dificuldades para a inserção das exportações brasileiras no mercado internacional, sobretudo de bens de maior valor agregado. A contínua apreciação do real é uma ameaça à permanência das empresas brasileiras no competitivo mercado internacional, sobretudo das médias e pequenas empresas. As empresas exportadoras brasileiras perdem a estreita margem que possuem com as transações no mercado externo, com queda da receita em reais e aumento dos custos relativos, principalmente com a elevação dos salários em dólar, o que torna dramática a situação de setores que usam intensivamente mão de obra, como os de calçados, têxteis e móveis.

Embora as exportações e as importações tenham alcançado valores surpreendentes no 1º trimestre deste ano, tais resultados devem ser analisados com cautela. Numa análise por fator agregado, vê-se que as exportações de produtos básicos, de baixo valor agregado, pois a cadeia produtiva é curta, com poucas transformações, apresentaram crescimento de 47,1%, ficando bem acima das exportações de produtos industrializados, que registraram alta de 20%. Os produtos básicos foram responsáveis por 61% do incremento de US$ 12 bilhões das exportações na comparação entre os trimestres. Somente as exportações de minério de ferro responderam por 35,8% das vendas externas de produtos básicos e por quase 16% do valor total exportado pelo País no 1º trimestre deste ano. Deve-se destacar que a forte expansão das exportações de minério de ferro (129,4%) foi impulsionada pela alta de 132,8% no preço, apesar da queda de 1,5% na quantidade exportada.

Outro ponto a ser considerado diz respeito à evolução da balança comercial por setores. De acordo com levantamento do MDIC, o déficit da balança comercial da indústria passou de US$ 10,2 bilhões no 1º trimestre de 2010 para US$ 13,4 bilhões em igual período desse ano. Segmentos de grande valor agregado, como informática, produtos eletrônicos e comunicações, máquinas e equipamentos mecânicos, e produtos químicos foram os que apresentaram maiores déficits no período analisado. No mesmo sentido, observa-se que as importações de bens de consumo têm apresentado uma trajetória constante de alta, com elevação de 35,2% no 1º trimestre deste ano, com destaque para o aumento de 45,8% nas importações dos bens de consumo durável.

16 18 20 22 24 26 28

Mar/10 Apr/10 May/10 Jun/10 Jul/10 Aug/10 Sep/10 Oct/10 Nov/10 Dec/10 Jan/11 Feb/11 Mar/11

23.3 20.8 21.7 19.3 17.8 17.1 16.9 17.4 17.1 20.3 20.9 22.1 23.3

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Neste cenário, é crucial privilegiar medidas que permitam aumentar a produtividade do setor exportador, possibilitando alternativas de enfrentamento da perda de competitividade. Parte da valorização do real é explicada pelo elevado diferencial dos juros praticados entre o Brasil e as economias desenvolvidas, que, em adição, onera o custo do capital para investimentos. No entanto, o desafio mais importante é o de equacionar os problemas estruturais da economia, que afetam diretamente o setor exportador e tiram do país a competitividade frente aos seus principias concorrentes. Torna-se urgente eliminar os gargalos da infraestrutura física, reduzir a carga tributária e a

No 1º trimestre de 2011, as exportações baianas totalizaram US$ 2,041 bilhões, com queda de 1,2% em relação ao verificado em igual período do ano anterior, e as importações US$ 1,456 bilhão, registrando retração de 6,8% em relação ao 1º trimestre de 2010. O desempenho do comércio exterior baiano resultou numa expansão de 16% do saldo comercial do 1º trimestre de 2011 e levou a uma queda de 3,6% da corrente de comércio baiana em relação ao registrado em igual período do ano anterior. No 1º trimestre de 2011, as exportações baianas alcançaram 4% do valor total das exportações brasileiras e as importações baianas 3% do valor total das importações brasileiras.

O desempenho do comércio exterior baiano no 1º trimestre desse ano foi negativamente impactado pela interrupção do fornecimento de energia elétrica que atingiu oito estados do Nordeste entre 3 e 4 de fevereiro, com maior impacto sobre o Pólo Petroquímico de Camaçari, cujo fornecimento de matérias-primas só foi restabelecido em meados de fevereiro. Houve redução de 30,9% das exportações de produtos químicos e petroquímicos e retração de 56% das importações de nafta petroquímica, principal matéria-prima para a produção de olefinas e aromáticos.

excessiva burocracia nos trâmites alfandegários, alterar a legislação trabalhista complexa e onerosa e estancar os custos ambientais crescentes. Em adição, o Governo precisa tratar o comércio exterior como prioridade e adotar uma agressiva política de inserção na economia mundial, a exemplo do que faz a China e a maioria dos países asiáticos.

Segundo projeções da CNI, as exportações brasileiras deverão alcançar US$ 250 bilhões no final de 2011, uma alta de 24% em relação ao registrado em 2010, enquanto as importações totalizarão US$ 230 bilhões, com crescimento de 27%. O saldo da balança comercial em 2011 deverá ser praticamente igual ao verificado em 2010: US$ 20 bilhões.

Com a retomada da produção do Pólo Petroquímico de Camaçari, a expectativa para os próximos meses é de expansão das exportações e importações baianas, que deverão ser alavancadas pela alta dos preços das commodities no mercado internacional. A queda de US$ 24,6 milhões das vendas externas baianas no 1º trimestre de 2011, na comparação com igual período do ano anterior, resultou principalmente da redução das vendas de óleos brutos de petróleo, resíduos de cobre, para-xileno, propeno, PIA, benzeno, catodos de cobre, algodão simplesmente debulhado, manteiga, gordura e óleo de cacau, outros éteres acíclicos e seus derivados halogenados, outros polietilenos sem carga em forma primária, e óleo combustível. A retração de US$ 105,5 milhões das importações baianas, na mesma comparação intertemporal, pode ser creditada ao decréscimo das compras de nafta petroquímica, óleos brutos de petróleo, outros aparelhos e dispositivos para tratar matéria modificada por temperatura, cacau inteiro ou partido em bruto ou torrado, outras máquinas e aparelhos mecânicos com função própria, outros compressores de gases centrífugos, vacina contra meningite, dentre outros. A tabela a seguir resume o desempenho do comércio exterior baiano no 1º trimestre de 2011, em comparação com igual período do ano anterior.

2. Desempenho do Comércio Exterior Baiano

(Janeiro a Março de 2010)

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Os gráficos a seguir mostram a evolução da corrente de comércio e a trajetória do saldo comercial em 12 meses. Nota-se que a corrente de comércio baiana tem registrado variação praticamente nula nos primeiros 3 meses deste ano,

situando-se abaixo do verificado no final de 2010. O saldo da balança comercial baiana em 12 meses alcançou US$ 2,4 bilhões em março, 2ª alta consecutiva, após o significativo recuo registrado em janeiro deste ano.

Var. (%) Jan - Mar 2010 (a) Jan - Mar 2011 (b) (b/a)

1. Exportações 2.065,5 2.040,9 -1,2

2. Importações 1.561,2 1.455,7 -6,8

3. Saldo Comercial (1-2) 504,3 585,2 16,0

4. Corrente de Comércio (1+2) 3.626,8 3.496,7 -3,6

Fonte: SECEX; elaboração FIEB/SDI

Comércio Exterior da Bahia

Em US$ milhões 11,000 12,000 13,000 14,000 15,000 16,000

Mar/10 Apr/10 May/10 Jun/10 Jul/10 Aug/10 Sep/10 Oct/10 Nov/10 Dec/10 Jan/11 Feb/11 Mar/11 13,097 13,491 13,942 14,254 14,419 14,555 14,900 14,959 15,272 15,496 15,339 15,371 15,366

Bahia: evolucão da corrente de comércio em 12 meses (em US$ milhões)

1,900 2,100 2,300 2,500 2,700

Mar/10 Apr/10 May/10 Jun/10 Jul/10 Aug/10 Sep/10 Oct/10 Nov/10 Dec/10 Jan/11 Feb/11 Mar/11 2,422 2,322 2,420 2,408 2,258 2,394 2,384 2,319 2,209 2,276 2,017 2,298 2,357

Bahia: evolução do saldo da balança comercial em 12 meses (em US$ milhões)

1,900 2,100 2,300 2,500 2,700

Mar/10 Apr/10 May/10 Jun/10 Jul/10 Aug/10 Sep/10 Oct/10 Nov/10 Dec/10 Jan/11 Feb/11 Mar/11

2,422 2,322 2,420 2,408 2,258 2,394 2,384 2,319 2,209 2,276 2,017 2,298 2,357

Bahia: evolução do saldo da balança comercial em 12 meses (em US$ milhões)

11,000 12,000 13,000 14,000 15,000 16,000

Mar/10 Apr/10 May/10 Jun/10 Jul/10 Aug/10 Sep/10 Oct/10 Nov/10 Dec/10 Jan/11 Feb/11 Mar/11 13,097 13,491 13,942 14,254 14,419 14,555 14,900 14,959 15,272 15,496 15,339 15,371 15,366 Bahia: evolucão da corrente de comércio em 12 meses (em US$ milhões)

(9)

As exportações baianas estão concentradas em empresas industriais de grande porte, que exportam sem a dependência de incentivos governamentais. Algumas dessas empresas exportam apenas marginalmente, nas ocasiões em que não conseguem colocar seus produtos no mercado interno. Com a falta de mecanismos explícitos de apoio efetivo às exportações, o desempenho do comércio exterior baiano tem ficado aquém de seu potencial, muito embora a Bahia seja de longe o principal Estado exportador nordestino,

responsável por 52% do valor total exportado pela Região Nordeste no 1º trimestre deste ano.

O gráfico a seguir mostra a evolução do grau de internacionalização (valor das exportações dividido por vendas totais) do Brasil e dos estados da Bahia e de São Paulo. Verifica-se que a Bahia apresenta um grau de internacionalização maior do que o do Brasil e São Paulo, fato que se deve às características da matriz industrial exportadora baiana, concentrada em empresas industriais de grande porte.

Para o cálculo de Vendas Totais, foi considerado uma proxy, o Valor Bruto da Produção (VBP) mais impostos. O VBP difere das Vendas Totais apenas por o considerar a formação de estoques. No entanto, ao longo do tempo, esses valores tendem a convergir.

20.7 23.5 26.2 25.0 25.4 22.8 22.7 22.9 23.0 26.5 23.0 22.6 21.6 22.7 21.4 22.0 24.0 21.8 21.0 20.6 22.7 20 22 24 26 28 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Grau de Internacionalização (Exportações/Vendas Totais*)

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A análise das exportações baianas indica o predomínio de negócios capital-intensivos, a exemplo de refino, petroquímica, automóveis, celulose e papel, e metalurgia básica, produtores de

As exportações da seção Celulose e Papel e suas Obras alcançaram US$ 447,2 milhões no 1º trimestre deste ano, uma alta de 8,8% em relação ao registrado em igual período de 2010, influenciadas pela expansão das vendas externas de celulose para China, Estados Unidos, Holanda, Bélgica, Alemanha, dentre outros. As exportações das seções Produtos Minerais, e Metais Comuns e suas Obras encolheram 13,4% e 3,6%, respectivamente, em função principalmente das menores vendas de óleos brutos de petróleo (-100%) e catodos de cobre (-13,5%). No caso específico da seção Produtos das Indústrias Químicas ou das Indústrias Conexas, houve forte queda nos embarques de para-xileno (-48,1%), propeno (-45,4%), benzeno (-39%) e PIA (-100%), refletindo principalmente os impactos da interrupção do fornecimento de energia elétrica em fevereiro e a destinação da produção para o mercado interno, com exportação apenas do produto excedente. As vendas externas da seção Produtos das Indústrias Alimentares, Bebidas e Fumo

importantes bens tradable. O gráfico a seguir mostra que as cinco principais seções NCM foram responsáveis por 71,2% do valor total das exportações baianas no 1º trimestre de 2011.

cresceram 26,7%, devido à maior exportação de bagaços da extração do óleo de soja (para Alemanha e França) e cacau em pó (para Argentina, Estados Unidos, Holanda, México, dentre outros).

A concentração do valor das exportações num pequeno número de segmentos é uma das características que distingue a pauta baiana da brasileira, sobretudo pela presença maciça de produtos industrializados (87,3%, contra a média brasileira de 53,4%). Analisando as exportações baianas por setores das contas nacionais, na comparação entre o verificado no 1º trimestre de 2011 com igual período do ano anterior, vê-se que houve queda das vendas de combustíveis e lubrificantes (-15,8%) e bens de consumo não-duráveis (-4,8%), contrabalançada pelo aumento das exportações de bens de consumo duráveis (+35,2%), bens intermediários (+1,1%) e bens de capital (+23%).

Exportações Baianas

Celulose e Papel e suas Obras 21.9%

Produtos Minerais 19.2%

Produtos das Indústrias Químicas ou das Indústrias

Conexas 13.6% Metais Comuns e suas Obras

9.4% Produtos das Indústrias

Alimentares, Bebidas e Fumo 7.1%

Material de Transporte 6.1%

Plástico e suas Obras; Borracha e suas Obras

5.6%

Demais Seções NCM 16.9%

(11)

Os Estados Unidos, Antilhas Holandesas, Argentina, China e Holanda responderam por mais da metade das exportações baianas no 1º trimestre de 2011. A despeito da redução de 24,8% dos embarques, os Estados Unidos mantiveram a posição de principal destino das exportações baianas, sendo grande comprador de celulose, pneus, ouro em barras, benzeno, para-xileno e ésteres de metila do ácido metacrílico. As vendas externas para as Antilhas Holandesas e a

Os produtos sulfetos de minério de cobre,

automóveis, nafta petroquímica, trigo, e querosene

Argentina cresceram 58,6% e 20%, respectivamente, em função principalmente das maiores exportações de óleo combustível e automóveis. A China manteve posição de destaque na pauta exportadora baiana, a despeito da queda nos embarques de catodos de cobre e celulose. Os principais produtos exportados para a Holanda foram celulose, catodos de cobre, outros éteres acíclicos e seus derivados halogenados, outros tubos de plástico e óleo combustível.

foram responsáveis por quase metade das importações baianas no 1º trimestre deste ano.

Importações Baianas

Estados Unidos; 15.1% Antilhas Holandesas; 12,3% Argentina; 10,7% China; 9,4% Holanda; 7,8% Demais; 44,6%

Exportações da Bahia por Países: Janeiro a Março de 2011

Sulfetos de Minérios de Cobre 20.1% Automóveis 11.2% Nafta Petroquímica 10.7% Trigo 2.9% Querosene 2.4% Demais 52.7%

(12)

As importações de sulfetos de minério de cobre somaram US$ 292,7 milhões no 1º trimestre de 2011, provenientes de Chile, Portugal e Peru. As compras externas de automóveis totalizaram US$ 163,6 milhões (contra US$ 148,4 milhões no 1º trimestre do ano anterior), procedentes de Argentina, México, Turquia e Canadá. As importações de nafta petroquímica somaram US$ 155,3 milhões, com queda de 56% na comparação com igual período de 2010, refletindo as paradas das plantas da Braskem, provocadas pela supracitada interrupção do fornecimento de energia elétrica registrada no início de fevereiro. A título ilustrativo, na comparação do 1º trimestre deste ano com igual período de 2010, as importações

Mais da metade das importações baianas foram procedentes do Chile, Argentina, China, Estados Unidos e México. O Chile é o principal fornecedor de sulfetos de minério de cobre para a Bahia, matéria-prima básica para a produção de fios e vergalhões de cobre refinado. A Argentina respondeu por 11,4% das importações baianas, fornecendo principalmente automóveis, trigo, fios de alta tenacidade de náilon, nafta petroquímica e PVC. As importações da China cresceram 26%, na comparação do registrado no 1º trimestre de 2011 com igual período do ano anterior, influenciadas pelas maiores compras de parafina,

da Braskem encolheram 67,7%, fazendo com que a empresa caísse da 1º para a 4ª posição no ranking das principais empresas importadoras da Bahia. As importações de nafta petroquímica foram oriundas de Argélia, Rússia, Venezuela e Argentina. As compras externas de trigo foram provenientes de Argentina e Uruguai, enquanto as de querosene se concentraram na Espanha e nos Estados Unidos. A análise das importações baianas por setores de contas nacionais indica a predominância de bens intermediários (55,3%), seguidos por bens de capital (18,8%), combustíveis e lubrificantes (13,9%) e bens de consumo (12,1%).

unidades de discos magnéticos para discos rígidos, outros aparelhos videofônicos de gravação ou reprodução, unidades de discos ópticos, dentre outros. Principais produtos importados dos Estados Unidos: fósforo branco, outros catalisadores, diidrogênio-ortofosfato de amônio, outros pigmentos tipo rútilo com dióxido de titânio e outros compressores de gases centrífugos. Importante fornecedor de automóveis e de resíduos de cobre, o México elevou a sua participação na pauta de importações baianas de 2,1% no 1º trimestre de 2010 para 4,7% em igual período deste ano.

Chile; 17.8% Argentina; 11,4% China; 9,6% Estados Unidos; 8,7% México; 8,1% Demais; 47,8%

(13)

O Relatório de Acompanhamento do Comércio Exterior da Bahia (RACEB) é uma publicação trimestral da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), produzida pela Superintendência de Desenvolvimento Industrial (SDI).

Presidente: José de Freitas Mascarenhas

Diretor Executivo: Roberto de Miranda Musser

Superintendente: João Marcelo Alves

(Economista, Mestre em Administração pela UFBA/ISEG-UTL,

Especialista em Finanças Corporativas pela New York University)

Equipe Técnica: Marcus Emerson Verhine

(Mestre em Economia e Finanças pela Universidade da Califórnia) Carlos Danilo Peres Almeida

(Mestre em Economia pela UFBA) Ricardo Menezes Kawabe (Mestre em Administração Pública pela UFBA) Mauricio West Pedrão

(Mestre em Análise Regional pela UNIFACS) Giselda Federico

(Especialista em Gestão de Empresas pelo CENID) Daniella Barreto Cunha (Gerente do CIN) (Mestre em Marketing Internacional pela Universidade de Ciências Aplicadas de Reutlingen – Alemanha)

Alba Luciene S. Virgens M. dos Santos (Suporte e Assistência Técnica)

Estagiários: André Ferraz de Oliveira

Vanessa Gonçalves Azevedo

Layout e Diagramação: SCI - Superintendência de Comunicação Institucional

Críticas e sugestões serão bem recebidas.

Endereço Internet: http://www.fieb.org.br

E-mail: cin-fieb@fieb.org.br

(14)

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