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MDI/EAD: olhando com olhos de águia... 1

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Academic year: 2021

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MDI/EAD: olhando com olhos de águia...

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Um dos fatores que mais influenciam a permanência do educando em uma iniciativa EAD é a qualidade dos materiais que lhe são postos à disposição: não podem apresentar conteúdos errados, ultrapassados (mas tidos como atualizados); não podem ter aparência desagradável, têm que ser “leves”, “limpos”,

“convidativos”; têm que ser adequados ao público a que se destinam, em conteúdo, em linguagem, em referenciais teóricos e concretos; têm que ser “didáticos”, ou seja, não complicando o que pode ser simplificado,mas tornando o que é difícil em algo fácil, mostrando mais que dizendo, dando referências e evitando receitas... Conseguir materiais cuja característica mais marcante seja a qualidade, exige dos educadores envolvidos em sua elaboração muito esforço, muita paciência, muita disciplina, muita segurança e muita tranqüilidade. Isto porque para que os materiais alcancem a qualidade esperada, devem ser submetidos a exames críticos por diferentes profissionais, em momentos variados e por ângulos diversificados de análise.

Os exames pelos quais passam os materiais resultam, não raramente, em críticas as mais variadas; em sugestões de mudanças; em indicações de erros, de

inadequações e de equívocos; em concordâncias, discordâncias, discussões, elogios e assim por diante. Em outras palavras, os resultados significam que algo que foi feito, por um ou outro motivo, não está bom... É, então, preciso muito treino, muita compreensão do significado do processo, muita confiança em si e no outro para que o educador que ouve críticas ou sugestões de mudança não esmoreça, não se irrite e se disponha a mudar o que deve ser mudado.

Os comentários feitos até aqui têm relação direta com o processo de validação de materiais didáticos, em particular de MDIs/EAD. É disso que este documento trata de forma breve e objetiva.

Validar MDIs/EAD... o que é isto?

Validar, em relação a materiais didáticos impressos para EAD, implica garantir que esse tipo de material venha a oferecer condições efetivas para que um educando, que se encontra distante de seus professores, possa realizar a aprendizagem na qual está empenhado.

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Em outras palavras, validar um material didático para EAD significa garantir que ele possui as características necessárias para desencadear a aprendizagem quando educadores e educandos estão fisicamente distantes uns dos outros, ou seja, garantir que ele possui as características que levem a cumprir o objetivo para o qual foi elaborado.

O que considerar na validação do MDI/EAD?

Ainda que uma análise para fins de validação deva envolver o julgamento global do material, é importante que cada um de seus aspectos seja enfocado, tanto por especialistas em diferentes áreas quanto por representantes do usuário final. Nesses termos, é importante enfocar:

a) o conteúdo – elemento básico a partir do qual a aprendizagem acontece. A validação do conteúdo envolve preocupações2 com:

 correção (isento de erros conceituais, de exemplos equivocados, etc.)

 suficiência (contém somente o que deveria conter, nem mais, nem menos)

 clareza (livre de idéias confusas, de seqüências desnecessariamente complexas)

 precisão (conceitos referenciados e contextualizados)

 objetividade (sem informações ou explicações desnecessárias)

 atualidade (livre de informações ou referências ultrapassadas)

 adequação ao educando (às suas necessidades, ao seu nível de compreensão, ao seu estilo de aprendizagem, etc.)

b) os recursos pedagógicos – um MDI/EAD é didático na medida em que incorpora recursos que facilitem a aprendizagem autônoma (cujas decisões são tomadas pelo próprio aluno) e independente (que ocorre ainda que um professor se encontre distante). Entre outros recursos temos: explicitação dos objetivos e da utilidade dos saberes abordados; inclusão de ilustrações (recursos tipográficos), exemplos, perguntas intercaladas no corpo do texto (estes três últimos

considerados recursos expressivos), e de esquemas, quadros, diagramas, etc.; proposição de atividades (resolução de exercícios e de problemas, elaboração de protótipos, proposição de planos, de diagramas, etc.); inclusão de situações de auto-avaliação.

A validação de recursos pedagógicos envolve preocupações com adequação ao público a que se destina, precisão (nas orientações para realização das atividades), equilíbrio quanto à forma e às dimensões do material,

correspondência adequada entre conteúdo e ilustrações, clareza (de exemplos, de perguntas, de comentários, etc.).

c) a linguagem - elemento fundamental do texto, pois é o principal veículo de comunicação. Os focos de preocupação em relação a este elemento são : clareza e precisão de linguagem; adequação e respeito ao público a que se destina; adequação à modalidade EAD; simplicidade e correção lingüística; correção social (isenta de preconceitos ou discriminações) , etc.

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d) a estrutura – refere-se à organização do texto, à forma de articulação de idéias. Este elemento inclui preocupações com: adequação da extensão e densidade dos parágrafos, desenvolvimento lógico, inclusão de elementos de ligação, inclusão de introdução e de resumos/sínteses.

e) os elementos materiais – representam um fator essencial para aceitação inicial do conteúdo que será estudado e para facilitação da aprendizagem. Aqui, as preocupações se centram em: volume físico do material, tipos de fonte,

qualidade visual das ilustrações, relação espaços em branco/texto/ilustrações, largura do espaço entre as linhas, qualidade do papel, etc.

Com que critérios?

A validação exige o estabelecimento de um conjunto de critérios que servirão de referência para o julgamento da qualidade do MDI/EAD.

No item anterior a este, foram apontados preocupações e focos de atenção com referência às características a considerar na análise de cada elemento que constitui o quadro de qualidade do MDI/EAD. Essas preocupações e focos podem ser

agrupados em 3 (três) critérios básicos: a) Adequação

b) Coerência interna c) Eficácia

A adequação de um MDI/EAD deve ser analisada em sentido triplo:

 adequação ao educando que aprende: a constatação de que um texto pode ser adequado a um grupo de alunos e não ser a outro grupo é que

fundamenta o estabelecimento desse critério.

Aqui os critérios são: clareza, precisão e riqueza de linguagem; grau de dificuldade apresentado pelo texto, tipo de esforço intelectual que sua leitura exige

 adequação às exigências técnicas, científicas e profissionais: um MDI/EAD é considerado adequado a tais tipos de exigências, na medida em que a seleção, o equilíbrio e a organização do conteúdo satisfazem a critérios de: relevância, significado, atualização e funcionalidade.

 adequação à modalidade de educação a distância: os MDIs/EAD são materiais especialmente produzidos para a auto-aprendizagem e para o estudo autônomo.

Os critérios indicados são aqueles que se centram na incorporação ou não de elementos de ensino a conteúdos puramente científicos; entre outros temos: suficiência da informação, clareza e precisão das orientações para estudo e aprofundamento do saber.

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A coerência interna refere-se à harmonia existente entre as partes e os elementos do MDI/EAD. Por exemplo, entre os objetivos do MDI e os objetivos de cada unidade que o compõem; entre as orientações gerais da iniciativa EAD e as de cada unidade didática que compõe o MDI/EAD; entre a concepção de avaliação e as formas de coleta das informações (de auto-avaliação e de hetero-avaliação); entre objetivos, conteúdos, atividades e avaliação.

A eficácia diz respeito ao MDI/EAD como um todo (ou seja, não como partes específicas, que é o foco de análise da coerência interna) e se refere à sua capacidade de produzir os efeitos esperados. Assim, o centro de atenção da eficácia é saber se o MDI/EAD atinge os objetivos para os quais foi elaborado.

Com quais informações?

A validação de um MDI/EAD se apoia na coleta de dados que permitam verificar se, na sua elaboração, os critérios foram ou não respeitados. Esses dados são de 2 tipos:

a) Informações técnicas

As informações deste tipo são aquelas obtidas com especialistas nos diferentes aspectos do MDI/EAD: conteúdo, abordagem pedagógica, modalidade de educação e diagramação, programação visual e formato físico.

Um dos instrumentos mais adequados para a obtenção informações técnicas é o check-list ou lista de verificação (que funciona como referencial de atenção e de análise e facilita o trabalho do especialista) referente a cada aspecto em validação.

A idéia aqui é: se para os especialistas nos diferentes aspectos o MDI/EAD tem as características necessárias, então tem grande probabilidade de desencadear nos educandos a aprendizagem pretendida.

b) opiniões leigas

As informações deste tipo são aquelas obtidas com educadores e educandos sobre e se referem à sua opinião, como usuários, sobre o MDI/EAD. A idéia aqui é: se está bom para educadores e educandos usuários do MDI/EAD, então ele tem grande probabilidade de ter a qualidade esperada/desejada. Um dos procedimentos mais apropriados à obtenção deste tipo de informação é o uso do questionário complementado por entrevistas, individuais ou

coletivas.

As perguntas que dão origem aos instrumentos de obtenção das informações são de diferentes ordens e referem-se aos componentes que estão sendo

considerados. Assim, entre outras, pode-se incluir perguntas tais como:

Conteúdo

 É correto do ponto de vista científico e técnico?

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Concepção comunicativa

A forma de comunicação usada no MDI/EAD:

 é autoritária ou participativa? Unidirecional ou dialogada?

 Oferece oportunidade para resposta e análise crítica pelos usuário?

 Representa ou contempla as características sócio-culturais do destinatário?

Redação

 Os termos utilizados são do universo de conhecimento do educando?

 Os termos novos são explicados quando aparecem pela primeira vez?

 As palavras usadas estão corretas, em termos de significado e grafia?

 Está mantida a coerência no uso da terminologia?

 Todas as siglas são decodificadas?

 As frases têm a extensão adequada? Estão escritas em ordem direta?

 Existe conexão explícita entre os assuntos tratados?

Formulação da mensagem

 A linguagem é acessível ao público a que se destina?

 O MDI/EAD adota a linguagem e os símbolos do público destinatário?

 No caso de termos novos: sua introdução no texto é justificável? São realmente necessários? Estão explicados? Têm tradução (no caso de estrangeiros)?

 O conteúdo está bem articulado, bem encadeado?

 Há coerência entre conteúdo e forma?

 A seleção dos elementos da mensagem é adequada (ou seja, não se omitiu nada importante, nem se incluiu coisas irrelevantes)?

 O volume de informações é adequado à extensão do programa?

Ilustrações

 Contribuem para a compreensão do texto?

 Tornam o texto mais agradável?

 Despertam a curiosidade e o interesse do usuário?

 Facilitam a fixação do conteúdo pelo usuário?

 Relacionam-se com a experiência do usuário (correspondem às imagens visuais de seu meio)?

 Atuam como elementos distrativos (apresentam elementos estranhos ao conteúdo , desviando a atenção do que se quer transmitir como mensagem)?

 As imagens são realistas, concretas ou estilizadas e caricaturais? (Obs: públicos com baixo nível de leitura rejeitam caricaturas e imagens abstratas)

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Diagramação

 A organização dos elementos visuais atrai e capta a atenção do usuário?

 Todos os elementos que compõem a diagramação foram conscientemente incluídos?

 O título ocupa espaço destacado na página?

 As fontes selecionadas são simples (não rebuscadas)?

 O tamanho das fontes é adequado ao usuário?

 O espaço entre as linhas favorece a legibilidade?

As atividades propostas

 São interessantes?

 São relevantes?

 São variadas e diversificadas?

 Têm relação com o contexto do educando?

 São concretas e de duração razoável?

 Têm referencial para avaliação? Como?

O processo de validação envolve vários procedimentos e instrumentos. A

realização do processo varia muito – a possibilidade de variação, neste caso, é o que permite atender a contextos diferentes e complexos (ou seja, em que a multiplicidade de fatores resulta em configurações muito específicas).

Os fatores são, em geral, referentes às características do público a que se destina, do esquema operacional em que está inserido, do MDI/EAD desenvolvido, etc. Em termos gerais, o processo se desenvolve nas seguintes etapas:

1. Análise do MDI/EAD por membros do grupo de elaboração e de produção de materiais

2. Análise por especialistas, com apoio de instrumentos específicos

3. Utilização do material por representantes do futuro usuário, em diferentes situações e circunstâncias:

3.1 por um aluno isoladamente e sob supervisão de um educador/entrevistador

3.2 por pequenos grupos de educandos que utilizam o material, realizam a avaliação para verificação do atingimento dos objetivos e dão opiniões sobre vários dos aspectos considerados (conteúdo, linguagem,

legibilidade, aparência, facilidade de uso, de transporte, de manuseio, etc.) 3.3 por grandes grupos de educandos que utilizam o material tal como

apontado no item anterior (3.2).

Aqui, o importante é: a cada análise realizada por um especialista (ou por grupos de especialistas no componente que está sendo validado) são introduzidas as

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Bibliografia

JUSTE, Pérez R. La evaluación del material didáctico. In: Revista Iberoamericana de

Educación Superior a Distancia. V. I, No 3, jun/1989. P. 93-112.

REYES, J. Santamaría de. Estrategias metodológicas para la producción de material didáctico em la educación a distancia. In: Revista Iberoamericana de Educación Superior a Distancia. V. I, No 3, jun/1989. P. 113-165.

WILLIS, Barry (ed.). Distance education: strategies and tools. New Jersey, Educational Technology, 1994.

Referências

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