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Método canguru: percepções das mães sobre os cuidados com o recém-nascido prematuro

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Academic year: 2021

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Amabile Meurer e Mari-bel Ferreira de Lima

MÉTODO CANGURU: PERCEPÇÕES DAS MÃES SOBRE OS CUIDADOS COM O RECÉM- NASCIDO PREMATURO.

Palhoça, 27 de junho de 2019.

____________________________________________________________ Prof. e orientadora, Vânia Sorgatto Collaço. Drª

Universidade do Sul de Santa Catarina

____________________________________________________________ Prof. Fabiana Oenning da Gama MSc

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________________ Prof. Elisabeth Flor de Lemos.MSc.

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MÉTODO CANGURU: PERCEPCÕES DAS MÃES SOBRE OS CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO PREMATURO.

KANGOROO METHOD: PERCEPTIONS OF MOTHERS ABOUT THE CARE WITH THE NEWBORN PREMATURE.

Amabile Meurer¹ Mari-Bel Ferreira de lima2

Vânia Sorgatto Collaço3

______________________

1 Discente do Curso de Enfermagem.- Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL - Campus Pedra Branca - Palhoça (SC) Brasil. E-mail: amabilemeurer@gmail.com

2 Discente do Curso de Enfermagem.- Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL - Campus Pedra Branca - Palhoça (SC) Brasil. E-mail:bel2004ferreira@hotmail.com

3Enfermeira. Doutora em Enfermagem PEN/UFSC. Docente do curso de Graduação em Enfermagem. Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL - Campus Pedra Branca - Palhoça (SC) Brasil. E-mail: parto.domiciliar@gmail.com

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RESUMO

Introdução: A prematuridade é a principal causa de mortes de recém-nascidos e crianças

menores de cinco anos nas Américas. No Método Mãe-Canguru a mãe substitui a incubadora, mantendo o bebê aquecido por meio do contato pele a pele. Objetivo: Compreender as percepções das mães sobre os cuidados com os recém-nascidos prematuros no Método Mãe-Canguru. Método: Estudo com abordagem qualitativa descritiva. Realizado no alojamento conjunto Canguru de um hospital federal do sul do Brasil, por meio de uma entrevista semi-estruturada, com 14 mães de recém-nascidos prematuros, no período de janeiro a fevereiro de 2019. Os dados foram analisados através da perspectiva de Bardin. Estudo aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa. Resultados: De acordo com as informações coletadas as mães se mostraram animadas e menos aflitas ao praticarem o Método Mãe-canguru, apesar da angústia por estar longe de casa e da família. Após a prática se sentiram mais seguras e preparadas para a alta, as mães perceberam principalmente ganho de peso, manutenção da temperatura e que a prática acalma os recém-nascidos. Conclusão: O método se mostrou eficaz tanto para as mães quanto para os bebês, pois as mesmas estando ao lado de seus filhos, ficam mais calmas, menos ansiosas, e se sentem competentes no papel de mãe, ajudando na estimulação sensorial, aumentando o vinculo e o apego.

Descritores: Método Canguru. Prematuridade. Baixo peso.

ABSTRACT

Introduction: Primaturity is the leading cause of death in live newborns and children under five

years of age in the Americas due to pulmonary immaturity and the occurrence of metabolic disordersn the kangaroo mother method the mother replaces the incubator keeping the baby warm through skin-to-skin contact. Objective: to understand the mothers' perceptions about newborn care in the kangaroo mother method. Method: a case study with descriptive qualitative approach,

p

erformed in the Kangaroo joint housing of a federal hospital in the south of Brazil, through an interview with 14 mothers of preterm / low birth weight newborns from November 2018 to February 2019. Data were analyzed from the perspective of Bardin. Study approved by the Research Ethics Committee..Result: according to the information collected by the mothers

They were animated and less distressed to practice the kangaroo mother method despite the anguish of being away from home and Family. After practice they will feel safer and prepared for high mothers mainly perceived weight gain maintaining the temperature and practicing calm the newborns. Conclusion: the method has proven itself and stay for both mothers and babies because mothers are next to their children become calmer and less anxious and feel competent in the role of mother helping in sensory stimulation by increasing attachment and attachment.

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INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que por ano nascem cerca de 15 milhões de prematuros, sendo a prematuridade a principal causa de morte em recém-nascidos (RN’s) e crianças menores de cinco anos, responsável por cerca de 15,9% dos óbitos neonatais em 20151-2.

Os partos de crianças prematuras em 2017 representaram cerca de 11% do total de partos realizados no Brasil3. Segundo estimativas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em 2017 a prematuridade foi responsável por cerca de 29,3% dos óbitos neonatais no país4.

Nesse cenário, a criação de incubadoras e das unidades de cuidados intensivos possibilita a sobrevivência de RN’s com peso cada vez mais baixo. No entanto, muitas vezes, devido às suas condições os RN’s necessitam de cuidados da equipe de saúde, que em alguns momentos distanciam os pais de seus filhos pré-termos, podendo ter implicações negativas para a formação do vínculo afetivo e consequentemente influenciar o posterior cuidado dessas crianças5.

Buscando minimizar essa condição, desde 1999 o Ministério da Saúde vem implantando a política de atenção humanizada ao RN prematuro e/ou baixo peso. Uma proposta de humanização da assistência neonatal baseada no acolhimento ao RN e sua família, respeito às singularidades, promoção do contato pele a pele e envolvimento da mãe nos cuidados com o filho6.

Desta forma, surgiu o Método Mãe-Canguru (MMC) como alternativa para atender e auxiliar RN’s de baixo peso e/ou prematuros. No MMC a mãe substitui à incubadora, progressivamente, mantendo o RN aquecido por meio do contato da criança com sua pele. A prática do MMC está dividida em três etapas, a primeira delas se inicia ainda no pré-natal de alto risco, onde os pais recebem a orientação sobre o funcionamento do método pela primeira vez, e logo após o nascimento, os pais são incentivados a realizar alguns cuidados com o RN, havendo, por tanto, o incentivo do contato pele a pele precoce; na segunda etapa, que é o foco do presente estudo, a mãe é estimulada a assumir a maioria dos cuidados com o RN sob orientações da equipe de saúde, é também a etapa onde é preconizada a prática da posição canguru pelo maior tempo possível; e a terceira etapa tem início com a alta hospitalar do RN, durante essa ocorre o acompanhamento tanto da Unidade Básica de Saúde como da equipe de saúde do hospital. Os benefícios do MMC incluem redução da morbidade e do período de internação dos RN’s assim como a melhoria na incidência e duração da amamentação5

.

O método surgiu no final da década de 1970, na cidade de Bogotá, na Colômbia, com vistas a melhorar a assistência prestada aos recém-nascidos prematuros ou de baixo peso, trazendo a ideia de que a própria mãe pudesse ser a fonte de calor para o seu bebê prematuro,

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devido à escassez de incubadoras7.

O contato mais íntimo entre a mãe e o seu filho, na posição canguru, oferece condições favoráveis para o aleitamento materno, impulsionando de maneira positiva a evolução do bebê, além de intensificar o vínculo afetivo entre ambos8. Outro aspecto positivo dessa metodologia de cuidado se dá pelo fato de o bebê, que em contato pele a pele com a mãe, regula de maneira mais eficaz a sua temperatura corporal, e como consequência disto, há a diminuição da necessidade de permanecer em incubadoras e a alta hospitalar ocorre, por vezes, antes do tempo previsto, além do método favorecer a redução do risco de infecção hospitalar5.

Compreender o entendimento das mães, em relação ao cuidado com o RN prematuro através do MMC é fundamental para proporcionar melhor qualidade no atendimento e propiciar assistência de enfermagem humanizada para o RN e sua família. Assim o estudo teve como objetivo compreender as percepções das mães sobre os cuidados com o recém-nascido prematuro no Método Mãe Canguru.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa-descritiva, abordado por meio da aplicação de uma entrevista semi-estruturada.

A coleta de dados foi realizada com mães de RN prematuros, nascidos de parto único, não gemelares, que estavam internados na segunda etapa do método, no alojamento conjunto Mãe-Canguru(ACMC) de um hospital Federal do sul do Brasil referência nacional para o MMC, no período de janeiro a fevereiro de 2019.

Participaram da pesquisa catorze mães, com pelo menos sete dias de prática do Método Mãe-Canguru e maiores de 18 anos de idade. Sendo excluídas as mães que durante o período de coleta, tiveram a morte do neonato.

As mães que aceitaram participar da pesquisa foram convidadas e levadas até um consultório ou sala confortável e reservada, de fácil acesso e livre de ruídos, no hospital pesquisado, onde aplicou-se a entrevista semi-estruturada que constava de perguntas relativas a dados sociodemográficos, dados obstétricos, dados hospitalares, a internação da mãe no alojamento conjunto MMC, e a vivência com o este, e levantamento de dados neonatais no prontuário. As mães foram identificadas no estudo com a letra M seguida do número da entrevista para que não houvesse identificação (M1, M2, M3...). A duração média de cada entrevista foi de 30 minutos.

Essas foram esclarecidas quanto ao projeto e cuidados éticos, consentiram em participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o Termo de Consentimento para Gravações de áudio, foi realizada a gravação de áudio da entrevista, nas quais duas participantes não aceitaram a gravação de áudio.

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Os dados foram transcritos das gravações de áudio através do software processador de texto Microsoft Word versão 2010 e analisados através da perspectiva de Bardin14,onde a análise de dados se estabelece em três etapas, a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados: inferência e interpretação. Os dados considerados insuficientes foram descartados.

O estudo obedece aos preceitos éticos do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Res. no 466/2012 (autonomia, beneficência, não maleficência, justiça e equidade), e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina e pela instituição coparticipante, sob parecer consubstanciado CAAE 90750918.2.0000.5369.

RESULTADOS

No que diz respeito aos dados sociodemográficos obteve-se que a idade das participantes variou de 19 a 38 anos, sendo a média de idade 28,7 anos, tendo duas mães ensino superior completo, seis com ensino médio completo e três com ensino fundamental completo. Entre as catorze participantes todas afirmaram que convivem com o pai do bebê, e pelo menos doze estão casadas ou em união estável com o mesmo, no entanto sete moram apenas com o marido. Seis entrevistadas afirmaram ser católicas. A renda mensal varia de R$ 1000,00 a R$ 7000,00, com uma média de R$ 3330,00 aproximadamente, onze delas estão empregadas. (Quadro 1).

Quadro 1. Dados sociodemográficos das participantes.

Mães Idade das mães Nível de escolaridade Convive com o pai Situação conjugal Mora com quem Religião Está empregada Renda familiar 1 29 anos

EMC Sim UE Marido NP Sim Não

informada

2 28

anos

ESC Sim UE Marido Cat. Sim 4.800,00

3 22

anos

EFI Sim S Sozinha Ev. Não 2.400,00

4 30

anos

ESI Sim C Marido Ev. Sim 1.000,00

5 19

anos

EMC Sim UE Sogra,

sogro e pai do bebê Cat. Sim 5.700,00 6 28 anos

EMC Sim C Marido Lut. Sim 4.000,00

7 34

anos

EFC Sim C Marido,

filho

Lut. Sim Não sabe

informar

8 32

anos

ESC Sim C Marido,

filho

Ev. Sim 7.000,00

9 38

anos

EMI Sim C Marido,

um casal de

filhos

CB Não 2.000,00

(7)

anos

11 30

anos

EMC Sim UE Marido Cat. Sim 4.500,00

12 30

anos

EMC Sim C Marido,

filho

Ev. Sim 4.000,00

13 23

anos

EFC Sim S Marido Cat. Sim 1.300,00

14 25

anos

EFC Sim C Marido,

filha

Cat. Sim 3.500,00

Fonte: dados coletados pelas autoras Legenda:

EFI: Ensino fundamental incompleto.

EFC: Ensino fundamental completo.

EMI: Ensino médio incompleto.

EMC: Ensino médio completo. ESI: Ensino superior

incompleto.

ESC: Ensino superior completo. UE: União estável.

C: Casada. S: Solteira. NP: Não possui. Cat: Católica. CB: Cristã do Brasil. Ev: Evangélica. Lut: Luterana.

Na história obstétrica atual das mães entrevistadas, dez tiveram cesáreas, quatro tiveram parto normal, e seis das mães já tiveram pelo menos um aborto. Todas realizaram o pré-natal e seis delas o fizeram com enfermeiro e médico, intercaladas as consultas com os profissionais, tendo uma média de seis consultas por participante. Em relação às doenças e complicações durante a gestação ou parto foram quatro rupremas, três pré-eclâmpsias diagnosticadas, quatro HAS, um corioangioma placentário, um COOMBS indireto positivo com anemia fetal severa e um oligodrâmnio com ITU. (Quadro 2)

Quadro 2. Dados obstétricos das participantes. Mães

Gesta-ções

Partos Abortos Tipo de parto atual Pré-natal Nº de consultas Profissionais que realizaram o pré-natal Doenças/complicações durante a gravidez atual

1 1 1 0 Cesáreo 8 Médico Pré-eclâmpsia+

descolamento de placenta

2 3 1 2 Cesáreo 4 Médico Ruprema+Tpp

3 4 3 1 Normal 4 Enfermeira Ruprema

4 1 1 0 Normal 7 Médico HAS+sangramento

5 1 1 0 Cesáreo 7 Médico HAS+início de trombose

6 2 1 1 Normal 7 Médico Ruprema

7 2 2 0 Cesáreo 9 Médico/enfermeiro Coombs indireto

positivo+anemia fetal severa

8 4 2 2 Cesáreo 10 Médico/enfermeiro HAS

9 4 3 1 Cesáreo 5 Médico/enfermeiro Pré-eclâmpsia grave

10 2 1 1 Normal 5 Médico/enfermeiro ITU+TPP+ BR

oligodrâmnio

11 1 1 0 Cesáreo 4 Médico Corioangioma

placentário

12 2 2 0 Cesáreo 7 Médico/enfermeiro Ruprema+ITU

13 2 2 0 Cesáreo 6 Médico/enfermeiro HAS

14 2 2 0 Cesáreo 10 Médico Pré-eclâmpsia+

pielonefrite Fonte: dados coletados pelas autoras.

(8)

5ºmin com média 8. A média do peso ao nascer ficou em 1590g. A idade gestacional ao nascer teve uma média de 33 semanas e 1 dia. (Quadro 3).

Quadro 3. Dados neonatais dos recém-nascidos.

Mães Sexo

do neonato

Idade gestacional ao nascer Peso ao nascer/peso atual Apgar 1º/5º min

1 M 32s+4d 1630g 7/8 2 F 30s+4d 1700g 5/8 3 M 33s+6d 1975g/1790g 7/9 4 M 29s+3d 1190g/1600g 3/5 5 M 32s 1325g/1520g 6/8 6 M 27s+5d 1435g/2415g 7/7 7 M 31s+4d 1790g/2340g 6/8 8 F 33s+3d 1335g/1680g 6/9 9 M 33s+1d 1450g/1830g 8/8 10 M 30s+6d 1495g/2185g 8/9 11 F 27s+1d 995g/1690g 6/8 12 M 34s+1d 1835g/1735g 8/9 13 F 35s 1945g/1995g 8/9 14 F 34s+4d 2160g/2095g 8/9

Fonte: dados coletados pelas autoras.

Apenas uma mãe já havia tido outro filho prematuro, e seis afirmaram que a gestação atual havia sido planejada, oito mães realizaram o pré-natal na rede pública, três na privada e três na rede pública e privada. A média de dias de internação na maternidade foi oito dias, sendo que uma mãe ficou menos de um dia internada na maternidade. A média de dias de internação do RN prematuro na UTI neonatal ficou em dezessete dias e meio, onde apenas dez recém-nascidos ficaram internados, e a média de dias de internação na Unidade Mãe-canguru foi de nove dias.

Sobre os pensamentos e sentimentos em relação a necessidade de cuidados especiais com o recém-nascido todas afirmaram ter o apoio de profissionais da saúde, como psicólogos e enfermeiras, além do apoio de amigos e familiares.

“Foram muitos que ajudaram desde a pisicóloga, quase todos os enfermeiros, desde quando a gente chegou, vieram, conversaram, cada procedimento que ia acontecer, que era um dia de cada vez, que podia regredir, quase todos os proficionais deram a maior força pra gente. [...], eu e meu marido a gente se uniu mais ainda, porque que eu não podia mostra que estava nervosa, mesmo ele estando na UTI, porque a gente sabe que a criança sente, mesmo na barriga da gente, não podia ficar triste, nervosa, procupada, eu tinha que ficar calma, então respirei fundo, cada vez que eu entrava na UTI respirava fundo.”M6 “Nas trocas é bem tranquilo e a amamentação também, tem ajuda da fonaudióloga e da equipe, que ficam do lado, olhando é a gente que dá, eles ficam nos auxiliando e dizendo se tá certo ou não, [...], não tinha coisa melhor que inventasse , muito melhor, é pior tu ficar ali do lado, não poder tocar, não poder mexer,não poder pegar, eu acho que é pior, tu se sente mais insegura de ver ele e não poder pegar, dai tu pensa um monte de coisas, que tu não pode pegar ele porque ele tá mau”.M1

(9)

Somente uma já havia ouvido falar do Método Mãe-canguru, porém não fazia ideia do que se tratava, as demais não tinham ouvido falar, todas ficaram satisfeitas quando souberam que ficariam junto com seus recém-nascidos, no alojamento Mãe-canguru. Doze das mães afirmaram que seus bebês evoluíram bem, melhorando a respiração e a termorregulação, ganhando peso, ficavam menos chorosos e tinham um sono melhor e por tempo mais prolongado, durante a realização do Método Mãe-canguru, e que se sentem muito mais próximas do filho. Todas as mães afirmam que realizam todos cuidados com o recém-nascido, sendo a maior dificuldade a hora do banho.

Então eles te incentivam e fazem você fazer tudo com a criança. Cuidar mesmo, pra quando for pra casa, você não depender de ninguém, você poder fazer tudo sozinha.”M2 “A fase é muito boa, maravilhosa, melhor aqui, a gente pode conversar, não sei se eles escutam, mais ele dá risada, o cheirinho deles, tá ali pertinho, sabe que ninguém vai pegar, só nóis,não é nem boa, é maravilhosa.”M1 “ Estar aqui com ele é tudo, só por eu estar do lado dele não tem explicação, é tudo.Tem muito beneficio para o bebê e pra mim tá fazendo perder o medo que eu tinha, e tõ mais próxima do meu filho. [...] Ela me perguntou né, tu que ir lá conhecer a unidade canguru, eu falei quero,quando eu só entrei na porta olhei a mãe do lado e o filho do outro, eu falei não, não

precisa nem falar mais nada eu quero vim pra cá, né ficar perto do meu filho.”M3 “Ele menhorou muito, porque fazia muita queda de respiração e não tava ganhando peso, ganhava quinze grama por dia, agora ele chegou aganhar 60 grama por dia, eu acho que ele melhorou banstante, já esta sem munitor, só com os remédios [...], ele fica menos estressado, ele engorda mais, ganha mais peso, que é o que o bebê precisa quando sai da barriga da mãe.”M6 “Tá espertinha, não sei se é porque tá fora da incubadora dai a gente vê mais, mais acho que ela tá interagindo mais.”M11 “Foi a melhor coisa que eles inventaram, eu nunca tive problema de pressão alta, e lá no quarto eu ficava pensando nele lá,[...] no primeiro dia eu não consegui dormir, fiquei sentada cuidando dele a noite toda, tão bonzinho né. Eu acredito que a recuperação seja 50% deles e 50% nossa.”M12

Oito das mães foram pelo menos uma noite para casa, e todas declararam que o Método Mãe-canguru trás benefícios tanto para os recém-nascidos como para elas, devido a proximidade que o mesmo permite entre ambos. De acordo com as informações fornecidas, a maior dificuldade é estar longe de casa, sem seus familiares, e a maior facilidade é estar mais próxima de seus recém-nascidos, fortalecendo o vínculo binômio mãe-filho, além de possibilitar que as mães se sintam mais seguras e capazes de fornecer os cuidados que um recém-nascido prematuro e/ou baixo peso demanda.

“Me senti mais segura, por estar com ela perto né, por ter mais um contato, por não ter que ficar ela num quarto e eu no outro, ficar pensando meu Deus será que ela tá bem será que ela

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não tá, assim não, ela tem os meus cuidados e os cuidados dos profissionais, qualquer coisa não precisa nem gritar, eles estão ali olhando já né.[...]Ela melhorou muito depois que veio pro método canguru, ela não mamava, agora ela mama, ela veio com sensor no pé ela não tá mais, ela veio com sonda, ela não tá mais, então assim ela não tinha peso agora ela ganhou peso, então ela se desenvolveu muito assim.”M14 “Se ganhasse alta lá na UTI ou nos ciudados intermediário eu acho que eu não ia estar tão segura de ir pra casa com ele, eu ia dizer não pode me deixar aqui, eu não vou embora, mais aqui eu tõ mais segura, muito, meu Deus agora eu posso dizer que tô segura.”M3

Segundo os dados coletados, a maioria afirma que sentem uma maior dificuldade por parte dos companheiros, devido a situação em que se encontram, mas que acabam por aceitar porque sabem que é necessário. Em relação aos familiares, os que residem próximo visitavam com frequência e apoiavam com mensagens positivas, apesar de preocupados com a condição, e os que não residem próximo mandavam mensagens de apoio para confortar os pais do recém-nascido.

“De tá aqui ele (companheiro) acha bom, todo dia ele chora, ele fica

preocupado, porque longe né, não vem todo dia e ele é mais sensível do que eu, de eu

não tá em casa. Eu tá aqui queria tá em casa com certeza, mas eu supero bem assim as

coisas né, e ele não.”M5

“Ah sim, é a saudade do meu filho, do meu marido lá em casa. Muito, tanto é

que sábado agora eu tive que ir pra casa, porque ele tá chorando muita saudade, muita

falta né. Pra ele não é fácil né.”M8

Uma das mães sugeriu que fosse desenvolvido um grupo entre elas para troca de informações e experiências, onde pudessem apoiar umas às outras, diminuindo a ansiedade e medo em relação a permanência no hospital.

DISCUSSÃO

Os resultados foram divididos e discutidos em três tópicos: sentimentos maternos, vivenciando o método e desenvolvimento do recém-nascido prematuro.

Sentimentos maternos

Alguns autores afirmam que no decorrer dos primeiros dias após o parto há um período de extrema sensibilidade que facilita o vinculo entre mãe e recém-nascido que pode influenciar suas relações posteriores. Dentro deste contexto a prematuridade pode trazer uma série de conflitos internos e sofrimento para a mãe, dificultando o estabelecimento do vínculo que se inicia ainda na gestação, uma relação de extrema importância durante o desenvolvimento de todo neonato, onde os laços entre mãe e filho se estabelecem e intensificam no decorrer da prática. .(15,16,17,18)

(11)

De acordo com as informações coletadas as mães se mostraram animadas e menos aflitas ao praticarem o MMC, pelo fato de estar junto de seus recém-nascidos e assim prestarem os cuidados que demanda um prematuro, estabelecendo a relação de proximidade que define o binômio mãe-filho. Em um primeiro momento as mães se mostraram aflitas e mesmo assustadas perante a ideia de um bebê prematuro, vistas os cuidados que recém-nascidos prematuros demandam, necessitando de apoio psicológico e familiar, mostrando que o amparo da família é impressindível.

Vivenciando o Método

De maneira geral as mães afirmaram que apesar da angústia por estar longe de casa e da família, o fato de estar vivenciando o MMC trouxe tranquilidade para elas, onde poderiam cuidar de seus recém-nascidos, contando com o apoio da família e da equipe multiprofissional, como reforça estudo realizado em Santos19,20, em 2016, onde afirma que as mães mostraram-se satisfeitas com a assistência prestada no período da internação.

Essa proximidade proporcionada pela prática do MMC auxilia as mães na recuperação emocional e física, e também os recém-nascidos a manter suas necessidades fisiológicas e promove o desenvolvimento psicosensomotor.

Desenvolvimento do RN

De acordo com os dados coletados ficou evidenciado que as mães se sentiram mais seguras e preparadas para a alta, uma vez que no MMC tiveram maior proximidade com os recém-nascidos para realizar os cuidados diários com eles, desde a troca até o banho, podendo assim perceber o desenvolvimento, dia após dia, acompanhando o ganho de peso, melhora da respiração, termorregulação, dos estímulos sensoriais de maneira que o recém-nascido se desenvolva positivamente.

Estes resultados evidenciados por alguns autores que defendem que o MMC trás benefícios como desenvolvimento na movimentação espontânea e tônus muscular, estimula o aleitamento materno precoce, ganho de peso, auxilia na manutenção da temperatura adequada, diminui o tempo de separação entre mãe e filho, diminui o tempo de permanência na UTI e da internação hospitalar, diminui o risco de infecção hospitalar, além de proporcionar a confiança no manuseio do recém-nascido prematuro21,22,23,24.

CONCLUSÃO

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com seus bebês mais seguras, o Método Canguru assegura maior competência aos pais no manejo de seus filhos, além de suprir a necessidade que as mães sentem de estar ao lado, acompanhando diariamente a evolução de seus bebês e podendo realizar os cuidados com segurança, e que dessa forma alcançarão o objetivo de após a alta hospitalar identificar alguma anormalidade.

O método provou ser eficaz tanto para as mães quanto para os bebês, pois as mães estando ao lado de seus filhos, ficam mais calmas, menos ansiosas, e se sentem competentes e autoconfiantes no papel de mãe, durante a permanência no hospital e após a alta, ajudando na estimulação sensorial, aumentando o vinculo e o apego.

Com vistas para os resultados encontrados, sugere-se o desenvolvimento de novos estudos para identificar o perfil da relação de doenças perinatais com a prematuridade e bem como a criação de um grupo de mães dos neonatos prematuros para troca de ideias, informações e dúvidas a respeito do MMC. Se faz importante também a divulgação do MMC e seus benefícios para o bebê prematuro e para a mãe neste período, pois percebeu-se que apenas uma das participantes tinha algum conhecimento sobre o método.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos toda a equipe de profissionais da UTI- NEO, Cuidados Intermediários e Alojamento Conjunto Canguru, do Hospital coparticipante, pelo acolhimento e apoio técnico no decorrer do presente Estudo. Agradecemos também aos mestres presentes na banca avaliadora do estudo.

REFERÊNCIAS

1-Organização Mundial da Saúde. Preterm burth[Online] 2018. [Acesso em 04 jul. 2019]. Disponível em: https://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/preterm-birth.

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6-Ministério da Saúde. Atenção Humanizada ao Recém-nascido: Método Canguru (Diretrizes de Cuidado). Brasília, DF: O Ministério; 2018.

7-Ministério da Saúde. Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso: Método Canguru. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.

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9-Bardin L. Análise de conteúdo. Reto LA; Pinheiro A, tradutores. São Paulo: Edições 70; 2011.

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8-Cattaneo A; Davanzo R; Uxa F; Tamburlini GV. Recomendações para a

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Referências

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