• Nenhum resultado encontrado

Estudo das reações de transferência de um e dois nêutrons no sistema 18O + 28Si à 84 MeV

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Estudo das reações de transferência de um e dois nêutrons no sistema 18O + 28Si à 84 MeV"

Copied!
143
0
0

Texto

(1)

Universidade Federal Fluminense

Instituto de f´ısica

Coordenac

¸˜

ao do Curso de P´

os-Graduac

¸˜

ao em F´ısica

Tese de Doutorado

Estudo das rea¸

oes de transferˆ

encia

de um e dois nˆ

eutrons no sistema

18

O +

28

Si `

a 84 MeV

´

Erica Nunes Cardozo

Niter´oi Agosto de 2018

(2)

Universidade Federal Fluminense

Instituto de F´ısica

Coordenac

¸˜

ao do Curso de P´

os-Graduac

¸˜

ao em F´ısica

Estudo das rea¸

oes de transferˆ

encia

de um e dois nˆ

eutrons no sistema

18

O +

28

Si `

a 84 MeV

´

Erica Nunes Cardozo

Tese realizada sob orienta¸c˜ao do Prof. Dr. J´esus Lub´ıan R´ıos, apre-sentada ao Departamento de F´ısica,

em complemento aos requisitos

para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Doutor em F´ısica.

Niter´oi Agosto de 2018

(3)

012342464789 1244 68 61240 171862 148 741714884 !"#! $%&'( $)*+,-,./0*12)/345(6 //0674+,/+)6/*()89(6/+(/7*)56:(*;521)/+(/4</(/+,16/5;47*,56 5,/6167(<)/='>/?%'@1/A/'B/C(D/E/0*12)/345(6/$)*+,-,/F/G(646 H4I1)5/J1,6./,*1(57)+,*K/317(*L1./%M='K //=B%/NK/O/1PK //Q(6(/R+,47,*)+,STU51V(*61+)+(/W(+(*)P/WP4<15(56(./317(*L1. %M='K X>YO/Z77NOEE+[K+,1K,*\E=MK%%BM]E^^_WK%M='K+K==`'`=]=a=] //=K/J()8b,/+(/7*)56:(*;521)K/%K/J()8b,/542P()*K/`K c<NP174+(/(6N(27*,62LN12)K/BK/W)7,*/(6N(27*,62LN12,K/dK ^*,+48b,/157(P(274)PK/YK/Qe74P,/YYK/H4I1)5/J1,6.G(646. ,*1(57)+,*K/YYYK/U51V(*61+)+(/W(+(*)P/WP4<15(56(K/Y5671747,/+( We612)K //////////////////////////////////////$XX/T

(4)

Universidade Federal Fluminense

Instituto de F´ısica

Coordenac

¸˜

ao do Curso de P´

os-Graduac

¸˜

ao em F´ısica

Estudo das rea¸

oes de transferˆ

encia

de um e dois nˆ

eutrons no sistema

18

O +

28

Si `

a 84 MeV

´

Erica Nunes Cardozo

Comiss˜ao Examinadora:

Prof. Dr. J´esus Lub´ıan R´ıos (Orientador-UFF) Prof. Dr. Djalma Rosa Mendes Junior (UFF)

Prof. Dr. Luiz Felipe Alvahydo de Ulhoa Canto (UFF, UFRJ) Prof. Dr. Sergio Babosa Duarte (CBPF)

Prof. Dr. Valdir Guimar˜aes (USP)

Prof. Dr. Lucas Sigaud (Suplente - UFF)

Prof. Dr. Rodrigo Pican¸co Negreiros (Suplente - UFF) Prof. Dr. Rubens Lichtenthaler (Suplente - USP)

Niter´oi Agosto de 2018

(5)

Dedicat´

oria

Ao meu pai Elias e ao meu irm˜ao Wellington e em mem´oria `a minha m˜ae Maria das Gra¸cas.

(6)

Agradecimentos

Eu, ´Erica Nunes Cardozo, agrade¸co primeiramente a Deus por estar sempre ao meu lado, me dando for¸cas nos momentos dif´ıceis e me encorajando a sempre seguir em frente. Muito obrigada, meu Deus!

Agrade¸co a minha fam´ılia: ao meu pai Elias e ao meu irm˜ao Wellington que sempre me apoiaram em minhas decis˜oes. A minha querida falecida m˜ae Maria das Gra¸cas, que esteve me apoiando at´e a metade desse doutorado. Sem o seus conselhos e apoio, minha m˜ae, eu n˜ao teria chegado onde estou agora. Muito obrigada !

Ao professor Jes´us Lubi´an, pelo seus ensinamentos e por toda confian¸ca depositada em mim ao longo desses anos.

Agrade¸co tamb´em a todos os meu amigos do grupo de F´ısica Nuclear, pelas discuss˜oes sobre os assuntos de pesquisa e tamb´em pelos caf´es na hora do descanso. Um agradeci-mento especial ao meu amigo Jonas Leonardo, pelo incentivo, apoio e discuss˜oes sobre F´ısica e sobre a vida. Agrade¸co tamb´em aos amigos que n˜ao s˜ao da F´ısica, que sempre me deram palavras de incentivo e momentos de descontra¸c˜ao.

A Coordena¸c˜ao de Aperfei¸coamento de Pessoal de N´ıvel Superior (CAPES) e ao Cnpq pelo suporte financeiro.

(7)

Resumo

Neste trabalho, estudaremos as caracter´ısticas single-particle dos estados do 29Si

me-diante o estudo da transferˆencia de um nˆeutron na rea¸c˜ao28Si(18O,17O)29Si e os efeitos da

for¸ca de emparelhamento na transferˆencia de dois nˆeutrons na rea¸c˜ao 28Si(18O,16O)30Si, a uma energia de bombardeamento de 84 MeV. C´alculos de canais de rea¸c˜ao acopla-dos (CRC) e aproxima¸c˜ao de Born de canais acoplados (CCBA) foram realizados para os mecanismos simultˆaneo (direto) e sequencial, respectivamente. As informa¸c˜oes espec-trosc´opicas foram obtidas atrav´es do c´alculo de modelo de camadas obtidos atrav´es do c´odigo NuShellX [1] com diferentes intera¸c˜oes tanto no alvo quanto no proj´etil. Trabalhos recentes [2–6] mostraram que a correla¸c˜ao de pares entre os dois nˆeutrons transferidos ´e de grande importˆancia no processo da transferˆencia, favorecendo o mecanismo direto. Por´em, os resultados deste trabalho mostram que existe uma competi¸c˜ao entre o meca-nismo direto e sequencial no estado fundamental do n´ucleo residual30Si e que o mecanismo

sequencial domina no primeiro estado excitado (2+) do 30Si. Esses resultados s˜ao

seme-lhantes ao encontrado recentemente na rea¸c˜ao 64Ni(18O,16O)66Ni [7]. Isso mostra que as excita¸c˜oes coletivas interferem na correla¸c˜ao de pares.

(8)

Abstract

In this work, we study the single-particle feature of the wave function of 29Si states

using the one-neutron transfer reaction28Si(18O,17O)29Si and the effects of the paring

cor-relation between two neutrons in the two-neutron transfer reaction 28Si(18O,16O)30Si, at 84 MeV bombarding energy. Coupled reaction channel (CRC) and coupled channel Born approximation (CCBA) calculations were performed for the simultaneous (direct) and sequential mechanisms, respectively. The spectroscopic informations were obtained using the NuShellX code [1] with different interactions on both the target and the projectile. Recent works [2–6] showed that the pairing correlations between the two-neutron trans-ferred are of great importance in the transfer process favouring the direct mechanism. However, the results of this work show that there is a competition between the direct and sequential mechanisms in the ground state of 30Si residual nucleus and that sequential mechanism dominates in the first excited state of 30Si. These results are similar to those

found recently in 64Ni(18O,16O)66Ni reaction [7]. Thus, the collective excitations interfere

(9)

Sum´

ario

Lista de Figuras iii

Lista de Tabelas viii

1 Introdu¸c˜ao 1

2 No¸c˜oes do Experimento 7

3 Formula¸c˜ao te´orica 14

3.1 Modelos nucleares . . . 14

3.2 O modelo de camadas . . . 14

3.3 Modelos coletivos . . . 20

3.3.1 Modelo vibracional . . . 20

3.3.2 Modelo rotacional . . . 21

3.4 Probabilidade de transi¸c˜ao eletromagn´etica . . . 24

3.5 Intera¸c˜ao nucleon-nucleon . . . 27

3.6 Potencial double-folding . . . 29

3.7 Potencial de S˜ao Paulo . . . 33

3.8 Teoria quˆantica do espalhamento . . . 36

3.9 Canais acoplados (CC) e canais de rea¸c˜ao acoplados (CRC) . . . 47

3.10 Aproxima¸c˜ao de Born de ondas distorcidas (DWBA) e de canais acoplados (CCBA) . . . 54

(10)

4 Rea¸c˜ao de transferˆencia 65

4.1 Transferˆencia direta ou de um passo . . . 68

4.1.1 Modelo de cluster . . . 72

4.1.2 Modelo de cluster microsc´opico . . . 74

4.1.3 Modelo de coordenadas independentes . . . 74

4.2 Transferˆencia sequencial ou de dois passos . . . 76

5 Transferˆencia de um nˆeutron na rea¸c˜ao 28Si(18O,17O)29Si 79 6 Transferˆencia de dois nˆeutrons na rea¸c˜ao 28Si(18O,16O)30Si 90 6.1 28Si(t,p)30Si `a 10.5, 12.1 e 18 MeV . . . 97

6.2 28Si(18O,16O)30Si `a 56 MeV . . . 101

6.3 28Si(18O,16O)30Si `a 84 MeV . . . 105

6.3.1 Cluster microsc´opico . . . 111

(11)

Lista de Figuras

1.1 Carta de nucl´ıdeos mostrando a distribui¸c˜ao dos n´ucleos est´aveis (verde) e

inst´aveis (amarelo). . . 2

2.1 Foto do MAGNEX situado en INFN-LNS, Catania, It´alia. Pode ser visto da esquerda para a direita a cˆamara de espalhamento, o quadrupolo (ver-melho), o dipolo (azul) e a cˆamara do plano focal [10]. . . 8

2.2 Vis˜ao esquem´atica do espectrˆometro MAGNEX [10]. . . 8

2.3 Vis˜ao esquem´atica do detector de plano focal: a) vis˜ao lateral; b) vis˜ao de cima [10]. . . 9

2.4 Detectores de sil´ıcio no FPD [11]. . . 9

2.5 Exemplo de espectro bi-param´etrico. Figura doada pelo prof. Dr. Roberto Linares. . . 11

2.6 Espectro de energia de excita¸c˜ao do 29Si. . . . 12

2.7 Espectro de energia de excita¸c˜ao do 30Si. . . 13

3.1 Esquema do potencial de Woods-Saxon. . . 16

3.2 Esquema de n´ıveis do modelo de camadas. . . 17

3.3 Esquema dos potenciais de campo m´edio para nˆeutrons e pr´otons. O mo-delo de camadas e os n´umeros m´agicos s˜ao indicados com as energias dos gaps. . . 18

3.4 Modos de vibra¸c˜ao da superf´ıcie nuclear. A linha cheia mostra a forma do n´ucleo para cada modo em rela¸c˜ao ao n´ucleo esf´erico original [8]. . . 21

(12)

3.5 Banda vibracional do n´ucleo de114Cd [9]. `A direita se encontram os valores do spin e paridade dos estados e `a esquerda suas energias em keV. . . 22 3.6 Acoplamento de momentos angulares de um n´ucleo deformado com eixo de

simetria na dire¸c˜ao 3 [8]. . . 22 3.7 Banda rotacional do n´ucleo 238

94 Pu [9]. . . 23

3.8 Esquema de n´ıveis do n´ucleo 28Si [9]. . . . 24

3.9 Representa¸c˜ao esquem´atica das coordenadas usadas na intera¸c˜ao nucleon-nucleon entre os n´ucleos alvo e proj´etil. . . 31 3.10 Representa¸c˜ao esquem´atica das grandezas usadas na defini¸c˜ao da

distri-bui¸c˜ao angular [8]. . . 40 3.11 Modelo mais simples de canais de rea¸c˜oes acoplados (CRC) onde temos

apenas duas parti¸c˜oes no canal de sa´ıda. . . 52 4.1 Representa¸c˜ao esquem´atica da transferˆencia direta de dois nˆeutrons na

rea¸c˜ao18O+28Si. . . . . 69

4.2 Esquema da representa¸c˜ao de coordenadas para rea¸c˜ao de transferˆencia do tipo stripping A + a(= b + x) → B(= A + x) + b. . . 72 4.3 Representa¸c˜ao esquem´atica do modelo sequencial para a transferˆencia de

dois nˆeutrons na rea¸c˜ao18O+28Si. . . 77 5.1 Influˆencia da inclus˜ao dos estados 18O

1.98(2+) e 28Si1.78(2+) na rea¸c˜ao de

transferˆencia de um nˆeutron para o estado fundamental do 29Si. . . . 79

5.2 Esquema de acoplamento do proj´etil e do alvo usado no c´alculo de trans-ferˆencia de um nˆeutron. . . 81 5.3 Compara¸c˜ao entre a distribui¸c˜ao angular e a se¸c˜ao de choque de

trans-ferˆencia de um nˆeutron para o estado fundamental do 29Si variando o raio e a difusividade no potencial de Woods-Saxon que gera as fun¸c˜oes de onda. 81 5.4 Compara¸c˜ao entre a distribui¸c˜ao angular e a se¸c˜ao de choque de

(13)

5.5 Compara¸c˜ao entre os c´alculos de um canal e CRC na distribui¸c˜ao angular el´astica na 28Si(d,d )28Si a energia de bombardeamento de 17.85 MeV [12]. 88

5.6 Compara¸c˜ao entre a distribui¸c˜ao angular e a se¸c˜ao de choque de trans-ferˆencia de um nˆeutron na rea¸c˜ao28Si(d,p)29Si [12]. . . 89 6.1 Esquema de acoplamento do proj´etil e do alvo usado no c´alculo de

trans-ferˆencia de dois nˆeutrons no mecanismo direto. . . 92 6.2 Esquema de acoplamento do proj´etil e do alvo usado no c´alculo de

trans-ferˆencia de dois nˆeutrons no mecanismo sequencial. . . 92 6.3 Compara¸c˜ao entre as intera¸c˜oes usadas nos overlaps do proj´etil/ej´etil e

alvo/residual no c´alculo das se¸c˜oes de choque de transferˆencia de dois nˆeutrons na rea¸c˜ao 28Si(18O,16O)30Si. . . . 96

6.4 Compara¸c˜ao entre a distribui¸c˜ao angular e a se¸c˜ao de choque de trans-ferˆencia de dois nˆeutrons na rea¸c˜ao28Si(t,p)30Si a 10.5 MeV [13] referente

as transi¸c˜oes para o estado fundamental (a), primeiro estado excitado `a 2.235 MeV (b), segundo estado excitado `a 3.498 MeV (c) e a soma dos estados 3.769 MeV e 3.788 MeV (d). . . 99 6.5 Compara¸c˜ao entre a distribui¸c˜ao angular e a se¸c˜ao de choque de

trans-ferˆencia de dois nˆeutrons na rea¸c˜ao28Si(t,p)30Si a 12.1 MeV [13] referente `

as transi¸c˜oes para o estado fundamental (a), primeiro estado excitado `a 2.235 MeV (b), segundo estado excitado `a 3.498 MeV (c) e a soma dos estados 3.769 MeV e 3.788 MeV (d). . . 100 6.6 Compara¸c˜ao entre a distribui¸c˜ao angular e a se¸c˜ao de choque de

trans-ferˆencia de dois nˆeutrons na rea¸c˜ao28Si(t,p)30Si a 18 MeV [14] referente `as

transi¸c˜oes para o estado fundamental (a), primeiro estado excitado `a 2.235 MeV (b), segundo estado excitado `a 3.498 MeV (c) e a soma dos estados 3.769 MeV e 3.788 MeV (d). . . 101

(14)

6.7 Distribui¸c˜ao angular para o espalhamento el´astico (a) e inel´astico (b) para (18O + 28Si) `a 56 MeV [15]. . . 102

6.8 Compara¸c˜ao entre a distribui¸c˜ao angular e a se¸c˜ao de choque de trans-ferˆencia de dois nˆeutrons na rea¸c˜ao28Si(18O,16O)30Si `a 56 MeV obtida com o modelo sequencial referente `as transi¸c˜oes para o estado fundamental (a), primeiro estado excitado `a 2.235 MeV (b), segundo estado excitado `a 3.498 MeV (c) e quarto estado excitado 3.788 MeV (d). As curvas tracejada azul e s´olida vermelha possuem fator de escala 0.2 e 0.6, respectivamente, na parte imagin´aria do potencial SPP e a curva tracejada pontilhada verde foi obtida usando um potencial do tipo Woods-Saxon na parte imagin´aria do potencial ´optico na parti¸c˜ao de entrada. . . 103 6.9 Distribui¸c˜ao angular para a transferˆencia de dois nˆeutrons na rea¸c˜ao28Si(18O,16O)30Si

`

a 56 MeV para o estado fundamental (a), primeiro estado excitado `a 2.235 MeV (b), segundo estado excitado `a 3.498 MeV (c) e quarto estado excitado 3.788 MeV (d). . . 104 6.10 Compara¸c˜ao entre a distribui¸c˜ao angular e a se¸c˜ao de choque de

trans-ferˆencia de dois nˆeutrons na rea¸c˜ao28Si(18O,16O)30Si `a 84 MeV. . . 106

6.11 Compara¸c˜ao entre a distribui¸c˜ao angular experimental com c´alculos de transferˆencia de dois nˆeutrons usando os modelos de coordenadas indepen-dentes (curva azul) e sequencial (curva vermelha tracejada) para a rea¸c˜ao

64Ni(18O,16O)66Ni `a 84 MeV [7]. . . 108

6.12 Compara¸c˜ao entre a distribui¸c˜ao angular experimental com c´alculos de transferˆencia de dois nˆeutrons usando os modelos de coordenadas inde-pendentes (curva rosa) e sequencial (curva roxa tracejada pontilhada) para a rea¸c˜ao 16O(18O,16O)18O `a 84 MeV [4]. . . 108

(15)

6.13 Compara¸c˜ao entre os mecanismos direto e sequencial no c´alculo da se¸c˜ao de choque de transferˆencia de dois nˆeutrons para as energias de bombar-deamento de 25, 120 e 370 MeV. . . 110 6.14 Compara¸c˜ao entre a distribui¸c˜ao angular e a se¸c˜ao de choque de

trans-ferˆencia de dois nˆeutrons na rea¸c˜ao 28Si(18O,16O)30Si `a 84 MeV usando o

(16)

Lista de Tabelas

5.1 Compara¸c˜ao das energias single-particles para pr´otons e nˆeutrons nas in-tera¸c˜oes psdmod e psdmwkpn. . . 83 5.2 Compara¸c˜ao dos estados de energia experimental e do NuShellX para os

n´ucleos de28Si e29Si usando o modelo espacial psdpn e as intera¸c˜oes psdmod

e psdmwkpn . . . 83 5.3 Amplitudes espectrosc´opicas usadas nos c´alculos de CRC e CCBA na

trans-ferˆencia de um e dois nˆeutrons usando o modelo espacial psdpn com as intera¸c˜oes psdmod e psdmwkpn. . . 84 5.4 Compara¸c˜ao dos estados de energia experimental e do NuShellX para os

n´ucleos de 16O,17O e 18O usando as intera¸c˜oes zbm, psdmod e psdmwkpn. . 85 5.5 Amplitudes espectroc´opicas usadas nos c´alculos de CRC e CCBA na

trans-ferˆencia de um e dois nˆeutrons usando as intera¸c˜oes zbm e psdmod no 17O

e 18O . . . 85 6.1 Amplitudes espectrosc´opicas usadas nos c´alculos de CRC para a

trans-ferˆencia de dois nˆeutrons utilizando o modelo espacial psdpn com as in-tera¸c˜oes fenomenol´ogicas psdmod e psdmwkpn para os overlaps entre 28Si e 30Si. . . . 93

6.2 Continua¸c˜ao da tabela of Table 6.1. . . 94 6.3 Continua¸c˜ao da tabela 6.2. . . 95

(17)

6.4 Amplitudes espectrosc´opicas usadas nos c´alculos de CRC para a trans-ferˆencia de dois nˆeutrons utilizando os modelos espaciais zbm e psdpn com as intera¸c˜oes fenomenol´ogicas zbm e psdmod, respectivamente, para os

over-laps entre 18O e 16O. . . 96

6.5 Amplitudes espectroc´opicas usadas nos c´alculos de CCBA na transferˆencia de dois nˆeutrons usando as intera¸c˜oes zbm e psdmod no17O e 16O . . . . . 97

6.6 Amplitudes espectrosc´opicas usadas no c´alculo de CCBA na transferˆencia de dois nˆeutrons usando o modelo espacial psdpn com as intera¸c˜oes psdmod e psdmwkpn. . . 98

6.7 Probabilidade de transi¸c˜ao el´etrica reduzida para os n´ucleos estudados pela rea¸c˜ao (18O,16O) [16]. . . 109

6.8 Amplitudes espectrosc´opicas de dois nˆeutrons para c´alculos de CRC obtidas por c´alculos de modelo de camadas com a intera¸c˜ao psdmod. Onde n1l1j1 n2l2j2 s˜ao os n´umeros quˆanticos principais, o momento angular orbital e total dos nˆeutrons 1 e 2 em rela¸c˜ao ao n´ucleo, respectivamente, J12 ´e o momento angular do sistema de dois de nˆeutrons, n, l, N , Λ s˜ao os n´umeros quˆanticos da fun¸c˜ao de onda de cluster, L ´e o momento angular orbital total e S ´e o spin total dos dois nˆeutrons. . . 113

6.9 Continua¸c˜ao da tabela 6.8 . . . 114

6.10 Continua¸c˜ao da tabela 6.9 . . . 115

6.11 Continua¸c˜ao da tabela 6.10 . . . 116

6.12 Continua¸c˜ao da tabela 6.11 . . . 117

(18)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

A f´ısica nuclear tem como objetivo estudar as propriedades do n´ucleo e da mat´eria nuclear fundamentalmente atrav´es das rea¸c˜oes nucleares.

O n´ucleo de um ´atomo ´e um sistema ligado com A nucleons, Z pr´otons e N nˆeutrons, onde os n´umeros A, Z e N representam o n´umero de massa (A = Z + N ), o n´umero atˆomico e o n´umero de nˆeutrons, respectivamente. O termo nucleon simboliza tanto o nˆeutron quanto o pr´oton. N´ucleos com o mesmo n´umero de A s˜ao chamados is´obaros, com o mesmo Z, is´otopos e com o mesmo N, is´otonos. Por´em, quando nos referimos `a uma esp´ecie nuclear que ´e caracterizada pelo n´umero de pr´otons e nˆeutrons, estamos nos referindo aos nucl´ıdeos como mostra a figura 1.1. A for¸ca que liga os nucleons no n´ucleo ´e chamada de for¸ca nuclear, tamb´em conhecida como intera¸c˜ao nucleon-nucleon, que tem como caracter´ısticas fenomenol´ogicas ser atrativa e de curto alcance (r ∼ 1 fm). Por´em, a pequenas distˆancias (r < 0.5 fm) essa for¸ca ´e repulsiva fazendo com que o n´ucleo n˜ao colapse.

Uma rea¸c˜ao nuclear ´e um processo no qual uma mudan¸ca na composi¸c˜ao e/ou energia do alvo ou do proj´etil ´e causada pelo bombardeamento de um feixe de part´ıculas, podendo produzir duas ou mais part´ıculas nucleares no estado final, causando uma transforma¸c˜ao de pelo menos um nucl´ıdeo em outro. Por´em, um n´ucleo pode interagir com outro sem que haja a altera¸c˜ao na composi¸c˜ao desses. Esse processo ´e chamado espalhamento nu-clear. De maneira geral, o processo de rea¸c˜ao pode ocorrer de v´arias maneiras. Podemos exemplificar considerando uma colis˜ao de um dˆeuteron com um n´ucleo de 28Si onde as

(19)

Figura 1.1: Carta de nucl´ıdeos mostrando a distribui¸c˜ao dos n´ucleos est´aveis (verde) e inst´aveis (amarelo).

seguintes rea¸c˜oes podem acontecer:

d +28Si →30 P + γ (1.1a)

→29Si + p (1.1b)

→29 P + n (1.1c)

→26 Al + α. (1.1d)

Na rea¸c˜ao 1.1a o dˆeuteron ´e absorvido pelo sil´ıcio, formando o n´ucleo 30P e emitindo

um gama. Em 1.1b e 1.1c, um nucleon ´e transferido do proj´etil para o alvo, ocorrendo uma rea¸c˜ao de stripping. Na rea¸c˜ao 1.1d, temos um processo inverso, o dˆeuteron captura um pr´oton e um nˆeutron do alvo se tornando uma part´ıcula alfa, ocorrendo a rea¸c˜ao de pick-up. Como podemos ver nas rea¸c˜oes acima, os n´ucleos interagentes s˜ao chamados de proj´etil e alvo sendo representados por a + A, enquanto os seus produtos, denominados ej´etil e part´ıcula residual, s˜ao escritos como b + B. Assim, temos que uma rea¸c˜ao pode ser descrita como a + A → b + B ou A(a, b)B, de maneira que cada poss´ıvel combina¸c˜ao de n´ucleos ´e chamada de parti¸c˜ao e cada par de estados com um conjunto de n´umeros quˆanticos bem definidos ´e denominado de canal.

(20)

Uma grandeza importante no estudo de rea¸c˜oes nucleares ´e o valor Q da rea¸c˜ao, tamb´em conhecida como Q-value, que ´e a quantidade de energia liberada (Q > 0) ou absorvida (Q < 0) pela rea¸c˜ao. Quando Q > 0 a rea¸c˜ao ´e chamada exot´ermica, quando Q < 0 ´e dita endot´ermica e quando ocorre o espalhamento el´astico Q = 0. Por´em, na rea¸c˜ao de transferˆencia, quando se tem parti¸c˜oes idˆenticas o valor do Q da rea¸c˜ao tamb´em ´e nulo. O Q-value ´e definido pela diferen¸ca entre a soma das massas dos n´ucleos iniciais e finais

Q = [(ma+ mA) − (mb+ mB)]c2 (1.2)

que pela conserva¸c˜ao da energia pode ser reescrita como a diferen¸ca da energia cin´etica antes e depois da colis˜ao:

Q = (TB+ Tb) − (TA+ Ta). (1.3)

Em geral, o favorecimento para que os produtos da rea¸c˜ao aconte¸ca ´e quando se tem um valor de Q mais positivo. Outra grandeza de grande importˆancia ´e a energia de liga¸c˜ao (binding energy) B(Z, N ), que ´e a energia necess´aria para manter todos os nˆeutrons e pr´otons ligados ao n´ucleo. A energia de liga¸c˜ao de um n´ucleo ´e dado por:

B(Z, N ) = [Zmp+ N mn− M (Z, N )]c2, (1.4)

onde mn ´e a massa do nˆeutron, mp a massa do pr´oton e M (Z, N ) a massa do n´ucleo. A

energia de liga¸c˜ao estabelecida pela eq.1.4 ´e sempre positiva, e quanto maior seu valor mais est´avel ´e o n´ucleo. Outra quantidade associada com a energia de liga¸c˜ao ´e a energia de separa¸c˜ao S(A, Z), definida como a energia necess´aria para separar um ou v´arios nucleons do n´ucleo. A energia de separa¸c˜ao de um nˆeutron do n´ucleo ´e dada por:

Sn(Z, N ) = [M (Z, N − 1) + mn− M (Z, N )]c2

(21)

De maneira an´aloga, a energia de separa¸c˜ao de um par de nˆeutrons S2n ´e escrita como:

Sn(Z, N ) = [M (Z, N − 2) + 2mn− M (Z, N )]c2

= B(Z, N ) − B(Z, N − 2). (1.6)

A energia de separa¸c˜ao de um pr´oton ´e feita de forma similar ao do nˆeutron.

A rea¸c˜ao nuclear pode ocorrer atrav´es de dois tipos de rea¸c˜oes de acordo com o tempo de dura¸c˜ao de cada uma delas. Quando numa colis˜ao do proj´etil com o alvo h´a tempo suficiente para que a energia dispon´ıvel seja distribu´ıda entre todos os nucleons, ocorre a forma¸c˜ao de um n´ucleo composto. Quando n˜ao se tem a forma¸c˜ao do n´ucleo composto, ou seja, o proj´etil e o alvo tem uma intera¸c˜ao de curta dura¸c˜ao, onde o nucleon sai diretamente do estado inicial para o estado final, o mecanismo ´e chamado de rea¸c˜ao direta. Entre as rea¸c˜oes diretas, a rea¸c˜ao de transferˆencia apresenta um papel de grande importˆancia no estudo da estrutura nuclear.

Rea¸c˜oes de transferˆencia s˜ao seletivas, envolvendo estados espec´ıficos dos n´ucleos resi-duais. Diferentes tipos de estados excitados podem ser populados no mecanismos das rea¸c˜oes diretas, e cada um deles apresentam uma oportunidade distinta de aprender mais sobre os aspectos particulares da estrutura nuclear. Particularmente, verifica-se que as excita¸c˜oes coletivas, de part´ıculas ´unicas e cluster s˜ao populados por espalhamento inel´astico, rea¸c˜ao de transferˆencia de um nˆeutron ou um pr´oton, e de m´ultiplos n´ucleons respectivamente [17]. Al´em disso, as configura¸c˜oes de part´ıcula ´unica (single-particle) s˜ao geralmente determinadas pelo campo nuclear m´edio, enquanto as configura¸c˜oes de cluster est˜ao conectadas com a correla¸c˜ao nucleon-nucleon juntamente com o campo m´edio. As rea¸c˜oes de transferˆencia tamb´em s˜ao usadas para produzir feixes radioativos, tendo como vantagem principal a produ¸c˜ao de feixes radioativos de baixa energia. O RIBRAS (Radi-oactive Ion Beams in Brazil) ´e um exemplo de laborat´orio que faz uso dessa t´ecnica [18]. No passado, as rea¸c˜oes do tipo (d,p) [12, 19, 20] e (t,p) [13, 14, 21–23] foram estudadas em detalhes e mostraram ser ferramentas importantes para o estudo da estrutura nuclear,

(22)

permitindo a identifica¸c˜ao da natureza dos estados de part´ıcula ´unica e a averigua¸c˜ao das correla¸c˜oes de pares acima do n´ıvel de Fermi em muitos sistemas nucleares. Em particular, rea¸c˜ao do tipo t,p ´e bastante ´util para estudarmos transferˆencia de dois nˆeutrons. Por´em, atualmente, o uso do feixe de tr´ıtio foi restringido devido a regras de radioprote¸c˜ao. Nas ´

ultimas d´ecadas, estudos demonstraram que a rea¸c˜ao de transferˆencia de dois nˆeutrons atrav´es da rea¸c˜ao (18O,16O) pode ser usada nos estudos espectrosc´opicos da correla¸c˜ao de

pares nos estados nucleares, verificando assim, qual tipo de mecanismo (direto ou sequen-cial) descreve o processo de transferˆencia. O n´ucleo 18O possui dois nˆeutrons fracamente

ligados, e pode ser considerado o elemento que mais se aproxima do tr´ıtio no estudo de transferˆencia de dois nˆeutrons. Com a vantagem de que o feixe de 18O pode ser obtido

diretamente de uma fonte de ´ıons. No mecanismo direto, tamb´em chamado de simultˆaneo, os dois nucleons s˜ao transferidos de uma ´unica vez e no mecanismo sequencial os nucleons s˜ao transferidos um ap´os o outro.

Investiga¸c˜oes sistem´aticas usando as rea¸c˜oes de transferˆencia (18O,16O) nas mesmas

energias de bombardeamento foram publicadas recentemente [2–7, 24, 25]. Na ref. [2], a se¸c˜ao de choque experimental para a transferˆencia de um e dois nˆeutrons nas rea¸c˜oes

12,13C(18O,17O)13,14C e 12C(18O,16O)14C foram reproduzidos pela primeira vez sem o uso

de fatores de escala. Os fatores de escala s˜ao coeficientes de renormaliza¸c˜ao, que mul-tiplicados aos valores te´oricos das distribui¸c˜oes angulares, fazem os resultados te´oricos se ajustarem aos dados experimentais. Esses c´alculos mostraram que o mecanismo di-reto na transferˆencia de dois nˆeutrons ´e dominante, ao inv´es do mecanismo sequencial como foi dito anteriormente em [26]. A mesma conclus˜ao foi obtida para as rea¸c˜oes

16O(18O,16O)18O [4, 5] e 13C(18O,16O)15C [6]. Por´em, na rea¸c˜ao 64Ni(18O,16O)66Ni [7],

ocorre uma competi¸c˜ao entre os processos direto e sequencial no estado fundamental do

66Ni, e o mecanismo sequencial ´e dominante no primeiro estado excitado (2+

1). Essa

dominˆancia do mecanismo sequencial ´e devido ao estado (2+1) no n´ucleo 66Ni ter ca-racter´ısticas coletivas enfraquecendo a correla¸c˜ao de pares (emparelhamento) dos dois

(23)

nˆeutrons transferidos.

Neste trabalho, investigamos as rea¸c˜oes de stripping28Si(18O,17O)29Si e28Si(18O,16O)30Si,

`

a 84 MeV, com a finalidade de estudar as caracter´ısticas single-particle e os efeitos da for¸ca de emparelhamento na transferˆencia de um e dois nˆeutrons, respectivamente. Visto que a transferˆencia de dois nˆeutrons parece ser sens´ıvel `a intera¸c˜ao de curto alcance (for¸ca de emparelhamento) e de longo alcance (excita¸c˜ao coletiva) o estudo do n´ucleo 28Si

mos-tra ser de grande importˆancia nesta an´alise, uma vez que seu estado fundamental (0+1) e primeiro estado excitado (2+1) s˜ao deformados.

Esta tese est´a organizada da seguinte forma:

No cap´ıtulo 2 apresentaremos uma pequena descri¸c˜ao do experimento em que foram obtidos os dados experimentais. No cap´ıtulo 3 daremos uma breve descri¸c˜ao do forma-lismo te´orico usado nos c´alculos dos canais de rea¸c˜ao acoplados. O cap´ıtulo 4 ir´a tratar dos diferentes tipos de mecanismos no processo de transferˆencia no caso da transferˆencia de multiplos nucleons. No cap´ıtulo 5 apresentamos o estudo e a an´alise do processo de transferˆencia de um nˆeutron na rea¸c˜ao 28Si(18O,17O)29Si, onde c´alculos de CRC, usando o c´odigo Fresco [27], foram realizados para descrever as se¸c˜oes de choque experimentais e estudar os detalhes estruturais dos n´ucleos envolvidos. J´a no cap´ıtulo 6 ´e feito o es-tudo e a an´alise do processo de transferˆencia de dois nˆeutrons na rea¸c˜ao28Si(18O,16O)30Si. C´alculos de CRC e coupled channel Born approximation (CCBA) foram realizados com intuito de descrever as se¸c˜oes de choque dessa rea¸c˜ao e estudar o efeito da correla¸c˜ao de pares no processo de transferˆencia utilizando os modelos: cluster, coordenadas indepen-dentes e sequencial. No cap´ıtulo 7 ser˜ao apresentadas as conclus˜oes das caracter´ısticas single-particle na transferˆencia de um nˆeutron. Tamb´em ser´a mostrado qual mecanismo, direto ou sequencial, ´e dominante no processo de transferˆencia de dois nˆeutrons, verifi-cando se a coletividade dos nucleons do30Si afeta a correla¸c˜ao de pares dos dois nˆeutrons

(24)

Cap´ıtulo 2

No¸

oes do Experimento

Os dados experimentais do presente trabalho foram obtidos utilizando o acelerador Tandem Van der Graff (14 MV) localizado no Instituto Nazionale di F´ısica Nucleare no Laboratori Nazionali del Sud (INFN-LNS) em Catˆania, It´alia. O feixe de ´ıons de 18O6+ a uma energia incidente de 84 MeV foi acelerado em dire¸c˜ao ao alvo de28Si com espessura de

136(5.4)µg/cm2. Os ej´eteis de17O8+ e16O8+, provenientes das rea¸c˜oes de transferˆencia de

um e dois nˆeutrons, foram analisados pelo espectrˆometro MAGNEX [10] configurado com uma abertura angular de 50 msr. O espectrˆometro MAGNEX (mostrado nas figuras 2.1 e 2.2) ´e um sistema de detec¸c˜ao constitu´ıdo por um quadrupolo e um dipolo magn´etico, e um detector de plano focal (FPD) posicionado ap´os os elementos magn´eticos. Os elementos magn´eticos permitem a an´alise da raz˜ao carga-massa dos produtos das diversas rea¸c˜oes que ocorrem entre as part´ıculas do feixe e do alvo posicionado na cˆamara de espalhamento. O quadrupolo atua como um elemento de focaliza¸c˜ao vertical das part´ıculas tendo como ponto-imagem o plano focal do detector FPD. O dipolo magn´etico ´e respons´avel pela dispers˜ao dos momento lineares das part´ıculas.

A identifica¸c˜ao das part´ıculas emitidas foi feita com um detector de plano focal h´ıbrido que ´e composto por um detector gasoso e por detectores semicondudores (sil´ıcio). Os detectores de plano focal s˜ao tipicamente constru´ıdos como sistemas modulares com se¸c˜oes de g´as para o rastreamento da trajet´oria iˆonica no plano focal, assim como a medi¸c˜ao de perda de energia, e detectores de estado s´olido para medi¸c˜oes de energia residual. Um esquema do detector de plano focal pode ser visto na figura 2.3. O g´as normalmente

(25)

Figura 2.1: Foto do MAGNEX situado en INFN-LNS, Catania, It´alia. Pode ser visto da esquerda para a direita a cˆamara de espalhamento, o quadrupolo (vermelho), o dipolo (azul) e a cˆamara do plano focal [10].

Figura 2.2: Vis˜ao esquem´atica do espectrˆometro MAGNEX [10].

usado em todas as medi¸c˜oes ´e o isobutano (99,95 % puro) em press˜oes tipicamente entre 5 e 100 mbar. Atr´as do detector gasoso, existe uma parede com 60 detectores de sil´ıcio, dispostos em 20 colunas e 3 linhas. As colunas de sil´ıcio s˜ao giradas, de modo que cada coluna esteja voltada para as part´ıculas detectadas pelo ˆangulo m´edio do plano focal. A figura 2.4 mostra parte da parede de sil´ıcio usada no FPD.

As part´ıculas carregadas incidentes provenientes do dipolo atravessam a janela de Mylar (pel´ıcula de pl´astico, com boa resistˆencia mecˆanica) do FPD e deixa um rastro

(26)

Figura 2.3: Vis˜ao esquem´atica do detector de plano focal: a) vis˜ao lateral; b) vis˜ao de cima [10].

Figura 2.4: Detectores de sil´ıcio no FPD [11].

de ´atomos ionizados e el´etrons prim´arios no g´as entre o c´atodo e a grade de Frisch, como esquematizado na figura 2.3(a). Sob um campo el´etrico uniforme de cerca de 50 V/cm, os el´etrons se movem em dire¸c˜ao `a grade de Frisch com velocidades constantes tipicamente na faixa de 3 a 5 cm/µs, dependendo da tens˜ao real e da press˜ao do g´as [28].

(27)

Depois da grade, os el´etrons s˜ao acelerados em um campo el´etrico que se torna muito mais forte perto dos fios DC e PC, onde ocorre uma multiplica¸c˜ao por um fator em torno de 100-200. Quando as part´ıculas passam pelo detector de g´as no plano focal, os parˆametros cinem´aticos (posi¸c˜ao, ˆangulos, ∆E) s˜ao medidos para cada evento. Em seguida, as part´ıculas carregadas atingem a parede com os detectores de sil´ıcio fornecendo uma medi¸c˜ao da energia residual Er. De posse desses parˆametros e com o aux´ılio da

seguinte rela¸c˜ao [10, 11], α = √ m q = Bρ √ 2T = p q√2T (2.1)

a identifica¸c˜ao das part´ıculas pode ser feita. Na equa¸c˜ao 2.1, T ´e a energia cin´etica, que ´e aproximada pela soma das perdas de energias nos detectores, m e q s˜ao a massa e carga do ´ıon, B ´e o campo magn´etico uniforme e ρ a curvatura do raio da trajet´oria do ´ıon. Para uma carga fixa q ´e poss´ıvel reconstruir o momento p do ´ıon pelo uso da t´ecnica de reconstru¸c˜ao de raios [29]. Para se obter a reconstru¸c˜ao de raios, se faz necess´ario ter uma descri¸c˜ao detalhada dos campos magn´eticos cruzados pelos ´ıons, assim como o conheci-mento exato da geometria do espectrˆometro e a medi¸c˜ao precisa do vetor do espa¸co de fase no plano focal (xf, yf, θf, φf) onde, x e y s˜ao as coordenadas horizontais e verticais,

respectivamente. Os parˆametros θ e φ s˜ao os ˆangulos horizontal e vertical no ponto de impacto da trajet´oria iˆonica com um plano normal `a trajet´oria central. Para que se possa realizar a reconstru¸c˜ao das trajet´orias dos ´ıons ´e necess´ario obter a matriz de transporte que descreve a passagem das part´ıculas pelos elementos magn´eticos na linha experimental. A matriz ´e obtida por um c´alculo de Monte Carlo, no qual os parˆametros dos campos magn´eticos s˜ao ajustados a fim de se obter uma simula¸c˜ao precisa dos dados experimen-tais. Logicamente, as massas e cargas dos ´ıons, assim como as dimens˜oes mecˆanicas dos elementos ´opticos s˜ao necess´arios para se realizar a simula¸c˜ao. A aplica¸c˜ao da matriz de transporte inversa aos dados permite correlacionar as grandezas (xf, yf, θf, φf) com seus

valores iniciais (xi, yi, θi, φi). O espa¸co de fase inicial consiste nos valores dessas grandezas

(28)

A figura 2.5a mostra um exemplo de um espectro bi-param´etrico ∆E − E que per-mite identificar as part´ıculas pelo seu n´umero atˆomico(Z). Nessa figura foi destacado a identifica¸c˜ao das part´ıculas de oxigˆenio. Ap´os identificar a part´ıcula de interesse pode-se separar os seu is´otopos por meio do espectro bi-param´etrico posi¸c˜ao por energia (fig.2.5b).

500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

Residual energy (channel)

400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 E (c h a n n e l) 0 20 40 60 80 100 Fluorine Oxygen Nitrogen Carbon A) 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800 3000 3200

Residual energy (channel)

0.30 − 0.25 − 0.20 − 0.15 − 0.10 − 0.05 − 0.00 − 0.05 horizontal position (m) O 18 O 17 16O B)

Figura 2.5: Exemplo de espectro bi-param´etrico. Figura doada pelo prof. Dr. Roberto Linares.

Mais detalhes sobre o MAGNEX e as t´ecnicas experimentais, assim como, recons-tru¸c˜ao da trajet´oria, identifica¸c˜ao das part´ıculas empregados nesse experimento, podem ser encontrados nas refs. [10, 11, 28–31].

Realizando a sele¸c˜ao de part´ıculas e projetando o pico de interesse (identificado no espectro bi-param´etrico) em um dos eixos e somando o n´umero de eventos embaixo do pico, obtem-se o espectro de excita¸c˜ao.

As rea¸c˜oes de transferˆencia 28Si(18O,17O)29Si e 28Si(18O,16O)30Si foram medidas em

duas configura¸c˜oes angulares com o eixo ´optico do espectrˆometro centrado em θopt =

8◦ e 10◦. Devido `a grande abertura angular do espectrˆometro, esses ajustes angulares correspondem a uma faixa angular total de 4◦ < θlab < 15◦ no referencial do laborat´orio,

com uma sobreposi¸c˜ao de ∼ 8◦ entre dois ajustes angulares consecutivos.

O espectro de energia de excita¸c˜ao integrado entre os ˆangulos 5.0◦ e 14.0◦ correspon-dente `a transferˆencia de um nˆeutron na rea¸c˜ao28Si(18O,17O)29Si ´e mostrado na figura 2.6.

O estado fundamental 1/2+e o primeiro estado excitado 3/2+(1.273 MeV) do n´ucleo29Si

(29)

0 2 4 6 8 10 12 14

Energia de Excitação (MeV)

0 1 2 3 4 5 6 7 8

d

/d

E

(m

b

/M

eV

)

28

Si(

18

O,

17

O)

29

Si

5.0º<

lab

<14.0º

1

2

3

Sn

Figura 2.6: Espectro de energia de excita¸c˜ao do 29Si.

ao primeiro estado excitado 1/2+ (0.871 MeV) do ej´etil17O. Os outros picos que possuem

alta energia de excita¸c˜ao que aparecem no espectro n˜ao puderam ser separados, podendo ser estados tanto do 17O quanto do 29Si. A linha que marca S

n = 8.473 MeV define a

energia de separa¸c˜ao de um nˆeutron do 29Si.

O espectro de energia de excita¸c˜ao integrado entre os ˆangulos 7.0◦ e 9.0◦, referente `a transferˆencia de dois nˆeutrons na rea¸c˜ao 28Si(18O,16O)30Si pode ser visto na figura 2.7.

Com a energia de resolu¸c˜ao de 250 keV dos detectores, foi poss´ıvel separar somente os estados fundamental 0+ (pico 1) e o primeiro estado excitado 2+1 (2.25 MeV) (pico 2) do n´ucleo30Si. O terceiro pico corresponde aos estados 2+

2 (3.50 MeV), 1 +

1 (3.77 MeV) e 0 + 2

(3.79 MeV) que n˜ao puderam ser separados. O n´ucleo 30Si possui energia de separa¸c˜ao de um nˆeutron Sn= 10.6 MeV e de dois nˆeutrons S2n = 19.082 MeV.

Podemos observar nas figuras 2.6 e 2.7 que para energias mais altas que a energia de separa¸c˜ao de nˆeutrons, aparece uma forma cont´ınua. Os estados que est˜ao no cont´ınuo possuem contribui¸c˜ao da cinem´atica de trˆes corpos conectada `a emiss˜ao de um-nˆeutron.

(30)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Energia de Excitação (MeV)

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6

d

/d

E

(m

b

/M

eV

)

28

Si(

18

O,

16

O)

30

Si

7.0º <

lab

< 9.0º

1

2 3

Sn

Figura 2.7: Espectro de energia de excita¸c˜ao do 30Si.

Estes mesmos estados tamb´em foram identificados nas rea¸c˜oes (d,p) [12] e (t,p) [13, 14] que ser˜ao abordados nos cap´ıtulos 5 e 6.

Nesta se¸c˜ao foram mencionadas apenas algumas caracter´ısticas do MAGNEX, j´a que o objetivo desta tese est´a concentrada na analise te´orica dos dados. Assim, mais detalhes sobre o aparato experimental podem ser encontrados nas referˆencias [10, 11, 28–35].

(31)

Cap´ıtulo 3

Formula¸

ao te´

orica

3.1

Modelos nucleares

Para explicar as propriedades e caracter´ısticas do n´ucleo como, por exemplo, a energia de liga¸c˜ao por nucleon, paridade e spin do n´ucleo, foi necess´ario o desenvolvimento de modelos nucleares que corresponde a simplifica¸c˜ao do problema real. No modelo de gota l´ıquida, por exemplo, os nucleons interagem fortemente com seus vizinhos mais pr´oximos com um livre caminho m´edio pequeno, como as mol´eculas em uma gota de ´agua. Esse modelo permite descrever bem a energia de liga¸c˜ao do n´ucleo, que ´e a energia necess´aria que se deve fornecer ao n´ucleo para separar os nucleons uns dos outros. Por´em, o modelo da gota l´ıquida, n˜ao descreve informa¸c˜oes importantes como, por exemplo, os n´ıveis de energia dos nucleons constituintes com os seus respectivos valores de spin e paridade. Logo, foi preciso criar modelos mais sofisticados, como o modelo de camadas.

3.2

O modelo de camadas

No modelo de camadas os nucleons se movem de maneira independente, n˜ao intera-gindo diretamente uns com os outros, sobre a for¸ca de um potencial m´edio autoconsistente originado pela sua intera¸c˜ao com os demais nucleons.

O hamiltoniano nuclear para o sistema de muitos corpos ´e dado por:

H = A X i=1 Ti+ A X i,j=1 A X i<j Uij, (3.1)

(32)

onde Ti´e a energia cin´etica do nucleon i e Uij ´e o potencial de intera¸c˜ao entre os nucleons i

e j. Neste hamiltoniano estamos considerando o termo mas relevante de intera¸c˜ao de dois corpos. ´E claro que corre¸c˜oes de ordem superior (trˆes corpos, quatro corpos, etc) podem ser introduzidos. Por´em, n˜ao conseguimos resolver exatamente a equa¸c˜ao de Schr¨odinger para um n´ucleo com mais de 10 nucleons (A > 10). Para tanto ´e necess´ario fazer uso de m´etodos aproximados para resolver esse problema de muitos corpos de part´ıculas que interagem fortemente. Assim, uma boa aproxima¸c˜ao ´e transformar o sistema de part´ıculas fortemente interagentes em um sistema de quasipart´ıculas n˜ao interagentes com o uso de um potencial m´edio, que s´o depende da posi¸c˜ao ri, para descrever o estado da part´ıcula

i. Logo, podemos reescrever a equa¸c˜ao 3.1 como:

H = A X i=1 Ti(ri) + A X i=1 V (ri) + A X i,j=1 A X i<j Uij(ri, rj) − A X i=1 V (ri) (3.2a) H = A X i [Ti(ri) + V (ri)] + Vres (3.2b)

onde, os dois primeiros somat´orios representam o movimento de uma part´ıcula no poten-cial central de um corpo V(ri) e Vres ´e a denominada intera¸c˜ao residual, que ´e a parte

do potencial Ui,j n˜ao contida pelo potencial central V(ri). Assim, podemos escrever a

equa¸c˜ao 3.2b como :

H = HM F + VRes (3.3)

em que, HM F ´e o hamiltoniano de campo m´edio. Na aproxima¸c˜ao de campo m´edio cada

nucleon pode ser visto como se movendo em um campo externo criado pelos A−1 nucleons restantes.

Tratando a intera¸c˜ao residual como uma perturba¸c˜ao e escolhendo um potencial que melhor represente o potencial nuclear, pode-se ent˜ao resolver a equa¸c˜ao de Schr¨odinger. O potencial usualmente escolhido ´e o potencial do tipo Woods-Saxon V = −V0/{1 +

(33)

o raio nuclear e tem a forma R = r0A1/3, V0 ´e a profundidade, r0 ´e o raio reduzido e

a ´e a difusividade da superf´ıcie nuclear que mede o qu˜ao r´apido o potencial cai, esses ´

ultimos trˆes parˆametros s˜ao ajust´aveis. Um esquema do potencial de Woods-Saxon pode ser visualizado na figura 3.1.

-V 0 -V 0/2 R V r a

Figura 3.1: Esquema do potencial de Woods-Saxon.

O termo spin−orbital divide os estados do mesmo n´umero quˆantico do momento an-gular orbital l em dois, com momento anan-gular single-particle j = l ± 1/2. Como resultado obtemos a distribui¸c˜ao dos n´ıveis de energia que ´e mostrado na figura 3.2 [8]. Os valores entre o primeiro parˆenteses indicam o n´umero de nucleons que cada n´ıvel pode admitir (n´umero de ocupa¸c˜ao) de acordo com o princ´ıpio de exclus˜ao de Pauli que ´e dado por N0 = 2(2l + 1). Os valores entre o segundo parˆenteses representa o n´umero total de

nu-cleons para preencher at´e aquele n´ıvel. Cada n´ıvel ´e especificado pelos n´umeros quˆanticos nlj onde, n ´e o n´umero quˆantico principal, ele indica o n´umero de n´os na fun¸c˜ao de onda, ou seja, o n´umero de lugares onde a fun¸c˜ao de onda vai a zero, fazendo com que a fun¸c˜ao de onda radial mude de sinal. l ´e momento angular orbital representado nas nota¸c˜oes espectrosc´opicas por s, p, d, f, g, h, i e j para l = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, respectivamente. Cada valor de l pode ter 2l + 1 estados. j ´e o momento angular total que ´e dado por j = l ± 1/2.

(34)
(35)

e 184. Experimentalmente, em geral, foi observado que n´ucleos possuindo n´umeros de nˆeutrons e/ou pr´otons iguais aos n´umeros m´agicos tˆem apresentado caracter´ısticas mais intensas quanto `a sua esfericidade e estabilidade. Exemplos disso s˜ao os n´ucleos4He,16O

e 40Ca, classificados como duplamente m´agicos. Esses n´umeros aparecem `a medida que uma camada ´e fechada tanto para nˆeutrons quanto para pr´otons. A figura 3.3 [36] mostra um modelo do potencial de campo m´edio para pr´otons e nˆeutrons.

Figura 3.3: Esquema dos potenciais de campo m´edio para nˆeutrons e pr´otons. O modelo de camadas e os n´umeros m´agicos s˜ao indicados com as energias dos gaps.

Com o esquema de n´ıveis da figura 3.2, pode-se estabelecer o chamado modelo de part´ıcula ´unica (modelo single-particle). Nesse modelo o n´ucleo ´ımpar (n´umero de pr´oton ou nˆeutron ´ımpar) ´e formado por um caro¸co (core) par-par inerte (sem movimento pr´oprio) mais um nucleon desemparelhado, assim, as propriedades do n´ucleo s˜ao determinadas por este ´unico nucleon desemparelhado. Em seguida, admite-se um modelo espacial no qual ´e constitu´ıdo pelos orbitais (estados single-particles) que est˜ao ativamente envolvidos na

(36)

gera¸c˜ao das configura¸c˜oes do sistema em que muitos nucleons s˜ao considerados. Nesse caso, o n´ucleo ´e caracterizado por um core inerte e pelo espa¸co de valˆencia, formado pelos estados single-particle permitidos `a part´ıcula desemparelhada dentro do respectivo modelo espacial. O motivo para definir um core ´e devido ao esfor¸co computacional que aumenta rapidamente com o n´umero crescente de orbitais single-particle inclu´ıdos no espa¸co de valˆencia. O modelo single-particle ´e eficaz quando se tem um nucleon acima de uma camada fechada ou um buraco (falta de nucleon) em uma camada fechada.

Considerando que o estado da part´ıcula fora do caro¸co pode ser bem descrito pelo hamiltoniano h = T + V , de modo que a equa¸c˜ao de Schr¨odinger ´e satisfeita (ε − h)φ = 0, onde ε ´e a energia single-particle. A fun¸c˜ao de onda single-particle pode ser escrita como,

φα(x) = gnala(r)[Yla(θ, ϕ) ⊗ χ1/2]jamα, (3.4)

em que Yla(θ, ϕ) ´e o harmˆonico esf´erico, χ1/2´e o autospinor do spin 1/2 e gnala(r) ´e a parte radial da fun¸c˜ao de onda. Esta ´ultima tem forma anal´ıtica para dois casos espec´ıficos que podem ser achados em qualquer livro de texto de estrutura nuclear. Esses casos s˜ao o po¸co retangular e o oscilador harmˆonico. C´alculos mais real´ısticos s˜ao feitos usando um potencial de Woods-Saxon, como mostrado acima, que tem a desvantagem de possuir s´o solu¸c˜ao num´erica. A modo de exemplo, se usamos um potencial V na forma do oscilador harmˆonico, a parte radial da fun¸c˜ao de onda ´e dada por [36]:

gnala(r) = s 2n! b3Γ(n + l + 3/2) r b l e−r2/2b2L(l+1/2)n (r2), (3.5)

no qual, L(l+1/2)n (x) ´e o polinˆomio associado de Laguerre, b ´e o comprimento do oscilador.

Temos tamb´em que:

[Yla(θ, ϕ) ⊗ χ1/2]jamα = X mm0 (lam 1 2m 0 |jamα)Ylam(θ, ϕ)χ1/2m0. (3.6)

O modelo de camadas descreve bem o momento angular e a paridade de n´ucleos no estado fundamental. Por´em, no caso dos estados excitados, que ´e quando um ou

(37)

mais nucleons se encontram em um n´ıvel de energia maior que o estado fundamental, comumente ´e preciso, um modelo mais apropriado como os modelos coletivos.

3.3

Modelos coletivos

Os n´ucleos que possuem muitos nucleons em camadas que n˜ao est˜ao fechadas, apre-sentam fortes deforma¸c˜oes nucleares e os estados excitados desses n´ucleos resultam de um movimento coletivo coerente de v´arios nucleons. A parte de longo alcance da for¸ca nuclear ´e a principal respons´avel pela correla¸c˜ao no movimento dos nucleons [37]. Assim, nos n´ucleos ditos deformados aparecem as chamadas excita¸c˜oes coletivas. As excita¸c˜oes provenientes do movimento coletivo de baixa energia do n´ucleo s˜ao: as excita¸c˜oes ori-gin´arias das vibra¸c˜oes da superf´ıcie nuclear e as excita¸c˜oes devido a rota¸c˜ao da forma da superf´ıcie nuclear deformada.

3.3.1

Modelo vibracional

Quando os n´ucleos esf´ericos possuem deforma¸c˜oes pequenas em torno da sua forma, essas deforma¸c˜oes s˜ao chamadas de vibra¸c˜oes. As oscila¸c˜oes em torno da forma esf´erica de equil´ıbrio devem ser harmˆonica e de amplitudes pequenas. Assim, um ponto da superf´ıcie oscilante ´e dada por:

R(θ, φ, t) = R0[1 +

X

λµ

αλµ(t)Yλµ(θ, φ)], (3.7)

onde R(θ, φ, t) ´e o raio da superf´ıcie no instante t na dire¸c˜ao θ, φ; R0´e o raio em equil´ıbrio;

αλµ ´e a amplitude de oscila¸c˜ao; λ ´e o modo ou multipolaridade de oscila¸c˜ao que define o

modo de movimento e a forma da superf´ıcie; µ ´e a componente Z de λ e Yλµ ´e a fun¸c˜ao

dos harmˆonicos esf´ericos. A figura 3.4 ilustra os modos λ de vibra¸c˜oes.

O modo λ = 0 corresponde a uma varia¸c˜ao do volume mantendo a forma; λ = 1 corresponde a uma transla¸c˜ao do n´ucleo, modificando a posi¸c˜ao do centro de massa; λ = 2 ´e a oscila¸c˜ao de quadrupolo onde, o n´ucleo assume formas elipsoidais com deslocamento de mat´eria nuclear, conservando a densidade e o volume, sendo, comumente, a deforma¸c˜ao

(38)

Figura 3.4: Modos de vibra¸c˜ao da superf´ıcie nuclear. A linha cheia mostra a forma do n´ucleo para cada modo em rela¸c˜ao ao n´ucleo esf´erico original [8].

mais importante a ser estudada. Logo, quando a deforma¸c˜ao de quadruplolo for pequena, da ordem de 0.1, o n´ucleo ter´a car´ater vibracional. λ = 3 est´a associado a oscila¸c˜ao de octupolo. Cada uma dessas oscila¸c˜oes refere-se a uma energia vibracional:

Hvib = 1 2 X λ,µ (Bλ| ˙aλ,µ|2+ Cλ|aλ,µ|2) (3.8)

no qual as constantes Bλ e Cλ caracterizam a massa inercial do sistema e a for¸ca

res-tauradoura, respectivamente. A frequˆencia de cada oscila¸c˜ao ´e dada por ωλ =

q

Bλ com

energia ~ω.

Quando o n´ucleo passa de um n´ıvel para outro mais baixo ou mais elevado pode-se dizer que ele emitiu ou absorveu um fˆonon de vibra¸c˜ao. Logo, fˆonons de vibra¸c˜ao contribuem para construir o espectro de vibra¸c˜ao dos n´ucleos a partir do estado fundamental, chamado de banda vibracional com energia En = (n + 5/2)~ω2 para λ = 2 com n sendo o n´umero

de fˆonons do estado. A figura 3.5 mostra um exemplo de banda vibracional quadrupolar. Como caracter´ısticas de um espectro vibracional quadrupolar, onde o estado funda-mental ´e 0+, temos que o primeiro estado excitado ´e o estado 2+ e o aparecimento do

tripleto 0+, 2+, 4+ com o dobro de energia, aproximadamente, do primeiro estado excitado 2+.

3.3.2

Modelo rotacional

O movimento coletivo de rota¸c˜ao num n´ucleo s´o se manifesta se o n´ucleo for de-formado, ou seja, quando n˜ao tem simetria esf´erica e quando possui um parˆametro de

(39)

Figura 3.5: Banda vibracional do n´ucleo de 114Cd [9]. `A direita se encontram os valores

do spin e paridade dos estados e `a esquerda suas energias em keV.

deforma¸c˜ao grande, igual ou maior que 0.3 (aproximadamente). Os n´ıveis de energia rotacional est˜ao associados `as rota¸c˜oes em torno de um eixo perpendicular ao eixo de si-metria, pois rota¸c˜oes em torno de um eixo de simetria axial s´o altera a fase na autofun¸c˜ao do n´ucleo, n˜ao produzindo excita¸c˜oes rotacionais. A figura 3.6 mostra o acoplamento de momentos angulares em um n´ucleo deformado.

Figura 3.6: Acoplamento de momentos angulares de um n´ucleo deformado com eixo de simetria na dire¸c˜ao 3 [8].

(40)

Na figura 3.6, o vetor R representa o momento angular de rota¸c˜ao que ´e perpendicular ao eixo de simetria 3 (o sistema de eixos preso ao n´ucleo ´e expresso por 1, 2 e 3). O vetor j corresponde ao momento angular intr´ınseco, e sua proje¸c˜ao Ω sobre o eixo 3 coincide com a proje¸c˜ao K do momento angular total I = R + j. Assim, a energia de rota¸c˜ao ´e dada pelo autovalor do operador hamiltoniano de rota¸c˜ao

H = R

2

2τ , (3.9)

onde τ ´e o momento de in´ercia do n´ucleo. A energia da banda rotacional ´e dada por E(I) = ~2I(I+1)

2τ com I = 0,2,4,6 para n´ucleos par-par. A figura 3.7 mostra um exemplo de

banda rotacional do n´ucleo de 238Pu, onde os valores a esquerda s˜ao os estados dos n´ıveis

de energia e os da direita s˜ao os valores da energia em keV.

Figura 3.7: Banda rotacional do n´ucleo238

94 Pu [9].

Um outro exemplo de n´ucleo considerado um rotor para os estados de mais baixa energia ´e o n´ucleo 28Si. Esse n´ucleo possui um parˆametro de deforma¸c˜ao da ordem de 0.4, al´em de possuir o estado fundamental deformado. Outra caracter´ıstica vista ´e que as energias das bandas seguem a regra de I(I + 1), e o tripleto de dois fˆonons com spin/paridade 0+, 2+, 4+ caracter´ıstica de um vibrador n˜ao aparecem. A figura 3.8 mostra o esquema de n´ıveis do n´ucleo 28Si.

(41)

Figura 3.8: Esquema de n´ıveis do n´ucleo 28Si [9].

3.4

Probabilidade de transi¸

ao eletromagn´

etica

Um sistema quˆantico de A nucleons que comp˜oem o n´ucleo possui uma grande quanti-dade de estados excitados acima do seu estado fundamental (estado de mais baixa energia), com exce¸c˜ao do dˆeuteron, para os quais o n´ucleo pode transitar se lhe for fornecido ener-gia. A transi¸c˜ao entre esses estados ocorrem principalmente atrav´es de radia¸c˜ao gama, tanto na excita¸c˜ao, quanto na desexcita¸c˜ao. Para o c´alculo da taxa de transi¸c˜ao do decai-mento gama, ou seja, a probabilidade de transi¸c˜ao por unidade de tempo, uma abordagem semicl´assica ser´a feita.

Iremos escrever a probabilidade de transi¸c˜ao por unidade de tempo como sendo a taxa de energia irradiada por uma densidade de carga ou distribui¸c˜ao de corrente, dividida pela energia do f´oton emitido [38]. Essa energia pode ser emitida por meio da radia¸c˜ao multipolar el´etrica ou magn´etica. A potˆencia emitida por cada multipolo λµ, irradiando numa frequˆencia ω ´e dada por [39]:

(42)

PE(λ, µ) = 2(λ + 1)c ε0λ[(2λ + 1)!!]2 ω c 2λ+2 |Qλµ|2 (3.10)

para radia¸c˜ao de multipolo el´etrico e PM(λ, µ) = 2(λ + 1)cµ0 λ[(2λ + 1)!!]2 ω c 2λ+2 |Mλµ|2 (3.11)

para a radia¸c˜ao magn´etica. Onde ε0 e µ0 s˜ao a permissividade el´etrica e a suscetibilidade

magn´etica no v´acuo, respectivamente. Qλ,µ e Mλ,µ s˜ao os momentos de multipolo el´etrico

e magn´etico, respectivamente, que s˜ao escritas como:

Qλ,µ= Z rλYλµ∗ (θ, φ)ρ(r)d3r, (3.12) Mλ,µ= − 1 λ + 1 Z rλYλµ∗ (θ, φ)∇ · (r × j(r))d3r. (3.13) Onde, ρ ´e a densidade de carga, j a densidade de corrente, λ a ordem de multipolo (λ = 1,2,...) e µ assume valores −λ, −λ + 1, ..., λ para cada valor de λ.

Logo, ao dividirmos a potˆencia (equa¸c˜oes 3.10 e 3.11) por ~ω, encontraremos a proba-bilidade de emiss˜ao f´oton por unidade de tempo, que ´e igual a constante de decaimento T , ent˜ao: TE(λ, µ) = PE(λ, µ) ~ω = 2(λ + 1) ~ε0λ[(2λ + 1)!!]2 ω c 2λ+1 |Qλµ|2 e, (3.14) TM(λ, µ) = PM(λ, µ) ~ω = 2(λ + 1)µ0 ~λ[(2λ + 1)!!]2 ω c 2λ+1 |Mλµ|2. (3.15)

Escrevendo Qλµ e Mλµ quanticamente, temos:

Qλ,µ(a, b) = hb|Qλ,µ|ai = e Z X k=1 Z rkλYλµ∗ (θk, φk)ψ∗bψadτ, (3.16) Mλ,µ(a, b) = hb|Mλ,µ|ai = − e~ mp(λ + 1) Z X k=1 Z rkλYλµ∗ (θk, φk)∇ · (ψb∗Lkψa)dτ. (3.17)

(43)

Onde o ´ındice a(b) indica o estado inicial(final) descrito pela fun¸c˜ao de onda ψa(ψb). mp

´e a massa do pr´oton e Lk o operador de momento angular.

Em uma transi¸c˜ao de a → b, com spin total mudando de Ja→ Jb com emiss˜ao de um

quanta com spin total λµ, ´e necess´ario fazer uma soma sobre todas as possibilidades do estado final e uma m´edia sobre todas as possibilidades do estado inicial, j´a que mJ a e mJ b

n˜ao s˜ao medidos experimentalmente. Dessa maneira, pode-se definir a probabilidade de transi¸c˜ao reduzida B para o modo el´etrico como,

B(Eλ; Ja→ Jb) = 1 2Ja+ 1 X mJ a X mJ b | hJbmb||Qλµ||Jamai |2, (3.18)

o modo magn´etico ´e feito de forma an´aloga.

A probabilidade de transi¸c˜ao reduzida depende da dire¸c˜ao da transi¸c˜ao. Para transi¸c˜oes eletromagn´eticas, Ja ´e o estado inicial de maior energia. Mas, nas excita¸c˜oes

Coulombi-anas, o estado inicial ´e o estado mais baixo e, frequentemente, usa-se a nota¸c˜ao B(↑) para essa situa¸c˜ao. Por exemplo, se Ja ´e o estado inferior logo, Jb ´e o estado mais alto e

portanto, a transi¸c˜ao el´etrica ´e escrita na forma B(↑), cujo o valor ´e calculado a partir da seguinte equa¸c˜ao:

B(b → a) = 2Ja+ 1 2Jb+ 1

B(↑ a → b). (3.19)

Usualmente, as unidades para a probabilidade de transi¸c˜ao reduzida s˜ao:

[B(Eλ)] = e2f m2λ [B(M λ)] = (µn/c)2f m2λ−2. (3.20)

Quando temos a probabilidade de transi¸c˜ao de quadrupolo (λ = 2) el´etrica B(E2)↑ entre o estado fundamental (0+) e o primeiro estado excitado (2+) podemos obter in-forma¸c˜oes sobre o estado coletivo do n´ucleo. E quanto maior o valor de B(E2)↑ maior ser´a o grau de deforma¸c˜ao do n´ucleo.

(44)

3.5

Intera¸

ao nucleon-nucleon

O potencial de intera¸c˜ao nuclear ´e em muitos dos casos, o objeto de estudo de uma rea¸c˜ao, pois ainda n˜ao existe uma forma espec´ıfica que descreva todas as suas propriedades f´ısicas. Por exemplo, na estrutura nuclear o potencial no modelo de camadas gera os estados nucleares single-particle. Numa rea¸c˜ao nuclear, em que ocorre espalhamento de nucleon, essa intera¸c˜ao entre o nucleon incidente e o n´ucleo alvo determina como o nucleon ´e espalhado pelo n´ucleo [40]. O termo intera¸c˜ao, em geral, indica a possibilidade da troca de energia e momento entre as part´ıculas ou a possibilidade de cria¸c˜ao e aniquila¸c˜ao de part´ıculas [41].

A partir do estudo do dˆeuteron, que possui apenas dois nucleons (um pr´oton e um nˆeutron) e n˜ao possui estados excitados ligados, pˆode-se inferir as propriedades da in-tera¸c˜ao nucleon-nucleon. Logo, a for¸ca nuclear tem como caracter´ısticas ser atrativa e de curto alcance; ´e independente da carga dos nucleons, por´em, possui dependˆencia com o spin.

Desde que o dˆeuteron possui J = 1 e est´a no estado l = 0, os spins dos nucleons devem estar alinhados (paralelos) logo, deve ter S = 1. Por´em, como o dˆeuteron possui um ´unico estado ligado, podemos concluir que o estado nˆeutron-pr´oton (n-p) com S = 1 ´e ligado e, portanto, a configura¸c˜ao com S = 0 n˜ao representa um estado ligado. Se a intera¸c˜ao nucleon-nucleon n˜ao diferencia pr´otons e nˆeutrons, a n˜ao existˆencia do estado nˆeutron-pr´oton com S = 0 ´e consistente com a n˜ao existˆencia dos estados ligados nˆ eutron-nˆeutron (n-n) e pr´oton-pr´oton (p-p). Por outro lado, a n˜ao existˆencia dos estados n-n e p-p com S = 1 e l = 0 se deve ao princ´ıpio da exclus˜ao de Pauli. Pois, a fun¸c˜ao de onda do sistema de dois nucleons idˆenticos deve ser anti-sim´etrica. Portanto, quando dois f´ermions idˆenticos est˜ao ocupando o mesmo estado (l = 0), seus spins devem ser anti-paralelos, assim, estados com l = 0 e S = 1 para nˆeutron-nˆeutron e pr´oton-pr´oton s˜ao proibidos.

A intera¸c˜ao nucleon-nucleon n˜ao ´e puramente central, pois, al´em de possuir uma parte dependente do spin, tamb´em tem uma parcela que depende da dire¸c˜ao do spin em rela¸c˜ao

(45)

`

a distˆancia entre os n´ucleos, chamada de tensor de for¸ca.

A for¸ca central do potencial (energia) m´utuo entre os dois nucleons interagentes, lo-calizados em r1 e r2, ´e uma fun¸c˜ao que s´o depende da distˆancia relativa entre eles

conser-vando o momento angular, sendo l um bom n´umero quˆantico, assim podemos escrever que V (r1, r2) = V (|r1− r2|). A intera¸c˜ao central de dois corpos pode ser expandida em

mul-tipolos. Nesta expans˜ao a coordenada relativa |r1− r2| ´e substitu´ıda pelas coordenadas

individuais dos nucleons, como visto a seguir:

V (|r1− r2|) = X λ vλ(r1, r2) X µ Yλµ∗ (Ω1)Yλµ(Ω2) = X λ vλ(r1, r2)Yλ(Ω1) · Yλ(Ω2), (3.21) onde vλ(r1, r2) = 2π R1

−1|r1− r2|Pλ(cosθ12)d(cosθ12). Aqui, Ω representa as coordenadas

angulares e θ12 ´e o ˆangulo entre as coordenadas r1 e r2.

O potencial central nucleon-nucleon pode ser complementado com a dependˆencia do spin e isospin, tornando-se:

Vc(|r1− r2|) = f (|r1− r2|)[A + Bσ1· σ2+ Cτ1· τ2+ D(σ1· σ2)(τ1· τ2)], (3.22)

no qual, σi e τi s˜ao operadores de spin e isospin, respectivamente, e suas componentes

s˜ao as matrizes de Pauli σx = τx =  0 1 1 0  , σy = τy =  0 −i i 0  e σz = τz =  1 0 0 −1 

e ´e associado ao operador de spin da seguinte maneira, S = ~

2σ. Os coeficientes

A, B, C e D s˜ao relacionados com a for¸ca de troca, definidas em termos dos operadores

Pσ =

1

2(1 + σ1· σ2), Pτ = 1

2(1 + τ1· τ2). (3.23)

Pσ ´e denominado de potencial de troca de spin ou potencial de Barllett. Pτ ´e

cha-mado potencial de Majorana respons´avel pela troca das coordenadadas espaciais das duas part´ıculas. J´a o operador PσPτ ´e conhecido como potencial de Heisenberg [8, 36].

Quando consideramos que a fun¸c˜ao de onda possui mistura de estados com momento angular l, o potencial ser´a n˜ao-central e devemos considerar o tensor de for¸ca que, deve

(46)

ter a forma V (r). As for¸cas n˜ao-centrais s˜ao comumente descritas em fun¸c˜ao dos ˆangulos entre os vetores de spins do pr´oton e do nˆeutron e do vetor radial r que os separa, al´em de ser um escalar. Assim, a ´unica combina¸c˜ao de σ1, σ2 e ˆr que fornece uma for¸ca n˜ao

central ser´a, (σ1× ˆr)(σ2× ˆr). Logo, o potencial tensor ´e definido como:

V12(r)S12 com S12 = 3(σ1· ˆr)(σ2· ˆr) − σ1· σ2, (3.24)

onde V12 fornece a for¸ca e a magnitude radial adequada.

Para levar em considera¸c˜ao os potenciais ditos n˜ao-locais, ou seja, quando o poten-cial n˜ao fica perfeitamente definido para cada ponto de r no espa¸co, como por exemplo, os potenciais que s˜ao dependentes do momento p, um termo linear em p, chamado de intera¸c˜ao spin-orbital deve ser inclu´ıdo no potencial. Logo, temos,

VLS(r)L · S = VLS(r)~

2(r × p) · (σ1+ σ2). (3.25)

Juntando os termos para a intera¸c˜ao nucleon-nucleon, obtemos

V (r) = Vc(|r1− r2|) + V12(r)S12+ VLS(r)L · S. (3.26)

3.6

Potencial double-folding

A mais simples rea¸c˜ao nuclear que pode ocorrer entre um proj´etil e um alvo ´e o es-palhamento el´astico. Por´em, apesar de ser simples, o espalhamento el´astico ´e uma fonte muito importante para se obter informa¸c˜oes relevantes sobre as propriedades nucleares. Essas informa¸c˜oes s˜ao obtidas por meio de estudos do potencial de intera¸c˜ao que se encon-tram para reproduzir as medidas das se¸c˜oes de choque el´astica e inel´astica. Geralmente, para descrever a colis˜ao entre dois n´ucleos o primeiro passo a ser tomado ´e introduzir um potencial simples de um corpo, como o potencial de campo m´edio por exemplo, que descreva algumas caracter´ısticas da colis˜ao como espalhamento el´astico e a absor¸c˜ao do fluxo incidente para os outros canais. Por´em, para um problema de muitos corpos ´e dif´ıcil

(47)

construir uma intera¸c˜ao partindo dos primeiros princ´ıpios, logo ´e necess´ario a introdu¸c˜ao de modelos no potencial que os torne mais sofisticado e microsc´opico. Assim, o modelo de potencial de dupla convolu¸c˜ao (double-folding) tornou-se um modelo satisfat´orio para descrever as propriedades nucleares numa colis˜ao. O modelo de double-folding leva em considera¸c˜ao a intera¸c˜ao nucleon-nucleon sobre as distribui¸c˜oes de mat´eria dos n´ucleos envolvidos na rea¸c˜ao, a dependˆencia da energia de bombardeamento e o car´ater n˜ao-local da intera¸c˜ao nuclear, que est´a relacionado com as poss´ıveis trocas de nucleons entre o alvo e o proj´etil. Al´em disso, leva em conta o principio de exclus˜ao de Pauli devido `a natureza fermiˆonica dos nucleons.

Para descrever a dinˆamica da rea¸c˜ao de ´ıons-pesados, deve-se resolver a equa¸c˜ao de Schr¨odinger escrita da seguinte maneira:

 −~ 2 2µO 2+ U (R)  Ψ = EΨ (3.27)

onde µ ´e a massa reduzida do sistema, U(R) ´e um potencial complexo descrito pelo modelo ´

optico. Ψ =P

ijϕaiϕAjψij(R) ´e a fun¸c˜ao de onda total do sistema proj´etil-alvo (a + A),

onde ψ descreve o movimento relativo dos nucleons e ϕk com k = ai, Aj, referem-se

aos graus de liberdades internos de cada n´ucleo envolvido na rea¸c˜ao. Para o caso do espalhamento el´astico quando i = j = 0 denotando o estado fundamental, o potencial ´

optico pode ser escrito da seguinte maneira [42]:

U = V00+ X αα0 V0α  1 E − H + i  αα0 Vα0 0, (3.28) de forma que: V00= hϕa0ϕA0|V |ϕa0ϕA0i (3.29)

onde V ´e a intera¸c˜ao entre a e A. O segundo termo da equa¸c˜ao 3.28 leva em considera¸c˜ao todos os estados excitados de um ou de ambos os n´ucleos. O primeiro termo da equa¸c˜ao

(48)

3.28 ´e real e ´e chamado de potencial folding, assim podemos definir UF = V00. Definindo

V como uma operador local de dois corpos, temos:

V =X

i,j

vij, (3.30)

em que i representa o nucleon do proj´etil e j do alvo, por exemplo. Logo, vij configura a

intera¸c˜ao nucleon-nucleon dos n´ucleos compreendidos na colis˜ao. O potencial folding 3.29 pode ser escrito em termos das densidades dos n´ucleos interagentes

UF(R) =

Z dr1

Z

dr2ρ1(r1)ρ2(r2)v(r12) (3.31)

onde r12 = R + r2− r1 ´e o vetor posi¸c˜ao referente ao n´ucleo proj´etil [a] em rela¸c˜ao ao

nucleon referente ao n´ucleo alvo [A]; R ´e o vetor posi¸c˜ao do centro de massa do proj´etil em rela¸c˜ao ao centro de massa do alvo; r1 e r2 s˜ao as coordenadas intr´ınsecas dos n´ucleos

a e A; ρ1(r1) e ρ2(r2) s˜ao as densidades dos n´ucleos a e A, respectivamente. A figura 3.9

mostra uma representa¸c˜ao esquem´atica das coordenadas usadas na equa¸c˜ao 3.31. Devido a integra¸c˜ao ser sobre duas densidades, ela ´e chamada de modelo de dupla convolu¸c˜ao (double-folding).

Figura 3.9: Representa¸c˜ao esquem´atica das coordenadas usadas na intera¸c˜ao nucleon-nucleon entre os n´ucleos alvo e proj´etil.

A equa¸c˜ao 3.31 envolve uma integral de seis dimens˜oes, por´em se trabalharmos no espa¸co dos momentos e fizermos uma transforma¸c˜ao de Fourier, a equa¸c˜ao 3.31 ´e reduzida

(49)

para uma integral de 3 dimens˜oes como mostrado a seguir.

Escrevendo a transforma¸c˜ao de Fourier na representa¸c˜ao das coordenadas (f (r)) e do momento ( ¯f (k)) dadas por:

f (r) = (2π)−3 Z dk ¯f (k)e−ik·r (3.32) e ¯ f (r) = Z dr ¯f (k)eik·r (3.33)

Ent˜ao, r12 na equa¸c˜ao 3.31 torna-se:

v(r12) = (2π)−3 Z dk¯v(k)e−ik·r12 (3.34) ¯ v(k) = Z dr12v¯12(R)eik·r12 (3.35) e UF(R) = (2π)−3 Z dk ¯UF(k)e−ik·R (3.36) ¯ UF(k) = Z dR ¯UF(R)eik·R (3.37)

Multiplicando a equa¸c˜ao 3.31 por eik·R e integrando em R, obtemos:

Z dReik·RUF(R) = Z dr1 Z dr2ρ(r1)ρ(r2) Z dRv(r12)eik·R (3.38)

mas, r12 = R − r1+ r2. Logo, R = r12+ r1− r2 e dr12= dR. Substituindo no lado direito

da equa¸c˜ao, temos:

Z dReik·RUF(R) = Z dr1 Z dr2ρ(r1)ρ(r2) Z dr12v(r12)eik·(r12+r1−r2) (3.39) Z dReik·RUF(R) = Z dr1ρ(r1)eik·r1 Z dr2ρ(r2)ei(-k)·r2 Z dr12v(r12)eik·r12 (3.40)

Referências

Documentos relacionados

O primeiro foi assim nomeado devido às variáveis que o compõe relacionarem o estilo de Governança Corporativa à gestão das pessoas, ou seja, se a empresa valorizar e promover o

Veículos do casal Rogério Onofre e Dayse foram registrados em nome Cláudio Freitas; Houve várias trocas de mensagens suspeitas, tendo elas sido codificadas com nomes

Quando conheci o museu, em 2003, momento em foi reaberto, ele já se encontrava em condições precárias quanto à conservação de documentos, administração e organização do acervo,

Vale ressaltar todo o estudo de identificação das estruturas de comunicação ponto-a-ponto da implementação MPICH do padrão MPI, a implementação (Anexo H e I) destes mecanismos

O objetivo deste trabalho foi realizar o inventário florestal em floresta em restauração no município de São Sebastião da Vargem Alegre, para posterior

Cattle ranching intensifi cation is a necessary condition both to ensure the expansion of agricultural production (with the target to eliminate deforestation in 2020), and for

Então são coisas que a gente vai fazendo, mas vai conversando também, sobre a importância, a gente sempre tem conversas com o grupo, quando a gente sempre faz

Doravante, tratar-se-á de correntes que defendem a presença de defensor técnico constituído durante a elaboração do Procedimento Administrativo Disciplinar