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7. Princípios do Processo Penal. São mandamentos de organização do sistema que devem ser aplicados o máximo possível.

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São mandamentos de organização do sistema que devem ser aplicados o máximo possível.

1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Princípio da presunção de inocência ou não culpabilidade: Expresso no art.

5º, LVII da CF/88:

"Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória"

Tal presunção é relativa, pois admite-se prova em contrário, cabe ao Estado indubitavelmente provar a culpa.

Obs. Não pode, no entanto, o referido princípio inviabilizar a persecução

criminal, por essa razão, são admitidas as cautelares pessoais desde que observadas as condições de admissibilidade, pressupostos e requisitos cautelares podendo ser decretada em caso de estrita necessidade.

A prisão cautelar não pode ter como pano de fundo a antecipação executória da própria sanção, não é esta a sua função, tornando-se, se for o caso, inconstitucional.

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Decreto 678/92 Pacto de São José da costa Rica ou convenção americana de direitos humanos: Diz que se deve presumir a inocência enquanto não comprovada legalmente a culpa, visão restritiva, sendo assim a CF/88 é muito mais ampla.

Tal princípio deve-se manifestar como regra de tratamento e como regra probatória, tratamento, dado a qualquer pessoa que se encontre na condição de réu, já a regra probatória também chamada de favor rei, “favor libertatis” ou “in dubio pro

reo” que significa dizer, que a dúvida razoável no processo penal deve militar em

favor do réu.

O STF por maioria de votos (6x5), no julgamento das Ações Diretas de Constitucionalidade n. 43 e 44, decidiu em 05.10.2016 acerca da constitucionalidade da chamada “prisão em segunda instância”, isto é, a

execução provisória da sentença penal condenatória após julgamento dos recursos de apelação, entendendo não ofender o princípio constitucional da presunção de inocência previsto no art. 5º, LVII da Carta Política ou o art. 283, caput, do Código de Processo Penal, os quais dispõem:

“Art. 5º. LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.”

“Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença

condenatória transitada em julgado ou, no curso da

investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.”

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Posteriormente, em novo julgamento concluído em 07.11.2019, decidiu o STF também em apertada votação (6x5) pela revisão de seu próprio entendimento no bojo das ADcs n. 43, 44 e 54 em fenômeno conhecido como overruling, interpretando que a execução provisória automática após decisão em segunda instância

ofende a Constituição Federal, sem prejuízo de eventual decretação da prisão

preventiva, sendo essa a interpretação atualmente prevalecente.

Vale destacar que tramitam no Congresso Nacional projetos legislativos para alterar a Constituição Federal e a legislação infraconstitucional no tocante à prisão automática em segunda instância, medidas legislativas essas que, se aprovadas, serão certamente objeto de ações diretas de inconstitucionalidade junto à Suprema Corte. Segue, assim, a questão em aberto passível de nova alteração em evento futuro.

Princípio do Juiz Natural: expresso no art. 5º, LIII, CF "ninguém será

processado ou sentenciado senão pela autoridade competente" se relaciona com o art. 5, XXXVII, CF/88, que veda tribunais de exceção, tribunais pós fato ou tribunais "ad hoc" como o tribunal de Nuremberg.

LIII - Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

XXXVII - Não haverá juízo ou tribunal de exceção;

A partir de tais princípios veda-se a seletividade do magistrado existindo mecanismos como a suspeição (animus subjetivo com as partes) e o impedimento (animus objetivo) art. 112 e 117, CPP.

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Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser arguido pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção de suspeição.

Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;

II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;

III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;

IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.

Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:

I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;

II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;

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III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;

IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;

V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;

VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.

Concentração, imediatidade e identidade física do juiz:

Concentração: As provas devem ser produzidas em uma única audiência,

audiência una.

Imediatidade: O juiz deve tomar contato imediato com as provas.

Identidade física do juiz: Significa que o juiz que presidiu a instrução deve

proferir a sentença.

Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. § 2° O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

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Princípio do promotor natural ou do promotor legal

Veda a designação arbitrária, pela chefia da instituição, de promotor para patrocinar caso específico.

Princípio do defensor natural

A sua noção é inferida por analogia aos princípios do juiz natural e do promotor natural. A ideia do defensor natural consiste na vedação de nomeação de defensor diverso daquele defensor público que tem atribuição legal para atuar na causa. Trata-se de uma proteção contra o arbítrio em razão da possibilidade de nomeação de defensor dativo por parte do juiz ou contra designações do defensor público geral.

Princípio do Delegado Natural:

Em que pese os Tribunais Superiores não admitirem a figura do delegado natural, a doutrina especializada sempre defendeu a existência do princípio como basilar para a independência da investigação policial e assim evitar ingerências indevidas, com o advento da lei nº 12.830/13 que dispõe expressamente em seu art. 2º, §5º que a remoção do delegado deve se dar por ato fundamentado, essa teoria ganhou ainda mais força.

“Os princípios constitucionais do juiz natural e do promotor natural têm seu emprego restrito às figuras dos magistrados e dos membros do Ministério Público, não podendo ser aplicados por analogia às autoridades policiais ou ao denominado “delegado natural”, que obviamente carecem da competência de sentenciar ou da

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atribuição de processar, nos termos estabelecidos na Constituição da República.” RHC 126885/STF

Princípio da Publicidade: Todo processo é público, isto, é um requisito de democracia e de segurança das partes (exceto aqueles que tramitarem em segredo de justiça). É estipulado com o escopo de garantir a transparência da justiça, a imparcialidade e a responsabilidade do juiz.

A regra é que a publicidade seja irrestrita. Porém, poder-se-á limitá-la quando o interesse social ou a intimidade o exigirem (nos casos elencados nos arts. 5º, LX c/c o art. 93, IX, CF/88; arts. 483; 20 e 792, §2º, CPP).

Art. 5 °, LXXVIII, CF - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

Art. 93, CF - Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:

IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação

Art. 792, CPP - As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados.

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§ 1° Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar presentes. § 2° As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de necessidade, poderão realizar-se na residência do juiz, ou em outra casa por ele especialmente designada.

No entanto quando verificada a necessidade de restringir a incidência do princípio em questão, esta limitação não poderá dirigir-se ao advogado do réu ou ao órgão de acusação.

Contudo, quanto a esse aspecto, o Superior Tribunal de Justiça, em algumas decisões, tem permitido que seja restringido, em casos excepcionais, o acesso do advogado aos autos do inquérito policial. Sendo assim, a regra geral a publicidade, e o segredo de justiça a exceção, urge que a interpretação do preceito constitucional se dê de maneira restritiva, de modo a só se admitir o segredo de justiça nas hipóteses previstas pela norma.

Princípio da ampla defesa (5º, LV CF/88): Aos litigantes e aos acusados em

geral no âmbito de processo administrativo ou judicial são assegurados o contraditório e a ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes.

Se desdobra em:

• Defesa técnica: Exercida por profissional habilitado (advogado).

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autodefesa se manifesta no interrogatório que é cindido em 2 partes: 1º Parte: Interrogatório sobre a pessoa do acusado;

Obs. Nesta primeira fase o acusado é obrigado a identificar-se sendo relativizado

o direito ao silêncio e nem podendo mentir sobre sua qualificação, sob pena de responder pelo crime de falsa identidade (art. 307, CP) ou por desobediência (art. 330, CP).

2º Parte: Interrogatório sobre os fatos.

• Sumula 523 STF: “No processo penal a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.

• Sumula vinculante n 5: "A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição" desde que, assegurados os seguintes direitos:

• Direito a informação; • Direito a manifestação;

• Direito de ver considerados os seus argumentos manifestados em sede de PA.

Princípio do contraditório ou bilateralidade da audiência (art. 5 inc. LV CF/88): o contraditório se desdobra em direito de ciência e participação.

Ciência: Direito do acusado de conhecer tudo aquilo que está sendo produzido contra si.

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convicção do julgador.

Paridade de armas “par conditio”: Entende-se que sejam dadas tanto à defesa

quanto à acusação as mesmas condições, oportunidades e meios em busca da verdade real, propiciando assim um equilíbrio na relação jurídico processual.

Referências

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