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Comportamentos dinâmicos na rede estrela

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Academic year: 2021

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Carolina Arruda Moreira

Comportamentos dinˆamicos na rede estrela

Campinas 2015

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Resumo

Nesta disserta¸c˜ao, estudamos um processo dinˆamico bin´ario similar ao modelo do eleitor em redes complexas. Este modelo descreve uma elei¸c˜ao com dois candidatos e um grupo de N eleitores indecisos, que podem mudar de ideia adotando a opini˜ao de um de seus contatos em uma rede de amigos ou de formadores de opini˜ao. Os n´os da rede social possuem estado interno rotulados por 0 ou 1, de acordo com a atual inten¸c˜ao de voto de cada indiv´ıduo. Os formadores de opini˜ao tˆem ideia fixa e podem influenciar a rede inteira dos eleitores indecisos. Estes s˜ao modelados por n´os “fixos” na rede, conectados a todos os n´os livres da rede de eleitores, aos quais quantificamos por N0 fixos no estado 0 e N1 fixos no estado

1. Calculamos a distribui¸c˜ao de probabilidade P (m) de que o candidato 1 conquiste m votos. Estudamos a dinˆamica em redes estrela e comparamos os resultados com os obtidos para redes totalmente conectadas. Em ambos os casos a transi¸c˜ao de fase entre os estados de equil´ıbrio ordenado e desordenado ´e observada `a medida que N0 e N1 se aproximam

de zero; no entanto, esse comportamento difere consideravelmente para as duas topologias: enquanto o ponto cr´ıtico ocorre exatamente para N0 = N1 = 1 para qualquer tamanho

N na rede totalmente conectada, tornando a distribui¸c˜ao de equil´ıbrio uniforme, nas redes estrela o ponto cr´ıtico depende de N e se escala com N0 = N1 ≈

N , levando a distribui¸c˜ao de equil´ıbrio se separar em dois picos, o que reflete os dois estados poss´ıveis do n´o central. Obtemos tamb´em solu¸c˜oes anal´ıticas aproximadas que se mantˆem perto da transi¸c˜ao de fase e esclarecem o papel do n´o central no processo. Al´em disso, estendemos a dinˆamica abordada para o caso em que cada n´o ´e representado por dois “bits”, de modo a existirem quatro estados internos poss´ıveis, (0,0), (0,1), (1,0) e (1,1). Esta abordagem objetiva buscar quais as caracter´ısticas dinˆamicas de um sistema que apresente n´os com restri¸c˜oes na intera¸c˜ao. Nesta situa¸c˜ao, n˜ao encontramos novidades entre as dinˆamicas de um e dois bits.

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Abstract

In this work, we study a dynamical process similar to the voter model on complex networks. This model describes an election with two candidates and a group of N undecided voters that can change their minds by adopting either the opinion of a contact in a social network or the opinion of opinion makers. The nodes of the social network have an internal state labeled by 0 or 1 according to the current voting intention of each individual. The opinion makers have a fixed opinion and can influence the entire set of undecided voters. They are modeled as “fixed” nodes connected to all free nodes on the social network and we quantify by N0 the number of nodes fixed in state 0 and by N1 those fixed in state 1. We calculate the

probability distribution P (m) that candidate 1 receives m votes. We study this dynamics on star networks and we compare the results with those obtained from fully connected networks. In both cases the transition between the ordered and disordered equilibrium states is observed as N0 and N1 approach zero; however, this behavior differs significantly between the two

topologies: while the critical point occurs exactly in N0 = N1 = 1 for fully connected

networks and it is independent of the network size N , which leads to a uniform probability distribution, for star networks the critical point depends on N and scales as N0 = N1 ≈

√ N , and the distribution probability splits into two peaks, reflecting the two possible states of the central node. We also obtain an approximate analytical solution that holds near the phase transition, which clarifies the role of the central node in the process. Besides, we extend the dynamics approach to the case where each node is represented by two “bits” such that there are four possible internal states (0,0), (0,1), (1,0) and (1,1). This approach aims to search what are the systems’ dynamical characteristics under restrictions in the interaction. In this case, we didn’t find any new results between the one and two bits dynamics.

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4.4.1 Rede estrela . . . 83

4.4.2 Rede totalmente conectada . . . 84

4.4.3 Rede reticulada . . . 85

4.5 Com restri¸c˜ao e condi¸c˜ao inicial no estado (0, 0) . . . 86

4.5.1 Rede estrela . . . 87

4.5.2 Rede totalmente conectada . . . 88

4.5.3 Rede reticulada . . . 89

4.6 S´ıntese do cap´ıtulo . . . 91

5 Conclus˜ao 95

Referˆencias Bibliogr´aficas 98

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Agradecimentos

Agrade¸co primeiramente aos meus pais, Nanci e Pedro, pelas palavras de incen-tivo, sabedoria, companheirismo e por todo o tipo de suporte que me forneceram desde a gradua¸c˜ao. Eles tˆem um papel fundamental em todas as etapas que superei.

Agrade¸co tamb´em ao professor Marcus, que aceitou me orientar neste projeto e com quem tive o grande prazer em trabalhar. O Marcus sempre foi muito dedicado, disposto e paciente em me atender, particularmente em quase todos os dias durante os ´ultimos meses do mestrado.

Agrade¸co aos amigos de jornada, companheiros da salinha de estudos e do ins-tituto: Tha´ıs, Helder, Elohim, Madeira, Rodolfo, Thiago, Lisan, Kellen, Adriano, Andr´e, Guilherme, Gabi, David. As pausas para o caf´e nunca foram t˜ao produtivas. N˜ao posso dei-xar de mencionar os amigos que, apesar da distˆancia, sempre estiveram presentes: Julinha, La´ıs, Rennan, Pedro, Ronaldo. Um agradecimento especial ao Matheus pelo companheirismo, carinho, pelos aux´ılios no trabalho, por tudo.

Sou grata tamb´em aos funcion´arios do instituto: `as faxineiras que mantˆem o ambiente limpo e em particular ao Oswaldo, `a Em´ılia e `a Carmem da secretaria do DFMC, sempre dispostos e simp´aticos para auxiliar, principalmente em nos ceder um espa¸co no departamento quando nossa salinha ficou interditada.

Por fim, agrade¸co `a CAPES pelo aux´ılio financeiro.

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Cap´ıtulo 1

Introdu¸c˜

ao

O estudo de Sistemas Complexos ´e um campo da ciˆencia cujo interesse ´e analisar o comportamento coletivo de sistemas compostos por elementos interagentes, bem como as rela¸c˜oes entre os sistemas e o meio ambiente. Cientistas tˆem por interesse entender como funcionam e como se relacionam diversos sistemas, sejam eles naturais ou artificiais. Como exemplo, consideremos o corpo humano, formado por ´org˜aos que se conectam e interagem, os quais s˜ao formados por tecidos que se comunicam quimicamente, e estes s˜ao compostos por c´elulas que se aderem. A compreens˜ao dos sistemas existentes no corpo humano nos permite estudar como ocorre sua intera¸c˜ao com o meio externo a ele [1].

Os primeiros trabalhos em teoria de grafos datam do ano de 1736 quando Le-onnard Euler tratou o problema das “Sete pontes de K¨onigsberg”, antiga capital leste da Pr´ussia e atual Kaliningrado, na R´ussia. A cidade possu´ıa sete pontes que ligavam diferentes por¸c˜oes do continente. Perguntava-se, na ´epoca, se era poss´ıvel atravessar todas as pontes sem que houvesse repeti¸c˜ao. Euler argumentou que isto era imposs´ıvel e demonstrou seu racioc´ınio atrav´es de uma representa¸c˜ao do sistema por um grafo, estrutura composta por liga¸c˜oes (pontes) e v´ertices (por¸c˜oes de terra) [2, 3]. Partindo dos estudos de Euler, grafos foram largamente utilizados na matem´atica nos s´eculos seguintes com aplica¸c˜oes em muitas ´areas. Os primeiros estudos de sistemas complexos focavam em analisar as diferentes topo-logias de grafos e suas propriedades 1. Entre os anos de 1950 e 1960, os pesquisadores Erd˝os

e R´enyi propuseram e estudaram grafos aleat´orios [4, 5, 6], que consistem em um sistema formado por elementos (ou n´os) conectados aleatoriamente entre si. Esses grafos aleat´orios

1Segundo Barab´asi [3], existe uma sutil diferen¸ca de terminologia: “redes” referem-se a sistemas reais,

por exemplo a Internet, ao passo que “grafos” referem-se `as estruturas matem´aticas empregadas no estudo de redes. Apesar disso, as duas terminologias s˜ao usadas como sinˆonimos.

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1 Introdu¸c˜ao 2 foram extensivamente estudados e analisados [7, 8, 9, 10, 11]; no entanto, verificou-se mais recentemente que as redes reais n˜ao seguem as propriedades previstas de grafos aleat´orios, uma vez que h´a divergˆencia entre os valores de alguns parˆametros calculados, tais como o coeficiente de agrupamento e distribui¸c˜ao do n´umero de conex˜oes [12]. Ainda nas d´ecadas de 50 e 60, muitos soci´ologos come¸caram a trabalhar em sistemas de intera¸c˜oes sociais e, inspi-rados em trabalhos anteriores, mapearam-nos em redes complexas [13, 14], o que conduziu ao estudo de novos tipos de rede, de diferentes topologias. Em 1967, Stanley Milgram exami-nou a chamada hip´otese de mundo pequeno, que prevˆe que entre duas pessoas quaisquer no mundo h´a poucos la¸cos de amizade que as separam [15, 16, 17]. Os experimentos de Milgram levaram ao termo “seis graus de separa¸c˜ao”: em m´edia, existem seis la¸cos de amizade para que duas pessoas quaisquer estejam relacionadas. Mais tarde, Watts e Strogatz estudaram o conceito de mundo pequeno e encontram que este fenˆomeno tamb´em ´e observado em outras redes reais, como a rede neural do C. elegans e a transmiss˜ao de eletricidade nos EUA [18].

Em sistemas complexos observa-se tipicamente que cada elemento possui poucas intera¸c˜oes, mas pode haver elementos muito interagentes. A esta caracter´ıstica denomina-se heterogeneidade e nos mostra que ´e importante considerar a vis˜ao global do sistema, apesar de serem igualmente relevantes os elementos individuais [1]. Como exemplo, consideremos uma floresta. Quando vista globalmente, a floresta possui um funcionamento caracter´ıstico, com padr˜oes de abundˆancia de animais e plantas, incˆendios e reflorestamentos naturais. No entanto, esse comportamento est´a intimamente relacionado `a intera¸c˜ao local entre as partes menores que constituem a floresta, como a fauna e a flora, por exemplo. Assim, o sistema “global” apresenta um comportamento caracter´ıstico que n˜ao se encontra nos sistemas “lo-cais”. `A esta rela¸c˜ao nomeamos emergˆencia. Na natureza, sistemas emergentes s˜ao muito frequentes e abrangem desde sistemas sociais, que representam as rela¸c˜oes entre pessoas, at´e sistemas biol´ogicos, envolvendo intera¸c˜oes entre seres vivos de um determinado ecossistema e rela¸c˜oes entre prote´ınas de um organismo [12, 13, 14, 19, 20, 21, 22, 23]. Tais sistemas emergentes podem ser modelados como redes, onde os elementos individuais e a intera¸c˜ao entre eles s˜ao representados por “n´os” e “links”, respectivamente. O aumento do poder computacional nos ´ultimos anos possibilitou uma maior velocidade de processamento e ar-mazenamento de dados, permitindo que diversas redes naturais fossem estudadas e, por sua

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1 Introdu¸c˜ao 3 vez, mapeadas em grafos, o que levou a uma melhor compreens˜ao de suas estruturas e de seus funcionamentos [12].

Atualmente, busca-se analisar como processos dinˆamicos em redes se comportam para diferentes tipos de topologia. Um sistema dinˆamico ´e definido por um conjunto de regras ou equa¸c˜oes que governam a mudan¸ca de um estado do sistema ao longo do tempo e s˜ao representados por vari´aveis cont´ınuas ou discretas [19, 20]. Tendo em vista que muitos processos reais s˜ao mapeados em redes, constroem-se v´arios tipos de dinˆamica. Exemplos comuns incluem o modelo de Kuramoto [24, 25], o sistema de transmiss˜ao el´etrica [26, 27] e de doen¸cas [28, 29] e o modelo do eleitor [30, 31, 32].

O modelo do eleitor descreve uma elei¸c˜ao na qual h´a dois candidatos e um grupo de eleitores indecisos, influenciados ou pelos seus contatos de amigos ou pelos chamados formadores de opini˜ao, tais como jornalistas, pol´ıticos ou meios de comunica¸c˜ao. Entre os amigos podem existir indiv´ıduos obstinados, cujas opini˜oes s˜ao imut´aveis, e indiv´ıduos flex´ıveis quanto `a opini˜ao. Este conjunto de eleitores e formadores de opini˜ao constitui um sistema complexo que pode ser mapeado em estruturas de redes. Para caracteriz´a-lo considera-se que os n´os da rede representam indiv´ıduos e a inten¸c˜ao de voto em algum dos candidatos ´e determinada pelo estado interno 0 ou 1. Os formadores de opini˜ao s˜ao tratados como elementos do sistema que se conectam com todos os n´os da rede, possuem estado fixo, e influenciam os eleitores indecisos, que por sua vez s˜ao modelados como n´os com estado livre, podendo mudar de opini˜ao/estado [30, 31, 32]. Os indiv´ıduos obstinados interagem com os eleitores indecisos e tamb´em possuem estado fixo em 0 ou 1. No processo dinˆamico, o grupo de eleitores indecisos pode mudar de ideia adotando a opini˜ao de um dos seus contatos na rede ou de um dos formadores de opini˜ao. Associamos `a quantidade de formadores de opini˜ao dos candidatos 0 e 1 as vari´aves N0 e N1, respectivamente. A popula¸c˜ao de eleitores

s´o atinge um consenso quando n˜ao houver indiv´ıduos obstinados nem formadores de opini˜ao, ou seja, N0 = N1 = 0, levando a rede a se estabilizar em algum dos estados, onde todos

os n´os se encontram em 0 ou em 1, representando a vit´oria unˆanime de um dos candidatos. No entanto, se existirem os agentes externos (N0, N1 6= 0) e os indiv´ıduos obstinados, a

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1 Introdu¸c˜ao 4 de que o candidato 1, por exemplo, tenha um determinado n´umero de votos. Em outras palavras, a distribui¸c˜ao de probabilidade no equil´ıbrio torna-se independente do tempo. Neste trabalho, interessa-nos estudar um processo dinˆamico simples em redes complexas que ´e inspirado no modelo do eleitor com formadores de opini˜ao e ausˆencia de indiv´ıduos obstinados [36, 37, 38, 39].

O modelo do eleitor n˜ao ´e sol´uvel para redes de topologias arbitr´arias; apesar disso, trabalhos tˆem sido feitos considerando redes de topologias mais simples com uma distribui¸c˜ao espec´ıfica de n´os fixos [42, 43, 45]. Em particular, o modelo do eleitor sem os formadores de opini˜ao foi estudado com um ´unico indiv´ıduo obstinado em redes regulares [31] e com um n´umero arbitr´ario desses indiv´ıduos em redes totalmente conectadas, onde foram obtidas solu¸c˜oes anal´ıticas no limite em que o n´umero de eleitores ´e infinito [32]. O problema foi totalmente resolvido para redes totalmente conectadas de tamanhos arbitr´arios em [42], onde a solu¸c˜ao mostrou-se uma boa aproxima¸c˜ao para redes de topologias distintas atrav´es da reescala dos parˆametros N0 e N1, de acordo com o grau m´edio da rede. Os

parˆametros N0 e N1 foram tamb´em estendidos analiticamente para valores reais menores do

que 1, representando um fraco acoplamento entre os eleitores e os formadores de opini˜ao. Mostrou-se tamb´em em [32] a ocorrˆencia de uma transi¸c˜ao de fase entre os estados ordenado, onde a maioria dos eleitores tem a mesma opini˜ao, e desordenado, onde cada candidato adquire aproximadamente metade dos votos, `a medida que o valor dos n´os fixos aumenta. A transi¸c˜ao entre esses estados ocorre exatamente no ponto em que N0 = N1 = 1 para redes

totalmente conectadas de qualquer tamanho.

A dinˆamica bin´aria tratada no modelo do eleitor pode ser utilizada para abordar outros sistemas igualmente interessantes. Destacam-se dois exemplos muito estudados: o modelo de Ising [33, 34, 35], na f´ısica, e o estudo da dinˆamica de popula¸c˜oes [45], em biolo-gia. O primeiro descreve o comportamento de sistemas cujos elementos individuais (´atomos, mol´eculas, spins) alteram o seu estado de acordo com o dos vizinhos. Em uma rede de spins, por exemplo, existe uma vari´avel associada a cada n´o (ou s´ıtio, no jarg˜ao da ´area) que assume os valores +1 (spin “up”) ou −1 (spin “down”). O modelo descreve o fenˆomeno do ferro-magnetismo, onde existe uma temperatura cr´ıtica Tc (ou temperatura de Curie) que marca

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1 Introdu¸c˜ao 5 duas fases distintas. Para T < Tc ocorre uma magnetiza¸c˜ao espontˆanea na qual os spins

tendem a se alinhar e em T = 0, encontram-se todos para cima ou para baixo, marcando a fase ordenada no sistema. Por outro lado, quando T > Tc, os spins encontram-se distribu´ıdos

aleatoriamente na rede, marcando a fase desordenada, o que leva ao desaparecimento da mag-netiza¸c˜ao espontˆanea. O modelo de Ising pode ser estudado na dinˆamica de Glauber [40], que considera dois parˆametros importantes: a temperatura T e o campo magn´etico externo B. Se contextualizado com o nosso modelo do eleitor, esses parˆametros s˜ao equivalentes a T = N0 + N1 (n´os externos) e a B = N0 − N1. ´E importante ressaltar que abordaremos

ao longo desse trabalho o caso N0 = N1, fazendo correspondˆencia a um sistema de spins na

ausˆencia de campo magn´etico, B = 0. No caso da dinˆamica de popula¸c˜oes, o segundo exem-plo envolve uma popula¸c˜ao de indiv´ıduos que se reproduzem sexuadamente associando-se uns aos outros de maneira uniforme. Consideramos que os indiv´ıduos s˜ao hapl´oides, ou seja, possuem apenas uma c´opia de cada cromossomo. O estudo ´e focado em apenas um gene que possui dois alelos, que podem ser vistos como os estados internos e os n´os fixos como taxas de muta¸c˜ao.

O modelo abordado para a dinˆamica, que considera somente os estados internos 0 e 1 poss´ıveis, tamb´em nomeados de “um bit”, pode ainda ser estendido para o caso em que cada n´o ´e representado por dois bits, de modo a existirem quatro estados internos poss´ıveis, (0,0), (0,1), (1,0) e (1,1). No contexto da dinˆamica de popula¸c˜oes focada em dois genes, estes estados podem assumir o papel de quatro gen´otipos de indiv´ıduos hapl´oides. Assim como realizado para o caso de um ´unico bit, a rede apresentar´a tanto os n´os livres, cujo estado interno ´e vari´avel, como os agentes externos que ser˜ao fixos em cada um dos quatro estados. Consideraremos que h´a um total de N indiv´ıduos livres e N00+ N01+ N10+ N11 n´os fixos

conectados com a rede inteira. Da mesma forma considerada anteriormente, a dinˆamica se baseia na mudan¸ca de estados dos n´os livres, que podem interagir com os seus vizinhos da rede, tamb´em livres, ou com os agentes externos, alterando o seu estado. Esta abordagem objetiva buscar quais as caracter´ısticas de um sistema que apresenta n´os incompat´ıveis entre si, impedindo a intera¸c˜ao. Para isso, considera-se a seguinte restri¸c˜ao na mudan¸ca de estados: n´os de estado (0,0) e (1,1) s˜ao incompat´ıveis entre si, bem como (1,0) e (0,1). A dinˆamica descrita para um bit ´e perfeitamente adaptada `a essa extens˜ao.

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1 Introdu¸c˜ao 6 A presente disserta¸c˜ao est´a organizada da seguinte maneira: no segundo cap´ıtulo definiremos e caracterizaremos redes complexas e suas grandezas intr´ınsecas. Apresentaremos tamb´em as topologias que ser˜ao utilizadas ao longo do trabalho (redes totalmente conectada, reticulada, livre de escala e estrela) e detalharemos como ser´a realizada a dinˆamica. No ter-ceiro cap´ıtulo, introduziremos uma breve revis˜ao dos trabalhos realizados na rede totalmente conectada para, em seguida, abordar os estudos anal´ıticos e num´ericos na rede estrela e, ao final, compar´a-la com as topologias definidas no cap´ıtulo dois. O cap´ıtulo quatro traz uma extens˜ao ao problema, tratando da dinˆamica de dois bits nas redes estrela, totalmente conec-tada e reticulada. Finalmente, nossas considera¸c˜oes finais encontram-se no quinto cap´ıtulo.

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7

Cap´ıtulo 2

Caracteriza¸c˜

ao das redes complexas

Grafos s˜ao estruturas matem´aticas correspondentes a redes reais e descrevem uma variedade de sistemas em diferentes ´areas da ciˆencia. Na sua forma mais simples, podem ser definidos como um conjunto de pontos unidos em pares via linhas. No jarg˜ao da ´area, os pontos s˜ao chamados de v´ertices ou n´os e as linhas s˜ao conhecidas por links ou conex˜oes (figura 4.1) [3, 19]. Existem v´arios tipos de redes que podem ser classificadas de acordo com suas propriedades topol´ogicas e estat´ısticas. Os exemplos mais conhecidos abrangem redes regulares, aleat´orias, livres de escala, estrelas, mundo pequeno, entre outras estruturas [3, 12, 19]. Redes s˜ao ferramentas ´uteis para tratar sistemas compostos por muitas unidades que interagem com um n´umero relativamente pequeno de outras componentes. Existem muitos problemas de interesse dos cientistas que s˜ao compostos por partes individuais e que se conectam de alguma maneira, tais como a Internet, redes sociais, redes de prote´ınas e neurais, etc [4, 5, 7, 8, 14, 17, 18, 21]. Diversas ferramentas matem´aticas, computacionais e estat´ısticas tˆem sido desenvolvidas ao longo dos ´ultimos anos permitindo an´alises, modelagens e compreens˜oes dos sistemas contextualizados em redes complexas [3, 7, 12, 19, 21, 42, 43, 45]. Neste cap´ıtulo caracterizaremos os principais conceitos de rede que ser˜ao utili-zados ao longo do trabalho. Definiremos o conceito de grau, grau m´edio, distribui¸c˜ao de grau, caminho m´ınimo m´edio e coeficiente de agrupamento. Outras grandezas importantes incluem as matrizes de adjacˆencia e de vizinhos que ser˜ao utilizados no pr´oximo cap´ıtulo. Introduziremos em seguida algumas topologias que ser˜ao abordadas neste trabalho, tais como as redes totalmente conectada, reticulada, livre de escala e estrela, sendo que esta ´ultima ser´a o foco da disserta¸c˜ao. Ao final, descreveremos um processo dinˆamico similar ao modelo do eleitor que representa um processo bin´ario sobre a rede e servir´a como base para as simula¸c˜oes

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2.1 Caracteriza¸c˜oes 8 de todas as topologias trabalhadas neste projeto.

Figura 2.1: Ilustra¸c˜ao de uma rede complexa. Em destaque apresentam-se suas componentes: n´os e links.

2.1

Caracteriza¸c˜

oes

Para estudarmos um sistema complexo, primeiramente precisamos caracteriz´a--lo. Duas grandezas fundamentais que se destacam compreendem o n´umero de n´os, N , que representa a quantidade de componentes do sistema, fornecendo o tamanho da rede, e o n´umero de links, E, representando o n´umero total de intera¸c˜oes entre os n´os. Tendo em vista estas grandezas, identificamos dois tipos de classifica¸c˜oes. Uma rede pode ser direcionada (figura 2.2 (a)), se o links apresentarem uma dire¸c˜ao preferencial aos n´os, ou n˜ao-direcionada (figura 2.2 (b)), se os links n˜ao possu´ırem quaisquer orienta¸c˜oes.

Para analisar os diferentes tipos de topologia de uma rede complexa s˜ao necess´arios conceitos que a caracterizem e a representem e, se poss´ıvel, estabele¸cam crit´erios que indiquem o qu˜ao organizada ´e a rede. Destacam-se quatro propriedades fundamentais que possibilitam obter informa¸c˜oes acerca da conectividade da rede e medir quantidades intr´ınsecas `a ela. Vale ressaltar que apresentaremos somente as express˜oes destas grandezas para uma rede

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2.1 Caracteriza¸c˜oes 9 n˜ao-direcionada, visto que ao longo do trabalho, n˜ao abordaremos nenhum tipo de rede direcionada.

Figura 2.2: Exemplos de uma rede direcionada (a) e n˜ao-direcionada (b). Na rede direcionada, o n´o 2 n˜ao influencia o n´o 1, ao contr´ario do que ocorre na rede n˜ao-direcionada, onde o n´o 1 influencia o n´o 2 e vice-versa.

Grau, grau m´edio e distribui¸c˜ao de grau - O grau ki de um n´o i fornece o

n´umero de vizinhos conectados a ele. No contexto social, o grau pode representar o n´umero de amizades que uma determinada pessoa possui numa rede de amigos. A partir disso, podemos calcular o grau m´edio de uma rede, que fornece o n´umero de conex˜oes que, em m´edia, os n´os possuem. Assim, para uma rede n˜ao-direcionada, tem-se

hki = N1 X

i

ki. (2.1)

Com base nesses dois conceitos, podemos definir a distribui¸c˜ao de grau da rede, Pk, que

fornece a probabilidade de um n´o i selecionado aleatoriamente possuir grau k. Esta grandeza deve estar normalizada, ou seja, PkPk = 1. Al´em disso,hki =PkkPk [12, 19].

Coeficiente de agrupamento - Este parˆametro mede o grau no qual os vizinhos de um dado n´o est˜ao conectados entre si. Em redes sociais esta propriedade ´e recorrente, visto que h´a uma forte tendˆencia de cria¸c˜ao de grupos unidos por uma densidade alta de conex˜oes. No lado esquerdo da figura 2.3, o n´o j est´a conectado com os n´os i e k. Podemos nos perguntar qual a probabilidade de os n´os i e k tamb´em estarem conectados, como mostra o lado direito. O resultado ´e atribu´ıdo pelo coeficiente de agrupamento.

(28)

2.1 Caracteriza¸c˜oes 10

Figura 2.3: Defini¸c˜ao do coeficiente de agrupamento. Consideramos que os n´os i e k s˜ao vizinhos do n´o j e deseja-se calcular qual a probabilidade de i e k estarem tamb´em conectados.

Em termos matem´aticos, definimos o coeficiente de agrupamento do i-´esimo n´o da rede como [18]

Ci =

2Ei

ki(ki− 1)

, (2.2)

onde Ei representa o n´umero de links entre os ki vizinhos do n´o i [19]. Se todos os vizinhos

estiverem conectados entre si teremos Ci = 1, como ´e o caso de uma rede totalmente

conec-tada (se¸c˜ao 3). No entanto, se nenhum dos vizinhos do n´o i estiverem conectados com outros n´os, ent˜ao Ci = 0. Se Ci = 0.5, por exemplo, sabemos que dois vizinhos de um determinado

n´o i est˜ao conectados entre si com 50% de probabilidade. A figura 2.4 ilustra alguns tipos de c´alculo deste parˆametro.

Figura 2.4: Exemplos de c´alculo do coeficiente de agrupamento do n´o preto. C ´e calculado como sendo a propor¸c˜ao das liga¸c˜oes existentes entre os vizinhos do n´o preto em rela¸c˜ao ao total das liga¸c˜oes poss´ıveis. Como o n´o preto tem 3 vizinhos, ent˜ao h´a no m´aximo 3 liga¸c˜oes entre si. Na rede da esquerda, Ei = 3 (seguimentos em negrito) e, portanto, C = 1; no meio,

(29)

2.1 Caracteriza¸c˜oes 11 Podemos ainda calcular o coeficiente de agrupamento m´edio da rede, definido simplesmente como a m´edia dos C0

is, dada pela express˜ao

hCi = 1 N N X i=1 Ci. (2.3)

Em outras palavras, hCi representa a probabilidade de que dois vizinhos de um n´o sorteado ao acaso estejam conectados.

Em resumo, o coeficiente de agrupamento mede o grau com que os n´os da rede tendem a agrupar-se, de maneira a fornecer o qu˜ao densa ´e a rede: quanto maior o n´umero de vizinhos interconectados ao n´o i, maior o valor de Ci.

Caminho, comprimento, distˆancia e caminho m´ınimo m´edio - Em uma rede complexa, o caminho representa uma maneira de sair de um n´o de origem e chegar a um n´o de destino atravessando a rede por meio dos links, que pode ser escrito como uma lista ordenada de links direcionados. Assim, um caminho P entre os n´os 1 e i ´e dado por: P = {(1, j), (j, k), ..., (l, i)}, onde j, k, l, i indicam os ´ındices dos n´os. Na figura 2.5 (a) um poss´ıvel caminho ´e destacado pela linha s´olida. A partir disso, definimos o comprimento de um caminho como sendo o n´umero de links utilizados para sair do n´o de origem e chegar ao n´o final. Na rede da figura 2.5 (a), vemos que o comprimento do caminho em destaque ´e 5.

Figura 2.5: (a) Ilustra¸c˜ao de um caminho (linha s´olida) em uma rede n˜ao-direcionada, dado por P = {(6, 4), (4, 3), (3, 2), (2, 5), (5, 1)}, de comprimento 5. (b) Exemplo de auto-interse¸c˜ao. O link sai e volta para o mesmo n´o. (c) Exemplifica¸c˜ao de uma rede apresentando um n´o que n˜ao possui caminhos para os outros n´os.

(30)

2.1 Caracteriza¸c˜oes 12 O menor caminho entre os n´os i e j ´e aquele com o menor n´umero de links e ´e frequentemente chamado de distˆancia geod´esica e denotado por dij ou t˜ao somente d. Entre

um par de n´os podem existir diversos caminhos m´ınimos de mesmo comprimento e que nunca contˆem auto-interse¸c˜oes (figura 2.5). Nas redes n˜ao-direcionadas, temos que dij = dji, visto

que a distˆancia entre os n´os i e j tem o mesmo valor se calculada entre j e i. Se n˜ao houver nenhum caminho entre os n´os, ent˜ao considera-se que dij =∞. Podemos ainda introduzir o

caminho m´ınimo m´edio da rede, hdi, como sendo a distˆancia m´edia entre todos os pares de n´os e dado por

hdi = 2 N (N − 1) N X j<i=1 dij. (2.4)

Na figura 2.5 (c), a distˆancia do n´o 2 ao 3 ´e d23 = 2, sendo o menor valor poss´ıvel entre

esses n´os. Existem m´ultiplos caminhos que os ligam, como por exemplo {(2, 6), (6, 3)} e {(2, 5), (5, 3)}. H´a tamb´em muitos outros caminhos cujas distˆancias s˜ao superiores a 2. Po-demos ainda notar que a distˆancia entre os n´os 1 e 2 ´e d12 =∞, visto que n˜ao h´a caminhos

que os conectem [3].

Matriz de adjacˆencia - A matriz de adjacˆencia A = {Aij} ´e uma representa¸c˜ao

matem´atica da rede definida como

Aij =     

1 se os n´os i e j est˜ao conectados; 0 caso contr´ario.

(2.5)

Para uma rede com N n´os, a matriz de adjacˆencia tem dimens˜ao N × N. Para uma rede n˜ao-direcionada, a matriz ´e sim´etrica, ou seja, Aij = Aji, para todo par de n´os (i, j), uma

vez que Aij = 1 indica um link conectando o n´o i ao j, bem como Aji = 1 representa um

link conectando o n´o j ao i. Al´em disso, define-se usualmente Aii = 0, de tal maneira que

o n´o i n˜ao se conecta com ele mesmo. Como ilustra¸c˜ao, constru´ımos a matriz de adjacˆencia referente `a rede apresentada no come¸co do cap´ıtulo (figura 2.1)

(31)

2.1 Caracteriza¸c˜oes 13 Aij =               0 1 0 0 1 0 1 0 1 1 0 0 0 1 0 1 1 1 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0               . (2.6)

Por completeza, podemos escrever o grau do n´o i j´a definido em termos da matriz de ad-jacˆencia. Para redes n˜ao-direcionadas, o grau de um n´o ´e obtido atrav´es da soma sobre todas as linhas ou todas as colunas da matriz, ou seja,

ki = N X j=1 Aij = N X i=1 Aij. (2.7)

Para calcular o grau m´edio de uma rede n˜ao-direcionada com N n´os ´e necess´ario somar a equa¸c˜ao (2.7) sobre i e em seguida dividi-la por N

hki = 1 N X i ki = 1 N X i,j Aij → hki = 2E N , (2.8)

onde E ´e o n´umero total de links da rede [19].

A matriz de adjacˆencia pode ainda ser utilizada para representar redes com peso. A defini¸c˜ao Aij = 1 indica que todos os links tˆem pesos iguais. Entretanto, muitos sistemas

apresentam links que possuem um peso particular wij e representam a for¸ca entre dois n´os,

(i, j), cujo valor ´e associado a um n´umero real. Como exemplo, o peso entre os n´os i e j pode ser maior do que entre os n´os j e k, fazendo-nos concluir que a intera¸c˜ao entre o primeiro par de n´os ´e maior do que a intera¸c˜ao no segundo. Para redes com peso, os elementos da matriz de adjacˆencia s˜ao escritos como Aij = wij. Redes deste tipo s˜ao bastante utilizadas em sistemas

como a Internet: os pesos, neste caso, assumem o papel da quantidade de informa¸c˜oes que flui entre os endere¸cos eletrˆonicos [12, 19, 47].

(32)

2.2 Topologias de redes 14

2.2

Topologias de redes

Esta se¸c˜ao pretende expor brevemente quais os tipos de topologias ser˜ao utilizadas ao longo desse trabalho. Estudamos brevemente as redes totalmente conectada, reticulada e livre de escala. Nosso foco maior foi a rede estrela com apenas um n´o central, que abordaremos em detalhes no cap´ıtulo seguinte.

2.2.1

Rede totalmente conectada

A rede totalmente conectada ´e o tipo de estrutura mais simples poss´ıvel, na qual cada n´o da rede est´a conectado com todos os outros restantes. Em termos topol´ogicos, os n´os s˜ao indistingu´ıveis e, por conta dessas caracter´ısticas, alguns parˆametros podem ser facilmente calculados, como por exemplo:

1. o coeficiente de agrupamento ´e, naturalmente, C = 1; 2. todos os n´os possuem ki = N− 1 conex˜oes;

3. a distˆancia entre quaisquer dois n´os ´e dij = 1;

4. o n´umero de links ´e E = N (N− 1)/2.

Esta estrutura de rede n˜ao ´e comumente encontrada na natureza como o modelo dinˆamico aqui estudado, mas ´e bastante vantajosa do ponto de vista te´orico, uma vez que os c´alculos anal´ıticos s˜ao poss´ıveis de serem realizados devido `a sua simplicidade e f´acil manipula¸c˜ao. As referˆencias [41, 42, 43] mostram em min´ucias todo o trabalho realizado nesta rede e, por conta disso, tomaremos como base nesta disserta¸c˜ao quando necess´ario. No cap´ıtulo 3 apresentaremos uma s´ıntese dos principais resultados obtidos para esta topologia.

(33)

2.2 Topologias de redes 15

2.2.2

Rede reticulada

Neste tipo de topologia os n´os da rede est˜ao dispostos regular e periodicamente no espa¸co, como em um cristal c´ubico. Genericamente, assumimos que os vizinhos mais pr´oximos estar˜ao a uma distˆancia D uns dos outros. Para redes reticuladas bidimensionais a periodicidade da topologia nos permite calcular o coeficiente de agrupamento de cada n´o i como sendo Ci = 0, visto que apenas os quatro vizinhos mais pr´oximos est˜ao conectados

a ele e esses vizinhos n˜ao possuem conex˜oes entre si. O caminho m´ınimo m´edio entre dois quaisquer n´os depender´a tanto do n´umero de n´os N como do n´umero de dimens˜oes δ em que se encontra o reticulado, de forma que [41]

dretic ≈ N

1

δ. (2.9)

Para redes com condi¸c˜oes de contorno peri´odicas, a distribui¸c˜ao de grau, Pk, ´e bastante

simples, uma vez que todos os n´os da rede tˆem o mesmo n´umero de conex˜oes. Encontra-se que a express˜ao para Pk ´e

Pk= δ(k− k0), (2.10)

onde k0 ´e o n´umero de n´os que est˜ao a uma distˆancia inferior a D de um determinado n´o da

rede [41]. No entanto, se a rede possuir condi¸c˜oes de contorno do tipo fronteira livre, h´a efeitos de borda que diminuem o valor do grau dos n´os que est˜ao perto das extremidades, fazendo com que a distribui¸c˜ao de grau n˜ao seja a mesma da equa¸c˜ao (2.10). No nosso trabalho, focaremos o estudo nas redes reticuladas em duas dimens˜oes com condi¸c˜oes de contorno do tipo fronteira livre e peri´odicas. O cap´ıtulo 3 abordar´a com maiores detalhes a an´alise da dinˆamica. Por ora, nos basta ilustrar na figura 2.6 uma rede reticulada bidimensional com N = 36 n´os

(34)

2.2 Topologias de redes 16

Figura 2.6: Rede reticulada em duas dimens˜oes.

2.2.3

Rede livre de escala

Redes livres de escala possuem uma distribui¸c˜ao de grau que segue uma regra do tipo “lei de potˆencia”,

P (k) ≈ k−γ, (2.11)

onde γ ´e um parˆametro real e positivo. Em geral, verifica-se empiricamente que 2 < γ < 3 [44, 46]. Como um exemplo t´ıpico da aplica¸c˜ao nos problemas envolvendo essas redes, podemos citar o caso da Internet, no qual o modelo se aplica considerando os n´os como sendo os sites e as conex˜oes os hyperlinks. De modo geral, essas redes apresentam duas caracter´ısticas fundamentais, dadas pelo crescimento e pela conex˜ao preferencial. A primeira delas considera que em todas as redes reais verificadas obedecendo a equa¸c˜ao (2.11) h´a um mecanismo de adi¸c˜ao de n´os, enquanto a segunda caracter´ıstica ´e que os novos n´os possuem uma tendˆencia em associar-se `aqueles que j´a apresentam um grande n´umero de conex˜oes [12]. `A luz destes fatos, Albert-L´aszlo Barab´asi e R´eka Albert propuseram um algoritmo de cria¸c˜ao dessas redes de modo a reproduzir a distribui¸c˜ao de grau (2.11), que considera a seguinte sequˆencia l´ogica:

(35)

2.2 Topologias de redes 17 • crescimento: cria-se uma rede com m0 n´os que podem ou n˜ao ser totalmente

co-nectados e adicionam-se novos n´os individualmente, de modo a serem coco-nectados a m (m < m0) outros n´os j´a existentes.

• conex˜ao preferencial: as m conex˜oes de cada novo n´o da rede s˜ao escolhidas de forma que a probabilidade de que o novo n´o seja conectado com o i-´esimo j´a existente ´e

Π(ki) =

ki

P ki

,

onde ki ´e o grau do n´o i. A distribui¸c˜ao por lei de potˆencia e seu respectivo gr´afico log-log

s˜ao ilustrados na figura 2.7 [3]

Figura 2.7: Exemplo de uma rede livre de escala real de tamanho N = 2000 n´os. (a) Distribui¸c˜ao de grau em uma rede de intera¸c˜oes prot´eicas. Metade dos n´os tem grau 1, p(k = 1) = 0.48, enquanto existe somente um n´o com grau maior, k = 92, cuja probabilidade ´e p(92)≈ 0.0005. (b) Vers˜ao log-log da distribui¸c˜ao de probabilidade em (a). Figura adaptada de [3].

Uma das propriedades mais not´aveis da rede livre de escala refere-se aos n´os que possuem um grau muito maior do que o grau m´edio, ou seja, s˜ao altamente conectados. Estes s˜ao os chamados “hubs”. Os n´os rec´em adicionados tendem a se conectar aos hubs, o que justifica o termo “conex˜ao preferencial”. A presen¸ca dos hubs indica que a rede ´e heterogˆenea. Isso quer dizer que o grau de cada n´o varia bastante, ou seja, existem poucos n´os muito

(36)

2.2 Topologias de redes 18 conectados ao passo que existem muitos n´os pouco conectados. Matematicamente, a variˆancia da distribui¸c˜ao de grau ´e grande, isto ´e, σ =

q

hk2i − hki2 N [3]. Se considerarmos, por

exemplo, um sistema de comunica¸c˜oes, como discutido em [48], a heterogeneidade implica na rede ser vulner´avel `a ataques, no sentido de que a remo¸c˜ao de um hub, cujo papel ´e manter a conectividade, pode levar o sistema `a falhas, o que pode ser considerado uma fraqueza da rede. Por outro lado, se os n´os pouco conectados s˜ao retirados, ent˜ao a rede como um todo n˜ao ´e bruscamente afetada, o que pode ser visto como um alto n´ıvel de resiliˆencia, devido `a presen¸ca dos hubs. Outras redes heterogˆeneas incluem a Internet (WWW), as redes financeiras, sociais e as linhas a´ereas e at´e mesmo redes de intera¸c˜oes prot´eicas [3]. A figura 2.8 ilustra uma rede livre de escala com alguns hubs.

Figura 2.8: Exemplo de uma rede livre de escala obtida numericamente seguindo o algoritmo de Barab´asi-Albert, de tamanho N = 512 n´os e grau m´edio hki = 3. Os n´os maiores e centrais se referem aos hubs [53].

(37)

2.2 Topologias de redes 19 ser usadas como modelo se comparadas `as propriedades das redes reais. A primeira delas refere-se ao diˆametro da rede, cuja express˜ao prevista ´e dada por [3]

D≈ log N

log log N. (2.12)

Esta grandeza representa a maior distˆancia poss´ıvel na rede livre de escala. O mesmo re-sultado foi obtido independentemente por Cohen e Havlin [49] e Bollob´as e Riordan [50]. A segunda quantidade em destaque ´e o coeficiente de agrupamento, obtido por Klemm e Eguiluz [51],

C = m− 1 8

(ln N )2

N , (2.13)

onde m ´e o n´umero de links. Esta express˜ao foi demonstrada por Bollob´as [52]. Podemos ver que o coeficiente de agrupamento diminui quanto maior for o valor de N [3].

2.2.4

Rede estrela

As redes do tipo estrela tamb´em s˜ao raras na natureza uma vez que h´a poucos n´os ocupando uma posi¸c˜ao central e privilegiada e muitos n´os perif´ericos que copiam o estado do n´o central. Assim como a rede totalmente conectada, esta topologia serve de modelo para estruturas que podem ser encontradas dentro de redes t´ıpicas, como os hubs das redes livre de escala, j´a abordados. Consideramos uma rede com N n´os; destes, m0 pertencem ao n´ucleo

totalmente conectado e os demais N−m0 n´os perif´ericos conectam-se a todos os n´os centrais.

A figura 2.9 ilustra alguns tipos de rede estrela.

O coeficiente de agrupamento para redes estrela pode ser calculado da seguinte forma: para m0 > 1, os n´os centrais tˆem m0−1 vizinhos com todas as poss´ıveis (m0−1)(m0−

2)/2 conex˜oes existentes entre si, restando N−m0vizinhos perif´ericos sem quaisquer conex˜oes

entre si. Com isso, das poss´ıveis (N − 1)(N − 2)/2 conex˜oes para os n´os centrais, sobram apenas as (m0− 1)(m0− 2)/2. Os n´os perif´ericos, ent˜ao, tˆem m0 vizinhos conectados entre

(38)

2.2 Topologias de redes 20

Figura 2.9: Exemplos de redes estrela com N = 9 e m0 = 3 (esquerda) e N = 11 e m0 = 1

(direita).

que a rede estrela tem apenas um n´o central, m0 = 1, toma-se o coeficiente de agrupamento

como sendo C = 0, uma vez que nenhum dos vizinhos de qualquer n´o admite conex˜oes entre si [41]. Pode-se ainda calcular o coeficiente de agrupamento m´edio, usando a equa¸c˜ao (2.3)

C = Cc m0 N  + Cp  N− m0 N  (1− δm0), (2.14)

onde Cc e Cp s˜ao o n´umero de n´os centrais e perif´ericos, respectivamente. Em termos da

an´alise acima, a equa¸c˜ao precedente se escreve como

C =m0 N  (m0 − 1)(m0− 2) (N − 1)(N − 2)  +  N − m0 N  (1− δm0). (2.15)

Outro parˆametro que pode ser calculado analiticamente ´e o caminho m´ınimo m´edio. Se considerarmos dois n´os perif´ericos quaisquer, o caminho ´e de duas conex˜oes e h´a (N−m0)(N−

m0 − 1)/2 pares poss´ıveis, enquanto que para quaisquer outros n´os, o caminho ´e de uma

conex˜ao. Como a rede inteira permite N (N − 1)/2 pares, o caminho m´ınimo m´edio deve ser

destrela = 1 +

(N − m0)(N − m0− 1)

N (N − 1) . (2.16)

Finalmente, a distribui¸c˜ao de grau para redes estrela ´e [41]

P (k) =  N − m0 N  δ(k− m0) + m0 N  δ(k− (N − 1)), (2.17)

(39)

2.3 Dinˆamica na rede 21 uma vez que todos os n´os centrais tˆem N − 1 conex˜oes com os demais e os n´os perif´ericos tˆem m0, ou seja, uma conex˜ao com cada n´o central da estrela.

2.3

Dinˆ

amica na rede

Em matem´atica, um sistema dinˆamico ´e um conceito definido como um conjunto de regras ou equa¸c˜oes que governam a mudan¸ca de um estado do sistema ao longo do tempo. Esses estados s˜ao representados por vari´aveis que podem ser tanto cont´ınuas ou discretas e a dinˆamica pode ser determin´ıstica ou estoc´astica. Muitos processos reais e at´e mesmo seus respectivos modelos simplificados s˜ao representados por sistemas dinˆamicos em redes e, por conta disso, existem v´arios tipos de dinˆamica que podem ser definidas. Podemos citar como exemplo o modelo de Kuramoto [24, 25], que consiste em um sistema formado por osciladores acoplados [54, 55] que possuem uma determinada frequˆencia intr´ınseca, objetivando estudar sincroniza¸c˜ao. Este modelo foi proposto no contexto de osciladores qu´ımicos e biol´ogicos que operam em vari´aveis cont´ınuas e possuem uma vasta aplica¸c˜ao em neurociˆencia [56, 57, 58]. Al´em disso, tamb´em pode ser utilizado em sistemas de transmiss˜ao, como ocorre em redes el´etricas [59, 60, 61]. Um outro exemplo largamente estudado ´e o caso de epidemias em redes. O avan¸co de doen¸cas, como ´e o caso do HIV [28] e do ebola [29], envolve o contato entre indiv´ıduos. Neste tipo de abordagem, cada indiv´ıduo da rede assume o papel de um n´o, enquanto os links s˜ao vistos como o contato entre indiv´ıduos. Existem v´arias formas de se implementar o problema e o modelo SIR (suscept´ıvel-infectado-recuperado) ´e bastante simples e conhecido [19]. Considera-se que no instante inicial da dinˆamica, existem n´os infectados e n˜ao infectados. A cada passo de tempo, os n´os infectados transmitem a doen¸ca para cada um de seus vizinhos, o que ocorre com uma certa probabilidade. Cada n´o infectado permanece neste estado por um determinado n´umero de passos para, em seguida, se recuperar e ficar novamente suscept´ıvel `a doen¸ca.

Existem ainda redes nas quais a dinˆamica est´a presente apenas nos links. Exem-plos incluem o tr´afego de estradas, onde os locais de destino s˜ao vistos como n´os fixos na

(40)

2.3 Dinˆamica na rede 22 rede e as estradas os links, conectando os lugares, que possuem capacidade limitada de fluxo [26, 27]. Al´em disso, numa cidade bastante populosa, o interesse essencial est´a em buscar uma otimiza¸c˜ao, visto que cotidianamente ´e relevante encontrar ou o caminho m´ınimo ou o menor tempo de percurso para se chegar a um determinado destino. Um ´ultimo exemplo a ser considerado ´e um processo dinˆamico bin´ario baseado no modelo do eleitor, que descreve uma elei¸c˜ao na qual h´a dois candidatos, 0 e 1, e um grupo de N eleitores indecisos que s˜ao influenciados ou pelos seus contatos de amigos ou pelos chamados formadores de opini˜ao. Os n´os da rede social representam indiv´ıduos e sua inten¸c˜ao de voto em algum dos candidatos, possuindo estado interno 0 ou 1. Por outro lado, os formadores de opini˜ao podem influenciar todo um conjunto de eleitores indecisos e apresentam opini˜oes imut´aveis. Na rede, estes formadores ser˜ao modelados pelos n´os fixos e se conectam a todos os n´os livres, que podem mudar seu estado interno adotando ou o de seu vizinho, que tamb´em ´e livre, ou o de um n´o fixo. Neste sentido, os n´os livres representam os eleitores indecisos que podem ou n˜ao mudar de opini˜ao [30, 31, 32].

A dinˆamica que utilizaremos ao longo desse trabalho ´e inspirada no modelo do eleitor. Nossa quantidade de interesse ´e an´aloga `a probabilidade P (m) de que o candidato 1 obtenha m votos. Assim, consideremos uma rede gen´erica com N +N0+N1n´os. A cada n´o i,

associamos um estado interno xi, que pode assumir os valores 0 e 1. Os n´os s˜ao divididos em

trˆes categorias: N n´os s˜ao livres para mudar seu estado interno, de acordo com a dinˆamica que ser´a especificada adiante; N1 n´os s˜ao fixos no estado interno 1 e N0n´os s˜ao fixos no estado

interno 0. Vamos supor que os n´os congelados s˜ao perturba¸c˜oes aos n´os livres. Esse modelo pode ser mapeado exatamente na dinˆamica de uma popula¸c˜ao com um gene, onde os estados 0 e 1 podem ser vistos como um gene de dois alelos, os n´os livres podem ser representados pelos indiv´ıduos da popula¸c˜ao e os n´os congelados, N0 e N1, est˜ao associados `as taxas de

muta¸c˜ao [45]. A informa¸c˜ao sobre a topologia da rede est´a contida na matriz de adjacˆencias, Aij. Neste contexto, essa grandeza representa a estrutura da popula¸c˜ao, indicando quais

indiv´ıduos podem interagir entre si.

Para implementarmos os algoritmos das simula¸c˜oes que utilizamos ao longo desse trabalho, adotamos os seguintes r´otulos para qualquer rede estudada: escolhemos os ´ındices

(41)

2.3 Dinˆamica na rede 23 dos n´os com estado interno livre com o r´otulo 1 ≤ i ≤ N, os n´os com estado interno fixo em 1 com N < i≤ N + N1 e os n´os com estado interno fixo em 0 ser˜ao N + N1 < i≤ N + N0+ N1

(figura 2.10). Al´em disso, a cada passo de tempo o estado de um dos N n´os, cujo estado interno varia, ´e atualizado consoante a regra: ou o estado n˜ao muda, o que ocorre com probabilidade p, ou o n´o copia o estado de um dos vizinhos ao qual est´a conectado, o que ocorre com probabilidade 1−p. Este modelo ´e interessante e tem muitas aplica¸c˜oes; podemos destacar o problema que descreve a gen´etica de popula¸c˜oes sexuadas e, neste contexto, a utiliza¸c˜ao de valores n˜ao inteiros de N0 e N1 pode ser associada `as taxas de muta¸c˜ao. Vale

ainda ressaltar que, na situa¸c˜ao em que algum dos n´os fixos est´a ausente o sistema converge para os chamados estados absorventes, onde todos os n´os livres atingem o mesmo estado interno. Como por exemplo, para o caso em que N0 = 0 e N1 6= 0, a rede ficar´a em equil´ıbrio

no estado 1.

Figura 2.10: Intervalo proposto para o indexamento dos ´ındices dos n´os da rede a ser tratada na dinˆamica de c´opia e atualiza¸c˜ao de estados.

Nosso problema consiste em obter a probabilidade Pt(x, x0) de a rede ser

en-contrada num estado posterior x ap´os t passos da dinˆamica, dado o estado inicial x0.

Para uma rede com N n´os livres, x ´e um vetor de estados microsc´opico do tipo x = (x1, ..., xi−1, xi, xi+1, ..., xN), especificando o estado de cada n´o. Assim, cada entrada do vetor

representa o estado xi de um n´o indexado por i, cujo valor pode ser xi = 0 ou xi = 1. Para

um sistema com N n´os, o n´umero total de estados ´e 2N. Este sistema pode ser visto como um

g´as e o vetor de estados x ´e equivalente a especificar a posi¸c˜ao e o momento de cada part´ıcula. Vamos supor que a rede evolui de tal modo que apenas um n´o ´e escolhido aleatoriamente para ser atualizado a cada passo. A fim de escrevermos a express˜ao de como a probabilidade varia com o tempo, definimos um estado auxiliar ˜xi = (x

1, ..., xi−1, 1− xi, xi+1, ..., xN), cujo

(42)

2.3 Dinˆamica na rede 24 probabilidade de encontrarmos a rede no estado x no instante de tempo t + 1 ´e composta de trˆes termos, a saber: (i) a probabilidade Pt(x) de que a rede estivesse no estado x no tempo

t e que o n´o selecionado n˜ao mudou o seu estado interno; (ii) a probabilidade Pt(x) de que a

rede estivesse no estado x no tempo t e que o n´o selecionado copiou o estado de um vizinho idˆentico, n˜ao mudando, pois, o seu estado interno, T (xi → xi); (iii) a probabilidade Pt( ˜xi)

de que a rede estivesse no estado ˜xi no tempo t e que o n´o i foi selecionado e seu estado

˜ xi

i = 1− xi mudou para xi, T ( ˜xii → xi). A express˜ao geral da distribui¸c˜ao de probabilidade,

adaptada de [42, 43, 45], ´e Pt+1(x) = pPt(x) + 1− p N Pt(x) N X i=1 T (xi → xi) + 1− p N N X i=1 Pt(˜xi)T ( ˜xii → xi), (2.18)

onde os trˆes termos do lado direito correspondem aos itens (i), (ii) e (iii) explicados acima. A equa¸c˜ao (2.18) pode ser escrita em fun¸c˜ao da matriz de adjacˆencias dos n´os livres, de modo a deix´a-la mais pr´atica. Nesse caso, a matriz tem dimens˜ao N × N. As probabilidades de transi¸c˜ao T (xi → xi) e T ( ˜xii → xi) se referem ao n´o sorteado copiar o estado de um vizinho.

De acordo com as regras dinˆamicas, podemos escrevˆe-las como

T (xi → xi) = 1 ki+ N0+ N1 " N X j=1 Aij|1 − xi− xj| + xiN1 + (1− xi)N0 # . (2.19)

Esta probabilidade refere-se ao n´o sorteado i de estado xi copiar um vizinho j de estado

xj idˆentico a ele. O primeiro termo dentro dos colchetes refere-se a um vizinho cujo estado

´e livre e apenas contribuir´a se os estados dos n´os forem iguais, ou seja, se xi = xj; caso

contr´ario, o valor dentro do m´odulo ´e zero. Os outros dois termos referem-se a um vizinho cujo estado ´e fixo. Nesse caso, se o n´o sorteado tiver estado 1 a c´opia ser´a feita por um n´o fixo em 1; se o n´o sorteado for 0, a c´opia ser´a feita por um n´o fixo em 0. Esta probabilidade de transi¸c˜ao ´e normalizada pelo n´umero total de vizinhos do n´o sorteado i, incluindo os ki

n´os livres conectados a ele e os n´os fixos.

A segunda probabilidade de transi¸c˜ao refere-se ao n´o sorteado i de estado ˜xi

icopiar

um vizinho j de estado ˜xi

(43)

2.3 Dinˆamica na rede 25 T ( ˜xi i → xi) = 1 ki+ N0+ N1 " N X j=1 Aij| ˜xii− ˜xij| + (1 − ˜xii)N1+ ˜xiiN0 # = 1 ki+ N0+ N1 " N X j=1 Aij|1 − xi− xj| + xiN1 + (1− xi)N0 # . (2.20)

onde escrevemos que ˜xi

i = 1− xi e que ˜xij = xj, para i 6= j. Utilizando o mesmo racioc´ınio

da equa¸c˜ao (2.19), vemos que o primeiro termo dentro dos colchetes refere-se a c´opia de um vizinho de estado livre, cuja contribui¸c˜ao ser´a feita somente se os n´os estiverem em estados opostos, ou seja, ˜xi

i 6= ˜xij. Os demais termos indicam que o vizinho do n´o sorteado tem

estado fixo; dessa forma, se o n´o sorteado for 1, a c´opia ser´a feita por um n´o fixo em 0, caso contr´ario, o n´o sorteado copiar´a um n´o fixo em 1.

Juntando as equa¸c˜oes (2.19) e (2.20), podemos reescrever a express˜ao (2.18) como

Pt+1(x) = pPt(x) + 1− p N N X i=1 [Pt(x) + Pt(˜xi)] ki+ N0+ N1 " N X j=1 Aij|1 − xi− xj| + xiN1 + (1− xi)N0 # . (2.21) que ´e a equa¸c˜ao mestra da dinˆamica de redes. Para topologias arbitr´arias a solu¸c˜ao ´e bastante complicada; entretanto, alguns casos podem ser resolvidos analiticamente, como ´e o caso da rede totalmente conectada [41, 42].

Em suma, a dinˆamica que estamos tratando ´e realizada atrav´es do sorteio de um n´o i dentre os ´ındices dos n´os cujo estado interno ´e vari´avel e dever´a realizar uma c´opia de estado de um outro ´ındice j de algum vizinho conectado, com i 6= j necessariamente. A sele¸c˜ao do ´ındice para atualizar ´e simplesmente aleat´oria. Na escolha do segundo ´ındice, entretanto, deve ser levado em conta todo o espectro de vizinhos conectados ao i−´esimo n´o. Para implementar no programa, ´e ´util utilizarmos a matriz de vizinhos b(i, j), que fornece o ´ındice do j−´esimo vizinho do n´o i. Devemos nos lembrar que os n´os com estado interno fixo s˜ao levados em considera¸c˜ao na contagem dos vizinhos do n´o a ser atualizado, ou seja, este n´o possui um total de ki+ N0+ N1 vizinhos. Para exemplificar, a matriz de vizinhos da rede

(44)

2.3 Dinˆamica na rede 26 b =               2 5 0 0 1 3 4 0 2 4 5 6 2 3 0 0 1 3 0 0 3 0 0 0               . (2.22)

Vale ressaltar que as linhas da matriz b(i, j) da equa¸c˜ao (2.22) fornecem o ´ındice i do n´o, contendo os ´ındices dos n´os conectados a ele.

(45)

27

Cap´ıtulo 3

Dinˆ

amica na rede estrela

A rede estrela ´e bastante utilizada no tratamento de problemas envolvendo em grande maioria sistemas de computadores [62, 63, 64, 65]. Nesta topologia, somente um n´o ocupa uma posi¸c˜ao central enquanto h´a muitos n´os perif´ericos conectados a ele. Usualmente o n´o central ´e chamado de hub, uma vez que ´e fortemente conectado. Esta estrutura de rede pode ser utilizada para representar situa¸c˜oes mais caracter´ısticas, nas quais existem alguns n´os mais centrais ao inv´es de um ´unico hub. A figura 3.1 ilustra de forma simples esta topologia.

Figura 3.1: Representa¸c˜ao da rede estrela com um n´o central. A topologia apresenta o n´o central conectado com os perif´ericos, cujos estados internos s˜ao livres. Os n´os fixos podem ser visualizados num plano superior `a estrutura da rede, conectados entre si e com todos os demais n´os da rede, perturbando o sistema dos n´os livres, no qual inclui-se o central.

´

E not´avel como este tipo de estrutura ocorre com frequˆencia dentro de redes livre de escala, como abordamos no cap´ıtulo anterior, onde destacam-se os hubs, que foram re-presentados pelos n´os maiores na figura 2.8. Neste modelo de rede o sistema como um todo

(46)

3.1 Rede totalmente conectada 28 depende do n´o central. Para exemplificar, consideremos uma rede de computadores organi-zada com esta topologia, onde cada n´o da rede pode ser visto como uma das m´aquinas do sistema, enquanto os links representam as transmiss˜oes de sinais entre elas. Uma vantagem desta topologia para a rede de computadores consiste na facilidade de ser manipulada devido `a sua simplicidade. Neste aspecto, a rede pode ser expandida, bastando que se conectem com-putadores perif´ericos ao central. Al´em disso, em caso de quaisquer das m´aquinas perif´ericas falharem, a rede pode ser facilmente reparada, visto que o central n˜ao ´e afetado. Por outro lado, se o computador central falhar ou for invadido por um agente externo, toda a rede ser´a afetada, visto que h´a uma forte dependˆencia das m´aquinas perif´ericas com a central. Outra desvantagem se refere ao tamanho da rede, pois se existirem muitos computadores perif´ericos dependendo de um ou poucos centrais, a transmiss˜ao de dados pode ser feita de maneira mais lenta. Assim, ´e interessante estudar com afinco a rede estrela devido `a essas grandes diferen¸cas ao se abordar ou o n´o central ou algum dos perif´ericos, a fim de analisar como o conjunto se comporta.

Iremos expor neste cap´ıtulo todos os estudos desenvolvidos na topologia da rede estrela com apenas um n´o central, que compreendem tanto abordagens anal´ıticas quanto simula¸c˜oes computacionais. Primeiramente, faremos uma s´ıntese dos resultados conhecidos na rede totalmente conectada [41, 42, 43] que, como veremos, possui um comportamento bastante diferente da rede estrela na criticalidade. Em seguida, introduziremos as equa¸c˜oes propostas para descrever a rede estrela e trataremos posteriormente da dinˆamica compu-tacional, seguindo a abordagem descrita no cap´ıtulo 2. Pretendemos buscar tamb´em uma aproxima¸c˜ao anal´ıtica na rede estrela, que consiste em fixar o n´o central em cada um dos estados, a fim de comparar com a dinˆamica obtida por meio das simula¸c˜oes.

3.1

Rede totalmente conectada

O modelo dinˆamico introduzido no cap´ıtulo 2 apresenta solu¸c˜ao anal´ıtica na rede totalmente conectada. Conforme j´a apresentado, os n´os s˜ao indistingu´ıveis nesta topologia e

(47)

3.1 Rede totalmente conectada 29 o estado da rede ´e totalmente especificado pelo n´umero de n´os que encontram-se no estado interno 1. A probabilidade no equil´ıbrio ρ(m) de encontrar a rede com m n´os no estado 1 foi obtida nas referˆencias [41, 42, 43], e ´e dada por

ρ(m) = A(N, N0, N1)

Γ(N1+ m)Γ(N + N0 − m)

Γ(N− m + 1)Γ(m + 1) , (3.1)

onde Γ ´e a fun¸c˜ao gama e A(N, N0, N1) ´e a normaliza¸c˜ao,

A(N, N0, N1) =

Γ(N + 1)Γ(N0+ N1)

Γ(N + N0 + N1)Γ(N0)Γ(N1)

, (3.2)

Essa express˜ao ´e geral e v´alida para N0 e N1 reais. Valores de N0 e N1 menores do que 1

podem ser pensados como n´os fixos com pouca influˆencia, como em uma rede onde os links tˆem pesos. A figura 3.2 ilustra alguns resultados.

Figura 3.2: Distribui¸c˜ao de probabilidade no equil´ıbrio para uma rede totalmente conectada com N = 100 n´os livres e alguns valores de N0e N1. O ponto cr´ıtico ocorre para N0 = N1 = 1,

(48)

3.1 Rede totalmente conectada 30 Essas express˜oes foram calculadas resolvendo-se as equa¸c˜oes (2.21) no equil´ıbrio. Por ora, basta dizermos que o problema consistiu em se calcular os autovalores e autovetores da matriz de evolu¸c˜ao temporal do vetor de probabilidades, |Pti, ou seja, |Pti = Ut|P0i,

sendo v´alida a rela¸c˜ao alg´ebrica, U|ari = λr|ari, onde |ari e λr s˜ao os respectivos autovalores

e autovetores, indexados por um n´umero inteiro r entre 0 e N . Adiantamos o in´ıcio dos c´alculos nessa se¸c˜ao para destacar o tempo de estabiliza¸c˜ao na rede, que ´e dado por [41, 42, 43]

τ = N (N + N0+ N1− 1) r(r + N0+ N1− 1)

(1− p) ≈ N2, (3.3)

e que nos ser´a ´util para comparar com o da rede estrela, encontrado por inspe¸c˜ao num´erica, como veremos logo adiante.

A presen¸ca dos n´os congelados faz com que a dinˆamica nunca se estabilize, ou seja, a rede se move continuamente de um estado ao outro com n´umero m´edio de ocupa¸c˜ao

¯

m = N N1/(N0 + N1). Se fizermos N0 = N1 = 1 na equa¸c˜ao (3.1), veremos que a solu¸c˜ao

obtida ´e ρ(m) = 1/(N + 1), para quaisquer valores de m, o que significa que todos os estados na rede s˜ao igualmente prov´aveis. Os resultados obtidos para a rede totalmente conectada tamb´em podem ser utilizados para outras redes. No entanto, ´e preciso levar em considera¸c˜ao que o efeito dos n´os congelados ´e maior para topologias diferentes. A probabilidade de um n´o livre copiar um n´o congelado numa rede qualquer que satisfaz `a dinˆamica proposta ´e dada pela fra¸c˜ao de n´os congelados da rede pelo total de vizinhos do n´o em quest˜ao, ou seja,

Pi =

N0+ N1

N0+ N1+ ki

, (3.4)

onde ki´e o grau do n´o i. Para redes totalmente conectadas, ki = N− 1 e, consequentemente,

Ptc =

N0+ N1

N0+ N1 + N− 1

. (3.5)

Para redes gen´ericas, pode-se calcular o valor m´edio Pm substituindo ki pelo grau m´edio da

rede, hki. Como hki < ktc = N − 1, uma vez que a rede totalmente conectada ´e a topologia

que exibe o maior grau m´edio por conta de ter o n´umero m´aximo de conex˜oes, vemos que Pm > Ptc e com isso conclu´ımos que o efeito dos n´os congelados ´e maior nas demais redes.

(49)

3.2 Rede estrela com um n´o central 31 Assim, a fim de comparmos o efeito dos n´os externos entre as redes totalmente conectada e as outras topologias, ´e conveniente definirmos o n´umero efetivo de n´os congelados, N0ef e

N1ef, como sendo os valores N0 e N1 na distribui¸c˜ao de Ptc para os quais Pm = Pf c, o que

nos leva a

N0ef = f N0, N1ef = f N1, (3.6)

onde f = (N−1)/ hki. Trabalhos anteriores [41, 42] j´a demonstraram que a equa¸c˜ao (3.1) jun-tamente com os valores reescalados dos n´os congelados reproduz muito bem as distribui¸c˜oes de probabilidade para v´arias topologias, como por exemplo, redes mundo pequeno, redes regulares em duas dimens˜oes, rede livre de escala e redes aleat´orias de tamanho pequeno.

3.2

Rede estrela com um n´

o central

A presente subse¸c˜ao cont´em os resultados importantes desta disserta¸c˜ao. Mos-traremos como funciona a dinˆamica do eleitor na rede estrela, tanto por meio das equa¸c˜oes que propusemos quanto atrav´es das simula¸c˜oes computacionais. Por completeza, vamos rever brevemente a estrutura da rede e o processo dinˆamico.

3.2.1

Equa¸c˜

oes da rede

Seja uma rede estrela com N + 1 n´os. Consideremos que a rede possui apenas um n´o central, ao qual indexaremos por 1, e N n´os perif´ericos, que est˜ao conectados somente ao central. Cada n´o possui um estado interno que pode assumir os valores 0 ou 1. Al´em disso, cada um dos N + 1 n´os da rede est´a conectado a N0 n´os cujos estados internos s˜ao fixos em

0 e a N1 n´os fixos no estado 1. Consideramos que os n´os da rede, composta pelos perif´ericos

e o central, s˜ao livres para mudar seu estado interno de acordo com a seguinte regra: a cada passo de tempo sorteia-se um n´o livre e, com probabilidade p seu estado permanece o mesmo;

(50)

3.2 Rede estrela com um n´o central 32 em contrapartida, o n´o pode copiar o estado de um dos seus vizinhos, dentre os livres e fixos, tamb´em escolhido ao acaso, o que ocorre com probabilidade 1− p.

Para uma rede estrela descrita dessa forma e levando em considera¸c˜ao que os n´os perif´ericos s˜ao indistingu´ıveis, um estado da rede ´e caracterizado pela quantidade m de n´os perif´ericos no estado 1, totalizando N + 1 possibilidades para m = 0 a m = N , e pelo estado do n´o central, que pode assumir os estado 1 ou 0, totalizando 2(N + 1) estados diferentes. Assim, podemos definir as probabilidades r1(m, t) e r0(m, t) de que existam m n´os perif´ericos

no estado 1 no tempo t, dado que o n´o central esteja no estado 1 e 0, respectivamente. As equa¸c˜oes dinˆamicas propostas para r1(m, t) e r0(m, t) podem ser escritas da seguinte maneira

r1(m, t + 1) = r1(m, t)p + r1(m, t)(1− p)  m N + 1   N1+ 1 1 + N0+ N1  + + r1(m, t)(1− p)  N − m N + 1   N0 1 + N0+ N1  + + r1(m, t)(1− p)  1 N + 1   m + N1 N + N0+ N1  + + r1(m + 1, t)(1− p)  m + 1 N + 1   N0 1 + N0+ N1  + + r1(m− 1, t)(1 − p)  N − (m − 1) N + 1   N1+ 1 1 + N0+ N1  + + r0(m, t)(1− p)  1 N + 1   m + N1 N + N0+ N1  , (3.7) e r0(m, t + 1) = r0(m, t)p + r0(m, t)(1− p)  m N + 1   N1 1 + N0+ N1  + + r0(m, t)(1− p)  N − m N + 1   N0+ 1 1 + N0+ N1  + + r0(m, t)(1− p)  1 N + 1   N − m + N0 N + N0+ N1  + + r0(m + 1, t)(1− p)  m + 1 N + 1   N0+ 1 1 + N0+ N1  + + r0(m− 1, t)(1 − p)  N − (m − 1) N + 1   N1 1 + N0+ N1  + + r1(m, t)(1− p)  1 N + 1   N − m + N0 N + N0+ N1  . (3.8)

(51)

3.2 Rede estrela com um n´o central 33 Embora essas equa¸c˜oes possam ser obtidas a partir das express˜oes (2.21), ´e mais f´acil escrevˆe-las diretamente, a come¸car pela equa¸c˜ao (3.7): o primeiro termo refere-se `a probabilidade p de um n´o sorteado n˜ao ser atualizado. O segundo termo indica que o n´o sorteado vai copiar o estado de um vizinho com probabilidade 1− p cujo estado pode ser idˆentico ou diferente a ele. Uma vez que um ´unico n´o ´e atualizado a cada passo de tempo, o estado r1(m, t + 1)

pode somente ser atingido atrav´es dos estados r1(m, t), r0(m, t), r1(m + 1, t) e r1(m− 1, t).

Se o estado no tempo t for r1(m0, t), o n´o perif´erico a ser atualizado pode se encontrar no

estado 1 com probabilidade m0/(N + 1). Para que a rede permane¸ca com m0 n´os no estado

1 no tempo t + 1, o n´o precisa copiar um outro que esteja no mesmo estado, o que ocorre com probabilidade (N1 + 1)/(1 + N0 + N1). Este peso leva em conta os N1 n´os fixos em 1

al´em do n´o central, que tamb´em encontra-se neste estado. Os outros termos s˜ao obtidos de maneira an´aloga. ´E relevante destacarmos o termo de acoplamento desta equa¸c˜ao, r0(m, t),

que faz alus˜ao `a probabilidade do n´o central se encontrar no estado 0 e ser atualizado para 1. A equa¸c˜ao (3.8) pode ser entendida da mesma maneira. Para concluir, a partir das suas express˜oes propostas acima, constru´ımos a probabilidade total de obter m n´os no estado interno 1 no tempo t,

P (m, t) = r1(m− 1, t) + r0(m, t), (3.9)

onde ´e v´alido notar que desconta-se uma unidade no ´ındice de r1, evidenciando o n´o central

fixo no estado 1.

3.2.2

Implementa¸c˜

ao da dinˆ

amica

A an´alise anterior descreve a evolu¸c˜ao temporal da probabilidade de encontrar a rede em determinado estado. Queremos realizar agora a simula¸c˜ao da dinˆamica propriamente dita que consiste em sortear um n´o ao acaso e realizar todos os processos da dinˆamica j´a

(52)

3.2 Rede estrela com um n´o central 34 descritos em detalhes no cap´ıtulo anterior 1. A dinˆamica deve ser simulada muitas vezes

para que possamos calcular as probabilidades de um determinado estado ocorrer e, dessa forma, comparar com as equa¸c˜oes (3.7) e (3.8). Nesta etapa da implementa¸c˜ao, escrevemos os comandos do programa no software M atlab c para: (1) sortear um n´o livre, isto ´e, central

ou perif´erico, totalizando N + 1 n´os; (2) copiar o estado de outro n´o, tamb´em sorteado aleatoriamente, dentre o total de n´os, livres ou fixos. Assim, pode-se sortear ou o n´o central, que copiar´a o estado de um dentre os outros N + N0+ N1 n´os, ou algum dos n´os perif´ericos,

que copiar´a o estado de um dentre os outros 1 + N0 + N1 n´os poss´ıveis. No in´ıcio de todas

as simula¸c˜oes que faremos neste trabalho, consideramos Ni = N/2 n´os livres com estado

interno em 1. Para realizarmos a dinˆamica montamos a matriz b(i, j) do j-´esimo vizinho do n´o i, a matriz de adjacˆencia A(i, j) que faz a conex˜ao entre os n´os e o vetor nn(i) que indica o n´umero de vizinhos de cada n´o. Neste contexto, optamos por indexar o n´o central em 1 enquanto os perif´ericos receberam os ´ındices de 2 at´e N + 1. A tabela 3.1 sintetiza a montagem dessas grandezas.

N´o central (j = 1) N´o perif´erico (j 6= 1) Matriz de conectividade A(1, j) = 1, ∀ 2 ≤ j ≤ N + 1 A(j, 1) = 1, ∀ 2 ≤ j ≤ N + 1

Matriz de vizinhos b(1, j) = j + 1, ∀ 1 ≤ j ≤ N b(j, 1) = 1, ∀ 2 ≤ j ≤ N + 1 N´umero de vizinhos nn(1) = N nn(j) = 1, ∀ 2 ≤ j ≤ N + 1 Tabela 3.1: S´ıntese dos parˆametros utilizados na simula¸c˜ao para cada tipo de n´o (central e perif´erico).

Na primeira linha, temos a constru¸c˜ao da matriz de conectividade para o n´o central e para os perif´ericos. Note que para qualquer n´o perif´erico h´a somente uma conex˜ao: o n´o central conecta-se com cada n´o perif´erico, indicado por A(1, j) = 1, ao passo que cada n´o perif´erico est´a conectado somente com o central, ou seja, A(j, 1) = 1, onde 2≤ j ≤ N +1. J´a a segunda linha traz a matriz de vizinhos. Neste caso, o n´o central est´a conectado com cada

1Os r´otulos adotados aos ´ındices i das simula¸c˜oes a serem realizadas s˜ao propostos como seguem: n´os

com estado interno livre s˜ao indexados por 1 ≤ i ≤ N0, em que N0 ´e a quantidade desses n´os; n´os com

estado interno fixo em 1 com N0 < i ≤ N0 + N

1 e os n´os com estado interno fixo em 0 ter˜ao os ´ındices

(53)

3.2 Rede estrela com um n´o central 35 n´o perif´erico j, b(1, j), 2 ≤ j ≤ N + 1, enquanto cada um desses j conecta-se somente com o central, de modo que b(j, 1) = 1, para j 6= 1. Finalmente, a ´ultima linha mostra o vetor correspondente ao n´umero de vizinhos de cada n´o. ´E imediato ver que o n´o central possui N vizinhos, que s˜ao os n´os perif´ericos, ao passo que cada n´o perif´erico est´a ligado somente ao n´o central, sendo este o seu ´unico vizinho. Assim, para realizar a dinˆamica, consideramos que o programa repetir´a o bloco de comandos Nr vezes at´e atingir o tempo final, T , e que dentro

de cada bloco, as opera¸c˜oes relacionadas ao sorteio de c´opia/atualiza¸c˜ao ser˜ao armazenadas no programa a cada ∆t vezes.

3.2.3

Resultados

Esta se¸c˜ao traz os resultados para as dinˆamicas referentes `as equa¸c˜oes exatas e `a dinˆamica via simula¸c˜ao computacional. O intuito ´e comparar os gr´aficos obtidos de ambas as abordagens para um determinado conjunto de parˆametros.

• Equa¸c˜oes exatas × dinˆamica

O primeiro resultado que encontramos objetiva comparar as curvas de probabi-lidade encontradas atrav´es das equa¸c˜oes exatas, que discorremos no come¸co deste cap´ıtulo, com a simula¸c˜ao computacional na rede, realizada atrav´es do sorteio de c´opia e atualiza¸c˜ao dos n´os. A figura 3.3 traz os resultados em cada uma dessas abordagens para quatro valores distintos dos n´os fixos que escolhemos convenientemente. Utilizamos tamb´em N = 100 n´os livres e o tempo de simula¸c˜ao para ambas as redes foi de T = 2.3× 104, valor no qual a

dinˆamica j´a atingiu um estado estacion´ario. No programa da dinˆamica, utilizamos Nr = 105,

valor suficiente para suavizar as curvas. Para obter os resultados das curvas s´olidas utilizamos a equa¸c˜ao (3.9). No que tange `as curvas pontilhadas, devemos salientar que em nenhum mo-mento fez-se uso de quaisquer tipos de abordagens anal´ıticas, ou seja, este caso ´e puramente estat´ıstico, com a dinˆamica implementada numericamente sobre a rede estrela.

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