nmm
m
m\m\
da
baíiia.THESE
APRESENTADA
Á
FACUIMDE
DE
MEDICIM
DA
BAHIA
E PERANTE ELLA SUSTENTADA
EM
NOVEMBRO
DE
1872!Sxanásco
ta}axo
©oitrinlja
NATURAL DA BAHIA
Filho legitimodeTlicodoricoLazaroTouriulio eD. RitaMaria Toiuiiiho
PARA
OBTER O
GRAU
DE
DOUTOR
EM
MEDICINA.
BAHIA
TYP.—MASSON—DE JOSÉ BERNARDO RAMOS.
FACriDADE
DE
MEDICIM DA
BAHIA.
DIRECTOR
VICE-DIRECTOR
O EX.™° SR. CONSELHEIRO DR. VICENTE FERREIRA DE MAGALHÃES. LENTES PROPRIETÁRIOS.
OS SRS. DOUTORES 1.•
anuo.
MATÉRIAS QUE LECCIONAO•
íoiis. VicenteFerreirade Magalhães . j
Physica em geral, e particularmente «m suas
• • í applicações áMedicina.
* * *
anuo.
9°
anuo.
, . Anatomiageral e pathologica.
4.0
anuo.
Sons. Manuel Ladislau Aranha Dantas
Cons. Mathias MoreiraSampaio . , 1
Partos, moléstias de mulheres [pcjadaí e de
1 meninos recemnascidos.
anuo.
j Anatomia topographica, Medicina operatória
j e apparelhos.
•
.0anuo.
Rozendo Aprigio Pereira Guimarães .
ÒPPGSITORES
Antonio Pacifico Pereira > Secção Cirúrgica.
Alexandre Affonsode Carvalho l
Ignacio José da Cunha .
Pedro Ribeiro de Araujo. . .
José Ignaciode Barros Pimentel
Virgilio Climaco Damazio. . .
Ramiro Affonso Monteiro . . . , Claudemiro Augusto de Moraes Caldas
Egas CarlosMoniz Sodré, . . . ,
SECRETARIO
O SR. DR. CINCINNATO PINTO DA SILVA. OFFICIAL DA SECRETARIA
O SR. DR. THOMAZ DE AQUINOGASPAR,
A Faculdftd« nSo approya nem reproya as opiniões emittidas nesta these.
Secção Accessoria.
SECÇÃO
CIRÚRGICA.
9
HElIORRnAfilA
PUERPERAL
ESEO
TRATAIIEXTO.Ilaeniorrhage isby far lhe most frequent sourceofdanger
to thoparturientwoman;andsinceit issocoramonin
occur-rence, so alarminginitsnatureandfatal initseffects, this
ac-cident callsfor themost anxious and serious attontion.
Ramsbotham.
A
prenhezimprime
na circulação geral modificações quese resolvemmui-tas vezes
em
hemorrhagias, as quaes teem sua séde oranas principaesvisce-ras, oranos órgãos genitaes,
no
féto e nos seus annexos, constituindoas quesão
denominadas
«hemorrhagiaspuerperaes.»Nós, porém, só trataremos da metrorrhagia puerperal, por ser a mais
fre-quente e perigosa de todas essâs hemorrhagias, além de que asdemais,
comb
diz Cazeaux,requerem indicações eguaes ás de outra qualquer epocha da vida
e só
em
casos raros ou excopcionacs poderáõ obrigar o parteiro a terminarapressadamente o parto.
A
metrorrhagiasempre
mereceoamaisseriaattençãodasciencia, desdeHyp-pocratesaté os nossos dias, visto
haverem
d'ella tratado os médicos maisemi-nentes de todos os
tempos
e achar-semencionada
em
todasas obras de obste-trícia.Pode
apparecerem
qualquer phase dagestação, no parto ou depois daexpulsão
do
féto e seus annexos; e é, conforme acima dissemos, a maisperi-gosa das hemorrhagiaspuerperaes, attenta a influenciaconsiderável que
exer-ce sobre o estado actual e ulteriormente sobre a saúde da mulher, afóra as
consequências possíveis.
A
sua etiologia especial, a sua significação diagnostica e prognostica, e o seo tratamento, lhe assignalão a importância entre as outras hemorrhagias.O
féto corre sériosperigos, sendoem
alguns casos quasium
milagre a sua sal-vação.A
importância do ponto escolhido para a nossa dissertação é patente e estálegitimada pelas poucas palavras
que
ficão escriptas.=
1
=
ms
occupamos, jâportel-òadoptadoa maioria dos auctores, jápor ser omaismelhodico, e, conseguintemente, o mais fácil ao estudo. Dividiremos a
nos-sa dissertação
em
duas partes,comprehendendo
a primeira as hemorrhagíasdurante a prenheze o trabalho, e asegunda aquellas que se manifestão depois
do
parto, inclusive as quesuccedem
á sahida da-placenta e asque
appareccm
algum tempo
depois.As
causas das hemorrhagias estãodivididasem
trcs grandes grupos:PRIMEIRA
PARTE.
JIETRORRDAfilA
DURASTE A PREMIEZ
E OTRARAIHO.
ETIOLOGIA.
CAUSAS
PREDISPONENTES.
La gestatioiiest une mer orageusc et parscmcc d*écucils
sur laquelle la mére et rcnfant vont vogucr pendant ncuf
mois entiers.
Mau7'iceaii
^^ORGANisMO (Ia
mulher
no estado de gestação soffre niodificarões^eraes, que se revelão por diversos
modos
: pela pletlioraem
al-í^i^^gunscasos, e namaioria d'elles pela chloro-anemia; seguindo-sc,
como
consequência, perturbações na circulação, na nutrição, e çv^^^^^umagrande irritabilidade nervosa.^
Antigamente nutria-se a crença de ser amulher
gravidasempre
^í4í^ plcthorica, visto suppor-se que o sangue da cpocha menstrual,
dei-xando
de extravasar-se por causa da prenhez, ia enriquecer amassa
geral.Andral oGavarret estudarão
mui
criteriosamenteesta questão, e concluirão desuas investigações que, longe do sangueenriquecer-se, ao contrario empobrecia
em
seuselementos principaes, os glóbulos.Becquerel, RodiereRegnault,com
uma
seriede novas observações,comprovarão
o que esses dous sábiospro-fessores disserão, e estabelecerão que o sangue retido não era suíficiente para
a nutrição
do
ovulo; que a espoliação occasionada pelo estado de gravidez étal que esse
mesmo
sangue nãopode
compensal-a.West, illustre parteiro inglez, concorda
com
a diminuição nos glóbulos, caílirma haver
augumenlo
na parte aquosa. Mulheres ha, porém, que,quando
gravidas, íicão dotadas de
um
temperamento
sanguíneo, deuma
constituiçãoforte,
ede
uma
grande actividade na circulação; que,numa
palavra, são ple-thoriciis. D'uhipodemos
concluircom
Pajot e P. Dubois que a gestaçãopro-duzora a chloro-anemia, ora a plethora, e muitas vezesnada de especial. Pois
bem
: tanto a chloro-anemia,como
a plethora, são causas predisponentes dasheniorrhagias.
Um
temperamento
nervosotrazcomsigo predisposiçãoás perdassanguíneas, por isso quetodas as excitações se reflectem
no
útero.T
^Este
orgam
é a séde dephenomenos
muito importantes. Soffremodi-ficações
cm
sua estructura; suas paredes se amplião consideravelmente; seo tecido se rarefaz; os troncos arteriaes e os venosos, que se entrelação na sua espessura,augmentão
de calibre; e suas ramificações se multiplicão singu-larmente.Assim, desdea concepção, o apparelho vascular uterino vaese
desenvolven-do; ha
um
afíluxo deliquides, que torna-se maior ámedida
que o ovulo,con-trahindo adherencias maisintimas edesenvolvendo-se mais, nutre-se
também
mais largamente.
No
primeiromez
o ovulo occupaum
espaço muitopequeno
e as suas ad-herencias sãopoucas.Mas
quando
aplacenta está organisada, eslabelece-seno
seo ponto de inserção
uma
dupla circulação, além do desenvolvimentodo
ap-parelho vascular do órgão.
Comprehende-se
muito facilmente queuma
impressão moral viva,uma
com-raoção physica violenta, perturbam, pelo desarranjo circulatório que produ-zem, a
harmonia
que preside a esta creaoão nova; que as relaçõesestabeleci-das entre o ovo c o uíero desapparecem; que o sangue violentamente
impelli-do
contra essas fracas paredes rompe-as; e que, portanto, ha hemorrhagia.A
menstruaçãohabitualmente abundanteestáconsideradacomo
causapredis-ponente das hemorrhagias durante a prenhez; e Delamotte, no seo tratado de
partos,faliasobre o habito, que o útero contrahe, deser a sédede
uma
hemor-rhagia physiologica, d'onde procede a maior frequência das hemorrhagias
du-rante a puberdade e nas epochas correspondentes á menstruação. Jacquemier
notou que as artérias, á proporção que se
approximão
do útero, avolumão-semais, ficão mais sinuosas, edeslisão-se por entre o peritoneo e a face externa do
mesmo
útero; que, penetrando-lhe na espessura, ramificão-se até a face in-terna.Os
capillares dilatão-se por sua vez, e tornão-se mais permeáveis ásin-jecções do que o erão naturalmente. Este facto foi depois averiguado por
Wirchcw.
As
veias partecipão doaugmento
do diâmetro, e elle é tal que iguala quasi o das iliacas externas. Aquelle notável auctordiz que ellas, por suas largas e vastascommunicações,
convertem o úteronuma
espécie de órgão cavernoso.Conseguintemenle, Jacquemier, por estadisposição anatómica
do
útero,che-gou
á convicção de que haviauma
causa de retardamento na circulaçãouteri-na, produzindo a estaze sanguínea, o engorgitamento dos vasos, e,
como
ulti-ma
expressão, a hemorrhagia, porisso que osangue passava de cavidadespou-co volumosas para as que o são mais. Elle fundava-se na lei de hydraulica
momento
dado
atravessa as diversas secçõesdo
tubodeveseramesma
por todaaparte: a velocidade diminue, seotuboalarga-se; augmenta,seelle estreita-se.
Cazeaux judiciosamente pensa que acirculação uterina não é tão demorada,
pois que o sangue, passando das artérias para as suas ramificações, passa,
na
Tfcrdade,de tubos estreitos -para tubos largos;
mas
passando das raniificâções arteriaes e venosas para as veias, passade tubosmais largosparamaisestrei-tos. Accrescenta que, se no primeiro casoa circulação é demorada, no
segun-do é accelerada,
cm
virtude damesma
lei; e que, portanto, ha compensação,estabelecendo-se o equilíbrio.
Nós adoptamos
esta opinião, e cremoscom
o illustrado Hervieux que são capazes dedemorar
a circulação uterina, de produzir a estaze e, por tanto, deDredisporáshemorrhagias, a compressão da veiacava adiante da
columna
ver-tebral, as dilatações varicosas de que
podem
ser a séde as veias da bacia,particularmente as uterinas, as ovaricas e as dos ligamentos largos; e,
final-mente, a atonia geral no systema vascular,determinando
uma
distensãoexa-gerada das veias do útero.
A
disposição anatómica d'esta veias, isto ó, a ausência de válvulas,favore-ce singularmente a estaze, assim
como
a suaestructura favorece ashemorrha-gias, por se
acharem
as veias reduzidas auma
só túnica, a interna.O
plexovascular, interposto áscamadas
musculares, sofírendo contracçõesespasmódicas do utcro, e sendo, portanto,
comprimido
irregularmente,pode
ficar congesto a ponto de produzir
uma
hemorrhagia, conforme suppõecom
razão o Snr. Gendrin.Passemos
a outraordem
de causas, como, por exemplo, as condiçõeshy-gienicas, as climatéricas, cas que dizem respeito ás estações.
Os
climas excessivamente quentes, ou os impregnados deuma
atmospherahúmida,
predispõem as mulheres gravidas a hemorrhagias. Tacs condições játinhão sido consideradaspor Ilyppocrates
como
determinantes do aborto. Di-zia o velho de Cós:Si
verohyems
austrina ctadmodim
phiviafuerit, velautcmsiccim
etaqinlomum, muUeres
ex
quacumque
causa
abortiunt.A
rarefação do ar,uma
temperatura demasiado quente, o ar impuro,uma
alimentação muito excitante, o usoimmoderado
de bebidas alcoólicas e dosdrásticos, as
marchas
forçadas e a herança,podem
igualmente occasionar ashemorrhagias, no pensar de Depaul.
A
diatheseescorbutica, ainflammação daplacenta, as moléstiasdo ovo,bem
CAUSAS DETERMINANTES.
São
mui
numerosas evariadas ascausas determinantes.Além
daspredispo-nentes
poderem
tornar-setambém
determinantes, se por ventura actuarem porlong(5
tempo
no organismo da mulher,temos
ascommoções
moraes
ephysi-cas,
que
constituem causas determinantespoderosas.O
modo
de acção destas causas differcsegundo
a sua natureza.As moraes
fazem sentir a sua acção
em
todo o organismo da mulher, erepercutem noúte-ro, determinando maior aííluxo de sanguee
uma
forte congestão, queoccasio-na
a hemorrhagia.As
physicas, sobretudoem
epocha
adiantada da prenhez,obrão directamente sobre o útero; e a manifestaçãodashemorrhagias
por
al-ias produzidas explica-se de duas maneiras diversas.
Pretendem
uns que a ruptura vascular é ophenomeno
primordial,quando
denuncia-se a perda uterina.
Suppõem
outros que dão-se o descolamento daplacenta e o
derramamento
sanguineo entre ella e o útero.As
violências exteriores,quando
muito intensas,podem
despegaruma
por-ção mais ou
menos
considerável da placenta, se obrão directamente sobre oponto correspondente ao de suainserção. Taes violências,
obrando
indirecta-mente
sobre o útero,produzem
também
accidentes hemorrhagicos,porque
motinão nelle
uma
congestão. Necessário é que ascommoções
sejão muitoviolentas para que haja a appârição das hemorrhagias, porquanto, graças â
posição que ocjupaa placenta (mantida exteriormente pe\as paredes uterinas,
interiormente pelas
membranas
e seu conteúdo), ellasperdem
grande parte desua intensidade.
As
paixões vivas ou tristes, os pesares e a cólera, omedo,
uma
vidamui-to
mundana,
a dança, a carreira, a equitação, as viagens a carro,ocan-to, o grito, os esforçospara levantar grandes pesos, aspancadas sobre o
abdo-m-en,
uma-queda
sobre os joelhos, sobre ospés, e principalmente sobre asná-degas, sãotantasoutrascircumstancias própriasa fazermanifestar-se
uma
hemor-rhigia, não só pelas perturbações materiaes que cccasionam,
como
aindapelas funccionaes, que trazem após si as circulatórias, nervosasedyspepticas&:c.O
uso deuma
alimentação excitante, o de bebidas alcoólicas e dedrásti-cos, as sanguesugas na \ulva, as excitações locaes, os excessos de qualquer
ordem, a cauterisação do collo
do
útero, e ascommoções
eléctricas, sãoigual-mente
causas determinantes(Hervieux).Encontrão-se, todavia, mulheres cujo organismo é dotado de tal vigor
que
oppõem
seria resistência á acção destas causas, até certos limites; e outras q.ue, soffrendo deum
vicio constitucional,como
a chloro-anemia, a escrófula,.=
9
=
a sypbilis, os tubérculos, a diathcse rlieumatismal e gottosa, e de nevroses inveteradas,
bem
como
ahystcria e a epilepsia, não padecerião perdasangui-nea se não fossem
mórbidos
estesestados. Muitas outras moléstias quepertur-bão asfuncções vitacs-,
como
as feltres exanlhematicas,quando
graves, a fe-bretypliica, a cholera asiática e as intlammações agudasvisceracs, deterniinàoperdasuterinas.
As
hemorrhagias quesobrevêm
durante a prenhez e o parto são explicadaspor duas theorias : a da exhalação e a da ruptura vascular.
A
primeira contaporadeptos
Desormeaux,
Coste, Duges, M."" Lachapelle eA'elpeau. Este,num
bello artigo,em
que faliada hemorrhagia uterina, assim exprime-se:L
èxlia-lalionsanguine
se faitdans
la 7natricecomme
datis le nez, sons la in-fluenced'un congestion locale, d'unafjlux, d'unétat de irritationjparticu-lier
du molimen
hemorrliagique, dont Staela
tantparU.
Lorsque
cet afjlux, ce 7nolimen, est arrivóa
un
certain degré, lesang
transsude avecplus ou
moiíis deforce et'parune
sitrfaceplusou
7noins étendue,comme
dans
Tclal de vacuiló de la matrice. Seulement iía
hesoin d'une
imjml-sion plus grande,
parcc
que,pendant
la grossesse,Vmuf, quil
est forcéde decoller poiír se
frayer une
passage, lui oppose necessairementune
cer-tain resistenee.
Du
reste, ilme
semUe
quedans
sonméeanisme
hitime,VhemoTrhaqie
uterinequine depend
d^aucune lósion traumatique, esttou-jonrs
lameme,
àquelque
cpoque etdans
quclque conditionquon
Volserve^ lors ãelageslatio7icomme
pendant
Vacconchement.Paracombater esta theo-ria, tão artificiosa quantosimples, basta reproduzir-seum
argumento : logo queadmittir-se que as hemorrhagias da prenhez rcsullão de
uma
exhalação, nasuperfície interna do útero, é claro que o ponto de inserção da placenta por
certo não será a séde exclusivadelias.
Os
factos demonstrão exactamente quesó
no
ponto de inserção é que dão-se as hemorrhagias.Quando
estas se manifestãosem
descolamento da placenta,devemos
expli-cal-as pela ruptura das veias utero-placentarias; dispostas ao redor delias;ruptura devida ao esforço do sangue.
A
outra theoria é a das rupturasvasculares. Expostapor Jacquemier, e ado-ptada por P. Dubois, é a verdadeira, porque temem
seo favor a maioria dosfactos e os dados anatómicos.
As
hemorrhagias por exhalação nãopodem
ser admittidas, porquehojesa-be-se que o systema vascular é
em
toda a parte continuo e cercado depare-des
membranosas,
e que asmembranas
não são dotadas de porosidadesensí-vel. Koliker e
Wirchow,
distinctos micrograplios, são de semelhante parecer;e o celebre Robin,
pensando
de igualmodo,
escreveoum
importante artigo,que termina nestes termos :
Les
prétendueshémorrhagies
par
exhalaíion
admises
par
tani d'auteurs nexistent pas.Declaramo-nos sectário da theoria das rupturas vasculares, e temos
em
nosso apoio opiniões Ião valiosas quanto as supracitadas, de accordo
com
asciencia.
CAUSAS
ESPEGíAES.
Hemorrhagias ha que se apresenlão
em
epochas adiantadas dagestação,re-conhecendo
por causas particularidadesque accidentalmente modificãoa posi-çãodo
ovulo ou a suaestructura. Taes causastomam
adenominarão
deespe-ciaes e são : inserção anormal da placenta; ruptura
do
cordão umbilical ;retracção rápida
do
útero.Inserção
anormal
eSaplacenta.
—
Na
maioria dos casos, apla-centa insere-se
no
fundo do útero;mas
excepcionalmente ellapode
implan-tar-se
em
outros pontos doórgão : no segmento inferior,na
regiãopericervi-cal, ou no orifício interno do collo, constituindo o que se
chama
« inserçãoanormal da placenta » Estas excepções são
mui
perigosas, pois que trazemquasi
sempre
hemorrhagias gravíssimas,denominadas
porDubois essenciaes;pelos inglezes inevitáveis; e porLachapelle cervico-placeiítarias,
Quasi todos os auctores antigos tiverão occasião de encontrar aplacenta
in-serida no collo durante o trabalho;
mas
a primeira vez que fallou-se destaanomalia foi
no
fim do séculoXVI. A. Paré,em
1595, nasua obra ácôrca dageração,
menciona
o facto da sahida da placenta antesdo
feto,como
signalcerto da morte deste. Louizes Bourgeois,
em
1609, referindo-se a diversas apresentações fetaes, assignalacomo
defeituosa aquellaem
queVenfant
seprésentant
par
le traversdu
corps de la mère, presente le coté etVar-riere-faix devant.
Os
auctores d'aquella epochasuppunhão
que a placenta nestes casos haviacabido do fundo do útero,
onde
se inseria, sobre o collo domesmo;
equan-do
encontravão adherencias deliacom
o orifíciodo
dito collo, attribuião-naá presença decoágulossanguíneos muito unidos ao tecidouterino. Guillemeau,
em
1649, aconselhava que se verificasse se era omenino
ou a placentaque
se apresentava
em
primeiro logar, porquanto no maiornumero
de casos é aplacenta que
do
fundo do ulero eae sobre o collo, obliterando-o aponto de nãopoder
omenino
apresentar-secom
asaguas. Portal foi o primeiroque
teve a gloria deassignalar,em
1685, a inserção viciosa daplacenta. Notou,em
seis=
11
=
observações, que a placenta, mal se apresentava, attingia de todos os lados o orifício do útero,
com
adherenciasem
todas as suas partes.Giffart, porém, referindo-se a
um
caso de hemorrhagia, assimenunciava-se
em
lySO
:Não
posso acceitarcomo
verdadeira
a
opinião dos auctoresque
dizem
estaraplacenta
sempre
inseridano fundo do
útero;porque
nes-tecaso,
como
em
muitos
outros, tenhorazão
para
crer que ellaadhere ao
orifício interno ou perto delle, eque este, dilatando-se, occasionaa
sua separação.Desde
essa epocha a inserção anormal da placenla sobre o collo éadmitti-da por todos os parteiros.
As
novas idéas provocarão novas explicações; asseguidas até então perderão a sua rasão de ser.
A
resolução destes douspro-blemas era o fim a que se
propunham
chegar todos ospráticos.A
inserção anormal da placenta offerece muitas variedades :uma, chamada
marginal,
se ella é visinhado orifício; outra, parcial ou incompleta, se ellacobre parle do
mesmo;
uma
terceira, central, se ella cobre-o totalmente; maisuma,
finalmente, intracervical, de M.'"'' Lachapelle,quando
a inserção doovulo dá-se na cavidade do collo; variedade esta, porém,que, para ser
admit-tida, exige novas observações.
Quaes
as causas dainserção viciosada placenta? São numerosas as Iheoriasque pretendem explical-as;
mas
sóvamos
referir a que julgamos acceitavel.O
ovulo nào é fecundavcl senão depois de ter atravessado a primeirame-tade da trompa, e o
tempo
queelle levaa precorrel-a é variável, porcircums-tancias que lhe são peculiares. Se elle chega fecundado á cavidade uterina,
quando
amucosa
acha-se túrgida eformando
dobras, prende-se entre ellas, perto do orificio d'onde
sahio, e ahi desenvolve-se. Se chega á cavidade de-poisdo
periodo menstrual, isto é,quando
amucosa
estáno
estadonormal
e,portanto,
sem
dobras, desliza-se até o orifíciointerno, que esláfechado, e ahitambém
descnvolve-se; só podendo, conseguintemente, a placentainserir-seno
segmento
inferior. Esta condição é muito maisfavorável nas multíparas doque
nasprimipnras,
cm
virtude da cavidade quepermanentemente
existe nellas.Gendrin
explicaa reproducçâo da inserção anormalem
algumas mulheres poruma
anonialia ao nivel do orifício da trompa.Qual é o
mechanismo
das hcmorrhagias no caso de inserçãoviciosa?Os
au-ctores modernos, talvez a maioria, pensão
com
Levret,presumindo
que asmodificações havidas no collo, durante os últimos mezes, são a causa das
hc-morrhagias.
O
collo, segundo elles, não resente-se das alteraçõesque
ocorpotem
experimentado
senão depois do quinto mez, e a diminuiçãoem
seodo orifício interno.
A
placenta nãopode acompanhar
esta dilatação;rompem-se os meios de união
com
o ulero; e, por consequência,apparecem
ashenior-rhagias.
Jacquemier fez
um
estudo rr.ais aprofundado destemechanismo,
e concluioque o desenvolvimento do corpo e do
segmento
inferiordo
útero não erasi-]iiultaneo.
Nos
seis primeiros mezes da gestação o utoro desenvolve-se á custa das fibras de sua parte superior, ao passoque nostres últimos o seudesenvol-vimento faz-se á custa das fibras da parte inferior, e de
um
modo
rápido.Além
disto, nota-seque
odesenvolvimento da placenta é muito rápido nospri-meiros mezes, tornando-se lento ou quasi
nenhum
nos últimos. Ora, se apla-centa e o segmenio inferior do uloro estão unidosentre si, segue-seque a
de-niasiada lentidão de
um
e a excessivarapidezdo
outroem
desenvolver-sedes-troem a
harmonia
existenteentre elles:rompem-se
as adherenciascellulo-vas-culares, e, portanto, ha hemorrhagia.
Nem
sempre
a inserção viciosa da placenta éuma
causa fatal, inevitável dehemorrhagias,
como suppunhão
Stewart e Rigby.A
scienciapossue factospu-blicados por Smellie, Leroux
eChapmann,
que provão ter-so etfectuado a di-lataçãosem
derramamento
de urna gotta de sangue.Walter attribuia-os aurna
communicação
mais larga e mais fácil entre asra-diculas arteriaes e as venosas do útero; tal que o sangue podia passar das
ar-térias para asverias
sem
extravasar-se. Mercierfiliava-os aum
estado decons-tricção dos vasos, capaz deoppor-se aocurso do sangue.
Moreau
julgaque
em
taes casos o feto está morto
ha algum
tempo, e que a cessação da circulação fetal produzmudanças
notáveisnado
útero, de sortequeeste não recebe senãoo sangue necessário á sua nutrição. Jacquemier entende que o descolamento
fôra, senão completo, ao
menos
bastante largo, demodo
a poder dar-se adi-latação
sem
augmental-o; e que os vasos anteriormente rotosforão obliteradospor
coágulos sanguíneos. Esta theoria explica satisfactoriamente âs perdas quesereproduzem
durante aprenhez,mas
que se não manifestãD duranteotra-balho- Cazeaux admitte, dado o caso de estar vivo o feto, que a ruptura das
membranas
no principio do trabalho, a retracçãodo
útero e a compressãoexercida pela cabeça do feto na porção descolada da placenta,
concorrem
paraa obliteraçãodos vasosdespedaçados. Acceitamosas tres ultimas opiniões,
co-mo
explicando todos os casosem
que, apesar da inserção viciosa, ashemor-rhagias não
têm
logar.Felizmente é rara a inserção anormal da placenta; o que
provamos
com
a=
13
=
Na
Maternidade deCopenhague,
de1769
a 1792,em
8G00
partos,um
sócaso manifestou-scde inserção viciosa.
Na
de Paris, de1797
a 181 1,em
20357
partos, só
houve
onze casos; de 1861 a 1864,em
3255
partos, trinta e sete casos.Uamsbotham,
cirurgiãodo
hospital de partosem
Londres, encontrouquarenta edouscasos
em
37703
partos.No
hospital deBirmingham,
noannode
1844, apparecerão douscasos
em
630.John
Hotgood, deBndge-Water,
n'unipcriodo de seteannos,
em
1 135 partos, verificouum
só caso. ]Maswell,partei-ro deGlasgow,descobriotres,
em
628. Riechle,em
219333
partos, observouIresentos. Rigley,
em
lOG, attestou aexislenciade quarenta e tres. O. deJames
Ride,
em
5691, achou oitocasos;Simpson
tres,em
1457; eOldham,
nohos-pitalde
Guy,
treze,em
6608.RUPTURA DO CORDÃO
UMBILICAL.
A
ruptura do cordão umbilical, facto geralmente admittido, pode dependerou
deum
estadomórbido
das paredes dos vasos que ocompõem,
ou dain-serção do cordão, ou da de
algum
de seos vasos sobre asmembranas,
asquaes,rompendo-se
em
um
ponto quecoincidacom
algum
vaso constituinte domes-mo
cordão,determinem
por sua vez orompimento
deste; ou, finalmente, deuma
curteza consideráveldelle, quernatural, quer produzida pornumerosas
vol-tas dadas ao redor das diversas partes
do
corpodo
feto.RETRACÇÃO
RÁPIDA
DO
ÚTERO.
O
útero,enormemente
distendido,quer porum
hydro-amnios, quer poruma
prenhez
gémea,
pode, depois da expulsão do liquido amniótico, oudepoisda
sabida de
um
dos gémeos, ser a séde de hemorrhagias graves para a.mulher
epara o feto, por càusa do descolamento daplacenta, se elle retrahe-se
rapida-mente. Muitas outras causas
podem
produzir hemorrhagias uterinas, taescomo
os polypos, os cancros, osulcerações do collo, a atoniados vasos, as varices, e as lesões traumáticas.
Não
tratamos, porém, dessascausas, porque não estãointimamente
ligadas á prenhez.As
hemorrhagias puerperaes manifestão-se namór
parte das vezes após osphenomenos
precursores, que consistemem
indisposição geral, fraqueza nosSimultaneamen-=
11
n=
te apresentão-se os signaes de congestão uterina, que se reveláo por entorpe-*
cimento dabacia, por desejos frequentes de ourinar, e por
uma
dor obtusa naregiãolombar, inguinal e sacra. Depois de
algum
tempo, variando dealgumas
horas a muitos difQs, os
phcnomenos
precursorespodem
dosapparecer ou ser substituidos pelossymptomas
das perdas uterinas, os quaes dividem-seem
geraes e locaes.
ISy
mil
tomas
geraes.
—
Os
syptomas geraes das metrorrhagiaspuer-pearaes são os que
acompanhão
as perdas sanguineas de qualquer natureza :pallidezdapelle, fraquezadopulso, resfriamento das extremidades, e calefrios.
Estes
symptomas augmentão
na rasão da intensidade da perda e dadebilida-de da mulher.
Assim, a pallidez geraltorna-semais pronunciada, oresfriamento das
extre-midades
muitoconsiderável, o pulso deprimido eaccelerado, arespiraçãofraca e frequente.Um
suor friocobre-lhe a face e o corpo; ha vómitos, syncopes,convulsões, delírio, efinalmente a morte.
S^ymptomas
locaes.—
As
hemorrhagias uterinasteem
recebido ono-me
deinternas eexternas, segundoo sangue accunmla-sena cavidadedo
úteroou
sae pela vulva; etambém podem
ser mixtas.As
internas passão muitasve-zes desappercebidas,
quando
sãopouco consideráveis ou faltão ossymptomas
principaes, apresentando-se apenas os signaes decongestão uterina: dores nosrins epeso nabacia.
Entretanto, se ella é abundante,
symptomas
mais importantes e salientesdespertão a attenção do medico.
Todos
ossymptomas
geraes já descriptos sedenuncião
em
sua plenitude.Apparece
repentinamenteuma
dorno
baixo-ven-tre, quer a causa seja traumática, quer seja
uma
viva impressão moral,com
sensação de peso na região lombar. Apresentão-se cólicas análogas áquellas
que provocão as regrasou o parto; e o epigastriosoftre
uma
constricçãodoloro-sa.
O
ventreparticipado extraordinárioaugmento
doútero;augmento que pode
ser uniforme ou irregular. Neste caso o útero parece dividido
em
duas partes;uma
occupada pelo ovulo, eoutra pelosanguederramado no
seo interior,D'entre todos os
symptomas,
tanto geraes,como
locaes,ha
um
que avulta,que
é o característico : o desenvolvimento rápidodo
útero.Devemos
nãocon-fundil-o
com
o devido ou á tympanite intestinal, ou, ainda, á hydropisiado
amnios.
A
sonoridade,no
caso de meteorismo, e a lentidãodo
desenvolvi-mento
addominal,no
hydro-amnios, servirão para estabelecer a distincção.A
configuração regularouirregular queaffecta o úterono
seodesenvolvimen-to rápido é de
summa
importância.A
irregularidade revelaum
derramamento
fora das mem.brauas, e, portanto, não
occupando
senão parte da cavidadeHervieux diz haver casos
cm
que, apesardo
derramamento,nem
dá-se a distençãodo
utcro.nem
manifesta-se a sabida do sangue, porque este é relidona cavidade vaginal e distende-a.
O
feto, por sua vez, fornecesymptomas
de grande valor. Assim, se elle,numa
phase adiantada da gestação, executavamovimentos
percepliveis, estestornão-se, no caso de hemorrhagia, desordenados, enfraquecidos, e afinal
ces-são completamente
Os
batimentos do coração vão diminuindo de timbre, atése extinguirem.
Quando
as homorrhagias internasapparecem
durante o trabalho, nota-se oenfraquecimento e algumas vezes a cessação das contracções uterinas; outras
vezes,
uma
sensação obscura de flucluação.nerila externa.
—
O
diagnostico deuma
perda externa não ésempre
fácil, principalmente seellasobrevem
nos primeiros mczes da gestação,por-quanto
pode
a hemorrhagia desta natureza confuudir-secom
a apparição doíluxo menstrual, visto haver mulheres,
bem
queraras, menstruadas durante aprenhez. Mauriceau procurou estabelecer o diagnostico differencial entre
um
estado e outro, fundando-se na epocha assignalada para a apparição do fluxo
menstrual, na au.«;enciadedor, no ponto departida do escorrimento sanguíneo, e na sua cessação espontânea. Baudelocque accrescenta que
devemos
terem
consideração as propriedades physicas do sangue dasregras, que é claro e se-roso, e o das metrorrhagias, que é espesso epromptamente
coagulavel. M.""*Lachapelleaffirma estar o orifíciouterino fechado durante o escorrimento
mens-trual, que é precedido de dores, ao passo queseacha aberto durante asperdas, persistindo asdores apesar da abundância do sangue.
Desormeaux
consideracomo
o únicosignal de valora abundância do sangue.A
importânciadiagnostica destes signaesnãotem
o mérito que os seosapre-ciadores lhe
querem
reconhecer.Comtudo,
de concomitânciacom
outros,po-dem
ser elles grandes auxiliaresem
casos duvidosos.Nas
homorrhagias devidas auma
alteração daeslructura do útero sopode
reconhecer aorigem do escorrimento ou pelo toque ou pelo especulo.
Nos
úl-timos
mezes
dagestação, ena maioria dos casos, ainserção viciosa da placentaé o ponto departida das perdas sanguíneas; epor diversoscaracteres poder-se-á
reconhecer estaanomalia, cujos signaes dividem-se
em
racionaes e sensíveis,sendo estes fornecidos pelo tacto, e aquelles pelo desenvolvimento do
t=
f
o
=
^ignae§
raoionaes.
—
A
perda que tem por causa a inserçãoanormal
daplacenta ó as mais das vezes externa, salvo se a
onda
sanguínea,coagulan-do-se nocollo ou no
começo
da vagina, obstarásabida do sangue.Ellaappa-rece inesperadamente,
csem
prodromes,quasisempre sem
causa apreciável, oupor
uma
accidental, muitoinsignificanteOrdmariamenle,
manifesta-se nosex-to ou selimo mez, sendo a principio poucoconsiderável, etornando-se depois
mais abundanteeduradoura, á
medida
que asreproducçõessobrevem
coppõem
uma
resistência cada vez maior á acção dos meiostberapeuticos.Entretanto, esta
marcha
não é constante.A
perdaalgumas vezespodo
prin-,cipiar
ameaçando
a vida da mulher; mas, posteriormente, diminue demodo
anão deixar entreverum
resultado fatal.Se os primeiros accessos não são
acompanhados
de cólicas uterinas, dedores lombares e hypogastricas, estas se declarão nas ulteriores; e mulheres
ha
que até nosintervallos accusãouma
dorsurda eum
sentimento de peso nabacia.
Começado
o trabalho, e intactas asmembranas,
a perdaaugmenta
duranteas contracções ediminue nointervallo das dores.
A
contracçãodo
ute-rs, e a compressão queellesoífre pelas partescontidas
em
sua cavidade,obli-terão realmente os vasos; mas, no caso vertente, isto é, no de inserção anor-mal, as contracções dilatão o collo e destroem as adherencias vasculares que
o
unem
á placenta,Siguacs
sensíveis.
exploração pelo toque éum
meio de grandeimportância
quando
procura-sereconhecer ainserção daplacentano collo.As-sim, porelle verifica-se haver
uma
flacidez maior dos lábiosdo
orifício e a existência de coágulos sanguineosem
maior oumenor
quantidade na vagina.Encontrado oorifíciodo collo(oquealgumas vezes nãoé fácil), nota-so estar
elle occupadoparcial outotalmente por
um
corpo molle e esponjoso, que nãoéoutra cousa senão a placenta.
Uma
concreção sanguineapode
simular o discoplacentario;
mas
bastaalguma
attenção paradistinguir-se que ocoagulo éfrá-gil, pouco resistente e mais
movei
do que a placenta, que resiste ápressão dodedo.
A
superfícieexternadamesma
placentapode estar coborta deuma
espes-sacamada
de sangue coagulado,,que contribue paradifificultar a verificação desuaexistência; podendo-se, porém, destacar os coágulos eapreciar os espaços dos cotyledons.
Não devemos
confundiraplacentacom
ostumores fungosos ouconcerosos do collo,
com
as vegetaçõessyphiliticas oucom
os polypos etumo-res hydaticos, não só pelo quadro symptomatico que taes estados
mórbidos
apresentão,
como também
pelos dados que aanamnese
da doente fornece.Quando
a placenta, inserindo-se nosegmento
inferior, acha-se distante do=
ir
=
o bordo da placenta, ou, ao menos,
uma
espessurainsólitadasmembranas,
esobre tudo
um
epichorion muito molle,deuma
espessuranotavelmenteaugmen-tada, algumas vezes até o quádruplo, correspondendo ao lado do orifício
em
que se acha a placenta. (Cazeaux.)
Casos ha
em
que a introducção do dedo não pode]dar-se, visto não achar-seo collo dilatado. Então só
pode
trazeralguma
luz ao parteiro a exploração daparte inferior do corpo do útero.
A
hcmorrhagia produzida pela ruptura dos vasos umbilicaes apresenta os-
mesmos
symptomas
que a determinada pela inserção anormal daplacenta.O
toque, e somente elle, é queestabelecerá o diagnostico, reconhecendoa
ausên-cia da placenta no collo.
Perda
interna.
—
O
diagnostico das perdas internas funda-se noau-gmcnto
rápidodo útero, na suaíluctuação de concomitânciacom
ossymptomas
geraes : pallidez, synco[)es, resfriamento dasextremidades, calefrios; e
em
sertudo isto
recompanhado
de dores lombares, hypogastricas, e decólicas uterinas,que cessão por
momentos,
voltandoem
intervallosmais oumenos
approxima-dos.
O
apparecimento deuma
syncopenem
sempre
indica perdas internas;salvo, porém, se manifes^irem-se as cólicas uterinas, os coágulos sanguíneos na vagina, e os
phenomenos
que se revelão do lado do ventre.A
perda, sobrevindodurante o trabalho, dáem
resultadoo enfraquecimentoe a suspensão das dores, assim
como
a apparição dossymptomas
geraes.O
ventre torna-se doloroso á pressão, e algumas vezes até
pode
sentir-seuma
flutuação mais ou
menos
patente.A
hcmorrhagia puerperal é, de todos os accidentes que se apresentão naprenhez, no parto, e ainda
algum tempo
depois d'este, o mais tei-rivel paraa•
mulher
e para o feto.A
gravidade do prognostico varia segundoa causa productoradahcmorrha-gia e
aepocha
da prenhezem
que ella se manisfesta.D^entre as causas, a que offerecc maior gravidade é
sem
duvida a inserçãoanormal da placenta; principalmente a
denominada
central.As
hemorrhagias que se denuncião durante a prenhez sãotanto maisperi-gosas para a
mulher
quanto maior é a suaabundância e frequência, ou quantolíiais adiantada é a epocha de sua apparição.
Assim
pensaPuzos,quando
consi--dera raramente mortaes asperdas antes do quinto mez.
A
constituição damulher
e o seotemperamento
influem muitopoderosa-meute
no prognostico dashemorrhagias, porque as mulheresdébeis e nervosassentem muito asconsequências das perdas, por maisleves que estas sejão.
O
perigo que o feto corre étambém
proporcional á abundância daperda, etanto maior quanto màis remotaé a epocha
do
parto.As
hemorragias internas são mais graves que as externas, aomenos
para ofeto, que pode'succumbirpelo descolamento da placenta,
sem
que a perda sedenuncie.
A
perdainternanão é tão perigosa paraamulher, porquantoaquan-tidadede sangue ordinariamenteépouco abundante;salvose oútero soffrer
uma
dilatação tal quo determine a suainércia.A
gravidade da hemorrhagia pode dealguma
sorte serattenuada, depois decomeçar otrabalho, pelaruptura das
membranas;
rupturatanto mais vantajosaquanto maisconsiderável é aporção deliquidoamniatico, por isso que produz
a retracção do útero.
A
hemorrhagia uterina,quando
im
mediatamente não trazconsequên-ciaíatal, podeposteriormente occasionar accidentes mais ou
menos
graves, taes.como
perturbações digestivas, auditivas e visuaes; vómitos, syncopes fre-quentes, amaurose, anemia profunda, estado cachetico, convulsões, paralysias, e até predisposição para as inflammações agudas; particularmentepara a peri-tonite.Quando
ellasobrevem
durante a prenhez e pára,pode
esta progredrirem
seo curso; e a explicaçãodestephenomeno
éque ou os vasosse obliterarão porcoágulos sanguineos, ou se retrahirão e nãoderão maissangue, ou, finalmente, a placenta descolada conírahio novas adherencias.
TB.1^T
AMENTO.
Os
meios de que omedico
pode lançarmão
para o tratamento dashemor-rhagias puerperaes pertencem a duas ordens : geraes e especiaes; estes
desti-nados a preencher certas indicações particulares; aquelles applicaveis a todos
os casos indistinctamente.
Meios
geraes.—
Sãofornecidos pelahygiene e pela therapeuticâ.Collo-car a doente
em uma
posição horisontal, tendo-sea cautela de conservar oni-vel da baeia superior ao dotronco, afim de diminuiracongestão uterina;
man-ter atemperatura
do
quartomoderada, conservando-obem
arejado eum
pouco
escuro, efazendo nelle reinar omaiorsilencio;subtrahir a
mulher
a todaa=
19
=
colchões não muito molles;
remover
asconstipações pormeio
de clysteres ou de laxativos brandos; evacuara bexiga pelo catheterismo; administrarbebidasfrias e ligeiramente acciduladas
com
os xaropes de limão, de vinagre e dcgroselha; eis
em
que consistem semelhantes meios.Meios
esiicciaes.—
A
sua bôa applicaçãodepende
do reconhecimentoque
se deve ter da epocha dagestaçãoem
que se manifestão os accidenteshe-morrhagicos; da maior ou
menor
quantidade de corrimento sanguíneo; e demuitas outras circumstancias que
podem
oíferecer indicações particulares,O
emprego
dosrefrigerantesha
sido lembrado interna eexternamente notra-tamento da hemorrhagia puerperal, egosa tanto na Allemanha, comt) nâ
Ingla-terra, de grandeacceitação.
Evan
aconselha administrar-se internamentepeda-ços de gelo ou liquides gelados.
Compressas
em
bebidasem
agua fria ou geladatêm sido applicadas nas co-xas,no
abdómen
e nos rins,com
feliz resultado. Nas mulheres robustas estesmeios são de reconhecida eíficacia, ao passo que nas debilitadas elles
tornão-se funestos.
De
misturacom
os refrigerantesempregam-se
os adstringentes,como,
por exemplo, o extracto de ratanhia, a bistorta, o acetato dcchumbo,
aagua de Rabel eo alúmen, que obrão favorecendo a coagulação do sangue nas
veias e determinando
uma
constricção nas fibras vasculares.Cremos
que semelhantes meios, juntamentecom
os geraes, poderão sustaruma
perda pouco abundante.Os
revulsivostèm
sido usados desde Hyppocrates, o qualrecommendava
asventosas sobre os peitos nestes termos :
Mulieri
sivelismenstrua
cohibere,cucurhílam
quam
maximam admammas
apponere. Galeno,commentando
esteaphorismo, dizque as
mesmas
ventosasdevem
serapplicadas maisabaixod'essa parte
do
corpo, afim deficar o revulsivo no trajecto do sangue quevem
das regiões inferiores.
Hoffmann,
edepois Lordat, preconisãocomo
vantajosa aimmersão
dasmãos
na agua quente.
Velpeau diz ser poderoso revulsivo
um
largo sinapismo entre as espáduas.A
phlebotomiaé unicamenteindicadanoscasosem
queaperdacoincidecom
uma
plethora, ouquando
a hemorrhagia é diminuta e dura pouco.Nestes casos, o seo
modo
deacção éduplo, isto é, ella obra não sócomo
re-vulsivo,mas
também como
antiphlogistico.Os
parteiros inglezes Hamilton, Gooch, Burns e Ingiebyempregão
os opiá-ceos nas hemorrhagias, sobretudose aperdaéacompanhada
deaccidentes ner-Tosos. Klles prescrevem o extracto deopio nadose de 10 a 2!0 centigrammas.•
=
20
^
Velpeau c Fabre recomin.endão oacetato de
morphina
como
produzindore-sultados satisfactorio»; e Cazeaux precenisa o laudano de
Sydenham,
na dóse de vinte até sessenta gottas,em
clysteres, quepodem
ter logar até adesappa-rcci
mento
da perda.O
centeio espigado éum
poderoso anti-hemorrhagico;mas
o seoemprego
reclama toda a prudência.
Cazeaux admitte.que o centeio não
tem
a propriedade de provocarcontrac-ções uterinas,
mas
sim de despertal-as,uma
vez que ellasse tenhãoenfraque-cido, e de tornal-as mais fortes. Outros práticos, igualmente distinctos, consi_ derão que o centeio
tem
uma
acção especial sobre ascamadas
muscularesdo
útero, e que, além disto, obrasobre as fibras contractis dos vasos de
um
modo
tão particular que pode ser classificado entre os adstringentes e os melhores
hemostaticos.
Quando
o feto occupar a cavidade uterina e estiver vivo, sepode
recorrera estemeio,
com
toda a cautela. Se, porém, o feto já tiver sabido e der»se ocaso de
uma
hemorrhagia, principalmenteda quefordevida áinérciado
útero,lançar-se-á mão,
sem
receio algum^ do centeio espigado, na dóse de 2!gram-mas,
como
deum
medicamento
de acção especifica.Se a perda, apesar destes meios, persiste, de
modo
a receiar-seuma
íermi_nação fatal para a
mulher
e para o feto, se deve recorrer aum
meio
poderosoporexcellenciaparadominal-a : a rolha. Ellajá era conhecida dosantigos,
por-que
estes aconselhavão introduzir navaginapanno embebido
em
líquidosad-stringentes ou cobertos de pós da
mesma
natureza, afim depromover-se
afor-mação
deum
coagulo obliterador;mas
sóem
177G
éque foiempregada
como
hemostatico por Leroux, de Dijon.
Desde
essaepocha até nossos diasum
taoprecioso agente therapeutico
tem
sido adoptado por todos os parteiros,com
certasmodificações.
D'entre todos os
modos
de empregar-sea rolha omelhor
ésem
duvidaoque
consiste
em
collocar amulher
numa
posição conveniente eem
introduzir naparte superior da vagina bolasde fios untadas ^e ceroto, do
volume
deuma
nóz; tendo ellas no centro
um
fiobastante longo, que possapender
exterior-mente.
Estas bolas são mantidas por
uma
ataduraem
T, e nãoconvém
que sejamembebidas
em
perchlorureto deferro, pelosinconvenientes que d'isto resultão.O
facto citado porPerrin, de teruma
mulher
apresentadouma
mucosa
vagi-nal secca, endurecida pela acção
do
agente cáustico, e de haver-se verificado,algum tempo
depois, a existência deum
estreitamento naparte superior dade
modo
a tornal-o completamente inaccessivel; e o referido por Mercier, dese ter encontrado asparedes da vagina estreitadas,
com
o aspecto deum
tecidofibroso e inextensivel, attestão de maneira a mais cabal semelhantes
inconve-nientes.
Se osmeios
mencionados
falharem,devemos
recorrer aum
heróico : aruptu-ra das
membranas. Nos
casos dehemorrhagias abundantes, sobrevindo nosúl-timos
mezes
da prenhez, e sobretudo quínulo o trabalho tivercomeçado
eameace comprometter
a vida tanto da mulher, quanto doféto, essarupturade-ve serposta
em
pratica, de preferencia á rollha. Ella produzuma
retracçãono
útero, pela sabida de
uma
porção do liquido amniótico; retracção quedetermi-na nosvasos
uma
diminuição de calibre, e que, actuando sobre o feto, fazcom
que este por sua vez os
comprima.
A
ruptura dasmembranas
exige certas condições indispensáveis : o collo deve offereceruma
abertura capaz, aomenos, de permittir a introducçãodo de-do; ocomeço
do trabalho jádeve ter-se manifestado por contracções uterinas,ainda que fracas, e por
uma
ligeira saliência dabolsa das aguas; condiçõeses-tas que dão-se quasi
sempre
nashemorrhagiasgraves doultimo periododages-tação.
A
praticaadoptada por A. Paréeoutros, de recorrer-se, pela iutrodução suc-cessiva dos dedos, edepois peladamão, ao parto forçado,quando
nãohanem
dilatação
do
collo,nem
começo
de trabalho,nem
saliência dasmembranas,
não deveser seguida, porquepode
transformaruma
hemorrhagiagraveem
morta].A
modificação feita neste systema por Puzos, aqualconsisteem
introduzir-seum
ou dous dedos até manifestarem-se dores e, portanto, saliência da bolsa,é muitoprudente.
Os
tónicosteem sidoempregados
com
proveito para suspenderuma
hemor-rhagiaduradoura, que traga comsigo adynamia, por isso que elles resistituem
ao sangue a sua plasticidadenormal.
A
ligadura dosmembros
e a compressão do ventre teem sidotambém
em-pregados. Esta,
quando
feitacom
moderação, éum
methodo
que offcrece=
»»
=
SEGUNDA
PARTE.
HETRORROAGIA
DEPOIS
DO
PARTO.
As
perdasquesepatenteão depoisdo
partoousuccedcm
ao descolamento daplacenta, ou
apparecem
em
epocha mais oumenos
remotasdo
mesmo
parto.Cansas
ciaspcrtlas
imuiecliatas.
—
A
inércia do ulero éconside-rada por todos os parteiros
como
causa das perdasimmediatas. N'ellepassão-se, depois do descolamento da placenta, os
mesmos phenomenos
que dão-se durante o trabalho;com
a differença, porém, de terem por fim ascontracçõesuterinas expellir os coágulos sanguineos e os restosde
membranas
que
ficarãono
SCO interior, e obliteraros vasosquepermanecem
abertoscm
consequênciado
mesmo
descolamento.Isto posto, o escorrimento sanguineo só
tem
logar no intervallo dascontrac-ções.
Estas,
em
certas mulheres, são fortes, enérgicasecom
diminutos interval-los;em
outras tornão-sefracas, demoradas;em
algumas, finalmente, são quasinenhumas.
Semelhanteestadoéo queconstituo odein-ercia, edepende
deuma
constituição débil, de
um
temperamento
lymphaticoe nervoso, deuma
mens-truação precoce e habitualmente muito abundante; de perdasconsideráveis
em
partos anteriores, e deum
trabalho prolongado ou penoso.A
inércia do útero, segundo o Dr. Hervieux,também
resulta deum
estadomórbido, produzido pelo
envenenamento
paerperal. Assim, diz elle, ashemor-rhagias que
succedem
ao parto,quando
não sãodetermmadas
poruma
lesãotodamaterial,
como
seja, por exemplo, a rupturado
útero, são quasisempre
indicio de
um
estado mórbido, que se confunde algumas vezescom
aprópriaperda,
mas
que muitas outras é seguido deum
phenomeno
inflammatorio,mais ou
menos
grave: metrite, peritonite, e sobretudo phlebite;Jeas mulheresatacadas detaes hemorrhagias são já enferm.as, da
mesma
sorte queum
indi-viduo accommettido de
uma
epistaxis, na febre typhica, já está affectado damoléstia.
Cansas
ilas
perdas consecutivas.—
-Raras são as hemorrhagiasque se manifestão
algum tempo
depois da sabidada placenta, a contardo
sextodiver-=
23
=
sãmente. Sãojulgadas
como
taes a inérciasecundariado útero,
uma
congestãodo órgão, e
uma
alteração do sangue.A
inércia não oé senão nashemorrhagias que apparecem duranteasvinte e
quatro a quarenta e oito horas depoisdasahida
daplacenta; porquanto,
passa-da estaepocha, tendo-se o útero convenientemente retrahido, não é
conside-rável asua distensão, excepto
havendo
uma
causaplausível,como,
por exemplo,a existência ou de fragmentos daplacenta e das
membranas,
ou aindade coá-gulos volumosos, queimpeçam
aapproximação das paredes uterinas.A
congestão,segundo
Cazeaux, étambém
uma
causade hemorrhagia,por-que o útero,
mesmo
algum
tempo
depois do parto, íorna-seum
centro para o qualconvergem
todas as perturbações do organismo.Hervieuxestabelece tres condiçõesdeterminantes das hemorrhagiaatardias :
a que
sobrevem quando
as consequências do parto não forão obstadas poral-gum
accidente; a que oppareceno
cursodomesmo
parto ecomo
que secompli-cando
com
alguma
affecção puerperal, sobretudocom
a lesão pelviana; a quesedenuncia na convalescença de
uma
de taes aflecções.Todos
os práticos estão accordesem
que as hemorrhagias trrdiassem
le-são pelviana são produzidas ou pela circunstancia de levantar-se amulher
intempestivamente, ou por
um
desvio no regimen, ou aindaporuma
commo-ção moral violenta. Mas, diz o referidoHervieux, estas causas são apenas
oc-casionaes e
nunca
efficientes ou primordiaes. Admitíe ellecomo
causaeffi-ciente
um
envenenamento
puerperal, e raciocina do seguintemodo
:As
mu-lheres do
campo,
ou as que habitãoem
localidades não infeccionadas pelomiasma
puerperal, entregão-seimpunemente
a todas as imprudeucias,sof-frem
commoções
moraes
e desvios de regimen,sem
que se tenha a lamentarum
só resultado fatal; ao passo que as da cidade, e principalmente as quere-colhem-se á
Maternidade,
accusam logo padecimentos,em
casos idênticos.Como
explicar estes factossem
admittir-se a existência de talmiasma?
Em
abono
desta sua theoria, elle cita alguns factos de importância.Ordinariamente o sangue que correapós a sahida da placentaépuro e cheio
de coágulos, tornando-se maissoroso e, portanto, mais fluido, á porporçãoque vae
mudando
de côr,tomando
afinal a que écommum
aos lochios.Se a hemorrhagia é externa, hà pallidezdostegumentos edas mucosas,
=
24
=
nervosos. Se
ha
inércia do útero, a perdatem
logarsem
esse cortejo dephe-nomenos;
amulher
somente sabe que é victima deuma
hemorrhagia á vistado Hquido que sahe pela vulva.
A
apalpação faz notar-se a flacidezdo
útero esua insensibilidade á pressão.
Os symptomas
geraes são osmesmos,
quer oútero esteja contrahido, quer inerte.
Se a hemorrhagiaéinterna, dá-se o quereferimos ao tratarda perda interna.
É
incontestável a gravidadede semelhantes hemorrhaglas, porque, end^ora nãodeterniinem a morte da mulher,produzem
uma
cachexia chloro-anemica,um
enfraquecimento, ouuma
depressão no systema nervoso, segundo a inten-sidade da perda.As
hemorrhagias internastambém
são de gravidade, porque os coágulosacciimulados no útero contribuem para a distensão do orgam, e, portanto, para
a suainércia.
TfilATAlISNTO.
iodos os meios que
havemos
indicado para as hemorrhaglas durante aprenhez e o trobalho
podem
serempregados
nasmetrorrhagias depois dopar-to.
Cumpre
mais verificar se o trabalhotem
-se prolongado excessivamente, para então proceder-se á extracção da placenta; ou se tem sido rápido, paraabstermo-nos de qualquer tentativa de descolamento.
A
primeira indicação,porém, deve consistir
em
desembaraçar o útero de coágulos queproduzam
asua ddatação.
Ha
tres meios especiaes de tratamento,quando
o útero estáno estado deva-cuidade, e são : a compressão da aorta, a transfusão e as injecções
intra-ule-rinas.
A
compressão da aortaé de grande importância.A
transfusão é julgada porMoneretuma
operação antiphysiologica, não só porqueseintroduzum
sanguealterado nacirculação da nmlher,
mas
também
porquese fornece aoorganismo
um
liquido elaborado poroutro.A
tal meio, portanto, só se deve recorrerem
ultimo caso.
As
injecções feitascom
prudência, por intermédio deuma
sonda de duplacorrente, sãode
uma
vantagem
incontestável, já pela rasão depromover
acon-tracção do útero, já pela circumstancia de.produzir o coagulo do sangue que sahe dosorifícios vasculares.
Ureniia e sco tratamento.
PROPOSIÇÕES.
I
Á
uremia éum
esladomórbido
caracterisado pela presença daurinano
sangue.
II
Uma
lesão renalpode
determinar a uremia,quando
affecta primaria ouse-cundariamente a partesecretória dos rins.
UI
A
uremia é produzida pela insuíficiencia da secreção ou da excreção,IV
A
uremia reveste tres formas: aconvulsiva, a comatosa e a mixta.V
A
uremia divide-seem
aguda ourápida, eem
chronica ou lenta.VI
Raramente
auremia aguda é precedida de prodromos.VII
'
Na
chronica, pelo contrario, os ha constantemente.VIII
IX
Afora os nervosos, apresentão-se a diarrhéae os vómitos, sendo estes mais
frequentes
na
uremia chronica.X
Algumas
vezesapparece a epistaxis.XI
Em
alguns doentes nota-se que a expiraçãoéammoniacal.
XII
A
analyse da urina traz muita luzao diagnostico da uremia.XIII
'
A
hydropisia e às perturbações repentinas da visão,embora
não sejaóconstantes, são
symptomas
dauremia.XIV
São dous signaes de importância a falta de febre e a de paralysia do
movi-mento.
XV
É
quasisempre
fatal o prognostico da uremia,XVI
A
therapeutica desta moléstia reduz-se a muito pouco.XVII
Consiste principalmente
em
facilitar a sabida dos elementos constitutivossi((ío
ciRiiiia.
Tetanos
traumático
e seo tratamento.
PROPOSIÇÕES.
I
o
tetanos éuma
nevrose damotilidade.II
Uma
contusãoeuma
ferida qualquerpodem
ser causas de tetanos.III
As
feridas das extremidades são mais perigosas do queasdeoutra qualquej parte do corpo.IV
As
que interessão o^tecido nervoso e as que são entretidas porum
corpoestranho
também
são causâs detetanos, epoderosas.V
IS'essa moléstia aferida se torna seccae dolorosa; a dor propaga-ee na
di-rècção
do
nervo oífendido.VI
O
tetanos é caracterisado por espasmos continues e tónicos, que atacão osmúsculos mastigadores e os do tronco.
VII
A
temperaturado
corpo do tetânico eleva-se algumas vezes a 44graus.VIII
A
disphagia impossibilitao tetânico de ingerir quer oslíquidos, quer os=
28
=
IX
A
duraçãomedia
do tetanos c de quatro a oito dias.X
O
prognosticodo tetanospode
quasisempre
serconsideradocomo
fatal.XI
O
tetânico não deve ser submettido ás operações cirúrgicas.XII
O
opioem
alta dóse éum
dosmedicamentos que
maistêm
aproveitadono
tratamento do tetanos.
XIII
O
methodo
endermicotem
sido de grande utilidade.XIV
O
mesmo
dá-secom
os antispasmodicos ecom
os anesthesicos.XV
m&
òmmmí
Yinhos
me«1iciuacs.
PROPOSIÇÕES.
I
Vinho
medicinal é o quetem
em
dissoluçãoum
ou muitos principiosme-dicamentosos.
II
A
propriedade dissolvente do vinho varia conforme ellecontém
mais oumenos
álcool.III
Os
vinhosempregados
de preferenciaem
medicina são o brancD e o tinto.IV
Deve
ser escolhido o vinho de superior qualidade para a preparação dosvinhos medicinaes.
V
Usar-se-á do viuho branco ou do tinto segundo a natureza das substancias
que tiverem de sernelle dissolvidas.
VI
As
substancias, quehouverem
de serempregadas
na fabricação dosvi-nhos
medicinaesdevem
estar seccas e reduzidas aosmenores
fragmentos.VII
i
Exceptuão-se d'esta regra as plantas anli-escorbuticas.
!=
30
=
VIII
A
maceração e ajuncçãodas tinturas alcoólicas são os processos deprepa-ração dos vinhos medicinaes.
IX
A
agua e o álcool são os dous elementosdissolventesdo
vinho.X
Os
ácidos e os princípios immediatos das substanciasem
dissolução fazem;variar a acção dissolvente do vinho.
XI
O
melhor processo para a preparação dos vinhos medicinaes é o quecon-siste
em
molhar poralguns dias as substanciascom
oálcool a60
graus, e em;submettel-as depois á maceração.
xir
Os
vmhos
empregão-seem
dose mais elevada que as tinturas, porque elíesHIPPOCRATIS
APHORISMI.
Vita
hreus,
ars longa, occasio^rmceps,
experientia fallax,pidiciim
difficile.
(Sect. \.\ aph. 1.)
II
Mulieri,
menstruis
deficieiítibus, énaribus
mnguinem
fliiere,lomim,
(Sect. 5/, aph. 33.)
III
Sanguine
multo
effuso, convidsio aut singultussupervemens,
malum.
(Sect. 5.% aph. 3.)
IV
Mídieri in útero gerentí, si alviís
muUím
fluxeritpericulim
neahor-iiat,
(Sect. 5.=^ aph. 34.).
Qiiaecimque
in útero gerentes cl febrihis corripiuntiir et vehemeíiterattenuantur,
absque manifesta
occasione, difficuUer etperieulosó pariunt,aut
ahortientespericlitantur.(Sect. 5.' aph. 53.)
VI
Ubi
fames,
non
oportet lahorare.(Sect. 3."aph. 16.)
c/e t/é^ec/óccna
^/
c/eó^/e^mÁo
c/eSd^a
'éÃede edàcí' co9j/^/(meaoà
Sààaàaàod.MaÁca
c/ekS^.
^o^cceÁed
^.y^cuánd.S'^9y^?*&ma''de. ^ad/cic^ e ^^cc^/c/ac/e c/e cy^//ec/cccna c/e
c/e